Caracterização das populações de Salmo trutta e
de Squalius torgalensis nos rios Paiva e Mira
Relatório final das campanhas de monitorização da ictiofauna
efectuadas pelo Centro de Biociências do ISPA, no âmbito da execução
do projecto LIFE+ ECOTONE
Outubro 2015
Projecto LIFE ECOTONE – caracterização das populações de Salmo trutta e Squalius torgalensis nos rios Paiva e Mira
2015
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Título: Caracterização das populações de Salmo trutta e de Squalius torgalensis nos
rios Paiva e Mira
Ano: 2015
Entidade contratante: Quercus, ANCN
Execução: Centro de Biociências do ISPA
Equipa técnica:
Carla Sousa Santos
Cristina Lima
Joana Robalo
Sara Francisco
Âmbito:
Relatório final das campanhas de monitorização da ictiofauna efectuadas pelo Centro
de Biociências do ISPA, no âmbito da execução do projecto “ECÓTONE – Management
of riparian habitats towards the conservation of endangered invertebrates”, co-
financiado pelo Programa LIFE+ da União Europeia, através do contrato LIFE09
NAT/PT000073.
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Índice
1. Enquadramento .................................................................................................................... 4
2. Área de estudo ...................................................................................................................... 5
3. Metodologia ......................................................................................................................... 6
3.1 Amostragem ....................................................................................................................... 6
3.2 Variáveis ambientais .......................................................................................................... 7
3.3 Amostragem da ictiofauna ................................................................................................. 8
3.4 Análise de dados ................................................................................................................. 9
4. Resultados ........................................................................................................................... 10
4.1. Rio Paiva .......................................................................................................................... 10
4.1.1 Caracterização dos habitats ...................................................................................... 10
4.1.2 Composição da comunidade piscícola ...................................................................... 11
4.1.3 Distribuição espacial da comunidade piscícola ........................................................ 12
4.1.4 Distribuição por classes etárias ................................................................................. 14
4.1.5 Variação da comunidade piscícola entre 2012 e 2015 ............................................. 18
4.2.1 Caracterização dos habitats ...................................................................................... 21
4.2.2 Composição da comunidade piscícola ...................................................................... 22
4.2.3 Distribuição espacial da comunidade piscícola ........................................................ 23
4.2.4 Distribuição por classes etárias ................................................................................. 26
4.2.5 Variação da comunidade piscícola entre 2012 e 2015 ............................................. 32
5. Considerações finais ............................................................................................................... 34
7. Anexos ..................................................................................................................................... 39
7.1 Anexo I ............................................................................................................................... 39
7.2 Anexo II .............................................................................................................................. 41
7.3 Anexo III ............................................................................................................................. 48
7.4 Anexo IV ............................................................................................................................ 49
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1. Enquadramento
O presente relatório é o produto final do trabalho desenvolvido pelo Centro de Biociências
do ISPA – Instituto Universitário (cBio/ISPA-IU), no âmbito da execução do projecto “ECÓTONE
– Management of riparian habitats towards the conservation of endangered invertebrates”, co-
financiado pelo Programa LIFE+ da União Europeia, através do contrato LIFE09 NAT/PT000073.
De acordo com o contrato realizado, coube à equipa técnica do cBio/ISPA-IU a realização de
saídas de campo no SIC “Rio Paiva” e no SIC “Costa Sudoeste” com o objectivo de caracterizar
as populações de Truta Salmo trutta Linnaeus, 1758 no Rio Paiva e de Escalo do Mira Squalius
torgalensis (Coelho, Bogutskaya, Rodrigues & Collares-Pereira, 1998) no Rio Mira. Estas duas
espécies são hospedeiras obrigatórias das naíades de Margaritifera margaritifera e Unio
tumidiformis que se alojam nas brânquias dos peixes nos primeiros estádios de vida. O
recrutamento das populações destas espécies de bivalves ameaçados está, pois, dependente de
densidades de peixes suficientemente altas na altura em que os adultos emitem as larvas para
a coluna de água para que haja uma probabilidade considerável de infestação dos hospedeiros.
A existência de populações estáveis e numerosas de Truta Salmo trutta e de Escalo do Mira
Squalius torgalensis é, portanto, crucial para a conservação das populações ameaçadas de
bivalves Margaritifera margaritifera e Unio tumidiformis nos rios Paiva e Mira.
Este trabalho foi efectuado em dois momentos distintos, em 2012 e 2015, para que fosse
possível a monitorização dos impactes das intervenções realizadas no âmbito do projecto
ECÓTONE. Assim, o presente relatório inclui os resultados das campanhas efectuadas em 2015
e estabelece as devidas comparações com a situação de referência (em 2012), identificando os
contrastes detectados e propondo medidas a implementar no futuro.
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2. Área de estudo
O Rio Paiva é um tributário da margem esquerda do Rio Douro, com uma bacia
hidrográfica de cerca de 77 km2 e um regime hidrológico de carácter permanente. Pelo
contrário, o Rio Mira, com uma bacia hidrográfica de 1575 km2, é um rio tipicamente
Mediterrânico, com um regime hidrológico temporário que inclui caudais turbulentos no
Inverno e acentuadas reduções de caudal durante os meses de estio, frequentemente com
interrupção da conectividade fluvial.
No que respeita à ictiofauna, os dois rios apresentam composições específicas díspares,
embora predominem os ciprinídeos em ambos os casos. As espécies nativas com ocorrência
registada para o Rio Paiva são a Truta Salmo trutta Linnaeus, 1758, o Escalo-do-Norte Squalius
carolitertii (Doadrio, 1987), o ruivaco Achondrostoma oligolepis (Robalo, Doadrio, Almada &
Kottelat, 2005), a Boga-de-boca-recta Pseudochondrostoma duriense (Coelho, 1985), o Barbo-
comum Luciobarbus bocagei (Steindachner, 1864), a Enguia Anguilla anguilla Linnaeus, 1758 e
a verdemã Cobitis paludica (De Buen, 1929) - Ribeiro et al. 2007. Por outro lado, as espécies
nativas que ocorrem no Rio Mira são o Escalo-do-Mira Squalius torgalensis (Coelho, Bogutskaya,
Rodrigues & Collares-Pereira, 1998), o Barbo-do-Sul Luciobarbus sclateri (Günther, 1868), a
Boga-do-Sudoeste Iberochondrostoma almacai (Coelho, Mesquita & Collares-Pereira, 2005), a
Enguia Anguilla anguilla Linnaeus, 1758, o Esgana-gata Gasterosteus aculeatus Linnaeus, 1758
e a Verdemã Cobitis paludica (De Buen, 1929) - Ribeiro et al. 2007.
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3. Metodologia
3.1 Amostragem
Foram amostrados, em Julho e Agosto de 2015, os 21 locais seleccionados como pontos
de amostragem para a ictiofauna nos Rios Paiva e Mira (n=9 e n=12, respectivamente), com base
no tipo de habitat presente e na acessibilidade ao rio, e previamente amostrados em 2012
(Figuras 1 e 2). As coordenadas geográficas e fotografias de cada ponto de amostragem são
apresentadas, respectivamente, nas Tabelas I.1 e I.2 do Anexo I e nas Figuras II.1-20 do Anexo
II.
Figura 1 | Localização geográfica dos pontos de amostragem no Rio Paiva.
Figura 2 | Localização geográfica dos pontos de amostragem na Ribeira do Torgal, Rio Mira.
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3.2 Variáveis ambientais
Com vista à caracterização ambiental dos pontos de amostragem, foram analisados os
seguintes parâmetros (ver Anexo III - Ficha de campo), baseados no protocolo de campo
sugerido pelo Programa Nacional de Monitorização de Recursos Piscícolas e de Avaliação da
Qualidade Ecológica de Rios (Oliveira et al. 2007):
1. Largura máxima (metros)
2. Profundidade máxima (centímetros)
3. Transparência (0: transparente, 1: turvo, 2: muito turvo)
4. Ensombramento do sector (0: ausente, 1: <30%, 2: 30-60%, 3: >60%)
5. Cor da água (0: sem cor, 1: esverdeada, 2: acastanhada)
6. Percentagem relativa de cada habitat fluvial: rápido (riffle), escorrência (run) e remanso (pool)
7. Abrigos disponíveis (T: troncos, P: pedras, R: raízes, V: vegetação)
8. Vegetação dominante (A: algas filamentosas, M: musgos, P: plantas superiores)
9. Abundância de macrófitos hidrófitos e helófitos (0: ausente, 1: esparsa, 2: intermédia, 3:
abundante)
10. Abundância de detritos lenhosos (0: ausente, 1: esparsa, 2: intermédia, 3: abundante)
11. Substracto dominante e sub-dominante (<0.5mm: silte e argila, 0.5-5mm: areia, 5-50mm:
gravilha pequena, 50-100mm: gravilha grande, 100-200mm: pedras pequenas, 200-300mm:
pedras grandes, 300-600mm: blocos pequenos, >600mm: blocos grandes, RM: rocha mãe)
12. Percentagem de finos
13. Complexidade da galeria ripícola (0: ausente, 1: uniforme, 2: simples, 3: complexa)
14. Continuidade das margens (100%: contínua, 75-100%: semi-contínua, ~50%: interrompida,
<50%: esparsa, 0%: ausente)
15. Vegetação nas margens (B: briófitos, ERb: Ervas e relvas baixas, Era: ervas e relvas, Ab: arbustos,
Ar: Árvores)
16. pH
17. Temperatura da água (ºC)
18. Condutividade (uS/cm)
19. Sólidos dissolvidos totais (TDS - ppm)
20. Oxigénio dissolvido (ppm e %)
21. Concentração de nitritos (mg/L)
22. Concentração de nitratos (mg/L)
23. Concentração de amónia (mg/L)
24. Concentração de fosfatos (mg/L)
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A largura e profundidade máximas do sector foram medidas com recurso a fita métrica
extensível e vara graduada, respectivamente. Os parâmetros 16 a 20 foram medidos com sonda
multiparamétrica (Hanna instruments®, modelo HI 9829-00042) e os parâmetros 21 a 24 foram
calculados através de testes colorimétricos (kit comercial JBL®). Os procedimentos adoptados
foram registados na Figura IV.1 do Anexo IV.
