PROGRAMA DE EDUCAÇÃO ESCOLAR POMERANA
– PROEPO
Sintia Bausen Kuster Lúzia Fiorotti Daleprane
Ismael Tressmann
II Congresso Consad de Gestão Pública – Painel 54: Inovações em programas educacionais
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO ESCOLAR POMERANA – PROEPO
Sintia Bausen Kuster Lúzia Fiorotti Daleprane
Ismael Tressmann
RESUMO O Programa de Educação Escolar Pomerana – Proepo é um Programa pedagógico que tem como objetivo valorizar e fortalecer a cultura e a língua oral e escrita pomerana. Foi implementado em escolas públicas de cinco municípios capixabas, que foram colonizados por descendentes pomeranos oriundos da Europa e que mantiveram o uso da sua língua. As escolas recebem crianças com essa marca cultural e ao ingressarem na vida escolar, a maioria fala somente a língua materna, no caso o pomerano, e são inseridos num contexto escolar essencialmente de língua portuguesa (momolingue), acarretando certas dificuldades no aprendizado. Desde a época da colonização, a língua e seus falantes têm sofrido preconceitos e sido objeto de uma visão estereotipada, na medida em que a escola não abria espaço para que os alunos pudessem se expressar também na sua língua materna. Essa postura adotada pela escola foi reflexo da política de nacionalização do governo Getúlio Vargas. Por imposição oficial do currículo, a educação pública de qualidade para todos foi um direito negado historicamente aos sujeitos pertencentes a minorias étnicas e linguísticas. Para garantir a vitalidade dessa língua e levando em consideração a extinção da mesma na Europa, está em processo no município a lei de co-oficialização da língua pomerana e o censo lingüístico.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................... 03
OBJETIVO GERAL DO PROGRAMA........................................................................ 10
OBJETIVOS ESPECÍFICOS...................................................................................... 11
METODOLOGIA.........................................................................................................12
PLANEJAMENTO/ACOMPANHAMENTO/FORMAÇÃO CONTINUADA...................14
RESULTADOS........................................................................................................... 23
CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................... 26
REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 28
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INTRODUÇÃO
O município de Santa Maria de Jetibá está localizado na região Centro
Serrana do estado capixaba, a 80 km da capital. A população é de 34.170 habitantes
(IBGE, 2007), sendo 74% residentes na zona rural e 26% residentes na zona
urbana. É, portanto, um município voltado para a agricultura, sendo responsável por
40% da produção estadual de hortaliças, destacando-se como o primeiro produtor
de ovos do Estado e segundo do país. A população é constituída
predominantemente de pomeranos.
Os primeiros imigrantes chegaram ao Espírito Santo em junho de 1859,
época anterior ao processo de unificação da Alemanha do século XIX. Provenientes,
em sua maioria da Pomerânia Oriental, as maiores levas, porém, chegaram entre os
anos 1870 e 1874, quando a imigração também cessou. A grande maioria, porém,
emigrou da Europa para os Estados Unidos e para Austrália.
Estima-se que a população pomerana no Espírito Santo atualmente gire
em torno de 120 mil e, em termos de Brasil, talvez, ultrapasse 300 mil indivíduos (Cf.
Tressmann: 1998).
Os pomeranos são um povo camponês e recriaram, ao longo do século e
meio de permanência em solo sul-americano, o modo de vida camponês. Eles
mantiveram o uso da sua língua materna – o Pomerano -, suas festas comunais,
seus rituais e danças, além dos seus costumes culturais e maritais, os atos mágicos
que acompanham os ritos de passagem como confirmação, casamento e morte, a
continuidade da narrativa fantástica da tradição oral camponesa. (Tressmann, 2005).
A língua pomerana é falada no Brasil pelos pomeranos em comunidades
no Espírito Santo, Minas Gerais, Rondônia, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A
maioria dos falantes são bilíngues em Pomerano e Português. Na Alemanha o
Pomerano é praticamente desconhecido, sendo falado somente no Brasil e Estados
Unidos (Tressmann, 2005)
O Pomerano é uma língua da família germânica ocidental e da subfamília
Baixo-Saxão (Low Saxon) Oriental. Também fazem parte desta subfamília linguística
o Saxônio, o Holandês, o Flamengo, o Vestfaliano e o Afrikâner, entre outras
línguas.
No município de Santa Maria de Jetibá a maioria da população fala a
língua pomerana no seu dia-a-dia: em casa, no comércio, na igreja, na lavoura e nas
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festas realizadas nas comunidades. Grande parte das crianças aprendem a língua
oficial (português) na escola. Essa realidade é fato na zona rural do município; já na
zona urbana o Pomerano é menos falado, sendo que a maioria se expressa melhor
em português.
Desde a época da colonização, a língua pomerana e seus falantes em
nosso município têm sofrido preconceitos e sido objeto de uma visão estereotipada,
na medida em que a escola não abria espaço para que os alunos pudessem
expressar-se também na sua língua materna. Essa postura adotada pela escola foi
reflexo da política de nacionalização do governo de Getúlio Vargas, que proibiu o
uso das assim chamadas “línguas estrangeiras”, como a língua pomerana e alemã
nas igrejas e nas repartições públicas.
