Projeto Pedagógico da Escola e Avaliação Institucional no Contexto da Gestão Democrática
Maurits Cornelis Escher
Profª. Leonice Matilde Richter – FACIP/UFU ([email protected])
Profª. Maria Simone F. Pereira – FACIP/UFU ([email protected])
Profª. Olenir Maria Mendes – FACED/UFU ([email protected])
Grupo de Estudos e Pesquisas em Avaliação Educacional – GEPAE/UFU
Proposta de trabalho/objetivos
• Discutir alguns princípios da avaliaçãoinstitucional participativa.
• Relatar e discutir a experiência de AvaliaçãoInstitucional na Rede Municipal de Educaçãode Campinas: a luta por uma escola pública dequalidade.
L
Função Social da Escola e Avaliação: como entender essa
relação?
Como olhar essa Como olhar essa relação:
Informa e Oculta?Esconde e Mostra?
Dilemas na Avaliação
•A APRENDIZAGEM É EXPRESSÃO DO ESFORÇODOS/AS ESTUDANTES OU RESULTANTE DOTRABALHO PEDAGÓGICO?
•O/A PROFESSOR/A É O/A RESPONSÁVEL PELAQUALIDADE DO ENSINO DA INSTITUIÇÃO OUQUALIDADE DO ENSINO DA INSTITUIÇÃO OUAPENAS UM DOS ATORES IMPLICADOS NA SAÚDEDO PROJETO PEDAGÓGICO ?
•A AVALIAÇÃO É ESTRATÉGIA DEMONITORAMENTO DA QUALIDADE DO ENSINO OUINSTRUMENTO PARA CONTROLE DEPROFESSORES/AS E ESTUDANTES DA ESCOLA?
(SORDI, 2009)
Para início de conversa...
Anualmente: gasta-se milhões dereais para gerar dados de avaliaçãosobre instituições escolares, sobreos/as estudantes e professores/as.
Dados: normalmente não sãousados por quem tem condições depromover melhorias na escola(professores/as, especialistas,funcionários/as, estudantes, mães,pais ou responsáveis)
Freitas (2009)
Por um projeto
Início de um
problema
Problema nasce de uma
Especificidade da instituição projeto
de escolanasce de uma necessidade
Trabalho em
conjunto
Especificidade da instituição
Naturezanegociável
Natureza
participativa
NaturezaTransformadora
QUALIDADENatureza
Auto Reflexiva
Natureza Contextual
Natureza Processual
Natureza Formadora
QUALIDADE
Condições do projeto
Indicadores como horizonte de significados
para um compromisso
compartilhado
Garantia da qualidade
Avaliação institucional
Condição básica para
construção da qualidade
Avaliação da Aprendizagem – Sala de Aula
Avaliação Institucional -Escola
Só pode ser realizada no interior da escola: deve considerar a realidade específica
Escola
Avaliação Sistêmica
• AVALIAÇÃO = VERIFICAÇÃO• NEUTRA; SOMATIVA ; EXCLUDENTE ; DISCIPLINADORA; CLASSIFICATÓRIA
• DESCONTEXTUALIZADA ; CENTRADA NO/A PROFESSOR/A; NEGAÇÃO DA DIMENSÃO INFORMAL
• ÊNFASE NO FORMAL E BUROCRÁTICO
Avaliação como exame
Lógicas da AvaliaçãoLógicas da Avaliação
exame
• AVALIAÇÃO• PROCESSUAL; DIAGNÓSTICA; INBESTIGATIVA, INCLUDENTE; FORMATIVA; REFLEXIVA
• NÃO COMPARATIVA; AUTONOMIA INTELECTUAL; ACOMPANHAMENTO DO DESENVOLVIMENTO
• ELEMENTO PARA REORGANIZAÇÃO DA APRENDIZAGEM
Avaliação Formativa
EscolasAvaliação
Nacional
Estadual
Avaliação sistêmica
EscolasAvaliação
ExternaEstadual
Municipal
DISCURSO professado: avaliação a serviço da qualidade educativa
Nas entrelinhas do processo de avaliação sistêmica...
