AO ENCONTRO DA TECNOLOGIA NA LEITURA DOS CONTOS DE
MALBA TAHAN
Izabel Simone Souza
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Resumo
Neste artigo foi realizada uma pesquisa na Escola Estadual David Zeiger, pertencente à Diretoria de Ensino Sul-3, região metropolitana da cidade de São Paulo, aonde foram analisados os aspectos de ensino-aprendizagem da Matemática com o uso da Tecnologia, proporcionando atividades de pesquisa e leitura dos contos de Malba Tahan para que os alunos desenvolvessem as habilidades sócio-emocionais para aprender Matemática por meio da Tecnologia. As turmas dos sétimos anos do Ensino Fundamental foram orientadas sobre o projeto “Ao encontro da Tecnologia na leitura dos contos de Malba Tahan” e dentre as atividades realizaram: leitura individual dos contos e pesquisa da vida e obra do autor fizeram produção de texto, tabelas e gráficos, analisaram os locais mais adequados para realizar uma leitura e no final organizam um mercadinho para aplicar as habilidades de ler e contar. Entre os aspectos observados, percebemos que alunos inicialmente retraídos, aos poucos se mostraram mais seguros e motivados em realizar as atividades de Matemática com auxílio da Tecnologia, ficando mais interessados pela sala de leitura, sala de informática e pelas atividades propostas de Matemática.
Palavras-Chave : Matemática; Tecnologia; Leitura; Aprendizagem; Habilidades.
1. Introdução
A Matemática está presente em diversas áreas do conhecimento, para
uma organização teórica e prática utilizamos como ferramenta didática a
Tecnologia e os contos de Malba Tahan, buscando assim proporcionar
oportunidades para o aluno fazer analogias entre pesquisas, leituras, e
resolução de exercícios com um aprendizado significativo e atividades
diferenciadas.
Observamos que os alunos do Ensino Fundamental trazem consigo uma
experiência da vida cotidiana que segundo Abdounur (2002) á uma
organização teórica a respeito do pensamento analógico na construção de
significados, implicações e conseqüências no processo didático/pedagógico.
Segundo Gardner (1995) “todos” os indivíduos normais são capazes de
uma atuação em pelo menos sete diferentes e até certo ponto, independente
áreas intelectuais. O autor define a inteligência como uma habilidade para
resolver problemas ou criar produtos que sejam significativos em um ou mais
ambientes culturais.
Enfatiza o autor que embora as inteligências sejam até certo ponto,
independentes umas das outras, elas raramente funcionam isoladamente.
Ressalta o autor a importância de proporcionarmos diferentes atuações para os
alunos valorizadas em culturas e espaços diversos.
Nas palavras de Machado (1992) a visão humana é o sentido que mais
capta as informações da realidade. Sendo assim, cada indivíduo, por pensar de
forma distinta, contribui na sua modificação. É através da vida em sociedade
que ocorre a difusão do conhecimento, pois nela se manifestam as diversas
culturas.
Segundo Gardner (1995) o reconhecimento e desenvolvimento do
espectro de competências da inteligência proporcionam maior diversidade de
experiências ligadas a uma determinada situação, o que favorece a construção
de significados por meio de canais heterogêneos, possibilitando,
reciprocamente, suas transformações por distintos caminhos.
No Brasil observamos que a Tecnologia gera mudanças na forma de
ensinar e possibilita desenvolver competências que até então não eram
necessárias, mas que nesse novo contexto de ensino precisam ser
desenvolvidas nos alunos.
Diante disso, vemos que Matemática tem um grande valor como bem
cultural de interpretação da realidade e através dela é possível preparar o
educando para a sua inserção no mundo do conhecimento e do trabalho.
Esta pesquisa foi desenvolvida porque na análise das atividades
propostas aos alunos do Ensino Fundamental observou-se que muitos têm
dificuldades de ler, contar e realizar analogias na Matemática.
Assim esta pesquisa possibilitou verificar o desenvolvimento do
professor em sala de aula, sua interação com os alunos, sua metodologia de
ensino, seus anseios e dificuldades diante das condições de trabalho
oferecidas.
