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Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !

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Preâmbulo

O Decreto – Lei 115 – A/98, de 4 de Maio, aponta o Projeto Educativo

plurianual como um dos instrumentos essenciais à plena concretização do regime

de autonomia, administração e gestão das escolas.

O Decreto – Lei 6/2001 aponta para que as metas estabelecidas no Projeto

Educativo sejam anualmente concretizadas através do Projeto Curricular no qual a

escola, dentro dos limites estabelecidos pelo currículo nacional, fará as opções

necessárias a uma organização e gestão das aprendizagens adequadas ao seu

contexto.

Assim, após breve caracterização da comunidade envolvente da escola, com

especial relevância para os aspetos em que achamos importante intervir, este

documento irá estabelecer as grandes metas do Projeto Educativo para o Triénio

2011/2014, bem como as opções curriculares e organizativas que lhes servirão de

suporte (Projeto Curricular de Escola) visando a escola que queremos construir.

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Introdução

O Projeto Educativo é um «documento que consagra a orientação educativa

da escola (!) no qual se explicitam os princípios, os valores, as metas e as

estratégias segundo as quais a escola se propõe cumprir a sua função educativa» (

Decreto-Lei n.º 137/2012, de 2 de julho).

Este Projeto Educativo pretende ser um instrumento de gestão coerente,

procurando apontar estratégias no sentido da resolução dos problemas

diagnosticados, respeitando as particularidades próprias dos vários

estabelecimentos de educação que constituem o Colégio Águas Férreas, enquanto

parte constituinte de um todo, que lhe confere uma identidade única.

O Projeto Educativo constitui o principal instrumento na definição de filosofia

educativa. Para uma visão mais completa sobre esta organização é indispensável

ter igualmente presentes outros três documentos:

- Projecto Curricular;

- Regulamento Interno;

- Plano Anual de Atividades.

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Fundamentação do Projeto

O presente Projeto Educativo de Escola, enquanto documento que define as

linhas de orientação pedagógica e organizacional desta instituição, resulta de um

processo de construção participada da resposta educativa pretendida, pelo que só

com o contributo de todos é possível assegurar o seu sentido e pertinência. Assim

sendo, é importante criar um clima de envolvimento e de consciencialização dos

vários intervenientes no processo educativo, por forma a que a ação a desenvolver

seja, de facto, adequada aos objetivos e interesses de cada uma das faixas etárias

a que as crianças pertencem.

Com este projeto pretende-se contribuir para enriquecer o contexto

educativo em que as crianças se integrem, proporcionando-lhes oportunidades

significativas e diversificadas que, num clima de segurança física e afetiva,

promovam a sua formação pessoal e social, as suas capacidades de expressão e

comunicação e o conhecimento do mundo que as rodeia.

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Plano Orientador da Ação a Desenvolver

Num projeto que se pretenda implementar, é fundamental definir as linhas

orientadoras e objetivos a atingir. Contudo, é necessário previamente considerar

qual a missão a que a escola se propõe, a visão que ela tem do seu papel como

organização e o quadro axiológico em que esta se insere.

O nosso lema é Uma criança, Um futuro.

A nossa missão enquanto escola é formar cidadãos ativos e conscientes,

dotados de competências pessoais e sociais diversas.

Proporcionamos a cada aluno uma formação integral: saber fazer, saber ser

e saber viver.

Para tal, o processo de ensino-aprendizagem tem de ser apresentado como

uma experiência positiva, interessante e criativa.

Diariamente, procuramos transmitir e incutir nos nossos alunos valores como

responsabilidade, liberdade, disciplina, respeito e determinação.

Destes princípios emerge o seguinte quadro que, no fundo, sintetiza a

Missão, a Visão e os Valores do Colégio Águas Férreas:

Missão: Formar cidadãos ativos e conscientes, dotados de competências

pessoais e sociais diversas.

Visão: Proporcionamos a cada aluno uma formação integral: saber fazer,

saber ser e saber viver.

Valores: Responsabilidade; liberdade; disciplina; respeito e determinação.

Gostaríamos de realçar que a elaboração, redação e implementação de um

Projecto Educativo de Escola é um trabalho contínuo.

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Metas do Projeto Educativo para o Triénio 2011/2014

Objetivos gerais

Interessa neste momento expandir a questão “O que pretendemos?” para “O

que pretendemos alcançar?” definindo assim as metas a atingir como organização

escolar e estipular os objetivos que queremos atingir com a implementação deste

projeto.

Estes objetivos que aqui apresentamos devem constituir-se como fatores

que promovam a criação de uma cultura organizacional do Colégio, apresentando

uma estreita relação entre si, refletindo desta forma a visão que temos como

Colégio e não apenas um conjunto de ideias isoladas.

São, portanto, o ponto de partida para o estabelecimento de estratégias e

atividades, que serão integrados nos projetos curriculares de escola e de turma.

Partindo dos valores estabelecidos como essenciais à prossecução deste

projeto, estabelecem-se as seguintes metas na implementação do mesmo:

- Criar uma dinâmica de constante melhoria e inovação em toda a estrutura

organizacional da escola, envolvendo toda a comunidade educativa neste

processo;

- Colocar ao dispor de toda a comunidade os instrumentos adequados ao sucesso

educativo dos alunos e à sua completa formação como indivíduos;

- Promover a partilha de conhecimentos e a interação entre os vários elementos da

estrutura organizacional do Colégio, na prossecução dos objetivos propostos bem

como a participação ativa em todo o processo educativo, como forma de

implementar uma cultura organizacional que privilegie a mudança e a inovação;

- Permitir que o Colégio se assuma como uma instituição com identidade própria,

relevante para a comunidade na qual está inserida e que os indivíduos que

compõem esta comunidade lhe reconheçam a importância.

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Com base nas metas acima enunciadas, podemos apresentar os objetivos

gerais:

- Articular o Projeto Curricular de Escola e de Turma com todas as atividades

curriculares e extra-curriculares do Colégio;

- Partilhar com toda a comunidade a visão e as metas preconizadas para o Colégio;

- Apresentar diferentes propostas de estratégias que envolvam os vários

intervenientes no processo educativo, de uma forma ativa e participada;

- Promover uma cultura de escola direcionada para a excelência e para os bons

resultados em termos de desempenho académico dos alunos;

- Valorizar uma dimensão cívica e axiológica da educação, em que a

responsabilização de todos os intervenientes no processo educativo está bem

definida;

- Proporcionar às crianças ambientes de aprendizagem que lhes permitam explorar

os seus talentos e as suas capacidades;

- Promover a realização de projetos e atividades de natureza diversificada

(inteletual, física, artística, reflexiva, interpessoais) que permitam às crianças um

completo desenvolvimento em vários domínios e inteligências;

- Manter e reforçar um bom relacionamento pedagógico, proporcionando a

ausência de problemas disciplinares graves.

- Revitalizar os espaços físicos da escola (interiores e exteriores) tendo como

principal preocupação o respeito pelo ambiente e a melhoria efetiva do

desempenho do Colégio neste domínio;

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- Otimizar os serviços e outras estruturas no sentido de um melhor serviço à

comunidade escolar.

- Promover a formação de pessoal docente e não docente tendo em vista a

melhoria das suas competências profissionais decorrentes do Projeto Educativo,

bem como a sua satisfação pessoal;

- Preservar o bom ambiente de trabalho conseguido pelo relacionamento dos

órgãos de direção do Colégio com os restantes elementos da comunidade escolar

e destes entre si;

- Criar um clima organizacional onde as relações interpessoais permitam uma

constante adaptação e readaptação, no sentido de uma aprendizagem

organizacional que conduza a melhoria progressiva;

- Fomentar a participação de todos os elementos da comunidade escolar na vida

do Colégio, promovendo o trabalho coletivo;

!!!!!!!!!!!!!!