No ano de 2005, atendendo aos anseios da Secretaria Municipal de
Educação de Santa Maria de Jetibá em dimensionar as realidades sócio-econômica-
culturais e educacionais com a finalidade de nortear as ações e práticas educativas
no contexto democrático, foi elaborado o Projeto Político Pedagógico-PPP do Ensino
Fundamental.
Entre o diagnóstico geral das escolas, destacamos duas de grande
relevância no que se refere à implementação e desenvolvimento do Programa de
Educação Escolar Pomerana no município: O número de descendentes e a
quantidade de falantes da língua conforme tabelas e gráficos abaixo:
ENTREVISTA COM A COMUNIDADE ESCOLAR (ENSINO FUNDAMENTAL) EM 2005
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO (PPP) – 1444 FAMÍLIAS
Falantes da Língua
Fala Pomerano Familiares
Sim Não Só entende Não Responderam Total
Pai 807 205 17 415 1444
Mãe 754 273 84 333 1444
Outros 2021 817 248 1161 4247
Total 3582 1295 349 1909 7135
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Baseado nesta estatística, o município apresenta um perfil com grande
número de falantes do pomerano. Conseqüentemente, as escolas recebem crianças
com essa marca cultural. Ao ingressar na vida escolar, a maioria dos educandos fala
somente a língua materna, no caso o pomerano, e são inseridos num contexto
escolar essencialmente de língua portuguesa (monolíngue).
Segundo Eduardo Guimarães “a língua materna é a língua cujos falantes
a praticam pelo fato de a sociedade em que se nasce a pratica; nessa medida ela é,
em geral, a língua que se representa como primeira para seus falantes”.
A identidade cultural é constituída, como afirma Stuart Hall (1997), por
“aqueles aspectos de nossas identidades que surgem de nossa `pertença` a culturas
étnicas, raciais, linguísticas, religiosas e, acima de tudo, nacional”. (Hall apud
Candau, 2002, p.31).
Verifica-se, nestes últimos anos, o desaparecimento acelerado de muitas
línguas, representando uma perda irrecuperável para a humanidade. Para
resguardar os direitos linguísticos, garantidos pelos Direitos Humanos, muitos
linguistas em todo o mundo foram levados a trabalhar em projetos de (re)vitalização
e (re)afirmação dessa identidade cultural.
Considerando que a língua portuguesa é a oficial em nosso país e em
nossos sistemas educacionais, faz-se necessário promover estudos com a finalidade
também de abrir espaços, implementando políticas educacionais voltadas ao
atendimento das necessidades regionais do nosso município, oportunizando aos
falantes da língua pomerana maior inserção social.
Falantes da Língua
50%
18%
5%
27%
Fala Pomerano Não Fala Pomerano
Só Entende Não Responderam
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A Constituição Federal determina nos artigos:
Artigo 210
Determina que sejam fixados conteúdos mínimos para a educação básica, de maneira a assegurar a formação comum e o respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais; Artigo 215
Garante a todos o pleno exercício dos direitos culturais e que o Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas, afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional; Artigo 216
Define como patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira;
Considerando que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, estabelece nos seus artigos:
Artigo 3o
II – Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura e o saber; Artigo 26o
Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela. § 4o
O ensino da História do Brasil levará em conta as condições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígenas, africana e européia. Artigo 28o
Na oferta da educação básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente: I – conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural;
Considerando que a Declaração sobre os Direitos das Pessoas
Pertencentes a Minorias Nacionais ou Étnicas, Religiosas e Linguísticas,
aprovada pela Resolução 47/135 da Assembléia Geral da ONU de 18 de dezembro
de 1992 e atualizada em 13 de junho de 2008, estabelece em seus artigos:
Artigo 1
1. Os Estados protegerão a existência e a identidade nacional ou étnica, cultural, religiosa e lingüística das minorias dentro de seus respectivos territórios e fomentarão condições para a promoção de identidade. 2. Os Estados adotarão medidas apropriadas, legislativas e de outros tipos, a fim de alcançar esses objetivos.
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Artigo 2
1. As pessoas pertencentes a minorias nacionais ou étnicas, religiosas e lingüísticas (doravante denominadas “pessoas pertencentes a minorias”) terão direito a desfrutar de sua própria cultura, a professar e praticar sua própria religião, e a utilizar seu próprio idioma, em privado e em público, sem ingerência nem discriminação alguma. Artigo 4
3. Os Estados deverão adotar as medidas apropriadas de modo que, sempre que possível, as pessoas pertencentes a minorias possam ter oportunidades adequadas para aprender seu idioma materno ou para receber instruções em seu idioma materno. 4. Os Estados deverão adotar, quando apropriado, medidas na esfera da educação, a fim de promover o conhecimento da história, das tradições, do idioma e da cultura das minorias em seu território. As pessoas pertencentes a minorias deverão ter oportunidades adequadas de adquirir conhecimentos sobre a sociedade em seu conjunto.
