5Psicologia, educação e novas tecnologiasApresentação
Apresentação
Ter contato com um conteúdo objetivo, conciso, didático e que atenda às
expectativas de quem leva a vida em constante movimento: este parece ser o sonho
de todo leitor que enxerga o estudo como fonte inesgotável de conhecimento.
Pensando na imensa necessidade de atender o desejo desse exigente leitor é que
a Cengage Learning criou este produto voltado para os anseios de quem busca
informação e conhecimento com o dinamismo dos dias atuais.
Com esses ideais em mente nasceram estes livros eletrônicos, com conteúdos de
qualidade envolvidos por uma roupagem criativa e arrojada.
Em cada título é possível encontrar uma abordagem abrangente de temas,
associada a uma leitura agradável e organizada, o que visa facilitar o aprendizado
e a memorização de cada disciplina.
A linguagem dialógica aproxima o estudante dos temas explorados, promovendo a
interação com o assunto tratado.
Ao longo do conteúdo, o leitor terá acesso a recursos inovadores, como os tópicos
Atenção, que o alertam sobre a importância do assunto abordado, e Para saber mais,
que apresenta dicas interessantíssimas de leitura complementar e curiosidades
bem bacanas para aprofundar a apreensão do assunto, além de recursos ilustrativos
que permitem a associação de cada ponto a ser estudado. Ao clicar nas palavras-
-chaveemnegrito,oleitorserálevadoaoGlossário,parateracessoàdefinição
da palavra. Para voltar ao texto, no ponto em que parou, o leitor deve clicar na
própria palavra-chave do Glossário, em negrito.
Esperamos que você encontre neste livro a materialização de um desejo: o alcance
doconhecimentodemaneiraobjetiva,concisa,didáticaeeficaz.
Boa leitura!
7Psicologia, educação e novas tecnologiasPrefácio
Prefácio
Todos os dias observamos o surgimento de uma ferramenta nova, criada no
âmbito da tecnologia, visando sempre o aperfeiçoamento e a promoção do processo
de aprendizagem. Nesse mesmo contexto, tantos outros mecanismos tornam-se
obsoletos e pouco vigentes, o que obriga as pessoas a lidarem com a utilização de
meios diversos, promovendo a sua inclusão ou exclusão de uma sociedade de rede.
Nos ramos das atividades, cada área teve de se adaptar e otimizar a sua interação
com meios modernos, associando o viés da sua atuação com o dinamismo da
globalização e tecnologia.
Ao tratarmos do ramo da psicologia, algumas problemáticas precisam ser pensadas
erefletidas.Ocontatopessoalqueaprofissãorequerdivergedaimpessoalidade
que certas ferramentas e mecanismos alimentam.
Para analisar melhor alguns posicionamentos, o conteúdo de PSICOLOGIA,
EDUCAÇÃO E AS NOVAS TECNOLOGIAS foi formulado, enfrentando temas para
estudoereflexão.
Na Unidade 1 deste material o leitor vai relembrar alguns conceitos, tais como a
andragogia, a interação psicologia e educação, a psicologia e trabalho em grupos
na solução de problemas, entre outros assuntos.
Já na Unidade 2, vamos rever alguns conceitos importantes acerca da psicologia
e, na Unidade 3, os principais campos da psicologia moderna.
Finalmente na Unidade 4, vamos tratar da psicologia e da tecnologia e os diversos
momentos em que ambas caminham juntas no processo de aprendizagem.
A tecnologia é uma realidade que tende a evoluir e não deixará mais de fazer parte
do nosso cotidiano. Compreender as suas facilidades para melhorar a atuação em
cada área da nossa vida é essencial para aproveitar as facilidades da modernidade
contemporânea.
Bons estudos.
