UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARA
INSTITUTO DE CIENCIAS EXATAS E NATURAIS
PROGRAMA DE POS-GRADUACAO EM FISICA
QUEBRA DINAMICA DA SIMETRIA QUIRAL
NA PSEUDO ELETRODINAMICA QUANTICA
EM (2+1) DIMENSOES
Walace de Sousa Elias
Orientador: Prof. Dr. Van Segio Alves
Belem-Para
2011
Quebra Dinamica da Simetria Quiral
Na Pseudo Eletrodinamica Quantica
Em (2 + 1) Dimensoes
Walace de Sousa Elias
Dissertacao de Mestrado apresentada ao Programa de Pos-
Graduacao em Fısica da Universidade Federal do Para
(PPGF-UFPA) como parte dos requisitos necessarios para
obtencao do tıtulo de Mestre em Ciencias (Fısica).
Orientador: Prof. Dr. Van Sergio Alves
Banca Examinadora
Prof. Dr. Van Sergio Alves (Orientador)
Prof. Dr. Marcelo Otavio Caminha Gomes (Membro Externo)
Prof. Dr. Joao Felipe Neto (Membro Interno)
Prof. Dr. Luis Carlos Bassalo Crispino (Suplente)
Belem-Para
2011
i
Resumo
No presente trabalho, estudamos a quebra da simetria quiral na pseudo eletrodinamica
quantica em (2+1) dimensoes usando o formalismo das equacoes de Schwinger-Dyson e in-
vestigamos as semelhancas deste modelo com a criticalidade encontrada na EDQ3 e EDQ4.
Usando a aproximacao “quenched-rainbow”, mostramos que existe um acoplamento crıtico
αc =π16, acima do qual existe a geracao de massa para os fermions e portanto, ocorrendo
a quebra da simetria quiral. Tambem estudamos o caso com N campos fermionicos u-
sando a expansao 1/N na aproximacao “unquenched-rainbow”, onde obtemos um numero
crıtico Nc abaixo do qual a simetria quiral e quebrada e, para valores acima, a simetria e
restaurada. No limite de acoplamento forte (g → ∞), mostramos que este numero crıtico
e o mesmo encontrado na EDQ3 na expansao 1/N .
ii
Abstract
In the present work, we study the chiral symmetry breaking in pseudo quantum electrody-
namics in (2+1) dimensions using the Schwinger-Dyson equation formalism and investi-
gate the similarities of this model with the criticality in both QED3 and QED4. Using the
rainbow-quenched approximation we show that there is a critical coupling αc =π16
above
which there is a mass generation for fermions and hence the chiral symmetry breaking
occurs. We also study the N massless fermions flavors version using the 1/N expansion
in rainbow-unquenched approximation and we obtain a critical value for the number of
active fermions below which there is chiral symmetry breaking. We show that at strong
gauge coupling constant (g → ∞) this critical number is the same as in QED3 in large N
expansion.
iii
“A Etelvina, Evanice,
Thayna e Nayra.”
iv
“Sua tarefa e descobrir o seu trabalho
e entao, com todo o seu coracao, dedicar-se a ele.”
Buddha
v
Agradecimentos
• A minha famılia e em especial a minha mae Evanice que sempre me apoiou incondi-
cionalmente nesta jornada.
• Ao meu pai Marcos e sua esposa Leila que me acolheram durante o perıodo que
estive em Sao Paulo.
• A Nayra, minha namorada e fiel companheira.
• Ao professor Van Sergio, pela orientacao e amizade construıda desde os tempos de
graduacao.
• Ao Instituto de Fısica da USP (IFUSP) e todos os alunos e funcionarios do Depar-
tamento de Fısica Matematica (DFMA).
• Aos professores Marcelo Gomes e Adilson Silva pela colaboracao neste trabalho
• Aos professores do Programa de Pos-graduacao em Fısica da UFPA.
• Aos amigos do PPGF.
• A Universidade Federal do Para.
• A CAPES pelo apoio financeiro no desenvolvimento desta dissertacao
Sumario
Introducao 9
1 Introducao a Integracao Funcional na Teoria Quantica de Campos 12
1.1 Teorias de Gauge . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.1.1 Teorias de Gauge Abelianas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.2 Integracao Funcional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.2.1 Bosons . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.2.2 Fermions . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.2.3 Campos de Gauge . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.3 As Funcoes de Green Conexas e a Funcao de Vertice . . . . . . . . . . . . 20
1.4 As Equacoes de Schwinger-Dyson . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.4.1 Equacao de Schwinger-Dyson para o Foton . . . . . . . . . . . . . . 23
1.4.2 Equacao de Schwinger-Dyson para o Fermion . . . . . . . . . . . . 24
2 Quebra Dinamica da Simetria Quiral na Eletrodinamica Quantica 27
2.1 A Eletrodinamica Quantica em (2+1) d (EDQ3) . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.1.1 As Equacoes de Schwinger-Dyson na EDQ3 . . . . . . . . . . . . . . 29
2.1.2 EDQ3 na Expansao 1/N . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.1.3 Aproximacao “quenched-rainbow” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.1.4 Aproximacao “unquenched-rainbow” . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.2 A Eletrodinamica em (3+1) d (EDQ4) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.2.1 Quebra da Simetria Quiral na EDQ4 . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
SUMARIO vii
3 A Pseudo Eletrodinamica Quantica em (2+1) d (PEDQ3) 39
3.1 O Modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.2 As Equacoes de Schwinger-Dyson para PEDQ3 . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.3 Solucao Analıtica para a Funcao de Massa do Fermion . . . . . . . . . . . 44
3.4 Caso com N Fermions nao Massivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.5 Estudo Numerico para a Funcao de Massa Σ(p) . . . . . . . . . . . . . . . 52
Conclusao 55
A Formulario 57
A.1 Matrizes de Dirac . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
A.2 Integrais Importantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
A.2.1 Integrais de Feynman . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
A.2.2 Integrais Regularizadas Dimensionalmente no Espaco Euclidiano . . 58
A.2.3 Integracao Angular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
B Calculo do Propagador do Campo de Gauge 60
C Calculo do Tensor de Polarizacao 62
Referencias Bibliograficas 64
Introducao
Nas ultimas duas decadas o estudo de algumas propriedades de partıculas se movendo
no plano tem sido estudadas extensivamente. Parte deste interesse se deve a descoberta do
efeito Hall quantico [1] e a supercondutividade em altas temperaturas [2]. Em particular,
teorias de gauge com simetrias U(1) ou U(N) - como a eletrodinamica quantica em tres
dimensoes (EDQ3) - possuem similaridades com a cromodinamica quantica, tais como
quebra de simetria quiral e confinamento [3 - 15]. O estudo do comportamento crıtico da
eletrodinamica quantica em tres e quatro dimensoes tem sido investigado para verificar a
quebra da simetria quiral (ou paridade), quando os fermions sem massa adquirem massa
gerada dinamicamente. Este e um efeito nao perturbativo e as equacoes de Schwinger-
Dyson (SD) [16, 17] para a auto-energia do fermion sao mais apropriadas para analisar a
transicao de fase [18].
Na eletrodinamica quantica em quatro dimensoes (EDQ4), para fermions sem massa,
Johnson, Baker e Wiley [19], estudaram a teoria na aproximacao “quenched”(sem correcoes
do “loop”fermionico), e obtiveram solucoes para as equacoes de SD da auto-energia dos
fermions. No entanto, estas solucoes nao representavam quebra da simetria quiral ou de
simetria de escala [20]. Maskawa e Nakajima [21] estudaram a teoria usando um “cut-
off ”finito, Λ. Eles mostraram que no regime de acoplamento fraco, α < αc = π/3,
nao existe quebra de simetria quiral (ou escala) e todas as solucoes nao triviais para a
auto-energia dos fermions neste regime, exigia fermions massivos de partida, que se anu-
la no limite contınuo Λ → ∞. Fukuda e Kugo [22] analisaram em detalhes as solucoes
das equacoes de SD, tanto no regime fraco quanto no regime de acoplamento forte, e
mostraram que na situacao sem massa, a quebra da simetria quiral ocorre apenas se
α > αc = π/3, levando a geracao de massa para os fermions. Cohen e Georgi [23], basea-
Introducao 10
dos no fato de que existe um acoplamento crıtico associado com a quebra de simetria
quiral em teorias de gauge, tiveram uma interpretacao interessante para as solucoes da
equacao diferencial nao linear vinda das equacoes de SD.
No contexto da EDQ3 sem massa, com N campos fermionicos, quando tratada na
ordem dominante da expansao 1/N , conjecturou-se a existencia de um valor crıtico para o
numero de fermions (Nc = 32/π2 ≈ 3.2) abaixo do qual, ocorre a quebra de simetria quiral
[5, 9]. Simulacoes numericas na rede mostrou que 3 < Nc < 4 [24]. Correcoes de ordem
superior na expansao 1/N mostram que o numero crıtico nao altera qualitativamente
os resultados obtidos [11]. Resultados similares usando diferentes tipos de vertices de
interacao, incluindo aqueles que satisfazem as identidades de Ward-Takahashi [12, 14,
25, 26], mostraram que existe um numero crıtico Nc na EDQ3 no qual, para valores de
N abaixo de Nc, os fermions adquirem massa e a quebra de simetria quiral ocorre. No
entanto, a existencia deste numero crıtico nao e aceito por alguns autores que sugerem
a quebra de simetria quiral para todos os valores de N na EDQ3 sem massa [4, 27]1.
Aparentemente, esta e uma questao em aberto.
Deve-se notar que na EDQ3, todos os resultados foram obtidos utilizando o fato de que
o campo eletromagnetico esta vinculado ao plano. No entanto, apesar dos movimentos
dos eletrons estarem confinados no plano, o campo eletromagnetico atraves do qual eles
interagem nao esta sujeito a este vınculo. Este fato, nos permite investigar uma ampla
variedade de situacoes, incluindo a exigencia de que o potencial eletrostatico entre dois
eletrons em um plano deva ser coulombiano (∝ 1/r) e nao logarıtimico, como acontece na
EDQ3. Formalmente, pode-se obter tal teoria, no espaco euclidiano, modificando o termo
de Maxwell 14F 2µν por 1
4F 2µν/(−�)1/2, que reproduz a interacao de duas partıculas car-
regadas movendo-se sobre um plano. Marino [28] obteve a partir de primeiros princıpios,
uma descricao de tal sistema eletronico que se move no plano, porem a interacao era
descrita como de partıculas em um espaco-tempo quadrimensional. A quantizacao desta
teoria (pseudo eletrodinamica quantica) foi estudada nas referencias [29, 30] e os resul-
tados mostraram que apesar da nao localidade no de termo de Maxwell, a causalidade
e respeitada e as funcoes de Green sao bem definidas. Neste cenario, o novo termo
1Veja a referencia [14]
Introducao 11
de Maxwell faz com que a dimensao canonica do campo de gauge seja igual a um, em
unidades de massa. Portanto, se acoplarmos minimamente o campo de gauge com um
campo de materia fermionico, a constante de acoplamente se torna adimensional. As-
sim, na contagem de potencia usual [16, 31], a pseudo eletrodinamica quantica (PEDQ3),
assemelha-se mais com EDQ4 do que EDQ3. Por outro lado, como estamos trabalhando
em (2 + 1) d, esperamos que a teoria construıda a partir da modificacao do termo de
Maxwell tenha propriedades remanescentes da EDQ3.
A proposta desta dissertacao sera estudar a quebra da simetria quiral na PEDQ3,
atraves da geracao dinamica de massa para os fermions e investigar as similaridades deste
modelo com a criticalidade, tanto na EDQ3 quanto na EDQ4. Tal investigacao sera
realizada, utilizando o formalismo das equacoes de SD para os propagadores dos fermions
e do campo de gauge. Este trabalho esta organizado da seguinte forma: (i) No capıtulo 1,
uma revisao sobre as tecnicas da integracao funcional aplicada a teoria quantica de campos
sera realizada, de modo que conseguiremos construir as equacoes de SD para a EDQ e
para PEDQ; (ii) no capıtulo 2, discutiremos e apresentaremos os principais resultados
encontrados na literatura sobre a quebra de simetria quiral na EDQ3 e EDQ4; (iii) no
capıtulo 3, apresentaremos a PEDQ3 e verificaremos a possibilidade de ocorrer a quebra
de simetria quiral para os fermions atraves da solucao encontrada para as equacoes de SD
da auto-energia dos fermions.
