Qual a Religião de Deus?
O que é, o que é? Maior do
que Deus; mais maligno
que o diabo;
financeiramente os
milionários precisam e se
você comer, certamente
morrerá.
Foi com essa pergunta que iniciei recente
aula da ESCOLA Dominical. Meus alunos,
ávidos jovens que adoram um desafio,
acomodaram-se em seus assentos, fixaram
suas atenções e pediram para refazer a
pergunta. Refeita a indagação, colocaram-se
a imaginar a solução do enigma; cuja
resposta somente obtiveram após o
término da aula.
Os alunos para quem leciono, seja na
educação dominical ou em trabalhos de
instrução empresarial, já estão
acostumados com a quantidade de
indagações que a eles sãos dirigidas. Afinal,
creio eu, professor/instrutor não é aquele
que sabe somente responder as indagações
que lhes sãos destinadas, mas, sobretudo,
aquele que é capaz de habilitar o aluno a
formular as perguntas e partir em busca das
respostas. Um processo que deve despertar
a curiosidade dos aprendizes e com isso
motivá-los ao questionamento e à pesquisa.
Em referência à educação cristã, entretanto, fatores outros devem ser
levados em consideração. Eis que, nesse caso, mais que encher os alunos
de informação ou fazê-los refletir sobre o cristianismo, necessário se faz
formar cristãos conscientes acerca da realidade do reino, comprometidos
com as Palavras de Cristo. Assim, mais importante que informar, é formar
cristãos!
Entanto, a realidade brasileira é outra. Crescemos sob a égide de um
processo de ensino/aprendizagem erroneamente construído. A professora
pergunta:
Quem descobriu o Brasil?
E as crianças em uníssona voz
respondem: Pedro Álvares
Cabral, fessora! Quantos são
dois mais dois? Em coro os
pupilos devolvem:
Quatro, tia!
Acostumamo-nos à didática do
“decoreba”onde as perguntas e
as respostas vêm prontas e
acabadas em forma de
cardápio aos alunos. Bastando,
a esses, a simples tarefa de
guardá-las em suas cacholas e
de lá retirá-las quando
necessário. Somos amarrados
aos conceitos, trancafiados
com as definições e por fim,
encadeados junto às fórmulas.
O ensino cristão também
tem seguido esse mesmo
molde. Aulas são
ministradas no sentido de
se falar sobre a Trindade,
sobre doutrinas bíblicas e
até mesmo acerca das
características de Deus.
Didática e teologicamente
dividimos o plano de ensino
em ramos; utilizamos
termos sofisticados para
nos referirmos à divindade;
empregamos conceitos
mirabolantes;
desenvolvemos técnicas de
exegese e hermenêutica;
criamos regras de
definições e depois,
colocamos tudo isso dentro
de um dicionário
“teológico”.
Com isso, decoramos que Deus é o Criador Soberano que rege todas as
coisas, o qual fez o mundo em sete dias. Aprendemos que Deus é
Onipresente, Onisciente, Onipotente, Santo, Misericordioso, Amoroso,
etc. “Acorrentamos” Deus aos conceitos e às fórmulas religiosas.
“Limitamos” seus atos àquilo que sabemos e conhecemos. Assim, caso
uma pergunta efetuada esteja fora do nosso cardápio, aí a coisa
complica.
Foi com esse problema em mente que dirigi a segunda pergunta do dia
aos alunos:
- Deus é evangélico?
Questionamento como esse pode
parecer tolo, porém, serve para
despertar a atenção do aluno e fazê-
lo repensar os conceitos até então
vigentes. Professores que sempre
perguntam e ensinam a mesma coisa
tornam o processo educacional
completamente enfadonho e
cansativo. Os alunos, com o passar
dos tempos, já saberão o que o
professor vai falar ou responder
sobre determinado assunto. As aulas
são repetitivas, conservadores e
improdutivas.
Ao ecoar da pergunta os alunos
ficaram perplexos. Arregalaram os
olhos, trancaram as “matraquinhas”
e novamente ajeitaram-se em seus
assentos. Estavam eles diante de um
– aparente – dilema.
Alguns alunos olhavam para o teto da
igreja fazendo parecer que a pergunta
não fora destinada a ele. Outros,
aceleradamente folheavam suas bíblias
na busca por uma resposta. Ainda
aqueles que respiravam ofegantes à
espera da resposta salvadora.
Após um curto período de “gritante”
silêncio, ecoou pelo espaço a voz de um
dos alunos:
- Dizer que Deus é evangélico, é o mesmo que dizer que Deus é
brasileiro!
Esperto, o aluno encerrou sua participação. Não queira se
comprometer com as suas declarações. A sua fala iria até esse ponto.
Sua resposta saia pela tangente, é claro, porém, suas nuanças já eram
suficientes para responder o questionamento.
Deus é
Nesse momento, lembrei aos alunos acerca do episódio em que Deus dá
a ordem a Moisés para que esse vá até Faraó requerer a libertação do
povo hebreu. Essa foi a pergunta de Moisés: “Então disse Moisés a Deus:
Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vosso
pais me enviou a vós; e ele me perguntarem: Qual é o seu nome? Que lhe
direi?” Ex. 3:13. Qual foi a resposta de Deus: “Assim dirás aos filhos de
Israel: EU SOU me enviou a vós.” v. 14.
Sem entrar no mérito do termo
hebraico utilizado na época,
devemos reconhecer que é
completamente estranho Moisés
anunciar aos Hebreus que o “Eu
Sou” o havia enviado para libertá-
los. A primeiro pergunta que fariam
era: Eu sou o quê? Afinal, não é
necessário ser nenhum
especialista em gramática para
saber que o verbo SER, na frase me
questão, é um verbo transitivo; ou
seja, precisa de um complemento.
Assim, por exemplo, acaso eu diga
para alguém: “Eu sou”, devo
necessariamente complementar a
frase com algo do tipo: “Eu sou
cristão”, “Eu sou brasileiro”. Enfim,
a frase “Eu Sou” simplesmente
está incompleta.
Em relação a Deus, porém, as normas gramaticais não prevalecem.
Afinal, Deus é! Ele não precisa qualquer tipo de complemento, pouco
importando se o verbo é ou não transitivo. Assim, Deus não é
evangélico;
Deus não é católico; Deus não é brasileiro; Deus não é italiano;
Ele simplesmente é! Ele é o que é!
É por isso, que a resposta para o enigma proposto no inicio desse
artigo é a primeira palavra do versículo que está em Filipenses 2:3.
Uma coisa aprendi
durante a minha vida,
sofrer nao e a pior coisa
que existe. Desobedecer
a Deus e a pior de
todas as coisas.
Sinceramente,
Fernanda Torres/2010
Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar
a seu irmão, é mentiroso; pois aquele
que não ama a seu irmão, a quem vê,
não pode amar a Deus, a quem não vê.
1 João 4:20