Projeto — A representação do índio brasileiro
Este projeto tem como objetivo propor uma reflexão
sobre as comunidades indígenas de antes — do
passado — e de hoje. A ideia é refletir sobre como o
INDÍGENA é visto no imaginário da sociedade atual e
como essa visão foi construída — ou reconstruída —
ao longo dos séculos.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Povos_ind%C3%ADgenas_do_Brasil
As perguntas que permearão todo este projeto são: Quem representa a figura do indígena em
nossa sociedade? Qual é o conceito de selvagem hoje? Qual a etimologia dessa palavra?
Espera-se que seja realizado um trabalho interdisciplinar de forma que seus efeitos provoquem
oportunidades de mudança na imagem do índio, tão importante para a nossa cultura.
Introdução
Educador, como procedimento inicial, sugere-se a leitura de alguns textos disponíveis na internet. Esses textos podem ajudá-lo a se instrumentalizar para as aulas seguintes.
1- O índio brasileiro no livro didático
2- Os índios antes do Brasil
3- Imagens de índios do Brasil: o século XVI
Para começo de conversa
1- Sugere-se, inicialmente, que você faça um diagnóstico da turma. A ideia é perguntar qual é o imaginário que se tem das comunidades indígenas hoje em dia e qual a sua proximidade com o passado. Pergunte também aos alunos:
Quando se fala em “índio” o que vem à memória?
Como eram os índios de antigamente?
E de não tão antigamente assim, como nos anos de 1800 ou 1900?
Onde estão os índios remanescentes hoje?
Em que situação eles vivem?
Há índios no Brasil que ainda não conhecem a urbanidade?
Professor, a palavra “índio” neste projeto sempre será usada como “o indivíduo de comunidade indígena”.
2- Ao terminar, sugere-se as seguintes canções. Pergunte aos alunos como os índios foram retratados nas músicas a seguir:
Qual o imaginário que se construiu do índio na música popular brasileira dos anos de 1970 até hoje?
Um Índio
Caetano Veloso
Um índio descerá de uma estrela colorida, brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul
Na América, num claro instante
Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias
Virá
Impávido que nem Muhammad Ali
Virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri
Virá que eu vi
tranquilo e infalível como Bruce Lee
Virá que eu vi
O axé do afoxé Filhos de Gandhi
Virá
Um índio preservado em pleno corpo físico
Em todo sólido, todo gás e todo líquido
Em átomos, palavras, alma, cor
Em gesto, em cheiro, em sombra, em luz, em som magnífico
Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico
Do objeto-sim resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará
Não sei dizer assim de um modo explícito
Virá
Impávido que nem Muhammad Ali
Virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri
Virá que eu vi
Tranquilo e infalível como Bruce Lee
Virá que eu vi
O axé do afoxé Filhos de Gandhi
Virá
E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio
Índios
Renato Russo
Quem me dera Ao menos uma vez
Ter de volta todo o ouro Que entreguei a quem
Conseguiu me convencer Que era prova de amizade Se alguém levasse embora
Até o que eu não tinha Quem me dera
Ao menos uma vez Esquecer que acreditei Que era por brincadeira Que se cortava sempre
Um pano-de-chão De linho nobre e pura seda
Quem me dera Ao menos uma vez
Explicar o que ninguém Consegue entender: Que o que aconteceu
Ainda está por vir E o futuro não é mais
Como era antigamente. Quem me dera
Ao menos uma vez Provar que quem tem mais
Do que precisa ter Quase sempre se convence
Que não tem o bastante Fala demais
Por não ter nada a dizer. Quem me dera
Ao menos uma vez Que o mais simples fosse visto
Como o mais importante Mas nos deram espelhos
E vimos um mundo doente. Quem me dera
Ao menos uma vez Entender como só Deus Ao mesmo tempo é três
Esse mesmo Deus Foi morto por vocês É só maldade então
Deixar um Deus tão triste.
Eu quis o perigo E até sangrei sozinho
Entenda! Assim pude trazer
Você de volta pra mim Quando descobri
Que é sempre só você Que me entende
Do início ao fim.
E é só você que tem A cura do meu vício
De insistir nessa saudade Que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.
Quem me dera Ao menos uma vez
Acreditar por um instante Em tudo que existe
E acreditar Que o mundo é perfeito Que todas as pessoas
São felizes...
Quem me dera Ao menos uma vez
Fazer com que o mundo Saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim Ninguém lhe diz
Ao menos obrigado.
Quem me dera / Ao menos uma vez Como a mais bela tribo Dos mais belos Índios
Não ser atacado / Por ser inocente.