Os tres apendices estao dispostos nesta dissertacao, para uma melhor explicacao e
apresentacao de alguns pontos contidos, sendo eles: (i) no apendice A encontram-se al-
gumas propriedades das matrizes de Dirac no espaco euclidiano, bem como uma lista de
algumas integrais importantes que serao usadas neste trabalho; (ii) no apendice B sera
calculado o propagador do campo de gauge, no espaco euclidiano, na PEDQ3 atraves do
formalismo da integracao funcional; (iii) no apendice C sera apresentado o calculo do
tensor de polarizacao, tambem no espaco euclidiano.
Por ultimo, nas conclusoes, apresentaremos um resumo dos principais resultados obti-
dos nesta dissertacao, assim como as referencias utilizadas na realizacao do mesmo.
Capıtulo 1
Introducao a Integracao Funcional
na Teoria Quantica de Campos
Neste capıtulo discutiremos a integracao funcional aplicada a teoria quantica de cam-
pos. Este formalismo dara possibilidades de discutirmos as equacoes de Schwinger-Dyson
para os fermions e o foton na eletrodinamica quantica e na pseudo eletrodinamica quantica.
1.1 Teorias de Gauge
Teorias de gauge, tambem chamadas de teorias de calibre, representam uma classe
de teorias baseadas na ideia de que as transformacoes de simetria possam ser locais ou
globais. Muitas teorias sao descritas por lagrangianas que sao invariantes sob determina-
dos grupos que representam uma simetria. Quando tais lagrangianas sao invariantes sob
uma transformacao na qual o parametro da transformacao independe das coordenadas do
espaco-tempo, dizemos que a simetria e global, caso contrario, dizemos que a simetria e
local.
1.1.1 Teorias de Gauge Abelianas
A teoria mais simples de gauge nao-trivial que podemos construir e uma obedecendo
a uma transformacao abeliana. Consideremos entao, a teoria de Dirac livre de interacoes
descrita pela densidade de lagrangiana,
1.1 Teorias de Gauge 13
L = ψ(i∂/−M)ψ , (1.1)
onde sabemos que a (1.1) e invariante pela transformaca global (α = cte.),
ψ(x) → ψ′(x) = e−iαψ(x),
ψ(x) → ψ′(x) = eiαψ(x). (1.2)
Assumindo que o parametro α seja substituıdo agora por um parametro que dependa
da posicao, isto e, α→ α(x), a simetria antes global passara a ser uma simetria local. Ou
seja,
ψ(x) → ψ′(x) = e−iα(x)ψ(x),
ψ(x) → ψ′(x) = eiα(x)ψ(x), (1.3)
e dessa forma, o termo cinetico em (1.1) se transformara da seguinte maneira,
ψ(x)∂µψ(x) → ψ′(x)∂µψ′(x) = ψ(x)eiα(x)∂µ(e
−iα(x)ψ(x))
= ψ(x)∂µψ(x)− iψ(x){∂µα(x)}ψ(x). (1.4)
Assim, a lagrangiana (1.1) sera escrita apos a transformacao (1.3) como
L′ = L − iψ(x){∂µα(x)}ψ(x), (1.5)
sendo esta nao mais invariante. Para restaurarmos a invariancia da simetria (1.3), devemos
introduzir a nocao de derivada covariante, Dµ, onde substituiremos a derivada ordinaria
∂µ por
∂µ → Dµ = ∂µ + ieAµ, (1.6)
onde e representa a carga do campo de materia ψ(x), e portanto, a combinacao ψ(x)Dµψ(x)
sera agora um invariante sobre a transformacao (1.3). Em outras palavras, a acao da
1.1 Teorias de Gauge 14
derivada covariante no campo fermionico nao mudara a propriedade de transformacao.
Isto pode ser realizado, se adicionarmos lagrangiana (1.1) um novo campo vetorial Aµ(x),
chamado de campo de gauge.
Com a introducao deste novo campo na teoria, a lei de transformacao para a derivada
covariante (1.6), sera satisfeita se o campo de gauge tiver a seguinte transformacao,
Aµ(x) → A′µ(x) = Aµ(x) +
1
e∂µα(x). (1.7)
Reescrevendo (1.1), teremos
L = ψ(i∂/− eA/µ)ψ −Mψψ. (1.8)
Para tornar o campo de gauge Aµ um campo fısico da teoria, devemos adicionar a
equacao (1.8) o termo cinetico que representa a dinamica do campo Aµ. O termo mais
simples e invariante de gauge pode ser escrito como
L = −1
4F µνFµν , (1.9)
onde o tensor de campo F µν e antisimetrico na troca µ ↔ ν e podendo ser escrito como1
Fµν = ∂µAν − ∂νAµ = −Fνµ. (1.10)
Facilmente, percebemos que se substituirmos (1.7) em Fµν , veremos que o mesmo e
um invariante de gauge. Se combinarmos (1.8) com (1.9), teremos a lagrangiana de uma
teoria de gauge abeliana nao-trivial, a eletrodinamica quantica (EDQ)
L = ψ(i∂/− eA/µ)ψ −Mψψ − 1
4F µνFµν . (1.11)
A seguir, discutiremos a respeito da integracao funcional aplicada a teoria quantica de
campos.
1Na forma matricial o tensor Fµν pode ser representado por uma matriz d× d, onde d e a dimensao
do espaco-tempo, cujos elementos sao as componentes dos campos eletrico e magnetico [32].
1.2 Integracao Funcional 15
1.2 Integracao Funcional
Uma dada teoria de campos e completamente caracterizada por suas funcoes de Green
[32]. No formalismo da integracao funcional2, pode-se calcula-las atraves do funcional
gerador das funcoes de Green, Z[J ]. Para uma dada teoria de campo, o funcional gerador
e definido por
Z[J ] = ρ
∫
Dφ eiS+i∫
ddxJφ, (1.12)
onde ρ e uma constante determinada pela condicao de normalizacao Z[J = 0] = 1, φ o
campo classico arbitrario, J a fonte classica do campo φ e S a acao classica dada por,
S =
∫
ddxL . (1.13)
As funcoes de Green de n−pontos, no espaco das coordenadas, sao determinadas
quando tomamos n derivadas funcionais de (1.12) [32], ou seja,
〈0|Tφ(x1)φ(x2)...φ(xn)|0〉 = G(n)(x1, ..., xn) =(−i)nZ[J ]
δnZ[J ]
δJ(x1)...δJ(xn)
∣
∣
∣
∣
J=0
. (1.14)
Veremos a seguir como podemos obter os propagadores (funcao de Green de 2 pontos)
de algumas teorias conhecidas usando este formalismo.
1.2.1 Bosons
Considerando a teoria do campo escalar real como exemplo, descrita pela densidade
de lagrangiana,
L =1
2
(
∂µφ∂µφ−m2
)
, (1.15)
podemos, a princıpio, calcular quaisquer funcoes de Green da mesma. Usando (1.15) em
(1.12), encontramos
Z[J ] = ρ
∫
Dφ ei2
∫
ddx(∂µφ∂µφ−m2)+ i∫
ddxJ(x)φ , (1.16)
2Neste captulo discutiremos a integracao funcional em um espaco-tempo em d dimensoes.
1.2 Integracao Funcional 16
e realizando a integracao [32] no campo φ, temos,
Z[J ] = e−i2
∫
JK−1J , (1.17)
onde K = (∂2 +m2). Para determinarmos a funcao de Green de dois pontos, usamos a
definicao (1.14) tomando n = 2 e assim,
〈0|Tφ(x1)φ(x2)|0〉 = G(2)(x1, x2) =(−i)2Z[J ]
δ2Z[J ]
δJ(x1)δJ(x2)
∣
∣
∣
∣
J=0
= −iK−1. (1.18)
Para visualizarmos melhor o siginificado desta expressao, iremos leva-la ao espaco dos
momentos, considerando que
∂µ −→ −ipµ, (1.19)
e com isso, a equacao (1.18) podera ser reescrita da seguinte maneira,
G(2)(p) =i
p2 −m2, (1.20)
representando o propagador livre do campo escalar real.
1.2.2 Fermions
No caso de campos fermionicos, definimos o funcional gerador das funcoes de Green
como,
Z[η, η] = ρ
∫
DψDψ eiS[ψ,ψ]+i∫
ddx(ηψ+ψη), (1.21)
onde agora tanto os campos fermionicos ψ e ψ, quanto as fontes η e η, sao denominadas
variaveis de Grassmann3. Se considerarmos a teoria de Dirac descrita por,
L = ψ(i∂/ −M)ψ, (1.22)
o funcional gerador sera dado por
3Para mais detalhes ver [32].
1.2 Integracao Funcional 17
Z[η, η] = ρ
∫
DψDψexp
{
iS[ψ, ψ] + i
∫
ddx (ηψ + ψη)
}
. (1.23)
Usando que,
∫
DψDψe[ψaψ−bψ−ψb] = e−ba−1b det a,
pode-se mostrar que o funcional gerador sera escrito como
Z[η, η] = e−i∫
ddxddy η(x)S−1F (x−y)η, (1.24)
sendo S−1F (x−y) = (i∂/−M)−1. Portanto, a funcao de Green de dois pontos para o campo
fermionico sera dada por,
G(2)(x1, x2) =(−i)2Z[0, 0]
δ2Z[η, η]
δη(x1)δη(x2)
∣
∣
∣
∣
η=η=0
= iS−1F (x1 − x2), (1.25)
e no espaco dos momentos, esta expressao podera ser escrita como,
SF (p) =i
p/−M, (1.26)
onde utilizamos a relacao
pµ −→ i∂µ.
A equacao (1.26) representa a funcao de Green de 2 pontos para os fermions.
1.2.3 Campos de Gauge
Para uma teoria contendo apenas campos de gauge, o funcional gerador sera dado por,
Z[J ] = ρ
∫
DAµ eiS[Aµ]+
∫
ddxJµ(x)Aµ(x) , (1.27)
com
S[Aµ] = −1
4
∫
ddxFµνFµν =
1
2
∫
ddxAµ(x)(gµν∂2 − ∂µ∂ν)Aν(x), (1.28)
1.2 Integracao Funcional 18
onde na ultima passagem eliminamos o termo de superfıcie. Analogamente ao que foi feito
para o campo escalar e o campo fermionico, podemos realizar uma integracao gaussiana
na equacao (1.27). No entanto, isto nao e possıvel uma vez que o operador Oµν =
gµν∂2−∂µ∂ν que aparece na equacao (1.28), nao possui inverso [32]. Para demonstrarmos
essa afirmacao, vamos supor que Oµν possua um operador inverso O−1νβ , tal que
(gµν∂2 − ∂µ∂ν)(Oνβ)−1(x− y) = δµβδ
d(x− y). (1.29)
Usando a transformada de Fourier,
O−1νβ (x− y) =
∫
ddk
(2π)de−ik(x−y) O−1
νβ (k),
temos
(−k2gµν + kµkν)O−1νβ (k) = δµβ . (1.30)
Se usarmos a seguinte decomposicao para o operador inverso O−1νβ (k),
O−1νβ (k) = a(k2)gνβ + b(k2)kνkβ,
vemos claramente a partir de (1.30), que o termo a(k2)(k2gµβ − kµkβ) nao pode ser igual
a δµβ , o que nos leva concluir que Oµν nao possui inverso. Esse problema foi resolvido
atraves da introducao do determinante de Faddeev-Popov [32 - 36]. Historicamente, este
surgiu pela primeira vez em conexao com a quantizacao correta de teorias de calibre
nao-abelianas [34]. O efeito deste procedimento em uma teoria de gauge, e simplesmente
introduzir um termo de fixacao de gauge, ou seja, reescrever a lagrangiana como
S[Aµ] → S[Aµ]ξ =
∫
ddx
(
−1
4FµνF
µν − ξ
2(∂µA
µ)2)
, (1.31)
onde ξ e o parametro de fixacao de gauge. Usando (1.31), e possıvel determinar com
facilidade a funcao de dois pontos para o campo de gauge Aµ. O funcional gerador e
entao escrito como sendo,
Z[Jµ] = ρ
∫
DAµ ei∫
ddx (− 14FµνFµν− ξ
2(∂µAµ)2)+i
∫
ddx JµAµ , (1.32)
1.2 Integracao Funcional 19
onde Fµν e dado pela equacao (1.10). A seguir, podemos reescrever a equacao (1.32), apos
eliminarmos o termo de superfıcie, como
Z[Jµ] = ρ
∫
DAµ ei∫
ddx 12Aµ(gµν∂2−(1−ξ)∂µ∂ν)Aν+i
∫
ddxJµAµ. (1.33)
Realizando uma integracao gaussiana em (1.33) e chamando Oµν = gµν∂2−(1−ξ)∂µ∂ν ,temos que
Z[Jµ] = e−i2
∫
ddxJµO−1µν J
ν
, (1.34)
com O−1µν podendo ser determinado, usando que,
(gµν∂2 − (1− ξ)∂µ∂ν)O−1νβ (x− y) = δµβδ
d(x− y). (1.35)
Usando a transformada de Fourier,
O−1νβ (x− y) =
∫
ddk
(2π)de−ik(x−y) O−1
νβ (k),
e a seguinte decomposicao para O−1νβ ,
O−1νβ (k) = a(k2)gνβ + b(k2)kνkβ,
encontramos que os coeficientes a(k2) e b(k2) sao dados por,
a(k2) = − 1
k2, (1.36)
e
b(k2) =
(
1
ξ− 1
)
1
k4. (1.37)
Uma vez determinado O−1µν , a funcao de Green de dois pontos sera dada por,
G(2)(x1, x2) =(−i)2Z[J ]
δ2Z[J ]
δJµ(x1)δJν(x2)
∣
∣
∣
∣
J=0
= iO−1µν . (1.38)
Assim, indo para o espaco dos momentos, a funcao de dois pontos para o campo de
gauge sera dada por,
1.3 As Funcoes de Green Conexas e a Funcao de Vertice 20
G(2)(k) ≡ ∆µν(k) = − i
k2
(
gµν − (1− 1
ξ)kµkν
k2
)
, (1.39)
sendo este o propagador de Feynman para o campo Aµ.
