CADERNO DE QUESTÕES
FILOSOFIA
EDITAL 47/2014
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO COLÉGIO PEDRO II
CONCURSO PÚBLICO
CONCURSO PÚBLICO – COLÉGIO PEDRO II
Filosofia Prova aplicada em 01/02/2015 – Disponível no endereço eletrônico www.idecan.org.br a partir do dia 02/02/2015.
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FILOSOFIA 01 “O frio torna‐se quente, o quente frio, o úmido seco, e o seco úmido.”
(HERÁCLITO, Fragmento 126. Apud: MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. p. 17.)
De acordo com o fragmento, é correto afirmar que Heráclito
A) indica que as transformações se processam por meio dos contrários.
B) defende uma concepção atomista, que supõe a continuidade da matéria.
C) visa a desconsiderar o diverso e o múltiplo como constitutivos da realidade.
D) observa o múltiplo, mas despreza as transformações, pois estas são contingentes.
02 “Este logos, os homens, antes ou depois de o haverem ouvido, jamais o compreendem. Ainda que tudo ocorra de
acordo com este logos, eles parecem não ter experiência, cada vez que experimentam palavras e atos tais como os
exponho, analisando cada coisa segundo a sua natureza e interpretando‐a como é. Os demais homens ignoram o que
fazem quando acordados, assim como esquecem o que fazem durante o sono.” (HERÁCLITO, fragmento 1. Apud MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. p.15.)
“Por isso, é preciso seguir‐se o comum. Mas, apesar de o logos ser comum, a grande multidão vive como se cada um
tivesse um entendimento próprio.” (HERÁCLITO, fragmento 2. Apud MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. p.15.)
“O cinema abriu uma exceção na antiga verdade heraclítica – segundo a qual os despertos têm uma verdade comum e
os adormecidos possuem, cada um, seu mundo particular –, muito menos, na verdade com representações dos sonhos
do que com a criação de figuras de sonho coletivo, como a do Mickey Mouse, que perpassa todo globo.” (BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica, XVI. Apud DUARTE, Rodrigo. O belo autônomo. Belo Horizonte:
Autêntica/Crisálida, 2012. p. 307.)
De acordo com a apropriação que Benjamin faz do pensamento de Heráclito, é correto afirmar que
A) a realidade dos adormecidos tem seu paralelo na produção cinematográfica, na medida em que esta última se
distingue com clareza daquilo que acontece na realidade.
B) toda produção artística – inclusive o cinema – toma parte daquilo que Heráclito nomeou como logos por indicar em
linguagem simbólica algum aspecto fundamental do real.
C) o logos heraclítico pode ser vislumbrado no cinema na medida em que este último permite compreender melhor o
real e distinguir com clareza aquilo que lhe é próprio daquilo que é parte do universo onírico.
D) o cinema possibilita a criação de figuras semelhantes a algumas que só têm lugar nos sonhos por não existirem na
realidade, mas que, no entanto, passam a existir como uma espécie de sonho coletivo comum a todos.
03 “Resta‐nos assim um único caminho: o ser é. Neste caminho há grande número de indícios; não sendo gerado, é
também imperecível; possui, com efeito, uma estrutura inteira, inabalável e sem meta; jamais foi nem será, pois é, no
instante presente, todo inteiro, uno, contínuo. Que geração se lhe poderia encontrar? Como, de onde cresceria? Não te
permitirei dizer nem pensar o seu crescer do não‐ser. Pois não é possível dizer nem pensar que o não‐ser é. Se viesse do
nada, qual necessidade teria provocado seu surgimento mais cedo ou mais tarde? Assim pois, é necessário ser
absolutamente ou não ser. E jamais a força da convicção concederá que do não‐ser possa surgir outra coisa.” (PARMÊNIDES, fragmento 8. Apud MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. p. 13‐14.)
Sobre o trecho citado, é correto afirmar que
A) o ser não é, pois jamais foi nem será.
B) o não ser é, porque não sendo gerado é imperecível.
C) o ser é e não é, pois é necessário ser absolutamente ou não ser.
D) o não ser não é e não se pode conceder que do não ser possa surgir algo.
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04 “Pois, ou bem é em função das intenções do acaso, das vontades dos deuses e dos decretos da necessidade que ela
[Helena] fez o que fez, ou bem por ter sido raptada com violência, ou bem por ter sido persuadida pelos discursos.” (GÓRGIAS. “Elogio de Helena”, 6. In: CASSIN, Barbara. O efeito sofístico: sofística, filosofia, retórica, literatura. Tradução de Ana Lúcia de
Oliveira, Maria Cristina Franco Ferraz e Paulo Pinheiro. São Paulo: Ed. 34, 2005. p. 295.)
“Qual necessidade, então, de estimar como justa a reprimenda a Helena: quando foi ou tomada pelo amor, ou
persuadida pelo discurso, ou raptada pela força, ou constrangida pela necessidade divina que ela fez o que fez; em
todos os casos, ela escapa à acusação.” (GÓRGIAS. “Elogio de Helena”, 20. In: CASSIN, Barbara. O efeito sofístico: sofística, filosofia, retórica, literatura. Tradução de Ana Lúcia de
Oliveira, Maria Cristina Franco Ferraz e Paulo Pinheiro. São Paulo: Ed. 34, 2005. p. 301.)
Sobre os trechos citados, é correto afirmar que
A) ambos apresentam uma lista das razões pelas quais, segundo o autor, Helena deve ser considerada culpada.
B) em ambos o principal motivo para considerar Helena inocente é o fato de ela ter sido persuadida pelo discurso a ir
para Troia.