9Unidade 1 – Psicologia, educação e novas tecnologias
UNIDADE 1PSICOLOGIA, EDUCAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS
Capítulo 1 A interação entre psicologia e educação: um trabalho com a incerteza, 10
Capítulo 2 A psicologia no ensino de jovens e adultos (andragogia), 12
Capítulo 3 A psicologia e o trabalho em grupos na solução de problemas, 15
Capítulo 4Apsicologiaeaidentificaçãodeestilosdeaprendizagem,19
Capítulo 5 Psicologia e novas tecnologias: união de esforços ou confronto de ideias?, 21
Glossário, 24
10 Psicologia, educação e novas tecnologias
1. A interação entre psicologia e educação: um trabalho com a incerteza
Quando trabalhamos na fronteira da comunicação entre diferentes campos do
conhecimentohumano, todos osnossos esforços são concentrados emverificar
como eles podem interagir e o nível de interdisciplinaridade que existe entre
estas áreas. Ainda que de forma intuitiva, é possível observar que as duas ciências
em foco – a psicologia e a educação - se interpenetram, principalmente quando o
estudo é dirigido para o estabelecimento de atitudes e comportamentos que podem
ser adotados para a obtenção dos melhores resultados possíveis - no nosso caso,
nas atividades de ensino e aprendizagem.
Um fator complicador se insere no contexto da pós-modernidade: a ausência
de encontros presenciais e uma orientação para que os professores se tornem
companheiros de jornada do aluno, pois são elementos considerados como
docentes coletivos, que trabalham com estudantes autônomos.
Aqui, a psicologia atua de forma direta ao sugerir que tais comportamentos e
habilidades estão direcionados de forma utilitária (pragmática), no sentido de
produzir os melhores resultados possíveis. Ela é vantajosa principalmente nas
situações difíceis, nas quais o aproveitamento apresenta falhas, dificuldades
ou desabilidades (cujo estudo vamos deixar para o campo da neuropedagogia e
psicopedagogia).
11Unidade 1 – Psicologia, educação e novas tecnologias
Uma primeira constatação é necessária: os psicólogos educacionais apresentam
uma grande contribuição às atividades de ensino e aprendizagem e seu campo de
trabalhoéextenso.Pode-seconsiderarqueeleseiniciacomagestãodeconflito
da educação que o aluno traz do ensino pré-universitário - comprovadamente
assistencialista, que retira a criatividade e a iniciativa dos alunos, e a exigência de
independência e autonomia, à qual o aluno não está acostumado.
Sem o apoio de diversas técnicas, é muito difícil manter o aluno ligado de forma
ativa às atividades de aprendizagem, quando nunca lhe foi dada a independência
e as condições de aprender pelo erro, de aprender a aprender, condições estas que
trabalham diretamente com a psicologia, que visa dar ao aluno a possibilidade de
acreditar em desenvolver o processo de forma facilitada ao conhecer a si próprio.
Houve um tempo em que o psicologismo orientou atividades e comportamentos no
campo educacional, até que deu lugar a novas teorias que aproximam de forma
diferente a psicologia moderna da educação. Como ela foi utilizada nos primórdios,
considerava-se que a subordinação da lógica e da epistemologia à psicologia atuava
de forma reducionista, ao levar em conta que todos os fenômenos educacionais
tinham motivação ou podiam ser melhorados com a intervenção da psicologia.
Depois de quase 100 anos de atuação no campo educacional, a psicologia não foi
totalmente eliminada, e ainda hoje atua de forma subliminar. Ainda se leva em
consideração que a validade dos princípios lógicos e epistemológicos advêm de
causaspsicológicas,entreoutras(filosóficas,sociológicas,gramaticaisetc.).
Aos poucos, o campo didático e pedagógico buscou a independência que não
conseguiu e, assim, passou-se a considerar a educação como um campo sem dono.
Fatoqueseconfirmaquandoseobservaqueasprincipais teoriaseducacionais
têm como resultado o estudode biólogos (Piaget eVygotsky) e profissionais de
outras áreas.
Segundo a linha de raciocínio pós-moderna, os psicólogos não mais consideram
a psicologia como um ramo da educação e da mesma forma a educação como um
ramo da psicologia, tratando os dois campos como interdisciplinares, mas cada
um com seu conjunto de conhecimentos independentes.