1.3 As Funcoes de Green Conexas e a Funcao de
Vertice
Uma quantidade interessante no estudo da integracao funcional e com importancia
relevante nos calculos em teoria quantica de campos, sao as funcoes de Green conexas.
Esta classe de funcoes geram o que chamamos de diagramas de Feynman conexos, sendo
estes os diagramas utilizados nos calculos da matriz−S [32]. Um diagrama e dito conexo
se ele nao for a uniao de dois ou mais diagramas disjuntos, em outras palavras, se ele nao
puder ser dividos em sub-diagramas iguais. O funcional gerador das funcoes de Green
conexas, W [J ], esta relacionado com o funcional gerador das funcoes de Green Z[J ],
atraves da relacao [32],
W [J ] = lnZ[J ], (1.40)
de onde vemos que
1
Z[J ]
δZ[J ]
δJ(x)=δW [J ]
δJ(x). (1.41)
De maneira semelhante, para a funcao de dois pontos, temos que
1
Z[J ]
δ2Z[J ]
δJ(x1)δJ(x2)=
δ2W
δJ(x1)δJ(x2)+
(
δW
δJ(x1)
δW
δJ(x2)
)
. (1.42)
Generalizando, podemos escrever [32]
1
Z[J ]
δnZ[J ]
δJ(x1)...δJ(xn)=∑ δn1W
δJ(xi11)...δJ(xi1n1 )
...δnpW
δJ(xip1)...δJ(xipnp )
. (1.43)
1.3 As Funcoes de Green Conexas e a Funcao de Vertice 21
Uma vez conhecido w[J], podemos obter o funcional gerador das funcoes de vertice,
Γ(ϕcl), fazendo uma transformacao de Legendre. Se definirmos um campo classico, ϕcl,
de modo que
δW [J ]
δJ(x)= iϕcl, (1.44)
e quando fizermos J = 0, ϕcl sera igual ao valor esperado no vacuo do campo quantico.
Teremos portanto,
Γ[ϕcl] = W [J ]− i
∫
J(x)ϕ(x) ddx. (1.45)
Dessa definicao vemos,
δΓ[ϕcl]
δϕcl(y)= −iJ(y). (1.46)
Para mostrar que Γ(ϕcl) e o funcional gerador das funcoes de vertice, iremos inicial-
mente considerar os nucleos das funcoes de dois pontos especificados por
Γ(2)(y2, y1) ≡δ2Γ
δϕcl(y2)δϕcl(y1)= −i δJ(y1)
δϕcl(y2)(1.47)
e
G(2)(x2, x1) ≡δ2W
δJ(x1)δJ(x2)= −iδϕcl(y2)
δJ(y1). (1.48)
Para J = 0, G(2)(x2, x1) coincide com a funcao de Green conexa de dois pontos. Das
equacoes (1.47) e (1.48) vem que Γ(2) = −[G(2)]−1 no sentido de convolucao, isto e,
∫
ddy Γ(2)(y2, y)G(2)(y, x2) = −δd(x2 − y2). (1.49)
Fazendo na equacao acima J = 0, vemos que Γ(2)(y2, y) coincide com a funcao de
vertice de dois pontos.
No caso de uma teoria contendo diferentes campos4, como por exemplo a EDQ, a
funcao de vertice Γ[ψ, ψ, Aµ] sera definida como,
4Iremos omitir o ındice cl nos campos por questao de simplificacao de agora em diante.
1.4 As Equacoes de Schwinger-Dyson 22
Γ[ψ, ψ, Aµ] =W [η, η, Jµ]− i
∫
(ηψ + ψη + Jµ(x)Aµ(x)) ddx , (1.50)
e a partir de (1.50), definimos as seguintes relacoes,
δΓ
δAµ(y)= −iJµ(y), δΓ
δψ(y)= −iη(y), δΓ
δψ(y)= iη(y),
(1.51)
δW
δJµ(y)= iAµ(y),
δW
δη(y)= iψ(y),
δW
δη(y)= −iψ(y).
Mais adiante retornaremos a utilizar estas expressoes.
1.4 As Equacoes de Schwinger-Dyson
As equacoes de Schwinger-Dyson sao baseadas no fato de que a integral funcional de
uma derivada total e nula, ou seja
∫
D[ϕ]δZ[ϕ]
δϕ≡ 0. (1.52)
Embora esta afirmacao pareca trivial do ponto de vista da analise funcional, ela produz
relacoes nao triviais entre os funcionais geradores em teoria quantica de campos [32].
Se usarmos isso no contexto de uma teoria escalar, podemos escrever
0 =
∫
D[ϕ]δ
δϕexp
{
iS[ϕ] + i
∫
ddx J(x)ϕ(x)
}
=
∫
D[ϕ]i
[
δS
δϕ+ J
]
exp
{
iS[ϕ] + i
∫
ddx J(x)ϕ(x)
}
. (1.53)
Em termos do funcional gerador, esta equacao pode ser escrita como
(
δ
δϕS
[
−i δδJ
]
+ J
)
Z[J ] = 0, (1.54)
Esta e a relacao de Schwinger-Dyson. A partir desta, podemos tormar um numero
qualquer de derivadas funcionais com relacao ao campo, e obter inumeras equacoes inte-
grais envolvendo diferentes funcoes de Green.
1.4 As Equacoes de Schwinger-Dyson 23
1.4.1 Equacao de Schwinger-Dyson para o Foton
Para determinarmos a equacao de Schwinger-Dyson para o foton, partimos do fato
que,
[
δS
δAµ(x)
(
δ
iδJ,δ
iδη,− δ
δη
)
+ Jµ(x)
]
Z[Jµ, η, η] = 0, (1.55)
onde
Z[Jµ, η, η] = ρ
∫
DAµDψDψ ei∫
ddx{ψ(i∂/−eA/µ)ψ−Mψψ− 14FµνFµν− ξ
2(∂µAµ)2+AµJµ+ψη+ηψ},
(1.56)
e portanto,
δS
δAµ(x)= [� gµν − (1− ξ)∂µ∂ν ]A
ν − eψγµψ. (1.57)
Nossa estrategia, sera reescrever a equacao (1.55) em termos da funcao de Green
conexa W[Jµ, η, η] (equacao 1.40) e entao, escrever uma expressao para Γ[Aµ, ψ, ψ]. Dessa
maneira, encontramos5 que
Jµ(x) + [� gµν − (1− ξ)∂µ∂ν ]δW
δJν− e
δW
δηα(γµ)αβ
δW
δηβ− e
δ
δηα
(
(γµ)αβδW
δηβ
)
= 0. (1.58)
Assim, usando as relacoes (1.51) para escrever em termos de Γ[Aµ, ψ, ψ], e tomando
os campos fermionicos iguais a zero, encontramos
δΓ
δAµ(x)
∣
∣
∣
∣
ψ=ψ=0
= [� gµν − (1− ξ)∂µ∂ν ]Aν − ie T r
[
γµ
(
δ2Γ
δψ δψ
)−1
(x, x)
]
, (1.59)
onde o ultimo termo na equacao (1.59) e proporcional ao propagador do eletron. Como
estamos interessados na funcao de dois pontos do campo de gauge, tomaremos mais uma
derivada com relacao ao campo Aµ em um ponto diferente, isto e,
5Observe que na equacao (1.57), devemos escrever os campos em termos das derivadas funcionais com
relacao as fontes, descritas pela relacao (1.51).
1.4 As Equacoes de Schwinger-Dyson 24
δ2Γ
δAµ(x)δAν(y)
∣
∣
∣
∣
ψ=ψ=Aµ=0
= [� gµν − (1− ξ)∂µ∂ν ]δd(x− y)
+ ie2∫
d3ud3vTr [γµSF (x, u)Λν(y, u, v)SF (v, x)] ,(1.60)
onde usamos a seguinte definicao para a funcao de vertice
δ3Γ
δAµ(x)δψ(y)δψ(z)
∣
∣
∣
∣
Aµ=ψ=ψ=0
= eΛµ(x, y, z), (1.61)
e usamos ainda, a formula para calcular a derivada de uma matriz inversa,
δ
δAµI−1 = −I−1 δ
δAµI−1.
O segundo termo na equacao (1.60), representa o tensor de polarizacao Πµν , e a
operacao de traco sera sobre todos as matrizes de Dirac e os ındices de simetria. As-
sim, a equacao de SD para o campo de gauge sera, no espaco das coordenadas,
∆−1µν (x− y) = [� gµν − (1− ξ)∂µ∂ν ]δ
d(x− y)
+ ie2∫
d3u d3v Tr [γµ SF (x, u) Γν(y, u, v)SF (v, x)] . (1.62)
e reescrevendo no espaco dos momentos, temos que
∆−1µν (p) = ∆0
µν−1(p) + ie2
∫
d3k
(2π)3Tr [γµ SF (k) Γν(k, k − p)SF (k − p)] , (1.63)
sendo ∆0µν
−1(p) o propagador livre para o campo de gauge. A equacao (1.63) e a equacao
de SD para a funcao de Green de dois pontos para o campo de gauge na EDQ. Para a
PEDQ, a equacao de SD para o campo de gauge sera identica a equacao (1.63), porem
com o propagador ∆µν modificado, como veremos adiante.
1.4.2 Equacao de Schwinger-Dyson para o Fermion
Para construırmos a equacao de SD para a funcao de dois pontos dos fermions na
EDQ, devemos tomar a derivada com relacao a ψ(x), isto e,
1.4 As Equacoes de Schwinger-Dyson 25
[
δS
δψ(x)(iδ
δη,−i δ
δη,−i δ
δJµ) + η(x)
]
Z[η, η, Jµ] = 0.
com Z[η, η, Jµ] dado por (1.56). Portanto, encontramos que
[
η(x) +
(
i∂/−M − eγµ(−i) δ
δJµ(x)
)
(−i) δ
δη(x)
]
Z[η, η, Jµ] = 0. (1.64)
Como estamos interessados na funcao de dois pontos, derivamos com relacao a η e
fazemos η = η = 0, ou seja6,
δd(x− y)Z[Jµ]−[
i∂/ −M − eγµ(−i) δ
δJµ
]
Z[Jµ]S(x− y; Jµ) = 0, (1.65)
onde S(x − y; Jµ), descreve uma propagacao na presenca de uma fonte Jµ. Usando as
relacoes (1.51), podemos escrever a equacao (1.65) como
δd(x− y)−[
i∂/ −M − eA/ (x; Jµ)− eγµ(−i) δ
δJµ
]
S(x− y; Jµ) = 0. (1.66)
Na equacao (1.66) a diferenciacao com relacao a fonte Jµ pode ser realizada [32], e
encontramos (colocando todas as fontes iguais a zero)
(−i) δ
δJµS(x−y; Jµ) = −ie
∫
ddz ddu ddw∆µν(x, z)SF (x− w)Λν(u, w, z)SF (w, y). (1.67)
Retornando a equacao (1.66), considerando todos os campos externos iguais a zero,
multiplicando ambos os lados por S−1F (y, y′) e realizando a integracao com relacao a
variavel y′, encontramos que
S−1F (x−y) = − (i∂/ −M) δd(x−y)−ie2
∫
ddzddu∆µν(x−z)γµSF (x−u)Γν(u, y; z). (1.68)
Esta e a equacao de SD para o propagador do fermion da EDQ no espaco das co-
ordenadas. Realizando uma transformacao de Fourier usual, encontramos a equacao no
espaco dos momentos, isto e,
S−1F (p) = p/ −M − ie2
(2π)d
∫
ddkγµSF (k)Γν(k, p; k − p)∆µν(k − p). (1.69)
6Por questao de simplificacao, iremos adotar a seguinte notacao Z[Jµ, 0, 0] = Z[Jµ].
