ERA VARGAS
Prof. Victor Creti Bruzadelli
Revolução de 1930
Insatisfações com o sistema
político:
Sistema oligárquico;
Crise financeira;
Eleição de 1929:
Ruptura entre PRP e PRM:
◼ Washington Luís (SP) indica Júlio
Prestes (SP) à presidência.
Washington Luís
Revolução de 1930
Formação da Aliança Liberal (AL):
Organizada por Antônio Carlos, governador de MG;
Getúlio Vargas (RS) e João Pessoa (PB);
Apoio de grande parte PRM, Partido Democrático de SP, tenentes e classes médias urbanas.Início da campanha da Aliança Liberal no Rio de
Janeiro (1929)
Revolução de 1930
Propostas da AL:
Reforma política e voto secreto;
Incentivo econômico não só ao
café;
Anistia aos presos políticos;
Proteção dos trabalhadores
(regulamentação do trabalho dos
menores e mulheres, extensão da
aposentadoria e lei de férias);
Defesa das liberdades individuais.Cartaz da campanha da Aliança
Liberal
Revolução de 1930
Crise de 1929:
Iniciada durante a campanha;
Cafeicultores exigem que o presidente enfrente a crise;
Insatisfação das oligarquias com a inércia de Washington Luís;
Vitória fraudulenta de Júlio Prestes:
Oposição de tenentes, PD e diversos grupos políticos ao governo eleito;
Assassinato de João Pessoa, desencadeia a Revolução em MG e RS;
Ascensão de Getúlio Vargas ao poder.
“Ao se caracterizar aRevolução de 1930, é precisoconsiderar que as suas linhasmais significativas são dadaspelo fato de não importar emalteração das relações deprodução na instânciaeconômica, nem na substituiçãoimediata de uma classe oufração de classe na instânciapolítica. As relações deprodução, com base na grandepropriedade agrária não sãotocadas; o colapso dahegemonia da burguesia do cafénão conduz outra classe oufração de classe comexclusividade”
(FAUSTO, Boris. A revolução de 1930)
Periodização
A Era Vargas é composta
de três períodos:
Governo Provisório (1930-
34);
Governo Constitucional
(1934-37);
Estado Novo (1937-45);
Obs.: Vargas terá um outro
governo entre 1951-54.Vargas e as lideranças revolucionárias (1930)
Getúlio Vargas
Nascido em São Borja (RS);
Família de políticos ligados ao PRR (positivistas);
Ingressou jovem na política, como deputado federal (1923), passando por diversos cargos;
Foi ministro da Fazenda de Washington Luís e Governador do RS;
Ascendeu ao poder num momento de instabilidade econômica.
Governo Provisório (1930-34)
Decreto nº 1:
Validade da Constituição de 1891 nos pontos que não contrastassem com o decreto;
Vargas como “chefe do governo provisório”:
◼ Centralização do poder;
◼ Poderes temporários, até a criação de uma Constituinte;
Abolição do legislativo em todas as instâncias;
Reforço de suas crenças positivistas.
“O Chefe do Governo Provisórioda República dos Estados Unidos do Brasil
DECRETA:
Art. 1º O Governo Provisório exercerádiscricionariamente, em toda sua plenitude,as funções e atribuições, não só do PoderExecutivo, como também do PoderLegislativo, até que, eleita a AssembleiaConstituinte, estabeleça esta areorganização constitucional do país;
Parágrafo único. Todas as nomeações edemissões de funcionários ou de quaisquercargos públicos, quer sejam efetivos,interinos ou em comissão, competemexclusivamente ao Chefe do GovernoProvisório”
Decreto número 1 de Getúlio Vargas (11/111930)
Governo Provisório (1930-34)
O tenentismo:
Principal base de apoio de Vargas;
Propostas políticas:
◼ Desenvolvimento da indústria básica;
◼ Nacionalização das minas, comunicação e meios de transporte;
◼ Diversos tenentes indicados como interventores, sobretudo no NE e SP;
◼ Clube 3 de outubro: proposta de prolongamento do governo provisório e centralização do poder;
Esvaziamento do poder após a Constituição de 1934.
“Pacto nacional”:
Tenentes, Igreja Católica, novas lideranças regionais etc.;
Apoio à governabilidade de Vargas;
Centralização política:
Dissolução do poder Legislativo em todas as instâncias;
Governo por decretos;
Nomeação de interventores federais.