Corta-seumeloquemodificaavisão,masémantidaarelaçãohistóricapassada,
presente e futura que existe entre educação e psicologia. Na interação entre
estas duas áreas da ciência, é possível que elas se ajudem mutuamente. Neste
estudo, vamos apresentar aspectos de uma das vias dessa estrada, que é a
análisedasinfluênciasqueosaspectospsicológicostêmquantoàparticipação
e motivação dos agentes educacionais no processo de ensino e aprendizagem. O
estudodasegundamãodessarodoviaficadelegadoaoprogramadoscursosde
psicologia.Maséimportantedestacarquetalinfluênciaexisteetemseucorpo
de conhecimento estabelecido.
12 Psicologia, educação e novas tecnologias
Naintersecçãodossaberesdeambasasáreasseestabelecembasescientificas,
porexemplo,paraidentificarasformasmaiscorretasdeorientaraaprendizagem
emgrupo,otratamentodeconflitos,oestudodasinteligênciasesuainfluênciano
processo de ensino e aprendizagem, o desenvolvimento da aprendizagem baseada
em problemas, além do trabalho com salas de aula invertida. Há diversos campos
nos quais a interação educação-psicologia ocorre e será estudada neste material
de apoio.
Fica reconhecida também a existência de áreas de incompatibilidade e de busca
de novos conhecimentos frente a situações de incerteza, em uma sociedade que,
desde que passou de industrial para sociedade do conhecimento, tem deixado as
pessoasperplexas,semqueestejadefinidoumrumocertodoquevaiacontecer
no futuro.
A grande pergunta é: para que sociedade estamos educando nossos jovens? A
resposta é um grande ponto de interrogação. Segundo Norwich (2000), esta é
uma posição clara e que é adotada por muitos psicólogos e pedagogos em estudos
sobre essa área de interação, apoiada na incerteza dos resultados possíveis.
P ARA SABER MAIS! Não importa se você é egresso da área de psicologia, pedagogia ou outra qualquer. O importante é que você tenha a noção exata do que significa a
expressão “trabalhar com a incerteza” utilizada no texto. Por isto, sugerimos a leitura complementar do artigo “Sentimento de incerteza torna o trabalho inerente à condição humana”, de Flávio Gikovate, disponível na internet por meio do site http://www2.uol.com.br/vyaestelar/sentimento_de_incerteza_torna_trabalho_inerente_para_viver.htm. Obs.: a partir deste texto, outros do mesmo autor relacionados ao tema podem ser acessados no mesmo site.
2. A psicologia no ensino de jovens e adultos (andragogia)
Considerandoqueaeducaçãoatualcaminhaapassos largosparaaunificação
da EaD e da educação presencial, na modalidade b-learning (blended learning
– aprendizagem mista ou híbrida), e que o contexto deste estudo está situado
na educação de jovens e adultos, há um ponto de interface entre a psicologia
e a andragogia, que substitui o enfoque pedagógico utilizado na educação nos
primeiros níveis, com vantagens. Mas há ainda um grande número de professores
cujaformaçãotemumaperspectiva jesuítica,profissionaisquenãoenxergama
grande divergência que existe nos diferentes propósitos de cada faixa etária com
relação à educação.
13Unidade 1 – Psicologia, educação e novas tecnologias
Smith (1998) considera que, com relação a essa área de interface, a psicologia do
desenvolvimento tem assento garantido: os seus estudos condizem exatamente
com como a educação ocorre nas diversas fases da vida e com os principais fatores
motivacionais que podem ser colocados em movimento para que a atividade de
ensino e aprendizagem tenha sucesso.
A primeira constatação é a de que a andragogia, até há pouco tempo, recebeu
pouca atenção, apesar de não ser um conceito novo. O termo é utilizado desde a
Grécia Antiga e foi citado em termos acadêmicos em 1833 pelo educador alemão
Alexander Kapp. O estudo que hoje serve de apoio e referencial teórico para a área
foi trabalhado por Knowles a partir do início da década de 1980.