C) o primeiro trecho traz a lista de razões pelas quais o autor considera Helena culpada; o segundo, as razões pelas quais
ele a considera inocente.
D) o segundo trecho traz um motivo para inocentar Helena que não fora explicitado no primeiro trecho, a saber, o fato
de ela ter sido “tomada pelo amor”.
05 “Mas se aquele que a persuadiu, que construiu uma ilusão em sua alma, foi o discurso, também não será difícil defendê‐
la contra a acusação, e destruir a inculpação da seguinte forma: o discurso é um grande soberano que, por meio do
menor e do mais inaparente dos corpos, realiza os atos mais divinos, pois ele tem o poder de dar fim ao medo, afastar a
dor, produzir a alegria, aumentar a piedade.” (GÓRGIAS. “Elogio de Helena”, 8. In: CASSIN, Barbara. O efeito sofístico: sofística, filosofia, retórica, literatura. Tradução de Ana Lúcia de
Oliveira, Maria Cristina Franco Ferraz e Paulo Pinheiro. São Paulo: Ed. 34, 2005. p. 296‐297.)
“Sócrates: Disse há pouco, Mênon, que você é um brincalhão. E aí está você me perguntando se posso instruí‐lo [o
escravo], quando digo que não há aprendizado mas apenas lembrança. (...) Agora observe como, em consequência
dessa perplexidade, ele vai prosseguir e descobrir uma coisa em investigação conjunta comigo, embora eu meramente
faça perguntas e não ensine. E fique atento para ver se em algum momento lhe ensino ou explico, em vez de questionar
as suas opiniões.” (PLATÃO. Mênon. 81e, 84c‐d. Apud MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. p. 36.)
Sobre os trechos citados, é correto afirmar que
A) Górgias defende a tese de que ensinar é persuadir, enquanto, de acordo com o segundo trecho, o ensino nada tem a
ver com a persuasão.
B) tanto o primeiro quanto o segundo trecho supõem que o máximo que o discurso pode fazer é extrair de uma alma as
emoções e as opiniões que já estão nela.
C) tanto o primeiro quanto o segundo trecho estabelecem que a função do discurso é produzir na alma do outro uma
opinião ou emoção que ela não tinha previamente.
D) enquanto Górgias indica a possibilidade de o discurso produzir algo na alma do outro, no segundo trecho argumenta‐
‐se que o diálogo serve para descobrir o que o outro já tem na alma.
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06 “Sendo assim, firmemos desde logo este ponto: todos os poetas, a começar por Homero, não passam de imitadores de simulacros da virtude e de tudo o mais que constitui o objeto de suas composições, sem nunca atingirem a verdade.”
(PLATÃO, República X, 600e. Apud MARÇAL, Jairo (org.). Antologia de textos filosóficos, de Curitiba: SEED, 2009. p. 561.)
“A arte poética é a arte universal do espírito tornado livre em si mesmo e que não está preso ao material exterior e sensível para a sua realização, que se anuncia apenas no espaço e no tempo interiores das representações e sentimentos.”
(HEGEL, G.W.F. Cursos de estética, II, /123/. Apud DUARTE, Rodrigo. O belo autônomo. Belo Horizonte: Autêntica/Crisálida, 2012. p. 201.)
De acordo com os textos citados, é correto afirmar que A) para Platão, deve‐se impedir na pólis reta e boa toda e qualquer poesia; ao passo que, para Hegel, a poesia romântica
é, ela mesma, um signo do espírito absoluto. B) para Platão, a poesia se restringe a imitar a realidade sem dizer verdadeiramente as coisas como elas realmente são;
ao passo que, para Hegel, a poesia é a arte universal do espírito livre. C) ambos concordam que a poesia pode educar o homem; para Platão, este papel é o de indicar que a imitação é
obstáculo naquela formação, já Hegel entende que o valor da poesia está em seu papel libertador do espírito. D) ambos concordam que o cultivo da arte poética deve ser restrito; para Platão, tal restrição se dá por conta da
natureza mimética da poesia, já Hegel entende que a poesia deve se restringir à capacidade de representar a vida interior.
07 “E se a verdade de todas as coisas que existem está sempre em nossa alma, então a alma deve ser imortal? De modo que é preciso criar coragem e se esforçar em procurar e recuperar seja lá o que for que hoje porventura desconhecemos, isto é, que não lembramos?”
(PLATÃO, Mênon, 86a‐b. Apud MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. p. 39.)
“A filosofia é uma disciplina criativa, tão inventiva quanto qualquer outra disciplina e consiste em criar ou em inventar conceitos. E os conceitos não existem em uma espécie de céu onde eles aguardariam que os filósofos os apreendessem. Os conceitos, é necessário fabricá‐los.”
(DELEUZE, Gilles. O que é o ato de criação? Apud DUARTE, Rodrigo. O belo autônomo. Belo Horizonte: Autêntica/Crisálida, 2012. p. 389.)
De acordo com os textos citados, marque a afirmação correta sobre a concepção de filosofia dos autores. A) A diferença entre os dois autores é que, para Platão, a tarefa fundamental da filosofia é tornar a alma imortal; já para
Deleuze, a tarefa fundamental da filosofia é analisar conceitos. B) Platão e Deleuze concordam que a tarefa da filosofia é criar conceitos; discordam sobre a forma dessa tarefa: para
Platão, criar conceitos é rememorá‐los, para Deleuze, inventar conceitos é um ato de criação. C) Platão e Deleuze concordam que a tarefa da filosofia é a reminiscência; discordam sobre a forma dessa tarefa: para
Platão, a reminiscência se dá por meio da anamnese, para Deleuze, reminiscência é criar conceitos. D) a diferença entre os dois autores encontra‐se na defesa de que, para Platão, o conhecimento filosófico se dá por
meio da reminiscência; já para Deleuze, uma tarefa fundamental da filosofia é a fabricação de conceitos.
