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Pra você dizer Poesia e imagem
Texto e arte por Aud D’Angelo Dias
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Dia
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Primeiro atoPrimeiro atoPrimeiro atoPrimeiro ato
Deixo aos pés o peso, à mente o passo.
No branco o traço é marco longe
Do minuto ao primeiro ato.
Cedo já ao ímpeto errante
Posto encanta-me o largo.
Digo-te em gestos impressionistas, ao papel,
Personagem gasto.
Roxo cravado sê-lo?
Pudico verto, aveludado observo,
Escravizo-me em ter-te derramado ao mar,
Sonho de mulher.
Teu substrato feminino apuro,
Que não me cabe ao peito.
Teu segredo sobrevém
Do prelúdio ao pelourinho de irresoluta decisão.
Pressinto-te, verdade persistente encoberta de razão,
Retornar teu não meu sim
Teu sim meu não.
Concordo transformado em querer-te ser,
E ser-te mais, no comando dos sentidos
A integra de saber melhor viver-te
Com alegria percorrido.
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Dia
s )
Arquitetura UrbanaArquitetura UrbanaArquitetura UrbanaArquitetura Urbana
Querida,
Não que me desagradem janelas,
É que prefiro os corredores,
Estes convenientes labirintos
Advertem-me da sucessão de amores.
Também gosto de templos gregos e
Selvas líricas com fantásticas ideias e evasões baratas,
Como me aprazem fendas, calçadas e escadas,
Estes invertidos precipícios
Nos quais Início e fim ficam meramente iguais.
Lembre-se, amo os mirantes com distantes ternuras
Inclinações e dissabores, inusitadas quedas voos,
Lutas e resoluções.
Fixam-me tuas tulipas como mordidas em úmidas veredas,
Conclusivos afagos ao peito arfante feminino.
Desejo neste vértice o sabor mágico das luzes renascentistas,
Que mostra com entusiasmo e intensidade de vagalume
Entanto, no ocidente, o amanhecer nas estradas encerra
Alegrias coloridas, como bolsas de mulher.
Pra
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Dia
s )
Por mim (Mar vermelho de amar)
Por mim haveria
Um único mar do início ao fim,
Que fosse vermelho carmim…
Sem distinção
Entre o real e o sonho.
Tudo e todo
Seria hoje partida e memória.
Por mim,
Ao tempo caberia a missão
De se desmentir,
Fazer ressurgir deste fundo
No corpo inteiro
O único amor abissal verdadeiro.
Por mim,
Nos teus olhos a sombra
Seria brilhante vermelha,
Porque rubra é a dor
De sonhar e não ter
Nenhum chão pra pisar,
Ter as asas molhadas
No teu sal de pudor,
Cristalizadas,
Ao sol vermelho de amar.
Por mim,
Tempestades seriam apenas
Certos dias do mês,
Pra
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Dia
s )
Outros tempos, sua vida inteira,
Profunda respiração,
No preparo lamento,
A comum conjugal persistência do sim
Na dureza do não.
Por mim,
Adormecer
Avistando este mar
Vermelho na cor da esperança,
Primeiro manto que cobre a criança.
Por mim,
Unidos no abraço,
Veleiro
De sentidos vastos,
Barca de verdades contidas,
Com memórias pintadas levando
Ao canto calado
Palavras
Para expor a nudez
Da azul solidão,
Tempestades, vermelhas, talvez…
Por mim,
O vermelho mar é
Singular imensidão.
Mas,
Como nada sozinho decido
Fico aqui recolhido
Curtindo pequeno
Pra
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D’A
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Dia
s )
Alegrias de gentil trovador
Que não ousa dizer,
Não ousa calar,
Desejos na primavera da flor…
Engole o beijo,
Lágrima batismal
Temperada no sal deste
Mar,
Vermelho de amar.
Pra
vo
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po
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ud
D’A
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Dia
s )
Madeira e traça
João sentado na calçada abraça Maria,
Poderia Maria ser Débora, João ser Tiago, ao longo deste
mesmo dia, em tempo de ressurreição.
Pedro parado na ponte espera Helena, Pedro ser Teteco
poderia?
