ESTE MATERIAL NÃO PODE SER DIVULGADO, COPIADO, ALTERADO, CITADO E IMPRESSO.
TRABALHO DE CAMPO
GRUPO 2 PETRÓPOLIS
ANGELA M. R. P. LIMA
ANA PAULA O. TAVARES
ENEIDA A. B. F. DE SÁ
LUIZ HENRIQUE DE SÁ
MORGANA L. V. DE CARVALHO
ESTE MATERIAL ESTÁ EM VALIDAÇÃO, POR ESTA RAZÃO NÃO PODE SER DIVULGADO, COPIADO, ALTERADO, CITADO E IMPRESSO.
A IMPRESSÃO ESTÁ AUTORIZADA SOMENTE AO CORPO DOCENTE E DISCENTE.
GRUPO 2 PETRÓPOLIS
REALIZAÇÃO
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ
VICE-PRESIDÊNCIA DE AMBIENTE, PROMOÇÃO E ATENÇÃO À SAÚDE
CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM EMERGÊNCIAS E DESASTRES EM SAÚDE
ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA
ESCOLA POLITÉCNICA DE SAÚDE JOAQUIM VENÂNCIO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE ESTUDOS DE SAÚDE COLETIVA
PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS EM VIGILÂNCIA EM SAÚDE E AMBIENTE
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
FACULDADE DE FARMÁCIA
DEPARTAMENTO DE FARMÁCIA E ADMINISTRAÇÃO FARMACÊUTICA
PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
SECRETARIA MUNICIPAL DE CONSERVAÇÃO E SERVIÇOS PÚBLICOS
SUBSECRETARIA DE DEFESA CIVIL
APOIO
MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL
SECRETARIA NACIONAL DE DEFESA CIVIL
DEPARTAMENTO DE MINIMIZAÇÃO DE DESASTRES
VERSÃO EM AVALIAÇÃO
TRABALHO DE CAMPO
GRUPO 2 PETRÓPOLIS
ORGANIZADORES CARLOS MACHADO DE FREITAS E VÂNIA ROCHA
REVISÃO TÉCNICA SUELI SCOTELARO PORTO E VÂNIA ROCHA
PROGRAMAÇÃO VISUAL PRISCILA FREIRE
PROFESSORES TUTORES MARCELO ABELHEIRA E SUELI SCOTELARO PORTO
MORRO DOS MARUJENTOS: UM ESTUDO SOBRE DESASTRES E SAÚDE
AGENTES LOCAIS EM DESASTRES NATURAIS
FIOCRUZ – PALÁCIO ITABORAÍ
PETRÓPOLIS – RJ
2013
FIOCRUZ
Curso de Capacitação
Agentes Locais em Desastres Naturais
Angela M.R.P. Lima
Ana Paula O. Tavares
Eneida A.B.F. de Sá
Luiz Henrique de Sá
Morgana L. V. de Carvalho
Morro dos marujentos: um estudo sobre desastres e saúde
Palácio Itaboraí
Petrópolis – Rio de Janeiro
2013
Ao contrário do que se pensa,
uma adaptação boa demais não
é prova de resiliência, e às vezes
um sentimento de culpa torturante
até chega a organizar estratégias de
existência resilientes.