Considerando que a Declaração Universal dos Direitos Linguísticos
estabelece em seus artigos:
Artigo I
1. Esta Declaração entende por comunidade lingüística toda a sociedade humana que, assentada historicamente em um espaço territorial determinado, reconhecido ou não, se auto-identifica como povo e desenvolve uma língua comum como meio de comunicação natural e coesão cultural entre seus membros. A denominação língua própria de um território faz referência ao idioma da comunidade historicamente estabelecida neste espaço. Artigo 7
1. Todas as línguas são expressão de uma identidade coletiva e de uma maneira distinta de perceber e de descrever a realidade, portanto possuem o poder de gozar das condições necessárias para seu desenvolvimento em todas as funções. 2. Cada língua é uma realidade constituída coletivamente e é no seio de uma comunidade que se torna disponível para o uso individual, como instrumento de coesão, identificação, comunicação e expressão criativa. Artigo 8
1. Todas as comunidades lingüísticas têm direito a organizar e gerir os recursos próprios, com a finalidade de assegurar o uso de sua língua em todas as funções sociais. 2. Todas as comunidades lingüísticas têm direito a dispor dos meios necessários para assegurar a transmissão e a continuidade de futuro de sua língua.
Considerando a Declaração Universal da Diversidade Cultural, da
Organização das Nações Unidas (ONU), que estabelece em seus artigos:
Artigo 1 – A diversidade cultural, patrimônio comum da humanidade
A cultura adquire formas diversas através do tempo e do espaço. Essa diversidade se manifesta na originalidade e na pluralidade de identidades que caracterizam os grupos e as sociedades que compõem a humanidade. Fonte de intercâmbios, de inovação e de criatividade, a diversidade cultural é, para o gênero humano, tão necessária como a diversidade biológica para a natureza. Nesse sentido, constitui o patrimônio comum da humanidade e deve ser reconhecida e consolidada em beneficio das gerações presentes e futuras.
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Artigo 2 – Da diversidade cultural ao pluralismo cultural
Em nossas sociedades cada vez mais diversificadas, torna-se indispensável garantir uma interação harmoniosa entre pessoas e grupos com identidades culturais a um só tempo plurais, variadas e dinâmicas, assim como sua vontade de conviver. As políticas que favoreçam a inclusão e a participação de todos os cidadãos garantem a coesão social, a vitalidade da sociedade civil e a paz. Definido desta maneira, o pluralismo cultural constitui a resposta política à realidade da diversidade cultural. Inseparável de um contexto democrático, o pluralismo cultural é propício aos intercâmbios culturais e ao desenvolvimento das capacidades criadoras que alimentam a vida pública. Artigo 3 – A diversidade cultural, fator de desenvolvimento
A diversidade cultural amplia as possibilidades de escolha que se oferecem a todos; é uma das fontes do desenvolvimento, entendido não somente em termos de crescimento econômico, mas também como meio de acesso a uma existência intelectual, afetiva, moral e espiritual satisfatória. Artigo 5 – Os direitos culturais, marco propício da diversidade cultural
Os direitos culturais são parte integrante dos direitos humanos, que são universais, indissociáveis e interdependentes. O desenvolvimento de uma diversidade criativa exige a plena realização dos direitos culturais, tal como os define o Artigo 27 da Declaração Universal dos Direitos Humanos e os artigos 13 e 15 do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Toda pessoa deve, assim, poder expressar-se, criar e difundir suas obras na língua que deseje e, em particular, na sua língua materna; toda pessoa deve poder participar na vida cultural, dentro dos limites que impõe o respeito aos direitos humanos a às liberdades fundamentais.
Mediante os artigos citados acima é preciso levar em consideração que o
Brasil não é um país monolíngue, ou seja, não se fala só uma língua como língua
primeira. No âmbito nacional, são inúmeras as línguas autóctones ou nativas
(indígenas) e alóctones (de imigração), bem como as práticas afro, que podem ser
reconhecidas em diferentes localidades do território brasileiro. Essas variedades são
praticadas diariamente e são aprendidas como língua primeira por muitos indivíduos
ainda nos dias de hoje. Este é um fato evidente entre os pomeranos. Como, não
levá-la em consideração no âmbito escolar?
Soares (1996) ressalta que não faz sentido considerar uma cultura
superior ou inferior a outra. Cada um tem a sua integridade própria, o seu próprio
sistema de valores e de costumes.
Um passo importante no que diz respeito aos direitos lingüísticos no Brasil
foi dado em relação às comunidades indígenas. Na Constituição de 1988, elas
tiveram os direitos assegurados, a qual incorporou pela primeira vez na história o
reconhecimento dos povos indígenas como etnias que têm o direito coletivo às suas
culturas e às suas línguas. Garantindo principalmente a educação bilíngüe, graças
ao movimento indígena, ao trabalho de indigenistas, de Organizações Não
Governamentais e grupos de pesquisas de universidades. Os direitos assegurados
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pela Constituição de 1988 se concretizaram com a publicação do Referencial
Nacional para escolas Indígenas em 1998. Porém, os direitos linguísticos não foram
estendidos aos falantes de outras línguas brasileiras, como as línguas de imigração
que ficaram sem visibilidade e, geralmente, têm permanecido excluídas e postas às
margens do debate público e social, inclusive pela escola, que muitas vezes as vê
como um problema à aprendizagem, equivocando-se do seu real papel construtivo.