3.3 Amostragem da ictiofauna
A amostragem da ictiofauna foi efectuada recorrendo à técnica de pesca eléctrica com
dois operadores, de acordo com os procedimentos descritos por Oliveira et al. (2007) – Figura
3. Foi utilizado um aparelho portátil de pesca eléctrica (SAMUS® 725G), com ajustamento das
características da corrente eléctrica de acordo com a condutividade do local e de modo a
maximizar a eficácia da amostragem. Este método permite a captura de indivíduos sem
comprometimento da sua sobrevivência, sendo os mesmos devolvidos ao habitat natural após
a aquisição dos dados necessários.
Figura 3 – Amostragem com recurso a pesca eléctrica.
O sector a amostrar foi percorrido lentamente, no sentido jusante-montante,
descrevendo um movimento de zig-zag entre as duas margens, cobrindo todos os microhabitats
e fazendo sair os peixes abrigados sob rochas e/ou vegetação. O comprimento do sector
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amostrado foi variável, de acordo com as características hidrológicas do local e/ou com a
heterogeneidade dos habitats. Para posterior padronização do esforço de pesca, foram
registados o comprimento do sector (em metros) e o tempo de amostragem (em minutos).
Todos os indivíduos capturados foram mantidos em recipientes com arejamento
permanente para serem posteriormente identificados, pesados (com a excepção de juvenis
inferiores a 40 mm) e medidos. O comprimento à furca foi a medida morfométrica escolhida
para caracterizar o tamanho dos espécimes capturados. Deste modo obviaram-se os erros
associados à utilização do comprimento total, nomeadamente aqueles que derivam do facto dos
peixes poderem apresentar lobos caudais de comprimentos distintos ou lobos caudais
danificados por doença ou predação. A única excepção foi a medição de exemplares de Cobitis
paludica, uma vez que a barbatana caudal desta espécie não apresenta furca – neste caso
tomou-se como medida o comprimento total. Após o registo dos dados necessários, todos os
indivíduos foram devolvidos ao curso de água.
3.4 Análise de dados
Em termos globais, a caracterização da ictiofauna em cada rio incidiu sobre os seguintes
parâmetros: riqueza específica total, composição específica, número total de capturas, número
de capturas por espécie, proporção relativa entre espécies nativas e exóticas, e frequência de
ocorrência para cada espécie (definida como a razão entre o número de pontos de amostragem
em foram efectuadas capturas da espécie e o número total de pontos de amostragem).
Complementarmente, para cada ponto de amostragem, procedeu-se às seguintes análises,
comummente utilizadas para a caracterização populacional da ictiofauna:
caracterização da composição específica e riqueza específica total;
cálculo da percentagem relativa de espécies exóticas e nativas;
análise da distribuição das classes de comprimento das espécies-alvo;
cálculo da percentagem de juvenis amostrados;
capturas totais e por espécie;
abundâncias globais e por espécie (ver abaixo)
Uma vez que as amostragens realizadas através da pesca eléctrica não foram
padronizadas, e de modo a possibilitar o estabelecimento de um estudo comparativo das
abundâncias relativas de indivíduos entre pontos de amostragem (e entre campanhas de
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amostragem), o comprimento do sector e o tempo de pesca foram utilizados para calcular a
unidade de esforço (UE, em metros/minuto): comprimento do sector/tempo de amostragem.
Posteriormente, o número de capturas efectuadas por unidade de esforço (CPUE), traduzido
pelo número de indivíduos capturados por unidade de esforço (UE), foi utilizado como estimador
da abundância de peixes em cada ponto de amostragem. As abundâncias relativas (globais e por
espécie) foram utilizadas para o estabelecimento de comparações entre pontos de amostragem
e entre campanhas de amostragem.
4. Resultados
4.1. Rio Paiva
4.1.1 Caracterização dos habitats
Os sectores amostrados no Rio Paiva, com uma largura máxima entre os 5.1 e os 42
metros e profundidade máxima entre 31 e 92 cm, são maioritariamente troços onde estão
presentes os três tipos de habitats fluviais (pools, runs e riffles), ensombrados por galerias
ripícolas complexas (quatro ou mais tipos de vegetação), contínuas ou semi-contínuas,
constituídas maioritariamente por briófitos, ervas altas e baixas, arbustos e árvores (Tabela 1).
O leito do rio na maior parte dos pontos amostrados é constituído por blocos grandes (>600mm)
ou rocha-mãe, coberto por uma reduzida percentagem de finos (<30%) e com esparsos detritos
lenhosos. A vegetação aquática mais frequente é constituída por macrófitos (principalmente
helófitos) e plantas superiores e os abrigos disponíveis incluem maioritariamente pedras, raízes
e vegetação (Tabela 1).
Relativamente aos parâmetros físico-químicos da água, os teores de oxigénio dissolvidos são
superiores a 5.25ppm, com o pH a variar entre 6.94 e 7.20, valores de condutividade entre 43 e
67 us/cm e sólidos dissolvidos totais entre 21 e 33ppm – Tabela 1. A água é transparente em
todos os pontos de amostragem e não apresenta cor (com excepção do ponto PAI9 onde a água
se apresentava esverdeada) – Tabela 1. No entanto, nos pontos de amostragem PAI3, PAI4 e
PAI7 foram detectados teores de nitratos e amónia ligeiros e teores de fosfatos moderados a
elevados em todos os pontos de amostragem, com excepção do ponto PAI5 (Tabela 1).
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Tabela 1 – Dados qualitativos e quantitativos relativos aos habitats e qualidade da água dos pontos de amostragem – Rio Paiva. Legendas: * T-troncos, P–pedras, R-rochas, V–vegetação; ** A-algas, M–macrófitas, P-plantas aquáticas; *** RM-rocha-mãe; x – presença; ver ponto 3.2 para interpretação dos atributos das variáveis qualitativas (transparência, hidrófitos, helófitos, detritos e
galeria ripícola).
Ponto de Amostragem PAI1 PAI2 PAI3 PAI4 PAI5 PAI6 PAI7 PAI8 PAI9 Temperatura (ºC) 21.16 19.26 22.45 23.98 23.73 23.64 20.87 22.34 21.5
Condutividade (us/cm) 63 62 62 61 58 62 67 43 44
O2 dissolvido (ppm) 7.22 5.88 7.62 7.55 7.19 7.06 5.25 5.86 6.08
pH 7.01 7.12 6.94 7.18 7.2 7.14 7.13 7.14 7.12
Sólidos dissolvidos (ppm) 31 31 31 31 26 31 33 21 22
Salinidade 0.03 0.03 0.03 0.03 0.03 0.03 0.03 0.02 0.02
Nitritos (mg/L) 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Nitratos (mg/L) 0 0 10 0-10 0 0 10 0 0
Amónia (mg/L) 0 0 0 0.5 0 0 10 0 0
Fosfatos (mg/L) >2 2 1 >2 0 2 0.5 >2 0.25
Transparência 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Ensombramento (%) 30-60% <30% <30% <30% <30% 30-60% >60% >60% <30%
Cor 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Largura máxima (m) 8.9 22 15 42 34 22 18.5 5.1 40
Profundidade máxima (cm) 41 90 45 85 60 81 31 41 92
% Pools 10 100 60 40 80 60 20 20 80
% Runs 30 - 35 45 20 30 60 50 15
% Riffles 60 - 5 15 0 10 20 30 5
Abrigos * PRV TPRV TPRV R PV PRV TPRV TPRV PRV
Vegetação dominante ** M P P MP P AM MP M P
Hidrófitos 0 1 0 0 0 0 0 0 0
Helófitos 1 2 1 2 2 1 0 1 1
Detritos 0 1 1 1 0 1 1 1 1
Substrato dominante *** 300-600 >600 >600 RM >600 RM RM 100-200 >600
Substrato sub-dominante 200-300 5-50 300-600 200-300 5-50 >600 >600 200-300 RM
% de finos 0 20 10 15 30 0 0 5 30
Galeria ripícola 3 3 3 3 3 3 3 3 3
margem esquerda 100% 75-100% 50% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
margem direita 100% 75-100% 100% 100% 75-100% 100% 100% 100% 50%
Briófitos x x x x x x x x x
Ervas baixas x x x x x x x x x
Ervas altas x x x x x x x x x
Arbustos x x x x x x x x x
Árvores x x x x x x x x x
4.1.2 Composição da comunidade piscícola
Em termos ictiofaunísticos, foi detectada a ocorrência das seguintes espécies nos pontos de
amostragem do Rio Paiva: truta (Salmo trutta), escalo do Norte (Squalius carolitertii), ruivaco
(Achondrostoma oligolepis), bordalo (Squalius alburnoides), barbo (Luciobarbus bocagei) e boga
de boca recta (Pseudochondrostoma duriense) – Figura 2. Não foi detectada a presença de
qualquer espécie exótica.