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Objetivos Específicos do Projeto - Promover iniciativas que permitam um completo desenvolvimento dos alunos,

nomeadamente, através da participação em concursos, visitas de estudo e em

eventos que promovam a partilha de experiências e o enriquecimento cultural e

humano dos alunos;

- Promover o gosto pela utilização correta da língua portuguesa, reconhecendo a

sua importância fundamental na vida da escola e o conhecimento do património

linguístico, literário e cultural do nosso país;

- Desenvolver nos alunos um espírito crítico que lhes permita refletirem sobre o

mundo que os rodeia;

- Promover a disciplina e o respeito pelos outros;

- Fomentar a auto-estima nos alunos, através da promoção da autonomia no

trabalho e do constante reforço positivo junto das crianças;

- Valorizar aspetos como a organização, as técnicas de estudo e a metodologia de

trabalho e o trabalho de equipa;

- Colocar ao dispor dos alunos com dificuldades de aprendizagem, recursos

materiais e humanos que permitam aos alunos superar as suas dificuldades e

obtenham sucesso académico;

- Assegurar que os alunos com dificuldades de aprendizagens e necessidades

educativas especiais de carácter permanente tenham igualdade de oportunidades,

em relação aos restantes;

- Articular as diferentes áreas e atividades com a formação cívica;

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- Prestar apoio de natureza psicológica e psicopedagógica a alunos, professores e

pais/encarregados de educação, no contexto das atividades educativas;

- Enriquecer a oferta educativa através de uma constante melhoria das atividades

extra - curriculares aos alunos interessados;

- Assegurar que as atividades extra curriculares constituam uma mais valia para os

alunos do ponto de vista físico, intelectual, cognitivo ou artístico;

- Criar condições que garantam a segurança, a saúde e o desenvolvimento dos

alunos através da implementação de medidas que sirvam estes pressupostos;

- Colocar ao dispor e divulgar junto de todos os colaboradores, um plano anual de

formação para pessoal docente e não-docente;

• Dinamização do site do Colégio Águas Férreas na Internet

(www.aguasferreas.com) para estabelecer uma ponte entre o Colégio e Família;

- Promover a participação da comunidade escolar nas diversas atividades e

projetos;

- Melhorar constantemente os fluxos de comunicação entre os vários elementos da

estrutura organizacional da escola, no sentido de uma maior harmonia e

interligação entre as várias partes que a compõem;

- Sensibilizar os alunos para a defesa do ambiente e preservação da natureza e do

património, para o gosto pela atividade física, para uma alimentação saudável;

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Fundamentação Teórica

1. A nossa definição de Educação

Hoje em dia, ouvimos muita coisa sobre Educação. Na nossa perspetiva,

educar é como ensinar alguém a andar ou a falar pois falar e andar verticalmente é

a educação mais fundamental do modo de ser que nós somos: o humano.

Aprender a ler, a fazer contas, a dominar a técnica, o conhecimento científico e o

processo de desenvolvimento do conhecimento no âmbito de uma comunidade em

que estamos imersos é de uma forma essencial a mesma coisa que aprender a ler

ou a falar. Todos estes aspetos que enquanto adultos nos envolvem, são distinções

no âmbito do processo fundamental que nós próprios somos: em erguer e um

puxar, um indicar de possibilidades, um mostrar de mundos, um incentivar e ajudar,

um responsabilizar, autonomizar e cuidar. Em resumo, educar, desde os primeiros

dias até aos últimos, é deixar os outros serem humanos. Para nós, ensinar, no

sentido de educar, é muito mais fácil do que aprender. E porque é que isso é

assim? Não apenas porque quem ensina, deve dominar muito mais informação e

deve tê-la sempre pronta a ser utilizada, mas porque ensinar requer algo de muito

mais difícil, deixar aprender. Quem verdadeiramente ensina, de facto, nada deixa

ser aprendido se não o próprio aprender. Este aprender, por sua vez, ao assentar

num deixar ser revelado no cuidar que somos, tem o seu fundamento na liberdade

individual, ou seja autonomia.

Ouvimos muita coisa sobre educação nos dias de hoje. Mas tanto ontem como

hoje, o homem é ele mesmo a educação, o ser que se ergueu, que repara e que

cuida. São todos os mundos do mundo que a educação tem por tema. Assim, a

qualquer momento em qualquer mundo, uma palavra, um gesto ou um olhar pode

entrar e não mais sair. Se tivermos sabido ou podido preservar e deixar preservar

esses momentos, podemos muito bem tocar não apenas naquilo que no momento

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estamos a falar ou a atuar, mas toda uma vida – e isso é o nosso ver o objeto da

educação.

Nos dias de hoje, numa sociedade cada vez mais voltada para a tecnologia,

num processo de mudança acelerado, é preciso refletir sobre se queremos formar

sujeitos ativos ou meros sujeitos passivos, recetores de conhecimento. Quando o

professor sabe claramente onde quer chegar, encontra teorias que o ajudam a

descobrir o melhor caminho para ser um excelente profissional. Se o horizonte da

escola é em busca de uma cidadania, serão procuradas respostas sobre o caminho

a seguir com os alunos, em teorias libertadoras, que trilhem os espaços da

construção de conhecimentos de uma forma autónoma e solidária.

2. Definição de Currículo

O currículo constitui um dos fatores que maior influência possui na qualidade do

ensino. Este aparente consenso, esconde um equívoco. Não existe uma noção

mas várias noções de currículo, tantas quantas as perspectivas adotadas. O

currículo continua a ser frequentemente identificado, com o “plano de estudo”.

Currículo significa, neste caso, pouco mais do que o elenco e a sequência de

matérias propostas para um dado ciclo de estudos, um nível de escolaridade ou um

curso, cuja frequência e conclusão conduzem o aluno a guardar-se nesse ciclo,

nível ou curso. “Em termos práticos, como escreveu Ribeiro (1989), o plano

curricular concretiza-se na atribuição de tempos letivos semanais a cada uma das

disciplinas que o integram, de acordo com o seu peso relativo no conjunto das

matérias e nos vários anos de escolaridade que tal plano pode contemplar”. Este

conceito de currículo, muito próximo do conceito de programa, como foi formulado

por Bobbit (1922), evoluiu para um conceito mais amplo que privilegia o contexto

escolar e todos os fatores que nele interferem. Procurando traduzir estas novas

conceções Ribeiro( 1989), propôs a seguinte definição mais operacional de

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currículo: “Plano estruturado de ensino – aprendizagem, incluindo objetivos ou

resultados de aprendizagem a alcançar, matérias ou conteúdos a ensinar,

processos ou experiências de aprendizagem a promover”.

Mas o currículo não é apenas planificações, mas também a prática em que se

estabelece o diálogo entre os agentes sociais, os técnicos, as famílias, os

professores e os alunos. O currículo é determinado pelo contexto, e nele adquire

diferentes sentidos conforme os diversos protagonistas.

2.1. Natureza Política do Currículo

No final dos anos quarenta, Tyler (1949), definiu as quatro questões básicas

que qualquer currículo deveria responder:

a) Que finalidades educacionais deve procurar a escola atingir?

b) Como podem selecionar-se as experiências de aprendizagem que podem

ser úteis para alcançar estes objetivos?

c) Como podem organizar-se as experiências de aprendizagem para uma

instrução eficaz?

d) Como se pode avaliar a eficácia das experiências de aprendizagem?