Com a oficialização da Língua Portuguesa é comum se pensar que o
Brasil é um Estado monolíngüe, porém nosso país não apenas apresenta uma das
áreas com a maior biodiversidade do planeta, mas também uma das maiores
diversidades linguísticas que merecem ser mencionadas como um valor a ser
fortalecido. É urgente, pois, que se valorize essa importante faceta da diversidade
constitutiva do Brasil. A diversidade não é só racial, étnica, de gênero, regional, a
diversidade também é lingüística. Estima-se que sejam faladas no Brasil cerca de
180 línguas indígenas e mais de 30 línguas de imigração, às quais se somam ainda
a língua de sinais brasileira (LIBRAS) e as práticas lingüísticas ligadas ás línguas
trazidas da África pelos escravos negros, das quais infelizmente só existem mais
alguns resquícios.
Segundo documento PCN (1997, p. 97)
A atuação do professor em sala de aula deve levar em conta fatores sociais, culturais e a história educativa de cada aluno, como também características pessoais de déficit sensorial , motor ou psíquico , ou de superdotação intelectual. Deve-se dar especial atenção ao aluno que demonstrar a necessidade de resgatar a auto-estima.
A questão da diversidade linguística muitas vezes não é levada em
consideração, não há como negar a presença da cultura e da língua pomerana nas
escolas de Santa Maria de Jetibá e o papel desta na formação e no desenvolvimento
das potencialidades dos alunos.
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OBJETIVO GERAL DO PROGRAMA
Desenvolver nas escolas públicas um projeto pedagógico que valorize e
fortaleça a cultura e a língua pomerana, representadas por meio da língua oral e
escrita, danças, religião, arquitetura e outras tradições.
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OBJETIVOS ESPECÍFICOS
� Introduzir uma educação bilíngue (Pomerano e Português) nas escolas
envolvidas no Projeto;
� Identificar as transformações e permanências dos costumes das
famílias pomeranas: no de filhos; divisão de trabalho entre sexo, idade;
costumes alimentares; vestuário; tipos e história das moradias; hábitos
de higiene; meios de transporte e comunicação; preservação da saúde;
lazer; música; danças; narrativas; brinquedos e brincadeiras da
infância; jogos;
� Resgatar a história da escola, identificando os antigos espaços
escolares, materiais didáticos, antigos professores e alunos;
� Construir a partir de pesquisas material didático-pedagógico que será
utilizado nas diferentes áreas do conhecimento;
� Valorizar a língua pomerana no ambiente escolar promovendo a auto-
estima dos alunos falantes da língua;
� Trabalhar a importância da língua pomerana e o modo de vida
camponês como fatores de identidade étnica e social;
� Valorizar a língua pomerana como principal fonte de preservação da
cultura;
� Ampliar do conhecimento sobre a cultura pomerana, sem tentar isolá-la
dos aspectos econômicos e sociais. Os pomeranos se identificam
enquanto (I) falantes da língua pomerana, (II) camponeses, e (III)
luteranos;
� Refletir sobre as implicações da cultura pomerana na prática
pedagógica.
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METODOLOGIA
As escolas envolvidas no programa foram selecionadas a partir de
critérios diferenciados em função das especificidades de cada município envolvido.
O PROEPO é uma constante construção, tanto no que diz respeito à
escrita, na elaboração de material e no desenvolvimento do programa nas escolas.
Em nosso município temos diversas realidades no que tange ao
atendimento de alunos e escolas. Ressaltamos que as escolas onde o Programa
ocorre não são fixas, pois depende do (a) professor (a) que está atuando, e se este
(a) participa das capacitações. A cada início de ano os (as) professores (as) entram
no processo de remoção no intuito de chegar mais próximo a sua casa, ocorrendo
troca de escola e conseqüentemente o atendimento do programa. Talvez essa seja
uma das maiores dificuldades encontradas no fomento do programa. Nesse ano de
2009 a Secretaria Municipal de Educação contratou professores (as) específicos (as)
para atender as escolas, são professores (as) itinerantes, atendendo as escolas de
Educação Infantil e Ensino Fundamental que não possui professores (as) que não
falam a língua e não participam da formação continuada.
Descreveremos a seguir o atendimento:
Educação Infantil
O PROEPO é desenvolvido em unidades da Educação Infantil através
dos (as) professores (as) que participam das capacitações, contemplando o
pomerano dentro das diversas áreas do conhecimento. Com exceção das escolas
que possuem professoras específicas, garantindo uma aula semanal em cada turma.
Atualmente já estão sendo atendidos 674 alunos da Educação infantil de um total de
1187 matriculados na rede. Veja tabela abaixo:
NOME DAS ESCOLAS No ALUNOS CEI Alto Rio Possmoser 19 CEI Fazenda Franz Schneider 15 Creche Ronald Berger 38 CEI Pommern 311 CEI Fazenda Emílio Schroeder 37 CEI São Sebastião 40 CEI João Lauvers 34 CEI Recreio 20 CEI Carlos Zumach 11 CEI Pimentel 18 CEI Jetibá 103 CEI Rio Triunfo 15 CEI Barracão do Rio Possmoser 14 CEI Luis Guilherme Potratz 37
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Ensino Fundamental
Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, o programa é desenvolvido por
professores (as) que participam das capacitações. A difusão do PROEPO nestas
escolas se dá no currículo normal, na qual o professor (a) se apropria da língua
pomerana como meio de uma compreensão mais eficaz do conteúdo em língua
portuguesa e ainda organiza uma aula semanal. Nas escolas que atuam professores
(as) que não participa das capacitações foi contratado professor específico/itinerante
para garantir o atendimento.