Em sua obra, Knowles (1984) assume cinco aspectos, todos eles relacionados com
a psicologia. O estudo foi mais recentemente recuperado por Kearsley (2010), que
retoma a caminhada para que sua utilização seja mais efetiva.
Os cinco aspectos assumidos por Knowles são apresentados na lista seguinte, com
relação aos adultos:
• eles têm um autoconceito formado a partir de suas experiências de vida, o
quedefineasuapersonalidade;
• eles têm experiência anterior que, quando utilizada como recurso de
aprendizagem, torna o aluno mais produtivo;
• eles têm vontade de aprender e dar direcionamento à sua vida, por processos
de formação permanente e continuada;
14 Psicologia, educação e novas tecnologias
• eles desenvolvem seu estudo e aprendem a partir de conteúdo relevante e
aprendizagemsignificativa;e
• eles se motivam para aprender quando a atividade está diretamente relacio-
nadacomsuaevoluçãopessoaleprofissional.
Todos os dados considerados estão diretamente relacionados com a automotivação,
que é um aspecto psicológico que pode ser trabalhado pelos professores, que
têm condições de compreender as necessidades do aluno e reconhecer que cada
um tem uma forma particular de aprender. As necessidades, os interesses e as
habilidades variam de um aluno para outro, ainda que possam ser estabelecidos
grupos com características similares. Assim, a psicologia da aprendizagem e do
desenvolvimento pode ser diretamente aplicada para despertar o aluno mediante o
atendimento dessas necessidades particulares.
P ARA SABER MAIS! Faça a leitura e compreensão dos textos que estão relacionados abaixo. Eles estão disponíveis online e podem ser obtidos diretamente nos
endereços fornecidos. Sua linguagem pedagógica facilita a compreensão dos textos:
1. The adult learning theory – Andragogy – of Malcom Knowles2. Eight important characteristics of adult learners3. 17 tips do motivate adult learners4. The adult learning theory
Guarde o primeiro link, pois nele há informações para todos os outros indicados
e para outros em que você poderá acessar a parte das atividades normais dos
módulos do curso.
A ligação da psicologia educacional com os estudos de Bloom (taxonomia de
Bloom) apontam para diferentes domínios de aprendizagem: cognitivo, afetivo
e psicomotor. A delimitação de tempo não nos permite estender tal conceito,
mas você pode acessar outras informações sobre a taxonomia de Bloom e dar
continuidade ao seu estudo. Você poderá observar que o tratamento para este caso
está totalmente relacionado com a psicologia educacional, principalmente no que
diz respeito ao domínio afetivo.
Umadasprincipaisdificuldadesquandosetrabalhacomapsicologiaeducacional
diz respeito ao fato de que muitos professores ainda não aceitam que muitos
desses alunos tenham uma bagagem cultural maior que a do próprio professor.
Ao assumir o papel de facilitador, parece que o professor tem eclipsada a sua
atuação, o que é um grave erro de enfoque.
Se o docente deixa de ser um transmissor de conhecimentos e orienta o aluno
a saber criar conhecimento a partir do elevado volume de informações que ele
mesmo irá coletar, e transformar tais dados em informação estruturada, o que
15Unidade 1 – Psicologia, educação e novas tecnologias
permite a criação de novos conhecimentos, a importância da atuação do educador
cresce de forma exponencial.
É importante não esquecer as teorias da aprendizagem e, principalmente, lembrar
que quando elas foram criadas a tecnologia não tinha o grau de evolução que
apresenta na sociedade contemporânea. Assim, o conectivismo ganha um
destaque particular, sem deixar de lado a importância das teorias behavioristas,
cognitivistas, socioconstrutivistas e as questões de aprendizagem significativa,
criadas por Ausubel, uma vertente psicológica por excelência.
A inserção da tecnologia no ambiente educacional traz certa tensão ao relaciona-
mento entre tecnólogos e psicólogos, tornando um pouco mais complexo o campo
de aplicação de princípios da psicologia à educação. A psicologia se utiliza muito
pouco da tecnologia, mais como uma ferramenta de apoio do que para apropriar
conhecimentos que colaborem com conceitos ou fundamentos psicológicos.