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Figura 2 | Espécies capturadas no Rio Paiva: 1- truta (Salmo trutta), 2 - escalo do Norte (Squalius carolitertii), 3 - ruivaco (Achondrostoma oligolepis), 4 - bordalo (Squalius alburnoides), 5 - barbo (Luciobarbus bocagei), 6 - boga de boca recta (Pseudochondrostoma duriense).
As capturas totais por espécie e por local de amostragem são apresentadas na Tabela 2.
Foi capturado um total de 850 indivíduos, 7.29% (N=62) dos quais pertencentes à espécie-alvo
Salmo trutta e os restantes 92.70% (N=788) a uma das cinco espécies de ciprinídeos nativos
listados acima.
Globalmente, a boga de boca recta (P. duriense) e o bordalo (S. alburnoides) foram as
espécies com maior expressão nas capturas, representando respectivamente 42.82% (N=364) e
36.82% (N=313) do total de indivíduos capturados – Tabela 2. O barbo (L. bocagei) e o ruivaco
(A. oligolepis) foram, pelo contrário, as espécies com menor número de indivíduos capturados,
representando apenas 2.00% (N=17) e 4.24% (N=36) do total de indivíduos capturados – Tabela
2.
Tabela 2 – Número de indivíduos capturados e frequência de ocorrência (FO) de cada espécie – Rio Paiva.
Local A. oligolepis L. bocagei P. duriense S. trutta S. alburnoides S. carolitertii
PAI1 75 2 2 3
PAI2 2 2 12 3 119
PAI3 1 7 76 12 134 1
PAI4 1 20 10 6
PAI5 12 7 2 5 4
PAI6 1 76 6
PAI7 56 1
PAI8 6 7 38 26 34
PAI9 14 4 10 43 10
total 36 17 364 62 313 58
FO 66.67% 44.44% 100% 88.89% 66.67% 66.67%
4.1.3 Distribuição espacial da comunidade piscícola
A análise da composição específica por ponto de amostragem revela que, em média, a
riqueza específica nos locais amostrados no Rio Paiva é de 4.33 espécies (mínimo 2 – máximo
6), não parecendo existir uma relação entre o número de espécies presentes e a localização do
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ponto de amostragem no perfil longitudinal do rio, uma vez que os maiores e menores valores
de riqueza específica foram observados tanto a montante como a jusante da área amostrada.
Relativamente à distribuição das espécies, é de salientar que a truta (S. trutta) e a boga de
boca recta (P. duriense) revelaram ser espécies ubíquas com ocorrência detectada,
respectivamente, em 88.89% e 100% dos pontos de amostragem (Tabela 2).
Pelo contrário, o barbo (L. bocagei) parece ter uma ocorrência menos frequente, tendo sido
detectado em apenas quatro (44.44%) dos nove pontos de amostragem – Tabela 2. As restantes
espécies (bordalo, ruivaco e escalo do Norte) foram detectados em seis (66.67%) dos nove
pontos de amostragem – Tabela 2.
A comparação das abundâncias relativas, normalizadas para ter em conta o comprimento
do sector amostrado e o tempo de pesca despendido, revela que os pontos de amostragem
localizados mais a jusante (PAI1 a PAI3) e os locais mais a montante (PAI8 e PAI9) apresentam
um maior número de indivíduos do que os locais situados na zona intermédia da área de
amostragem – Tabela 3.
Tabela 3 – Abundância relativa por ponto de pesca, utilizando como estimador as capturas por unidade de esforço (CPUE),
calculadas com base no tempo de pesca e no comprimento do sector amostrado (ver descrição na secção “Metodologia”) – Rio
Paiva.
Local total
indivíduos sector
(m) tempo pesca
(min) UE
(m/min) CPUE
PAI1 82 30 28 1.07 76.53
PAI2 138 50 23 2.17 63.48
PAI3 231 50 30 1.67 138.60
PAI4 37 63 22 2.86 12.92
PAI5 30 84 20 4.20 7.14
PAI6 83 54 30 1.80 46.11
PAI7 57 110 30 3.67 15.55
PAI8 111 57 30 1.90 58.42
PAI9 81 35 30 1.17 69.43
Relativamente à espécie-alvo (S. trutta), as estimativas de abundância relativa indicam
que esta é mais abundante nos pontos PAI3, PAI8 e PAI9 – Figura 3. As abundâncias desta
espécie são, comparativamente, bastante diminutas nos pontos PAI4, PAI5 e PAI7 – Figura 3.
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Figura 3 | Abundâncias relativas de truta (Salmo trutta) nos nove pontos de amostragem efectuados no Rio Paiva.
4.1.4 Distribuição por classes etárias
Dos 850 indivíduos capturados, 305 (35.88%) eram juvenis (<40mm de comprimento)
de cinco espécies: S. alburnoides (N=241), P. duriense (N=47), A. oligolepis (N=14), S. carolitertii
(N=2) e L. bocagei (N=1) - Tabela 4. Não foi detectada a presença de indivíduos juvenis de S.
trutta.
A fracção de juvenis excedeu a de adultos nos pontos PAI2 e PAI3, representando,
respectivamente, 73.91% e 59.31% do número total de indivíduos capturados nestes locais –
Tabela 4. No ponto de amostragem PAI9, o número de juvenis capturados foi ligeiramente
inferior ao número de adultos, representando 46.91% do total de capturas – Tabela 4. A
percentagem de juvenis capturados foi inferior a 23% do total de indivíduos capturados nos
restantes seis pontos de amostragem (sendo nula nos pontos PAI5 e PAI6) – Tabela 4.
Analisando os resultados por espécie, verifica-se que apenas foram capturados
indivíduos juvenis de ruivaco A. oligolepis, barbo L. bocagei e escalo do Norte S. carolitertii num
ponto de amostragem para cada uma destas espécies – Tabela 4. Os juvenis das restantes
espécies foram detectados em seis e três pontos de amostragem, respectivamente, no caso da
boga de boca recta P. duriense (em média, 17.35% do total de capturas em cada ponto) e do
bordalo S. alburnoides (em média, 70.49% do total de capturas em cada ponto) – Tabela 4.
1,87
1,38
7,20
0,00 0,48
3,33
0,27
13,68
8,57
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Pontos de amostragem
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2015
15
Tabela 4 – Número de juvenis capturados e respectiva percentagem relativamente ao total de capturas, por espécie, em cada local
de amostragem – Rio Paiva.
Local A. o
ligo
lep
is
L. b
oca
gei
P. d
uri
ense
S. a
lbu
rno
ides
S. c
aro
liter
tii
Nº
tota
l de
juve
nis
% d
o t
ota
l
de
cap
tura
s/p
on
to
PAI1 0 0 10 (13.33%) 0 0 10 12.20%
PAI2 0 0 1 (8.33%) 101 (84.87%) 0 102 73.91%
PAI3 0 1 (14.29%) 10 (13.16%) 126 (94.03%) 0 137 59.31%
PAI4 0 0 5 (25.00%) 0 0 5 13.51%
PAI5 0 0 0 0 0 0 -
PAI6 0 0 0 0 0 0 -
PAI7 0 0 13 (23.21%) 0 0 13 22.81%
PAI8 0 0 8 (21.05%) 0 2 (5.88%) 10 9.01%
PAI9 14 (100%) 0 0 14 (32.56%) 0 38 46.91%
total 14 1 47 241 2 305
A análise da distribuição das classes de comprimento dos indivíduos de S. trutta
capturados permite verificar que a população de trutas do Rio Paiva é maioritariamente
composta por indivíduos com um tamanho entre os 41 e os 100mm de comprimento à furca
(N=53, 86.89%). Não tendo sido capturado qualquer indivíduo com menos de 40mm, as
restantes classes de comprimento representam apenas 14.75% (101-200mm: 8.20% e 201-
300mm: 6.56%) do total de indivíduos capturados.
A distribuição das classes de tamanho por ponto de amostragem é apresentada nas
Figuras 4 a 11. Na generalidade, foram capturados indivíduos pertencentes a uma ou duas
classes de comprimento em todos pontos de amostragem, excepto no caso do ponto PAI9, onde
os indivíduos capturados pertenciam a três classes de comprimento (Figura 11).
Verifica-se que os indivíduos de maior dimensão (pertencentes à classe de
comprimentos 201-300mm) ocorrem apenas nos pontos de amostragem PAI1, PAI3 e PAI9,
enquanto os indivíduos de menor dimensão (pertencentes à classe de comprimentos 41-100)
foram detectados em todos os pontos de amostragem, com excepção do ponto PAI1.