08 “Por natureza, todos os homens desejam o conhecimento.”
(ARISTÓTELES, Metafísica, I, 1. Apud MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. p. 46.)
“(...) o aprender não só apraz aos filósofos, mas também, igualmente, aos demais homens, se bem que menos participam dele.”
(ARISTÓTELES, Poética, IV, 14. Apud DUARTE, Rodrigo. O belo autônomo, de Rodrigo Duarte. Belo Horizonte: Autêntica/Crisálida, 2012. p. 35.)
De acordo com os trechos citados, a concepção de filosofia de Aristóteles é que A) há uma disposição humana natural para conhecer, mas a atividade filosófica prescinde da natureza. B) a atividade filosófica é naturalmente empreendida por todo e qualquer homem, por este ser dotado de razão. C) conhecer apraz aos homens por ir ao encontro de uma disposição natural que lhes é própria; tal conhecimento é o
próprio filosofar. D) conhecer apraz aos homens por ir ao encontro de um desejo natural que estes possuem; já filosofar é tomar parte
em grau maior de certo aprendizado.
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09 “Devemos desenvolver nossas atitudes de uma maneira predeterminada, pois nossas disposições morais correspondem
às diferenças entre nossas atividades. Não será pequena a diferença, então, se formarmos os hábitos de uma maneira
ou de outra desde nossa infância: ao contrário, ela será muito grande, ou melhor, ela será decisiva.” (ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco, I, 2, 253a9‐253a12. Apud MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia, de Danilo Marcondes, Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 2007. p. 54.)
Considerando o trecho citado, o hábito é importante porque
A) a virtude é constante com ou sem o hábito.
B) permite a virtude ou disposição moral constante nas ações.
C) cumpre a disposição moral e o homem pode prescindir da virtude.
D) indica que a virtude deixa de ter valor por si, pois as ações a realizam.
10 “É evidente que a cidade faz parte das coisas naturais, e que o homem é por natureza um animal político. (...) Como
dizemos frequentemente, a natureza não faz nada em vão; ora, o homem é o único entre os animais a ter linguagem
(logos). (...) a linguagem tem como objetivo a manifestação do vantajoso e do desvantajoso, e portanto do justo e do
injusto. Trata‐se de uma característica do homem ser ele o único que tem o senso do bom e do mau, do justo e do
injusto, bem como de outras noções deste tipo.” (ARISTÓTELES, Política, 253a9‐253a12. Apud MARCONDES, Danilo.Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. p. 57.)
De acordo com o trecho citado, é correto afirmar que a linguagem exprime
A) o senso do justo e do injusto, que está ligado ao fato de o homem ser por natureza um animal político.
B) interesses ou conveniências da aldeia ou da família, que são suficientes para determinar o senso do justo e do
injusto.
C) intenções sofísticas, que dizem respeito à política em seu sentido genuíno e que procuram manter o senso do justo e
do injusto.
D) variadas formas de representar o indivíduo, como a família, a qual constrói o senso do justo e do injusto conforme
suas necessidades.
11 “E o conhecimento seguro dos desejos leva a direcionar toda escolha e toda recusa para a saúde e para a serenidade do
espírito, visto que esta é a finalidade da vida feliz: em razão desse fim praticamos todas as nossas ações, para nos
afastarmos da dor e do medo. Uma vez que tenhamos atingido esse estado, toda a tempestade da alma se aplaca, e o
ser vivo, não tendo que ir em busca de algo que lhe falta, nem procurar outra coisa a não ser o bem da alma e do corpo,
estará satisfeito. De fato, só sentimos necessidade do prazer quando sofremos pela sua ausência; ao contrário, quando
não sofremos, essa necessidade não se faz sentir.” (EPICURO, Carta sobre a felicidade(a Meneceu). Tradução Alvaro Lorencini e Enzo del Carratore. São Paulo: Unesp, 2002. p. 35‐37.)
De acordo com o trecho citado, para Epicuro um ser vivo estará satisfeito porque
A) realiza completamente todos os seus desejos.
B) desconhece qual seria a verdadeira finalidade da vida feliz.
C) executa todas as suas ações tendo em vista um único objetivo, a felicidade.
D) deixa de perseguir algo que lhe falta e busca apenas o bem do corpo e da alma.
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12 “Vi claramente que todas as coisas boas podem, entretanto, se corromper, e não se poderiam corromper se fossem sumamente boas, nem tampouco se não fossem boas. Se fossem absolutamente boas seriam incorruptíveis, e se não houvesse nada de bom nelas, não poderiam se corromper. Com efeito, a corrupção é nociva e se não reduzisse o bem não seria nociva. Portanto, ou a corrupção não prejudica em nada, o que não é admissível, ou todas as coisas que se corrompem são privadas de algum bem; quanto a isso não há dúvidas. Mas se fossem privadas de todo o Bem, deixariam completamente de existir. Se existissem e não pudessem ser alteradas, seriam melhores porque permaneceriam incorruptíveis. O que seria mais monstruoso do que afirmar que as coisas se tornariam melhores ao perderem todo o Bem? Por isso, se privadas de todo o Bem, deixariam totalmente de existir. Portanto, enquanto existem, são boas.”
(AGOSTINHO, Confissões, VII, 12, 3. Apud MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. p. 63.)