Nos anos finais do Ensino fundamental foi incluída na grade curricular
uma aula semanal. Num total de 2340 alunos da rede municipal em 2009, 1809
alunos estão sendo beneficiados com o programa.
Nome das Escolas No Alunos EEEF Fazenda Emílio Schroeder 291 EMEF Antônio Gonçalves 105 EP Adolfo Stange 33 EU Barracão do Rio Possmoser 53 EMEF Recreio 203 EU Fazenda Kruger 42 EU Alto Recreio 30 Eu Vitor Ponath 22 EP Pimentel 41 EU Baixo Rio Pantoja 14 EP Frederico Schultz 30 EU Guarino Shiavo 12 EP Rio Taquara 39 EMEF João Lauvers 235 EU Rio Lamego 14 EU Rio do Queijo 18 EMEF Vila Jetibá 135 EMEF São Sebastião 154 EMEIF Luiz Potratz 201 EEEFM Hermann Berger 50 EU Alberto Schultz 31 EU Adolfo Pagung 15 Eu Guilherme Borchardt 20 EU Córrego São Sebastião 21
Na Secretaria de Ação Social o programa é desenvolvido pelo PETI –
Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, atendendo nesta modalidade 20
alunos.
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PLANEJAMENTO/ACOMPANHAMENTO/FORMAÇÃO CONTINUADA
Em março de 2005 iniciou-se o curso de capacitação destinado, e como
critério, a professores falantes da língua pomerana.
Nesse ano foram abordados aspectos históricos, culturais e lingüísticos
do povo pomerano.
As capacitações são ministradas pelo assessor do programa Professor
Doutor Ismael Tressmann sob a coordenação da Professora Síntia Bausen Kuster.
Os encontros são realizados quinzenalmente, divididos em dois pólos (Garrafão e
Centro), cada encontro com quatro horas de duração.
2006 – A temática se voltou para o estudo da gramática do léxico e
metodologia aplicada na sala de aula.
2007 – Estudos de aspectos gramaticais do Pomerano:
� Produção individual e coletiva de textos;
� Estudos da língua a partir de temas culturais, propostos no livro de
curso (Kursbauk), por meio de textos, leitura e escrita;
� Planejamento voltado para a sala de aula;
� Realização de oficinas de arte pomerana, como pintura em casca de
ovo, bandeirolas, cadernos de histórias (colagem) e flores.
2008/2009
� Estudos de aspectos gramaticais do Pomerano;
� Produção de texto;
� Planejamento com os professores;
� Estudos da língua tendo como base o subsídio didático o Kursbauk;
Exemplos de materiais utilizados nas capacitações
Pomerisch Språk – Prof. Ismael Tressmann
Dat alfabet
ABAKAT
Wij eeta abakat mit suker un limon.
BLAUM
Ik häw muter ain blaum geewt.
BOUN
Bouna plant man im märts.
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CIRKUS
Wij sin gistern nam cirkus hengåa.
DISCH
Dat eeten is upm disch.
DUUW
Dai duuw fret gruuwa.
EIG
Ik wil denåsta air gebrårt eig eeta.
FÅGEL
Dai fågel mökt sij nest im busch.
GURKA
Gurka sin seir gaud tau ousem fel.
GÅBEL
Dai grouta eeta mit dai gåbel.
HÅN
Ous hån kräicht sou schöin jeira morgen.
GUIS
Dai guis löpt hijner dai kiner.
IM
Dai im mökt hoinig fon dai blauma.
JAKA
Dai jaka is knutrig un pikig.
KAT
Mijn kat gript råta im schupa.
KNUFLUK
Wij planta knufluk am Josefsdag.
LAT
Wij forwåra dai biskuita in dai lat.
LEEPEL
Wij benutsa de grouta leepel taum sup eeten.
MUUL
Wekmåls is dat beeter dat muul tauhula.
METSER
Dai kiner schåla ni mit spitsig metser speela.
MIJLCHA
Mit mijlcha koina wij meel måka taum broud baken.
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NÄÄS
Wen ik in de sün gå, wart mijn nääs roud.
OSSAKAR
Fåter hålt äipi un mamau mit dai ossakar.
POL
Pola geewa de palmittort aina gaura gesmak.
RANJ
Dai ranj hät vitamin C.
SALAD
In Kulland planta dai pomerer feel salad.
SCHÅP
Dat schåp giwt ous wul, melk un flaisch.
TASCH
Dai meista tascha sin fon leerer måkt.
TASS
Morgens un nåmirdags drink ik geirn ain tass melkkafa.
TUFEL
Tufel wasst uuner dai eir.
UUL
Nachts sit dai uul upm stuwa.
VIOLON
Dai braurer speelt violon un dai swester flöit up dai kwerflöit.
WALACH
Hai däit de walach sadla.
WOLK
Dai sün is gans langsåm hijner dai wolken ruuterkooma.
YPSILON
Dat ypsilon daua wij ni oft benutsa bijm srijwen.
ÄX
Deis äx is gaud taum hult haken.
Hai kan swema as ain äx oona steel.