Estas questões partem do pressuposto que a primeira definição de um currículo

é a natureza filosófica e política e não técnica. A primeira tarefa não é selecionar ou

organizar experiências de aprendizagem, mas definir a finalidade da educação.

Antes da definição de um currículo as sociedades devem interrogar-se sobre as

intenções e funções sociais das escolas e quais os saberes relevantes em cada

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cultura que se deseja que os seus cidadãos possuam. A principal função de um

currículo é assim, a de materializar estas intenções, tornando-as explícitas, isto é,

suscetíveis de serem debatidas e conhecidas pelo conjunto da sociedade, e para

poderem servir de orientação aos diversos agentes que intervêm na planificação e

concretização do processo de ensino e aprendizagem.

A reforma curricular não é mais do que a concretização, dos objetivos definidos

numa nova política educativa para todo o país, tendo em vista produzir alterações

significativas no sistema educativo. É neste quadro complexo que se irá configurar

o currículo, sendo essencial ter presente questões, tais como a definição mais ou

menos explicita dos objetivos que deverão ser prosseguidos; a tradição curricular

do respetivo sistema educativo: o tipo de currículo ( aberto ou fechado); o modelo

de organização ( centrado em disciplinas ou em temas); a selecção das matérias e

respetivos conteúdos; a forma como os intervenientes no sistema educativo

participarão; as medidas de apoio à mudança curricular.

2.2. Definição, Inovação e Adaptação Curricular

A definição curricular é um momento de grande tensão. A fundamentação

racional da seleção das matérias e conteúdos do currículo é apenas uma parte do

processo. A outra menos evidente, mas decisiva é os conflitos entre as disciplinas

por questões de status, recursos e territórios (Goodson, 1987). Isto explica, como

refere Marchesi (1998), que apesar dos avanços científicos e técnicos, o currículo

tende a manter a mesma estrutura de disciplinas ao longo dos tempos. Qualquer

alteração ao currículo é vivida como uma ameaça aos grupos instalados, e uma

oportunidade aos que pretendem entrar no sistema. Os grupos de pressão ligados

às várias disciplinas, nas alturas de reforma curricular, desenvolvem no sistema

educativo uma intensa luta de bastidores por uma distribuição das matérias e

conteúdos mais favoráveis aos respetivos grupos.

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A inovação curricular apesar de tudo acontece. Gonzáles e Escudero (1987)

definiram neste domínio três grandes enfoques teóricos. No enfoque técnico –

científico as mudanças curriculares são tratadas como meras questões técnicas.

Os currículos são altamente estruturados, limitando-se o papel dos professores à

simples execução de instruções superiores. No enfoque cultural dá-se uma grande

importância à complexidade dos processos de mudança e às suas interações. A

cultura das escolas é particularmente valorizada. O papel do professor é

valorizado, como agente e intérprete das culturas em presença. No enfoque sócio –

político, a mudança é perspetivada em termos políticos e ideológicos. O que é

particularmente valorizado são as condições históricas e sociais. Os professores

tendem a ser reduzidos ao papel de simples instrumentos do poder.

O currículo está permanentemente a ser construído. Na prossecução dos

objetivos definidos para o currículo, os professores não realizam simples operações

mecânicas. Embora apliquem o currículo para atingirem certos objetivos, podem

sempre selecionar e organizar as experiências de aprendizagem, adaptando assim

o currículo. A questão é saber se ao fazê-lo não estarão já a definir novos objetivos

e portanto a alterar a essência do currículo.

2.3. Avaliação Curricular

A avaliação curricular, no entendimento que desde os anos oitenta tem sido

consagrado, procura justamente averiguar, em diferentes níveis, a eficácia dos

objetivos que foram definidos pelo currículo.

A avaliação curricular deveria constituir um trabalho prévio a qualquer reforma

curricular. A realidade portuguesa demonstra que só muito pontualmente esta

avaliação é feita. Decreta-se uma reforma curricular sem previamente se

analisarem as causas dos resultados negativos de todo o sistema de ensino. As

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causas podem não estar nos currículos, mas em outros fatores que interferem nas

escolas.

Foi contra esta tentação apressada de decretar reformas curriculares que

Hoeben (1994), revendo a literatura, definiu os parâmetros de uma avaliação do

currículo centrada nos resultados. Segundo este autor a mesma deveria considerar

apenas questões, tais como: Estão os objetivos ou os efeitos pretendidos com o

currículo a ser cumpridos? O tempo é suficiente para os professores poderem

ensinar e os alunos aprenderem? A estruturação dos objetivos e dos conteúdos é

clara, progressiva e geradora de novas oportunidades de aprendizagem? O

currículo está dividido em pequenas unidades que possibilitem uma eficaz

construção de instrumentos de avaliação da aprendizagem (testes, observações)?

Face aos rendimentos inadequados oferece aos professores possibilidades para

deixarem que os alunos recuperem os atrasos? O currículo eficaz, nesta

perspetiva, é todo aquele que apresenta uma estruturação que facilita a

estruturação das oportunidades dos alunos a aprenderem num tempo e ritmo

adequados ao seu desenvolvimento.

Esta perspetiva técnica, não ignora que outros fatores não possam influir na

eficácia de um currículo, como: as características dos alunos (capacidades,

desenvolvimento, motivação, nível sócio – económico dos pais); as características

dos professores (formação académica, formação pedagógica, atualização

científica, motivação, etc.); as características dos recursos didáticos disponíveis

(manuais, mediatecas, etc.); as características dos subsistemas educativos (aulas,

escolas, administrações regionais e locais, etc.). Em todo o caso, estes fatores não

se podem confundir com o currículo propriamente dito, são de outra natureza.

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3. Competências

Phillipe Perrenound refere no seu texto “ Construir Competências é virar as

costas aos saberes?”, que o saber tem origem na experiência mas que nenhum

saber provém apenas desta. A escola deve transmitir conhecimentos e abrir as

mentes à aquisição de competências, que, por sua vez, implicam saberes.

O autor considera a existência de vários tipos de saber, sendo eles o senso

comum que resulta do processo de socialização: os saberes subjetivos que

resultam da experiência de vida; os saberes profissionais e o saber científico que

requer formação prévia e de longa duração.

Diz Perrenoud que se questionarmos a possibilidade de elaborar “saberes” em

vez de “competências”, vemos que se trata de uma falsa questão. De facto, não se

podem desenvolver competências na Escola sem limitar o tempo destinado à

assimilação de saberes. Por outro lado, a maioria das competências mobiliza

saberes. As competências requeridas na vida quotidiana não são desprezíveis. Ao

citar Le Boterf, Perrenoud diz que uma competência é aquilo que permite enfrentar

um tipo de tarefas e situações, apelando para noções, conhecimentos, métodos e

técnicas. A competência é um saber a mobilizar. Ora, os exercícios escolares

clássicos permitem a consolidação de noções mas não trabalham a transferência

para a prática. Torna-se necessário relacionar os saberes. Muitas noções

estudadas permanecem esquecidas porque foram estudadas fora de qualquer

contexto prático pois a mera acumulação de saberes não basta.

O autor defende que pensando na realidade de muitos programas escolares, se

torna necessário diminuir a extensão de “matérias” em favor da “aplicação” de

conteúdo.

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4. Os Quatro Pilares de Educação

Jaques Delors refere que a educação ao longo da vida baseia-se

essencialmente em quatro grandes pilares: aprender a conhecer, aprender a fazer,

aprender a viver juntos (aprender a conviver com os outros) e aprender a ser.