Sobre o argumento de Agostinho no trecho citado, é correto afirmar que A) a corrupção é própria de todas as coisas, sejam elas boas ou não. B) os sentidos exteriores indicam a condição corruptível do homem. C) somente a existência do mal explica o caráter corruptível das realidades corpóreas. D) a corrupção indica uma condição entre ser absolutamente bom e ser privado de todo bem.
13 “A terceira via [para provar a existência de Deus] é baseada no possível e no necessário. Encontramos dentre as coisas algumas que podem ser ou não ser, já que encontramos algumas que são geradas e se corrompem, e por isso mesmo podem ser ou não ser. É impossível que todas essas coisas existam sempre, pois o que pode não ser alguma vez não é. Se todas as coisas podem não ser, alguma vez nada existiu. Se assim fosse na verdade, também agora nada existiria, pois o que não existe não começa a existir senão a partir de algo que existe; se, entretanto, nada existia, seria impossível que algo começasse a existir, e assim nada absolutamente existiria, o que é evidentemente falso. Portanto, nem todos os seres são possíveis, mas é indispensável que algum ser seja necessário. (...)”
(TOMÁS de AQUINO. Suma teológica. I, q. 2. Apud MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. p. 71.)
De acordo com o trecho citado, “é indispensável que algum ser seja necessário” porque A) o possível sempre existiu; daí se segue que algo não foi criado por nenhum outro ser e, portanto, é necessário. B) o necessário é o único ser que pode fazer com que do nada algo se crie e, portanto, para que exista algo, o necessário
tem que existir. C) o necessário pode não existir; e, como a existência de todas as coisas depende do que é necessário, é preciso supor a
existência deste. D) o possível alguma vez não existiu; se tudo fosse apenas possível, alguma vez nada teria existido e, assim, como nada
começa do nada, nada existiria.
14 “Em estado vago e confuso, o conhecimento da existência [de Deus] é naturalmente inato em nós, uma vez que Deus é a felicidade do homem. De fato, o homem deseja naturalmente a felicidade, e, o que ele deseja naturalmente, ele conhece naturalmente.”
(TOMÁS de AQUINO, Suma teológica. I, q. 2. ApudMARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. p. 69.)
“Existe todavia um fim que se pode pressupor como efetivo em todos os entes racionais (desde que os imperativos se adaptem a eles, a saber, enquanto entes dependentes), e portanto um objetivo que eles não apenas por acaso possam ter, mas acerca do qual se pode pressupor com certeza que todos o têm com base numa necessidade natural, e este é o objetivo da felicidade.” (KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes, II. Apud MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 2007. p. 122.)
De acordo com os textos citados, é correto afirmar que A) a felicidade é uma disposição adquirida pelo ser humano por meio da experiência. B) a felicidade é uma disposição natural da condição humana que pode ser apreendida com base na análise das
condições empíricas a que todo homem está submetido. C) para Tomás, todo homem deseja naturalmente a felicidade, já para Kant, a felicidade é objetivo que pode ser
pressuposto, nos homens, com base numa necessidade natural. D) para Tomás, a felicidade coincide com Deus, que é o Sumo Bem; ao passo que para Kant, é necessário conhecer uma
realidade transcendente para satisfazer a condição humana.
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15 “É necessário a um príncipe que queira se conservar aprender a não ser bom e disso se valer segundo a necessidade.”
(MAQUIAVEL, O príncipe, XV. Apud MARÇAL, Jairo. (org.). Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009. p. 456.)
Sobre o trecho citado, é correto afirmar que Maquiavel
A) prescreve que o governante deve ser mau a qualquer custo, mesmo quando não for necessário.
B) recomenda que o governante deve ser mau para preservar‐se no poder e por força das circunstâncias.
C) defende que o governante precisa deixar de ser mau como orienta u’a moral ideal, mas agir por interesse próprio.
D) alerta que o governante deve ser mau por bel prazer desconsiderando preceitos éticos, porque ser mau é o desígnio
da natureza humana.
16 “E como poderia eu negar que estas mãos e este corpo sejam meus? A não ser talvez que eu me compare a esses
insensatos, cujo cérebro está de tal modo perturbado e ofuscado pelos negros vapores da bile que constantemente
asseguram que são reis quando são muito pobres; que estão vestidos de ouro e de púrpura quando estão inteiramente
nus; ou imaginam ser cântaros ou ter um corpo de vidro. Mas quê? São loucos e eu não seria menos extravagante se me
guiasse por seus exemplos.” (DESCARTES, René. Meditações de Filosofia Primeira, Primeira Meditação, § 4, ApudTextos básicos de filosofia, de Danilo Marcondes. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 2007. p. 75.)
“Qualquer um está pronto a admitir que existe uma diferença considerável entre as percepções da mente, quando um
homem sente a dor decorrente do calor excessivo, ou o prazer de um clima moderado, e quando ele traz de novo à sua
memória, mais tarde, tal sensação, ou a antecipa em sua imaginação. Essas faculdades podem imitar ou copiar as
percepções dos sentidos; mas elas não chegam jamais a alcançar a força e vivacidade do sentimento original. O máximo
que podemos dizer a respeito delas, mesmo quando operam com o maior vigor, é que representam seu objeto de uma
maneira tão viva que quase poderíamos dizer que o sentimos ou vemos. Mas, com exceção das mentes deturpadas pela
doença ou pela loucura, elas nunca serão capazes de chegar a um tal grau de vivacidade, a ponto de tornar impossível
distinguir as percepções.” (HUME, David. Uma investigação sobre o entendimento humano. Apud MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 2007. p. 103.)
Sobre a noção de “loucura” nos trechos citados, é correto afirmar que
A) tanto Hume quanto Descartes afirmam que a existência da loucura é razão suficiente para duvidar dos sentidos.