P ARA SABER MAIS! É essencial aprofundar o tema contido na afirmativa de que há uma mudança em trânsito no papel do professor: de transmissor de conteúdo
para uma nova posição de orientador ou conselheiro. Para tanto, indicamos o texto “O professor como comunicador e mediador do processo ensino e aprendizagem: implicações ambientais e organizacionais em seu desempenho”, dos autores Diane Rocha Miranda, Maurício dos Santos Azeredo, Núbia Regina Hércules Freire e Mônica Pereira de Oliveira. Está disponível na internet: http://www.fara.edu.br/sipe/index.
php/renefara/article/viewFile/87/77.
3. A psicologia e o trabalho em grupos na solução de problemas
As obras desenvolvidas so-
bre o relacionamento da
psicologia moderna com os
grupos de trabalho estão
apoiadas na psicologia so-
cial de grupos, que, segundo
estudos de Sabatelli (2002),
é o que direciona os artigos e
estudos acadêmicos na área
nos dias atuais. A psicologia
social atua no ambiente dos
cursos na atualidade, mui-
tos deles efetivados em mo-
dalidades semipresenciais
16 Psicologia, educação e novas tecnologias
ou não presenciais. Assim, são sugeridos o trabalho desenvolvido em grupos e a
utilização da abordagem da aprendizagem baseada em problemas.
Além da inteligência emocional, recomendada para que os grupos tenham um
processo eficiente de gestão de conflitos, a teoria das inteligências múltiplas
constitui um dos primeiros aspectos psicológicos levados em consideração. Os
trabalhos com a dinâmica de grupo são invocados logo em seguida e eles também se
apoiam em fundamentação psicológica voltada para a motivação dos participantes.
P ARA SABER MAIS! Para conhecer mais a respeito da conceituação correta da inteligência emocional e das inteligências múltiplas, recomendamos a leitura de
dois textos complementares sobre cada um dos assuntos. Eles estão relacionados a seguir:- “A inteligência emocional no ambiente de trabalho”, de Solange Moreira dos Santos e Ca-rina Aparecida Cervi. Está disponível no site http://www.aems.edu.br/conexao/edicao-anterior/Sumario/2012/downloads/2012/humanas/A%20INTELIG%C3%8ANCIA%20EMOCIONAL%20NO%20AMBIENTE%20DE%20TRABALHO.pdf;- A teoria das inteligências múltiplas e sua importância para auxiliar nos problemas de aprendizagem. Autoria de Uilma Rezende da Silva. Disponível no site http://www.jornaldaeducacao.inf.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1604#myGallery1-picture(6)
Todos esses aspectos estão ligados às ciências comportamentais. As relações
interpessoais ganham destaque e considera-se que obter sua efetividade está na
raiz do sucesso que é possível observar nos grupos de trabalho.
Sempre que há um grupo de pessoas com interesses comuns e com uma correta
gestão dos conflitos internos, a responsabilidade se divide entre todos os par-
ticipantes. A relação entre as pessoas sob tais condições, quando muitas delas
não se conhecem e devem trabalhar juntas, criando uma dependência favorá-
vel, refletem relações sociais mais complexas, já tratadas por Giddens (1991),
que questionou a efetivação de relações de confiança entre indivíduos que não
se conhecem.
As formas de relacionamento no grupo envolvem determinação de papéis,
estabelecimento de normas, relações igualitárias, respeito ao multiculturalismo,
coesão do grupo e status individual de cada participante.
O que comanda tudo isto é o pensamento contemporâneo sobre o processo
de atração social (Sabatelli, 2002) e como os seus relacionamentos podem ser
incentivados com a utilização de princípios de motivação, objetos de estudo da
psicologia social. Para obter uma maior produtividade do grupo, tais fundamentos
serão utilizados. Eles são conduzidos por um centralizador, normalmente um
tutor ou coacher, o que depende dos custos envolvidos. A tutoria ocorre de um
17Unidade 1 – Psicologia, educação e novas tecnologias
para muitos (e às vezes em número excessivo), enquanto o atendimento individual
tem custos muito diferenciados.