Eu quis o perigo / E até sangrei sozinho Entenda! Assim pude trazer
Você de volta pra mim Quando descobri
Que é sempre só você Que me entende Do início ao fim.
E é só você que tem A cura pro meu vício
De insistir nessa saudade Que eu sinto / De tudo que eu ainda não vi.
Nos deram espelhos / E vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui.
Baila Comigo
Rita Lee
Se Deus quiser, um dia eu quero ser índio Viver pelado, pintado de verde num eterno domingo
Ser um bicho preguiça e espantar turista
E tomar banho de sol, banho de sol, banho de sol, sol
Se Deus quiser um dia acabo voando
Tão banal, assim como um pardal, meio de contrabando Desviar de estilingue, deixar que me xinguem
E tomar banho de sol, banho de sol, banho de sol, banho de sol Baila comigo, como se baila na tribo Baila comigo, lá no meu esconderijo
Se Deus quiser um dia eu viro semente
E quando a chuva molhar o jardim, ah, eu fico contente E na primavera vou brotar na terra
E tomar banho de sol, banho de sol, banho de sol, sol
Se Deus quiser um dia eu morro bem velha Na hora "H" quando a bomba estourar quero ver da janela
E entrar no pacote de camarote
Vamos brincar de índio
Xuxa
Vamos brincar de índio Mas sem mocinho pra me pegar...
Venha pra minha tribo Eu sou cacique, você é meu par...
Índio fazer barulho Índio ter seu orgulho
Vem pintar a pele para a dança começar
Pego meu arco e flecha Minha canoa e vou pescar
Vamos fazer fogueira Comer do fruto que a terra dá
Índio fazer barulho Índio ter seu orgulho
Índio quer apito Mas também sabe gritar
Índio não faz mais lutas
Índio não faz guerra Índio já foi um dia
O dono dessa terra Índio ficou sozinho
Índio querer carinho Índio querer de volta a sua paz.
Todo Dia Era Dia de Índio
Baby do Brasil
Curumim, chama Cunhatã Que eu vou contar
Curumim, chama Cunhatã Que eu vou contar
Todo dia era dia de índio Todo dia era dia de índio
Curumim, Cunhatã / Cunhatã, Curumim Antes que o homem aqui chegasse
Às Terras Brasileiras Eram habitadas e amadas
Por mais de 3 milhões de índios Proprietários felizes
Da Terra Brasilis Pois todo dia era dia de índio / Todo dia era dia de índio
Mas agora eles só tem O dia 19 de Abril
Mas agora eles só tem O dia 19 de Abril
Amantes da natureza Eles são incapazes
Com certeza De maltratar uma fêmea
Ou de poluir o rio e o mar Preservando o equilíbrio ecológico
Da terra, fauna e flora Pois em sua glória, o índio É o exemplo puro e perfeito
Próximo da harmonia Da fraternidade e da alegria
Da alegria de viver! / Da alegria de viver! E no entanto, hoje O seu canto triste
É o lamento de uma raça que já foi muito feliz Pois antigamente
Todo dia era dia de índio / Todo dia era dia de índio Curumim,Cunhatã / Cunhatã,Curumim
Terêrê,oh yeah! / Terêreê,oh!
3- Após toda a discussão de como os índios são construídos pela MPB, compartilhe com os estudantes o texto indicado no link abaixo. Se for possível, indicamos a leitura integral da obra. Os dois textos tematizam as comunidades indígenas no Brasil: antes e hoje em dia. Ao terminar, FAÇA as atividades que se seguem com os alunos.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93132001000100010
QUESTÃO 01 Qual o assunto do livro tratado pelo texto anterior?
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QUESTÃO 02 Segundo o texto, o livro questiona muitas informações sobre a história dos índios, desde antes de 1500. Que teorias eram apresentadas antes? ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 03 Que dificuldades o autor relata na descoberta da sustentação das hipóteses atuais?
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QUESTÃO 04 A partir da fotografia a seguir, descreva como é a figura do índio brasileiro entre 1500 e 1800.
Botocudos do sul da Bahia, 1875, foto de Marc Ferrez (Coleção Gilberto Ferrez, Acervo Instituto Moreira Salles) TACCA, Fernando de. O índio na fotografia brasileira: incursões sobre a imagem e o meio. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.18, n.1, jan.-mar. 2011, p.191-223.
http://www.scielo.br/pdf/hcsm/v18n1/12.pdf
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Disponibilize os textos a seguir para a turma e solicite que os alunos respondam às questões:
<http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/indios-o-brasil-antes-do-
descobrimento.htm>.