B) Descartes afirma que a consideração da experiência sensível dos loucos é insuficiente para duvidar dos sentidos, mas
Hume discorda disso.
C) tanto Descartes quanto Hume consideram que a percepção sensível dos loucos é deturpada e, portanto, não pode ser
o critério para estabelecer o que nossos sentidos de fato percebem.
D) Descartes considera que o sonho é uma experiência que equivale à loucura, enquanto Hume afirma que a vivacidade
das percepções sensíveis dos loucos é maior do que as percepções das mentes “não deturpadas”.
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17 “Ora, essa natureza me ensina realmente a fugir das coisas que causam em mim o sentimento da dor e a dirigir‐me para
as que me comunicam algum sentimento de prazer; mas não vejo que, além disso, ela me ensine que, dessas diversas
percepções dos sentidos, alguma vez devêssemos concluir algo a respeito das coisas que existem fora de nós, sem que o
espírito as tenha examinado cuidadosa e maduramente.” (DESCARTES, René. Meditações Metafísicas, Sexta meditação, § 27. Apud MARÇAL, Jairo (org.). Antologia de textos filosóficos.
Curitiba: SEED, 2009. p. 187.)
“Agradável é o que apraz os sentidos na sensação. (...)
Na definição dada, entendemos contudo pela palavra ‘sensação’ uma representação objetiva dos sentidos; e, para não
corrermos sempre perigo de ser falsamente interpretados, queremos chamar aquilo que sempre tem de permanecer
simplesmente subjetivo, e que absolutamente não pode constituir nenhuma representação de um objeto, pelo nome,
aliás, usual de sentimento. A cor verde dos prados pertence à sensação objetiva, como percepção de um objeto do
sentido; o seu agrado, porém, pertence à sensação subjetiva, pela qual nenhum objeto é representado: isto é, ao
sentimento pelo qual o objeto <Gegenstand> é considerado como objeto <Objekt> da complacência (a qual não é
nenhum conhecimento do mesmo).” (KANT, Immanuel. Crítica da faculdade do juízo, Primeira Seção, Primeiro Livro, § 3. Apud DUARTE, Rodrigo. O belo autônomo. Belo Horizonte:
Autêntica/Crisálida, 2012. pp. 121‐122.)
De acordo com os textos citados, sobre a relação entre conhecimento e sensação nos autores é correto afirmar que
A) diante da possibilidade iminente de equívoco que os dados sensíveis oferecem ao entendimento humano, não se
pode inferir nada a respeito dos objetos externos a nós.
B) é importante distinguir dois tipos de sensação: a primeira, oriunda das coisas/objetos que se apresentam ao sujeito
cognoscente; a segunda é a sensação que é consequência da afecção experimentada por aquele mesmo sujeito.
C) é possível diferenciar o papel dos sentidos tanto naquilo que é próprio das coisas/objetos, como no que tange ao
próprio sujeito, já que a percepção sensível não é simplesmente a afecção provocada pelas coisas/objetos no sujeito
cognoscente.
D) as faculdades cognitivas humanas operacionalizam o conhecimento a partir dos dados da experiência sensível, disso
resulta que não é possível qualquer conhecimento que não tenha como referência ou ponto de partida os dados
oriundos da sensação.
18 “Durante o tempo em que os homens vivem sem um poder comum capaz de mantê‐los todos em temor respeitoso, eles
se encontram naquela condição a que se chama guerra; e uma guerra que é de todos os homens contra todos os
homens.” (HOBBES, Thomas. Leviatã, I, XIII. Apud MARÇAL, Jairo. (org.). Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009. p. 349.)
De acordo com o texto citado, é correto afirmar que
A) mesmo na ausência do poder comum é possível existirem relações justas entres os homens.
B) o poder comum estabelece as condições para que o homem viva uma situação menos conflituosa.
C) o ser humano compreende as noções de bem e de mal mesmo antes do surgimento do poder comum.
D) o poder comum mantém a condição de guerra de todos contra todos, já que há disputa pelo poder do soberano.
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19 “Autorizo e transfiro o meu direito de me governar a mim mesmo a este homem, ou a esta assembleia de homens, com a
condição de transferires para ele o teu direito, autorizando de uma maneira semelhante todas as suas ações. Feito isto,
à multidão assim unida numa só pessoa chama‐se República, em latim Civitas. É esta a geração daquele grande Leviatã,
ou antes (para falar em termos mais reverentes) daquele Deus mortal, ao qual devemos, abaixo do Deus imortal, a
nossa paz e defesa. Pois, graças a esta autoridade que lhe é dada por cada indivíduo na república, é‐lhe conferido o uso
de tamanho poder e força que o terror assim inspirado o torna capaz de conformar as vontades de todos eles, no
sentido da paz no seu próprio país, e da ajuda mútua contra os inimigos estrangeiros.” (HOBBES, Thomas. Leviatã, I, XVII. Apud MARÇAL, Jairo (org.). Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009. p. 365.)
“Eu tento (...) ver como, na vida cotidiana, nas relações que são aquelas entre os sexos, nas famílias, entre os doentes
mentais e as pessoas razoáveis, entre os doentes e os médicos, enfim, em tudo isso há inflações de poder. Dito de outro
modo, a inflação de poder, em uma sociedade como a nossa não tem uma única origem que seria o Estado e a
burocracia do Estado.” (FOUCAULT, Michel. Poder e saber. Apud MARÇAL, Jairo (org.). Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009. p. 242.)