ZEBUFAI
Dat zebufai hät aina grouta knura un langa höirn.
Dai månata fon dem jår
hin � eend � pedel � düütscheend � guis � pUuthån
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Os meses do ano Abreviatura januar janeiro Jan feibruar fevereiro Fei märts março Mär april abril Apr mai maio Mai juni junho Jun juli julho Jul august agosto Aug september setembro Sep oktober outubro Okt november novembro Nov deicember dezembro Dei Dai dåg in dai week Os dias da semana
sündag domingo måndag segunda-feira dijnsdag terça-feira mirweek quarta-feira dunerdag quinta-feira frijdag sexta-feira sunåwend sábado Dai tijd O tempo
sünig ensolarado snijgig chuvisquento reegnig chuvoso trübig mormacento windig ventoso betrekt nublado Dai jårstijd As estações do ano blaumatijd primavera somer, warmtijd verão fruchttijd outono winter, kultijd inverno Kardinalnumerer Números cardinais
0 nul 20 twansig 1 ain (a) 30 draisig 2 twai 40 firtsig 3 drai 50 fuwtsig 4 fair 60 seechtsig 5 fijw 70 sijbtsig 6 söss 80 achtsig 7 soiwen 90 nuintsig 8 acht 100 huunerd 9 neegen 200 twaihuunerd 10 teigen 300 draihuunerd
18
11 elwen 400 fairhuunerd 12 twölw 500 fijwhuunerd 13 draitseen 600 sösshuunerd 14 firtseen 700 soiwenhuunerd 15 fuwtseen 800 achthuunerd 16 seechtseen 900 neegenhuunerd 17 sijbtseen 1000 duusend 18 achtseen 100000 ain miljon 19 nuintseen
DUUW SWåR SCHAU HåS
MEELFåGEL SWIJR SCHüp ROUS
KÜÜKA SWANS SCHUPASWIJR HOUS
Wat süüst duu up deisem bijld? Srijw wou feel mål jeira dail upm bijld is ån___________________________
Hin __________________________
Küüka________________________
Swijr_________________________
Apel_________________________
Eend_________________________
Traktor_______________________
Wolk_________________________
Walach_______________________
Kind_________________________
Voa, besouro-de-maio! O pai está na guerra
A mãe está na Pomerânia; A Pomerânia está arrasada
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Encontro de capacitação de professores do
PROEPO
Planejamento realizado de acordo com o
calendário pomerano
Confecção de material Histórias com dobraduras
Atividades desenvolvidas em sala de aula
CEI Pommern Professora Mônica Gums Raasch Atividade: Vestimentas típicas – Festa Junina
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Atividades: Vivenciando, representando a brincadeira do anel “Ringel”
Atividade: Árvore Genealógica da família
“Daí schaula famijcha stam”
21
Atividade: Jogo de lata
“ lataspeelen”
Atividade: Contando história “ Muter Tilda”
EMEF Recreio Professora: Mônica Kuster Gums Atividade: Dominó
Cartaz etiquetado com as partes do corpo
22
Trabalhando as cores
Encontros intermunicipais
Periodicamente são realizadas reuniões com coordenadores do
PROEPO, no intuito de discutir, planejar, organizar, elaborar material para o projeto,
e avaliar as ações desenvolvidas.
Reunião de Coordenadores Laranja da Terra-ES
Encontrão do PROEPO
O PROEPO realiza anualmente desde sua implementação o Encontrão.
Nesse encontro se reúnem professore (as) de todos os municípios com objetivo de
trocar experiências para o enriquecimento da prática educativa.
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RESULTADOS
Os resultados do programa são obtidos por meio de depoimentos e
avaliações feitos pelos professores que desenvolvem o trabalho, observando o
entusiasmo dos alunos na sala de aula, e o que antes era apenas linguagem oral
hoje pode ser escrito abrindo a possibilidade de ter o conhecimento nas duas
versões. Um outro indicador de resultado consiste na permanência dos professores
frente a esse novo desafio, ajudando a desenvolver uma didática na utilização de
conteúdos no cotidiano escolar. As famílias vêm demonstrando maior interesse na
vida escolar de seus filhos sentindo-se mais valorizados nesse contexto. Podemos
destacar que os alunos estão se sentido mais incluídos e consequentemente
elevando sua auto-estima.
O impacto maior ocorre nos primeiros anos de escolarização da criança.