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2015
16
Figura 4 | Distribuição das classes de comprimento de Salmo trutta no ponto de amostragem PAI1 (N=2).
Figura 5 | Distribuição das classes de comprimento de Salmo trutta no ponto de amostragem PAI2 (N=3).
Figura 6 | Distribuição das classes de comprimento de Salmo trutta no ponto de amostragem PAI3 (N=12).
0
5
10
15
20
25
30
35
0-40 41-100 101-200 201-300
Freq
uên
cias
alb
solu
tas
Classes de tamanho (mm)
PAI1
0
5
10
15
20
25
30
35
0-40 41-100 101-200 201-300
Freq
uên
cias
alb
solu
tas
Classes de tamanho (mm)
PAI2
0
5
10
15
20
25
30
35
0-40 41-100 101-200 201-300
Freq
uên
cias
alb
solu
tas
Classes de tamanho (mm)
PAI3
Projecto LIFE ECOTONE – caracterização das populações de Salmo trutta e Squalius torgalensis nos rios Paiva e Mira
2015
17
Figura 7 | Distribuição das classes de comprimento de Salmo trutta no ponto de amostragem PAI5 (N=2).
Figura 8 | Distribuição das classes de comprimento de Salmo trutta no ponto de amostragem PAI6 (N=6).
Figura 9 | Distribuição das classes de comprimento de Salmo trutta no ponto de amostragem PAI7 (N=1).
0
5
10
15
20
25
30
35
0-40 41-100 101-200 201-300
Freq
uên
cias
alb
solu
tas
Classes de tamanho (mm)
PAI5
0
5
10
15
20
25
30
35
0-40 41-100 101-200 201-300
Freq
uên
cias
alb
solu
tas
Classes de tamanho (mm)
PAI6
0
5
10
15
20
25
30
35
0-40 41-100 101-200 201-300
Freq
uên
cias
alb
solu
tas
Classes de tamanho (mm)
PAI7
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Figura 10 | Distribuição das classes de comprimento de Salmo trutta no ponto de amostragem PAI8 (N=26).
Figura 11 | Distribuição das classes de comprimento de Salmo trutta no ponto de amostragem PAI9 (N=10).
4.1.5 Variação da comunidade piscícola entre 2012 e 2015
Os resultados obtidos nas campanhas de amostragem realizadas em 2012 e 2015
mostram que a comunidade piscícola do Rio Paiva se mantém idêntica, com uma riqueza
específica global de 6-7 espécies (em 2015 não foi detectada a presença de A. anguilla),
exclusivamente nativas, e uma riqueza específica média de 4.22/4.33 espécies por ponto de
amostragem – Tabela 5. Na campanha de 2015 verificou-se um acréscimo do número de juvenis
capturados para cerca do triplo relativamente ao valor obtido na campanha anterior – Tabela 5.
0
5
10
15
20
25
30
0-40 41-100 101-200 201-300
Freq
uên
cias
alb
solu
tas
Classes de tamanho (mm)
PAI8
0
1
2
3
4
5
6
7
8
0-40 41-100 101-200 201-300
Freq
uên
cias
alb
solu
tas
Classes de tamanho (mm)
PAI9
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2015
19
Tabela 5 – Comparação dos dados populacionais e relativos à espécie-alvo S. trutta, obtidos nas campanhas de 2012 e 2015.
2012 2015
Riqueza específica global 7 sp. 6 sp.
Riqueza média/ponto 4.22 sp./ponto 4.33 sp./ponto
% espécies nativas 100% 100%
% juvenis 10.95% 35.88%
S. trutta
% do total de capturas 4.46% (33/740) 7.29% (62/850)
Total de indivíduos 33 62
Nº juvenis 0 0
Frequência de ocorrência global 66.67% (6/9) 88.89% (8/9)
Espécie ausente PAI4, PAI7 e PAI8 PAI4
Classes tamanho: 0-40mm 0% 0%
41-100mm 69.70% 85.25%
101-200mm 21.21% 8.20%
201-300mm 9.09% 6.56%
Relativamente à espécie-alvo S. trutta, verificou-se um aumento do número de
indivíduos capturados e da frequência de ocorrência (de 66.67% para 88.89% dos pontos de
amostragem), havendo apenas um local onde a espécie continua a não ser capturada (PAI4) –
Tabela 5. De 2012 para 2015 a distribuição das classes de tamanho é idêntica: sem ocorrências
na primeira classe de tamanho (<40mm) e maior representatividade da segunda classe de
tamanho (41-100mm). Salienta-se, no entanto, um aumento da percentagem de indivíduos
pertencentes à classe 41-100 e uma diminuição das percentagens referentes às maiores classes
de tamanho de 2012 para 2015 – Tabela 5.
A comparação das abundâncias relativas da espécie-alvo S. trutta em cada ponto de
amostragem (traduzidas pelas capturas por unidade de esforço), nas duas campanhas de
amostragem, mostra que houve um ligeiro incremento nos pontos PAI1, PAI7 e PAI9 e um
incremento mais acentuado nos pontos PAI3 e PAI8 – Tabela 6. Pelo contrário, registou-se um
ligeiro decréscimo de abundância nos pontos PAI2 e PAI6, e um decréscimo acentuado no ponto
PAI5 – Tabela 6.
Projecto LIFE ECOTONE – caracterização das populações de Salmo trutta e Squalius torgalensis nos rios Paiva e Mira
2015
20
Tabela 6 – Abundâncias relativas da espécie-alvo S. trutta por ponto de amostragem, calculadas com base no número de capturas
por unidade de esforço, obtidas nas campanhas de 2012 e 2015 e respectivas tendências de incremento ou de redução.
2012 2015 Tendência
PAI1 1.00 1.87 ↑
PAI2 4.80 1.38 ↓
PAI3 0.80 7.20 ↑↑
PAI4 0 0 -
PAI5 12.00 0.48 ↓↓
PAI6 6.00 3.33 ↓
PAI7 0 0.27 ↑
PAI8 0 13.68 ↑↑
PAI9 5.33 8.57 ↑
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21
4.2. Rio Mira
4.2.1 Caracterização dos habitats
O Rio Mira, tal como a maior parte dos rios de tipo mediterrânico, apresenta
desconectividade fluvial na época estival, ou seja, com o abaixamento dos caudais, o curso de
água fica reduzido uma série de pêgos com comunicação reduzida ou inexistente. A situação de
caudal reduzido em que se encontravam os locais de amostragem é notória nas Figuras II.10 a
II.20, sendo de salientar a total ausência de água no ponto de amostragem MIR11 (Figura II.19
– Anexo II) e uma situação de pêgo isolado nos pontos MIR2, MIR9 e MIR10.
Tabela 7 – Dados qualitativos e quantitativos relativos aos habitats e qualidade da água dos pontos de amostragem – Rio Mira. Legendas: * T-troncos, P–pedras, R-rochas, V–vegetação; ** A-algas, M–macrófitas, P-plantas aquáticas; *** RM-rocha-mãe; presença (x) e ausência (-); ver ponto 3.2 para interpretação dos atributos das variáveis qualitativas (transparência, hidrófitos,
helófitos, detritos e galeria ripícola).