Boris Cyrulnik
SUMÁRIO
Introdução
Introdução..........................................................................1
Apresentação.....................................................................3
Objetivos.............................................................................3
Metodologia.......................................................................4
Áreas adscritas.....................................................................5
Equipamentos comunitários................................................6
Geomorfologia.....................................................................7
Pontos vulneráveis..............................................................8
Características Sociais.........................................................9
Surgimento da Comunidade...............................................9
As tragédias.......................................................................10
As tragédias.......................................................................11
Dados atualizados.............................................................12
Conclusão.........................................................................12
Recomendações...............................................................13
Terapia Comunitária Integrativa......................................13
MORRO DOS MARUJENTOS – UM ESTUDO SOBRE DESASTRES E SAÚDE
INTRODUÇÃO
O Planeta
Desde que James Lovelock e Lynn Margulis inverteram a compreensão que, nós
humanos, tínhamos do que era o planeta terra, caminhamos em meio ao atoleiro. De lá
para cá todo o nosso conhecimento tem sido colocado em uma posição de desconfiança,
de insegurança, e porque não dizer, de desafio, pois os princípios que regiam de forma
segura e confiante nossos passos deterioraram-se, deixando-nos entregues as muitas
possibilidades sem sabermos onde nossa escolha é mais acertada. O fato de o planeta
passar de um amontoado de pedras para um organismo vivo transforma de maneira
integral o comportamento do mesmo. Transforma, também, a visão necessária para a
compreensão desse mesmo planeta. Sabemos que nos dias de hoje torna-se cada vez
mais difícil apontar as diferenças básicas entre aquilo que é considerado vivo e aquilo
que não. Se nosso planeta pode ser considerado um organismo vivo, isso traz
implicações imensas que não podemos dar conta de maneira rápida nem simples.
Porém, o tempo que temos é cada vez menor, pois lidar com um organismo vivo dessa
dimensão e com as consequências de como ele tem sido tratado, exige-nos, não só uma
mudança de consciência, mas também uma rapidez nas decisões. Nossa
responsabilidade atinge também outras gerações futuras e mesmo o perpetuar de nossa
espécie. Sabemos também que as mudanças de paradigma são lentas e necessitam de
muitas provas para que os detentores de uma posição possam ser convencidos a
modificar seus pontos de vista. Nossa escolha hoje é entre o caos e um
redirecionamento rumo a um novo mundo.
A necessidade de redistribuição da riqueza mundial se faz cada vez mais
premente, será impossível manter um crescimento sustentável sem mexer na divisão da
riqueza. A renda dos 20% mais ricos no planeta é de 90 vezes maior do que a renda dos
20% mais pobres. Os ricos consomem 11 vezes mais energia, comem 11 vezes mais
carne, tem um numero 49 vezes maior de telefones e 145 vezes mais carros.
O patrimônio líquido de quinhentos bilionários é equivalente ao patrimônio
líquido da metade da população mundial.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e a Organização das
Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação indicam que 87 países atualmente
não conseguem sustentar suas populações nem possuem dinheiro para importar o que
lhes falta. A média de energia elétrica comercial consumida pelos africanos é de ½ kWh
por pessoa. Os asiáticos e os latino-americanos consomem de 2 a 3 kWh; os norte-
americanos, europeus, australianos e japoneses usam até 8 kWh.
Se utilizarmos como padrão de vida oitenta anos, uma criança norte-americana
média produzirá ao longo desse tempo o dobro da carga ambiental de uma criança
sueca, três vezes mais que uma italiana, 13 vezes mais que uma brasileira, 35 vezes
mais que uma indiana e 280 vezes mais que uma criança haitiana. O ser humano médio
necessita de cinco litros de água por dia para beber e cozinhar, e de 25 litros para
higiene pessoal. Um norte-americano médio usa 350 litros por dia, o europeu e o
japonês médios, de 130 a 150 litros. Africanos caminham mais de três quilômetros para
conseguir água potável, se conseguem encontra-la, e 48% deles não tem acesso a uma
água que seja segura. Mais de um bilhão de pessoas ainda não tem acesso fácil a uma
fonte confiável de água. Esses são dados atuais, imaginem que em 1900 a população
mundial era de 1,5 bilhão de pessoas. Em 2005, a população cresceu para 6,4 bilhão de
pessoas, um aumento de mais de quatro vezes em apenas pouco mais de 100 anos. O
crescimento é de 90 milhões por ano. Estimativas de médio prazo apontam para cerca
de 7,85 bilhões em 2025 e 9,1 bilhões por volta de 2050. Os dados demonstram a
necessidade de uma rápida mudança de rumo se quisermos sobreviver enquanto espécie.