Governo Provisório (1930-34)
São Paulo, 18 de agosto de 1929.
Carlos,
Achei graça e gozei com o seu entusiasmo pela
candidatura Getúlio Vargas – João Pessoa. É. Mas
veja como estamos… trocados. Esse entusiasmo
devia ser meu e sou eu que conservo o ceticismo
que deveria ser de você. (…). Eu… eu contemplo
numa torcida apenas simpática a candidatura
Getúlio Vargas, que antes desejara tanto. Mas pra
mim, presentemente, essa candidatura (única
aceitável, está claro) fica manchada por essas
pazes fragílimas de governistas mineiros, gaúchos,
paraibanos (…), com democráticos paulistas (que
pararam de atacar o Bernardes) e oposicionistas
cariocas e gaúchos. Tudo isso não me entristece.
Continuo reconhecendo a existência de males
necessários, porém me afasta do meu país e da
candidatura Getúlio Vargas. Repito: única aceitável.
Mário
Crise econômica:
Crise de 1929;
Desemprego, inflação e falta de moedas;
Ministro da Fazenda: Oswaldo Aranha;
Medidas:
◼ Intervencionismo nacionalista;
◼ Departamento Nacional do Café (1933): controle econômico da produção cafeeira;
◼ Compra e destruição de lotes de café;
◼ Recuperação econômica sensível já em 1932.
Governo Provisório (1930-34)
Política de queima de café (1931)
Governo Provisório (1930-34)
1925 1927 1929
Consumo mundial 21697 23536 23552
Produção mundial 24017 36194 38379
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
45000
A superprodução do café (em milhões de sacas)
Consumo mundial Produção mundial
“No plano econômico, oEstado Novo continuou com o sistemadas ‘cotas de sacrifício’, ou seja, aqueima de café para controlar ospreços e regular a produção. Criou-se o Conselho Técnico de Economia eFinanças, pois o Conselho deEconomia Nacional, criado pelaCarta de 1937, nunca foiimplantado. Proibia-se aosfuncionários o uso das palavrasplano, planificação, quinquenal,talvez por soarem demasiadosubversivas, soviéticas, bolchevistas.Só mais tarde, em 1942, foi criada aComissão de PlanejamentoEconômico, aliás sem qualquerformulação clara para um projetointegrado de desenvolvimentonacional”
(MOTA, Carlos Guilherme; LOPEZ; Adriana. História do Brasil: uma interpretação)
Fonte: CAMPOS, Flávio de; DOLHNIKOFF, Miriam. Atlas história do
Brasil
Motivações:
Demora em convocar uma Constituinte;
Indicações de interventores não-paulistas para SP;
Criação da Frente Única Paulista: união do PRP e do PD pressionando Vargas;
Movimento MMDC:
Jovens atacam um jornal tenentista;
Assassinato de Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo, por forças governistas;
Estopim da Revolta.
Revolta Constitucionalista (1932)
Cartaz da Revolta de 32
Revolta Constitucionalista (1932)
A revolta:
Enfrentamento das tropas federais pela Força pública paulista e milícias populares;
Sem apoio de outros estados e do proletariado paulista;
Uso da indústria paulista para produção bélica;
Desequilíbrio de forças entre União e SP;
Rápida vitória de Vargas.
“A ‘guerra paulista’ teveum lado voltado para o passado eoutro para o futuro. A bandeira daconstitucionalização abrigou tantoos que esperavam retroceder àsformas oligárquicas de poder comoos que pretendiam estabelecer umademocracia liberal no país. Omovimento trouxe consequênciasimportantes. Embora vitorioso, ogoverno percebeu mais claramentea impossibilidade de ignorar a elitepaulista. Os derrotados, por suavez, compreenderam que teriam deestabelecer algum tipo decompromisso com o poder central”
(FAUSTO, Boris. História do Brasil)
Criação do Código Eleitoral (1933):
Estabelecia os critérios eleitorais para a
Constituinte:
◼ Voto secreto e obrigatório;
◼ Voto feminino;
◼ Eleições proporcionais para o Legislativo;
◼ Criação dos Deputados classistas;
◼ Criação da Justiça Eleitoral: redução das
fraudes, julgamento de recursos,
organização e fiscalização das eleições;
Enfraquecimento do poder oligárquico.