Ou Isolda, ao longo deste mesmo singular entardecer de
Inconfidência.
Teria qualquer forma um nome qualquer, outra percepção. ..
Poderia ser o Cristo, ser vara, Judas, cruz e pedra no exercício
de exatidão.
Hoje sendo quem é, encarregado de amanhecer
Para João, Maria, Tiago, Pedro, aos tantos que espera e abraça.
Traz o som da alvorada, o horizonte para quem quiser horizontes
e ser motivo de viver.
Mas, sendo João, Maria, ponte, calçada,
Sendo mastro, vela, vê-la não ser nada; triste no dia que
passavas planejando obsolências?
Amparo só se gasta, desdenhando dos amantes sem pensar
qual quer!
Vai, Apenas por um tempo, Ser Madeira e traça,
Madeira e traça,
Madeira e traça.
Pra
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Dia
s )
DDDDias ias ias ias memoráveismemoráveismemoráveismemoráveis
Dias memoráveis dizem
Todos devem ser.
Diga ao menos este por
Todos os que recebem
No peito um feixe de luz.
Diga pelos errantes,
Por muitos peregrinos,
Aos que se acham hoje no
Coro dos sonhadores,
Diga a estes que partem ou,
No lenço branco da saudade
Estendem a mão.
Gerando esperanças que se unam
Feito vento e embarcação,
Fazendo crer em Deus ao menos por um momento.
Um dia, um dia memorável
Que ressurja diminuto no entardecer
Ou sustenido na alvorada,
Expondo a vista interior dos horizontes sãos
Entre as frestas das cortinas estampadas,
Trazendo o canto dos pássaros no fim da madrugada,
Recolhidos em arvoredos floridos plantados
A frente das janelas.
Dias impressos nas retinas
Nas almas dos moços,
Dos senhores, das crianças, das donzelas.
Pra
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Dia
s )
Dias presentes, presentes para a eternidade,
No novo pensamento que já é,
Para que persista amor e amizade,
Ainda que desperte em pranto
Se o pranto irrigar a pradaria,
Trouxer fertilidade ao solo
Produzir sabor, textura, aroma
E a cor rubra da íntima infinita alegria.
Pra
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ud
D’A
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elo
Dia
s )
Um caminho
Com zelo, feito à luz
Na luz de todas as palavras
Por sinais bem postos
Ao longo deste precipício, quase escada
Para todos os caminhantes
Que hoje se sabem e mais querem saber,
Um que vê outro que escuta
Dos cimos às margens procura
nos braços abrigo e pão.
Insaciáveis por palavras e diálogos
Concretizam sentimentos desenhados, coloridos,
Pedras incrustadas nas encostas e nos trilhos.
Risco mérito e graça
Marcos do dia de hoje
ao dia infinito que ultrapassa.
Nesta terra íngreme por Deus suplantada
Semeiam a casa das alturas.
Rolam sementes verbo encantadas escritas
Erguendo patamares e texturas.
Dois viajantes são apenas um caminho,
Uma trilha ornamentada na montanha,
Decorada na memória, ninho,
Parede rochosa aveludada,
Na graça do Supremo Cimo.
Pra
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D’A
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elo
Dia
s )
Segredo
Algo rondando sentimentos,
Ideias e planos inexplicáveis.
Algo insólito, inseguro, improvável preenchendo esperanças.
Tal que se esconde da razão e ignora efeitos.
Segredos fazem do tempo
Longo breve por atalhos e trechos.
Exaure tira o sono ou ocupa sonhos de querer acordar.
Tua personalidade é adereço e vive
Vagando despencando no ar.
Arma a forca, elimina a gravidade,
Pede e termina por oferecer
Turbilhão do que disse e do querer dizer.
Deixa tanto feliz quanto invoca o pranto.
Crédulo duvido, porém, ser amor
Este enigma imerso no medo
Obvio espontâneo segredo.
Pra
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Dia
s )
Amor de amante
Espaços
Não são os mesmos entre tais.
De onde estou até tua presença,
A métrica não conta sonhos desejos e fuga.
Quem é não te custa,
Quantos igualmente não.
Ao sono dos astros supero a emenda,
Para ti tanto faz.