Levando em consideração esse aspecto podemos, observar que no ano de 2008 o
índice de aprovação das escolas onde foi desenvolvido o programa no 2o ano/1a
série obtiveram um índice acima de 80% enquanto nas demais, várias escolas
alcançaram um índice abaixo de 80%. Veja o quadro a seguir:
QUADRO DEMONSTRATIVO E COMPARATIVO DE APROVAÇÃO DO 2o ANO/1a SÉRIE – ANO 2008
ESCOLAS ENVOLVIDAS NO PROEPO % ESCOLAS NÃO ENVOLVIDAS %
EU Baixo Rio Pantoja 100% EP Carlos Zummach 50%
EU Rio do Queijo 100% EPM Faz Arthur Plaster 67%
EU Rio Lamego 80% EP Alcides Pimentel 75%
EU Rio Pantoja 100% EP Cab. Rio Lamego 100%
EU Córrego Simão 100% EP Alberto Schulz 80%
EU Guarino Schiavo 100% EP Rio Possmoser 82%
EUM João Guilherme G. Borchardt 100% EP Rio Triunfo 100%
EP Rio Taquara 100% EMEF Antonio Gonçalves 100%
EMEF João Lauvers 80% EMEF São Sebastião 30%
EP Adolfo Stange 100% EMEF Vila de Jetibá 66%
EP Gustavo Rogge 80% EM Faz Franz Boldt 67%
EMEF Recreio 80% EM Santa Luzia 100%
EP Faz. Franz Schneider 100% EU Alto Recreio 60%
EU Barr. do Rio Possmoser 67%
EU Cab. Do Rio Possmoser 100%
EU Carlos Zietlow 50%
EU Córrego São Sebastião 50%
EU Faz Gustavo Berger 100%
EU Faz Schultz 33%
EU Frederico Schultz 75%
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ESCOLAS ENVOLVIDAS NO PROEPO % ESCOLAS NÃO ENVOLVIDAS %
EUM Fazenda Victor Ponath 100%
EUM Florêncio Bausen 100%
EUM Adolfo Pagung 60%
EU Rio Claro 83%
EU Rio Sabino 100%
EU Rio Taquarinha 100%
EPM Cab.Rio Santa Maria 73%
EU Alto Rio Triunfo 100%
EU São José do Rio Claro 100%
EU Fazenda Krüger 75%
Fonte: SECEDU Obs.: Esta tabela se refere somente ao diagnóstico do 2o ano/1a série. Na 2a coluna constam Escolas que desenvolveram o PROEPO, porém em outros anos/séries
Outro resultado importantíssimo, tanto para o programa quanto para a
sociedade em geral, em 2006 através da parceria efetuada com a SEDU, foi lançado
o primeiro Dicionário Enciclopédico Pomerano, um marco histórico na vida dos
pomeranos. Cabe ressaltar que a língua pomerana até então não possuía uma
escrita padrão e a partir de estudos do lingüista Professor Doutor Ismael Tressman
passou a ter essa realidade sendo um dos resultados práticos dos estudos
etnolinguísticos do Pomerano.
Livros editados em língua pomerana
1 Literatura pomerana escrita
1.1 A compilação de um dicionário Pomerano-Português
Editado em 2006 pela Secretaria de Estado de
Educação-ES,o Dicionário é um dos resultados práticos de
estudos etnolinguísticos do Pomerano pelo Professor
Doutor Ismael Tressmann, iniciado em 1995.
Inicialmente, pretendia escrever apenas um
glossário, para uso pessoal. A compilação consistia numa
listagem de termos culturais, seguidos de uma definição:
tratava-se, portanto, de um "Pequeno Dicionário
Etnográfico". Tinha a intenção, na época, de registrar de forma ordenada e mais ou
menos precisa alguns resultados da pesquisa que vinha iniciando na área de
Antropologia/Etnologia e Linguística.
Dirigido às comunidades pomeranas do Brasil e a todos aqueles que
buscam informações sobre a língua pomerana, o Dicionário Enciclopédico Pomerano
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– Português contém cerca de 16 mil verbetes em ordem alfabética, abrangendo o
vocabulário geral, corrente da língua pomerana falada no Brasil e os vocabulários de
diversas áreas. O vocabulário e as informações etnográficas e similares têm por base
o Pomerano falado no Espírito Santo e em Rondônia. Lamentavelmente, por razões
de tempo e de apoio financeiro, não poderemos incluir nesta primeira edição dados do
Pomerano de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.
Várias pessoas colaboraram na preparação desta primeira edição, nas
áreas de lexicografia e etnografia e fornecendo-me ricas sugestões e correções, em
especial Anivaldo Kuhn, Laura Stange Reetz e Delma Discher.
O Dicionário apresenta a proposta de grafia da língua pomerana e pretende ser um
auxílio na pesquisa ou no aprendizado do Pomerano.
1.2 O Livro-Texto: Upm Land
O Livro de leitura Upm Land, reúne textos da
autoria de pomeranos e pomeranas do Espírito Santo e de
Rondônia. O livro, todo escrito em Pomerano, contém
narrativas e descrições que têm por base o cotidiano rural
pomerano-brasileiro.
A primeira parte fala da importância da língua
como sinal diacrítico da identidade social. De acordo com os
autores, é importante manter a língua pomerana, ensinando-
a às crianças como primeira língua. Lembramos que na
Alemanha o Pomerano é praticamente desconhecido, sendo
falado espontaneamente somente no Brasil, Estados Unidos e Austrália.
Os textos das partes seguintes tratam de temas ligados à agricultura,
animais domésticos, culinária, trabalhos artesanais, flora e fauna da Floresta
Amazônica e da Mata Atlântica.
Este é o primeiro livro-texto escrito em Pomerano e editado no Brasil, com
base em estudos científicos. A comprovação de tais dados estão embasados em
vários anos de pesquisas etnográficas e linguísticas, como parte de estudos feitos
sob orientação de professores/as do Museu Nacional-Universidade Federal do Rio
de Janeiro.