Ponto de Amostragem
MIR1 MIR2 MIR3 MIR4 MIR5 MIR6 MIR7 MIR8 MIR9 MIR10 MIR12
Temperatura (ºC) 20.66 18.82 21.31 25.56 23.34 22.11 19.41 18.84 21.43 19.93 20.43
Condutividade (us/cm) 706 688 663 645 645 626 602 843 743 973 744
O2 dissolvido (ppm) 1.89 1.29 2.52 5.00 3.96 3.91 6.94 2.48 5.46 2.09 2.02
pH 7.25 7.36 7.29 7.22 7.31 7.54 7.37 7.43 7.32 7.36 7.34
Sólidos dissolvidos (ppm) 351 344 332 322 322 313 301 422 371 487 372
Salinidade 0.34 0.34 0.32 0.31 0.31 0.3 0.29 0.42 0.36 0.48 0.36
Nitritos (mg/L) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Nitratos (mg/L) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Amónia (mg/L) 0 0 0 0/10 0 0/0.5 0 0 0.5 0 0
Fosfatos (mg/L) 2 0 1 0.25/0.5 1 0.25 1 0.25 1 1 1
Transparência 1 1 1 1 0 0 0 1 1 1 1
Ensombramento (%) >60% 30-60% >60% >60% <30% 30-60% >60% >60% >60% >60% >60%
Cor 2 2 2 2 0 2 2 2 2 2 2
Largura máxima (m) 7.98 2.9 11.6 4.8 2.94 7.2 6.68 9.04 8.9 6.5 14
Profundidade máxima (cm) 110 54 83 46 32 73 80 92 80 73 94
% Pools 100 100 100 100 95 100 90 100 100 100 100
% Runs - - - - 5 - 10 - - - -
% Riffles - - - - 0 - 0 - - - -
Abrigos TPR TPRV TPR TPRV V TPRV TPR TPR TPR TP TPR
Vegetação dominante - A - A P AP - A A A -
Hidrófitos 0 0 0 0 2 1 0 0 0 0 0
Helófitos 0 0 0 0 3 1 0 0 0 0 0
Detritos 3 2 2 3 0 3 2 2 2 2 3
Substrato dominante 200-300 300-600 100-200 100-200 300-600 >600 RM >600 RM 5-50 RM
Substrato sub-dominante 5-50 <0.5 5-50 5-50 50-100 RM >600 <0.5 50-100 RM >600
% de finos 85 80 70 80 <30 60 70 80 50 90 80
Galeria ripícola 2 2 3 2 1 3 3 3 3 3 3
margem esq >75% <50% >75% <50% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
margem dta <50% <50% 100% 75-100% 75-100% 75-100% 100% 100% 100% 100% 100%
Briófitos - - - - - x x x x x x
Ervas baixas x x x x x x x x x x
Ervas altas x - x x x x x x x x x
Arbustos x x x - - x x x x x x
Árvores x - x x - x x x x x x
Projecto LIFE ECOTONE – caracterização das populações de Salmo trutta e Squalius torgalensis nos rios Paiva e Mira
2015
22
Os sectores amostrados no Rio Mira, com uma largura máxima entre os 2.9 e os 14
metros e profundidade máxima entre 32 e 110 cm, são maioritariamente troços com apenas um
tipo de habitat fluvial (pool), bastante ensombrados, com galerias ripícolas complexas (quatro
ou mais tipos de vegetação), contínuas ou semi-contínuas, constituídas maioritariamente por
ervas altas e baixas, arbustos e árvores (Tabela 7). A granulometria dos substratos dominante e
sub-dominante é bastante variável entre pontos de amostragem, sendo, no entanto muito
frequente uma elevada cobertura por sedimentos finos (>60%) – Tabela 7. A abundância de
detritos lenhosos é na generalidade intermédia ou abundante, a vegetação aquática que ocorre
mais frequentemente são algas filamentosas, e os abrigos disponíveis incluem maioritariamente
troncos, pedras e raízes (Tabela 7).
Relativamente aos parâmetros físico-químicos da água, os teores de oxigénio dissolvidos
variam entre 1.89 e 6.94ppm, com pH entre 7.22 e 7.54, valores de condutividade entre 602 e
973us/cm e sólidos dissolvidos totais entre 301 e 487ppm – Tabela 7. A água é acastanhada em
todos os pontos de amostragem (excepto no ponto MIR5) e turva na maior parte dos pontos de
amostragem (Tabela 7). Não foram detectados nitritos ou nitratos em qualquer ponto de
amostragem, embora tenham sido detectados teores reduzidos de amónia nos pontos MIR4,
MIR6 e MIR9 (Tabela 7). Relativamente aos fosfatos, os teores são intermédios a elevados em
todos os pontos de amostragem, com excepção do ponto MIR2 (Tabela 7).
4.2.2 Composição da comunidade piscícola
Em termos ictiofaunísticos, foi detectada a ocorrência das seguintes espécies nos pontos
de amostragem do Rio Paiva: escalo do Mira (Squalius torgalensis), enguia (Anguilla anguilla),
barbo do sul (Luciobarbus sclateri), verdemã (Cobitis paludica), boga do Sudoeste
(Iberochondrostoma almacai), perca-sol (Lepomis gibbosus) e esgana-gata (Gasterosteus
aculeatus) – Figura 12.
Figura 12 | Espécies capturadas no Rio Mira: 1- escalo do Mira (Squalius torgalensis), 2-enguia (Anguilla anguilla), 3-barbo do sul (Luciobarbus sclateri), 4-verdemã (Cobitis paludica), 5-boga do Sudoeste (Iberochondrostoma almacai), 6-perca-sol (Lepomis gibbosus) e 7-esgana-gata (Gasterosteus aculeatus).
1 2 3
4 5 6 7
Projecto LIFE ECOTONE – caracterização das populações de Salmo trutta e Squalius torgalensis nos rios Paiva e Mira
2015
23
Das sete espécies capturadas, apenas a perca-sol é uma espécie exótica, sendo as restantes
seis (85.71%) espécies nativas.
As capturas totais por espécie e por local de amostragem são apresentadas na Tabela 8. Foi
capturado um total de 792 indivíduos, a maior parte dos quais (63.64%, N=504) pertencentes à
espécie-alvo Squalius torgalensis. As outras duas espécies com maior expressão nas capturas,
embora com valores substancialmente inferiores, foram a enguia A. anguilla (15.53%, N=123), a
perca-sol L. gibbosus (7.70%, N=61) e o esgana-gata G. aculeatus (5.93%, N=47) – Tabela 8.
O barbo do Sul (L. sclateri), a verdemã (C. paludica) e a boga do Sudoeste (I. almacai) foram,
pelo contrário, as espécies com menor número de indivíduos capturados, representando apenas
3.41% (N=27), 3.54% (N=28) e 0.25% (N=2) do total de indivíduos capturados – Tabela 8.
Tabela 8 – Número de indivíduos capturados e frequência de ocorrência (FO) de cada espécie – Rio Mira.
Local S. t
org
ale
nsi
s
A. a
ng
uill
a
L. s
cla
teri
C. p
alu
dic
a
I. a
lma
cai
L. g
ibb
osu
s
G. a
cule
atu
s
MIR1 9 13 1 7 5
MIR2 52 10
MIR3 56 2 3 1 2
MIR4 132 20 17 18
MIR5 41 7 4 4 8
MIR6 6 29 1 9 1 4
MIR7 44 22
MIR8 2 1 14
MIR9 6 10
MIR10 207 3 1 1
MIR12 1 16 2
total 504 123 27 28 2 61 47
FO 90.91% 90.91% 54.55% 36.36% 9.09% 36.36% 54.55%
4.2.3 Distribuição espacial da comunidade piscícola
A análise da composição específica por ponto de amostragem revela que, em média, a
riqueza específica nos locais amostrados no Rio Mira é de 3.73 espécies (mínimo 2 – máximo 6),
não parecendo existir uma relação entre o número de espécies presentes e a localização do
ponto de amostragem no perfil longitudinal do rio, uma vez que os maiores e menores valores
de riqueza específica foram observados tanto a montante como a jusante da área amostrada.
Relativamente à distribuição das espécies, é de salientar que o escalo do Mira (S.
torgalensis) e a enguia (A. anguilla) são as espécies mais ubíquas, tendo sido capturadas em
Projecto LIFE ECOTONE – caracterização das populações de Salmo trutta e Squalius torgalensis nos rios Paiva e Mira
2015
24
todos os pontos de amostragem excepto no ponto MIR2 (FO=90.91%) – Tabela 8. Pelo contrário,
a boga do Sudoeste (I. almacai) foi detectada apenas em um (9.09%) dos 11 pontos de
amostragem – Tabela 6. As restantes espécies (barbo do Sul, verdemã, esgana-gata e perca-sol)
foram detectados em quatro (36.36%) ou seis (54.55%) dos 11 pontos de amostragem – Tabela
8.
As espécies exóticas representam em média 9.77±25.28% (mínimo: 0, máximo: 83.87%)
das capturas e estão restringidas a pontos de amostragem no sector mais a jusante do Rio Mira
(Tabela 9). Por outro lado, excluindo a espécie migradora A. anguilla, as espécies nativas
representam em média 62.30±32.66% das capturas (Tabela 9).
Tabela 9 – Percentagem de espécies exóticas (L. gibbosus), espécies nativas não migradoras (S. torgalensis, L. sclateri, C. paludica,
I. almacai e G. aculeatus) e espécies nativas migradoras (A. anguilla) capturadas em cada ponto de amsotragem.
% Espécies % Espécies nativas
Local exóticas não migradoras migradoras
MIR1 20.00% 42.86% 37.14%
MIR2 83.87% 16.13% 0.00%
MIR3 1.56% 95.31% 3.13%
MIR4 0% 89.30% 10.70%
MIR5 0% 89.06% 10.94%
MIR6 2.00% 40.00% 58.00%
MIR7 0% 66.67% 33.33%
MIR8 0% 94.12% 5.88%
MIR9 0% 37.50% 62.50%
MIR10 0% 98.58% 1.42%
MIR12 0% 15.79% 84.21%
média 9.77% 62.30% 27.93%
mín 0.00% 15.79% 0.00%
max 83.87% 98.58% 84.21%
dp 25.28% 32.66% 29.24%
A comparação das abundâncias relativas, normalizadas para ter em conta o
comprimento do sector amostrado e o tempo de pesca despendido, revela que os pontos de
amostragem MIR4 e MIR10 apresentam um maior número de indivíduos capturados por
unidade de esforço, enquanto os pontos MIR9 e MIR12 apresentam os menores números de
indivíduos (Tabela 10).
Projecto LIFE ECOTONE – caracterização das populações de Salmo trutta e Squalius torgalensis nos rios Paiva e Mira
2015
25
Tabela 10 – Abundância relativa por ponto de pesca, utilizando como estimador as capturas por unidade de esforço (CPUE),
calculadas com base no tempo de pesca e no comprimento do sector amostrado (ver descrição em “Metodologia”) – Rio Mira.