<http://anacris-rj.blogspot.com.br/2013/04/o-indio-de-ontem-e-de-hoje.html>.
<http://planetasustentavel.abril.com.br/planetinha/fique-
ligado/conteudo_planetinha_449278.shtml>.
QUESTÃO 01 INDIQUE quando o povoamento na América do Sul teve início. ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 02 EXPLIQUE como essa data foi alcançada pelos pesquisadores. ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 03 EXPLIQUE o porquê de as nações — Tupi e Guarani — foram as que mais se destacaram entre os anos de 1500. ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 04 INDIQUE quais são as duas línguas “tronco” em 9000 a.C. ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 05 INDIQUE quando as nações Tupi e Guarani surgiram. ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 06 INDIQUE quantos indígenas havia no Brasil na chegada dos portugueses. ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 07 EXPLIQUE a proximidade entre as tribos dos Tupi e Guarani. ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 08 EXPLIQUE como era a sobrevivência das comunidades indígenas desta época. ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 09 EXPLIQUE por que as comunidades indígenas migravam. ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 10 DESCREVA como eram as “casas” nas comunidades indígenas. ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 11 Havia alguma proximidade entre tribos de diferentes países? Como isso acontecia? Onde? ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 12 O que era uma TABA? ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 13 EXPLIQUE como era a divisão de trabalho nas comunidades indígenas. ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 14 EXPLIQUE se as comunidades indígenas tinham religião. ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 15 PRODUZA um pequeno texto explicando como as comunidades indígenas reagiram à colonização. ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 16 INDIQUE onde vive a maior parte das comunidades indígenas hoje no Brasil. Como vivem? Há pobreza em algumas tribos? ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 17 EXPLIQUE quais são os maiores problemas enfrentados, hoje em dia, pelas comunidades indígenas. ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 18 EXPLIQUE se há, ainda hoje, comunidades indígenas isoladas no país, sem a presença ou proximidade do homem branco. ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 19 INDIQUE palavras e hábitos que as pessoas urbanas herdaram das comunidades indígenas do passado. ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 20 Quando se pensa, hoje em dia, nas comunidades indígenas, que imagens se têm de seus pertencentes? Como é, hoje em dia, o imaginário que se faz do índio? ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 21 Há escolas direcionadas à comunidade indígena hoje no Brasil. O que se ensina nessas escolas? Quem ensinava as comunidades indígenas quando não havia escolas? Que parte da cultura indígena ainda hoje é preservada? ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 22 O que as comunidades indígenas remanescentes no país têm que seus antepassados não tinham? ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 23 As comunidades indígenas atuais lutam pelo quê? Contra quem? ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 24 Como a Constituição se refere aos índios brasileiros? Quais garantias e distinções eles têm? ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 25 As imagens a seguir são de cenas atuais dos índios em suas comunidades. Apesar do terrível aculturamento do homem branco, ainda hoje é possível encontrar cenas como as retratadas. FAÇA uma descrição da cena e PRODUZA uma reflexão sobre os efeitos desse aculturamento na vida das comunidades indígenas.
<http://oglobo.globo.com/brasil/os-awa-pelas-lentes-de-sebastiao-salgado-9338916>.
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<http://oglobo.globo.com/brasil/os-awa-pelas-lentes-de-sebastiao-salgado-9338916>.
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<http://oglobo.globo.com/brasil/os-awa-pelas-lentes-de-sebastiao-salgado-9338916>.
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QUESTÃO 26 DESCREVA as imagens a seguir. Elas são de cenas antigas do Marechal Rondon; são exemplos do terrível aculturamento do homem branco.
FONTES ORGINAIS: Fotogramas
do filme Ronuro: selvas do Xingu, de 1932 (Museu do Índio)
http://www.scielo.br/pdf/hcsm/v18n1/12.pdf TACCA, Fernando de. O índio na fotografia brasileira: incursões sobre a imagem e o meio. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.18, n.1, jan.-mar. 2011, p.191-223.