Dou-te meu amor,
Quer muito mais e suporta contenda,
Contenta com menos
E me intitula capaz de grande insensatez.
Pesado de choro, fico
À beira de um precipício
Prestes a desintegrar.
Teu nome posto
Diminui o perigo,
Meu nome,
Único em tempo seguro.
Tua alma atrai grave condução,
Teu cânone é abismo, prazer, aérea sandice,
Amor sem perdição.
Traz a silhueta breve considerando horizontes,
Murmura não posso
Pra
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Dia
s )
Cala pretendo
Por ter do mesmo cenário
Outro igual pensamento.
Ouço a diferença em tua face.
Pressinto ordenado caos,
Espaços... Os mesmos;
Trancados num ponto qualquer,
Universos com nome de coisas, homens meninos, consorte.
Mulher!
Muitas há entre ti e ti mesma,
Nas perguntas sem resposta que ecoam
Da população de segredos que habitam
Lugar qualquer.
Dentro é fora
Permaneço singular nenhum a repetir
Contando estrelas,
Versos para sustentar solidão.
Amo-te ainda, escassa e toda,
Amo-te mesmo assim, pura e tola,
E continuo te amando,
Meu plano te pede
Absolvição.
Pra
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Dia
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Espigas
- Você me lembra duma linda pessoa que conhecemos há
alguns anos e que, infelizmente, partiu.
Tinha planos demais, e assim esquecemos-nos das curvas e
aclives. De aprender a maior lição da vida, a lição da diferença,
da necessidade de aceitar diferenças para vir a ser bons
amigos.
- Esquecida de que o amor não nos faz donos de nada e
ninguém, ficava de prontidão para defender o que julgava ser
posse. Travou a pior batalha, contra seres invisíveis, só
existentes em sua imaginação, na batalha contra si mesma não
teve tempo de perder.
‘ A chuva interrompeu nosso passeio a pé, entanto, protegidos
por um telhado antigo apreciamos a serra coberta de neblina.
As fotos ficaram para outro dia, Vila Operária. Agradecem os
grãos de milho plantados no fundo do amplo quintal que, a
termo nos oferecerão a oportunidade de assar espigas ’.
Pra
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Dia
s )
Passado
Estranho
Olhar e não reconhecer-te.
Não ver o que um dia acreditou ser.
Tentar tentar e não encontrar
Palavras.
Pensar que teria sido diferente e constatar que jamais seria.
Vasculhar as afinidades
Sabendo que todas se foram.
Duvidar das mudanças.
Reconhecer que mudanças ocorreram.
Muitas.
De ambas as partes.
Procurar no recôndito da alma e
Não achar sentimentos.
E com todas as ausências, sorrir e agradecer.
Presente
Somos dois "estranhos-conhecidos",
Felizes com as escolhas (certas e erradas) que fizemos!
Pra
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D’A
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Dia
s )
Paz
Que a vida pulse serenamente
Ainda que descompassada,
O ser possa estar sempre melhor
Mesmo desamparado
A pleno sol ou madrugada, para que
A Paz possa ouvir impressionada semiquieta,
Eficiente sussurro, grito ou
Nítido ruído interior.
A Paz alucinada convoca apenas mais um
Sorriso em tua personalidade adverbial,
Permitindo que dentro tua força estremeça
Lírica bucólica
Para além de todo carnaval.
Pra
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Dia
s )
Criança
Já reparou que a praia é um jardim na porta do mar?
Acompanhou a primavera subindo a montanha,
Parou entre o sim o não e a mistura do beijo?
Deixou sem querer mãos no lugar do afago,
Viu velho brincar no barro?
Semente escondida na terra virar fruto de outro sabor,
Carvão virar lápis e parede papel?
Discordou da novena e da existência
Palpável de Papai Noel?
Reparou que nenhuma metade é perfeita,
Branco não permanece branco,
Que os laços viram nós,
E os rios não voltam jamais?
Já confundiu folha seca com adubo.
Estrada com caminho,
Pobreza com nobreza,
Pé com espinho,
Abelha com mel?
Já viu o inferno e o céu embaixo do céu,
E, esqueceu?
Esquecer é o mais fácil e o mais difícil.
