PROFESSOR DE FILOSOFIA - ESTADO DO RIO DE JANEIRO - CEPERJ - 2013
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
31. Entre os primeiros pensadores da filosofia, foi recorrente a referência a elementos naturais como a água, o
fogo, a terra e o ar para a explicação da realidade. Um desses casos é encontrado na seguinte sentença. "Este
mundo, o mesmo de todos os (seres), nenhum deus, nenhum homem o fez, mas era, é e será um fogo sempre
vivo, acendendo-se em medidas e apagando-se em medidas". Essa frase, como consta no volume dedicado aos
pré-socráticos da coleção Os pensadores, é atribuída a:
A) Tales de Mileto.
B) Heráclito de Éfeso.
C) Parmênides de Eleia.
D) Pitágoras de Samos.
E) Demócrito de Abdera.
32. O amor é tema do diálogo O banquete, de Platão. Nele, os convivas se divertem fazendo elogios a Eros,
deus do amor. De acordo com o que nos é relatado nessa obra, Sócrates ouviu o discurso que pronuncia sobre
Eros de:
A) um aprendiz, Fedro, mas Sócrates não lhe dá crédito.
B) um deus, o próprio Eros, que o transmitiu diretamente a Sócrates.
C) um homem, Agatão, como o próprio Sócrates dá inteiro crédito.
D) uma mulher, Diotima, como o próprio Sócrates dá inteiro crédito.
E) um rei tirano, Dionísio, mas Sócrates não lhe dá crédito.
33. No capítulo IX de sua Poética, Aristóteles situa o discurso poético em relação ao discurso histórico,
destacando especificidades de seu conteúdo e de seu valor. Para o filósofo grego, no capítulo em questão, a
poesia é:
A) mais filosófica, porém menos séria do que a história, pois a poesia se refere principalmente ao particular, e
a história, ao universal.
B) menos filosófica, porém mais séria do que a história, pois a poesia se refere principalmente ao universal, e
a história, ao particular.
C) mais filosófica e mais séria do que a história, pois a poesia se refere principalmente ao universal, e a
história, ao particular.
D) menos filosófica e menos séria do que a história, pois a poesia se refere principalmente ao particular, e a
história, ao universal.
E) tão filosófica e tão séria quanto a história, pois ambas se referem principalmente ao universal.
34. Em sua Poética, Aristóteles se pergunta a respeito da natureza do discurso poético e de seu efeito. Em
resposta a essas questões, ele apresenta dois conceitos fundamentais para a sua compreensão da tragédia e que
terão "grande influência na teoria e na crítica literárias posteriormente", como comenta Danilo Marcondes na
sua Iniciação à história da filosofia. Essas duas noções aristotélicas são:
A) o belo e o sublime.
B) o sujeito e o objeto.
C) o apolíneo e o dionisíaco.
D) a imitação e a purificação.
E) a aura e a reprodução.
35. Durante a filosofia medieval, uma das mais constantes discussões foi aquela sobre a relação entre fé e
razão, já que, em princípio, cada uma delas parecia uma via distinta para se alcançar Deus ou a verdade. O
pensamento religioso, nesse momento da história, refletiu sobre a sua interação com o entendimento
argumentativo da filosofia. Conforme observa Danilo Marcondes na sua Iniciação à história da filosofia,
Santo Agostinho adotou uma posição decisiva nesse contexto, postulando que, quanto aos ensinamentos
religiosos, deve-se adotar o seguinte procedimento:
A) primeiro acreditar para depois compreender.
B) primeiro compreender para depois acreditar.
C) acreditar e compreender simultaneamente.
D) somente compreender, sem jamais acreditar.
E) somente acreditar, sem jamais compreender.
36. Durante a filosofia escolástica, destaca-se o nome de Guilherme de Ockham, por conta de seu pensamento
pautado por um princípio de economia. Segundo Etienne Gilson, em A filosofia na Idade Média, Ockham não
se cansava de repetir que, se quisermos uma proposição que nos garanta, ao mesmo tempo, a sua verdade e a
realidade que ela afirma, precisaremos de uma:
A) evidência imediata.
B) mediação especulativa.
C) criação artística.
D) fé inesgotável.
E) reflexão subjetiva.
37. Nas suas famosas Meditações, Descartes mostrou como a dúvida pode ser de grande utilidade ao preparar
o caminho para o pensamento. Na segunda meditação, conforme Descartes explica no "resumo" dessa obra, o
espírito supõe que não existem todas as coisas de que tenha a menor dúvida, para logo em seguida o espírito
reconhecer que é:
A) possível que ele próprio não exista.
B) impossível que ele próprio não exista.
C) possível que ele próprio exista.
D) impossível que ele próprio exista.
E) irrelevante que ele próprio exista ou não exista.
38. Spinoza, na sua Ética, investigou "a potência do intelecto ou a liberdade humana", o que constitui a quinta
parte de seu livro. Logo no primeiro axioma desta parte, ele define sua posição sobre o problema da
contradição entre duas ações em um mesmo sujeito. Segundo tal axioma, se, em um mesmo sujeito, são
suscitadas duas ações contrárias, é correto afirmar que:
A) deverá, eventualmente, dar-se uma mudança em ambas, ou em apenas uma delas, sendo possível que
deixem de ser contrárias.
B) deverá, necessariamente, dar-se uma mudança em ambas, pois apenas em uma delas é insuficiente para que
deixem de ser contrárias.
C) deverá, necessariamente, dar-se uma fixação em ambas, ou em apenas uma delas, para que nunca deixem
de ser contrárias.
D) deverá, necessariamente, dar-se uma mudança em ambas, ou em apenas uma delas, até que deixem de ser
contrárias.
E) deverá, necessariamente, dar-se uma cristalização de ambas, pois a estrutura ontológica dos entes exige a
permanência dos contrários.
39. No capítulo sobre "O empirismo inglês", da coletânea Curso de filosofia, organizada por Antonio
Rezende, Danilo Marcondes reconhece que o empirismo é "uma das grandes correntes formadoras da filosofia
moderna". Na "definição" contida na abertura desse capítulo, o intérprete afirma que os empiristas pretendem
dar uma explicação do conhecimento a partir da:
A) ideia inata.
B) contemplação teórica.
C) fé.
D) subjetividade transcendental.
E) experiência.
40. Immanuel Kant dedicou sua Crítica da razão pura à questão do conhecimento. De acordo com o que
escreve o filósofo alemão na abertura da parte sobre a "razão em geral" desta obra, todo o nosso conhecimento
começa:
A) na razão, vai daí aos sentidos e termina no entendimento.
B) na razão, vai daí ao entendimento e termina nos sentidos.
C) no entendimento, vai daí à razão e termina nos sentidos.
D) nos sentidos, vai daí ao entendimento e termina na razão.
E) nos sentidos, vai daí à razão e termina no entendimento.
41. O pensamento filosófico do século XIX concedeu especial relevância ao tema da história, porém nenhum
pensador parece tê-lo feito tanto quanto Hegel. Na introdução da Filosofia da história, Hegel apresenta três
tipos de abordagem da história, discorrendo sobre cada um deles. As três formas de encarar a história ali
apresentadas por Hegel são as seguintes:
A) a científica, a artística e a filosófica.
B) a original, a refletida e a filosófica.
C) a epistemológica, a fenomenológica e a ontológica.
D) a monumental, a tradicionalista e a crítica.
E) a da loucura, a da sexualidade e a da ciência.
42. Em suas teses "Sobre o conceito da história", publicadas em Magia e técnica, arte e política (Obras
escolhidas v. 1), Walter Benjamin analisa criticamente a ideia do progresso. Na tese 13, Benjamin afirma que
a ideia de um progresso da humanidade na história é inseparável da ideia de sua marcha no interior de um
tempo caracterizado como:
A) vazio e homogêneo.
B) cheio e heterogêneo.
C) saturado de agoras.
D) misterioso e redentor.
E) revolucionário.
43. Na "Terceira dissertação" de Genealogia da moral, Nietzsche discute a famosa definição que Kant oferece
do belo, contrapondo a ela "uma outra, de um verdadeiro "espectador" e artista". Este escritor, a quem
Nietzsche se refere e que, conforme o próprio filósofo alemão, chamou o belo de "uma promessa de
felicidade", é:
A) Flaubert.
B) Goethe.
C) Proust.
D) Balzac.
E) Stendhal.
44. Na "Carta sobre o humanismo", que é parte de Marcas do caminho, Martin Heidegger definiu um
princípio fundamental de toda sua filosofia sobre a linguagem. De acordo com o que afirma Heidegger, logo
no começo desse texto, a linguagem é:
A) voz de Deus.
B) morada do ser.
C) estrutura da subjetividade.
D) consenso inter subjetivo.
E) ideologia capitalista.
45. Theodor Adorno esteve sempre atento, em seu pensamento, aos variados perigos que rondam o exercício
da filosofia durante a época contemporânea, a partir do século XX. No fragmento "Dentro e fora", de Minima
moralia, ele destacou que a filosofia estava ameaçada no espaço acadêmico e no espaço extra-acadêmico,
respectivamente, pelas pressões
A) da tautologia organizada e da tautologia desorganizada.
B) da economia estatal e da economia de mercado.
C) da economia de mercado e da tautologia organizada.
D) da tautologia organizada e da economia de mercado.
E) da tautologia desorganizada e da economia de mercado.
46. No capítulo "Visões da modernidade", da coletânea Curso de filosofia, organizada por Antonio Rezende,
os professores Eduardo Jardim e Katia Muricy recorrem ao pensamento de Hannah Arendt para fazer um
diagnóstico da contemporaneidade. "Nosso tempo é marcado, segundo Hannah Arendt, pela crise dos três
sustentáculos da civilização ocidental". Conforme a exposição dos autores, tal crise se apresentou
historicamente na seguinte sequência cronológica:
A) a da tradição filosófica, nos séculos XVII e XVIII; a da religião, no século XIX; e a da autoridade política,
no século XX.
B) a da autoridade política, nos séculos XVII e XVIII; a da tradição filosófica, no século XIX; e a da religião,
no século XX.
C) a da religião, nos séculos XVII e XVIII; a da tradição filosófica, no século XIX; e a da autoridade política,
no século XX.
D) a da tradição filosófica, no século XVII; a da autoridade política, no século XVIII; e a da religião, no
século XIX.
E) a da religião, no século XIX; a da tradição filosófica, no século XX; e a da autoridade política, no século
XXI.