Quando Delors se refere ao “aprender a conhecer”, quer dizer que o ser

humano tem de aprender a ser culto, tem de combinar de uma cultura geral,

suficientemente vasta, com a possibilidade de trabalhar em profundidade um

pequeno número de matérias, o que também significa aprender a aprender, para se

beneficiar das oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda a vida. No

que diz respeito ao “aprender a fazer”, o autor refere que este aprender é a fim de

adquirir, não somente uma qualificação profissional, mas de uma maneira mais

ampla, competências que tornam a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e

a trabalhar em equipa. Quando se refere ao aprender a fazer é também no âmbito

das diversas experiências sociais ou de trabalho oferecidas aos jovens e

adolescentes, quer espontaneamente, fruto do contexto local ou nacional, quer

formalmente, graças ao desenvolvimento do ensino alternado com o trabalho.

Segundo Delors, devemos “aprender a viver juntos” desenvolvendo a

compreensão do outro e a perceção das interdependências, como realizar projetos

e prepararmo-nos para gerir conflitos, no respeito pelos valores do pluralismo, da

compreensão mútua e da paz. Há também que “aprender a ser” para melhor

desenvolvermos a nossa personalidade e estarmos à altura de agir com cada vez

maior capacidade de autonomia, de discernimento e de responsabilidade pessoal.

Para isso, jamais se deve negligenciar na educação nenhuma das potencialidades

de cada indivíduo: memória, raciocínio, sentido estético, capacidades físicas,

aptidão para comunicar.

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Numa altura em que os sistemas educativos formais tendem a privilegiar o

acesso ao conhecimento, em detrimento de outras formas de aprendizagem,

importa conceber a educação como um todo. Esta perspetiva deve, futuramente,

inspirar e orientar as reformas educativas, tanto a nível da elaboração de

programas como da definição de novas políticas pedagógicas.

5. Teorias sobre a Educação

Não existe uma única teoria que sozinha, responda a todas as questões que se

colocam no interior de uma escola. Isoladamente, cada teoria procura responder a

determinadas questões abordando alguns aspetos no ato de educar. Existem

teorias que discutem como as crianças e os adolescentes adquirem e constituem

conhecimentos, algumas abordam os aspetos voltados para o papel do sujeito na

escola, outras discutem o papel da interação entre sujeitos, da medida da

linguagem, da importância das diferentes estruturas como a perceção e a memória.

Existem teorias construtivistas, interaccionistas, comportamentalistas,

desenvolvimentistas, entre outras. Cada professor precisa de conhecer os limites e

alcances de cada teoria para refletir sobre o seu próprio trabalho pedagógico.

Foram muitos (e alguns ainda são) aqueles que, não sendo professores

pensaram sobre a educação. Desde a Grécia Antiga que existe uma grande

preocupação com a educação. Nos escritos de Aristóteles já se encontra bem clara

a discussão sobre o papel do Estado na educação, sobre a importância desta na

nossa vida. O grande filósofo já afirmava que “ a educação deveria ser única e

igual para todos!”.

Durante vários períodos a educação tentou fazer da criança uma cópia do

adulto, esquecendo-se que a infância existe e precisa de ser vivida. É Rousseau,

no século XVIII, que dá o primeiro passo para uma virada na abordagem da

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pedagogia. Para o pedagogo, a natureza seria a grande mestra e o que se deveria

ensinar seriam coisas úteis e não em grande quantidade. Dizia ele que “Os sábios

baseiam-se naquilo que o homem precisa de saber sem considerar aquilo que as

crianças têm nas condições de aprender”.

No século XVIII, a escola começou a ser pensada com mais consciência.

Froebel, o criador dos Jardins – de – Infância organizou uma teoria de

aprendizagem baseada em diferentes jogos que permitiam às crianças construírem

conhecimentos através de atividades espontâneas. Ainda no mesmo século, a

médica Maria Montessori procurou construir uma pedagogia científica ao organizar

o material de aprendizagem de maneira que este fosse autocorrectivo e graduado

de acordo com as dificuldades de cada criança. O trabalho desta jamais possuiu

um corpo teórico, pois sustentava-se em função de um aparato metodológico.

No início do século, Dewey, filósofo americano, criou as bases do que se viria a

tornar o movimento da “Escola Nova”. Na sua teoria, o aluno é visto como o centro

do processo e por isso, as experiências educativas criadas deveriam estar

relacionadas essencialmente com os seus interesses. Um teórico que exerceu uma

grande e importante influência na educação foi Piaget. Formado em Biologia,

lançou as bases da Teoria Construtivista na Educação. Ao pesquisar a génese do

conhecimento, Piaget embora não tenha construído uma teoria educacional,

tornou-se uma referência nesta área. Jean Piaget estudou o desenvolvimento

humano. Deu uma contribuição muito significativa para a compreensão do

desenvolvimento mental enquanto processo de interação.

Piaget procurou descobrir como é que o conhecimento se organiza e estrutura,

e por isso ele vai incidir os seus estudos no comportamento inteletual e cognitivo

das crianças. Ele conclui que o conhecimento é um processo interativo que envolve

o sujeito e o meio, isto é, o conhecimento não depende nem só do sujeito, nem do

objeto, mas sim do produto de uma construção contínua do sujeito agindo sobre o

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meio. Atribui ao indivíduo um papel ativo na construção do conhecimento, e que

decorre em etapas que se designam por estádios de desenvolvimento.

Para Piaget o indivíduo ao desenvolver o seu conhecimento vai fazê-lo através

de mecanismos de adaptação (é o processo de regulação entre a assimilação e a

acomodação), que são a assimilação (processo mental pelo qual se incorporam os

dados) e a acomodação (processo mental pelo qual os esquemas existentes vão

modificar-se em função das experiências do meio).

Através de um estudo intensivo de crianças durante longos períodos de tempo,

Piaget começou a delinear o território da mente humana e a produzir um mapa de

estádios de desenvolvimento cognitivo. Piaget propôs, que o desenvolvimento

cognitivo se processa em estádios de desenvolvimento, o que significa que tanto a

natureza como a forma da inteligência mudam ao longo do tempo. Os estádios de

desenvolvimento cognitivo são sequenciais.

Piaget distingue fundamentalmente quatro estádios de desenvolvimento:

Estádio Sensório – Motor (nascimento – 2 anos): a atividade cognitiva

durante este estádio baseia-se principalmente na experiência imediata, através dos

sentidos.

Estádio Pré – Operatório ( 2 anos – 7 anos): é marcado pelo aparecimento

da função simbólica, que vai assinalar o inicio do pensamento.

Neste estádio distinguem-se 2 sub – estádios: função simbólica; pensamento

intuitivo.

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Estádio das Operações Concretas ( 7 anos – 11 anos): a criança tem um

pensamento lógico com a capacidade de fazer operações mentais.

Estádio das Operações Formais (11 anos – 16 anos): a inteligência

formal, que se desenvolve durante a adolescência entra num novo domínio que é o

do pensamento puro. O adolescente é capaz de raciocinar sobre hipóteses

abstratas.

Foram muitos os que, não sendo professores, deram o seu contributo para a

educação. Alguns como Freinet, Paulo Freire e Vygotsky, foram professores

inquietos e ousados que, não satisfeitos com o rumo da educação fizeram teorias e

práticas pedagógicas a partir das suas experiências e reflexões como educadores.