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Combinação de textos Sobre as imagens trazidas pela QUESTÃO 26, os textos abaixo e a capa da Revista Veja a seguir. TEXTO 01
Na publicação de Índios do Brasil, fotogramas cinematográficos mesclam-se a fotografias e criam uma nova ordem narrativa, e o fato de cenas de aculturação não terem sido aproveitadas na montagem dá ao filme uma impressão bruta da existência ainda tradicional desse grupo étnico, como uma espécie de mito de origem da nação brasileira, um índio tradicional, ainda ‘selvagem’. A revista O Cruzeiro publicou, entre 1944 e 1949, uma série de reportagens sobre a Expedição Xingu-Roncador e proporcionou ao grande público uma participação mediática no processo de pacificação realizado pelo Estado, mas apontou a existência de populações ainda sem contato e vivendo de forma tradicional. A imagem do índio tradicional contribui para a formação de um imaginário coletivo sobre o índio no Brasil, e devemos principalmente à Comissão Rondon e à revista O Cruzeiro a sedimentação dessa visão, ainda presente nos dias de hoje. Se retrocedermos um pouco mais de uma dezena de anos, podemos observar a ideia de ‘selvagem’ na polêmica reportagem da revista Veja sobre o caso Paulinho Paiacã, que denunciava um possível estupro de uma moça branca, cujo acusado foi depois julgado e inocentado. A capa da revista mostrava-o em pinturas tradicionais com o título “O selvagem” (em letras maiúsculas) e levantava dúvidas acerca de considerar Paulinho Paiacã um índio, pois ele dirigia, possuía carro e pilotava avião, além de ter certa estabilidade econômica. Para a revista Veja, ao índio caberia somente uma existência tradicional, sendo-lhe vedadas aculturações, mas o título induzia o leitor a uma ambiguidade perversa, permitindo entender que o estupro seria natural da condição ‘primitiva’ (Macllum, 2001). Paulinho Paiacã era uma liderança ecológica, com reconhecimento internacional, e a reportagem foi publicada em plenos ventos da ECO 92, no Rio de Janeiro. A chamada de capa foi sensacionalista: “O SELVAGEM – Cacique-símbolo da pureza ecológica tortura e estupra uma estudante branca e foge em seguida para sua tribo” (O selvagem..., 10 jun. 1992). Vê-se, então, que ainda ao final do século XX a imprensa alimentava o imaginário nacional com a ideia de uma presença ‘selvagem’ como valor moral, entre os indígenas brasileiros.
TACCA, Fernando de. O índio na fotografia brasileira: incursões sobre a imagem e o meio. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.18, n.1, jan.-mar. 2011, p.191-223.
TEXTO 02
<http://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/viewFile/10818/8036>.
TEXTO 03
Capa da revista Veja, 10 jun.1992, em que foi publicada a matéria “O selvagem”.
TEXTO 04
<http://frasesproface.blogspot.com.br/2012/08/civilizado-vs-nao-civilizado.html>. Acesso em: 14 set. 2012.
Atividades finais QUESTÃO 01 Considerando a relação entre os textos 1, 2, 3 e 4, PRODUZA um pequeno texto, construindo uma definição para a ideia do que seja “selvagem” antes e hoje. ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 02
Na parte superior da imagem do TEXTO 04, é possível ver um índio navegando e pescando com a expressão “Não-civilizado” e abaixo um homem navegando por um rio poluído com a expressão “civilizado”. OLHE bem esta imagem, considerando a afirmação anterior e, posteriormente, FAÇA o que se pede.
A ironia consiste em dizer algo pelo seu oposto. Ou seja, quando um pai diz “Meu filho é um anjinho” querendo afirmar que a criança é terrível, temos aí um caso de ironia.
a) Civilidade significa boas maneiras em sociedade. EXPLIQUE, portanto, a ironia da legenda “civilizado” e “não-civilizado” da imagem. ______________________________________________________________________________________________
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b) RELACIONE a ironia trazida pela imagem e a notícia trazida pelo texto 01 e posteriormente RESPONDA: De que forma devemos olhar os povos indígenas sem sermos preconceituosos? ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 03
Sobre a capa da Revista Veja trazida pelo texto 03, RESPONDA a seguir. a) Como o homem de comunidade indígena foi caracterizado na capa? ______________________________________________________________________________________________
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b) Na capa, com qual possível finalidade o cacique indígena foi caracterizado dessa forma? ______________________________________________________________________________________________
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c) Como a vítima foi caracterizada? ______________________________________________________________________________________________
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d) Com qual finalidade a vítima foi caracterizada dessa forma?
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e) Levante uma hipótese que justifique a construção desse fato ter ganhado destaque na capa da revista e outros, de mesma relevância e crueldade, não. ______________________________________________________________________________________________
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f) PRODUZA um pequeno parágrafo explicando a estratégia linguística da capa e os possíveis efeitos de sentido na construção imagética equivocada de uma minoria: povos indígenas. ______________________________________________________________________________________________
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QUESTÃO 04
O livro O Guarani, do autor José de Alencar, foi escrito em 1854, mas a história se passa no período pós-descobrimento do Brasil, em que as primeiras capitanias constroem fortalezas, no país, a fim de explorá-lo.