Políticas de
Avaliação
Escolas
Essa avaliação tem lidado de fato com os problema da Escola brasileira?
Sala de aula: aprendizagem?
Avaliação de sistemas educacionaisA CONTRADIÇÃO
Políticas de Avaliação: “lutam” pela inclusão e pelo ensino para todos e todas.
XX
Escola atual: finalidades não se destinam à inclusão e ensinopara todos e todas.Configurada ao longo da história moderna para dar o mínimode conhecimentos e habilidades às pessoas, separar os/asmais ‘competentes’ e ensinar de fato à esses/as.
(Freitas, 2005)
Limite à universalização da melhoria da qualidade da escola pública:
Avaliação a serviço da meritocracia liberal: limitada à medição do mérito –utilização de indicadores utilização de indicadores ‘neutros’ como o IDEB
Ocultação da desigualdade social: exclusão por dentro do sistema escolar -“exclusão branda” (Bourdieu)
Quanto mais se espera (ou secobra) da escola uma respostaconcreta para explicar/superar osíndices vergonhosos de proficiênciados/as estudantes obtidos nasdiferentes formas de avaliaçãoexterna que incidem sobre ela.
Menos se observa:
1. Nas políticas públicas umcompromisso efetivo;
2. Nos/as profissionais da educaçãouma disposição para se engajaremem processos de qualificaçãoescolar (Sordi , 2009).
O que fazer frente a essa constatação?
Há luz no fim dentro túnel?
Onde deve ser posto o esforço para que a escola pública ensine cada vez mais e melhor?
�Opção da escola
� Processo sistemático de análise de uma atividade ouinstituição
Avaliação Institucional
instituição
� Permite compreender, de forma contextualizada, todasas suas dimensões e implicações
� Estímulo ao seu aperfeiçoamento
Avaliação Institucional
�Compromisso e valorização dos diferentessujeitos da escola.
�Garantir ações participativas e dialógicas.
�“Múltiplos protagonistas se apresentam comigualdade de direitos, de voz e de poder” (FREITAS,
L. C.; SORDI, FREITAS; MALAVAZI)
Avaliação
Estudantes
FamíliasEquipe gestora
Múltiplos /as Protagonistas
ESCOLA: que temos? Avaliação
Institucional
Funcionários/as
Professores/as
Poder Público
que temos? Que
queremos?
• REALIDADE EXISTENTE
• AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL
Construção: problemas e soluções
Construção: problemas e soluções • REALIDADE
DESEJADA• ( PACTO DA QUALIDADE
A escola que temosA escola que temos
INSTITUCIONAL • ( PACTO DA QUALIDADE NEGOCIADA
A escola que queremos
A escola que queremos
PROJETO HISTÓRICO
Avaliação a serviço da qualidade social
QUALIDADESOCIAL
PROJETO PEDAGÓGICO
INFRA-ESTRUTURA
ATORES DA PROPOSTA
O Processo de Avaliação Institucional na Rede Municipal de Educação de Campinas: a luta por uma O Processo de Avaliação Institucional na Rede Municipal de Educação de Campinas: a luta por uma
escola pública de qualidade
• Pergunta orientadora do processo:
Como fazer da escola um local de discussão coletiva sobre os compromissos que ela assume, sobre os problemas que ela tem,
O Processo de Avaliação Institucional na Rede Municipal de Educação de Campinas
assume, sobre os problemas que ela tem, sobre as dificuldades que enfrenta para conseguir mais qualidade? (Freitas, Sordi,
Freitas e Malavazi, 2004)
A Voz dos/as Estudantes no Processo de AIP: a invisibilidade desses/as estudantes na busca pela qualidade
da escola
G é um adolescente que estuda em uma rede de ensino fundamentalmunicipal. Segundo ele, sua família não se importa muito com ele eera muito indisciplinado na escola. A escola de G faz parte de umainiciativa de criação de Comissões Próprias de Avaliação compostas porgestores, professores, funcionários, alunos e pais que regularmentediscutem a qualidade da escola. G integra esta Comissãorepresentando, junto com outros, os estudantes desta escola.