No Brasil, o pedagogo Paulo Freire também deixou marcas na educação

extrapolando os limites do seu próprio país. Até aos dias de hoje, Freire continua o

seu trabalho em busca da educação como prática da liberdade. A sua grande

preocupação é a de que “se deve educar para a tomada de decisões, para a

responsabilidade política e social”. Para ele, o educando não é um mero recipiente

vazio que se deva encher de conteúdos. O pedagogo é contra o que ele mesmo

chama de “educação bancária”, ou seja, a educação voltada para o depósito de

conteúdos. Educar é construir o sujeito da transformação e para tal é necessário

respeitar o universo cultural dos educandos. Para Paulo Freire educar é construir, é

libertar o homem do determinismo, passando a reconhecer o papel da História e

onde a questão da identidade cultural, tanto na sua dimensão individual, como em

relação à classe dos educandos, é essencial à prática pedagógica proposta. Sem

respeitar esta identidade, sem autonomia, sem ter em conta as experiências vividas

pelos alunos antes de chegar à escola, o processo será inoperante, será somente

meras palavras despidas de significação real.

Para o pedagogo, a educação é ideológica mas dialogante, isto porque só

assim se pode estabelecer a verdadeira comunicação da aprendizagem entre seres

constituídos de almas, desejos e sentimentos. A conceção de educação de Paulo

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22 !!

Freire percebe o indivíduo como um ser autónomo. Esta autonomia está presente

na definição de vocação ontológica de “ser mais”, associada com a capacidade de

transformar o mundo. É exatamente aqui que o ser humano se diferencia do

animal, por viver num presente indiferenciado e por não perceber-se como um ser

unitário distinto do mundo. Para acreditar que o mundo é passível de

transformação, a consciência crítica ligar-se ao mundo da cultura e não da

natureza. O educando deve em primeira – mão descobrir-se como um construtor

desse mundo da cultura. Esta conceção distingue natureza de cultura, entendendo

a cultura como o aumento que o indivíduo faz ao mundo ou com o resultado do seu

trabalho, do seu esforço criador. Procura-se superar a dicotomia entre teoria e

prática, pois durante o processo, quando o ser humano descobre que a sua prática

supõe um saber, conclui que conhecer é interferir na realidade, compreende-se

como um sujeito da História.

Vygotsky também muito contribuiu na área da educação. Segundo ele, o ser

humano constrói conhecimento na história e na cultura, a partir de interações com

outras pessoas e com a realidade em que vive. A linguagem, segundo este autor,

desempenha um papel de grande importância na construção do conhecimento.

Através das interações mediadas pela linguagem, os sujeitos adquirem

conhecimentos e desenvolvem-se. Para Vygotsky, a aprendizagem precede o

desenvolvimento numa relação dialéctica com este. O autor juntamente com os

seus seguidores, construíram as bases da Teoria Histórico – Cultural.

Para Vygotsky, o sujeito não é apenas ativo mas interativo, pois forma

conhecimentos e constitui-se a partir de relações intra e interpessoais. É na troca

com os outros sujeitos e consigo próprio que os conhecimentos, papéis e funções

sociais se vão interiorizando, o que permite a formação de conhecimentos e da

própria consciência. Trata-se de um processo que caminha do plano social

(relações interpessoais) para o plano individual interno (relações intra – pessoais).

Assim, a escola é o lugar onde a intervenção pedagógica intencional desencadeia

o processo ensino – aprendizagem.

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23 !!

O professor tem o papel explícito de interferir no processo, diferentemente

de situações informais nas quais a criança aprende por imersão num ambiente

cultural. Portanto, é papel do docente provocar avanços nos alunos e isso torna-se

possível com a sua interferência na zona proximal. Vemos ainda como relevante

para a educação, decorrente das interpretações das teorias de Vygotsky, a

importância da atuação dos outros membros do grupo social na mediação entre a

cultura e o indivíduo, pois uma intervenção deliberada de tais membros da cultura é

essencial no processo de desenvolvimento. Assim consideram-se os processos

pedagógicos como intencionais e deliberados, sendo o objeto da intervenção a

construção de conceitos.

Refere ainda o autor que o aluno não é tão somente o sujeito da

aprendizagem, mas aquele que aprende junto ao outro o que o seu grupo social

produz, tal como valores, linguagem e o próprio conhecimento. A formação de

conceitos espontâneos ou quotidianos desenvolvidos no decorrer das interações

sociais, diferenciam-se dos conceitos científicos adquiridos pelo ensino, parte de

um sistema organizado de conhecimentos.

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24 !!

Filosofia Orientadora

1. A Escola como Organização

Perante as perspetivas de vários autores, tais como: Hobbes, Mélèse,

Mitchell, Russel, Hutmacher e Hall, a noção de organização aparece estruturada da

mesma forma e têm como pontos comuns o facto de considerarem que desde que

nasce, o Homem está inserido num sistema de organizações e que todos nós

passamos, no decorrer das nossas vidas, por vários sistemas organizacionais, e

que a escola não é mais do que um destes modelos, como uma hierarquia

estruturada.

Segundo Hobbes, a perspetiva da teoria da organização é fundamentada na

sua relação entre os seus componentes no que diz respeito à sua estrutura:

“ Por organização entendo um número qualquer de Homens reunidos pelo encargo de um

negócio que lhes é comum”. (1985)

A perspectiva de Mélèse, vem complementar a teoria já apresentada por

Hobbes, e por ele é dito que:

“ A organização é um conjunto de indivíduos que utilizam um conjunto de meios para

realizar tarefas coordenadas em função de objetivos comuns”. (1979)

A abordagem de Mitchell e de Russel, apresenta a parte humana da

organização, com a finalidade de atingir fins comuns:

“ Pessoas que trabalham juntas para atingir um fim comum”. ( Mitchell – 1983)

“ Uma organização é um conjunto de pessoas que estão combinadas em virtude de

atividades orientadas para fins comuns”. (Russel – 1983)

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25 !!

Já a hipótese apresentada por Hutmacher é mais complexa e prevê o

sistema de hierarquização:

“Um coletivo humano coordenado, orientado por uma finalidade, controlado e atravessado

pelas questões de poder”. (1992)

Uma ótica diferente e mais abrangente é apresentada por Hall onde já são

reconhecidas, para além da questão da hierarquização, as dificuldades que

poderão surgir através de fatores exteriores:

“ Uma organização é uma coletividade com uma fronteira relativamente identificável, uma

ordem normativa, escalas de autoridade, sistemas de comunicação e sistemas de

coordenação de afiliação; essa coletividade existe numa base relativamente contínua num

ambiente e compromete-se em atividades que estão relacionadas, usualmente, com um

conjunto de objetivos”.

Concluindo: As diversas teorias organizacionais podem ajudar a decifrar o

que se passa nas Escolas.

1.1. As Fronteiras Escolares

A escola deixou de ser um sistema fechado, isolado, fora de contexto, e

passou a ser um sistema aberto e sujeito a trocas constantes, sendo estas

“fronteiras” maleáveis e permeáveis no que diz respeito à comunidade que a

envolve:

“em troca continua de matéria com o seu ambiente” (Bertalanffi – 1973)

Tendo em conta que a escola é um sistema aberto, terá de ter objetivos

como qualquer sistema organizado.

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26 !!

Na perspectiva de Perrow:

“ As organizações são instrumentos racionais conseguidos(!) para atingir os objetivos dos

seus dirigentes(!) ou(!) dos seus proprietários” (ibidem)

Já a Lei de Bases do Sistema Educativo preocupa-se em detetar eventuais

problemas no processo educativo através de alterações periódicas de estratégias a

aplicar:

“A progressão(!)deve estar ligada à avaliação de toda a atividade desenvolvida,

individualmente ou em grupo, na instituição educativa, no plano da educação e do ensino e

da prestação de outros serviços à comunidade” (Artigo 36, Lei de Bases do Sistema

Educativo, citado por ibidem)

Assim, os principais objetivos da escola são: instruir; educar; intervir no

meio.

Concluindo, o que se pretende é alargar os objetivos da escola, permitindo

uma melhor base para a formação de um cidadão.