O discurso de que os dados não são conclusivos é um enorme perigo, pois mesmo que
efeitos no clima não possam ser previstos com precisão, pois o aquecimento global não
é um processo gradual e distribuído, mas um processo diferenciado que tem efeitos de
aquecimento e de resfriamento em diferentes locais, na sua totalidade essas alterações
no clima ameaça um numero incalculável de espécies, como também o suprimento de
alimentos e a própria sobrevivência da humanidade.
Então, o que nós temos é um quadro nada promissor no que tange ao futuro, se
medidas urgentes não forem tomadas para transformar radicalmente a nossa visão de
mundo e consequentemente a maneira como lidamos com o planeta. É importante
lembrar ainda que, há exatos 20, anos realizou-se no Brasil uma grande e primeira
conferência sobre o clima a ECO-92 com a participação de chefes de estado e a
confecção de um documento que deveria ser a contra partida dos direitos humanos, a
Carta da Terra, que direcionava e instruía os governos daquilo que deveria ser feito e
para onde caminhar. Hoje, fazendo um balanço, muito pouco ou quase nada foi
realizado e a nossa situação piorou muito.
Na RIO+20, nada se modificou e alcançaremos em pouco tempo um ponto que
alguns consideram sem volta e de onde tudo o que poderemos fazer será enfrentar as
consequências de todas as nossas perniciosas ações sobre o meio-ambiente. Certamente
o planeta já enfrentou outras ocasiões de transformação, cometas já o atingiram
provocando tsunamis imensos e eras do gelo, o clima modificou-se de região para
região, a evolução de espécies contribuiu para modificações ambientais, mas nunca a
ameaça de aniquilação foi tão concreta. Possivelmente enquanto planeta vai haver
futuro, não sabemos é se a nossa espécie poderá sobreviver às mudanças e adaptar-se.
(Sá e Ibrahim, 2012).
APRESENTAÇÃO
Esse é um Trabalho de Conclusão de Curso do curso Agentes Locais em
Desastres Naturais: Defesa Civil e Saúde na redução de danos, promovido pela Fiocruz
em parceria com a Defesa Civil – RJ. Também como parceiros a Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Federal Fluminense (UFF). Conta ainda
com a participação da Defesa Civil Nacional e com o Ministério da Saúde, já que a
ênfase dos estudos recai sobre a interface Saúde/Defesa Civil.
O curso tem como objetivo fomentar, articular, mobilizar práticas educativas e
executar ações de prevenção e primeiras respostas a desastres naturais além da produção
de material didático-pedagógico para ação multiplicadora dos participantes do mesmo.
OBJETIVOS
Nosso trabalho pretende descrever as características locais e analisar os desastres
extensivos ocorridos durante os últimos vinte anos no bairro Duarte da Silveira, em
Petrópolis no estado do Rio de Janeiro recomendando algumas ações minimizadoras dos
desastres naturais e suas consequências na saúde da população local.
O bairro conta com uma das unidades de saúde da rede do município,
funcionando esta na Estratégia Saúde da Família sob a denominação: ESF – Menino
Jesus de Praga.
Nosso estudo foi realizado na micro área III dessa unidade.
METODOLOGIA
Através da coleta de dados em antigas publicações, de entrevistas com os
moradores, da observação “in loco”, do estudo de uma linha do tempo de
desenvolvimento da micro área e de dados relativos à saúde da população será realizada
uma análise que permita identificar os principais riscos de emergências e desastres para
a população assim como contribuir para minimizar esses riscos além de propor ações
que possam auxiliar na prevenção dos desastres e suas consequências para a saúde da
comunidade.
MICRO ÁREA III
VISTA TOTAL DAS ÁREAS ADSCRITAS À UNIDADE DE SAÚDE.