De acordo com os textos citados, é correto afirmar que
A) Hobbes e Foucault partem da análise das relações cotidianas entre os indivíduos e acabam por concluir que as
relações de poder se originam juntamente com o surgimento do Estado, e têm no surgimento do Estado a sua causa.
B) Hobbes e Foucault partem da análise da condição natural do homem e da origem do Estado, e acabam por concluir
que é a partir do surgimento do próprio Estado que o poder se instaura nas relações cotidianas entre os indivíduos.
C) para Hobbes, somente com o surgimento do Estado tem‐se a possibilidade de organização do poder civil entre os
homens; ao passo que, para Foucault, a análise das relações de poder procura ultrapassar o binômio Estado‐
‐indivíduo.
D) a descrição do estado de natureza leva Hobbes a concluir que o poder surge concomitantemente à gênese do Estado;
Foucault conclui que as relações intersubjetivas cotidianas escondem relações de poder muito mais amplas que o
binômio Estado‐indivíduo.
20 “A Alma, enquanto racional, não pretende outra coisa senão o conhecimento e tampouco julga que coisa alguma lhe
seja útil senão o que leva ao conhecimento. Mas a Alma não tem certeza a respeito das coisas senão na medida em que
tem ideias adequadas, ou na medida em que raciocina. Logo, não existe coisa alguma que saibamos com certeza ser boa
para nós senão o que leva realmente ao conhecimento; e coisa alguma que saibamos, ao contrário, ser má, senão o que
impede que conheçamos. CQD.” (SPINOZA, Baruch. Ética, Apud MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. p. 92.)
O texto citado procura demonstrar a seguinte proposição na Ética, de Spinoza:
A) “O bem supremo da Alma é o conhecimento de Deus e a suprema virtude da Alma é conhecer Deus.”
B) “Nenhuma coisa pode ser má pelo que tem de comum com nossa natureza, mas é má para nós na medida em que
nos é contrário.”
C) “Não existe coisa alguma que saibamos com certeza ser boa ou má senão o que leva realmente ao conhecimento ou
pode impedir que conheçamos.”
D) “Nada de contingente é dado na natureza, mas tudo nela é determinado pela necessidade de a natureza divina existir
e produzir algum efeito de uma certa maneira.”
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21 “(...) se encontrarmos uma proposição, em primeiro lugar, que for pensada simultaneamente com sua necessidade,
então ela é um juízo a priori: se ela, além disso, não for também derivada de nenhuma que por sua vez seja ela mesma
válida como uma proposição necessária, então ela é absolutamente a priori. Em segundo lugar: a experiência jamais
fornece a seus juízos uma universalidade verdadeira ou estrita, mas somente suposta e comparativa (por indução), o
que propriamente tem de significar: o quanto percebemos até agora, não se encontra nenhuma exceção a esta ou
àquela regra. Portanto, se um juízo for pensado como universalidade estrita, isto é, de modo tal que não conceda
nenhuma exceção como possível, então ele não será derivado da experiência, mas válido de modo absolutamente a
priori.” (KANT, Immanuel. Crítica da razão pura, B3. Apud MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. p. 116.)
Segundo o trecho citado, é correto afirmar que
A) juízos necessários e estritamente universais são a priori.
B) a indução é necessária para a formação de juízos universais.
C) juízos necessários e estritamente universais dependem da experiência.
D) todo conhecimento ocorre por generalização a partir de dados observados.
22 “Em todos os juízos pelos quais declaramos algo belo não permitimos a ninguém ser de outra opinião, sem com isso
fundarmos nosso juízo sobre conceitos, mas somente sobre nosso sentimento; o qual, pois, colocamos a fundamento,
não como sentimento privado, mas como um sentimento comunitário <gemeinschaftliches>. Ora, esse sentido comum
não pode, para esse fim, ser fundado sobre a experiência; pois ele quer dar direitos a juízos que contem um dever; ele
não diz que qualquer um irá concordar com nosso juízo, mas que deve concordar com ele.” (KANT, Immanuel. Crítica da faculdade do juízo, Primeira Seção, Primeiro Livro. Apud DUARTE, Rodrigo. O belo autônomo. Belo Horizonte:
Autêntica/Crisálida, 2012. p. 136.)
De acordo com o texto citado, é correto afirmar que
A) um sentido comum é fundamento de um juízo que declara algo como belo, e tal juízo compreende um dever.
B) algo é declarado belo com base em conceitos que representam sentimentos compartilhados, exprimindo um sentido
comum.
C) o juízo de gosto é um exemplo objetivo conceitual, válido para constituir um sentido comum que sustente a
declaração de que algo é belo.
D) qualquer um deve concordar com o juízo de gosto de alguém se este estiver fundado em conceitos a priori que
correspondam ao sentido do belo.
23 “Em contraste direto com a filosofia alemã, que desce do céu para a terra, aqui nós ascendemos da terra para o céu.
Isso quer dizer que não partimos do que o homem diz, imagina ou concebe, nem do modo como o homem é descrito
em narrativas, pensado, imaginado, concebido, a fim de chegarmos ao homem de carne e osso. Partimos dos homens
reais, ativos, e assim, baseados em seu processo real de vida, demonstramos o desenvolvimento dos reflexos e ecos
ideológicos desse processo de vida.” (MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Ideologia Alemã. Apud MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. p. 138.)
A partir do trecho citado, é correto afirmar que Marx e Engels
A) consideram a superestrutura como fundamento da vida material.
B) sugerem a superação das condições materiais de vida pela aceitação da ideologia.
C) partem dos homens reais, ativos e, com isso, demonstram o desenvolvimento da ideologia que permeia a vida social.
D) tomam como ponto de partida o que os homens imaginam ou concebem acerca de si mesmos para então
descreverem o homem real.