1.2. A Cultura da Escola

Cada vez mais é notória uma maior diversidade cultural nas escolas.

Cultura da Organização, para os autores com uma visão funcionalista das

organizações a cultura é considerada uma realidade homogénea, mas para os

autores com uma visão crítica a cultura é denominada como uma realidade

heterogénea e com clivagens.

Segundo Lemaître:

“A cultura é um sistema de representações e de valores partilhados por todos os

membros”. (1987)

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27 !!

Schein define-a como:

“O padrão de assunções básicas – inventadas, descobertas ou desenvolvidas por um dado

grupo de acordo com a forma como ele aprendeu a lidar com os problemas de adaptação

ao exterior ou de integração no interior da organização – que fora trabalhadas até serem

consideradas válidas e serem, além disso, comunicadas aos novos membros como o

modo correto para perceber, pensar e sentir relativamente àqueles problemas”. (1985)

Tanto Lemaître, como Schein, defendem a cultura como uma realidade

homogénea.

Morgan, entende como cultura:

“Um processo de construção da realidade que permite às pessoas ver e compreender os

acontecimentos, ações, declarações, situações ou objetos particulares de modo muito

especial” (1992)

2. Sistema de Relação de Trocas

A pretensão máxima do nosso Sistema Educativo é baseada num sistema

de trocas, em que ambas as partes irão beneficiar.

Isto é, o conceito de “homem perfeito” muitas vezes atribuído ao professor

causa sensações de mal estar que poderão levar ao insucesso do mesmo e por em

causa todo o processo educativo.

Se o ideal de educação é promover o sistema de trocas, deverá haver uma

adaptação do professor e do aluno, e assim fatores como a disponibilidade e

assimilação e o querer aprender mais, irão pôr em causa o perfil autoritário que até

agora se praticava.

Perante a perspetiva de Paulo Freire em acordo com a visão de Hech e

Williams qualquer professor antes de poder educar uma terceira pessoa tem de

prestar atenção a si próprio:

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28 !!

“Os seres humanos a quem falta uma consciência da sua própria realidade pessoal não

podem exprimir o relacionamento de adaptação mútua, a experiência do “nós” que é o

fundamento de qualquer comunicação possível” (citado por Teixeira, 1995)

A Lei de Bases do Sistema Educativo refere no artigo 30º , n.º1, alínea a,

precisamente esta preocupação em a formação do professor e da forma como se

deve auto formar, dizendo que o professor dever ter “uma formação pessoal e social

adequada ao exercício da sua função” (ibidem)

Perante a perspetiva de vários autores tais como: Alves Pinto, Bajoit e

Argyris, o professor aparece como parte fundamental na estrutura escolar e a

forma como reage perante várias situações poderá influenciar o sucesso ou

insucesso escolar, isto é, poderão levar ao insucesso escolar.

Na óptica de Bajoit, as atitudes atrás mencionadas estão dependentes das

trocas sociais e à partida:

“toda a troca é ou tende a ser desigual” (1992)

2.1. As Funções do Professor

Perante a Lei de Bases do Sistema Educativo, fazem parte as funções

expressivas que englobam:

! O ato de instruir, que reconhece a autonomia do professor mas aplica a

função de gestão do processo educativo, estabelecendo limites a essa autonomia:

“Devem olhar o vosso trabalho profissional como consistindo sobretudo e

essencialmente em orientar a conduta do vosso aluno (!) entendendo-se conduta

no sentido mais amplo, como incluindo toda a espécie de reações adequadas às

circunstâncias em que o aluno se pode envolver nas peripécias da vida” (in

www.educ.fc.pt)

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! O ato de Educar

“ contribuir para a formação e realização integral dos alunos (!) formação e

realização integral dos alunos (!) do enriquecimento cultural e da inserção dos

educandos na comunidade (!) a criação e o desenvolvimento de relações de

respeito mútuo (!) promoção de “atividades educativas” (!) e de

acompanhamento dos alunos (Lei de Bases do Sistema Educativo, artigo 10º, n.º2,

alínea a,b,c e h – citado por Teixeira 1995).

! O ato de desenvolver uma ação educativa no meio

“elaborar com todos os intervenientes no processo educativo, favorecendo a

criação e desenvolvimento de relações de respeito mútuo, em especial entre

docentes, alunos, encarregados de educação e pessoal não docente” (ibidem)

3. Projeto Educativo de Escola

Segundo consta num conceituado dicionário português e por parte de

Almeida Costa, Sampaio e Melo, entendem por projeto:

“ Plano para a realização de um ato; desígnio; tensão; redação provisória de uma medida

qualquer; esboço; representação gráfica e escrita com orçamento de uma obra que se vai

realizar, cometimento na filosofia existencial aquilo para que o homem e é construtivo do

seu ser verdadeiro; empresas” (1989)

Pode ler-se também, num sentido mais geral no dicionário francês Littré:

“Projeto – lançar para a frente o que se tem intenção de fazer no futuro mais ou menos

distante” (1971)

Assim, a palavra projeto, bem como o seu sentido adapta-se a cada situação

e necessidade em que é utilizada.

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Quando se fala em educação a palavra projeto está sempre presente, ou

seja, quando se fala em projeto pedagógico, em pedagogia de projeto, em projecto

educativo, em projeto de formação de professores, em projeto de intervenção

cultural e em projeto educativo de escola.

O Projeto Educativo de Escola representa a identidade de uma escola, ou

seja, nele contidos princípios, normas, objetivos, necessidades, recursos e modos

de funcionamento que leva a que haja uma ação educativa e um desenvolvimento

da comunidade educativa.

Deste modo, deve ter-se em conta vários aspetos antes da elaboração do

projeto, tais como: “Necessidades ou problemas identificados; aspirações de

mudança e melhoria do trabalho que se desenvolve na escola; ou mesmo por

obediência a uma ordem vinda da hierarquia do sistema” ( in A construção do

Projeto Educativo, 1995)

Para Abel Rocha:

“ O Projeto Educativo de Escola é a forma mais nobre da liberdade educativa de cada

Escola. ( Rocha, Abel, do Artigo publicado no Jornal “ O Regional”, São João da Madeira,

Novembro de 1992)

Na opinião de Professor Ruben Cabral quando se fala de Projeto Educativo,

“é falar habitualmente de planeamento, de estratégias, de sonho, de fantasia, de

realidades encontradas e realidades que gostaríamos de construir”. ( in O novo voo

de Ícaro, 1999)

Geralmente olha-se para um projeto educativo de forma redutora, uma vez

que este se apresente, por vezes numa forma de difícil solução.

Portanto, olha-se para ele como uma simples listagem de atividades

escolares.

Esta visão deve ser ultrapassada e pensar-se que dentro deste projeto

devem estar não só as atividades escolares, mas também um contexto onde a

educação igualmente acontece, ou seja: a família, a sociedade em que a escola se

integra e o próprio aluno. Por vezes, se não houver um bom apoio e

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acompanhamento por parte destes intervenientes, uma boa atividade não chega

para construir a educação do aluno enquanto pessoa.

A tarefa de ser educador é considerada muito mais fácil do que a de ser

escola, uma vez que “as responsabilidades do educador não acabam onde acaba a

intervenção da escola”. (ibibem)

Desta forma o Projeto Educativo não deve ser confundido com Plano

Educativo, uma vez que plano é algo que está programado no tempo e no espaço e

que se deve seguir e cumprir à risca enquanto que “um Projeto Educativo deve ser

motivado pela antecipação das possibilidades e surgir da tensão que existe entre o já e o

ainda; entre o hoje e o amanhã; ou mesmo, entre teoria e a prática, entre tecnologia e

ciência; entre saber e saber fazer; entre esperança e angústia”. (ibidem)

Hoje em dia existem diferentes visões de educação que por vezes não se

preocupam com a formação pessoal e social do aluno. Deste modo, é importante a

existência de um Projeto Educativo, de uma educação que tenha como objetivo

lançar para a frente e não estagnar ou regredir, é importante também que haja

educação de constantes questões que nos transponha para um projeto de

aprendizagens.

