Principais características do
TEXTO DRAMÁTICO
* O autor textual encontra-se oculto, excepto nas
didascálias.
* As personagens comunicam entre si e com o
receptor do texto.
* Pretende-se representar a totalidade da vida
através do confronto dramático.
* A dinâmica textual é provocada pelo conflito; o
espaço e o tempo são relativamente condensados;
as personagens supérfluas desaparecem, tal como
os episódios secundários.
* As situações vividas pelas personagens conduzem
a uma caracterização psicológica, sociocultural e
ética ou ideológica.
* O espectador tem uma intervenção activa (o texto é
feito para ser representado).
* O texto apresenta-se como presente.
* Existem dramas de acção, de personagem e de
espaço.
ESTRUTURA DO MODO DRAMÁTICO:
EXPOSIÇÃO – apresentação das personagens e referência àquilo que constituirá o conflito.
CONFLITO – exposição gradual até atingir o clímax (momento de maior tensão dramática).
DESENLACE – desfecho, final do conflito.
Atenta nas características que fazem deFrei Luís de Sousa um DRAMA ROMÂNTICO:
é uma peça escrita em prosa;
a obra é expressão de um determinado estado social;
há uma situação real que está subjacente à acção da
peça;
o ser humano é alvo de uma atenção analítica;
há uma exaltação dos valores patrióticos e religiosos;
existe um realismo psicológico que caracteriza os
sentimentos de Telmo, dividido entre o amor por D. João
e por D. Maria de Noronha;
existe uma projecção da experiência pessoal do autor,
que possuía uma filha ilegítima, filha de Adelaide Pastor
Deville, por quem se apaixonara, quando ainda casado
com Luísa Midosi;
dá-se a morte de Maria em palco.
A obra Frei Luís de Sousa é considerada um DRAMA
ANALÍTICO, pois apresenta uma estrutura que cumpre o
esquema INFORMAÇÃO – ACÇÃO – DESENLACE,
correspondendo o primeiro momento a um tempo
passado, anterior ao da acção representada em palco;
por outro lado, os acontecimentos a que se assiste são
desencadeados por acções anteriores àquelas que são
representadas.
Atenta nas características da TRAGÉDIA CLÁSSICA presentes na peça Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett:
existência de poucas personagens;
personagens que se inserem num estrato social elevado;
acção sintética: convergência progressiva de um número pouco significativo de acções para a acção trágica;
condensação do tempo em que decorre a acção;
espaços em número reduzido;
cumprimento (ainda que incompleto) da lei das
três unidades: unidade de acção, incompleta
unidade de espaço (surgem três espaços) e de
tempo (a acção decorre em cerca de oito dias e não
em vinte e quatro horas como acontecia na tragédia
clássica);
existe uma reminiscência do coro da tragédia
clássica, através das personagens Frei Jorge e
Telmo Pais;
solenidade clássica e ambiente trágico;
momentos de retardamento (adiam o desenlace
trágico).
O Frei Luís de Sousa apresenta alguns dos TÓPICOS ROMÂNTICOS, tais como:
SEBASTIANISMO - alimentado por Telmo e Maria;
PATRIOTISMO E NACIONALISMO - além do que
decorre do Sebastianismo, deve-se ter em conta o
comportamento de Manuel de Sousa Coutinho ao
incendiar o seu próprio palácio para impedir que
fosse ocupado pelos Governadores ao serviço de
Castela;
CRENÇAS E SUPERSTIÇÕES - alimentadas por
Madalena, Telmo e Maria, que, sistematicamente,
aludiam a agouros, visões, sonhos;
RELIGIOSIDADE - uma referência de todas as
personagens; note-se, no entanto, a religiosidade
de Manuel de Sousa Coutinho, que inclui o uso da
razão e que determina a entrada em hábito como
solução do conflito; Madalena, por exemplo, não
compreende a atitude de Joana de Castro, a
condessa de Vimioso que se tornou freira (Soror
Joana);
INDIVIDUALISMO - o confronto entre o indivíduo e a sociedade é particularmente visível em Madalena;
TEMA DA MORTE - a morte como solução dos conflitos é um tema privilegiado pelos românticos; no caso do Frei Luís de Sousa, verifica-se:
a morte física de Maria (morre tuberculosa); a morte simbólica de Madalena e de Manuel, que, ao tomarem
o hábito, morrem para a vida mundana; morte simbólica de D. João de Portugal que, depois de
admitir que morreu no dia em que sua mulher o julgou morto,
simbolicamente, morre uma segunda vez, quando Telmo,
depois de lhe ter desejado a morte física como única maneira
de salvar a sua menina, o seu anjo (Maria), aceita colaborar com
o Romeiro no sentido de afirmar que se trata de um impostor,
numa última tentativa de evitar a catástrofe; morte psicológica de Telmo.
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