Local Total
indivíduos sector
(m) Tempo pesca
(min) UE
(m/min) CPUE
MIR1 35 42.2 20 2.11 16.59
MIR2 62 18.2 15 1.21 51.10
MIR3 64 24.2 20 1.21 52.89
MIR4 187 27.9 19 1.47 127.35
MIR5 64 50.5 18 2.81 22.81
MIR6 50 28 14 2.00 25.00
MIR7 66 25.1 22 1.14 57.85
MIR8 17 24.7 21 1.18 14.45
MIR9 16 20.17 10 2.02 7.93
MIR10 212 24.6 25 0.98 215.45
MIR12 19 20.1 13 1.55 12.29
Relativamente à espécie-alvo (S. torgalensis), as estimativas de abundância relativa (nº
capturas por unidade de esforço em cada ponto de amostragem) indicam que esta é
extremamente abundante no ponto MIR10 e atinge abundâncias intermédias nos pontos MIR3,
MIR4 e MIR7 – Figura 13. Além de estar ausente no ponto MIR2, esta espécie é muito pouco
abundante nos pontos MIR8 e MIR12 – Figura 13.
Figura 13 | Abundâncias relativas, calculadas com base no número de capturas por unidade de esforço, de escalo do Mira
(Squalius torgalensis) nos 11 pontos de amostragem.
4,27 0,00
46,28
89,89
14,613,00
38,57
1,70 2,97
210,37
0,65
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11MIR1 MIR2 MIR3 MIR4 MIR5 MIR6 MIR7 MIR8 MIR9 MIR10 MIR12
Projecto LIFE ECOTONE – caracterização das populações de Salmo trutta e Squalius torgalensis nos rios Paiva e Mira
2015
26
4.2.4 Distribuição por classes etárias
Dos 792 indivíduos capturados, 430 (54.29%) eram juvenis de quatro espécies: S.
torgalensis (N=384), C. paludica (N=1), I. almacai (N=2), e G. aculeatus (N=43) - Tabela 11.
Tabela 11 – Número de juvenis capturados e respectiva percentagem relativamente ao total de capturas, por espécie, em cada
local de amostragem – Rio Mira.
Local S. t
org
ale
nsi
s
C. p
alu
dic
a
I. a
lma
cai
G. a
cule
atu
s
Nº
tota
l ju
ven
is
% d
o t
ota
l de
cap
tura
s/p
on
to
MIR1 2 (22.22%) - - 4 (80.00%) 6 17.14%
MIR2 - - - 10 (100%) 10 16.13%
MIR3 52 (92.86%) - - 1 (50.00%) 53 82.81%
MIR4 100 (75.76%) - - 17 (94.44%) 117 62.57%
MIR5 7 (17.07%) - - 7 (87.50%) 14 21.88%
MIR6 - - - 4 (100%) 4 8.00%
MIR7 17 (38.64%) - - - 17 25.76%
MIR8 - - - - - -
MIR9 4 (66.67%) - - - 4 25.00%
MIR10 202 (97.58%) 1 (100%) - - 203 95.75%
MIR12 - - 2 (100%) - 2 10.53%
total 384 1 2 43 430 54.29%
Foram capturados indivíduos juvenis em todos os pontos de amostragem com excepção
do ponto MIR8, representando 8.00% a 95.75% do total de indivíduos capturados (Tabela 11). A
fracção de juvenis em cada ponto de amostragem excedeu a de adultos em apenas três pontos
de amostragem: MIR3 (82.81%), MIR4 (62.57%) e MIR10 (95.75%) - Tabela 9. Nos restantes
pontos de amostragem, a percentagem de juvenis relativamente ao número total de indivíduos
capturados variou entre 8.00% e 25.76% (Tabela 11).
Os juvenis da espécie alvo S. torgalensis foram capturados em sete (63.64%) dos 11
pontos de amostragem, tendo o maior número de capturas sido registado nos pontos MIR4
(N=100) e MIR10 (N=202) – Tabela 11. A fracção de juvenis de S. torgalensis excedeu a de adultos
em todos pontos de amostragem, com excepção dos pontos MIR1, MIR5 e MIR7, representando
66.67% a 97.58% das capturas (Tabela 11).
Relativamente às restantes espécies, apenas foram capturados indivíduos juvenis de C.
paludica e I. almacai num ponto localizado a montante da área de amostragem (MIR10 e MIR12,
respectivamente) – Tabela 11. Os juvenis de esgana-gata (G. aculeatus) foram capturados em
Projecto LIFE ECOTONE – caracterização das populações de Salmo trutta e Squalius torgalensis nos rios Paiva e Mira
2015
27
seis pontos de amostragem consecutivos, localizados no sector a jusante do Pego das Pias
(pontos MIR1 a MIR6) – Tabela 11.
A análise da distribuição das classes de comprimento dos indivíduos de S. torgalensis
capturados permite verificar que a população de escalos do Rio Mira é maioritariamente
composta por indivíduos com um tamanho inferior a 40mm de comprimento à furca (N=391,
77.58%). A segunda e terceira classes de comprimento representam, respectivamente, 21.23%
(N=107) e 1.19% (N=6) da população de S. torgalensis. Não foram capturados indivíduos com
comprimento à furca superior a 98mm.
A distribuição das classes de tamanho por ponto de amostragem é apresentada nas
Figuras 14 a 23. Foram capturados indivíduos pertencentes às duas classes de comprimento na
maioria dos pontos de amostragem, com excepção dos pontos MIR6, MIR8 e MIR12 onde
apenas foram capturados indivíduos pertencentes à segunda classe de tamanhos (41-100mm) –
Figuras 18, 20 e 23.
Figura 14 | Distribuição das classes de comprimento de Squalius torgalensis no ponto de amostragem MIR1 (N=9).
0
25
50
75
100
125
150
175
200
225
0-40 41-80 81-100 101-120
Freq
uên
cias
alb
solu
tas
Classes de tamanho (mm)
MIR1
Projecto LIFE ECOTONE – caracterização das populações de Salmo trutta e Squalius torgalensis nos rios Paiva e Mira
2015
28
Figura 15 | Distribuição das classes de comprimento de Squalius torgalensis no ponto de amostragem MIR3 (N=56).
Figura 16 | Distribuição das classes de comprimento de Squalius torgalensis no ponto de amostragem MIR4 (N=132).
0
25
50
75
100
125
150
175
200
225
0-40 41-80 81-100 101-120
Freq
uên
cias
alb
solu
tas
Classes de tamanho (mm)
MIR3
0
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50
75
100
125
150
175
200
225
0-40 41-80 81-100 101-120
Freq
uên
cias
alb
solu
tas
Classes de tamanho (mm)
MIR4
Projecto LIFE ECOTONE – caracterização das populações de Salmo trutta e Squalius torgalensis nos rios Paiva e Mira
2015
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Figura 17 | Distribuição das classes de comprimento de Squalius torgalensis no ponto de amostragem MIR5 (N=41).
Figura 18 | Distribuição das classes de comprimento de Squalius torgalensis no ponto de amostragem MIR6 (N=6).
0
25
50
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125
150
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200
225
0-40 41-80 81-100 101-120
Freq
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cias
alb
solu
tas
Classes de tamanho (mm)
MIR5
0
25
50
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150
175
200
225
0-40 41-80 81-100 101-120
Freq
uên
cias
alb
solu
tas
Classes de tamanho (mm)
MIR6
Projecto LIFE ECOTONE – caracterização das populações de Salmo trutta e Squalius torgalensis nos rios Paiva e Mira
2015
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Figura 19 | Distribuição das classes de comprimento de Squalius torgalensis no ponto de amostragem MIR7 (N=44).
Figura 20 | Distribuição das classes de comprimento de Squalius torgalensis no ponto de amostragem MIR8 (N=2). Nota: a escala
das abcissas tem uma escala diferente da dos restantes gráficos.
0
25
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75
100
125
150
175
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225
0-40 41-80 81-100 101-120
Freq
uên
cias
alb
solu
tas
Classes de tamanho (mm)
MIR7
0
5
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15
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25
0-40 41-80 81-100 101-120
Freq
uên
cias
alb
solu
tas
Classes de tamanho (mm)
MIR8
Projecto LIFE ECOTONE – caracterização das populações de Salmo trutta e Squalius torgalensis nos rios Paiva e Mira
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Figura 21 | Distribuição das classes de comprimento de Squalius torgalensis no ponto de amostragem MIR9 (N=6).
Figura 22 | Distribuição das classes de comprimento de Squalius torgalensis no ponto de amostragem MIR10 (N=207).
0
25
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75
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125
150
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200
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0-40 41-80 81-100 101-120
Freq
uên
cias
alb
solu
tas
Classes de tamanho (mm)
MIR9
0
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75
100
125
150
175
200
225
0-40 41-80 81-100 101-120
Freq
uên
cias
alb
solu
tas
Classes de tamanho (mm)
MIR10
Projecto LIFE ECOTONE – caracterização das populações de Salmo trutta e Squalius torgalensis nos rios Paiva e Mira
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Figura 23 | Distribuição das classes de comprimento de Squalius torgalensis no ponto de amostragem MIR12 (N=1). Nota: a escala
das abcissas tem uma escala diferente da dos restantes gráficos.