Já sentiu improváveis reais esquentarem o plano
Com outro artifício?
Contou o tempo sem relógio, em segundos foi do riso ao pranto?
Viu o gato, viu a pomba e o alimento querendo fugir?
Pra
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Dia
s )
Dormiu na rede e acordou com enxaqueca lombar?
Exertos
- Ensinar o inensinável é mostrar, expor o indescritível é fazer
sonhar.
- Sonhar o inimaginável é não sonhar quase viver.
- Na vida e no amor o certo é a dor, por isso se ama o risco.
Pra
vo
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ize
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D’A
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elo
Dia
s )
Tela
Ou todos os impulsos serão a parte errada,
Ou tua voz e riso fará eco em meu ouvido interior,
Ou teu olhar perspicaz treinado para ir além da tela
Serão pontos formando universos paralelos,
Ou teu risco trará doses comedidas de adrenalina,
Ou te divido te reparto, te encaderno,
Ou leio todas as entrelinhas.
Tantas opções para um fundo apenas;
À tinta acrescentar teu rosto,
Ao credo acrescentar teu nome,
Ao lar acrescentar teu canto,
A este tempo quem agradavelmente me consome.
Pra
vo
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ize
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Dia
s )
Pra
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P
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po
r A
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D’A
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elo
Dia
s )
Palmeira Imperial
Parado,
Enquanto é tempo de chuva,
Recolhido em um canto quente,
Sem pensar que fazer
Dos desejos impossíveis,
Prazeres inacessíveis ao que
Labora para sobreviver,
Da janela
Percorrida a distância,
No olhar peguei
Uma palmeira quieta
Sem pestanejar do frio.
Vida mais linda é uma palmeira,
A dita Imperial,
Cresce lentamente
Para baixo e para cima
Assim reto bem reto
Na vertical
Sem dar ouvidos,
Resolvida,
Que ousadia.
Imagino que um dia
Caia, entretanto nunca vi Palmeira caída.
Não dá coco, nem adianta esperar,
Pouca sombra dá,
Pra
vo
cê d
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P
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(
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D’A
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elo
Dia
s )
De uma robusta forma que se suporta
E ao pequeno passarinho
Que por ventura pousar
Agradar e fizer ninho.
Também é raro se ver apenas uma,
Singular, sozinha,
Palmeira plantada.
Parece pouca palmeira uma só?
Com tão expressiva arquitetura?
No tempo natural
O homem empobrece,
Perece,
Apodrece
E a palmeira fica,
Palmeira não tem compaixão nem dó.
A palmeira o que é, caro?
Um vegetal, isso sim.
Em qualquer lugar,
Na beira da estrada,
Ei de fincar uma palmeira um dia,
E em segredo deixo o tempo passar.
Gente ralha, grita, canta,
Morre, mata, se consome e faz burrada.
Mas a palmeira?
Sei que um dia
Vendo a terra lá de cima,
Pra
vo
cê d
ize
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P
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ag
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(
po
r A
ud
D’A
ng
elo
Dia
s )
Tendo crescido tanto e desenvolvido pouco, (ai, que
pensamento louco),
Requerido tanto espaço
Na tua sina imperial,
Vai desejar o impossível,
Acho:
Ser lenha e
Esquentar meu tacho.
Pra
vo
cê d
ize
r -
P
oe
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e
Im
ag
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Dia
s )
Pra
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cê d
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P
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Im
ag
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po
r A
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D’A
ng
elo
Dia
s )
Novidades
Passa a vida e tudo fica
De novo novidade
Mistérios são
Sonho excitação e eternidade.
Amor incondicional amor
É a lente que engana o olho
Faz do homem feminino
Da mulher saudade.
Quantos egos nessa
Casa de madeira
Uma casa só,
Uma família só,
Um furacão que te destelha.
O verde ,
O mato ,
O jardim,
Tons iguais da mesma cor.
A porteira aberta
Ou fechada.
O gado manso
Mesmo
Homem que passa.
Vida grilo e cerração,
O menino, o leite, a teta.
Pra
vo
cê d
ize
r -
P
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Im
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elo
Dia
s )
O boteco, a pinga, a treta,
Elucidação…
Mulher pintando unha,
Mulher lavando roupa,
A mesma trouxa o mesmo animal
Nessa lógica fatal.