47. Durante o século XX, a filósofa Hannah Arendt afirmou que existe uma antiga resposta para a pergunta
sobre o sentido da política tão simples e concludente, que poderia dispensar outras respostas por completo. De
acordo com o que explana Hannah Arendt em O que é política?, esse sentido da política é:
A) o poder.
B) a administração.
C) a liberdade.
D) a igualdade.
E) o bem.
48. Jean-Paul Sartre, em O ser e o nada, faz uma fenomenologia das dimensões temporais. Tendo em vista
essa descrição fenomenológica sobre o passado e o presente, ele conclui que:
A) o passado é em-si e o presente é para-si.
B) o presente é em-si e o passado é para-si.
C) o passado e o presente são em-si.
D) o passado e o presente são para si.
E) nem o passado e nem o presente são em-si ou para-si.
49. Nas Investigações filosóficas, Ludwig Wittgenstein indaga quantas espécies de frases existem na
linguagem. De acordo com o que ele define nesta obra,
A) existe apenas uma espécie de frase: a afirmação.
B) existem apenas duas espécies de frases: a afirmação e a pergunta.
C) existem apenas três espécies de frases: a afirmação, a pergunta e o comando.
D) existem apenas quatro espécies de frases: a afirmação, a pergunta, o comando e a descrição.
E) existem inúmeras espécies de frases: em uma pluralidade que não é fixa.
50. Filosofia é questão de ideias. Entretanto, para alguns filósofos, ela é também questão de estilo. Gilles
Deleuze pensava assim, e por isso dizia que "os grandes filósofos são também grandes estilistas", como fez na
entrevista do livro Conversações, dedicada exclusivamente ao tema da filosofia. Nessa entrevista, o pensador
francês define, ainda, que tal estilo em filosofia é:
A) a comunicação elegante.
B) a beleza da contemplação.
C) o processo da reflexão.
D) a quietude da linguagem.
E) o movimento do conceito.
GABARITO
31. B
32. D
33. C
34. D
35. A
36. A
37. B
38. D
39. E
40. D
41. B
42. A
43. E
44. B
45. D
46. C
47. C
48. A
49. E
50. E
PROVA COM QUESTÕES RESPONDIDAS - PROFESSOR DE FILOSOFIA - COLÉGIO PEDRO II
- RJ - 2013
PROVA PRELIMINAR - FILOSOFIA
Questão 1
De acordo com Jean-Pierre Vernant, a polis nascente vive uma efervescência religiosa que contribui para
formar uma nova imagem da areté, da excelência, da virtude, condizente com a nova organização política e
social.
Assinale a opção que NÃO condiz com as características dessa nova areté.
A) A virtude depende de um exercício longo e rigoroso, que exige um domínio constante de si mesmo.
B) A proporção, o que é ponderado e mediador, é valorizada em oposição ao excesso e à desmedida.
C) O fausto, a moleza, a riqueza e o luxo são denunciados por causa das divisões e dos ódios que suscitam.
X D) O valor pessoal é inato e se manifesta no valor do combate e na opulência do gênero de vida.
Questão 2 - ANULADA
Questão 3
"De Persuasão é o caminho (pois à verdade acompanha)" (fr. 2).
A persuasão de que Parmênides fala se diferencia da que é objeto da sofística porque a persuasão:
A) parmenídica está ancorada na verossimilhança das coisas.
X B) parmenídica se identifica com a necessidade lógica do pensamento.
C) sofística está sempre em contradição com a necessidade lógica.
D) sofística mantém-se no nível da opinião verdadeira.
Questão 4 - ANULADA
Questão 5
De acordo com a compreensão aristotélica das causas, exposta no quinto livro da Metafísica, o arquiteto pode
ser considerado a causa de uma construção:
I. enquanto alguém que é capaz de construí-la; nesse caso, ele é sua causa em potência.
II. como arquiteto em geral; nesse caso, ele é sua causa enquanto substrato.
III. como o arquiteto específico que a construiu; nesse caso, ele é sua causa acidental.
Considerando as assertivas acima, está(ão) correta(s) apenas:
A) I
B) III
C) I e II
X D) I e III
Questão 6
No quinto livro da "Ética a Nicômaco", Aristóteles afirma que o homem pode ser justo ou apenas agir
justamente.
A diferença mencionada repousa sobre a distinção entre os atos:
X A) realizados por escolha, por deliberação prévia; e os atos realizados sem deliberação prévia, ainda que,
em ambos, o ato seja voluntário, ou seja, o agente aja sem ignorar a pessoa atingida pelo ato, o instrumento
utilizado e o fim almejado.
B) justos essencialmente, isto é, realizados voluntariamente e cujos resultados são também justos; e os atos
justos por mero acidente, pois, apesar de serem cometidos voluntariamente, acidentalmente têm consequências
injustas.
C) realizados voluntariamente, isto é, com conhecimento de causa, sem ignorar a pessoa atingida pelo ato, o
instrumento usado e o fim a ser alcançado; e os atos realizados involuntariamente, sem conhecimento de
causa.
D) naturalmente justos, isto é, que estão de acordo com uma justiça imutável, sendo assim reconhecidos em
todos os lugares; e os atos justos por convenção, a princípio indiferentes, mas que deixam de sê-lo ao se
instituir uma norma a seu respeito.
Questão 7 - ANULADA
Questão 8
A análise de Aristóteles sobre a tragédia, na Poética, segue três eixos norteadores: a) quais são os efeitos desse
tipo de obra de arte no ser humano; b) como esses efeitos podem ser alcançados; c) quais são as suas
consequências para a vida na polis.
Dessa análise, segue-se que o efeito:
X A) trágico é alcançado pela identificação do espectador com o herói, purificando os sentimentos de terror e
piedade que levariam o homem à desmesura.
B) catártico proporcionado pela tragédia produz no espectador a aprendizagem dos sentimentos de terror e
piedade, exemplos de justa medida.
C) catártico produz um ensinamento teórico dos limites e possibilidades da vida na polis, por meio da
narrativa das peripécias do herói.
D) trágico acontece por meio da disseminação dos sentimentos de terror e de piedade, propiciando ao animal
político o necessário para agir de forma virtuosa.
Questão 9
"Disse há pouco, Mênon, que você é um brincalhão. E aí está você me perguntando se posso instruí-lo,
quando digo que não há aprendizado, mas lembrança" (Platão. Mênon).
"Afirmo que a finalidade da palavra é dupla: ensinar ou evocar recordações nos outros ou em nós mesmos"
(Agostinho. Sobre o mestre, I).
A partir dos textos acima, pode ser apontada como uma tese comum a Platão e a Agostinho que:
A) a instrução estética é o método pedagógico por excelência.
B) a ataraxia é a meta filosófica da ação pedagógica.
X C) a anamnese é a principal tarefa pedagógica.
D) não é possível nenhuma tarefa educativa.
Questão 10
"Em todas as coisas que se ordenam a um fim que pode ser alcançado de diversos modos, faz-se necessário
algum dirigente para que se possa alcançar o fim do modo mais direto."
(AQUINO, Tomás de. A realeza: dedicado ao Rei de Chipre, I, 1).
Segue-se dessa tese política de Tomás de Aquino que:
A) a autoridade é necessária devido à incapacidade humana de vislumbrar e alcançar coletivamente o bem
comum.
X B) a autoridade é a instância para regrar a cooperação social, proporcionar o funcionamento correto da
sociedade e produzir o bem comum.
C) dado que Deus dotou todos os homens com a luz natural da razão, a autoridade é consequência imediata e
necessária dessa condição.
D) somos, por natureza, seres que vivem em grupo e cooperam, e, por essa razão, basta a lei natural para
regular a vida em sociedade.
Questão 11
"Sons vocais são signos subordinados aos conceitos ou intenções da alma (...) porque essas palavras são
criadas por imposição para significar as coisas elas próprias - que são significadas pelos conceitos na mente,
de modo que primeiro o conceito significa uma coisa de modo natural e em seguida o som vocal significa a
mesma coisa."
(OCKHAM. Summa totius logicae).
A sentença que melhor explica a afirmação de Ockham é:
A) tanto sons vocais quanto conceitos são convencionais.
B) tanto sons vocais quanto conceitos significam algo de modo natural.
C) sons vocais significam algo de modo natural, conceitos são convencionais.
X D) sons vocais são convencionais, conceitos significam algo de modo natural.
Questão 12
Se, por um lado, Maquiavel é lido como "teórico da força", por outro, interpretações recentes de sua obra
destacam preocupações a respeito da constituição de sociedades livres.
Entre os textos abaixo, aquele que melhor expressa essas preocupações republicanas do autor é:
X A) "... logo que se impõe uma tirania sobre uma cidade de vida livre, o menor mal que disso resulta à cidade
é deixar de progredir, de crescer em poder ou em riquezas."
B) "... é necessário para um príncipe que queira se conservar aprender a não ser bom e disso se valer segundo
a necessidade".
C) "um senhor prudente não pode nem deve observar a palavra dada quando esta voltar-se contra ele e quando
as razões que o fizeram prometer desaparecerem".
D) "é preciso, porém, que [um príncipe] tenha um ânimo predisposto a mudar conforme os ventos da fortuna e
as variações das coisas o exigirem".
Questão 13
A resolução expressa na segunda máxima da moral provisória de Descartes é: "ser o mais firme e o mais
decidido possível em minhas ações e de seguir as opiniões as mais duvidosas, uma vez me tivesse resolvido
por elas, com a mesma constância que o faria se fossem muito seguras". (Discurso do método, III)
Sem poder partir de bases seguramente estabelecidas para os preceitos morais, Descartes justifica tal máxima:
A) pela urgência das ações da vida cotidiana que exige que decidamos como agir com base apenas na
probabilidade, impossibilitando quaisquer reconsiderações.
X B) pelo fato de que, por mais frágeis que sejam as razões que nos levaram a tomar alguma decisão, elas
impedem que fiquemos estagnados ou vaguemos sem rumo.
C) pela capacidade que essa máxima tem de nos livrar dos remorsos e arrependimentos que agitam as
consciências dos espíritos inconstantes e frágeis.
D) pela nossa incapacidade de modificar as circunstâncias externas que demandam nossas ações, podendo agir
apenas sobre nossos pensamentos e resoluções.