De acordo com Peter Senge existem cinco disciplinas da aprendizagem. São

elas:

“Mestria Pessoal: a capacidade de clarificar e aprofundar a nossa visão

pessoal, de enfocar as nossas energias, de desenvolver a paciência e de ver a

realidade objetivamente.

Modelos Mentais: suposições interiorizadas, generalizações, ou mesmo

imagens que influenciam a maneira como compreendemos o mundo e como

agimos.

Visão Comum: a capacidade de construir uma visão comum sobre o futuro

que gostaríamos de criar.

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Aprendizagens em Equipa: sabemos que a aprendizagem em equipa

funciona melhor, porque se baseia no diálogo e nos permite reconhecer as formas

de interação em equipas que podem minar a aprendizagem.

Pensamento Sistémico: a capacidade de conceptualizar a natureza, a

complexidade e o funcionamento de um sistema completo, de cada uma das suas

partes e do seu inter – relacionamento.” (ibidem)

A comunidade educativa além de ter um plano de atividades precisa também

de um projeto que a lance para a frente e a faça ver cada vez com mais clareza

sinais dos tempos e que conduza a uma visão comum do que é possível.

A existência de um Projeto Educativo tem como função dar vida e sentido à

escola, portanto é importante que estejam todos de forma direta ou indireta ligados

à comunidade educativa.

Contudo, a existência de um Projeto Educativo de Escola visa o

desenvolvimento de medidas que respondam às necessidades detetadas em cada

comunidade educativa.

4. Educar para a Cidadania

O Projeto Educativo deve ser visto como uma estratégia de animação do

currículo, capaz de influenciar, a médio prazo, a prática letiva dos professores, e

romper com os aspetos de organização escolar desadaptados face às exigências

da Lei de Bases.

A cidadania é o objetivo fulcral da educação nesta sociedade pós moderna.

De acordo com Ilda Figueiredo (1999):

“ educar é sempre uma atividade, realizada num certo contexto social, político, económico,

cultural, ideológico, implicadora do educador. A época atual e as sociedades atuais,

caracterizadas por forte individualismo, negadoras de uma ética do dever e das

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obrigações, exige uma educação que faça a promoção dos direitos que não se reduzem

aos antropocêntricos, visto que não é só a vida humana que está em risco mas qualquer

manifestação de Vida: é o planeta que pode sobrar se não educarmos para a cidadania

com responsabilidade”. (pp.8)

Tendo em conta esta preocupação dos profissionais da Educação, sentiu-se

a necessidade de introduzir nos currículos dos alunos uma dimensão ética e cívica

que prepare as crianças e jovens para o exercício da cidadania e estimule o seu

desenvolvimento pessoal e social.

A aprovação do Decreto – Lei n.º6/2001, que estabelece os princípios

orientadores da organização e da gestão curricular do Ensino Básico, introduziu um

conjunto de medidas emblemáticas das quais se destaca, entre outras, a área

curricular não disciplinar – Formação Cívica – como sendo um “espaço privilegiado

para o desenvolvimento da educação para a cidadania, visando o desenvolvimento da

consciência cívica dos alunos como elemento fundamental no processo educativo de

formação de cidadãos responsáveis, críticos ativos e intervenientes, com recurso

nomeadamente, ao intercâmbio de experiências vividas pelos alunos e à sua participação

individual e coletiva, na vida da turma, da escola e da comunidade”. ( Decreto – Lei n.º6 de

18/01, cap II, art 5)

É preciso ter em conta que a escola, é também um local de vida, é um

espaço onde os alunos passam grande parte do seu tempo, se não mesmo a maior

parte. Devemos, por isso, estar preparados enquanto professores, para tornar a

escola um espaço onde se vive, onde se aprende a viver e se prepara para a vida.

Nesta época de incerteza e de rapidez com que se passa a informação é

importante que a escola assuma a sua componente sociabilizadora transmitindo

normas e valores, tal como previsto na Lei de Bases do Sistema Educativo que

aponta para uma educação cívica que promova a compreensão de valores básicos

como a tolerância e os direitos humanos. Torna-se, por isso, importante refletir-se

sobre as questões relacionadas com a cidadania e o papel da escola na sua

promoção junto dos alunos.

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34 !!

Hoje a escola é encarada simultaneamente como um contexto de

sociabilização e como uma comunidade na qual se estabelecem relações e onde

se desenvolvem atividades em que a cidadania surja, como algo que deve viver-se

em todos os momentos da vida.

Dever – se – à ter em conta que, um momento de educação para a

cidadania deve acontecer de forma viva e dinâmica, de preferência a partir de

contributos recolhidos pelos alunos, não se limitando a formas estereotipadas.

A educação para a cidadania no âmbito escolar só ganha sentido quando

proporciona à pessoa um conjunto de experiências, por meio das quais ela aprende

o que é o exercício da cidadania e se compromete com uma determinada

identidade cívica, como um modo de estar na vida. Parece importante referir

Fonseca (2002), que menciona a importância escolar, que deve capacitar o aluno

para a tarefa de analisar a realidade, formular juízos, tomar decisões e implicar-se

ativamente na vida social e comunitária, em todas as fases da sua vida, sempre

com o propósito de que tal se faça de modo autónomo e responsável.

Também Marques (1998) faz referência á importância do papel da escola na

nossa sociedade que sofreu grandes mutações, que foram acompanhadas por um

estreitamento do papel das famílias na formação moral e cívica das crianças,

exigindo-se cada vez mais da escola, uma intervenção na área – moral dos alunos.

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Caracterização do Meio e da Escola

Caracterização do Meio Envolvente

O Colégio Águas Férreas, fica situado em Vale de Óbidos, que pertence à

freguesia de Rio Maior.

Rio Maior situa-se no centro do país, 75 Km a Norte de Lisboa e 30 Km a

Leste de Santarém. Pertence à Região de Turismo do Oeste e,

administrativamente, é um dos concelhos do Distrito de Santarém. Por se encontrar

numa zona de transição, aí se percebem influências ribatejanas, a Sul, e

estremadurenhas a Norte.

A zona Norte do concelho integra-se na área protegida do Parque Natural

das Serras d’Aire e Candeeiros, da qual também fazem parte as salinas de Rio

Maior.

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36 !!

História As origens de Rio Maior e do seu concelho são pouco conhecidas. Sabe-se,

no entanto, que o mar, no terciário, cobriu parte desta região, numa época em que

se verificaram profundas transformações na crosta terrestre. São disso testemunho

o sal-gema, os calcários e os fragmentos de grandes vertebrados. A riqueza do

espólio pré-histórico é notável salientando-se o Castro de S. Martinho, as grutas da

Senhora da Luz e Alcobertas, as estações da Quinta da Rosa e da Arruda dos

Pisões, entre outras, abrangendo, tudo isto, um perímetro que vai do paleolítico

inferior ao Romano. Não restam dúvidas de que os romanos se fixaram nesta área

e a eles se atribui a exploração de sal-gema, que se mantiveram em actividade até

aos nossos dias.