1.4 As Equacoes de Schwinger-Dyson 26
E interessante comentar, que determinamos a equacao de SD no espaco de Minkowski,
porem pode-se facilmente determina-la no espaco euclidiano, realizando uma rotacao de
Wick7. Para a pseudo eletrodinamica quantica, a equacao de SD e identica a equacao
(1.69) com o propagador do campo de gauge sendo diferente.
7A rotacao de Wick consiste em efetuar uma continuacao analıtica na componente temporal, tal que
p0 → −ip4 e portanto p2 → −p2E [32].
Capıtulo 2
Quebra Dinamica da Simetria Quiral
na Eletrodinamica Quantica
2.1 A Eletrodinamica Quantica em (2+1) d (EDQ3)
Eletrodinamica quantica em tres dimensoes (EDQ3) e um modelo teorico ideal para
testar ideias que possam ser relevantes ou uteis na cromodinamica quantica (QCD), tais
como geracao dinamica de massa e confinamento [6, 35]. Alem disso, e uma teoria super-
renormalizavel e por isso nao sofre com divergencias ultravioletas [6], como acontece na
eletrodinamica quantica em quatro dimenoes (EDQ4). A sua constante de acoplamento,
e, possui dimensao canonica dada por [e] = 12em unidades de massa, fornecendo assim,
uma escala de massa intrınseca mesmo se considerarmos a teoria nao massiva.
Uma das propriedades interessantes da EDQ3 na ausencia da contribuicao do “loop”fer-
mionico para o tensor de polarizacao do foton, isto e, na aproximacao “quenched”, e que
ela exibe confinamento [36]. Podemos ver este resultado, de modo heurıstico, se definirmos
um potencial classico V (x) entre dois eletrons, como sendo
V (x) = e2∫
d2q
(2π)2ei~q·x
1
|~q|2[1 + Π(|~q|2)] , (2.1)
onde Π(|~q|2) e a contribuicao vinda da parcela transversal do tensor de polarizacao de
vacuo.
Na aproximacao “quenched”, obtemos
2.1 A Eletrodinamica Quantica em (2+1) d (EDQ3) 28
V (x) = − e2
2π
∫ ∞
0
J0(|~q||x|)|~q| dq. (2.2)
Resolvendo a integral acima1 [37], encontramos que o potencial classico V (x) possui
um comportamento logarıtimico [3], ou seja,
V (x) =e2
2πln (e2|x|). (2.3)
Este potencial aumenta com a distancia, revelando assim o comportamento confinante
para a teoria. No limite em que |x| → ∞, vemos que V (x) → ∞ e portanto, nao existira
fermions livres no infinito [3].
Ao considerarmos o efeito de polarizacao de vacuo para fermions sem massa, o poten-
cial eletrostatico perde a sua propriedade de confinamento [4]. Num processo semelhante
ao que fizemos para o potencial classico na equacao (2.1), encontramos
V (x) = −e2
4[H0(αx)−N0(αx)], α =
Ne2
8(2.4)
onde H0(x) e a funcao de Struve2 e N0(x) e a funcao de Neumann. A partir da equacao
(2.4), vemos que
V (x) ∼
log[αx] com x << 1
e2
2π1αx
com x >> 1,(2.5)
sendo agora a teoria nao mais confinante. Na figura 2.1, esta representado graficamente
os pontenciais das equacoes (2.3) e (2.4).
A EDQ3 e descrita pela densidade de lagrangiana,
L = ψ(i∂/+ ieA/µ)ψ −Mψψ − 1
4F µνFµν −
ξ
2(∂µA
µ)2, (2.6)
onde ψ e ψ sao os campos de fermions, Aµ e o campo eletromagnetico, e a constante de
acoplamento. O tensor Fµν e o tensor de Maxwell usual dado por (1.10). Ao estudarmos
1Podemos realizar a integracao em (2.2) calculando a derivada com relacao a x, isto e, dV (x)/dx =
e2
2π
∫
∞
0 J1(|~q||x|) dq = e2
2π1x .
2A funcao de Struve [37], denotada por Hν(x), e definida como Hν(x) =(
z2
)ν+1∑∞
k=0
(−1)k( z
2)2k
Γ(k+3/2)Γ(k+ν+3/2) .
2.1 A Eletrodinamica Quantica em (2+1) d (EDQ3) 29
−0.5
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
0 2 4 6 8 10 12 14 16
V(x
)
x
Eq. (2.4)Eq. (2.3)
Figura 2.1: Grafico representando o potencial eletrostatico V (x) nas equacoes (2.3) e
(2.4).
a EDQ3, podemos trabalhar com duas representacoes para os campos fermionicos: (i) se
usarmos uma representacao de duas componentes para os fermions, as matrizes de Dirac
serao descritos por matrizes 2 × 2. A teoria nao possuira quebra de simetria quiral e o
termo de massa quebrara explicitamente a simetria de paridade [38, 39]; (ii) ou podemos
considerar os fermions com uma representacao de quatro componentes, e dessa forma,
o termo de massa quebrara a simetria quiral, como na eletrodinamica quantica em 4
dimensoes [8, 39]. Com o intuito de estudarmos a quebra da simetria quiral, usaremos
fermions com quatro componentes.
2.1.1 As Equacoes de Schwinger-Dyson na EDQ3
As equacoes de SD formam um conjunto infinito de equacoes acopladas relacionando
varias funcoes de Green umas com as outras. A funcao de Green de dois pontos para
o fermion (propagador) esta relacionada com todas as demais funcoes de Green [18, 32].
No entanto, deve-se impor um esquema de “truncamento”de modo que, este conjunto de
equacoes acopladas possa ser tratado adequadamente. O esquema de “truncamento”mais
utilizado como ponto de partida, e o que chamamos de aproximacao “quenched ”, onde os
efeitos de polarizacao de vacuo nao sao considerados. Uma outra aproximacao tambem
2.1 A Eletrodinamica Quantica em (2+1) d (EDQ3) 30
utilizada, e a aproximacao “rainbow”, onde as correcoes para o vertice de interacao sao
desconsiderados [18]. Alem destas aproximacoes, existe aquelas onde levamos em consid-
eracao o efeito de polarizacao de vacuo, conhecida como aproximacao “unquenched”, e
diferentes tipos de vertice inspirados por algumas das principais caracterısticas de teorias
de gauge, tais como as identidades de Ward-Takahashi [18].
As equacoes de SD para a EDQ3 foram obtidas anteriormente no capıtulo 1 (ver secao
1.4.), e assim iremos aqui apenas relembra-las. Para o propagador do fermion, a equacao
de SD no espaco de Minkowski, sera dada por
S−1F (p) = A(p)p/ +Σ(p) = p/ −M − ie2
(2π)d
∫
ddkγµSF (k)Γν(k, p; k− p)∆µν(k− p), (2.7)
sendo A(p) a constante de renormalizacao de funcao de onda, Σ(p) a funcao de massa
gerada dinamicamente, Γν(k, p; k−p) sendo o vertice completo e ∆µν(k−p) e o propagadordo foton completo, dado por
∆−1µν (p) = ∆0
µν−1(p) + ie2
∫
d3k Tr [γµ SF (k) Γν(k, k − p)SF (k − p)] , (2.8)
onde ∆0µν
−1(p) representa o inverso do propagador livre do foton. Iremos em seguida estu-
dar estas equacoes na aproximacao “unquenched-rainbow ”, onde o efeito de polarizacao
de vacuo sera levado em consideracao e o vertice de interacao nao possuira correcoes.
2.1.2 EDQ3 na Expansao 1/N
Em um esquema nao perturbativo, conhecido como a expansao 1 / N, pode-se mostrar
que a EDQ3 se torna finita no infravermelho, mesmo sem a presenca de fermions massivos
[38]. No entanto, esta teoria finita exibe quebra de simetria quiral, como veremos adiante.
Para implementarmos a expansao 1/N, reescrevemos a constante de acoplamente e, de
modo que
e2 =α
N, (2.9)
onde α e mantido fixo. Dessa maneira, a lagrangiana (2.6) podera ser escrita como,
2.1 A Eletrodinamica Quantica em (2+1) d (EDQ3) 31
L =N∑
i=1
ψi(i∂/ + i
√
α
NA/µ)ψi −Mψiψi −
1
4F µνFµν −
ξ
2(∂µA
µ)2. (2.10)
Na expansao 1/N , devemos levar em consideracao o efeito da polarizacao do vacuo. Co-
mo a constante de acoplamento e da ordem 1/√N e, como existem N campos fermionicos
no “loop”, o tensor de polarizacao de vacuo pode ser escrito como
Πµν(p) = −α∫
d3k
(2π)3Tr[γµS(k + p)Γν(k + p, k)S(k)], (2.11)
onde o sinal (−) na expressao acima, refere-se ao “loop”de fermions. Escrevendo o tensor
de polarizacao como sendo Πµν(p) = (p2gµν−pµpν)Π(p), usando a aproximacao de vertice
livre, e considerando o propagador fermionico livre nao massivo, encontramos que (ver
apendice C),
Π(p2) =α
8
1√
p2. (2.12)
A seguir estudaremos a quebra dinamica da simetria quiral na EDQ3, com algumas
das principais aproximacoes encontradas na literatura.
2.1.3 Aproximacao “quenched-rainbow”
Na EDQ3 nao massiva, ao considerarmos a aproximacao “quenched”desconsideramos
os efeitos da polarizacao de vacuo, ou seja
Π(p2) ≡ 0, (2.13)
e o propagador completo do foton passa a ser descrito pelo propagador livre. Nesta a-
proximacao encontramos divergencias infravermelhas associadas a teoria de pertubacao
ordinaria baseado na expansao em potencias de e2 [18]. Estas divergencias se tornam
evidentes na ordem mais baixa para correcoes do vertice de interacao ,
Γρ ∼ e2∫
d3q
(2π)31
q2
(
gµν − (1− ξ)qµqνq2
)
γµ1
(p/− q/)γρ
1
(k/− q/)γν . (2.14)
2.1 A Eletrodinamica Quantica em (2+1) d (EDQ3) 32
No limite em que p e q → 0, a equacao acima se comporta como Γρ ∼∫
d3q(2π)3
1q4,
apresentando uma divergencia infravermelha [18].
Quando combinamos a aproximacao “rainbow”com a aproximacao “quenched ”[40,
41], as equacoes (2.7) e (2.8) se desacoplam, podendo ser estudadas separadamentes.
Este e o merito desta aproximacao. No entanto, existem problemas significantes com a
aproximacao “rainbow”, tais como a violacao das identidades de Ward-Takahashi [12, 14].
Uma outra simplificacao utilizada para equacao (2.7) e escolher A(p) = 1. Deste
modo, se considerarmos o gauge de Landau (ξ → ∞), conseguimos obter uma equacao
integral nao linear3 para a funcao de massa gerada dinamicamente4 [40, 41], isto e,
Σ(p2) =2α
πp
∫ ∞
0
dq ln
∣
∣
∣
∣
p+ q
p− q
∣
∣
∣
∣
qΣ(q2)
q2 + Σ(q2). (2.15)
Para simplificar a expressao acima, podemos aproximar log |(p+q)/(p−q)| da seguinte
maneira [40],
log
∣
∣
∣
∣
(p+ q)
(p− q)
∣
∣
∣
∣
=2p
qθ(p− q) +
2q
pθ(q − p),
onde a expansao acima e uma boa aproximacao para p2 << q2 ou p2 >> q2 [18]. Substi-
tuindo na equacao (2.15), podemos reescreve-la na forma de uma equacao diferencial,
d
dp
[
p3dΣ(p)
dp
]
= −8α
π
p2Σ(p)
p2 + Σ2(p), (2.16)
satisfazendo as seguintes condicoes de contorno
(
p3dΣ(p)
dp
)∣
∣
∣
∣
p=0
= 0, (2.17)
e
Σ(p)|p=∞ = 0. (2.18)
3Este resultado pode ser obtido seguindo o procedimento adotado para a PEDQ3 discutido na secao
3.3.4Neste ponto, e interessante realizarmos uma rotacao de Wick, indo para o espaco euclidiano.