Questão 14
"É evidente por que razão o homem é animal político mais do que toda a abelha ou mais do que todo o animal
gregário. Com efeito, como dizemos, a natureza não faz nada em vão. E dos animais somente o homem tem a
palavra. (...) O discurso [do homem] é para tornar claro o que convém e o que é prejudicial, como também o
que é justo e o que é injusto. Ao comparar os homens aos outros animais, vê-se que isso lhes é próprio: ter a
sensação do bem e do mal, do justo e do injusto, e de outras. O conjunto dessas sensações (aisthéseis) é que
faz a família e a cidade-estado". (Aristóteles, Política, I)
"Deus, tendo criado o homem como um ser sociável, criou-o não apenas com uma disposição e uma
necessidade de relacionar-se com outros indivíduos de sua espécie, mas o fez dotado de linguagem, como o
grande instrumento e elo comum da sociedade." (LOCKE. Ensaio sobre o entendimento humano, III, 1, 1).
A partir dos textos acima, pode ser apontada como uma tese comum a Aristóteles e a Locke:
X A) A linguagem é condição da dimensão política do homem.
B) A linguagem é consequência da dimensão política do homem.
C) Natureza ou Deus cuidam providencialmente do convívio social do homem.
D) Natureza ou Deus diferenciam homens e animais por sua capacidade sonora.
Questão 15
No capítulo XIV da primeira parte do "Leviatã", Hobbes, coerentemente com sua compreensão mecanicista da
natureza humana, define a liberdade como:
A) o poder que o homem possui de preservar sua própria vida, fazendo, para isso, tudo que seu julgamento e
razão indicarem como meios adequados para tal fim.
B) o preceito ou regra geral da razão que obriga o homem a evitar tudo aquilo que pode destruir sua vida ou
privá-lo dos meios necessários para preservá-la.
X C) a ausência de impedimentos externos, que podem limitá-la, mas não podem impedi-la de se exercer para
além de sua capacidade restritiva.
D) o direito do homem de usar todos os meios necessários para preservar sua própria vida e para buscar a paz,
sem a qual sua vida estaria em risco constante.
Questão 16
"Desta guerra de todos os homens contra todos os homens também isto é consequência: que nada pode ser
injusto. As noções de certo e de errado, de justiça e injustiça, não podem aí ter lugar. Onde não há poder
comum não há lei, e onde não há lei não há injustiça. (...) A justiça e a injustiça não fazem parte das
faculdades do corpo ou do espírito." (HOBBES. Leviatã. XIII)
"Nós estabelecemos anteriormente que todas as coisas são determinadas e que na Natureza não há bem nem
mal." (ESPINOSA. Tratado breve. IV)
Sobre a existência em si mesma ou não de noções éticas, pode-se dizer que Hobbes e Espinosa concordam
que:
A) existem em si mesmas e devem ser inteligidas, como tais, pelos homens.
B) não existem em si mesmas e tampouco podem ser construídas pelos homens.
C) não sabemos se existem ou não, pois são inacessíveis ao intelecto humano.
X D) não existem em si mesmas, mas são construídas pelos homens.
Questão 17
Diante da diversidade de gostos verificável entre os homens, Hume e Kant refletiram sobre o papel da razão e
do sentimento na experiência estética.
A opção que expressa a tese correta a respeito dessa temática é:
X A) Para Hume, o padrão de gosto é fundado na experiência e na observação da natureza humana.
B) Para Hume, a razão não tem nenhum papel no juízo de gosto, sendo geralmente fonte de preconceito.
C) Para Kant, o juízo de gosto não pode ser referido a um sentimento, isto é, não pode ser subjetivo.
D) Para Kant, o padrão de gosto é um conjunto de regras, cuja demonstração se dá a priori.
Questão 18
"Encontrar uma forma de associação que defenda e proteja com toda a força comum a pessoa e os bens de
cada associado, e pela qual, cada um, unindo-se a todos, obedeça portanto apenas a si mesmo, e permaneça tão
livre como anteriormente." (ROUSSEAU. Do contrato social, I, 6)
A opção que melhor expressa a solução encontrada por Rousseau para essa questão fundamental é:
A) a identificação da vontade soberana com a soma das vontades individuais (garantindo a cidadania).
X B) a associação de todos como cidadãos (membros do soberano) e como súditos (submetidos às leis).
C) a fundação da sociedade civil sobre o direito natural à liberdade, que todos possuem.
D) o contrato social como recusa dos associados em se alienarem sem reservas a toda a comunidade.
Questão 19
Na introdução a sua "Crítica da razão pura", para mostrar que possuímos certos conhecimentos a priori, Kant
realiza uma operação similar a de Descartes ao distinguir entre as qualidades primárias e secundárias das
coisas.
Essa operação se encontra na seguinte passagem:
A) "O conceito do mais curto é (...) acrescentado inteiramente e não pode ser extraído do conceito de linha
reta por nenhum desdobramento. Portanto, se tem que recorrer aqui à ajuda da intuição, unicamente pela qual
é possível a síntese."
B) "(...) costuma-se dizer, acerca de algum conhecimento derivado de fontes da experiência, que somos
capazes ou participantes dele a priori, pois não o derivamos imediatamente da experiência mas de uma regra
geral, que nós mesmos, contudo, tomamos de empréstimo à experiência".
C) "(...) a experiência jamais dá aos seus juízos universalidade verdadeira ou rigorosa, mas somente suposta e
comparativa (por indução), de maneira que temos propriamente que dizer: tanto quanto percebemos até agora,
não se encontra nenhuma exceção desta ou daquela regra."
X D) "Em vosso conceito de experiência de um corpo, renunciai aos poucos a tudo o que nele é empírico: à
cor, à dureza ou à maleabilidade, ao peso e mesmo à impenetrabilidade, mesmo assim resta o espaço que ele
(agora completamente desaparecido) ocupou e o qual não podeis suprimir."
Questão 20
A respeito do pensamento moral de Hume, pode-se afirmar que:
A) é preciso derivar "deve" de "é", ou seja, juízos de valor de juízos de fato.
B) moral e razão são princípios inativos, incapazes de gerar ações diretamente.
X C) relações causais regulares podem ser atribuídas às ações humanas.
D) assim como a identidade pessoal, a natureza humana está em constante fluxo.
Questão 21
Schiller, em "A educação estética do homem numa série de cartas", afirma que a cultura estética torna
possível ao homem "aprender a desejar mais nobremente, para não ser forçado a querer de modo sublime".
A esse respeito, segundo o autor, é correto afirmar que:
X A) o homem pode ir além do dever e cultivar sua sensibilidade a ponto de seus desejos coincidirem ao
máximo com as exigências da moral.
B) as exigências da sensibilidade devem valer também no âmbito da moralidade, matizando a exigência da lei
moral e reconciliando dever e felicidade.
C) as leis da natureza sensível e da natureza racional devem ser ambas submetidas às leis da beleza, realizando
plenamente a natureza humana.
D) o dever, por si só, não tem acesso ao homem sensível, dependendo da beleza para que possa ter sobre ele
uma força determinante.
Questão 22
A opção que expressa uma tese comum a Rousseau e a Marx é:
A) O homem nasce livre, mas em toda parte se encontra acorrentado.
X B) A propriedade privada é a origem da desigualdade entre os homens.
C) As armas da crítica não podem dispensar a crítica das armas.
D) A religião é o ópio do povo, o coração de um mundo sem coração.
Questão 23
"Porque ao mesmo tempo o homem, por necessidade e tédio, quer existir social e gregariamente, ele precisa
de um tratado de paz e almeja que pelo menos o mais rude bellum omnium contra omnes [guerra de todos
contra todos] desapareça de seu mundo." (NIETSCHE. Sobre verdade e mentira no sentido extra-moral, § 1)
A opção que melhor indica a apropriação nietzschiana da expressão de Hobbes "guerra de todos contra todos"
é:
A) A guerra de todos os homens contra todos os homens tem como consequência a determinação ética e
epistêmica do que é injusto.
B) A inauguração de um poder comum e a efetivação das leis que regem a vida social dos homens
impossibilitam qualquer prática justa.
C) Mesmo em uma situação de guerra de todos contra todos, as virtudes cardeais da temperança e da justiça
não podem deixar de ter lugar.
X D) O tratado de paz que ameniza ou finda aquela guerra traz consigo o que parece ser o primeiro passo para
alcançar um enigmático impulso à verdade.
Questão 24
"Enquanto o homem guiado por conceitos e abstrações, através destes, apenas se defende da infelicidade, sem
conquistar das abstrações uma felicidade para si mesmo, enquanto ele luta para libertar-se o mais possível da
dor, o homem intuitivo, em meio a uma civilização, colhe desde logo, já de suas intuições, fora a defesa contra
o mal, um constante e torrencial contentamento, entusiasmo, redenção". (NIETSCHE. Sobre verdade e
mentira no sentido extra-moral, § 2)
A crítica de Nietzsche presente no fragmento destacado se dirige:
A) à desvalorização da capacidade humana de abstração, artifício operado pelo lado intuitivo do homem, que
o torna incapaz de se defender contra o mal.
B) ao privilégio dado ao instintivo em detrimento da conceituação na produção de conhecimento, pois
somente este último caminho nos libertaria da dor.
X C) à redução do conhecimento ao teórico, que torna o homem incapaz de obter o contentamento da
integração do indivíduo com a existência.
D) à orientação do homem por conceitos, a partir da qual ele defende com entusiasmo sua felicidade, como o
valor mais importante em meio à civilização.
Questão 25
No exame que faz nos primeiros parágrafos de "Ser e Tempo", Heidegger estabelece as bases da ontologia
fundamental.
Nessa investigação, o autor mostra que:
A) os modos tradicionais de se perguntar pelo ser revelam que a questão ontológica é clara e está bem
colocada.
B) perguntar-se pelo ser é determinar as condições de possibilidade das próprias ontologias que derivam das
ciências ônticas.
C) o primado objetivo-científico da questão do ser implica definir os conceitos fundamentais relativos aos
objetos das ciências ônticas.
X D) na analítica existencial do ser-aí, deve-se procurar a ontologia fundamental de onde todas as demais
podem se originar.
Questão 26
Arendt diferencia a mera convivência gregária e ordeira dos homens, da qual partilham também alguns
animais, da vida propriamente política, da qual só os homens são capazes.
Segundo a autora, essa distinção repousa sobre um pressuposto fundamental, o de que a vida política:
A) deveria estar ligada às necessidades da vida, unicamente em sua origem histórica.
B) é melhor do que a dimensão econômica da vida, embora não sejam qualitativamente diferentes.
X C) não existe em função da vida, dependendo da vitória prévia sobre as necessidades vitais.
D) repousa sobre os interesses comuns dos homens, que só podem ser alcançados em conjunto.