Governo Provisório (1930-34)
Cartaz do Partido
Constitucionalista (1933)
Governo Provisório (1930-34)
A Constituinte:
Convocada em 1933 pela recém-criada Justiça Eleitoral;
Maior participação popular que nas demais eleições;
Promulgação da constituição em 1934;
Constituição brasileira de mais curta duração (1934-37).
Fotografia, de autoria desconhecida, da
Constituinte de 1933 com destaque para a
deputada Carlota Pereira de Queiroz, única
mulher eleita
Governo Provisório (1930-34)
Constituição de 1934:
Ampliação das atribuições do governo federal para combater a crise econômica;
Propunha a nacionalização das jazidas;
Diversos direitos às mulheres;
Estabelecimento do ensino primário obrigatório;
Serviço militar obrigatório;
Eleição indireta de Vargas.
Governo Constitucional (1934-37)
Fortalecimento do pensamento autoritário no Brasil entre todos os grupos políticos:
Difusão do conceito de Modernização Autoritária:
Brasil atrasado em relação aos demais Estados;
Estado forte seria capaz de acabar com os conflitos políticos, sociais e de classe;
Estado forte seria a única forma de trazer ordem, desenvolvimento econômico e bem-estar geral.
“O termo ‘modernizaçãoautoritária’ tem sido geralmenteempregado para dar conta deprojetos de reforma social lideradospelo Estado que têm em comum duaspremissas básicas: 1. a percepção,por parte de um grupo social –geralmente membros de uma elite –de uma inferioridade da própriasociedade em relação a outras […];2. a defesa de uma soluçãoautoritária, entendida como o únicomeio capaz de proporcionar umatalho para a modernidade, quepermita superar a distância emrelação às sociedades maisavançadas”
(ALBUQUERQUE, Afonso de. A modernização autoritária no jornalismo brasileiro)
“A constituição é como as virgens. Foi feita para
ser violada”
(Frase atribuída à Vargas)
Governo Constitucional (1934-37)
Ação Integralista Brasileira (AIB):
Líder: Plínio Salgado;
Influência: Nazifascismo;
Lema: “Deus, Pátria e Família”;
Composição:
◼ Classes médias urbanas, alto clero,
imigrantes, militares de alta patente
e alta burguesia.
Cartaz Integralista (década de
1930)
Governo Constitucional (1934-37)
Ação Integralista Brasileira (AIB):
Propostas políticas:
◼ Ditadura totalitária;
◼ Anticomunismo e antiliberalismo;
◼ Antissemitismo e antidemocracia;
◼ Crença no progresso econômico e
social;
◼ Ultranacionalismo, unipartidarismo e
corporativismo.Cartaz Integralista (década de
1930)
“Os insaciáveis judeus daSinagoga Paulista contrariadosmomentaneamente em todas as suaspretensões pela revolução de 1930,aliaram-se a políticos despeitados eambiciosos e envenenaram o povopaulista contra o governo central eo resto do Brasil, conduzindo-o àguerra civil de 1932. Fizeram crerà mocidade que o Sr. GetúlioVargas era inimigo de São Paulo,aplicando o processo judaico a quealude Ford: “incitar o ódio contra aspessoas a quem se quer aniquilar”.Entretanto, nós integralistas, técnicospor dever de ofício, sabemos que osúnicos inimigos de São Paulo sãoos judeus que o sugam”
(BARROSO, Gustavo. A sinagoga paulista)
Governo Constitucional (1934-37)
Plínio Salgado e os integralistas na década de
1930
Governo Constitucional (1934-37)
Ação Integralista Brasileira (AIB):
Saudação: Anauê (Você é meu irmão, em tupi);
Grupo jovem chamados de plinianos e plinianas;
Símbolo: Sigma (somatória);
Camisas verdes: grupo paramilitar que perseguia comunistas com a anuência do Exército e do Estado.
“A Nação Brasileira deveser organizada, una, indivisível,forte, poderosa, rica, próspera efeliz. Para isso precisamos de quetodos os brasileiros estejamunidos. Mas o Brasil não poderealizar a união intima e perfeitade seus filhos, enquanto existiremEstados dentro do Estado,partidos políticos fracionando aNação, classes lutando contraclasses, indivíduos isolados,exercendo a ação pessoal nasdecisões do governo; enfim todoe qualquer processo de divisão dopovo brasileiro”
(SALGADO, Plínio. Manifesto integralista)
Governo Constitucional (1934-37)
Ação Integralista Brasileira (AIB):
Batalha da Sé (07/10/34):
◼ Comemoração convocada pelos
Camisas Verdes;
◼ Mobilização dos movimentos
antifascistas (anarquistas e
comunistas) paulistas;
◼ Confronto entre os dois grupos e as
forças policiais;
◼ Integralistas apelidados de
“Galinhas verdes”.