Sensualidade de vestido ao vento
E o passarinho que cantou
Coruja na madrugada do acento.
Conta quebrada,
Consórcio
O telefone toca
O rádio diz a hora
E a menina
Chora te esperando no sofá.
Todo fim é um começo,
Um impulso
Um tropeço,
Um abraço que te impede
De cair ou de
Voar.
Outro ser que some
Ou que te assume
Te faz dormir
Não faz sonhar.
Pra
vo
cê d
ize
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Dia
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Dia
s )
Na rotação do mundo
Pensar em quem pensa
A vontade servil do anonimato,
Secreto impulso de concepção.
Solidez e isolamento,
Jeito raro de dizer a efetiva beleza
Vários naturais, sobre conscientes, caminhos e a
Ânsia de antever a gota flexível,
Lágrima, dissipando olho adentro,
Umedecer a infecundidade
Por criar outro momento.
Com abstrata ternura expedir, no orgânico do mundo
A possível simetria, imposta visão.
Pensar-te é modesto começo:
Chave, porta única, para onde quero ou onde queres,
Estes espaços quase lugares, semelhantes paralelos,
Propícios a construir íntima capacidade e usufruto.
Arco transposto, mãos dadas, na sina de trilhar
Oposta direção ou mesmo sentido,
Flutuantes talvez imersos, a busca e o encontro
Da translação na rotação do mundo.
Pra
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Dia
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Pra
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D’A
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Dia
s )
Reza ao vento
Quanto vale perder
o estatuto da cidadania, crescer te vendo ver
transformar saudade em poesia???
Quanto se deve pensar uma vida, a cada dia?
E ter a fantasia de estar sempre sorrindo
Vivendo a teu lado por engano?
Amando e sendo observado?
Percorrendo o céu de um momento,
Discordar da sua falta de opinião,
Conversando traços e melodias e paisagens, ou
Trabalhando no porão?
Possível então que o tempo
Marque a toalha de pano,
Que confirme os planos adiados,
Impressione-te em cores puras.
Concretiza-te hoje, em harmonia,
Reza ao vento, peça que te projete
Em outro canto bemolado mais espesso e intenso.
Faça-te, novamente, tua,
Menos minha, mais vida, menos saudade,
Realidade e pensamento.
Pra
vo
cê d
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P
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D’A
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Dia
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Pra
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cê d
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P
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Im
ag
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r A
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D’A
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elo
Dia
s )
Artefato
Incluir na poética do medo
O preço da fuga
Retirar da luz a claridade
Como do cenário o pano
Eis-me assim olhando para o futuro,
Observando o rasgo.
O olho atenta o plano da parede,
Inventa ilusões, perspectivas,
Sobreposições e formas semi-quânticas
Pseudo-feminimas
Misteriosamente capazes da verdade.
Para que tanto,
Se fosse-nos possível
Estancar o pensamento
Venerar o silêncio e já não respirar
A plena verdade surgiria:
Relógio que não diz a hora,
Calendário que não marca o tempo,
Escada na horizontal,
Ornamento e paixão que vira amor,
Eis a arte, parte que me cabe,
Constante ,seja a vida alegria ou dissabor.
Pra
vo
cê d
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D’A
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Dia
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Pra
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cê d
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r A
ud
D’A
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Dia
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Pra
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cê d
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D’A
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Dia
s )
Pra você Dizer
‘ Pra você dizer - poesia e imagem - é a busca de conexão entre
verdades insurgentes, da concepção de uma nova inusitada vida
cotidiana derradeira e infinita, expressa por palavras e imagens,
como artifício sagrado entre metades que comungam
pressentimentos de futuro no passado adivinhado. Menina e
mulher deslocam e se desbotam no espelho tempo.
Caminho, feito de pedras e palavras, pronto a oferecer minutos
de semi material pensamento por meio de signos e sonhos, na
intenção de fazer resurgir ampla felicidade em uma
deslumbrante e obscura paisagem. Íntima paisagem pra você
dizer ‘.
Aud D’Angelo Dias, Ouro Preto - dezembro de 2013.
FIM
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