Leia esta obra (ou seu resumo junto à capa) e COMPARE a capa deste livro à capa da revista Veja, trazida pelo texto 03.
ELABORE um texto dissertativo-argumentativo explorando as visões dissonantes do imaginário indígena, ora como a personificação da retidão humana (José de Alencar), ora como o criminoso (Revista Veja).
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Para encerrar Para terminar este projeto, segue abaixo um texto sobre a preservação da cultura indígena.
Preservação da cultura indígena
De acordo com o Censo do ano de 2010, (IBGE), no Brasil existem duzentas e setenta e quatro línguas indígenas
faladas. É um número grande, entretanto pouco expressivo no que se refere à regularidade e número de falantes.
O site de pesquisa endangeredlanguages.com ligado ao motor de busca Google desenvolveu um projeto de extrema
importância para a preservação de línguas ameaçadas de extinção no mundo e no Brasil. De acordo com site, “a
documentação de mais de três mil línguas que estão à beira da extinção é um passo importante para preservar a
diversidade cultural, honrar a sabedoria de nossos idosos e dar poder aos jovens". Dentre os idiomas catalogados,
está o Krenak que, segundo o site, foi considerado como “severamente em risco” de desaparecer. O site informa que
esse idioma foi e é falado em poucas comunidades indígenas, como a localizada no nordeste de Minas Gerais, no leste
da bacia do Rio Doce, entre as cidades de Resplendor e Conselheiro Pena, em um lugar chamado Terra Indígena
Fazenda Guarani ou Terra indígena Krenak.
O idioma Krenak é falado por apenas dez pessoas dessa comunidade e já não é passado mais de geração em geração
dado o número muito pequeno de falantes. Os Krenak são os últimos Botucudos do Leste e, segundo pesquisa do
documentário produzido sobre essa tribo indígena, foram “vítimas de constantes massacres decretados como ‘guerras
justas’ pelo governo colonial no Brasil. Hoje, vivem numa área reduzida, reconquistada com grandes dificuldades”,
espalhados em pequenas localidades em Minas Gerais, Mato Grosso e São Paulo. Esse documentário foi produzido
pela Secretaria de Cultura de São Paulo há alguns anos e tem a direção de Luiz de Franco Neto e Maurício Moreira.
O documentário, além de disponível no site sobre linguagens (ver primeiro parágrafo) também faz parte do acervo do
Museu Histórico e Pedagógico Índia Vanuíre (Tupã/SP). De acordo com dados do Museu, pode-se encontrar no acervo
de forma preservada “a cultura material das etnias indígenas brasileiras e de sua contribuição na formação do Brasil
através de seu acervo etnográfico, constituído por instrumentos de caça, trabalho, uso doméstico, objetos ritualísticos
e relacionados a outras atividades cotidianas dos índios, além de objetos que preservam a memória da cidade de Tupã”
no Estado de São Paulo.
Já a Universidade de Melbourne da Austrália também tem um projeto desenvolvido no Brasil. O projeto tem como
objetivo se embrear na floresta amazônica, catalogando e gravando com smarthphones a fala das comunidades
indígenas. O aplicativo desenvolvido é bem simples, pois os próprios aos falantes gravavam a língua utilizada e fazem
a tradução com ícones, desenhos já programados. Essa experiência é diferente também pelo fato de tornar os falantes
das dessas comunidades mais participativos na experiência de preservação cultural.
Reproduzir essas pesquisas na escola é de importância ímpar. O idioma se mantém vivo à medida que é escutado e
como parte de uma cultura, compreendida. Vivificar a cultura das comunidades indígenas em nossa sociedade é voltar-
se à origem, voltar a si mesmo. Não com o olhar de diferença, mas de diversidade. Somos todos parte disso e é esse
‘sincretismo’ étnico e de raça que nos faz um povo diferente, melhor.
Referências
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Outros livros, sites e museus:
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DUARTE, Rogério. Olhares do infinito: notas sobre a obra de Claudia Andujar. Studium,
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FLUSSER, Vilém. Filosofia da caixa-preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia. São
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MACLLUM, Cecília. O ‘Paikan’ da Veja: mídia, modernismo e a imagem do índio no Brasil.
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Revista: “O SELVAGEM”
O selvagem: cacique-símbolo da pureza ecologia tortura e estupra uma estudante branca e foge
em seguida para sua tribo. Veja, São Paulo, n.1238, p.68-73. 10 jun. 1992.
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