2.1 A Eletrodinamica Quantica em (2+1) d (EDQ3) 33
Se considerarmos a regiao para momentos pequenos quando comparados a massa ge-
rada dinamicamente, isto e, p << Σ(p), a equacao diferencial (2.16) pode ser linearizada
e tera como solucao,
Σ(p) = − A1
2p2+B1, (2.19)
sendo A1 e B1 duas constantes de integracao com dimensoes canonicas dadas por (massa)3
e massa, respectivamente. Aplicando as condicoes de contorno (2.17) e (2.18), concluımos
que a unica solucao para este regime sera Σ(p) = 0. Portanto, para a regiao p << Σ(p),
nao ocorrera a quebra da simetria quiral. Por outro lado, se considerarmos a regiao em
que p >> Σ(p), a equacao (2.16) tera a seguinte forma,
d
dp
[
p3dΣ(p)
dp
]
= −8α
πΣ(p), (2.20)
e admitira como solucao [40, 41]
Σ(p) =1
p
[
C1J2
(
4
√
2α
πp
)
+D1Y2
(
4
√
2α
πp
)]
, (2.21)
sendo Jα(x) a funcao de Bessel de primeira especie e Yα(x) a funcao de Neumann. Da
condicao de contorno (2.18) devemos impor que D1 = 0. Assim, a massa gerada dinami-
camente para os fermions na aproximacao “quenched”na EDQ3 sera dada por,
Σ(p) ∼ 1
pJ2
(
4
√
2α
πp
)
. (2.22)
A equacao (2.22) representa a massa gerada dinamicamente para os fermions na aprox-
imacao “quenched-rainbow”. Gusynin discute a validade desta aproximacao feita na
equacao (2.15) atraves de um estudo numerico e compara com a solucao (2.22), mostrando
que a aproximacao nao e ruim, e realmente pode ser melhorada, adotando uma condicao
de normalizacao a partir de Σ(p2 = m2) = m (para maiores detalhes veja [41]).
2.1.4 Aproximacao “unquenched-rainbow”
Quando consideramos a aproximacao “unquenched-rainbow”somos capazes de resolver
analiticamente as equacoes (2.7) e (2.8). Dessa maneira, as equacoes se desacoplam e,
2.1 A Eletrodinamica Quantica em (2+1) d (EDQ3) 34
podemos escrever no espaco de Minkowski que
∆µν(q) = − i
q2[1 + Π(q2)]
(
gµν −qµqνq2
)
, (2.23)
para a equacao de SD do campo de gauge, com Π(q) dado pela equacao (2.12). Ja para
o propagador completo do fermion temos
S−1F (p) = p/ − ie2
∫
d3k
(2π)3γµSF (k)Γ
ν(k, p; k − p)∆µν(k − p), (2.24)
onde explicitamente assumimos que os fermions nao possuem massa. Nosso estudo so-
bre quebra da simetria quiral na EDQ3 na aproximacao “unquenched-rainbow”sera feito
atraves do estudo da funcao de massa, gerada dinamicamente. Defininfo o inverso do
propagador fermionico no espaco euclidiano como sendo
S−1F (p) = −A(p) p/ + Σ(p), (2.25)
mostrou-se que, assumindo o gauge de Landau (ξ → ∞), na ordem mais baixa na expansao
1/N , A(p2) = 1, ou seja, as correcoes para A(p2) somente surgem quando levamos em
consideracao termos de ordem superior na expansao 1/N [11]. Por outro lado, podemos
escrever uma equacao integral para Σ(p), e apos a integracao angular encontramos que
Σ(p) =α
2π2Np
∫
kΣ(k)
k2 + Σ2(k)dk log
(
k + p+ α/8
|k − p|+ α/8
)
. (2.26)
Para estudarmos a equacao (2.26) analiticamente, e conveniente quebrarmos a inte-
gracao no momento em duas regioes e expandirmos o logarıtimo apropriadamente para
cada regiao [38], ou seja,
Σ(p) =α
π2Np
∫ p
0
dkkΣ(k)
k2 + Σ2(k)
[
k
p+ α/8+ O
(
k
p+ α/8
)3
+ ...
]
+α
π2Np
∫ ∞
p
dkkΣ(k)
k2 + Σ2(k)
[
p
k + α/8+ O
(
p
k + α/8
)3
+ ...
]
. (2.27)
Appelquist [9] comentou que a equacao integral (2.27) e rapidamente amortecida para
a regiao p > α/8. Por outro lado, na regiao p < α/8 a equacao integral (2.27) pode ser
transformada em uma equacao diferencial de segunda ordem nao linear, dada por,
2.1 A Eletrodinamica Quantica em (2+1) d (EDQ3) 35
d
dp
(
dΣ(p)
dp
p2(p+ α/8)2
2p+ α/8
)
= − α
π2N
p2Σ(p)
p2 + Σ2(p). (2.28)
No limite p << α/8 a equacao (2.28) simplifica, podendo ser escrita como
d
dp
(
dΣ(p)
dp
)
= − 8
π2N
p2Σ(p)
p2 + Σ2(p), (2.29)
com as seguintes condicoes de contorno,
0 ≤ Σ(0) ≤ ∞, (2.30)
e
[
pdΣ(p)
dp+ Σ(p)
]∣
∣
∣
∣
p=α/8
= 0. (2.31)
Na regiao onde Σ(p) ≪ p ≪ α/8 a equacao (2.29) lineariza, e uma solucao analıtica
podera ser encontrada de maneira direta [9]. Isto e,
d
dp
(
dΣ(p)
dp
)
= − 8
π2NΣ(p), (2.32)
cuja solucao sera [9],
Σ(p) ∼ pa, (2.33)
sendo a = 12± 1
2
√
1− 32Nπ2 .
Para N > Nc = 32/π2, temos que −1 < a < 0 e esta solucao nao ira satisfazer
a condicao de contorno (2.31) no ultravioleta. No entanto, quando consideramos que
N < Nc a solucao (2.33) sera dada por [9]
Σ(p) =1√psin
√
1
2
[
32
Nπ2− 1
]
ln
(
p¯Σ(0)
+ δ
)
, (2.34)
sendo δ uma fase qualquer que dependera de N . Impondo a condicao de contorno (2.31),
encontramos que Σ(0), no limite em que N → Nc, e determinado por [9],
Σ(0) =(α
8
)
e2+δ exp
−2nπ√
32Nπ2 − 1
. (2.35)
2.2 A Eletrodinamica em (3+1) d (EDQ4) 36
Assim, conclui-se que na EDQ3, quando considerado a aproximacao “unquenched-
rainbow”, existe um numero crıtico Nc tal que abaixo deste numero existe a quebra
dinamica da simetria quiral para os fermions e, para valores acima de Nc a simetria e
entao restaurada. Estudos numericos da equacao integral (2.26) [9, 12, 14] mostram que
as solucoes encontradas sao validas nas aproximacoes realizadas.
2.2 A Eletrodinamica em (3+1) d (EDQ4)
2.2.1 Quebra da Simetria Quiral na EDQ4
Nesta secao, faremos de maneira direta o estudo da quebra da simetria quiral para a
EDQ4 uma vez que, o metodo utilizado e identico ao que foi realizado anteriormente. Por
questao de simplificacao, iremos considerar a EDQ4 na aproximacao “quenched-rainbow”.
Dessa maneira, como feito anteriormente, podemos encontrar duas equacoes acopladas,
relacionando a massa gerada dinamicamente para o fermion, Σ(p) e a constante de renor-
malizacao da funcao de onda, A(p).
Assim, a equacao de SD para Σ(p2) e A(p2) na EDQ4, serao dadas no espaco euclidiano
por [21, 22],
A(p) = 1 +α
4πξp2
[
∫ p2
0
dk2A(p)k2
A(p)k2 + Σ2(p)
k2
p2+
∫ Λ2
p2dk2
A(p)k2
A(p)k2 + Σ2(p)
p2
k2
]
, (2.36)
e
Σ(p) = m0 +α
4π
(
3 +1
ξ
)
[
∫ p2
0
dk2Σ(p)
A(p)k2 + Σ2(p)
k2
p2+
∫ Λ2
p2dk2
Σ(p)
A(p)k2 + Σ2(p)
]
,
(2.37)
onde a integracao nos angulos ja foi realizada e a introducao de um “cutoff ”ultravioleta
Λ se faz necessario se m0 6= 0 [18]. No gauge de Landau (ξ → ∞), as equacoes (2.36) e
(2.37) simplificam, pois
A(p2) = 1, (2.38)
2.2 A Eletrodinamica em (3+1) d (EDQ4) 37
e
Σ(p2) = m0 +3α
4π
[
∫ p2
0
dk2Σ(p2)
k2 + Σ2(p2)
k2
p2+
∫ Λ2
p2dk2
Σ(p2)
k2 + Σ2(p2)
]
. (2.39)
Analogamente ao que fizemos na EDQ3 (ver secao 2.1.3 e 2.1.4), podemos transfor-
mar a equacao integral (2.39) em uma equacao diferencial de segunda ordem, sujeita a
duas condicoes de contorno. Dessa maneira, temos que Σ(p2) ira satisfazer uma equacao
diferencial do tipo [21, 22],
d
dx
(
x2dΣ(x)
dx
)
= −3α
4π
Σ(x)
x+ Σ2(x), (2.40)
onde x = p2 e as condicoes de contorno serao dadas por
limx→0
(
d
dx[x2Σ(x)]
)
= 0, (2.41)
e
limx→Λ2
(
d
dx[xΣ(x)]
)
= m0. (2.42)
sendom0 a massa livre dos fermions. O problema de se estudar a quebra da simetria quiral
na EDQ4 na aproximacao “quenched-rainbow”se reduz ao estudo da equacao diferencial
(2.40). A equacao (2.40) foi estudada por Fukuda e Kugo [22] e os resultados possuem
uma analogia direta com o que mostramos na secao 2.1.3. Se escolhermos m0 = 0, entao
(2.40) sera invariante de escala. Neste caso, a escala e definida escolhendo Σ(0) = 1 [21],
e portanto Σ(p) admitira uma solucao em serie de potencia [21, 22],
Σ(x) = 1− 3α
8πx− α
64π
(
3α
π− 8
)
x2 + ... . (2.43)
O comportamento assintotico de Σ(x) para x grande pode ser escrito como [21, 22]
Σ(x) ∼
x−12+ 1
2
√1−3α/π, α ≤ π
3
1√xcos[
12
√
3α/π − 1 log (x)]
, α ≥ π3.
(2.44)
2.2 A Eletrodinamica em (3+1) d (EDQ4) 38
Considerando um “cutoff ”finito, se usarmos a condicao de contorno no ultravioleta
(2.42) se tornara claro que a solucao nao nula para a massa gerada dinamicamente sera
satisfeita apenas se
α > αc =π
3, (2.45)
onde αc = π/3 representa o ponto crıtico da solucao. Por outro lado, se considerarmos
que α < αc, Σ(x) nao satisfara a condicao de contorno (2.42) e assim nao ocorrera a
quebra da simetria quiral. A funcao de massa Σ(x) exibe uma ordem infinita de transicao
de fase quando α→ αc e entao obedece uma lei de escala de Miransky [42]
Σ(0) = Λexp
(
− π√
α/αc − 1+ δ
)
, (2.46)
onde δ e uma fase qualquer. Assim, conclui-se que a simetria quiral devera ser quebrada
dinamicamente na EDQ4 quando o acoplamente exceder αc, para um “cutoff ”finito.
Muito se discutiu a respeito do estudo da quebra da simetria quiral na EDQ4 no limite
em que m0 = 0 [18] e mostrou-se que a equacao integral admite uma solucao mesmo
quando o “cutoff ”e removido, ou seja, quando colocamos Λ → ∞. Neste caso, a condicao
de contorno no ultravioleta pode ser satisfeita para quaisquer valores de acoplamento e
entao na EDQ4 na aproximacao “quenched-rainbow”havera quebra de simetria da quiral
para todos os valores de α [43].
Capıtulo 3
A Pseudo Eletrodinamica Quantica
em (2+1) d (PEDQ3)
3.1 O Modelo
Nos ultimos anos algumas propriedades de partıculas se movendo no plano tem sido
estudadas de maneira intensa. Parte deste interesse surgiu apos a descoberta do efeito
Hall quantico [1] e da supercondutividade a altas temperaturas [2]. Em ambos os casos,
o princıpio fısico fundamental destes sistemas esta no fato de serem efeitos puramente
planares.