A medida de satisfação do grupo parte do levantamento do atendimento das neces-
sidades de cada um, de acordo com a pirâmide de Maslow (Maslow, 2014), outro
conceito psicológico por excelência. É importante essa avaliação, uma vez que é
necessário levar em consideração que os indivíduos diferem entre si com relação ao
seugraudesatisfação.Elesdependemdesegurançafinanceira,satisfaçãosexual,
companheirismo, além de outros aspectos, para sentir-se satisfeitos. Também de-
vemos considerar o fato de que as pessoas diferem em termos dos níveis de recom-
pensas e custos que elas acreditam que são realisticamente obtidos a partir de um
relacionamento.
Questões de dependência também entram em consideração e aqui, ao envolver
sentimentos entre as pessoas, a psicologia volta a atuar de forma decisiva. É
impossível ignorar que os indivíduos são dependentes de seus relacionamentos,
de acordo com os resultados decorrentes das relações existentes, e frustram-se
quando estas não atingem os resultados positivos necessários.
Aquientraemjogoagestãodeconflitos,poisosindivíduosquesãoaltamentede-
pendentes de seus relacionamentos são menos propensos a agir para terminá-los.
Quando os grupos se reúnem com um interesse comum, esta dependência se es-
tabelece de forma natural. Essa reunião pode ou não ser voluntária, dependendo
do grau em que os indivíduos são atraídos para suas relações.
As pessoas são suscetíveis de comprometimento com os parceiros do grupo e
tendem a atuar de forma ativa para sua continuidade. Considera-se ser esta uma
possibilidade de diminuição do processo de evasão, que é elevado no contexto que
está sendo analisado.
Apesardadificuldadeencontradanacomposiçãoenofuncionamentoefetivodeum
grupodetrabalho,eleégratificantenamedidaemqueépossívelsecomprovarsua
eficácia,quandoaspessoastêmapoioduranteodesenvolvimentodaaprendizagem
autônoma,equandoogruponãotemosignificadoquealgunsqueremlheatribuir,
como por exemplo o de seus membros desenvolverem seus trabalhos sozinhos e
sem colaboração. Este é um dos mitos que criam o estereótipo do “fantasma da
solidão”, que alguns consideram afastar o aluno e provocar sua evasão.
A atividade de aprendizagem independente tem grande parte de seu sucesso credi-
tada ao trabalho desenvolvido nas redes sociais, como é a proposta do conectivis-
mo,independentementedequesejaconfirmadoqueoaluno,narealidade,apren-
de sozinho, mas para chegar até tal ponto, quanto maior o apoio e a participação
externa, maior será a possibilidade que ele atinja os seus objetivos.
18 Psicologia, educação e novas tecnologias
P ARA SABER MAIS! A situação tratada no último parágrafo é polêmica e você deve estender sobre ela os seus estudos. Assim, sugerimos que você desenvolva a
leitura do texto “Formação continuada em EaD” - Descrição de projeto em andamento apresentada para ABED em 2009. Está disponível na internet por meio do site http://www.abed.org.br/congresso2009/CD/trabalhos/1552009183907.pdf
Assim,serevelamdiversosfatoresinfluentes,quandoopensamentosedeslocade
uma linha rígida de relacionamento e busca na interdisciplinaridade de saberes,
soluções mais efetivas para que os processos desenvolvidos por grupos de trabalho
aumentem a qualidade do ensino e a aprendizagem.
Umaspectoquetemsedemonstradoeficiente(resultadosdeenquetesefetuadas
com alunos de pedagogia na modalidade EaD) diz respeito à eliminação dos
relacionamentos de poder entre os agentes educacionais. A autonomia e o
empoderamento de equipes mostram excelentes resultados no estabelecimento de
um clima de trabalho favorável.