Questão 27
"Há dois tipos de existencialistas: os primeiros são cristãos, e entre eles eu colocaria Jaspers e Gabriel Marcel,
de confissão católica; e, de outro lado, os existencialistas ateus, entre os quais é preciso colocar Heidegger e
também os existencialistas franceses, e eu próprio. O que eles têm em comum é simplesmente o fato de que
consideram que a existência precede a essência, ou, se se quiser, que é preciso partir da subjetividade. (...) O
existencialismo ateu que eu represento é mais coerente." (SARTRE, O existencialismo é um humanismo).
Partindo da citação acima, o "existencialismo ateu" defendido por Sartre é "mais coerente" porque:
X A) não precisa conciliar a precedência da existência sobre a essência com a concepção de Deus criador.
B) pode se desfazer do pressuposto kantiano de Deus como causa final do mundo e das ações humanas.
C) afirma a natureza humana, pois cada homem é um exemplo particular do conceito universal de homem.
D) concebe que a essência precede a existência, mesmo considerando insustentáveis quaisquer provas.
Questão 28
"Que declararei, digo eu, sobre mim que pareço conceber com tanta nitidez e distinção esse pedaço de cera?
Não conheço a mim mesmo não só com muito mais verdade e certeza, mas ainda com muito maior distinção e
nitidez? Com efeito, se julgo que a cera é ou existe pelo fato de eu a ver, por certo se segue bem mais
evidentemente que eu próprio sou, ou que eu existo, pelo fato de eu a ver; pois pode ocorrer que o que vejo
não seja, de fato, cera; pode ocorrer também que eu nem sequer tenha olhos para ver coisa alguma; mas não
pode ocorrer, quando vejo ou (o que não mais distingo) quando penso ver, que eu, que penso, não seja alguma
coisa." (DESCARTES. Meditações metafísicas. Segunda meditação, §16)
"Quando eu acredito ver a cera com os meus olhos, eu apenas penso, por meio das qualidades que meus
sentidos apreendem, a cera pura e sem qualidades que é a fonte comum delas. Para Descartes, portanto, (...) a
percepção é apenas um começo de ciência ainda confusa." (MERLEAU-PONTY. Primeira Conversa)
Decorre da interpretação de Merleau-Ponty da análise do pedaço de cera feita por Descartes que:
A) o conhecimento humano consiste fundamentalmente em sua capacidade epistemológica sensível.
X B) a relação entre a percepção e a ciência corresponde à relação entre a aparência e a realidade.
C) não é possível qualquer remissão à inteligência para que ela descubra qualquer verdade sobre o mundo.
D) a totalidade das manifestações sensíveis está incluída necessariamente em todo e qualquer "objeto
verdadeiro".
Questão 29
Da concepção wittgensteiniana de "jogos de linguagem" decorre que:
A) o significado das palavras é dado pela forma geral da proposição.
X B) a análise do significado deve se voltar para os usos da linguagem.
C) não há comensurabilidade entre os diferentes usos da linguagem.
D) a resolução de um cálculo matemático não é um jogo de linguagem.
Questão 30
"Os consumidores são os trabalhadores e os empregados, os lavradores e os pequenos burgueses. A produção
capitalista os mantém tão bem presos em corpo e alma que eles sucumbem sem resistência ao que lhes é
oferecido. Assim como os dominados sempre levaram mais a sério do que os dominadores a moral que deles
recebiam, hoje em dia as massas logradas sucumbem mais facilmente ao mito do sucesso do que os bem-
sucedidos. Elas têm os desejos deles. Obstinadamente, insistem na ideologia que as escraviza."
(ADORNO e HORKHEIMER. Dialética do esclarecimento).
A relação entre a atitude atribuída às massas e a indústria cultural é melhor caracterizada como:
A) resistência involuntária.
B) complacência necessária.
C) assimilação refletida.
X D) servidão voluntária.
Questão 31
"A passagem do telefone ao rádio separou claramente os papéis. Liberal, o telefone permitia que os
participantes ainda desempenhassem o papel de sujeito. Democrático, o rádio transforma-os a todos
igualmente em ouvintes, para entregá-los autoritariamente aos programas, iguais uns aos outros, das diferentes
estações. (...) Os talentos já pertencem à indústria muito antes de serem apresentados por ela: de outro modo
não se integrariam tão fervorosamente. A atitude do público que, pretensamente e de fato, favorece o sistema
da indústria cultural é uma parte do sistema, não sua desculpa." (ADORNO e HORKHEIMER. Dialética do
esclarecimento).
Nessa passagem, há uma crítica:
A) ao liberalismo, como falta de iniciativa social.
B) à democracia, como espontaneidade mal orientada.
C) ao liberalismo, como exacerbação da subjetividade individual.
X D) à democracia, como mero acesso ao que é oferecido socialmente.
Questão 32
Palavras-objeto têm, para Russell, três peculiaridades: "Primeira: seu significado é apreendido (ou pode ser
apreendido) por confronto com os objetos que são os que elas significam. Segunda: não pressupõem outras
palavras. Terceira: cada uma, por si mesma, pode expressar uma proposição completa." (RUSSELL.
Significado e verdade).
Dessas peculiaridades das palavras-objeto, decorre que elas:
A) pressupõem outras palavras.
X B) podem ser usadas e compreendidas isoladamente.
C) não expressam uma proposição completa.
D) não podem oferecer qualquer explicação de ?significado?.
Questão 33
Segundo Peirce, em "O que é um signo?", há três tipos de signos.
"Há semelhanças ou ícones, que servem para transmitir as ideias das coisas que representam simplesmente por
imitação."
"Há indicações, ou índices, que mostram algo sobre as coisas, através de uma relação física com elas."
"Há símbolos, ou signos genéricos, que se associam aos seus significados pelo uso."
Partindo dessas distinções, uma placa que aponta para a estrada a ser seguida seria um exemplo de signo por:
X A) indicação, por mostrar algo sobre a realidade.
B) semelhança, por imitar a estrada a ser seguida.
C) simbolismo, por lançar junto ao sinal a ideia da estrada.
D) combinação entre a semelhança e a simbolização.
Questão 34
Na introdução ao segundo volume de sua História da sexualidade, Foucault apresenta a seguinte questão: "por
que o comportamento sexual, as atividades e os prazeres a ele relacionados, são objeto de uma preocupação
moral?". (FOUCAULT. História da sexualidade 2)
Essa pergunta não pode ser respondida por uma pesquisa feita nos moldes de seus trabalhos anteriores a
respeito da loucura, da clínica ou da criminalidade, porque:
A) os métodos anteriores eram incapazes de fornecer os instrumentos necessários para analisar os modos
específicos de normatizar e de regular as condutas sexuais elaborados pelos antigos gregos e romanos em suas
leis e instituições religiosas.
B) é preciso diferenciar metodologicamente a interdição da problematização moral que tem por objeto o
sujeito, apesar de o cuidado ético a respeito da conduta sexual acompanhar, em sua intensidade e em suas
formas, o sistema de interdições.
C) os instrumentos dados pelos métodos anteriores eram inapropriados ao objeto e aos fins de uma história
dos comportamentos e das representações científicas, religiosas ou filosóficas, que os homens se fazem a
respeito do seu comportamento sexual.
X D) os saberes a respeito das práticas sexuais, assim como os conjuntos de regras e normas que buscam
regular essas práticas, e que se apoiam sobre diferentes instituições, não são capazes de dar conta dos modos
como os indivíduos são levados a dar sentido e valor a sua conduta.
Questão 35
No contexto da discussão estética moderna e contemporânea, pode-se afirmar que:
A) para Kant, o conhecimento proporcionado pela arte se funda na subsunção das intuições sensíveis às
categorias do entendimento.
X B) para Heidegger, a criação artística se dá no âmbito de um desvelamento, no qual a techné faz aparecer o
ser como ente, pondo a verdade em obra.
C) para Hegel, a atividade artística supera, dialeticamente, a religião e a Filosofia, por elevar o sensível a
formas abstratas de pensamento.
D) para Nietzsche, a arte realiza o niilismo da cultura ocidental, ao afirmar os valores fortes diante da fraqueza
dos artistas modernos.
Questão 36
"Esquematicamente, pode-se dizer que a reflexão moral da Antiguidade a propósito dos prazeres não se
orienta para uma codificação dos atos, nem para uma hermenêutica do sujeito, mas para uma estilização da
atitude e uma estética da existência." (FOUCAULT. História da sexualidade 2)
Com essas palavras, Foucault ressalta um aspecto fundamental das éticas sexuais gregas e romanas, o fato de
que a base dos julgamentos de valor está:
A) no valor estético das condutas, e não em seu valor moral ou de verdade, uma vez que o anseio pela
imortalidade através do renome e da memória é o fundamento maior das éticas antigas.
B) na relação entre os desejos, os atos e os prazeres, na medida em que os atos revelam os desejos ocultos do
sujeito e são fomentados pelos prazeres cuja natureza pode ser boa ou má.
X C) na atitude que o sujeito tem para consigo mesmo no exercício da atividade sexual e no relacionamento
com os outros, e não tanto nos atos que se cometem ou nos desejos que se escondem.
D) na forma e na beleza de uma conduta austera, definida segundo as interdições e preceitos sociais, civis ou
religiosos, conduta essa que é própria a um homem que domina a si mesmo.
Questão 37
"Com a crise da Metafísica e os inusitados abalos provocados pela Revolução Burguesa todo o edifício da
imitação põe-se a desabar, e isso a partir do comprometimento de seus próprios alicerces. São aqueles
universais que começam a desfalecer, depauperados em suas bases metafísicas. Digamos que o nominalismo,
tomada a palavra na acepção o mais ampla possível, invade todos os cenários: o político, o religioso, o
filosófico, o científico e, como não poderia deixar de ser, também o artístico." (BORNHEIM. Gênese e
Metamorfose da Crítica)
A partir da citação acima, a opção que melhor se coaduna com a interpretação de Bornheim a respeito da
relação entre a crise da metafísica e a estética é:
X A) O desmoronamento de todos os referenciais absolutos a respeito do ser e do conhecer atinge também a
estética.
B) A crise da metafísica se restringe à ontologia e à epistemologia, nas quais o saber necessita de referenciais
absolutos.
C) Diante da impossibilidade de qualquer referencial absoluto, ontologia, epistemologia e estética perdem
totalmente o sentido.
D) A ausência de referenciais do nominalismo inviabiliza a estética ao recusar toda e qualquer forma de
imitação na criação artística.