No entanto, apesar do movimento dos eletrons estar confinado ao plano, o campo
eletromagnetico atraves do qual eles interagem nao esta sujeito a este vınculo. Este
fato, nos permite investigar inumeras situacoes, incluindo a exigencia de que o potencial
eletrostatico entre dois eletrons seja do tipo coulombiano (∝ 1/r) e nao logarıtimico,
como acontece na EDQ3 [36]. De fato, este resultado pode ser obtido se considerarmos o
potencial classico
V (~r) = e2∫
d2k
(2π)2ei~k·~r 1
|k| , (3.1)
onde |k| =√k2 =
√
~k2 + k23. Apos realizarmos a integracao no angulo [37], encontramos
3.1 O Modelo 40
V (r) =e2
2π
∫ ∞
0
J0(|~k||~r|) d|~k| =e2
2π
1
|~r| . (3.2)
Marino [28] obteve a partir de primeiros princıpios, uma descricao de tal sistema
eletronico que se move no plano, porem a interacao era descrita como de partıculas em
um espaco-tempo quadrimensional. A quantizacao de tal teoria (pseudo eletrodinamica
quantica) foi estudada nas referencias [29, 30] e os resultados mostraram que apesar da
nao localidade no de termo de Maxwell, a causalidade e respeitada e as funcoes de Green
bem definidas.
Formalmente, pode-se obter tal teoria, no espaco euclidiano, modificando o termo
de Maxwell 14F 2µν para 1
4F 2µν/(−�)1/2, reproduz a interacao de duas partıculas carregadas
movendo-se sobre um plano (veja a equacao (3.2)). A lagrangiana que descreve esta teoria
no espaco euclidiano, sera dada por
L =1
4
FµνFµν
(−�)1/2+ ψ (i∂/ +m+ e γµAµ) ψ − ξ
2Aµ
∂µ∂ν
(−�)1/2Aν , (3.3)
onde � ≡ ∂2, m e a massa “livre”do fermion que quebra explicitamente a simetria quiral
e a escala de simetria e e a constante de acoplamento nao renormalizada. O ultimo termo
e o termo de fixacao de gauge. Como estamos interessados na quebra da simetria quiral,
adotaremos uma representacao 4 × 4 para as matrizes de Dirac, e consequentemente
os fermions possuem 4 componentes. Como a constante de acoplamento e na equacao
(3.3) e adimensional, classificamos o modelo como sendo renormalizavel, na contagem de
potencia usual [16, 31], enquanto que na EDQ3 e dita uma teoria super-renormalizavel e
finita no ultravioleta [44] em tres dimensoes, e assim a constante de acoplamente sera um
parametro de escala natural da teoria.
As regras de Feynman deste modelo sao obtidas de maneira usual. O vertice de
interacao e dado por eγµ e o propagador “livre”do fermion e dado por,
S0F (p) =1
−γµpµ +m, (3.4)
enquanto que o propagador do campo de gauge pode ser obtido utilizando o formalismo
da integracao funcional (ver apendice B), calculando a parte quadratica da acao classica
do campo Aµ.
3.2 As Equacoes de Schwinger-Dyson para PEDQ3 41
Portanto,
∆0µν =1
(p2)1/2
[
δµν −(
1− 1
ξ
)
1
p2pµpν
]
. (3.5)
sendo esta a expressao do propagador do campo de gauge.
3.2 As Equacoes de Schwinger-Dyson para PEDQ3
Como visto no capıtulo 1, as equacoes de SD para PEDQ3 sao facilmente determinadas
quando variamos o funcional gerador com relacao a um determinado campo. Sendo assim,
as equacoes de SD para o propagador do fermion e do campo de gauge, serao dadas pelas
equacoes (1.69) e (1.63) com os propagadores livres dados pelas equacoes (3.4) e (3.5),
como mostrado nas figuras 3.1 e 3.2. Assim, a expressao analıtica das equacoes de SD,
no espaco euclidiano, para a PEDQ3 sao
S−1F (p) = {S0
F (p)}−1 − Ξ(p)
S−1F (p) = −γµpµ +M − e2
∫
d3k
(2π)3γµSF (k)Γ
ν(k, p)∆µν(p− k), (3.6)
e
∆−1µν (p) = {∆0µν(p)}−1 −Πµν(p)
∆−1µν (p) = {∆0µν(p)}−1 − (−)e2
∫
d3k
(2π)3Tr [γµSF (k + p)Γν(k, p)SF (k)] , (3.7)
onde Ξ(p) e Πµν(p) sao, a auto-energia dos fermions e a auto-energia do campo de
gauge, respectivamente. O fator (−1) da equacao (3.7) vem do fato de termos um
“loop”fermionico. Nas equacoes (3.6) e (3.7), SF e ∆µν representam os propagadores
fermionico e do campo de gauge corrigidos, respectivamente, equanto que Γν representa o
vertice de interacao corrigido. A operacao de traco e tomada sobre as matrizes de Dirac1.
1Na secao 3.4 iremos investigar a situacao, onde os campos fermionicos possuem uma simetria U(N),
e neste caso, deve-se tomar a operacao de traco sobre estes ındices de simetria.
3.2 As Equacoes de Schwinger-Dyson para PEDQ3 42
−=( ) ( )−1 −1p p p
k
p − k
Figura 3.1: Representacao da equacao de SD para o propagador do fermion.
=( ) ( ) −p
p p
−1 −1
p + k
k
Figura 3.2: Representacao da equacao de SD para o propagador do campo de gauge.
As equacoes (3.6) e (3.7) formam um conjunto complexo de equacoes integrais nao
lineares o que naturalmente nos leva a introduzir um determinado esquema de aproxima-
coes, de modo a tornar as equacoes factıveis. Um esquema muito utilizado na literatura,
e a aproximacao de vertice livre, chamado de aproximacao “rainbow”, que nada mais e
considerar o vertice de interacao como sendo,
Γν(k, p) = γν . (3.8)
Quando esta aproximacao e combinada com a aproximacao “quenched”, isto e, quando
negligenciamos a contribuicao do “loop”fermionico, o propagador do campo de gauge
completo sera dado por,
∆µν(p) = ∆0µν(p), (3.9)
e entao as equacoes (3.6) e (3.7) desacoplam e podemos estuda-las separadamente. Nesta
situacao, podemos reescrever a equacao (3.6),
3.2 As Equacoes de Schwinger-Dyson para PEDQ3 43
S−1F (p) = S−1
0F (p)− 4πα
∫
d3k
(2π)3γµSF (k)γ
ν ∆0µν(p− k), (3.10)
onde definimos α = e2/4π de maneira semelhante ao que e feito na EDQ4. Uma equacao
similar foi investigada exaustivamente na literatura no contexto da eletrodinamica quantica
em quatro dimensoes [22, 45].
No espaco euclidiano, o inverso do propagador do fermion e escrito como,
S−1F (p) = −pµγµA(p) + Σ(p) , (3.11)
onde A(p) e a constante de renormalizacao da funcao de onda e Σ(p) e a funcao de massa
gerada dinamicamente para o fermion. Susbstituindo (3.11) em (3.10), temos
−pαγαA(p) + Σ(p) = −pαγα +m− 4πα
∫
d3k
(2π)3γµ[
1
−kβγβA(k) + Σ(k)
]
γν ∆0µν(p− k).
(3.12)
Na equacao (3.12), podemos obter uma expressao tanto para A(p), como tambem
para Σ(p), usando simples operacoes de traco2. Multiplicando ambos os lados da equacao
(3.12) por γαpα e tomando o traco, encontramos facilmente uma expressao para A(p),
A(p) = 1− 4πα
p2
∫
d3k
(2π)3pαTr
(
γαγµ[
1
−kβγβA(k) + Σ(k)
]
γν)
∆0µν(p− k), (3.13)
de onde podemos concluir que pertubativamente A(p) = 1+O(α). Para determinarmos a
equacao para Σ(p), basta tomarmos o traco em ambos os lados da equacao (3.12) e assim,
Σ(p) = m+ 4πα
∫
d3k
(2π)3Σ(k) δµν∆0µν(p− k)
A2(k) k2 + Σ2(k). (3.14)
Como nosso interesse de estudo e verificar a quebra da simetria quiral, daremos maior
atencao a equacao (3.14). Usando o gauge de Landau (ξ → ∞) e considerando que
o espaco-tempo possui simetria esferica, podemos realizar a integracao nos angulos3 de
modo que encontramos,
2Para maiores detalhes sobre operacoes de traco envolvendo matrizes de Dirac, ver Apendice A.3Para maiores detalhes ver apendice A.2
3.3 Solucao Analıtica para a Funcao de Massa do Fermion 44
Σ(p) = m+2α
πp
∫ ∞
0
dkkΣ(k) (|p+ k| − |p− k|)
A2(k)k2 + Σ2(k), (3.15)
onde k e o modulo do vetor ~k.
Embora a inclusao de termos de ordem superiores emA(p) seja essencial para recuperar
a invariancia de gauge [25], quando levamos em consideracao que A(p) ≈ 1, os resultados
qualitativos para a funcao de massa dos fermions, em funcao da constante de acoplamento
nao sao alterados [8]. Considerando o limite em que m → 0, a teoria nao tera uma
escala de massa intrınseca, e assim, e mais conveniente usar um “cutoff ”ultravioleta
finito euclidiano, Λ, para definir a nossa escala e estudar a quebra da simetria [42, 46].
Lembremos que, podemos considerar Λ = ∞ a qualquer momento em nosso calculo.
Entao, se dividirmos a integracao no momento em duas regioes, e levando em consideracao
que |p + k| − |p − k| = 2k se p > k e |p + k| − |p − k| = 2p se k > p, a equacao (3.15)
ficara,
Σ(p) =4α
πp
{∫ p
0
k2Σ(k)
k2 + Σ2(k)dk + p
∫ Λ
p
kΣ(k)
k2 + Σ2(k)dk
}
. (3.16)
Como pode ser observado, a equacao (3.16) e uma equacao integral complicada e auto-
interagente. A seguir, discutiremos como transformar a equacao integral (3.16) em uma
equacao diferencial e analisaremos as solucoes para a funcao de massa para o fermion
gerada dinamicamente.
3.3 Solucao Analıtica para a Funcao de Massa do
Fermion
A equacao integral (3.16) pode ser convenientemente transformada em uma equacao
diferencial ordinaria de segunda ordem com duas condicoes de contorno apropriadas. De
fato, se diferenciarmos (3.16) com relacao a p encontramos
dΣ(p)
dp= − 4α
πp2
∫ p
0
k2Σ(k)
k2 + Σ2(k)dk . (3.17)
3.3 Solucao Analıtica para a Funcao de Massa do Fermion 45
Multiplicando por p2 e diferenciando novamente, obtemos
p2Σ′′(p) + 2 pΣ′(p) +4α
π
p2Σ(p)
p2 + Σ2(p)= 0 . (3.18)
Para a teoria nao massiva, as duas condicoes de contorno serao dadas por
limp→Λ
(
pdΣ(p)
dp+ Σ(p)
)
= 0 , (3.19)
e
limp→0
p2dΣ(p)
dp= 0 , (3.20)
representando as condicoes de contorno no ultravioleta (UV) e infravermelho (IR), res-
pectivamente. A equacao diferencial (3.18) tem solucao trivial para todo momento, e a
existencia de uma solucao diferente da trivial para a funcao de massa gerada dinamica-
mente deve indicar a quebra da simetria quiral.
Podemos explorar o comportamento assintotico de (3.18) em duas regioes. A primeira
regiao para p≪ Σ(p) (infravermelho), onde a equacao diferencial sera dada pela equacao
p2Σ′′(p) + 2 pΣ′(p) = 0 , (3.21)
que tem como solucao
Σ(p) = −A1
p+ A2 . (3.22)
As constantes A1 e A2 possuem dimensoes canonicas de massa ao quadrado e massa,
respectivamente. A condicao de contorno no IR implica que A1 = 0, e dessa maneira
Σ(p) = A2. No entanto, esta solucao nao satisfaz a condicao de contorno do UV (3.19),
independentemente do “cutoff ”, exceto para A2 = 0. Sendo assim, a unica solucao para
este regime, sera a solucao trivial, isto e, Σ(p) = 0 e portanto nao existira a quebra da
simetria quiral para p≪ Σ(p).
Assim como na EDQ3, a nao linearidade na equacao (3.18) torna-se menos importante
na regiao de grandes momentos. Nos esperamos que o mesmo aconteca para a PEDQ3.