4.2.5 Variação da comunidade piscícola entre 2012 e 2015
Os resultados obtidos nas campanhas de amostragem realizadas em 2012 e 2015
mostram que a comunidade piscícola do Rio Mira se mantém idêntica, com uma riqueza
específica global de 7 espécies, embora com uma composição específica ligeiramente distinta
uma vez que uma das espécies foi detectada apenas numa das campanhas: Atherina boyeri em
2012 e Gasterosteus aculeatus em 2015. A riqueza específica média foi igualmente idêntica em
ambas as campanhas (3.50 e 3.73 espécies por ponto de amostragem) – Tabela 12.
De 2012 para 2015 verificou-se um incremento da percentagem de juvenis capturados
e um ligeiro decréscimo da percentagem de espécies nativas relativamente ao total de capturas,
devido à maior abundância de perca-sol na campanha de 2015 (Tabela 12).
Relativamente à espécie-alvo S. torgalensis, verificou-se um aumento bastante
expressivo do número de indivíduos e da percentagem de juvenis capturados (Tabela 12). A
frequência de ocorrência da espécie mantém-se idêntica, mantendo-se o registo de captura da
espécie em 10 dos 12 pontos de amostragem (as diferentes percentagens de ocorrência devem-
se ao facto de um dos pontos ter secado em 2015 e, portanto, terem sido amostrados 11 e não
12 pontos) – Tabela 12.
0
5
10
15
20
0-40 41-80 81-100 101-120
Freq
uên
cias
alb
solu
tas
Classes de tamanho (mm)
MIR12
Projecto LIFE ECOTONE – caracterização das populações de Salmo trutta e Squalius torgalensis nos rios Paiva e Mira
2015
33
Tabela 12 – Comparação dos dados populacionais e relativos à espécie-alvo S. torgalensis, obtidos nas campanhas de 2012 e 2015.
2012 2015
Riqueza específica global 7 sp. 7 sp.
Riqueza média/ponto 3.50 sp./ponto 3.73 sp./ponto
% espécies nativas 97.90% 85.71%
% juvenis 36.45% (156/428) 54.29% (430/792)
S. torgalensis
% do total de capturas 44.39% (190/428) 63.64% (504/792)
Total de indivíduos 190 504
Nº juvenis 84 (49.47%) 384 (76.19%)
Frequência de ocorrência global 83.33% (10/12) 90.91% (10/11)
Frequência de ocorrência juvenis 75.00% (9/12) 63.64% (7/11)
Espécie ausente MIR3 e MIR12 MIR2 e MIR11 (seco)
Classes tamanho: 0-40mm 49.73% 77.58%
41-80mm 40.11% 21.23%
81-100mm 9.09% 1.19%
101-120mm 1.07% 0%
De 2012 para 2015 a distribuição das classes de tamanho sofreu algumas alterações: a
classe de tamanho mais representativa continua a ser a primeira (<40mm) mas verificou-se um
aumento acentuado da sua representatividade (de 49.73% para 77.58%); e a percentagem de
indivíduos pertencentes às restantes três classes de tamanho diminuiu, não tendo sido
capturado nenhum indivíduo pertencente à maior classe de tamanho (101-200mm) – Tabela 12.
A comparação das abundâncias relativas da espécie-alvo S. torgalensis em cada ponto
de amostragem (traduzidas pelas capturas por unidade de esforço), nas duas campanhas de
amostragem, mostra que houve um ligeiro incremento nos pontos MIR1 e MIR5 e um
incremento mais acentuado nos pontos MIR3 e MIR4 – Tabela 13. Pelo contrário, registou-se
um ligeiro decréscimo de abundância nos pontos PAI2 e PAI6, e um decréscimo acentuado no
ponto PAI5 – Tabela 13.
Tabela 13 – Abundâncias relativas da espécie-alvo S. torgalensis por ponto de amostragem, calculadas com base no número de
capturas por unidade de esforço, obtidas nas campanhas de 2012 e 2015 e respectivas tendências de incremento ou de redução.
2012 2015 Tendência
MIR1 3.50 4.27 ↑
MIR2 13.20 0 ↓
MIR3 0 46.28 ↑↑
MIR4 4.80 89.89 ↑↑
MIR5 11.20 14.61 ↑
MIR6 5.56 3.00 ↓
MIR7 39.20 38.57 ↓
MIR8 7.80 1.70 ↓
MIR9 7.00 2.97 ↓
MIR10 16.80 210.37 ↑↑
MIR11 4.80 (seco) -
MIR12 0 0.65 ↑
Projecto LIFE ECOTONE – caracterização das populações de Salmo trutta e Squalius torgalensis nos rios Paiva e Mira
2015
34
5. Considerações finais
A monitorização das populações de Truta Salmo trutta e de Escalo do Mira Squalius
torgalensis, espécies hospedeiras das naíades de Margaritifera margaritifera e Unio
tumidiformis, respectivamente, nos SIC “Rio Paiva” e SIC “Costa do Sudoeste” visava caracterizar
o estado das populações ao longo do período temporal em que decorreu o projecto LIFE
ECÓTONE. As intervenções efectuadas no sentido da melhoria dos habitats fluviais e do reforço
populacional destas espécies de peixes seriam igualmente benéficas para a preservação dos
bivalves que delas dependem para completar o seu ciclo de vida.
Apesar das comunidades de peixes de água doce sofrerem tipicamente oscilações
naturais de abundância e composição específica, decorrentes essencialmente das características
hidrológicas de cada ano, foi possível utilizar os resultados obtidos durante as campanhas de
monitorização da ictiofauna numa perspectiva comparativa usando como descritor a
abundância relativa traduzida pelo número de capturas por unidade de esforço. Assim,
comparando as capturas efectuadas em 2012 e 2015, verificou-se um incremento da abundância
relativa de truta Salmo trutta no Rio Paiva (de 4.46% para 7.29%) e de escalo-do-Mira Squalius
torgalensis no Rio Mira (44.39% para 63.64%). Por outro lado, existem igualmente evidências de
um aumento do recrutamento populacional de S. torgalensis no Rio Mira, traduzido pelo
aumento da percentagem de juvenis capturados (49.73% em 2012 e 77.58% em 2015).
Os troços amostrados do Rio Paiva apresentam uma boa heterogeneidade de habitats
fluviais, galerias ripícolas complexas e bem preservadas e presença de vegetação aquática na
generalidade dos pontos de amostragem. Estas condições, se aliadas a uma boa qualidade da
água ao longo do ano, são ideais para a preservação da ictiofauna e para um eficaz recrutamento
anual das espécies. Parece haver, no entanto, alguns focos poluentes responsáveis pelos teores
de amónia, nitratos e fosfatos detectados em alguns pontos de amostragem que devem, a curto
prazo, ser eliminados ou minimizados. A monitorização periódica dos parâmetros físico-
Projecto LIFE ECOTONE – caracterização das populações de Salmo trutta e Squalius torgalensis nos rios Paiva e Mira
2015
35
químicos da água é igualmente desejável para que se mantenham níveis aceitáveis ao longo do
ano, em todo o curso de água.
Relativamente à comunidade piscícola do Rio Paiva, esta é claramente dominada por
espécies ciprinícolas e verifica-se a total ausência de espécies exóticas, situação que se mantém
desde 2012 e que é essencial para o equilíbrio das relações interespecíficas e,
consequentemente, do ecossistema fluvial. O recrutamento global das populações das várias
espécies sofreu um incremento bastante expressivo de 2012 para 2015, o que pode estar
relacionado com a melhoria das condições de habitat, nomeadamente, com uma maior
disponibilidade de abrigos para os primeiros estádios de vida. Com efeito, num rio com regime
hidrológico do tipo Atlântico, com elevadas velocidades de corrente no Inverno, é essencial que
os juvenis das várias espécies tenham ao seu dispor zonas de proteção e de alimentação capazes
de assegurar a sua sobrevivência. Esses refúgios são, tipicamente, a vegetação aquática
existente no leito do rio, as raízes submersas da vegetação ripícola e outros abrigos
providenciados por pedras ou troncos submersos.
A população de trutas S. trutta do Rio Paiva continua a ser composta maioritariamente
por indivíduos jovens, com 41 a 100mm de comprimento, tendo-se assistido a um aumento da
sua frequência de ocorrência (presença num maior número de pontos de amostragem) e da
abundância de indivíduos na maioria dos pontos de amostragem entre 2012 e 2015. A maior
amplitude de distribuição da espécie no Rio Paiva e o aumento do número de indivíduos na
maioria dos locais pode ainda ser potenciada com a introdução de exemplares criados ex-situ,
cuja libertação deve ocorrer preferencialmente em múltiplos locais. Por outro lado, as acções
de sensibilização e educação dirigidas aos pescadores desportivos iniciadas no contexto deste
projecto LIFE são cruciais para a manutenção de populações estáveis de truta. Com efeito, o
respeito pelos tamanhos mínimos de captura, a obrigatoriedade de declaração do número de
indivíduos capturados e o fomento da pesca sem morte (com devolução dos peixes ao curso de
água) são medidas essenciais para a preservação da espécie no Rio Paiva.