Questão 38
Danilo Marcondes, ao refletir sobre o ensino de filosofia, faz o seguinte percurso: dialoga com a afirmação de
Kant na qual não se pode ensinar filosofia, mas apenas a filosofar; cita Wittgenstein e sua máxima "a filosofia
não é uma teoria, mas uma atividade", recorre à experiência de Pitágoras observando que o termo filósofo
surge antes de filosofia e diz: "A primeira concepção que podemos destacar consiste, portanto, em ver a
filosofia como busca e não como saber pronto e acabado (...) uma atitude indagadora e não da posse da
verdade ou do conhecimento. O buscar nos transforma, faz-nos mudar de atitude em relação ao que sempre
fomos." (MARCONDES, D. É possível ensinar a filosofia. E, se possível, como? P. 55)
A partir da leitura deste trecho, podemos afirmar que:
A) filosofar é estudar a tradição histórica dos grandes sistemas de pensamento.
B) estudar filosofia é apreender o progresso cumulativo do saber em expansão.
X C) ensina-se a filosofar no sentido de motivar ou impulsionar para a busca.
D) ensinar a filosofar é fazer a exegese analítica na leitura dos textos filosóficos clássicos.
Questão 39
"A filosofia não é feita para refletir sobre qualquer coisa. Tratando a filosofia como uma potência de "refletir
sobre", tem-se o ar de lhe dar muito quando, na verdade, tira-lhe tudo. (...) Se a filosofia deveria servir para
refletir algo, ela não teria nenhuma razão de existir. Se a filosofia existe, é porque ela tem seu próprio
conteúdo". (DELEUZE. O que é o ato de criação?)
A partir da citação acima, de acordo com o pensamento de Gilles Deleuze o que caracteriza o fazer filosófico
é:
A) a admiração e o espanto que levam a uma reflexão crítica sobre a realidade.
B) o diálogo entre os diferentes sistemas de pensamento presentes na História da filosofia.
X C) o trabalho de apropriação conceitual criativa, isto é, a criação de conceitos.
D) a exegese do texto, isto é, o debruçar-se analiticamente na leitura dos textos clássicos.
Questão 40
"Eis, então, uma posição quanto à ideia de formação pela filosofia: a filosofia gera condições, indiretas é
claro, da intervenção na realidade, nos modos dos jovens se situarem face à multiplicidade e heterogeneidade
dos problemas, fatos, acontecimentos em que estão envolvidos. Intervir significa então descobrir o
funcionamento e o sentido das configurações (teorias, ideologias e mitologias, religiosas, científicas,
tecnológicas, artísticas); significa interrogar, formular questões e objeções. Para isso, reafirmando, os jovens
utilizam os sistemas de referência constituídos no curso de filosofia, como uma experiência (acima de tudo,
sobre os processos enunciativos) de uma diversidade significativa de trabalhos filosóficos." (FAVARETTO.
Filosofia, ensino e cultura. P. 46)
A opção mais coerente com a ideia de formação apresentada acima é:
X A) O ensino de filosofia deve interrogar e questionar a cultura contemporânea em suas distintas
configurações.
B) Deve-se superar e abandonar a história da filosofia como fonte de orientação para programas e aulas da
disciplina.
C) A dispersão da cultura contemporânea impede a realização de uma diversidade significativa de trabalhos
filosóficos.
D) A heterogeneidade de enunciados predominante na realidade dos jovens estrutura os sistemas de referência
constituídos no curso.
PROFESSOR DE FILOSOFIA - SEROPÉDICA - RJ - AOCP - 2013
QUESTÃO 21
Leia o texto e responda à pergunta a seguir.
"Muitas têm sido as explicações das causas históricas para a origem da filosofia na Jônia. Alguns consideram
que as navegações e as transformações técnicas tiveram o poder de desencantar o mundo e forçar o
surgimento de explicações racionais sobre a realidade. Outros enfatizam a invenção do calendário (tempo
abstrato), da moeda (signo abstrato para a ação de troca) e da escrita alfabética (transcrição abstrata da palavra
e do pensamento), que teriam propiciado o desenvolvimento da capacidade de abstração dos gregos, abrindo
caminho para a filosofia. Sem dúvida, esses fatores foram importantes e não podem ser desconsiderados e
minimizados, mas não foram os principais" (CHAUÍ, M. Introdução à história da filosofia - dos pré-socráticos
a Aristóteles. São Paulo: Brasiliense, 1994 - p. 35).
A principal determinação histórica para o nascimento da filosofia é
(A) política: o nascimento, simultâneo a ela, da Cidade-Estado, isto é, da polis, pois, com esta, desaparece a
figura que foi a do antecessor do filósofo, o Mestre da Verdade (o poeta, o adivinho e o rei-da-justiça).
(B) ética: na Grécia arcaica a palavra verdadeira ou alétheia nasce simultaneamente à filosofia, pois é esta
palavra eficaz que dá origem ao logos em oposição à dóxa.
(C) mitológica: o nascimento, simultâneo a ela, do oráculo de Delfos, marcando, de forma decisiva, a
vinculação entre a filosofia e mitologia.
(D) épica: o nascimento, simultâneo a ela, de uma nova classe de homens, aqueles que têm direito à palavra,
os guerreiros; no entanto, não se trata mais daquela palavra religiosa, solitária e unilateral, própria dos
iniciados, mas sim da palavra compartilhada, dita em público, de maneira leiga e humana.
(E) teórica: a filosofia nasce da contemplação desinteressada, ela é simultânea ao nascimento da ontologia ou
metafísica, isto é, à pretensão do logos em atingir o universal (o Ser).
QUESTÃO 22
Sobre as teses contrárias a respeito da origem da filosofia, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) A tese orientalista ganhará força durante a Renascença, quando os filósofos ligados a correntes místicas e
ocultistas afirmarem a origem egípcia de todos os saberes e de todas as práticas, baseando tal afirmação no
fato de Platão haver considerado os gregos crianças, se comparada a sabedoria deles com a dos antigos
sacerdotes egípcios.
(B) Com a expressão "milagre grego" afirma-se o caráter absolutamente autóctone e original da filosofia como
um feito exclusivo dos gregos. Milagre, porque nada nas culturas vizinhas se assemelha a ele. Essa opinião,
que se inicia com os classicistas do final do século XVIII, como Goethe, e prossegue com os românticos (é
deles o conceito de "gênio ou peculiaridade de um povo), cristaliza-se no século XIX, e chega aos nossos dias
com o filósofo Martim Heidegger, para o qual "a filosofia fala grego."
(C) Quando lemos os poemas de Homero e Hesíodo percebemos nitidamente os principais aspectos que
anunciam as diferenças entre o pensamento grego e o oriental: exaltação à polis e aos mitos de origem. A
epopeia de Homero e a teogonia de Hesíodo, ao mostrarem a cosmogonia como um processo de geração dos
seres vivos, ressaltam a enorme distância entre deuses e homens.
(D) O primeiro "historiador" da filosofia de que se tem notícia, Diógenes de Laércio (na verdade, o primeiro
doxógrafo, isto é, o que reuniu e publicou as opiniões dos filósofos antigos) pode ser considerado o principal
responsável pela oposição "milagre grego" e "origem oriental" da filosofia. Diógenes afirma a absoluta
originalidade grega da filosofia, indo mais longe ao atribuir aos gregos a origem de toda a humanidade. Para
um grego, os homens dividem-se em dois grandes gêneros: eles, os bárbaros, e nós, os humanos. Destes,
afirma Diógenes, os gregos são os ancestrais.
(E) Na verdade a opinião "orientalista" desenvolveu-se em dois momentos distintos: no primeiro, durante a
Grécia clássica, filósofos como Platão e Aristóteles, reconheceram a dívida intelectual dos gregos para com os
"bárbaros" (isto é, o Oriente); no segundo, durante o helenismo, quando a ideia de uma diferença entre os
gregos e os "outros" tendeu a desaparecer. A predominância da tese orientalista aumentou significativamente
com os contatos entre a filosofia helenista e pensadores judaicos e os primeiros padres cristãos
intelectualizados, para os quais a ideia de continuidade entre Oriente e Ocidente era fonte de legitimação e de
prestígio para o seu próprio pensamento.
QUESTÃO 23
Assinale a alternativa INCORRETA.
(A) Diferentemente de Voltaire e Diderot, Rousseau (1712-1778) viveu o pleno Iluminismo. Suas ideias
repercutem a crença nos poderes da razão: pela razão, os homens conquistam a liberdade e a felicidade social
e política. Por acreditar que a felicidade social pudesse ser resolvida com a legitimação do poder fundado no
contrato social, foi erroneamente considerado precursor do romantismo.
(B) Montesquieu (1689-1755) teve formação iluminista, mostrando-se um crítico severo e irônico da
monarquia absoluta decadente, bem como do clero. Desenvolve uma alentada teoria do governo que alimenta
as ideias do constitucionalismo, pelo qual se busca distribuir a autoridade por meios legais, de modo a evitar o
arbítrio e a violência.
(C) Segundo Kant (1724-1804), um dos mais notáveis representantes da Aufklärung alemã, o homem
iluminista atingiu a maioridade e, como dono de si mesmo, confia na sua capacidade racional e recusa
qualquer autoridade arbitrária.
(D) Hume (1711-1776) está entre os pensadores do período Iluminista. Levando mais adiante o empirismo de
Bacon e Locke, parte do princípio de que só os fenômenos são observáveis e de que o mecanismo íntimo do
real não é passível de experiência, afirma que as relações são exteriores aos seus termos, ou seja, se não são
observáveis, não podem pertencer aos objetos. As relações são apenas modos, passagens externas que nos
permitem associar os termos a partir dos princípios de causalidade, semelhança e contiguidade.
(E) Schelling (1775-1854) é uma das figuras representativas do romantismo alemão (embora seja considerado
por muitos um representante da Ilustração), revelando, em sua obra, um senso vivo de beleza e de arte. Sua
concepção a respeito do absoluto, unidade da natureza e do espírito, que se revela na história, na arte e na
religião, exerceu profunda influência na estética, especialmente na estética hegeliana.
QUESTÃO 24
O Iluminismo afirma
(A) a "imitação dos antigos".
(B) o surgimento do sujeito do conhecimento, isto é, a filosofia começa pela reflexão (a volta do pensamento
sobre si).
(C) que a razão é capaz de evolução e progresso, e o homem é um ser perfectível.
(D) a não diferenciação entre natureza e civilização.
(E) a confiança plena e total no saber científico e na tecnologia para dominar e controlar a natureza.
QUESTÃO 25
Assinale a alternativa INCORRETA.
