Artigo de Opiniã o
Portugal campeão da Europa de Sub-17 13 anos depois da última
conquista – análise à Geração de 2003
No passado sábado, dia 21 de Maio de 2016, Portugal tornou-se o mais recente campeão da
Europa na categoria de Sub-17. Uma conquista desportiva importante para o país, 13 anos
passados desde a última vitória portuguesa a nível internacional e, precisamente, na mesma
categoria. Neste artigo, pretende-se refletir sobre a geração que venceu o Euro em 2003, pois
a “de agora” muito se tem vindo a falar.
Geração de 2003
Os tempos são outros e longínquo vai o ano de 2003, em que uma geração de jovens
futebolistas não menos talentosa do que a atual, venceu o Campeonato da Europa de Sub-17,
batendo a “vizinha” Espanha na Final de uma competição que se realizou em Portugal. O
Estádio do Fontelo, em Viseu, foi palco de uma final memorável que culminou com a vitória
lusa por 2-1 com dois golos obtidos pela “estrela maior” daquela geração, Márcio Sousa, ou
“Maradona”, como era apelidado à época, dada a sua arte e qualidade futebolística, que em
muito se parecia com o astro argentino de outros tempos. De salientar que o golo da Espanha
foi apontado por David Silva, atualmente jogador do Man. City.
A vitória lusa foi o culminar de um percurso sem derrotas na prova e deixou em delírio um país
pouco habituado a conquistas no que respeita a competições de seleções. Era uma geração
com enorme potencial de onde se destacavam nomes como Miguel Veloso (capitão da seleção
e do Sporting CP e esteio da defesa) – eleito o melhor jogador da competição; Paulo Machado,
Vieirinha e Márcio Sousa – tridente do FC Porto, sendo o primeiro o motor do meio-campo,
Vieirinha um extremo direito destemido e desequilibrador e Márcio Sousa o Nº10 da seleção
das quinas, um jogador com uma capacidade técnica e visão de jogo incríveis e um pé
esquerdo “com olhos”. Nomes como João Coimbra (capitão do SL Benfica) e Carlos Saleiro
(ponta de lança do Sporting CP) também figuravam no Onze, onde João Moutinho (Sporting
CP) e Manuel Curto (SL Benfica) eram suplentes, embora quase sempre utilizados.
Despontavam também dois alas rápidos, os “benjamins” nascidos um ano mais tarde, Bruno
Gama (SC Braga) e Hélder Barbosa (FC Porto), que eram opções para agitar o jogo, vindos do
banco.
Era uma geração vencedora com enorme talento individua. No entanto, 13 anos mais tarde,
pode constatar-se que apenas alguns dos nomes presentes na conquista, vingaram no plano
profissional ao mais alto nível. Os percursos foram distintos e vários fatores podem ter
contribuído para que uns se tornassem “craques” em equipas de topo e outros tivessem um
percurso menos sonante, passando muitas vezes despercebido aos adeptos menos atentos. A
evolução (que em jovens com 17 anos é crucial), a afirmação, a mentalidade, a capacidade de
trabalho, aconselhamento a nível pessoal, entre outros, foram certamente fatores distintivos
para a obtenção do sucesso. Ora, o “suplente” João Moutinho foi um dos que conseguiu
superá-los para se afirmar, anos mais tarde, na equipa principal do Sporting CP e,
posteriormente, no FC Porto, chegando a internacional A. Percurso semelhante teve Miguel
Veloso, pese embora, nos últimos anos tenha “tomado” opções menos interessantes a nível
desportivo. Por outro lado, a então “vedeta” da seleção, Márcio Sousa, acabou por nunca se
afirmar no futebol profissional de alta competição, tendo terminado o percurso no futebol de
formação no FC Porto e depois, segundo afirmações do mesmo, mal aconselhado tomou
decisões “erradas” no plano desportivo. Acabou por fazer todo o seu percurso em
competições semiprofissionais, numa fase inicial, passando posteriormente por vários clubes
da Segunda Liga portuguesa, onde está atualmente, com 30 anos, a jogar no SC Farense (II
Liga).
Em suma, futebol é a oportunidade, aliada (ou não) a um fator não controlável, a sorte. Depois
é saber aproveitá-la e potenciá-la. Para isso contribuem imensos fatores, sendo que se destaca
a capacidade emocional para superar alguns acontecimentos inesperados que possam surgir
no meio do percurso.
Relativamente à seleção que agora se sagrou vencedora, veremos o que acontecerá no futuro,
sendo certo que há, desde já, nomes que podem “chegar longe” tais como, José Gomes,
Gedson Fernandes e João Filipe (SL Benfica) ou Diogo Costa e Diogo Dalot (FC Porto). A ver
vamos o que o futuro lhes reserva! O potencial está lá!
Miguel Andrade
26 de Maio de 2016
Top Related