Aprendendo com GPublicado em 18/05/2013 por Luiz Carlos de Freitas
representando, junto com outros, os estudantes desta escola.
Recentemente, em um balanço desta experiência, G pediu a palavra efalou para uma plateia de 100 pessoas em uma Universidade daregião. Ele disse que havia pedido a palavra para agradecer ter podidoparticipar da experiência de pertencer a uma Comissão de Avaliaçãopois havia conseguido enxergar uma outra dimensão da escola ecompreendido como era inadequada a sua conduta. Agradeceutambém haver encontrado uma professora, que é representante dosdocentes na Comissão, que lhe havia mostrado um outro caminho.
Enquanto G falava, toda sua escola postava-se orgulhosa.Muitos da plateia choravam. Fiquei pensando o que tudo issotinha com “avaliação”. Imaginei meus colegas estatísticosnaquela situação e sua reação: certamente diriam que “faltouobjetividade”. Entretanto, aquela situação e a intervenção de Gestavam exatamente nos ensinando o que devemos entenderpor “qualidade social da educação”.
Aprendendo com GPublicado em 18/05/2013 por Luiz Carlos de Freitas
por “qualidade social da educação”.
Muitas vezes temos dificuldade para explicar este conceito. Aíestá um exemplo muito claro. Na qualidade social, as criançasvalem mais que as pontuações que obtiveram em testes.Certamente G não tem uma boa pontuação, mas quantovale (socialmente) ter resgatado G para a vida social – mesmoque fosse somente G naquela escola? Mesmo que G continuassecom pontuação baixa.
Na qualidade social, os testes são parte doprocesso, mas não definem o processo.Entretanto, focados em médias altas, asescolas podem não ter interesse em alunoscom médias baixas e descartar ações queviabilizem resgatar sua auto estima, elemento
Aprendendo com GPublicado em 18/05/2013 por Luiz Carlos de Freitas
viabilizem resgatar sua auto estima, elementofundamental para se recuperar seu interessepela escola e consequentemente aumentar suapontuação. Daí que a segregação territorialaumente com estas práticas voltadas paraelevação de médias – entre elas os bônus.
E porque alguns choravam? Certamentepor vários motivos, mas um é quasecerto: para nós professores, o sucesso denossos alunos – em sentido amplo esocial – é a nossa melhor recompensa.
Aprendendo com GPublicado em 18/05/2013 por Luiz Carlos de Freitas
social – é a nossa melhor recompensa.Para podermos produzir este efeito,entretanto, é preciso ter condições detrabalho e salários dignos e não bônus.
Fonte: http://avaliacaoeducacional.com/2013/05/18/aprendendo-com-g/
AI: processo valioso na produção da melhoria da educação pública
Política: considerar as condições concretas em que escolas operam e
Valorização da escola a partir
concretas em que escolas operam e compromissos que assumem
Princípios orientadores do
processo: construídos coletivamente e conhecidos por
todos/as
Atores sociais: concretizam o
trabalho na escola –sem eles e elas não há
mudanças na educação
escola a partir daqueles/as que fazem a escola
Por meio da AI: poder público pode
estabelecer política de avaliação
Razões Práticas e Razões Políticas para Defender Processos de Avaliação Institucional nas Escolas de Ensino Fundamental
‘As crianças precisam de uma escola pública de boa qualidade. E a resposta a este
chamamento social não pode prescindir da participação dos atores da escola. A saída é aprender a avaliar de um modo que nos é aprender a avaliar de um modo que nos faça sentido e assim, desestabilizar a cultura avaliativa que nos desconforta, pela proposição de uma outra alternativa’
(SORDI, 2009, p.11)
Desafios....Demandar do poder
público condições para garantir o
ensino/aprendizagem
Mobilização da comunidade
local
Compromisso Compromisso com os
resultados da avaliação
Ensinar aTODOS e TODAS e a
CADA UM/A
Qualquer coisa que acontece não se deve ao acaso, à fatalidade, mas é obra inteligente dos concidadãos.