(A) Para Comte, a história é pensada como a sucessão ordenada que vemos na lei dos três estados, e a
sociedade é pensada como uma totalidade orgânica dividida em segmentos ou classes que se relacionam de
maneira estática, suscetível de ser apreendida pela sociologia, que Comte concebe como uma física social.
(B) Comte vê a metafísica como algo completamente exterior ao progresso, na medida em que nela as
questões se repetem numa eterna insolubilidade, os medievais repetindo os gregos e os modernos, por sua vez,
reproduzindo os problemas e as soluções aventadas ao longo dos séculos.
(C) A filosofia positiva de Comte se coloca como uma tomada de posição consciente do papel da reflexão
numa época em que se consuma a independência teórica dos diversos ramos do saber, processo que tem sua
origem longínqua no século XVII.
(D) A filosofia de Comte pode ser considerada como uma reação conservadora à revolução francesa (1789).
Colocando-se no caminho contrarrevolucionário quer participar da reconstrução, instituindo a ordem de
maneira soberana. E é essa ideia de ordem que domina seu trabalho de sistematização da filosofia.
(E) No positivismo de Comte, a lógica, a moral, a política e o conhecimento são esferas separadas. Por isso, a
divisão das ciências e a organização do saber devem ser entendidas como instâncias separadas do estatuto e do
papel social do cientista.
QUESTÃO 26
Informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a seguir e assinale a alternativa com a sequência
correta.
( ) Marx afirmava que os valores da moral vigente - liberdade, felicidade, racionalidade, respeito à
subjetividade e à humanidade de cada um, etc. - eram hipócritas não em si mesmos (como julgava Nietzsche),
mas porque eram irrealizáveis e impossíveis numa sociedade violenta como a nossa, baseada na exploração do
trabalho, na desigualdade social e econômica, na exclusão de uma parte da sociedade dos direitos políticos e
culturais.
( ) Para Nietzsche, a moral racionalista, ou dos fracos e ressentidos que temem a vida, o corpo, o desejo e as
paixões, é a moral dos escravos, dos que renunciam à verdadeira liberdade ética. São exemplos dessa moral de
escravos: a ética socrática, a moral kantiana, a moral judaico cristã, a ética da utopia socialista, a ética
democrática.
( ) Longe de desvalorizar a teoria do conhecimento, a psicanálise exige do pensamento que não faça
concessões às ideias estabelecidas, à moral vigente, aos preconceitos e às opiniões de nossa sociedade, mas
que os enfrente em nome da própria razão e do pensamento.
( ) Em lugar de invalidar a razão, a reflexão, o pensamento e a busca da verdade, as descobertas científicas do
inconsciente e da ideologia fizeram o sujeito do conhecimento conhecer as condições - psíquicas, sociais,
históricas - nas quais o conhecimento e o pensamento se realizam.
(A) V - F - F - V.
(B) V - F - V - V.
(C) F - V - V - F.
(D) V - V - V - V.
(E) F - V - V - V.
QUESTÃO 27
Assinale a alternativa correta.
(A) Embora a arte, como fruto de atitudes essencialmente humanas, tenha a sua origem tão afastada no tempo,
talvez tão antiga quanto a própria origem da linguagem e do homem, é somente a partir do Iluminismo, no
século XVII, que se pode falar de uma história da arte no mundo ocidental.
(B) A primeira e mais antiga relação entre Arte e Natureza, proposta pela Filosofia, foi o simbolismo: "a arte
simboliza a natureza", escreve Aristóteles.
(C) A noção de estética, quando formulada e desenvolvida no Renascimento, pressupunha que a arte é produto
da sensibilidade do artista e que sua finalidade é a contemplação racional por parte do público.
(D) A partir do Romantismo, a Filosofia passa a definir a obra de arte como imitação, isto é, como
representação harmônica das formas, dos ritmos, das cores, das palavras ou dos sons, sendo que o valor da
obra é buscado no gênio criador do artista.
(E) Entre os séculos XV e XIX, entre o Renascimento e o Impressionismo, altera-se a ideia de um objeto
sempre igual a si mesmo, posto para ser representado e podendo ser permanentemente comparado com a
representação dele. Surge em seu lugar a ideia de um objeto que se modifica diante de nosso olhar.
QUESTÃO 28
Diante do poder despótico, gregos e romanos inventaram a política, por que.
(A) uniram a autoridade pessoal privada do chefe de família e o poder impessoal público, pertencente à
coletividade, de modo que o poder passou a ser hereditário.
(B) separaram autoridade militar e poder civil, subordinando a primeira ao segundo. Isso não significa que em
certos casos, como em Esparta e Roma, o poder político não fosse um poder militar, mas sim que as ações
militares deveriam ser, primeiro, discutidas e aprovadas pela autoridade política e só depois realizadas.
(C) uniram autoridade religiosa e poder temporal laico, possibilitando a divinização dos governantes e a
legitimação dos cultos religiosos, como os oráculos, na Grécia, e aos augúrios, em Roma - instâncias
firmemente respeitadas pelo poder político.
(D) estabeleceram a autonomia da política em relação ao tempo e à ética, negando a anterioridade das
questões morais e históricas na avaliação da ação política. Por outro lado, apresentaram uma moral laica,
secularizada e uma noção de história de base naturalista, diferente da moral cristã.
(E) criaram a ideia e a prática da lei como expressão de uma vontade individual e soberana, a vontade do
governante, definidora dos direitos e deveres, impedindo que fossem confundidos com a vontade pessoal de
cada um. Assim, definem que o monopólio da força, da vingança, da violência passe para o Estado, sob a lei
de direito.
QUESTÃO 29
O fato científico
(A) consiste em um método de interpretação conceitual-filosófico, posterior ao procedimento analítico.
(B) é o procedimento analítico por excelência das ciências humanas, encarregado de vincular os elementos
subjetivos e objetivos de um fenômeno.
(C) ou o objeto científico são dados empíricos espontâneos de nossa experiência cotidiana, arrolados pelos
cientistas para verificação e classificação estatísticas.
(D) ou o objeto científico são dados empíricos construídos pela investigação científica.
(E) demonstra, prova e prevê uma teoria científica.
QUESTÃO 30
Informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a seguir e assinale a alternativa com a sequência
correta.
( ) O trabalho das ciências pressupõe, como condição, o trabalho da Filosofia, mesmo que o cientista não seja
filósofo.
( ) Admiração e espanto são atitudes filosóficas que significam: tomamos distância do nosso mundo
costumeiro e, mediante nosso pensamento, como se estivéssemos acabando de nascer para o mundo e para nós
mesmos, perguntamos o que é, por que é, e como é o mundo.
( ) A Filosofia pode ser considerada Ciência, é assim desde a antiguidade clássica; ambas trabalham com
enunciados rigorosos, buscam encadeamento lógico entre os enunciados, operam com conceitos obtidos por
procedimentos de demonstração e prova. Por isso, a Filosofia, assim como as Ciências, exige a fundamentação
racional e sistemática do que é enunciado e pensado.
( ) A reflexão filosófica organiza-se em torno de três grandes conjuntos de questões: O que é pensar, falar e
agir? E elas pressupõem a seguinte pergunta: nossas crenças cotidianas são ou não são um saber verdadeiro,
um conhecimento?
( ) A atitude científica depende de nossos saberes cotidianos, por isso, ela não se distingue da atitude
costumeira ou do senso comum. Não podemos negar ao menos duas características pressupostas a ambas as
atitudes: objetividade - isto é, procuram as estruturas necessárias das coisas investigadas - e generalização -
tendem a reunir numa ideia coisas e fatos julgados semelhantes, procurando estabelecer relações de causa e
efeito.
(A) V - V - F - V - F.
(B) F - V - V - V - V.
(C) F - V - F - F - F.
(D) V - F - V - V - V.
(E) V - F - F - V - V.
QUESTÃO 31
Informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a seguir e assinale a alternativa com a sequência
correta.
( ) No Mito da Caverna, de Platão, aquele que atingiu a contemplação da luz e saiu da caverna, o filósofo,
deve a ela retornar para libertar aqueles que ficaram e têm as sombras como única realidade. Esse retorno é
voluntário e é aqui que podemos inserir a pergunta pela função social do filósofo: a interferência no social,
simbolizada pela volta à caverna, caracteriza-se principalmente pela educação.
( ) É interessante notar que, ao contrário de Sócrates, e mesmo ao contrário de Platão, Descartes não manifesta
nenhuma intenção expressa de interferência na sociedade. A partir da certeza absoluta de que encontrou o
método e o fundamento da verdadeira filosofia, trata apenas de desenvolver seu sistema na solidão de seu
retiro holandês. E, no entanto, em termos da significação da sua obra, mesmo de sua atitude filosófica, o que
temos nele são simplesmente os fundamentos da civilização moderna.
( ) Sabemos que o Brasil é um país com uma débil tradição filosófica. Desde sua implantação, em meados do
século XVIII, a filosofia foi ensinada de forma dogmática, carregada de uma forte filosofia tomista - tanto no
ensino médio quanto posteriormente nas universidades. Dessa forma, o papel social do filósofo brasileiro tem
sido, desde sua origem, meramente pedagógico, sem nenhuma envergadura política de peso.
( ) Lemos claramente nos PCNs (1999) que a função social do filósofo no ensino médio é formar futuros
filósofos. Essa proposta parte do pressuposto de que o ensino médio deve ser uma transposição reduzida do
currículo acadêmico. No entanto, esse documento é enfático em afirmar que, ainda que se deva partir dos
conhecimentos acadêmicos, deve-se evitar o academicismo.
(A) F - V - F - V.
(B) V - V - F - F.
(C) F - V - V - V.
(D) V - F - F - F.
(E) V - V - F - V.
QUESTÃO 32
Em relação aos Parâmetros Curriculares Nacionais - Ensino Médio (1999), assinale a alternativa correta.
(A) Buscam dar significado ao conhecimento escolar mediante a compartimentação dos saberes, com o
objetivo de facilitar o desenvolvimento dos conteúdos, situando o sujeito produtor de conhecimento como
participante do mundo do trabalho.
(B) Não têm força de lei, são parâmetros, podem ou não ser acatados pelas escolas.
(C) Não apresentam as bases legais da reforma curricular para a área da filosofia.
(D) Carecem de uma Base Nacional Comum para a educação básica, algo imprescindível para se pensar a
educação num país como o Brasil, devido à sua extensão territorial e a suas profundas diferenças regionais.
(E) Têm força de lei.
QUESTÃO 33
De acordo com o Parecer 04 CNE/CEB/98 - Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental, assinale a
alternativa correta.