Capa do Jornal do Povo de
10/10/1934
Governo Constitucional (1934-37)
Galinha verde
(Letra de José Gonçalves e André Gargalhada/ Interpretação de Marilu)
Galinha verde não me entra no poleiro,
Diz o meu galo que é o dono do terreiro
O papagaio já me pede por favor
Me leva ao tintureiro que eu quero mudar de cor
Me leva ao tintureiro que eu quero mudar de cor
De manhã cedo quando eu chego no quintal
Até tenho medo, é um barulho infernal
Meu papagaio comprei lá na Pavuna
Mas o galo cisma que ele é quinta-coluna
O galo cisma que ele quinta coluna
Governo Constitucional (1934-37)
Aliança Nacional Libertadora (ANL):
Líder: Luís Carlos Prestes;
Lema: “Pão, Terra e Liberdade”;
Composição:
◼ Diversas correntes políticas e intelectuais antifascistas;
◼ Sindicalistas, intelectuais, estudantes e militares de esquerda.
Governo Constitucional (1934-37)
Aliança Nacional Libertadora (ANL):
Propostas políticas:
◼ Governo popular nacionalista;
◼ Anti-imperialismo: nacionalização de
empresas e não pagamento da dívida
externa;
◼ Antifascismo;
◼ Reforma agrária;
◼ Defesa da liberdade individual;
◼ Contra a Lei de Segurança Nacional.
Cartaz da ALN (década de
1930)
Governo Constitucional (1934-37)
Intensa polarização política e confronto entre os grupos;
Lei de Segurança Nacional (1935):
Tornava crime as greves, a incitação ao ódio contra as classes, a propaganda subversiva, partidos contrários à ordem etc.
Manifesto de Prestes:
Conclamação do povo à revolução;
Levantes da ANL em NataI, Recife e Rio de Janeiro;
Vargas decreta a ilegalidade do movimento.
“Referiu-se aos váriospontos do programa do movimentoe terminou afirmando que ‘asituação é de guerra e cada umprecisa ocupar o seu posto’. Asmassas deviam “organizar a defesade suas reuniões” e preparar-se‘ativamente para o momento doassalto. A idéia do assaltoamadurece na consciência dasgrandes massas. Cabe a seu chefeorganizá-las e dirigi-las.’ Odocumento terminava com aspalavras de ordem ‘Abaixo ofascismo! Abaixo o governo odiosode Vargas! Por um governo popularnacional revolucionário! Todo poderà ANL!’”
(CPDOC da FGV)
Governo Constitucional (1934-37)
Intentona Comunista
(1935):
Eclodiu em diversos estados,
mas sem coordenação e
unidade;
Não obteve a participação
popular;
Massacrada violentamente
pelo Estado.
“No Rio de Janeiro,liderados por Prestes e Agildo[Barata], os rebelados tentaramsublevar algumas unidade militares,inclusive em outros estados, mas semsucesso, pois o levante em Natal deraa Getúlio tempo para preparar areação. Em poucos dias, as tropasleais ao governo dominaram asituação. Agildo tomou o 3ºRegimento de Infantaria, mas foicercado e preso por Dutra,comandante do I Exército. Na Escolade Aviação, Eduardo Gomes dominao levante”
(MOTA, Carlos Guilherme; LOPEZ; Adriana. História do Brasil: uma interpretação)
Governo Constitucional (1934-37)
Intentona Comunista (1935):
Consequências:
◼ Perseguição aos comunistas e decreto do estado de sítio;
◼ Criação do Tribunal de Segurança Nacional e Comissão Nacional de Repressão ao Comunismo;
◼ Fim da autonomia do legislativo;
◼ Maior apoio da população à Vargas e fortalecimento do poder policial na capital federal.