É importante estimular e motivar atividades com o uso de Tecnologia
para uma melhor compreensão da Matemática, pois vivemos no cotidiano
diversos modos de comunicação simbólica utilizando as habilidades de ler,
contar e fazer analogias como referência do processo de aquisição de
conhecimentos proporcionamos aos alunos atuarem na sociedade de forma a
modificá-la.
Para tanto, é relevante que o aluno domine os conhecimentos que lhe
permitam participar dessas mudanças, que seja possível desenvolverem uma
aprendizagem significativa e motivadora de alegrias. Assim, concordamos com
Freire (1995) quando enfatiza que “... ensinar e aprender não podem se dar
fora da procura, fora da boniteza e da alegria.”
Para Pires (2000) a apropriação da Matemática, pelo aluno, não pode
limitar-se ao conhecimento formal de memorização e resolução de exercícios, é
indispensável que o conhecimento tenha significado para ele a partir de
questões que lhe são colocadas e que saiba mobilizá-las para resolver
problemas.
2. Objetivo
De que maneira o ensino de Matemática utilizando a Tecnologia pode
colaborar para a aquisição de conhecimentos matemáticos nos alunos do
Ensino Fundamental? Analisar como essas práticas pedagógicas produz
afetividade no aluno, se auxiliam na compreensão de alguns conceitos
matemáticos como ler, contar e fazer analogias com os contos de Malba
Tahan, analisar as atividades interdisciplinares de Matemática com a
Tecnologia, a existência de oficinas teóricas e práticas, de instrumentos e
materiais didáticos, interpretação e compreensão básica da Matemática.
Além dessa pergunta principal, outras indagações secundárias são
pertinentes para essa pesquisa: Quais as possibilidades de constituição de
práticas pedagógicas para o ensino de matemática com o uso de contos de
Malba Tahan na relação Matemática/Tecnologia como fio condutor desse
processo? Que papel a tecnologia e os contos de Malba Tahan têm na
compreensão da matemática?
3. Procedimentos Metodológicos
A pesquisa qualitativa foi realizada com 180 alunos do Ensino
Fundamental na faixa etária entre 12 a 14 anos, com duas professoras e a
coordenadora pedagógica da escola. Para coleta de dados foram observadas
as atividades propostas pela professora regente das turmas e a devolutiva aos
alunos.
O estudo de campo aconteceu nos meses de março e abril de 2017, em
quatro turmas do Ensino Fundamental localizados numa escola estadual da
Diretoria de Ensino Sul-3, na região metropolitana de São Paulo. A aplicação
das atividades de Matemática com os contos de Malba Tahan utilizando a
Tecnologia foi autorizada pela Coordenadora da Unidade de Ensino
responsável pela parte pedagógica da escola, após explicação detalhada dos
objetivos do projeto de pesquisa.
O instrumento foi aplicado em horário pré-determinado pela
Coordenadora, ou seja, durante o horário das aulas normais das turmas do
Ensino Fundamental. Os participantes receberam orientação sobre o projeto
“Ao encontro da Tecnologia na leitura dos contos de Malba Tahan”, ao qual
aceitaram participar como voluntários das atividades de campo.
Para a concretização da pesquisa foram utilizadas referências da
abordagem qualitativa e quantitativa de investigação, coleta de dados e
pesquisa bibliográfica. A pesquisa bibliográfica fundamentou o processo de
investigação, constituindo-se de um estudo na área de Educação por meio da
didática utilizada com conteúdos que identificaram os objetivos, metodologias e
estratégias.
Os alunos tiveram a oportunidade de participar de atividades de
pesquisa na Sala de Informática, explorar na escola os espaços disponíveis
para leitura individual dos contos e pesquisa em grupo da vida e obra do autor
com a internet, fizeram produção de texto, tabelas, gráficos e no final
organizam um mercadinho para aplicar as habilidades de ler e contar, onde
analisaram na prática as muitas formas de agrupar ou classificar na
Matemática.
4. Avaliação
A avaliação do projeto foi contínua e paralela mediante as atividades
desenvolvidas na sala de aula e fora dela, individuais e em grupos: Analisar em
cada dependência da escola a possibilidade de realizarem uma leitura e
preencheram tabelas; Fizeram gráficos e analisaram os locais mais
apropriados para uma leitura atenciosa; Apresentaram a pesquisa realizada na
Internet; Criaram Cartazes com a vida e obras do autor de Malba Tahan;
Participaram do Mercadinho “Malba Tahan no DZ” e entregaram o Relatório
Individual participação no mercadinho.