(A) Ao definir as Diretrizes Curriculares Nacionais, a Câmara de Educação Básica do CNE inicia o processo
de desarticulação dos Estados e Municípios, destituindo ainda o paradigma curricular para o Ensino
Fundamental, que integrou a Base Nacional Comum nas últimas quatro décadas (cf. Parte Diversificada LDB,
art. 26), passando, a partir de agora, a ser concretizado na proposta pedagógica de cada unidade escolar do
País, respeitando unicamente suas características locais e o principio da individualidade - algo previsto pela
própria Constituição Federal (1998), que zela pelo respeito à diversidade cultural.
(B) São o conjunto de definições não doutrinárias sobre os procedimentos na Educação Básica, em nível
Fundamental, expressas pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, que orientarão
as escolas brasileiras dos sistemas de ensino na organização, na articulação, no desenvolvimento de suas
propostas pedagógicas. Em relação aos processos de avaliação, este documento deixa claro que tal tarefa não
faz parte de suas atribuições, deixando-o ao encargo do Ministério da Educação.
(C) Lemos no documento em questão que um dos mais graves problemas da educação em nosso país é sua
distância em relação à vida e a processos sociais transformadores. Um excessivo academicismo e um
anacronismo em relação às transformações existentes no Brasil e no resto do mundo, de um modo geral,
condenaram a Educação Fundamental, nestas últimas décadas, a um arcaísmo que deprecia a inteligência e a
capacidade de alunos e professores, bem como as características específicas de suas comunidades. Esta
diretriz prevê uma necessária atualização de conhecimentos e valores, de forma crítica, responsável e
contextualizada, em consonância especialmente com o Art. 27 da LDB.
(D) Segundo este documento, grande parte do mau desempenho dos alunos, agravado pelos problemas da
reprovação, é devido à ausência de um sentimento de hierarquia na escola. A necessidade de expressar-se,
comum a todos os cidadãos desta faixa etária, aliada a falta de organização hierárquica, impedem que a
riqueza das múltiplas interações entre professores/ alunos, alunos/alunos, seja efetivamente revertida em prol
da educação e da cidadania.
(E) Sua proposta é assegurar que os projetos pedagógicos sejam "realistas e pragmáticos", garantindo, por
exemplo, "escola pobre para os pobres", ou seja, garantindo a preservação das culturas locais. Ao trabalhar a
relação inseparável entre conhecimento, linguagem e afetos, as equipes docentes deverão ter a sensibilidade
de integrar estes aspectos do comportamento humano e garantir sua a constituição dos grupos em si, evitando
que suas tradições se percam nos aculturalismos do ambiente escolar, dentro da perspectiva de se assumir a
riqueza da diversidade da grande nação brasileira, como previsto no art. 3º, inciso I, da LDB.
QUESTÃO 34
Informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a seguir e assinale a alternativa com a sequência
correta.
( ) A questão do ensino de filosofia é uma questão filosófica e não meramente pedagógica.
( ) A experiência de pensamento filosófica traz em si a marca da necessária remissão à história da filosofia.
( ) Não é qualquer pensamento que é filosófico, mas fundamentalmente o pensamento conceitual.
( ) A filosofia possui um inegável caráter dialógico.
( ) O pensamento filosófico é marcado pela crítica radical: não se contenta com o dado, não se satisfaz com a
mera opinião.
(A) V - V - V - V - V.
(B) V - F - V - F - F.
(C) V - F - V - F - V.
(D) F - V - F - V - V.
(E) F - F - F - F - F.
QUESTÃO 35
Em relação às competências e habilidades a serem desenvolvidas em Filosofia, no ensino médio, é correto
afirmar que estão centradas.
(A) nos conceitos de arbitrariedade e autoridade, pois existem filosofias "modelos" que são historicamente
necessárias para a formação cultural do indivíduo no ocidente.
(B) nos conceito de democracia e inclusão, pois garantem o direito de todos de expressarem suas opiniões e se
fazerem ouvir.
(C) no conceito de linguagem, devendo garantir ao estudante o pleno domínio da escrita filosófica e da
argumentação retórica.
(D) nos conceitos de comunicação e contextualização, devendo garantir ao aluno a capacidade de elaborar por
escrito o que foi apropriado de modo reflexivo e articular entre si conhecimentos das outras áreas,
contextualizando-os no horizonte da sociedade científico-tecnológica.
(E) no conceito de sensibilidade e automação, devendo garantir ao aluno a capacidade de subjetivismo e
universalismo, fazendo-o perceber a filosofia como "voz soberana" que aspira à explicação da totalidade, de
forma automática e autóctone.
QUESTÃO 36
De acordo com o Art. 56 do ECA (1990), os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental
comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de
(A) desobediência civil por parte dos adolescentes.
(B) aglomeração indevida e alterações comportamentais injustificadas.
(C) furto e desordem.
(D) maus-tratos envolvendo seus alunos; evasão escolar e elevados níveis de repetência.
(E) alcoolismo e desordem.
QUESTÃO 37
Em relação ao ECA (1990), é correto afirmar que
(A) não garante os direitos civis das crianças e adolescentes, mas sim seus direitos humanos e sociais.
(B) trata apenas do caso de crianças e adolescentes em situação irregular ou inadaptados.
(C) deixa claro que crianças e adolescentes não são sujeitos de direitos, mas sim pessoas em fase de
desenvolvimento.
(D) concede o direito ao adolescente maior de 14 anos ao trabalho noturno (entre às 22 horas e às 5 horas da
manhã do dia seguinte).
(E) garante ao público infanto-juvenil, sem exceção, os direitos fundamentais e responsabiliza toda a
sociedade pela criação das condições necessárias ao cumprimento desses direitos.
QUESTÃO 38
Em relação à nova LDB (9.394/96), assinale a alternativa INCORRETA.
(A) O Art. 36 - II estabelece que o currículo do ensino médio observará a seguinte diretriz: adotará
metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa dos alunos.
(B) No inciso VI do artigo 24, fixa-se a frequência mínima em 75% do total de horas letivas para a aprovação.
Tal percentual representa uma valorização da forma escolar, não se admitindo na atual LDB, a possibilidade,
para efeito de aprovação, de um aproveitamento elevado substituir o percentual de frequência mínima, como
na lei 5.692/71.
(C) O Art. 21 estabelece que a educação escolar compõe-se unicamente da educação básica, formada pelo
ensino fundamental e ensino médio. Trata-se de um retrocesso se comparada à lei anterior, que estendia a
educação básica do ensino infantil ao universitário.
(D) Lemos no § 4º do Art. 26 que o ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das
diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana
e europeia.
(E) Segundo o artigo 2º, a educação, dever da família e do estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos
ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
QUESTÃO 39
Lemos, na Constituição Federal (1988), no Capítulo III - Da Educação, da Cultura e do Desporto, Seção I - Da
Educação, Art. 214, que a lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração plurianual, visando à
articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e à integração das ações do poder público
que conduzam a vários benefícios aos cidadãos. NÃO fazem parte desses benefícios a
(A) erradicação do analfabetismo.
(B) politização do cidadão por meio de material didático especializado.
(C) melhoria da qualidade do ensino.
(D) formação para o trabalho.
(E) promoção humanística, científica e tecnológica do País.
QUESTÃO 40
Em relação à lei 10.639, de 2003, assinale a alternativa correta.
(A) O conteúdo programático a que se refere a lei estabelece o estudo da História e Cultura dos negros no
Brasil, ou seja, a lei é clara ao estabelecer que o resgate da contribuição do povo negro deverá ser feito
privilegiando os aspectos nacionais e não aqueles relacionados à História da África.
(B) O movimento negro deixou claro desde o inicio que não apoia esta lei porque não concorda que ela
estabeleça apenas o dia 20 de novembro (Dia Nacional da Consciência Negra) como data comemorativa.
Insistem que o dia 13 de março também seja instituído como feriado nacional, por se tratar da data da abolição
da escravidão no Brasil (Lei Áurea).
(C) A lei deixa claro que os conteúdos referentes à História e a Cultura Afro-Brasileira serão ministrados
unicamente na disciplina de História, garantindo a especificidade curricular tanto da disciplina em si quanto
em relação à formação do professor que ministrará essas aulas.
(D) A lei estabelece que apenas nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio oficiais, ou seja,
públicos, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
(E) Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira deverão ser ministrados no âmbito de todo
currículo escolar, em especial, nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.