“Os membros da ANL
foram duramente perseguidos
pelo governo Vargas. O
presidente aproveitou a
oportunidade para suspender
todas as garantias civis que
constavam da Constituição de
1934. No linguajar oficial, o
movimento foi denominado
como ‘intentona comunista’, em
vez de usar as temidas
palavras ‘reforma’ ou
‘revolução’”
(MOTA, Carlos Guilherme; LOPEZ;
Adriana. História do Brasil: uma
interpretação)
Governo Constitucional (1934-37)
Disputa eleitoral de 1938:
Impossibilidade de
reeleição de Vargas;
Candidatos:
◼ Armando Sales de Oliveira:
Oposição;
◼ Plínio Salgado: AIB;
◼ José Américo de Almeida:
trabalhismo.
“Em 1937,preparavam-se as eleiçõespresidenciais para janeiro de1938, quando foi denunciadopelo governo a existência deum plano comunista,conhecido como Plano Cohen.Esta situação criou um climafavorável para a instauraçãodo Estado Novo, queocorreria em novembro desteano”
(Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930)
Governo Constitucional (1934-37)
Plano Cohen:
Publicação de um plano revolucionário comunista;
Plano falso, atribuído ao capitão integralista Olímpio Mourão Filho;
Justificativa para o autogolpe do presidente;
Aprovação do estado de guerra pelo Congresso;
Fechamento do congresso e início do Estado Novo.
“No plano deverão figurar […]os homens a serem eliminados e o pessoalencarregado dessa missão. Todavia, tãoimportantes quanto estes serão os reféns,que, em caso de fracasso parcial, servirãopara colocar em choque as autoridades.Serão reféns: os Ministros de Estado,presidente do Supremo Tribunal, e ospresidentes da Câmara e do Senado, bemcomo, nas demais cidades, duas ou trêsautoridades ou pessoas gradas. [Os]raptos deverão ser executados em plenodia, nas próprias residências, que serãoinvadidas por homens dispostos e bem-armados e munidos de narcóticos violentose serão transportadas para pontossecretos e inatingíveis, com absolutasegurança. Em caso de fracasso, procederao fuzilamento dos reféns”
(Trecho do Plano Cohen)
Capa do Jornal do Brasil (01/10/1937)
Governo Constitucional (1934-37)
Estado Novo (1937-45)
Constituição de 1937:
Escrita por Francisco Campos e outorgada por Getúlio Vargas (no mesmo dia do autogolpe);
Características:
◼ Centralização política em torno do executivo;
◼ Dissolução de todas as instâncias do legislativo;
◼ Extinção dos partidos políticos e da justiça eleitoral.
À vontade do freguês, de Belmonte
(1937)
Estado Novo (1937-45)
Constituição de 1937:
Características:
◼ Suspensão dos direitos
civis e instituição da
Censura Prévia;
◼ Indicação de
interventores estaduais;
◼ Subordinação do
judiciário ao executivo;
◼ Leis trabalhistas.Cerimônia de cremação das bandeiras
estaduais (1937)
Estado Novo (1937-45)
Os integralistas no Estado Novo:
Aliado de Vargas na caça aos comunistas;
Plínio Salgado desejava fazer parte do ministério;
Fechamento de todos os partidos em 1837, inclusive a AIB.
Integralistas organizando suas ações
políticas (1937)
Estado Novo (1937-45)
Intentona Integralista
(1938):
Camisas verdes tentam
de tomar o Palácio da
Guanabara;
Todos os participantes
são executados;
Perseguição aos
integralistas. Capa do O Globo (15/03/1938)
Estado Novo (1937-45)
O aparelho do Estado:
Personalismo político;
Forças Armadas:
◼ Representantes das ideias da Modernização autoritária;
◼ Incorporadas através do Conselho de Segurança Nacional;
◼ Participação direta em setores fundamentais;
Criação do Departamento Administrativo do Serviço Público (1938):
◼ Burocratização do Estado;
◼ Controle político dos servidores públicos.
Estado Novo (1937-45)
A marcha para o Oeste:
Busca de desenvolver regiões de MT, MS, GO e TO;
Incentivo às migrações internas:
◼ Construção de estradas;
◼ Apoio a agropecuárias;
◼ Criação de colônias agrícolas;
◼ Reforma agrária;
Goiânia fundada neste contexto.Cartaz propagandeando a
criação de Goiânia
Estado Novo (1937-45)
Industrialização:
Baseada nos princípios da modernização autoritária;
Reformas educacionais: educação para a indústria;
Diversificação da produção;
Territorialização do trabalho:
◼ Crescimento das migrações internas e diminuição das migrações externas;
◼ RJ e SP como polos atrativos de nordestinos;
◼ Fenômeno intensificado a partir da II Guerra Mundial;
◼ Forte presença de temas nordestinos na arte brasileira.