Elas tornam menos problemáticas quaisquer dependências que possam ocorrer
entre os participantes de níveis cognitivos divergentes. As diferenças são mais
facilmente aceitáveis.
A utilização dos fundamentos da psicologia social tem grande impacto no trabalho
desenvolvido por grupos devido também às possibilidades de intercâmbio entre
pessoas comdiferentes níveis que, ao final de determinado processo,mostram
habilidades individuais superiores àquelas que tinham antes do relacionamento. O
processo é denominado inteligência coletiva (Lévy, 2014), outro aspecto psicológico
influente.
Oconceitofinalquerelacionaapsicologiacomoestudoemgruposequedeveser
levado em consideração diz respeito ao sistema de relação de interdependência
entre os participantes, quando há o envolvimento de todos e ninguém do grupo
aceita a participação de membros que não sejam atuantes (cuja eliminação pode
sersugeridaporquestõesdegestãodeconflitosnosgrupos).
P ARA SABER MAIS! Sobre este último parágrafo, é interessante que você aumente seus conhecimentos com a leitura e apreensão do significado de um texto voltado
para o trabalho nas organizações, ou seja, uma prática corporativa que é interessante trazer ao conhecimento dos agentes educacionais, acessando: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552005000300004
19Unidade 1 – Psicologia, educação e novas tecnologias
4.Apsicologiaeaidentificaçãodeestilosdeaprendizagem
A diversidade cultural é
uma das principais ca-
racterísticas da socieda-
de contemporânea. Ela
acontece de maneira ain-
da mais manifesta em am-
bientes de cursos semipre-
senciais e não presenciais,
nos quais são formadas
classes que podem apre-
sentar mais de seis mil
alunos. Apesar de ser
grande o número de pes-
soas, é possível dizer que
cada um tem um estilo de
aprendizagem particular.
Quando argumentações
surgem sobre caracterís-
ticas comuns, elas podem
identificar grupos de pes-
soas com “características
semelhantes”, mas que
não são totalmente iguais.
McLeod (2013) tem diver-
sas propostas, todas elas
com origem nos estudos
de Kolb (1984). Esses estudos foram desenvolvidos em 1984 e agora são revisita-
dos por este pesquisador, sob a luz de uma evolução tecnológica sem precedentes
e que muda comportamentos e atitudes em praticamente todas as áreas do conhe-
cimento humano.
O que diferencia dois alunos entre si são os processos cognitivos internos de
cada um deles, que acontecem de forma diferenciada. A aprendizagem ocorre
quando se efetivam a aquisição e a compreensão de conceitos abstratos e desen-
volve-se a capacidade de imaginação em suas diversas formas de aplicação, em
situaçõesanalisadasemdiferentescontextos.OpróprioKolb(1984)afirmaque
a aprendizagem é um processo pelo qual o conhecimento é criado mediante a
transformação da experiência.
20 Psicologia, educação e novas tecnologias
Os conceitos psicológicos se entremeiam em cada uma das colocações efetuadas
neste capítulo. Vejamos:
• a partir da experiência concreta é que se reinterpreta a experiência, sob a luz
do conhecimento anterior do aprendiz. Esta interpretação está completamente
ligada a aspectos psicológicos;
• da observação à reflexão, é possível sugerir o desenvolvimento pessoal de
acordo com as características de cada um. Tal desenvolvimento pode sofrer in-
fluênciasexternas,talcomoacriaçãodeumritualparaqueareflexãovenha
à tona;
• daqui para a conceituação, formula-se uma nova ideia ou a alteração de algum
conceito abstrato que o aprendiz detinha anteriormente, outra característica
da aquisição do conhecimento ligada diretamente aos aspectos psicológicos
de motivação e forma de fazer as coisas; e
• finalizaoprocessoaaprendizagemeficaz.
Assim, trabalhamos em uma perspectiva de experiência, observação, reflexão
e formatação de conceitos abstratos. Em cada uma das etapas o trabalho com
aspectos psicológicos individuais pode trazer diferentes resultados.