5. Descobrindo as possibilidades do Ensino de Matem ática com
Tecnologia
Nessas propostas, foram dadas aos alunos orientações sobre as
atividades. A tarefa consistiu em ler cada problema dado na atividade e
associar a ele a resolução adequada, justificando, oralmente ou por escrito, a
escolha feita.
As atividades solicitadas envolveram a representação matemática da
leitura individual dos contos, tabelas e gráficos sobre os contos que mais
gostaram, reflexão sobre quais os locais mais adequados para realizar uma
leitura na escola.
Além de atividades práticas de como utilizar os números decimais num
etiquetador de preços, organizar um mercadinho para aplicar as habilidades de
ler e contar, aplicar os conceitos de organização, ordem e conjuntos de uma
mesma mercadoria pesquisados na Internet.
Os alunos utilizaram a Tecnologia por meio de pesquisas no
computador, realizaram leituras e escreverem individualmente o que
aprenderam da matemática na Internet por meio dos contos de Malba Tahan.
Assim, eles essencialmente tiveram que dar sua opinião, fez se ouvir, se
incluir em uma situação de confronto, argumentando, expondo idéias, dando e
recebendo informações.
6. Perspectivas futuras
O projeto “Ao encontro da Tecnologia na leitura dos contos de Malba
Tahan”, permitiu-nos avaliar como neste mundo informatizado e excludente
podemos proporcionar aos alunos compreender a comunicação utilizada, de
interagir com o outro, de fazer analogias sobre a nossa cultura regional com a
universal.
Logo que nos propomos a aplicar o projeto, observamos que os alunos
se mostraram motivados a desenvolver as atividades, pois viram de forma
prática que há muitas formas de aprenderem os conceitos Matemáticos,
perceberam que há na Internet tem muitas formas de agrupar ou classificar.
Identificaram dados que possibilitou construir um gráfico dos contos de
Malba Tahan que mais gostaram: “O livro do destino”, “Os três homens iguais”
e “O mendigo das moedas de ouro”.
Os alunos entenderam outra diferença com relação ao uso da
Tecnologia na Matemática, que é possível a partir de algumas pesquisas e
leituras para representar graficamente uma situação ou um conjunto delas.
Uma maneira de contribuir com a evolução das atividades da Matemática com
Tecnologia foi à realização da comparação entre as diversas representações que
surgiram na classe e a discussão da sua eficácia, se foi possível ou não aos demais
alunos da classe compreender a trajetória utilizada por alguns colegas para
representar a atividade solicitada.
Por isso, pensamos ser complacente a análise da solução encontrada a
fim de verificar se é adequada ou não. Procuramos também incentivar a análise
sobre quais das soluções apresentadas são adequadas à situação proposta,
que semelhanças e diferenças existem entre as atividades, entre os contos,
quais são mais simples ou não.
Os alunos sentiram-se estimulados a expressar a solução encontrada
por escrito, uma vez que leram e analisaram que a atividade de escrever a
resolução do problema proposto ganha mais sentido.
Deste modo, a continuação desta pesquisa se torna relevante, pois
permitirão investigar na nossa sociedade as adaptações, mudanças e
integrações ocorridas na Educação em relação à Matemática e a Tecnologia
para esses alunos.
7. Agradecimentos
A Coordenação e direção da E.E.David Zeiger e aos nossos alunos que
participaram e nos motivam a buscar mais conhecimento para modificar a
nossa prática pedagógica.
8. Referências Bibliográficas
ABDOUNUR, O. J. Matemática e música: o pensamento analógico na
construção de significados. 2ª ed. São Paulo: Escrituras, 2002.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à práti ca
educativa . 35ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2007.
GARDNER, H. Inteligências múltiplas: a teoria na prática . Porto Alegre:
Artes Médicas Sul, 1995.
MACHADO, N. J. Matemática e educação . 4ª ed. São Paulo: Cortez, 1992.
PIRES, C. M. C. Currículos de Matemática: da organização linear à i deia de
rede . São Paulo: FTD, 2000.
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