3.3 Solucao Analıtica para a Funcao de Massa do Fermion 46
Para investigarmos esta situacao, exploraremos o comportamento assintotico da equacao
(3.18) no regime ultravioleta (p >> Σ(p)). Portanto, a equacao (3.18) sera escrita como
d
dp
(
p2dΣ(p)
dp
)
+4α
πΣ(p) = 0 , (3.23)
e admitira como solucao
Σ(p) = B1 p−λ
2 +B2 p−1+λ
2 , (3.24)
sendo λ = 1 −√1− ααc
e αc =π16
representando o ponto crıtico do comportamento da
solucao. As constantes B1 e B2, a priori finitas, possuem dimensoes, respectivamente,
iguais a 1 + λ2e 2− λ
2, em unidades de massa.
A partir da solucao (3.24), podemos analisar alguns limites interessantes. Quando
consideramos acoplamento fraco, ou seja, no limite em que α≪ αc as duas solucoes serao
Σ1(p) ∝ p−4απ (3.25)
e
Σ2(p) ∝ p−1+ 4απ . (3.26)
As solucoes (3.25) e (3.26) satisfazem, ambas, as condicoes de contorno do IR, porem a
condicao de contorno no UV e satisfeita apenas quando o “cutoff ”e removido. Portanto,
no regime α ≪ αc, (3.25) e (3.26) sao solucoes da equacao (3.23) apenas no limite do
contınuo, ou seja, quando consideramos Λ → ∞. Como podemos ver na figura 3.3, as
solucoes decaem a medida que p aumenta. Entretanto, Σ1(p) nao decai rapidamente tanto
quanto Σ2(p) para momentos grandes.
Resultados similares e suas interpretacoes foram obtidas por Appelquist et .al no con-
texto da EDQ3 na expansao 1/N [8]. Estes autores interpretam Σ1(p) como sendo a
massa “dura”no sentido de que, e aproximadamente constante para p muito grande. Esta
interpretacao tambem pode ser aplicada para a PEDQ3. Estas solucoes correspondem a
quebra da simetria quiral para Λ → ∞ no limite de acoplamento muito fraco na regiao
do ultravioleta.
3.3 Solucao Analıtica para a Funcao de Massa do Fermion 47
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
0 5 10 15 20 25 30 35
Σ(p)
p
Σ1
Σ2
Figura 3.3: Grafico representando as solucoes (3.25) e (3.26) para α = 0.05 no regime
assintotico do UV, na condicao de α << αc.
Se relaxarmos a condicao α ≪ αc, podemos analisar outras situacoes interessantes
como α < αc e α > αc. Devemos notar que no limite do contınuo para a teoria nao
massiva, as solucoes da equacao (3.24) satisfazem a condicao de contorno IR e UV para
qualquer regime de α e, portanto, a PEDQ3 na aproximacao “quenched-rainbow”adimite
quebra de simetria quiral para todos os valores de α quando Λ → ∞ 4. Este resultado,
e muito similar ao resultado obitido por Atkinson e Johnson [43] na EDQ4. O mesmo
problema tambem foi estudado, usando diferentes aproximacoes para a funcao de vertice
por Curtis e Pennington [47] e o resultado e semelhante, isto e, ocorre geracao de massa
para todos os valores da constante de acoplamento.
Para a situacao de Λ finito, e mais conveniente resolver a equacao (3.23) satisfazendo a
condicao de contorno no infravermelho primeiro, e finalmente usar a condicao de contorno
no UV para determinar se existe ou nao solucao. Para o caso em que α < αc, temos que
0 < λ < 1 e assim a equacao (3.24) fornece uma solucao real. No entanto, as duas
4Resultados similares foram obtidos na referencia [41] na EDQ3 na aproximacao “quenched”para
Λ → ∞.
3.4 Caso com N Fermions nao Massivos 48
solucoes nao satisfazem a condicao do UV e nao serao solucoes da equacao integral (3.16).
Portanto, a unica solucao para este caso sera a solucao trivial, isto e, Σ(p) = 0, de modo
que nao ocorrera quebra de simetria.
Para α > αc, λ e imaginario e a equacao (3.23) adimite a seguinte solucao oscilatoria
Σ(p) =1√p[C1 cos(β log p) + iC2 sin(β log p)]
=D√psin
[
β
(
logp
Σ(0)+ δ
)]
, (3.27)
onde β = 12
√ ααc
− 1 > 0, D =√
C21 − C2
2 com C1 = B1 + B2 e C2 = B2 − B1, δ =
arctan(−iC1
C2) e uma fase. Introduzimos em (3.27) um fator de escala logarıtimico Σ(0)
para garantir a dimensao correta no logarıtimo. Este fator de escala pode ser determinado
impondo a condicao de contorno do UV, fornecendo o seguinte resultado para α→ αc
Σ(0) = Λ e2+δ e− 2nπ√
ααc
−1, (3.28)
com n sendo um inteiro. Dessa forma, concluımos que a simetria quiral devera ser que-
brada dinamicamente na aproximacao “quenched-rainbow”para a PEDQ3 se o acopla-
mento exceder αc. A funcao de massa exibe uma transicao de fase para α→ αc e obedece
a lei de escala de Miransky [42]. Este e um resultado bem conhecido na EDQ4 [18, 20, 42],
e o ponto crıtico αc tem sido interpretado por Miranski et.al. com um ponto fixo ultra-
violeta definindo o limite do contınuo da EDQ4. Simulacoes numericas na rede para a
EDQ4 nao compacta [24] confirmam os resultados teoricos.
3.4 Caso com N Fermions nao Massivos
Veremos agora qual a influencia do tensor de polarizacao sobre a quebra da simetria
quiral nos fermions. Sendo assim, usaremos a expansao 1/N onde consideraremos a
lagrangiana (3.3) com N fermions de massa nula, ou seja,
L =1
4
FµνFµν
(−�)1/2+
N∑
a=1
ψa (i∂/+ e γµAµ) ψa +
ξ
2Aµ
∂µ∂ν
(−�)1/2Aν , (3.29)
3.4 Caso com N Fermions nao Massivos 49
sendo que, em (3.29) existem dois parametros adimensionais independentes, a constante
de acoplamento e e o numero de fermions N . Isto nos permitira fazer uma comparacao
com a criticalidade da EDQ3.
A maneira padrao de implementar a expansao 1/N no modelo dado por (3.29), e
manter o produto Ne2 finito e definir uma nova constante de acoplamento g, de modo
que g = Ne2 [6, 7]. Das equacoes (3.6) e (3.7) percebe-se que, na ordem dominante da
aproximacao 1/N , Πµν(p) ≈ O(1) enquanto que Ξ(p) ≈ O(1/N), quando a aproximacao
“rainbow”e considerada. Dessa maneira, se houver geracao de massa, esta devera ocorrer
para valores pequenos de N .
O propagador completo do campo de gauge, levando em consideracao o efeito de
polarizacao de vacuo, sera dado agora por,
∆µν(p) =1
√
p2 +Π(p2)
(
δµν − pµpν
p2
)
, (3.30)
onde Π(p2) e a contribuicao da parte transversa do tensor de polarizacao de vacuo. No
limite de massa nula, o tensor de polarizacao5 e dado por Πµν(p) = Π(p2)(
δµν − pµpν
p2
)
,
com Π(p2) = g8
√
p2 [6, 7]. Portanto, o propagador completo sera
∆µν(p) =1
√
p2(1 + g8)
(
δµν − pµpν
p2
)
, (3.31)
onde o tensor de polarizacao introduziu apenas um termo constante aditivo no denomi-
nador do propagador do campo de gauge.
Substituindo 4πα→ gN
e ∆0µν → ∆µν na equacao (3.14), considerando vertice livre e
A(p) ≈ 1, obtemos uma equacao diferencial similar a (3.18), ou seja,
p2Σ′′(p) + 2 pΣ′(p) +g
Nπ2(1 + g/8)
p2Σ(p)
p2 + Σ2(p)= 0 . (3.32)
Esta equacao diferencial satisfaz as mesmas condicoes de contorno (3.19) e (3.20),
e as conclusoes obtidas anteriormente podem ser facilmente extendidas para este caso.
Na regiao do infravermelho (p ≪ Σ(p)) nao existe solucao diferente da trivial para Σ(p)
5Para mais detalhes, veja Apendice C.
3.4 Caso com N Fermions nao Massivos 50
independentemente de usar ou nao um “cutoff ”finito. Assim, nao existe a quebra de
simetria quiral para este regime. No regime do ultravioleta (p >> Σ(p)), a solucao da
equacao diferencial linearizada (3.32) e determinada pela equacao (3.24) com
λ = 1−√
1− 4g
Nπ2(1 + g8). (3.33)
Como existem dois parametros independentes N e g, existe uma liberdade com relacao
a escolha de qual parametro usar para estudar a criticalidade. Neste caso, e natural
escolhermos o numero de fermions N , definindo um numero crıtico Nc = 4gπ2(1+ g
8). E
interessante observar que Nc aumenta lentamente com o aumento de g, sendo seu valor
maximo dado por Nmaxc = 32
π2 quando tomamos o limite de g → ∞, sendo este o mesmo
valor de Nc na EDQ3 [5, 9]. Este comportamento e mostrado na figura 3.4.
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
0 200 400 600 800 1000
Nc(
g)
g
Número de férmions ativos Nc(g)
Figura 3.4: Comportamento do numero crıtico Nc com relacao a constante de acoplamento
g. No limite de g → ∞, observamos que Nc → 32π2 ≈ 3.2.
Continuaremos nossa analise considerando inicialmente o caso onde N >> Nc, mas
de mesma ordem que o valor maximo de Nc. Assim, as duas solucoes Σ1(p) e Σ2(p)
satisfazendo a condicao do IR serao
3.4 Caso com N Fermions nao Massivos 51
Σ1(p) ∝ p−4απ → p
− g
Nπ2(1+g8 ) , (3.34)
e
Σ2(p) ∝ p−1+ 4απ → p
−1+ g
Nπ2(1+g8 ) , (3.35)
que satisfaz a condicao de contorno do UV apenas no limite do contınuo, Λ → ∞.
Para algum valor de g e 0 < N ≤ Nmaxc , o comportamento de Σ1(p) diminui com o
aumento de p e, decai com N para algum valor de p fixado. Para N → Nmaxc , Σ1 decai
rapidamente para um valor constante. Por outro lado, Σ2 decai muito mais rapido que
Σ1 quando p aumenta, e sempre decai quando N → Nmaxc . E interessante notar que
no limite do contınuo para a teoria sem massa, a PEDQ3 na aproximacao “unquenched-
rainbow”admite quebra de simetria quiral para todos os valores do numero de fermions
ativo.
Para N > Nc, temos uma solucao real para Σ(p) e esta nao satisfaz as condicoes
de contorno no UV para Λ finito. Assim, como antes, a unica solucao sera Σ(p) = 0 e
portanto, nao havera quebra de simetria quiral. Para N < Nc a solucao que satisfaz a
condicao de contorno no UV e dada por
Σ(p) =D√psin
[
1
2
√
Nc
N− 1
(
logp
Σ(0)+ δ
)
]
, (3.36)
onde D, δ sao constantes e para N → Nc a escala de massa sera dada por
Σ(0) = Λ e2+δ e− 2nπ√
NcN
−1 , (3.37)
que tambem exibe uma semelhanca com a lei de escala de Miransky na aproximacao
“quenched-rainbow”.
3.5 Estudo Numerico para a Funcao de Massa Σ(p) 52
3.5 Estudo Numerico para a Funcao de Massa Σ(p)
A solucao numerica foi obtida transformando a equacao integral na equacao (3.15),
pela regra da quadratura trapezoidal repetida [49], em um sistema de equacoes algebricas
nao lineares, sendo
Fm({Zi}) =M∑
i=0
δmiZi −2α
π
M−1∑
i=0
1
2h [f(yi, x, Zi) + f(yi+1, x, Zi+1)] = 0 , (3.38)
onde
f(yi, xi, Zi) =yiZi
x(y2i + Z2i )
2(|x+ yi| − |x− yi|), (3.39)
com m=0,1,...,M. Σ(p) sera determinado por Zi, M e o numero de intervalos, h e o
tamanho de cada intervalo. yi = 0, ...,M sao denominados de “mesh points”. Este
sistema de equacoes foi resolvido com o auxılio de pacotes computacionais no software
Mathematica [50].