P ARA SABER MAIS! Amplie um pouco mais seu acervo sobre processos de construção do conhecimento na leitura do texto sugerido abaixo, no qual a pesquisa, a obtenção
de dados, a transformação de dados em informações, o tratamento da informação e a aquisição de conhecimentos, a partir da informação preparada para uma determinada finalidade, são questionados. Sobre o processo de construção do conhecimento: “O papel do ensino e da pesquisa”. Autoria de Vera Rudge Werneck. Está disponível no site http://www.scielo.br/pdf/ensaio/v14n51/a03v1451.pdf
Os estudos de Kolb (1984) não estabelecem um conhecimento dado como acabado
edefinitivo.Aocontrário,elessãoumaorientaçãoparaacontinuidadedeestudo
que permita reunir um conjunto de técnicas de motivação psicológica. Elas
são escolhidas e determinadas para que o aluno possa, por ele mesmo, ou com
ajudaexterna,descobriraformacomoaprende.Aidentificaçãodasinteligências
predominantes entre o universo das inteligências coletivas é uma dessas técnicas
psicológicas.
Por exemplo, quando é detectado que um aluno tem uma inteligência ligada ao
visual,aaprendizagemcomousodevídeos,imagensegráficospodeser-lhemais
produtiva.
Quando a pessoa conhece o seu estilo próprio de aprendizagem, torna-se mais
fácil desenvolver a atividade de orientação, pois então pode ser utilizado o método
por ela preferido. O assunto centra-se em uma atividade de estímulo a que o aluno
21Unidade 1 – Psicologia, educação e novas tecnologias
utilize o seu estilo de aprendizagem preferido. Kolb (1984) apresenta os quatro
estilos mais comumente observados em grupos heterogêneos de alunos:
• Divergente (CE - Concrete Experience) – cujos componentes são capazes de
olhar para as coisas a partir de diferentes perspectivas. Estas experiências
são adequadas para o desenvolvimento de atividades de brainstorming, por
exemplo, para as quais os alunos apresentam um interesse mais efetivo;
• Assimilativo(RO-ReflectiveObservation)–Caracterizadopelaspessoasque
assistemedesenvolvemnasequênciaatividadesdereflexão.Nestecaso,abor-
dagens concisas e lógicas são mais importantes. Os assimilativos são menos
focados em pessoas e mais interessados em conceitos e ideias abstratas;
• Convergente (AC – Abstract Conceptualization) - Caracterizado pelo fazer e
pensar, que são facilmente adequados a propostas de solução de problemas e
que utilizam a aprendizagem para encontrar soluções para questões práticas
erelacionadascomseutrabalhoprofissional;
• Acomodativo (AE – Active Experimentation) – Caracterizado pelo fazer e sentir,
baseado mais na intuição do que na lógica.
Cada um desses grupos age de forma diferente. Assim como ocorre com as inteli-
gências múltiplas, uma mesma pessoa pode apresentar diferentes características,
sempre com uma predominante.
Esta conclusão orienta os professores a se assegurar de que as atividades
concebidasoferecemaoestudanteaflexibilidadedeescolheramaneirapelaqual
iráresolvê-las,sendoindicadacomomaiseficienteaabordagemdaaprendizagem
baseada em problemas.
5. Psicologia e novas tecnologias: união de esforços ou confronto de ideias?
Umdosprincipaisdesafiosparaapsicologianapós-modernidadeéacompreensão
dos processos educacionais, agora tornados mais complexos com a intervenção de
novas formas de mediação (midiática, tecnológica, social) na atividade de ensino e
aprendizagem.
A quebra de paradigmas, que traz consigo a exigência da efetivação de novas
formas de comunicação entre os agentes educacionais, pode ser considerada como
a grande responsável pela inserção dessa complexidade.
Quando falamos em comunicação, incentivo, motivação, aspectos envolvidos, nos
colocamos diretamente ao lado de questões psicológicas. Não se trata da psicologia
da educação, mas sim da psicologia aplicada aos agentes educacionais, para que
possam ser obtidos melhores resultados nas atividades de ensino e aprendizagem.