No que diz respeito ao Rio Mira, as condições hidrológicas impõem anualmente fortes
constrangimentos à comunidade piscícola, uma vez que a redução drástica dos caudais e a perda
de conectividade fluvial têm consequências directas para a sua sobrevivência, nomeadamente
fragmentação de populações, confinamento dos indivíduos em pêgos (onde pode ocorrer
escassez de oxigénio, temperaturas fisiologicamente inapropriadas, concentração de poluentes,
Projecto LIFE ECOTONE – caracterização das populações de Salmo trutta e Squalius torgalensis nos rios Paiva e Mira
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36
elevadas competição intra e interespecífica e predação), e impedimento de acesso a habitats
preferenciais de desova e crescimento de alevins. As intervenções efectuadas nas margens da
ribeira do Torgal, no âmbito do projecto LIFE ECÓTONE serão, com certeza, um contributo
importante no sentido de minimizar o impacto da redução estival de caudais para as populações
de escalo-do-Mira e deverão ser objecto de uma monitorização continuada no tempo. De facto,
a recuperação da galeria ripícola e a estabilização das margens com recurso a técnicas de
engenharia natural certamente minimizarão a erosão durante o regime torrencial invernal, a
turbidez e a escorrência de detritos e poluentes (muito provavelmente minimizando os teores
de fosfatos detectados durante as campanhas de amostragem), contribuindo para a melhoria
da qualidade da água. Por outro lado, as intervenções efectuadas no leito no rio com a criação
de pequenos represamentos transponíveis pelos peixes cruciais na criação de zonas de
oxigenação e de retenção de água no Verão, o que é fundamental para a reprodução e
crescimento de alevins de todas as espécies nativas de peixes.
A comunidade íctica da área amostrada no Rio Mira continua a ser dominada por
espécies nativas (97.90% em 2012 e 85.71% em 2015), embora a abundância da espécie exótica
perca-sol suplante localmente a das restantes espécies, principalmente nos locais em situação
de pêgo isolado uma vez que esta espécie está mais adaptada a ambientes estagnados com
temperaturas da água mais elevadas do que as espécies nativas.
A representatividade do escalo-do-Mira na comunidade íctica sofreu um aumento
substancial entre 2012 e 2015 não só em termos de abundância (de 44.39% para 63.64% das
capturas), mas também no que se refere à percentagem de juvenis (de 49.47% para 76.19%) e
à frequência de ocorrência global (de 83.33% para 90.91% dos pontos de amostragem). Para a
esta situação deverá ter contribuído, muito provavelmente, a libertação de cerca de 1000 peixes
criados ex-situ em acções de repovoamento efectuadas em 2013 e 2015, contribuindo
directamente para o aumento do efectivo populacional mas também, indirectamente, com a
progenia gerada pelos indivíduos libertados.
Para finalizar, a manutenção da tendência para um aumento do recrutamento e dos
efectivos populacionais das espécies de peixes hospedeiras de naíades (a comprovar em futuras
campanhas de monitorização pós-LIFE), em paralelo com a manutenção das condições
adequadas em termos de habitat e qualidade da água, potenciará seguramente a conservação
das populações ameaçadas de Margaritifera margaritifera e Unio tumidiformis.
Projecto LIFE ECOTONE – caracterização das populações de Salmo trutta e Squalius torgalensis nos rios Paiva e Mira
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Apesar dos resultados se afigurarem promissores, para que a comunidade ictíca dos rios
Mira e Paiva se mantenha equilibrada e em densidades favoráveis, é desejável que sejam
cumpridas algumas recomendações: 1) os troços de rio sujeitos a intervenções de
melhoramento dos habitats fluviais (incluindo a galeria ripícola) deverão ser ampliados; 2) deve
ser garantida a disponibilidade e qualidade hídricas ao longo de todo o ano, em particular
durante a época estival; 3) as populações devem ser reforçadas periodicamente com peixes
criados ex-situ; 4) deverão ser implementadas acções de controle e/ou erradicação de espécies
exóticas de peixes e de lagostim, em particular durante a época estival no Rio Mira; 5) devem
ser impostas medidas efectivas de minimização do impacto da pesca desportiva de truta no Rio
Paiva, nomeadamente através da criação de zonas de pesca interdita, respeito pelos tamanhos
mínimos de captura, declaração do número de exemplares capturados, e reforço populacional
com indivíduos criados em cativeiro a partir de stocks selvagens obtidos no mesmo rio.
Projecto LIFE ECOTONE – caracterização das populações de Salmo trutta e Squalius torgalensis nos rios Paiva e Mira
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6. Referências bibliográficas
Oliveira JM (coord.), Santos JM, Teixeira A, Ferreira MT, Pinheiro PJ, Geraldes A, Bochechas J (2007)
Projecto AQUARIPORT: Programa Nacional de Monitorização de Recursos Piscícolas e de Avaliação da
Qualidade Ecológica de Rios. Direcção-Geral dos Recursos Florestais, Lisboa, 96pp.
Ribeiro F, Beldade R, Dix M, Bochechas J (2007) Carta Piscícola Nacional. Direcção-Geral dos Recursos
Florestais - Fluviatilis, Lda. Publicação Electrónica (versão 01/2007).
Projecto LIFE ECOTONE – caracterização das populações de Salmo trutta e Squalius torgalensis nos rios Paiva e Mira
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7. Anexos
7.1 Anexo I
Tabela I.1 – Coordenadas dos pontos de amostragem do Rio Paiva.
Local Coordenadas geográficas
PAI1 40º54.677N, 8º0.366W
PAI2 40º54.403N, 7º59.704W
PAI3 40º54.721N, 7º59.428W
PAI4 40º54.822N, 7º59.222W
PAI5 40º54.851N, 7º59.135W
PAI6 40º55.228N, 7º58.615W
PAI7 40º53.610N, 7º56.124W
PAI8 40º53.252N, 7º54.458W
PAI9 40º53.313N, 7º54.310W
Projecto LIFE ECOTONE – caracterização das populações de Salmo trutta e Squalius torgalensis nos rios Paiva e Mira
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Tabela I.2 - Coordenadas dos pontos de amostragem do Rio Mira.
Local Coordenadas geográficas
MIR1 37º37’59.18’’N, 8º37’39.69’’W
MIR2 37º38´00.30’’N, 8º37’23.80’’W
MIR3 37º38’12.80’’N, 8º37’22.90’’W
MIR4 37º38’15.24’’N, 8º37’6.94’’W
MIR5 37º38’16.53’’N, 8º37’10.18’’W
MIR6 37º38’38.67’’N, 8º37’6.28’’W
MIR7 37º39’832’’N, 8º37’36.00’’W
MIR8 37º39’2.39’’N, 8º37’14.48’’W
MIR9 37º38’17.74’’N, 8º37’37.35’’W
MIR10 37º39’23.65’’N, 8º37’47.60’’W
MIR11 37º39’43.31’’N, 8º37’39.44’’W
MIR12 37º38’51.16’’N, 8º37’28.13’’W
Projecto LIFE ECOTONE – caracterização das populações de Salmo trutta e Squalius torgalensis nos rios Paiva e Mira
2015
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7.2 Anexo II
Figura II.1 | Ponto de amostragem PAI1, montante e jusante (à esquerda e à direita, respectivamente).
Figura II.2 | Ponto de amostragem PAI2, montante e jusante (à esquerda e à direita, respectivamente).
Figura II.3 | Ponto de amostragem PAI3, montante e jusante (à esquerda e à direita, respectivamente).
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Figura II.4 | Ponto de amostragem PAI4, montante e jusante (à esquerda e à direita, respectivamente).
Figura II.5 | Ponto de amostragem PAI5.
Figura II.6 | Ponto de amostragem PAI6, montante e jusante (à esquerda e à direita, respectivamente).
Figura II.7 | Ponto de amostragem PAI7, montante e jusante (à esquerda e à direita, respectivamente).
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Figura II.8 | Ponto de amostragem PAI8.
Figura II.9 | Ponto de amostragem PAI9.
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Figura II.10 | Ponto de amostragem MIR2.
Figura II.11 | Ponto de amostragem MIR3.
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Figura II.12 | Ponto de amostragem MIR4.
Figura II.13 | Ponto de amostragem MIR5.
Figura II.14 | Ponto de amostragem MIR6.
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Figura II.15 | Ponto de amostragem MIR7.
Figura II.16 | Ponto de amostragem MIR8.
Figura II.17 | Ponto de amostragem MIR9.
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Figura II.18 | Ponto de amostragem MIR10.
Figura II.19 | Ponto de amostragem MIR11.
Figura II.20 | Ponto de amostragem MIR12.
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7.3 Anexo III
Figura III.1 | Ficha de campo.
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7.4 Anexo IV
Figura IV.1 | Procedimentos adoptados durante o trabalho de campo. Em cima: Medição do comprimento à furca (esquerda) e pesagem dos indivíduos capturados (direita); Fila Central: utilização de testes colorimétricos para determinação das concentrações de amónia, nitritos, nitratos e fosfatos (esquerda); registo de dados para caracterização dos habitats (direita); Em baixo: aquisição de dados físico-químicos com sonda multiparamétrica (esquerda); Medição do comprimento do troço amostrado (direita).
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