Não há nesta ninguém à janela observando enquanto os poucos se sacrificam, abnegados no sacrifício;
e tampouco há quem esteja entocaiado à janela e que pretenda
usufruir o pouco bem que a atividade de poucos busca, e afogue
OS INDIFERENTES
atividade de poucos busca, e afogue a sua desilusão injuriando o
sacrificado, o abnegado, porque não teve êxito na sua tentativa.
Vivo, sou partigiano. Por isso odeio quem não parteggia, odeio os
indiferentes.
GRAMSCI
Referências • BONDIOLI, A. O projeto pedagógico da creche e sua
avaliação. Campinas: Autores Associados, 2004.
• FREITAS, L. C. Eliminação Adiada: O Ocaso das ClassesPopulares no Interior da Escola e a Ocultação da (Má)Qualidade do Ensino. Educ. Soc., Campinas, vol.28, n. 100,p.965 – 987, Especial – Out. 2007.
• FREITAS, Luiz Carlos [et. al.]. Avaliação educacional:caminhando pela contramão. Petrópolis – RJ: Vozes, 2009.
• SORDI, M. R. L. & SOUZA, E. S. A Avaliação como Instância
Mediadora da qualidade da Escola Pública: A Rede Municipalde Educação de campinas como Espaço deAprendizagem.Campinas, SP: Millennium Editora, 2009.
�a qualidade não é um dado de fato, não é um valorabsoluto, não é adequada a um padrão ou a normasestabelecidas a priori e do alto;
�debates entre pessoas e grupos que têm um interesse
Natureza negociável
�debates entre pessoas e grupos que têm um interesseem relação à rede educativa, que tem responsabilidadepara com ela, com a qual estão envolvidos/as de algummodo e que trabalham para explicitar e definir de modoconsensual, valores, objetivos, prioridades, idéias sobrecomo é a rede e como deveria ou poderia ser.
• Cada ator propõe um ponto de vista próprio (mãe, pai,professor/a, estudante, político) em relação à qualidade dacreche e age de acordo com esses fins;
• Perseguir a qualidade significa uma forma de negociaçãoentre atores sociais, com vistas a um acordo que resulte em
Natureza negociável
entre atores sociais, com vistas a um acordo que resulte emum trabalho produtivo;
• Significa que ela não é objetiva, mas de natureza ideológica;
• Considerar o embate entre os pontos de vista, ideias einteresses, um recurso e não uma ameaça.
• Não há qualidade sem participação;
Natureza participativa
• É a sinergia das ações dos atores ao buscarfins compartilhados que tornam efetiva apossibilidade de realizá-los;
• Fazer a qualidade não implica somente emagir, mas também um refletir sobre acapacidade de elas realizarem objetivos
Natureza auto-reflexiva
capacidade de elas realizarem objetivosconsensualmente definidos;
• Olhar para os nossos próprios limites;
• Natureza intersubjetiva e negociável;
• Não é um valor absoluto, pois os contextossão diferenciados;
Natureza contextual da qualidade
são diferenciados;
• As realidades locais que se propõe a colocar aqualidade em prática;
• Ocorre de acordo com a própria história e como que temos efetivamente;
• Não é um produto, um dado;
Natureza processual da qualidade
• Se desenrola com o tempo;
• Não se pode dizer nunca que esteja concluída;
Natureza transformadora
• Este é o ponto central;
• Todo o processo só tem sentido se promover atransformação;transformação;
• Isso só é possível com a “co-construção” designificados em torno da instituição e da rede;
• Reflexão compartilhada que enriquece osparticipantes;
Qualidade tem uma natureza formadora
• Produtor de cultura
Através da troca, a qualidade é construída e a formação constituída;
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