VISTA DOS DIVERSOS EQUIPAMENTOS COMUNITÁRIOS:
01 Buffet
01 ponto de apoio da Defesa Civil na Igreja São Paulo Apóstolo
01 confecção
01 pousada
01 metalúrgica
01 condomínio
01 fábrica de móveis
01 fábrica de lentes oculares.
Como se pode depreender dos equipamentos acima citados a comunidade tem
poucos recursos que auxiliem na manutenção da saúde entendida em seu espectro mais
amplo, pois conta com uma unidade de saúde, não existe local para lazer, não há
policiamento, não há creche nem escola, provocando deslocamentos e no caso de
desastres existe um ponto de apoio que precisa ser acessado através de muitas trilhas
perigosas quando as sirenes instaladas pela Defesa Civil soarem.
CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES DO AMBIENTE NATURAL E SOCIAL
DO TERRITÓRIO DO MUNICÍPIO DE PETRÓPOLIS
GEOMORFOLOGIA
O Município de Petrópolis faz parte da Região das Escarpas e Reversos da Serra
do Mar, inserida em uma das quatro unidades que compõem esta região, a
Unidade Geomorfológica da Serra dos Órgãos;
As rochas encontradas na região são predominantemente pertencentes ao
complexo granítico‐gnáissicomigmatítico;
De idade Pré‐Cambriana. Nessas rochas encontram‐se frequentes fraturas e
falhas de extensão regional, com fortes consequências na topografia, pois toda
região de abrangência destas unidades foi submetida aos mesmos eventos
tectônicos, durante a era de sua formação;
Em decorrência desse fato, as características gerais do seu relevo são
determinadas por um mesmo padrão de fraturamento e posição em relação à
escarpa principal (limite meridional do domínio serrano). Essas estruturas
geológicas regionais desempenham um importante papel na organização da rede
de drenagem e na formação do relevo Municipal. Dessas características
resultaram solos objetos de sucessivas fases erosionais, com intensa
remobilização de blocos graníticos, agravadas pela presença de vales alongados,
segmentos de drenagem retilíneos, maciços graníticos circundados por camadas
de solo, relativamente pouco espessas.
Por conta do descrito, as encostas de toda a região são afeitas a movimentos de
massa, especialmente escorregamentos, o que recomenda especial atenção aos
processos de ocupação antrópica, desmatamento e localização de culturas
agrárias;
A Secretaria Municipal de Habitação em colaboração com a Defesa Civil do
Município vem elaborando o Plano de Contenção de Riscos, relativamente às
encostas suscetíveis de deslizamentos, conforme o estipulado na Lei 12608/12
QUARENTA PONTOS DE VULNERABILIDADE MAPEADOS PELA DEFESA
CIVIL EM PETRÓPOLIS, DENTRE ELES A RUA JOÃO XAVIER.
CARACTERÍSTICAS NATURAIS:
No bairro Duarte Da Silveira a topografia é formada por relevo acidentado com grandes
desníveis altimétricos.
Moradores relatam que entre 1950 e 1960 havia existência de vale que possibilitava a
expansão dos núcleos, e não havia a necessidade de se fazer o desmatamento.
Os moradores mais antigos não se recordam de nenhuma barreira, ou desastres naturais,
nessa época. Portanto, não houve grandes impactos negativos na topografia do local.
A partir de 1970, a cidade de Petrópolis entrou num processo de urbanização acelerado,
e desordenado, que atingiu em cheio o bairro Duarte da Silveira, pois com a construção
da Rodovia Rio-Juiz de Fora (atual BR 040), tornou-se mais fácil à ocupação dessa área.
Nos dias de hoje ainda existe um pouco de área verde, rios e mananciais.