Uma educação pela pedra: por lições;
Para aprender da pedra, frequentá-la;
Captar sua voz inenfática, impessoal
(pela de dicção ela começa as aulas).
A lição de moral, sua resistência fria
Ao que flui e a fluir, a ser maleada;
A de poética, sua carnadura concreta;
A de economia, seu adensar-se compacta:
Lições da pedra (de fora para dentro,
Cartilha muda), para quem soletrá-la.
Outra educação pela pedra: no Sertão
(de dentro para fora, e pré-didática).
No Sertão a pedra não sabe lecionar,
E se lecionasse, não ensinaria nada;
Lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
Uma pedra de nascença, entranha a alma.
(MELO NETO, João Cabral do. A educação pela
pedra)
Estado Novo (1937-45)
1.427 1.368 1.339 1.379 1.369 1.455 1.5611.869 1.907 2.091
2.222
3.847 3.647 3.524 3.592 3.4303.702
3.922
4.650 4.6865.089
5.333
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.000
8.000
1928 1929 1930 1931 1932 1933 1934 1935 1936 1937 1938
Produção industrial (em mil contos de réis)
São Paulo Resto do país
Fonte: Atlas Istoé Brasil 500 anos
Estado Novo (1937-45)
Fonte: Atlas Istoé Brasil 500 anos
5,50%
12%
16%
22%
19%
16%15%
14,50%
10%
12%
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
1929 1930 1931 1932 1933 1934 1935 1936 1937 1938
Desemprego operário no mundo (em %)
Estado Novo (1937-45)
Os retirantes, de Cândido Portinari
(1944)
Cena de Gonzaga de pai pra filho, de
Breno Silveira (2012)
Estado Novo (1937-45)
Asa Branca
(Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira – 1947)
Quando oiei a terra ardendoQual fogueira de São JoãoEu preguntei a Deus do céu, aiPor que tamanha judiaçãoEu preguntei a Deus do céu, aiPor que tamanha judiação
Que braseiro, que fornaiaNem um pé de prantaçãoPor farta d'água perdi meu gadoMorreu de sede meu alazãoPor farta d'água perdi meu gadoMorreu de sede meu alazão
Inté mesmo a asa brancaBateu asas do sertãoDepois eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coraçãoDepois eu disse, adeus RosinhaGuarda contigo meu coração
Hoje longe, muitas léguasNuma triste solidãoEspero a chuva cair de novoPra mim vortá pro meu sertãoEspero a chuva cair de novoPra mim vortá pro meu sertão
Quando o verde dos teus óiosSe espaiar na prantaçãoEu te asseguro não chore não, viuQue eu vortarei, viuMeu coraçãoEu te asseguro não chore não, viuQue eu vortarei, viuMeu coração
Estado Novo (1937-45)
Industrialização:
Substituição de importações:
◼Organizada diretamente pelo Estado:
◼ Restrição a importação de bens de consumo e estímulo à bens de produção;
◼Motivações:
◼ Balança comercial desfavorável;
◼ Iminência da grande guerra;
◼ Fortalecimento da indústria de base.
Acidente de trabalho, de
Eugênio Proença Sigaud
(1944)
Estado Novo (1937-45)
Industrialização:
Substituição de importações:
◼ Empresas estatais:
1. Companhia Siderúrgica Nacional (1941);
2. Companhia Vale do Rio Doce (1942);
3. Fábrica Nacional de Motores (1943);
4. Companhia Hidrelétrica do Vale do São Francisco (1945);
◼ Obs.: fundadas a partir de empréstimo pego junto aos EUA levando o Brasil à Segunda Guerra.
Construção da CSN (1941)
Estado Novo (1937-45)
O trabalhismo:
Conceito:
Objetivos:
◼ Controle político dos trabalhadores;
◼ Apoio ao novo governo;
◼ Afastamento de partidos e organizações de esquerda.