A obra destina-se à divulgação da cultura deste povo, à formação de
professores/as de língua pomerana, servindo como material de leitura no ensino da
escrita do Pomerano.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do programa o município sentiu necessidade de dar um passo
adiante no que diz respeito ao reconhecimento da língua. Fez-se contato com o
IPOL – Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Lingüística que atua
na promoção da diversidade lingüística e cultural do Brasil e dos paises do Mercosul,
em parceria com as comunidades lingüísticas interessadas em manter a sua língua
e desenvolver seus usos, para co-oficializar a língua pomerana. A co-oficialização
em nível municipal será um passo decisivo para o seu reconhecimento e para que
outras comunidades lancem mão do mesmo recurso nos seus respectivos
municípios, em especial por se tratar de uma língua alóctone ou de imigração, e não
de uma língua indígena, o que amplia o quadro de legitimidade das línguas
brasileiras. Nesse sentido o pomerano pode ser a primeira língua de imigração co-
oficial no Brasil, considerando que o Brasil possui três línguas indígenas co-
oficializadas no Amazonas. Para discutir assuntos pertinentes em torno do processo
de co-oficialização da língua pomerana e, sobretudo criar o entendimento que co-
oficializar uma não é uma ameaça para ninguém, antes pelo contrário, é uma
riqueza e uma oportunidade para todos (não só para os pomeranos) foi constituída
por meio de Decreto Municipal no 203/2007 a Comissão Municipal de Políticas
Lingüísticas que é composto por representantes governamentais e não
governamentais. Está previsto para os próximos meses a iniciação dos trabalhos,
segundo contrato feito entre a Prefeitura Municipal e o IPOL.
Integrado ao processo de co-oficialização da língua está previsto também
a realização do censo lingüístico no município que fornecerá as informações
necessárias para que o Poder Público possa converter a lei de co-oficialização do
pomerano em realidade, concebendo políticas educacionais e culturais ligadas à
língua. Além disso, realizar o censo lingüístico concomitante com o processo de co-
oficialização potencializa a participação cidadã na discussão, otimizando os
resultados. Importante ressaltar que o IBGE está prevendo para 2010 a inclusão do
censo lingüístico em todo o território nacional, essas discussões foram abordadas na
Audiência Pública realizada em Brasília no final do ano passado pelo Grupo de
Trabalho da Diversidade Lingüística coordenado pelo Departamento do Patrimônio
Imaterial formado por instituições governamentais e não governamentais para tratar
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de políticas públicas voltadas à preservação e proteção do multilingüismo no país da
qual o município teve participação.
Com o Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Cultural (IPHAN) está
se buscando o pedido de Registro da língua como patrimônio cultural e imaterial do
Brasil através do Inventário Nacional da Diversidade Lingüística.
Outras ações pertinentes do programa é a edição do material didático
elaborado pelos professores que atuam no Proepo. Entre os materiais estão:
literatura infantil, jogos, poesias, parlendas, adivinhas, cd de músicas etc.
O PROEPO é uma importante ferramenta pedagógica na melhoria do
processo ensino-aprendizagem, visto que o professor tem utilizado a educação
bilíngüe para enfrentar barreiras lingüísticas existentes entre o pomerano e
português. A escola e família precisam estar integrados e o PROEPO integra família
e escola na medida em que não há interrupção dos conhecimentos que o aluno traz
de casa permitindo uma continuidade e valorização desses conhecimentos.
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REFERÊNCIAS
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LIMA, M. de N. M. de. (Org.). Escola plural: a diversidade está na sala de aula: Formação de Professoras em Historia e Cultura Afro-Brasileira e Africana. São Paulo: Cortez, 2005. OLIVEIRA, G. M. de. (Org.). Declaração universal dos direitos lingüísticos: novas perspectivas em políticas lingüísticas. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2001. SOARES, M. Linguagem e escola: uma perspectiva social. São Paulo: Ática, 1989. TRESSMANN, I. Bilingüismo no Brasil: o caso da comunidade pomerana de laranja da terra. Associação de Estudos da Linguagem (ASSEL-Rio). UFRJ. Rio de Janeiro, 1998. ______. Da Sala de Estar à Sala de Baile. Estudo Etnolingüístico de Comunidades Camponesas Pomeranas do Estado do Espírito Santo. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Lingüística. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. WAIANDT, D. Reinke. Alfabetização: revendo e revertendo dificuldades. Instituto de Ensino Superior da Região Serrana. Instituto Superior de Educação. FARESE: Faculdade da Região Serrana. Santa Maria de Jetibá, 2004. WEBER, G. Merklein. A escolaridade entre os descendentes de pomeranos em Domingos Martins. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 1998. ___________________________________________________________________
AUTORIA
Sintia Bausen Kuster – coordenadora desde 2005 do Programa de Educação Escolar Pomerana – PROEPO. Endereço eletrônico: [email protected] Lúzia Fiorotti Daleprane – atuou como secretária municipal de educação no período de 2005 a 2008. Atualmente está como diretora na rede estadual de educação. Endereço eletrônico: [email protected] Ismael Tressmann – doutor em linguística e assessor do Programa.
Endereço eletrônico: [email protected] Filiação Institucional: Prefeitura Municipal de Santa Maria de Jetibá – ES Secretaria Municipal de Educação Endereços eletrônicos: educaçã[email protected] [email protected]