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24 “O arrebatamento do estado dionisíaco, com seu aniquilamento das barreiras e limites ordinários da existência, contém, com efeito, enquanto perdura, um elemento letárgico no qual imerge tudo que foi pessoalmente vivenciado no passado. Assim, o mundo da realidade cotidiana e o mundo da realidade dionisíaca se separam por esse abismo do esquecimento. Tão logo, porém, aquela realidade cotidiana adentra a consciência, ela é, enquanto tal, sentida com nojo (...).”
(NIETZSCHE, Friedrich. O nascimento da tragédia, §7. Apud DUARTE, Rodrigo. O belo autônomo. Belo Horizonte: Autêntica/Crisálida, 2012. p. 246.)
De acordo com Nietzsche, em O nascimento da tragédia, o estado dionisíaco A) implica o esquecimento da realidade como um todo. B) promove uma imersão no passado, o que potencializa o cotidiano. C) dissolve o sentimento de nojo característico da imersão no mundo da realidade cotidiana. D) acarreta em um abismo entre o mundo da realidade cotidiana e o mundo da realidade dionisíaca.
25 “Na consciência (Bewusstheit) da verdade uma vez contemplada, o homem vê agora, por todos os lados, somente o terrível ou absurdo do ser, ele agora compreende o simbólico destino de Ofélia, ele agora reconhece a sabedoria do deus selvagem, Sileno: ele sente náuseas.”
(NIETZSCHE, Friedrich. O nascimento da tragédia, § 7. Apud DUARTE, Rodrigo. O belo autônomo. Belo Horizonte: Autêntica/Crisálida, 2012. p. 247.)
“Não posso dizer que me sinta aliviado nem contente; ao contrário, me sinto esmagado. (...) A Náusea não me abandonou e não creio que me abandone tão cedo; mas já não estou submetido a ela, já não se trata de uma doença, nem de um acesso passageiro; a Náusea sou eu. (...) (...) E sem formular claramente nada, compreendi que havia encontrado a chave da Existência, a chave de minhas Náuseas, de minha própria vida. De fato, tudo o que pude captar a seguir liga‐se a esse absurdo fundamental.”
(SARTRE, Jean‐Paul. A náusea. Apud MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. p. 163 e p. 166.)
Sobre os textos citados, é correto afirmar que a náusea A) está ligada à tomada de consciência da absurdidade ontológica da existência. B) rejeita toda concepção que atribui papel epistemológico e metafísico à transcendência. C) reflete uma postura radical de ateísmo que pretende instaurar outra concepção de moralidade. D) assume a condição de um niilismo total e irrestrito tanto do ponto de vista epistêmico, como do ponto de vista
moral.
26 “A proposição é um ser para a própria coisa que é. O que se verifica através da percepção? Somente o fato de que é o próprio ente que se visava na proposição. Alcança‐se a confirmação de que o ser que propõe para o proposto é uma demonstração daquele ente, o fato de que ele descobre o ente para o qual ele é. Verifica‐se o ser‐descobridor da proposição. Cumprindo a verificação, o conhecimento remete unicamente ao próprio ente.”
(HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo, § 44 a). In: MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. p. 158‐159.)
Sobre o texto citado, é correto afirmar que A) a verdade de uma proposição é dada a priori. B) a proposição é um ser‐descobridor do ente nela visado. C) a percepção é o critério para determinar a verdade em geral. D) o critério de verificação da verdade é a adequação do ente à proposição.
27 “O que quero dizer é que, por definição, a existência não é a necessidade. Existir é simplesmente estar presente; os entes aparecem, deixam que os encontremos, mas nunca podemos deduzi‐los. Creio que há pessoas que compreenderam isso. Só que tentaram superar essa contingência inventando um ser necessário e causa de si próprio.”
(Sartre, A náusea. Apud MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. p. 167‐168.)
Sobre o texto citado, é correto afirmar que A) o raciocínio dedutivo exclui a existência dos entes. B) essência e contingência se equivalem e são necessárias. C) a contingência é superada pela evidência de um ser necessário que é causa de si próprio. D) os entes vêm ao encontro e assim estão presentes antes que possam ser deduzidos como logicamente necessários.
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28 “Se alguém, por exemplo, diz que a proposição ‘Isto está aqui’ (apontando para um objeto diante de si) tem sentido para ele, então ele poderia perguntar‐se em que condições específicas se emprega realmente esta proposição.”
(WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações filosóficas, 117. Apud MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. p. 177.)
De acordo com o texto citado, a proposição “Isto está aqui” (quando é proferida apontando‐se para um objeto) A) é falsa, pois o que afirma pode ser relativo a um domínio sem sentido. B) tem um sentido relacionado às condições específicas em que ela é empregada. C) nada significa, uma vez que seu emprego pode ser relacionado a um contexto falso. D) é verdadeira na medida em que um objeto real externo à afirmação corresponde a ela.
29 “Na opinião dos sociólogos, a perda do apoio que a religião objetiva fornecia, a dissolução dos últimos resíduos pré‐ ‐capitalistas, a diferenciação técnica e social e a extrema especialização levaram a um caos cultural. Ora, essa opinião encontra a cada dia um novo desmentido. Pois a cultura contemporânea confere a tudo um ar de semelhança. O cinema, o rádio e as revistas constituem um sistema. Cada setor é coerente em si mesmo e todos o são em conjunto. Até mesmo as manifestações estéticas de tendências políticas entoam o mesmo louvor do ritmo de aço. Os decorativos prédios administrativos e os centros de exposição industriais mal se distinguem nos países autoritários e nos demais países.” (ADORNO, Theodor & HORKHEIMER, Max. “Indústria cultural: o esclarecimento como mistificação das massas”. In: Dialética do Esclarecimento.