“Corrente política centrada nos direitos, no
bem-estar dos trabalhadores e na valorização
do trabalho”(IANNI, Otávio. O colapso do populismo no Brasil)
“No pós-30 havia um processo decontrole dos trabalhadores, sem dúvida, mashavia também um processo de negociação, queeu queria ressaltar. Entrevistei para a minhatese o Seu Hílcar Leite, um gráfico comunista edepois trotskista, que me disse: “Eu ia para aporta da fábrica falar mal do Getulio e quaseapanhava. Os trabalhadores adoravam oGetulio!” Ora, dizer que se vivia um processode manipulação dos trabalhadores, que eramtodos enganados durante tanto tempo, eraalgo insatisfatório para mim. Essas pessoasseriam completamente desprovidas dediscernimento? Ou, afinal, tinham uma lógicaem seu comportamento político que deveríamosencontrar e respeitar? Os trabalhadores,quando “gostam” de Vargas, entendem que háganhos nessa negociação, e vão explorar essapossibilidade”
(GOMES, Angela de Castro. Liberdade não é de graça)
Estado Novo (1937-45)
O trabalhismo:
Medidas:
◼ Criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (1930);
◼ Criação da Justiça do Trabalho (1939): árbitro nas relações trabalhistas;
Sindicatos pelegos:
◼ Sindicatos que defendiam os interesses do Estado ou dos patrões;
◼ Leis de enquadramentos dos sindicatos (1931), reforçada em 1939;
◼ Criação do imposto sindical obrigatório.
Discurso de Getúlio Vargas, no
Pacaembu, durante a comemoração
do dia do Trabalho em 1943
O trabalhismo:
Leis trabalhistas (1931-40):
◼ Regulamentação do trabalho das mulheres e menores;
◼ Jornada de 8 horas de trabalho;
◼ Férias remuneradas;
◼ Aposentadoria e pensões;
◼ Salário mínimo;
Consolidação das Leis do Trabalho (1943).
32
83
141
111
73
242
0
50
100
150
200
250
300
1931 1932 1933 1934 1935 1936
Sindacatos de trabalhadores reconhecidos ao ano
Estado Novo (1937-45)
Fonte: Atlas Istoé Brasil 500 anos
Estado Novo (1937-45)
O trabalhismo:
A outra face do trabalhismo:
◼ Conciliação nacional:
◼ Trabalhadores submetidos aos
interesses do Estado e da burguesia;
◼ Impedimento de articulação
político-partidária;
◼ Péssimas condições de trabalho em
diversas indústrias.Comemoração do dia Trabalho no Estádio S. Januário (1940)
Estado Novo (1937-45)
O Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP):
Funções:
◼ Censura prévia;
◼ Promoção de arte e manifestações cívicas favoráveis ao governo;
◼ Promoção do trabalhismo;
Construção da imagem de Vargas:
◼ “Pai dos pobres”;
◼ “Protetor dos trabalhadores”;
◼ Incentivo ao patriotismo. Getúlio Vargas, amigo das crianças (1940)
Estado Novo (1937-45)
O Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP):
Rádio Nacional (1940):
◼ Liberação da publicidade no rádio, levando ao crescimento das estações (1932);
◼ Primeira forma de integração nacional;
◼ Inaugura a “Era do Rádio”;
◼ Transmissão da Hora do Brasil;
◼ Cantores populares do RJ;
◼ Transmissões de futebol.
“Pode-se dizer com segurançaque, já no final dos anos 1930, o rádioera o primeiro e único veículo de massado país. Concebido por Roquette-Pintopara levar cultura às massas, transforma-se em produto, e ao mesmo tempo, eminstrumento de expansão dos novosvalores criados pelo processo urbano-industrial; um difusor, bem como umespelho do estilo de vida que esse novoprocesso originava[...]. Em 1944existiam no país 106 emissoras. Seisanos depois, em 1950, esse númeropraticamente triplicou, chegando a 300.Em 1952, existiam no Brasil 2,5 milhõesde aparelhos, o que lhe conferia o postode segundo colocado entre os países delíngua portuguesa e espanhola”
(HUPFER, Maria Luisa Rinaldi. As rainhas do Rádio)
Estado Novo (1937-45)
Política Cultural:
Voltada para a promoção do nacionalismo;
Criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional:
◼ Fundação de diversos museus;
◼ Instituto Nacional do Livro;
◼ Serviço Nacional do Teatro;
◼ Instituto Nacional do Cinema Educativo.