Na PEDQ3 estudada na aproximacao “quenched-rainbow”, as solucoes numericas mos-
tram que (veja a figura 3.5) existe um valor crıtico para a constante de acoplamento,
αc = π16, de modo que, se considerarmos valores para α abaixo de αc, isto e, α < αc,
nao existira solucao diferente da solucao trivial para Σ(p), isto e, Σ(p) = 0. No entanto,
se considerarmos a regiao onde α > αc encontraremos solucoes nao triviais para Σ(p) e
assim, ocorrera quebra da simetria quiral.
Agora, quando estudamos a PEDQ3 na aproximacao “unquenched−rainbow”, temos
um novo parametro N (numero de campos fermionicos) e dessa forma, existira um numero
crıtico, Nc =4g
π2(1+ g8)
no qual, se escolhermos valores para N < Nc, entao existira uma
solucao diferente da trivial e como consequencia ocorrera a quebra da simetria quiral.
Quando consideramos N > Nc a unica solucao sera Σ(p) = 0. Vale ressaltar que todo o
estudo numerico foi realizado considerando um “cutoff ”finito.
As figuras 3.5 e 3.6 nos mostram que a nao linearidade da equacao integral (3.15)
nao influencia diretamente na quebra da simetria quiral. Assim, o estudo numerico re-
produz de maneira satisfatoria o que havia sido previsto analıticamente. Tambem e in-
teressante comentar que no limite do contınuo para a teoria nao massiva, a aproximacao
3.5 Estudo Numerico para a Funcao de Massa Σ(p) 53
“unquenched-rainbow”na PEDQ3 adimite quebra da simetria quiral para todos os valores
de N .
−0.1
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0 2 4 6 8 10
Σ(p)
p
Soluções Numéricas (αc = 0.19)
α = 0.05α = 0.40
Figura 3.5: Solucao numerica mostrando a dependencia do momento para a massa gerada
dinamicamente para o fermion, utilizando α = 0.05 e α = 0.4 e M = 300.
3.5 Estudo Numerico para a Funcao de Massa Σ(p) 54
−0.5
0
0.5
1
1.5
2
0 2 4 6 8 10
Σ(p)
p
Soluções Numéricas para o caso com N férmions (Nc = 3, g = 100)
N = 2N = 6
Figura 3.6: Solucao numerica da massa gerada dinamicamente para o fermion em funcao
do momento, com N = 2 e N = 6. Assumimos M = 300 e g = 100.
Conclusao
Neste trabalho investigamos a quebra da simetria quiral na pseudo eletrodinamica
quantica (PEDQ) em (2+1) d, utilizando o formalismo das equacoes de Schwinger-Dyson
(SD).
No primeiro capıtulo fizemos uma revisao da integracao funcional aplicada a teoria
quantica de campos.
No capıtulo 2 discutimos brevemente a criticalidade da EDQ3 e EDQ4, destacando os
principais resultados obtidos na literatura. Esta revisao nos pareceu importante comentar,
uma vez que o modelo considerado em nosso trabalho apresenta similaridades com relacao
a criticalidade tanto na EDQ3 como na EDQ4.
No capıtulo 3, encontram-se os resultados originais deste trabalho. Obtemos solucoes
analıticas das equacoes de Schwinger-Dyson na PEDQ3 para a auto-energia do fermion
usando um esquema apropriado de “truncamento”. Analisamos duas versoes do mode-
lo: consideramos o caso com um unico campo fermionico na aproximacao “quenched-
rainbow”e no segundo caso, consideramos N campos fermionicos na expansao 1/N na
aproximacao “unquenched-rainbow”. Em ambos os casos, usamos a equacao linearizada
de SD para a auto-energia dos fermions.
No primeiro caso, no limite do contınuo (Λ → ∞), para a teoria sem massa (e para
p >> Σ(p)), obtemos uma solucao nao trivial para a massa gerada dinamicamente dos
fermions para todos os valores do acoplamento, indicando a existencia da quebra da
simetria quiral. Para o caso de um “cutoff ”finito, obtemos uma solucao nao trivial para a
funcao de massa apenas para o regime de acoplamento α > αc =π16
e portanto, ocorrendo
a quebra da simetria quiral. Esta funcao de massa exibe uma transicao de fase quando
α→ αc e obedece a lei de escala de Miransky.
56
Na segunda situacao, mostramos que existe quebra de simetria quiral para todos os
valores de N no limite do contınuo. Quando considerado um “cutoff ”finito, existe um
numero crıtico Nc = 4gπ2(1+ g
8), abaixo do qual ocorre quebra de simetria quiral e acima
deste valor a simetria quiral e restaurada. No regime de acoplamento forte, ou seja, no
limite em que g → ∞ o numero crıtico e o mesmo encontrado na EDQ3. Semelhante ao
que acontece no primeiro caso, a funcao de massa obedece a lei de escala de Miransky.
Os resultados mostram que PEDQ3 exibe um comportamento crıtico interessante na
transicao de fase quiral, podendo ser resumido da seguinte maneira [48]: (i) quando
estudada na aproximacao “quenched-rainbow”, a PEDQ3 assemelha-se a EDQ4, uma vez
que a quebra da simetria quiral ocorre para todos os valores de α no limite do contınuo
e, quando considerado um Λ finito a quebra da simetria quiral ocorre apenas para valores
de α > αc; (ii) quando a PEDQ3 e estudada na aproximacao “unquenched-rainbow”,
verificou-se que o modelo e similar a EDQ3 na expansao 1/N , posto que no limite do
contınuo a simetria quiral e quebrada para todos os valores de N e quando considerado
um “cutoff ”finito, ocorre quebra da simetria quiral apenas para N < Nc.
Este trabalho poderia ser estendido implementando diferentes tipos de funcao de
vertice nas equacoes de SD assim como, a introducao de termos subdominantes da renor-
malizacao da funcao de onda. Uma consequencia natural desta pesquisa, seria realizar o
estudo da PEDQ3 em banho termico e agora, tentar responder qual a temperatura crıtica
na qual a simetria quiral sera quebrada.
Apendice A
Formulario
A.1 Matrizes de Dirac
Em (2 + 1) dimensoes as matrizes de Dirac podem assumir duas representacoes dis-
tintas: duas e quatro componentes. Para estudar a quebra da simetria quiral, devemos
utilizar uma representacao de quatro componentes para as matrizes de Dirac γµ, onde
nesta representacao satisfaz as seguintes relacoes no espaco euclideano
{γµ, γν} = −2δµν , (A.1)
Tr(γµγν) = −4δµν , (A.2)
Tr(γµγνγα) = 0 (A.3)
e
Tr(γµγνγαγβ) = 4(
δµνδαβ − δµαδνβ + δµβδνα)
. (A.4)
A.2 Integrais Importantes 58
A.2 Integrais Importantes
A.2.1 Integrais de Feynman
No calculo das amplitudes de Feynman e conveniente utilizarmos as seguintes identi-
dades,
1
AαBβ...Eρ=
Γ(α + β + ... + ρ)
Γ(α)Γ(β)...Γ(ρ)
∫ 1
0
n∏
i=1
dxiδ(1−
∑ni=1 xi) x
α−11 xβ−1
2 ...xρ−1n
(Ax1 +Bx2 + ...+ Exn)α+β+...+ρ. (A.5)
Para o caso com dois denominadores, a formula acima se reduz a
1
aαbβ=
Γ(α+ β)
Γ(α)Γ(β)
∫ 1
0
dxxα−1(1− x)β−1
[ax+ (1− x)b]α+β, (A.6)
sendo util a seguinte parametrizacao
1
ab=
∫ 1
0
dxx
[ax+ (1− x)b]2. (A.7)
A.2.2 Integrais Regularizadas Dimensionalmente no Espaco Eu-
clidiano∫
ddq
(2π)d1
[q2 + a2]2=
1
(4π)d/2(a2)d/2−2Γ(2− d/2)
Γ(2), (A.8)
∫
ddq
(2π)dq2
[q2 + a2]2=
1
(4π)d/2(a2)d/2−1Γ(1 + d/2)Γ(1− d/2)
Γ(d/2)Γ(2), (A.9)
∫
ddq
(2π)d(q2)β
[q2 + a2]λ=
1
(4π)d/2(a2)d/2+β−λ
Γ(β + d/2)Γ(λ− β − d/2)
Γ(d/2)Γ(λ). (A.10)
A.2.3 Integracao Angular
A integracao nos angulos pode ser facilmente realizada considerando que
∫ π
0
dφ sinφ f(q) =
∫ 1
−1
dz f(q) =1
pk
∫ p+k
|p−k|q dq f(q), (A.11)
A.2 Integrais Importantes 59
sendo q2 = (p− k)2 = p2 + k2 − 2pkz e z = cosφ. Assim, obtemos as seguintes formulas
∫ 1
−1
dz1
q=
2min(p, k)
pk(A.12)
∫ 1
−1
dz1
q2=
1
pkln
p+ k
|p− k| (A.13)
∫ 1
−1
dz1
q3=
1
pk
(
1
|p− k| −1
p+ k
)
(A.14)
∫ 1
−1
dz1
q(q + α)=
1
pkln
p+ k + α
|p− k|+ α(A.15)
Apendice B
Calculo do Propagador do Campo de
Gauge
No espaco Euclidiano, as funcoes de Green de N pontos, podem ser calculadas atraves
do funcional gerador Z[J ] dado por [?]
G(N)(x1, ..., xN) = (−1)N(
δNZ[J ]
δJ(x1)...δJ(xN )
)
J=0
, (B.1)
sendo Z[J ] escrito como,
Z[J ] = ρ
∫
DAµ e−
∫
d3x
[
14Fµν
(
1
(−�)1/2
)
Fµν−λ2Aµ
∂µ∂ν
(−�)1/2Aν
]
−∫
d3xJµAµ
= e12JµO−1
µν Jν
, (B.2)
e o operador Oµν , no espaco das coordenadas, e escrito como
Oµν =
(
−δµν �
(−�)1/2+ (1− λ)
∂µ∂ν
(−�)1/2
)
(B.3)
Reescrevendo a equacao (B.3) no espaco dos momentos, e utilizando a seguinte relacao,
O−1µνOµα = δαν = (a δµν + b pµpν)
(
δµαp2
(p2)1/2− (1− λ)
pµpα
(p2)1/2
)
, (B.4)
determinamos que
a =1
(p2)1/2, (B.5)
61
e
b = −(
1− 1
λ
)
1
(p2)3/2. (B.6)
Dessa maneira, o propagador do campo de gauge sera
G(2)(x1, x2) = (−1)2(
δ2Z[J ]
δJµ(x1)δJν(x2)
)
J=0
= O−1µν , (B.7)
e no espaco dos momentos possui a seguinte representacao
∆µν =1
(p2)1/2
[
δµν −(
1− 1
λ
)
1
p2pµpν
]
. (B.8)
Apendice C
Calculo do Tensor de Polarizacao
Veremos a seguir o calculo do tensor de polarizacao em (2 + 1) d, no espaco Eu-
clideano. O tensor de polarizacao, Πµν , sera dado pela seguinte expressao, onde levamos
em consideracao apenas os propagadores livres dos fermions,
Πµν = −Tr∫
d3q
(2π)3(eγµ)S0
F (p+ q) (eγν)S0F (q). (C.1)
Explicitando os propagadores, teremos
Πµν = −α Tr∫
d3q
(2π)3γµ
1
(p+ q)αγα +Mγν
1
(q)βγβ +M, (C.2)
sendo α = e2
4πe tomando o traco sobre as matrizes de Dirac com o auxılio das equacoes
(A.2),(A.3) e (A.4), e ainda utilizando a parametrizacao de Feynman (A.7), encontramos
Πµν = −αµ3−df(d)
∫ 1
0
dx
{∫
ddq
(2π)d
[
2qµqν − δµνq2
[q2 + a2]2+
+
(
δµν − pµpν
p2
)
(M2 + p2x(1 − x))
[q2 + a2]− a2
[q2 + a2]
]}
, (C.3)
sendo a2 = M2 − p2x(1 − x). Os termos ımpares no momento ja foram eliminados.
Utilizamos a relacao
∫
ddq
(2π)dqµqνf(q2) =
δµν
d
∫
ddq
(2π)dq2f(q2), (C.4)
e integrando dimensionalmente, equacoes (A.8-A.9), temos
63
Πµν = −2αf(d)µ3−dΓ(2− d/2)
(4π)d/2
(
δµν − pµpν
p2
)∫ 1
0
p2x(1− x)
(p2x(1 − x)−M2)2−d/2dx. (C.5)
Para a representacao de quatro componentes f(d) = −4. Considerando d = 3, M = 0
e realizando a integracao na variavel x, encontramos,
Πµν =α
8
√
p2(
δµν − pµpν
p2
)
. (C.6)
Referencias Bibliograficas
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