Tradução Guido Antônio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2011. p. 99.)
Segundo o texto citado, a tese sociológica que defende a existência de um caos cultural é desmentida pelos fatos porque A) todos os setores se harmonizam em vista da instauração do caos garantido pelo consumo desenfreado e
desordenado. B) a pura racionalidade, pressuposto iluminista, insiste em sustentar o livre mercado, o qual garante o direito à
liberdade de expressão. C) a cultura contemporânea manifesta a dessemelhança própria do caos, e a vida assistemática de todos está submetida
à desordem da comunicação de massa. D) um ar de semelhança é conferido a tudo pela cultura contemporânea, tudo constitui um sistema em que setores de
comunicação, por exemplo, e manifestações estéticas se harmonizam entre si.
30 “Eu quero dizer que as relações de poder suscitam necessariamente, chamam a todo instante, abrem a possibilidade de uma resistência, e isso porque há a possibilidade de resistência real, que o poder daquele que domina tenta manter‐se com tanta força quanto possível, quanto maior a astúcia, maior a resistência. De modo que é muito mais a luta perpétua e multiforme que eu tento mostrar do que a dominação morna e estável de um aparelho uniformizador. Em todo lugar se está em luta – há a cada instante, a revolta da criança que põe o dedo no nariz à mesa para provocar seus pais, isso, pode‐se dizer que é uma rebelião.”
(FOUCAULT, Michel. Poder e saber. Apud MARÇAL, Jairo (org.). Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009. p. 241.)
De acordo com o trecho citado, é correto afirmar acerca do “poder” e da “resistência” que A) quanto maior for o poder, menor será a resistência. B) a resistência se diferencia da luta por seu caráter pacífico. C) o fato de haver resistência implica que onde há poder há luta. D) o poder apresenta um caráter uniformizador e a resistência se manifesta de maneira plural.
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QUESTÕES DISCURSIVAS
01 Disserte sobre a relação entre ser e conhecer. (Valor: 25 pontos)
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02 Disserte sobre a relação entre ética e bem. (Valor: 25 pontos)
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03 Disserte sobre a relação entre política e poder. (Valor: 25 pontos)
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04 Disserte sobre a relação entre filosofia e arte. (Valor: 25 pontos)
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INSTRUÇÕES
1. Material a ser utilizado: caneta esferográfica de tinta azul ou preta. Não é permitido o uso de corretores. Os objetos
restantes devem ser colocados em local indicado pelo fiscal da sala, inclusive aparelho celular desligado e
devidamente identificado.
2. Não é permitido ao candidato entrar e/ou permanecer no local de exame com armas ou utilizar aparelhos
eletrônicos (agenda eletrônica, bip, gravador, notebook, pager, palmtop, receptor, telefone celular, walkman, MP3
Player, Tablet, Ipod, relógio digital e relógio com banco de dados) e outros equipamentos similares, bem como
protetor auricular.
3. Durante a prova, o candidato não deve levantar‐se, comunicar‐se com outros candidatos.
4. A duração da prova é de 05 (cinco) horas, já incluindo o tempo destinado à entrega do Caderno de Provas e à
identificação – que será feita no decorrer da prova – e ao preenchimento do Cartão de Respostas (Gabarito) e
Folhas de Texto Definitivo (Discursivas).
5. Somente em caso de urgência pedir ao fiscal para ir ao sanitário, devendo no percurso permanecer absolutamente
calado, podendo antes e depois da entrada sofrer revista através de detector de metais. Ao sair da sala no término
da prova, o candidato não poderá utilizar o sanitário. Caso ocorra uma emergência, o fiscal deverá ser comunicado.
6. O Caderno de Provas consta de 30 (trinta) questões de múltipla escolha e 04 (quatro) questões discursivas. Leia‐o
atentamente.
7. As questões das provas objetivas são do tipo múltipla escolha, com 04 (quatro) opções (A a D) e uma única
resposta correta.
8. Ao receber o material de realização das provas, o candidato deverá conferir atentamente se o Caderno de Provas
corresponde ao curso a que está concorrendo, bem como se os dados constantes no Cartão de Respostas (Gabarito)
e Folhas de Texto Definitivo (Discursivas) que lhe foram fornecidos estão corretos. Caso os dados estejam
incorretos, ou o material esteja incompleto, ou tenha qualquer imperfeição, o candidato deverá informar tal
ocorrência ao fiscal.
9. Os fiscais não estão autorizados a emitir opinião e prestar esclarecimentos sobre o conteúdo das provas. Cabe única
e exclusivamente ao candidato interpretar e decidir.
10. O candidato poderá retirar‐se do local de provas somente a partir de 2 (duas) horas após o início de sua realização,
contudo, não poderá levar consigo o Caderno de Provas, sendo permitida essa conduta apenas no decurso dos
últimos 60 (sessenta) minutos anteriores ao horário previsto para o seu término.
RESULTADOS E RECURSOS
‐ As provas aplicadas, assim como os gabaritos preliminares das provas objetivas serão divulgados na Internet, no site
www.idecan.org.br, a partir das 16h00min do dia subsequente ao da realização das provas.
‐ O candidato que desejar interpor recursos contra o gabarito da parte objetiva da prova escrita e o resultado provisório
da parte discursiva da prova escrita disporá de 2 (dois) dias úteis, a partir das respectivas divulgações, utilizando o
endereço eletrônico do IDECAN (www.idecan.org.br), seguindo as instruções ali contidas.
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