GABARITO:
21A
22C
23A
24C
25E
26D
27E
28B
29D
30A
31B
32B
33C
34A
35D
36D
37E
38C
39B
40E
PROVA E GABARITO - PROFESSOR DE FILOSOFIA - SECRETARIA DE ESTADO DE
EDUCAÇÃO - RIO DE JANEIRO - CEPERJ - 2011
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
31. Tales de Mileto afirmava que a água é a origem de todas as coisas. Friedrich Nietzsche, no fim do século
XIX, considerou Tales, por conta dessa afirmativa, o primeiro filósofo, como se pode confirmar na passagem
de A filosofia na época trágica dos gregos citada no volume da coleção Os pensadores dedicado aos pré-
socráticos. Nietzsche considera que a razão pela qual Tales é o primeiro filósofo grego é que ele:
A) abandonou "o mito e as narrativas mágicas"
B) asseverou algo sobre "a origem das coisas"
C) afirmou implicitamente que "tudo é um"
D) usou "métodos científicos" de abordagem
E) preservou "a experiência empírica" ao pensar
32. O embate entre sofistas e filósofos na antiguidade grega é um tema central quando se discute a origem do
pensamento ocidental. No capítulo "Pré-socráticos: físicos e sofistas", contido no livro Curso de filosofi a,
organizado por Antonio Rezende, Maura Iglésias explica que, ao tempo da velhice de Sócrates, surgiram
sofistas que se especializaram em uma técnica de disputa verbal que, ao contrário da dialética socrática, não
pretendia alcançar conhecimento algum. De acordo com a autora, essa técnica sofística que visava a refutar o
adversário a qualquer custo e ganhar a disputa chama-se:
A) erística
B) maiêutica
C) ironia
D) catarse
E) dialética ascendente
33. No "Livro X" do diálogo de Platão A República, o personagem Sócrates empreende uma investigação da
poesia tendo em vista a teoria das ideias. Ao discutir os diferentes tipos de produção a partir do exemplo do
"leito", Sócrates afirma que Deus fez um único leito, que é "o leito essencial". Ele explica (597c), ainda, que,
na hipótese de que Deus houvesse feito dois leitos, de pronto:
A) surgiria um terceiro, somando-se às ideias dos dois primeiros, passando a existir três leitos essenciais
B) surgiria um terceiro, em cuja ideia os dois primeiros teriam de incluir-se, passando este outro a ser o leito
essencial
C) surgiria um terceiro, um quarto, um quinto, e assim indefinidamente, aproximando-se cada vez mais do
essencial
D) não haveria mais o leito essencial, passando a existir apenas leitos determinados produzidos pelo
carpinteiro
E) não haveria mais o leito essencial, passando a existir apenas simulacros de leitos produzidos pelo pintor
34. Na sua Física, Aristóteles apresenta a famosa doutrina das causas. Conforme explica Maria do Carmo
Bettencourt de Faria, no artigo O realismo aristotélico presente na coletânea Curso de filosofia organizada por
Antonio Rezende, as causas do ser tal como formuladas por Aristóteles são no total:
A) duas: material e final
B) três: material, formal e eficiente
C) três: material, eficiente e final
D) três: formal, eficiente e final
E) quatro: material, formal, eficiente e final
35. Segundo Marilena Chauí, em Convite à filosofia, a religião cristã introduziu duas diferenças fundamentais
no que até então era a concepção ética antiga prevalecente. De acordo com a autora, essas duas diferenças
instauradas pelo cristianismo estavam nas ideias de que:
A) a virtude se define por nossa relação com Deus e não com a cidade nem com os outros; e de que temos
vontade livre, sendo o primeiro impulso de nossa liberdade dirigido para o mal
B) a virtude se define por nossa relação com Deus e, ao mesmo tempo, com a cidade e os outros; e de que
temos vontade livre, sendo o primeiro impulso de nossa liberdade dirigido para o mal
C) a virtude se define por nossa relação com Deus e não com a cidade nem com os outros; e de que temos
vontade livre, sendo o primeiro impulso de nossa liberdade dirigido para o bem
D) a virtude se define por nossa relação com Deus e, ao mesmo tempo, com a cidade e os outros; e de que
temos vontade livre, sendo o primeiro impulso de nossa liberdade dirigido para o bem
E) a virtude se define por nossa relação com Deus e não com a cidade nem com os outros; e de que não temos
vontade livre, pois o impulso de nossa liberdade é dirigido por Deus
36. De acordo com Leandro Konder, em Filosofia e educação: de Sócrates a Habermas, foi por ter consciência
de que seu tema era muito abrangente e por estar atento à mudança constante do real, que Michel de
Montaigne teria inventado, no século XVI, o gênero do:
A) aforismo
B) tratado
C) sistema
D) ensaio
E) sermão
37. Em suas Meditações, René Descartes empreende um método argumentativo que lhe permite questionar
todo o conhecimento adquirido, na busca por se esvaziar de todas as opiniões e crenças para, a partir daí,
estabelecer algo firme e constante nas ciências. Tal método cartesiano implica uma ordem necessária na
apresentação de seus argumentos. É o que se vê na passagem da "Meditação Segunda" para a "Meditação
Terceira", nas quais Descartes prova antes a existência:
A) de Deus, e depois a existência do ser pensante
B) do ser pensante, e depois a existência de Deus
C) do gênio maligno, e depois a existência de Deus
D) de Deus, e depois a existência do gênio maligno
E) dos sentidos, e depois a existência do ser pensante
38. Em sua Ética, Spinoza explora o importante tema da servidão, especialmente na quarta parte do livro. Já
na primeira frase dessa quarta parte da Ética, Spinoza esclarece o que entende por servidão, que é então
definida como impotência:
A) divina para organizar e gerenciar os afetos
B) divina para organizar e gerenciar as razões
C) humana para regular e refrear os afetos
D) humana para regular e refrear as razões
E) humana para aniquilar e exterminar os afetos
39. Em sua Investigação acerca do entendimento humano, David Hume fala daquele que considera ser "o
único princípio que torna útil nossa experiência e nos faz esperar, no futuro, uma série de eventos semelhantes
àqueles que apareceram no passado". Segundo Hume, esse princípio, que seria o grande guia da vida humana,
é:
A) a fé
B) a razão
C) a imaginação
D) o costume
E) o entendimento
40. "Por síntese entendo, no sentido mais amplo, a ação de acrescentar diversas representações umas às outras
e de conceber a sua multiplicidade num conhecimento", afirma Immanuel Kant em sua Crítica da razão pura.
Tal síntese seria efeito da faculdade da imaginação, mas reportar essa síntese a conceitos, segundo Kant, é
uma função que cabe:
A) ao costume
B) ao entendimento
C) à fé
D) à intuição
E) à sensibilidade
41. Na Crítica da faculdade do juízo, Immanuel Kant afirma que a faculdade do juízo em geral consiste em
pensar o particular como contido no universal. Mas ele distingue duas maneiras como isso pode ocorrer. Em
um primeiro caso, o universal (a regra, o princípio, a lei) é dado. Em um segundo caso, apenas o particular é
dado, e a faculdade do juízo deverá encontrar o universal. Segundo Kant, no primeiro e no segundo casos têm-
se, respectivamente, juízos:
A) teóricos e práticos
B) determinantes e reflexivos
C) estéticos e teleológicos
D) intuitivos e transcendentais
E) morais e cognitivos
42. Nos seus conhecidos Cursos de estética I, oferecidos no começo do século XIX, Hegel expõe a posição
que a arte possui dentro de seu sistema filosófico. Para tanto, explica também em que, para ele, consistiria o
estatuto ontológico da obra de arte. Nesse sentido, Hegel afirma que a obra de arte situa-se:
A) abaixo da sensibilidade imediata e muito distante do pensamento ideal
B) junto da sensibilidade imediata e distante do pensamento ideal
C) justamente entre a sensibilidade imediata e o pensamento ideal
D) junto do pensamento ideal e distante da sensibilidade imediata
E) acima tanto da sensibilidade imediata quanto do pensamento ideal
43. No terceiro de seus escritos juvenis de cunho crítico intitulados como "intempestivos", Friedrich Nietzsche
tratou especificamente do tema da educação. Na "III Consideração intempestiva: Schopenhauer educador",
Nietzsche declara que deve ser o objetivo da cultura o engendramento:
A) do gênio
B) do filisteu
C) do erudito
D) do funcionário
E) da opinião pública
44. Ludwig Wittgenstein, no Tractatus Lógico-Philosophicus, apresenta uma série de erros e de confusões que
ocorrem no emprego mais cotidiano da linguagem. "Para evitar esses equívocos, devemos empregar uma
notação que os exclua, não empregando o mesmo sinal em símbolos diferentes e não empregando
superficialmente da mesma maneira sinais que designem de maneiras diferentes". Tal notação que
Wittgenstein procura como solução para os problemas da linguagem teria, em seu centro, a obediência:
A) ao verso livre da poesia
B) ao método cartesiano
C) à informática computacional
D) à argumentação escolástica
E) à gramática lógica
45. Na Introdução de Ser e tempo, Martin Heidegger logo estabelece que a sua investigação sobre a questão
do ser seguirá o método fenomenológico. Pela expressão "fenomenologia", Heidegger entende um conceito de
método que:
A) não caracteriza os objetos da investigação filosófica, mas a quididade real dos seus sujeitos, quem eles são.
B) caracteriza a quididade real dos objetos da investigação filosófica, mas não o seu modo, como eles o são.
C) não caracteriza a quididade real dos objetos da investigação filosófica nem o seu modo, como eles o são.
D) caracteriza tanto a quididade real dos objetos da investigação filosófica quanto o seu modo, como eles o
são.
E) não caracteriza a quididade real dos objetos da investigação filosófica, mas o seu modo, como eles o são.
46. Jean-Paul Sartre, no texto "O existencialismo é um humanismo", busca defender sua posição filosófica de
diversas críticas. "Assim respondemos, creio eu, a um certo número de censuras referentes ao
existencialismo", escreve. Tal defesa, bastante contundente, ocorre tendo por base a definição do homem:
A) pela religiosidade
B) pelo quietismo
C) pelo pessimismo
D) pela ação
E) pela tradição
47. No ensaio da década de trinta "O narrador", Walter Benjamin faz uma aguda análise de sua época ao
constatar que, depois da Primeira Guerra Mundial, os combatentes voltavam silenciosos do campo de batalha.
No início desse texto, Benjamin declara que o que ele chamou de "experiência":
A) subiu na cotação, e a impressão é que prosseguirá nessa subida indefinidamente
B) subiu na cotação, e a impressão é que prosseguirá nessa subida até que sofra uma queda brusca
C) variou entre subidas e descidas, e a impressão é que se estabilizará na cotação
D) caiu na cotação, e a impressão é que prosseguirá nessa queda interminável.
E) caiu na cotação, e a impressão é que prosseguirá nessa queda até que retome o crescimento
48. Em meados do século XX, Max Horkheimer e Theodor Adorno trataram, juntos, do "Conceito de
iluminismo". Foram eles que cunharam a famosa sentença segundo a qual o iluminismo é:
A) totalitário
B) democrático
C) um humanismo
D) a saída da menoridade
E) liberdade, igualdade e fraternidade
49. Em A condição humana, Hannah Arendt elabora uma importante distinção entre os âmbitos da "ação" e da
"fabricação". De acordo com a autora, enquanto na fabricação há uma relação instrumental com as coisas
determinada pela categoria de meios e fins, a ação desencadeia um processo marcado:
A) apenas pela previsibilidade, mas não pela irreversibilidade
B) apenas pela irreversibilidade, mas não pela imprevisibilidade
C) apenas pela imprevisibilidade, mas não pela irreversibilidade
D) tanto pela reversibilidade quanto pela previsibilidade
E) tanto pela irreversibilidade quanto pela imprevisibilidade
50. Gilles Deleuze, a certa altura de O que é a filosofia?, observa que, no começo, os conceitos filosóficos são
e permanecem assinados. Ele, então, dá alguns exemplos. Entre os exemplos citados por Deleuze de conceitos
assinados estão:
A) a substância, de Aristóteles; a mônada, de Leibniz; a duração, de Bergson
B) a substância, de Platão; a mônada, de Leibniz; a duração, de Bergson
C) a substância, de Aristóteles; a potência, de Leibniz; a duração, de Bergson
D) a substância, de Aristóteles; a mônada, de Leibniz; a potência, de Bergson
E) a ideia, de Platão; a potência, de Leibniz; a mônada, de Bergson
GABARITO:
31-C
32-A
33-B
34-E
35-A
36-D
37-B
38-C
39-D
40-B
41-B
42-C
43-A
44-E
45-E
46-D
47-D
48-A
49-E
50-A
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