“O decreto de criação doSPHAN definia o patrimôniohistórico e artístico nacional como‘o conjunto de bens móveis eimóveis existentes no país e cujaconservação seja do interessepúblico quer por sua vinculação afatos memoráveis da História doBrasil, quer por seu excepcionalvalor arqueológico ou etnográfico,bibliográfico ou artístico’. Eramtambém classificados comopatrimônio ‘monumentos naturais,bem como sítios e paisagens queimporte conservar e proteger pelafeição notável com que tenhamsido dotados pela natureza ouagenciados pela indústriahumana’”
(CPDOC FGV)
Estado Novo (1937-45)
Política Cultural:
Cultura popular:
◼ Descriminalização e valorização
da capoeira;
◼ Organização dos desfiles
carnavalescos;
◼ Samba elevado à música
nacional;
◼ Condenação da malandragem e
promoção do trabalhismo, de
Vargas e das riquezas do Brasil.
“A eleição da Rainha doRádio galvanizava o gosto populare o culto a personalidadesdirecionadas para o mundo dacomunicação de massa, fazendomesclar valores privados comimagens públicas. O transe tomavaconta das fãs, que não tinhamvergonha de expressar, de maneiraexagerada e até histérica em muitoscasos, o culto aos seus ídolos, fossemmulheres ou homens. Como a maiorparte do público que constituía oauditório dos programas eraformada por mulheres jovens, negrase pobres, começou a circular naimprensa, no final dos anos 1940, aexpressão ‘macacas de auditório’,com um sentido abertamente racista”
(NAPOLITANO, Marcos. A síncope das ideias)
Estado Novo (1937-45)
Lenço no pescoço
Wilson Batista (1933)
Meu chapéu do lado
Tamanco arrastando
Lenço no pescoço
Navalha no bolso
Eu passo gingando
Provoco e desafio
Eu tenho orgulho
Em ser tão vadio
Sei que eles falam
Deste meu proceder
Eu vejo quem trabalha
Andar no miserê
Eu sou vadio
Porque tive inclinação
Eu me lembro, era criança
Tirava samba-canção
Estado Novo (1937-45)
Bonde São JanuárioWilson Batista e Ataulfo Alves (1941)
Quem trabalha é que tem razão
Eu digo e não tenho medo de errar
O bonde São Januário
Leva mais um operário:
Sou eu que vou trabalhar
Antigamente eu não tinha juízo
Mas resolvi garantir meu futuro
Vejam vocês:
Sou feliz, vivo muito bem
A boemia não dá camisa a ninguém
É, digo bem
Estado Novo (1937-45)
Política da Boa Vizinhança
(1942-45):
Ruptura das relações com o
Eixo;
EUA estacionam tropas no NE;
Envio da FEB e da FAB (1944);
Produção de uma imagem
exótica do Brasil no EUA;
Produção de uma imagem
ordeira dos EUA no Brasil;
Trecho do filme Alô, amigos, da Walt
Disney (1942)
Estado Novo (1937-45)
Política da Boa Vizinhança
(1942-45):
Carmem Miranda:
◼ Sambista branca, sensual e
exótica;
Zé Carioca:
◼ Malandro, falador e
preguiçoso que precisa de
orientação.
Carmen Miranda
Fim do Estado Novo
Manifesto dos Mineiros (1943):
Políticos liberais apontavam as
contradições da participação do
país na II Guerra Mundial;
Desejo de retorno à
normalidade democrática;
Manifesto da União Nacional
do Estudantes (1943):
Exigia publicamente o fim da
ditadura.
Fundação da UNE (1938)
Fim do Estado Novo
Processo de
redemocratização:
Vargas promete eleições ao
final da Guerra;
Anistia aos presos políticos;
Indicação de Eurico Gaspar
Dutra como candidato do
governo.Getúlio Vargas e Mal. Eurico Gaspar Dutra
Eleições de 1945
Pluripartidarismo:
Partido Social Democrático (PSD): situação, liderado por Vargas;
Partido Trabalhista Brasileiro (PTB): situação, liderado pelos sindicatos;
União Democrática Nacional (UDN): oposição democrática, liderada por Carlos Lacerda;
Partido Comunista Brasileiro (PCB): tendência comunista, liderado por Luís Carlos Prestes.
Eleições de 1945
Queremismo:
“Queremos Getúlio!”;
Protagonizado pelo PTB e PCB;
Propostas:
◼ Criação de uma Constituinte com Getúlio à frente;
◼ Eleições com participação de Getúlio;
Medo do continuísmo leva à um golpe militar contra Vargas.
Manifestação Queremista (1945)
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