Forno Medieval – Alcobertas Mosaico Romano – Rio Maior

Julga-se que o aglomerado populacional não possui qualquer outra

denominação, dado conhecer-se o mais antigo documento referido a Rio Maior

datado de 1177. Deste modo, é antigo e vem dos primórdios da Nacionalidade o

nome de Rio Maior, ainda que sejam efetivamente poucos os eventos históricos a

que possamos ligar a sua existência.

De aldeia incipiente que fora durante séculos, Rio Maior transforma-se

lentamente até que atinge a categoria de vila em 6 de Novembro de 1836, por

decreto que ao mesmo tempo lhe confere qualidades de concelho. Em Julho de

1985, pelo seu grande desenvolvimento e aumento populacional, Rio Maior

ascende a cidade.

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Caracterização sócio-económica

Rio Maior viveu nos últimos anos um progresso significativo que se marca

pelo aparecimento e expansão do setor secundário e terciário, substitutos da

atividade agrícola, quer em importância económica quer pelo número de empregos

que geram.

A criação de uma Zona Industrial permitiu a concentração económica, e

reúne um conjunto diverso de empresas que se distribuem por diferentes

atividades: indústrias transformadoras e extrativas (areias), reparação de

automóveis, transportes e armazenagem, entre outras.

É dominante, na área central da cidade a concentração de atividades

financeiras e de administração, o comércio por grosso e a retalho, a prestação de

serviços ao nível do alojamento e restauração.

A atividade turística, no concelho, aparece quase sempre associada às

Salinas, localizadas a 2Km da cidade, onde a exploração de sal é feita em moldes

tradicionais. Merecem ainda destaque a Feira Nacional da Cebola, realizada em

Setembro e a Feira das Tasquinhas, em Março, que todos os anos atraem muitos

visitantes, o que se traduz numa dinâmica económica importante.

O concelho de Rio Maior conta com, aproximadamente, 20 050 habitantes,

distribuídos por 14 freguesias, numa área total de 272 Km2. A população é

maioritariamente jovem e adulta, distribuindo-se pelas seguintes faixas etárias: dos

0 aos 24 anos – 6400 habitantes (31,9% da população); dos 25 aos 64 anos –

10230 habitantes (51,0% da população); com 65 ou mais anos – 3420 habitantes

(17,1% da população). Do total de indivíduos com idades compreendidas entre os 0

e os 24 anos, 63% são estudantes.

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Instituições Pública

! Biblioteca Municipal Dr. Laureano Santos

! Pavilhão Multiusos

! Estádio Municipal Pista de Atletismo Susana Feitor

! Pavilhão Desportivo

! Piscinas Municipais de Rio Maior

! E.B.I Marinhas do Sal

! E.B.I. Fernando Casimiro

! GNR

! Centro Especial “O Ninho”

! Escola Secundária Drº Augusto César da Silva Ferreira

! Bombeiros

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Caracterização da Escola

Este projeto é a base de trabalho do Colégio cujo nome é Águas Férreas. O

referido Colégio é um estabelecimento de ensino privado com fins lucrativos,

construído de raiz para o efeito composto pelas valências de: Creche; Jardim-de-

Infância e 1º Ciclo do Ensino Básico. Situa-se na Estrada de Vale de Óbidos, Rio

Maior, tendo sido inaugurado no Ano Letivo 2007/2008.

O horário de funcionamento da instituição é das 7h30 às 19h30 de segunda

– feira a sexta - feira, todos os dias do ano, excetuando os dias de feriados

Nacionais e/ou Municipais (como referido no Regulamento Interno).

Este Colégio é composto pela Direção, pelo Pessoal Docente e pelo Pessoal

Não Docente. Faz parte da Direção uma pessoa. Em relação ao Pessoal Docente,

existem 11 funcionárias, sendo 9 Educadoras – de – Infância e 2 Professora do 1º

Ciclo e por fim existem 6 Auxiliares da Acção Educativa, que pertencem ao Pessoal

Não Docente.

Este Colégio como já foi dito anteriormente é constituído por 3 valências,

que são: creche, Pré – Primária e 1º Ciclo. De seguida, serão referidas todas as

instalações:

! Na Creche

- Berçário(a sala do parque e a copa do leite)

- Sala do Piu – Piu (1-2 Anos)

- Sala do Mickey (2-3 Anos)

! A Pré – Primária é constituída por três salas e casa de banho comum.

- Sala Azul (3-4 Anos)

- Sala Laranja (4-5 Anos)

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !

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- Sala Verde (5-6 Anos)

! 2 salas de 1º Ciclo

!1 Sala Polivalente

! 1 cozinha

! 1 refeitório

! 2 casas – de – banho para visitantes

! 3 casas – de – banho de serviço

! 2 balneários de serviço

! 1 casa – de – banho para o 1º Ciclo com diferenciação de sexos

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !

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Conclusão

O Projeto Educativo de Escola é um processo em construção que pressupõe

uma atitude de inovação, numa perspetiva de mudança em relação à realidade de

que se parte, com vista à melhoria do processo educativo. Neste sentido e para um

futuro que se pretende melhor para a elaboração de um Projeto Educativo, a

primeira questão a ter de ser colocada não será o “ Como fazemos”, mas a ideia de

escola e de educação que está na sua base – “ Que escola queremos ser?”.

Deste modo, um Projeto Educativo de Escola exigindo participação, reporta-

se à singularidade do Colégio e visa a globalidade garantindo um sentido para as

diversas ações dos intervenientes na escola.

Cada comunidade educativa tem de tomar consciência da sua identidade

para a definição e desenvolvimento do seu plano de ação – Projeto Educativo de

Escola – e isso exigirá Comunidades Educativas fortes, capazes de definirem

projetos autónomos e livres, ora isso implica:

! A concessão/ conquista efetiva da autonomia de projeto – devolução da

esfera educacional às instâncias representativas da sociedade civil, entenda-se

Comunidade Educativa;

! O Projeto de cada comunidade deve ser o ponto de partida para as

estratégias educativas que têm como destinatários todos os elementos integrantes

dessa mesma comunidade;

! A execução e a elaboração do projeto pressupor um pacto de confiança,

onde todos os agentes estão vinculados a uma exigência de formação contínua.

Tal como refere Marília Mendonça em “ Ensinar a aprender por Projetos”

(2002), um projeto implica a responsabilidade e a autonomia dos intervenientes.

Isto significa que estes são agentes do seu desenvolvimento e aprendizagem, ou

seja, têm capacidade de decidir e de influenciar o seu caminhar. É uma forma de

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !

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estar na vida e na profissão. Mais que a procura de soluções lógicas e racionais,

implica uma entrega que envolve o profissional enquanto ser total.

O conceito de autonomia define-se como sendo a capacidade de utilizar os

recursos internos, em interação com, os recursos externos, colocando-os ao

serviço da aprendizagem e do desenvolvimento. Em relação ao conceito de

responsabilidade este define-se como a capacidade de tomar decisões e escolher,

mas, em simultâneo, ser capaz de assumir o resultado dessa escolha individual ou

em grupo.

O Projeto Educativo de Escola é hoje a intenção de modernizar e criar um

ambiente educativo vivo e capaz de envolver cada vez mais membros da

comunidade escolar potencializando os interesses e saberes individuais e de os

fazer convergir num todo comum que estabeleça uma relação de pertença que

reclame de cada indivíduo a oportunidade de participar na construção de uma

escola melhor.

Educar é, assim, proporcionar situações de aprendizagem, momentos em

que cada um se pode sentir implicado na construção do saber e do tornar – se

pessoa, utilizando os conceitos de Carl Rogers “A Educação é um processo social,

é desenvolvimento” (Sprinthall, N. & Sprinthall, R., 1993, pp.322)