CARACTERÍSTICAS SOCIAIS:
Hoje a atual situação social é:
#180 famílias cadastradas;
#539 pessoas;
#250 do sexo masculino;
#289 do sexo feminino;
#7 alcoólatras;
#8 deficientes;
#25 diabéticos;
#3 epiléticos;
#105 hipertensos;
#3 gestantes;
# 7 a 14 anos..100% das crianças estão na escola;
#15 ou mais.. 435 pessoas são alfabetizadas = 98,19%;
# 155 idosos; #42,22% usam água filtrada;
#1,67% usam água fervida;
#16,11% usam água clorada;
#40% usam a água sem tratamento;
#54,44% recebem água pública;
#45% usam poço ou nascente;
#0,56 usam outros (chuva);
#98,89% das casas são de tijolo ou adobe;
#1,11% das casas são de madeira;
#100% do lixo é coletado;
#100% do destino das fezes e urina, usam o sistema de esgoto;
#92,78% tem energia elétrica.
COMO SURGIU A COMUNIDADE
No ano de 1926 havia nesta localidade (Rua João Xavier) 2 casas de 2 famílias
alemãs. Do sr. Walter Arno Mannheimer e seu primo, com seus respectivos
funcionários:
Na 1º casa havia uma serviçal chamada: Dona Maria Lúcia Rodrigues, casa
nº799;
Na 2º casa havia uma serviçal chamada: Dona Jota de Jesus, casa nº923.
Os patrões chamaram os 4 herdeiros da fazenda e os comunicaram que: após o
falecimento de ambos, era de desejo deles, que seus serviçais permanecessem,
nas casas onde, cada uma respectivamente trabalhava e residia com sua família,
e que esse direito fosse estendido a todas as gerações futuras;
Encontra-se hoje na 5º geração, e isso corresponde a +- 40% da área;
Por volta do ano de 1970 com a construção da Rodovia Rio-Juíz de Fora
(Atual BR 040, próximo ao KM 77), algumas ocupações começaram a ocorrer,
desordenadamente e no ano de 1984 aconteceu a 1º grande queda de barreira
com consequente quedas de casas, soterramentos, vítimas com ferimentos graves
e um óbito.
As pessoas levam uma vida simples, sem muito luxo, os pais se esforçam para
que seus filhos continuem estudando, a comunidade é muito unida e possui um
poder de resiliência mesmo frente à ausência de intervenção do poder público,
há lideranças religiosas que tem um bom relacionamento com a associação de
moradores facilitando assim melhorias para a comunidade.
DEPOIS DE 1984 NOS ANOS SUBSEQUENTES, AS TRAGÉDIAS
CONTINUARAM A ACONTECER.
NO ANO DE 1995 A COMUNIDADE CONTINUAVA SEM APOIO DO
GOVERNO.
EM 2009 A COMUNIDADE VOLTA A CHORAR MAIS 4 ÓBITOS.
ÚLTIMOS DADOS DO MORRO DOS MARUJENTOS
ÚLTIMOS DADOS DO MORRO DOS MARUJENTOS
MORRO DOS MARUJENTOS – 2013
CONCLUSÃO
Examinando os dados coletados, levando-se em conta as características
geomorfológicas do local, atendo-nos ao processo de desenvolvimento da
cidade, da ocupação do solo, da assistência ou falta dela por parte do poder
público, da capacidade de resiliência da população e do momento atual por que
passa essa região no bairro Duarte da Silveira, podemos concluir que no seu
início a região não sofria com os desastres naturais e encontrava-se preservada.
Com o crescimento da cidade, com a abertura da rodovia Br-040 e a necessidade
de moradias, o processo de ocupação desordenada acabou por implantar-se
contribuindo para que os desastres naturais fizessem suas vítimas.
Analisando os dados sobre as moradias, lixo, água, esgoto e energia elétrica
percebe-se que a comunidade não se apresenta como das mais precárias, pelo
contrário, tem um atendimento que pode ser considerado de bom padrão.
Os índices de alfabetização e de frequência escolar são altos e em relação às
doenças levantadas pela unidade de saúde chama a atenção à hipertensão e a
diabetes, que são monitoradas e exigem cuidado constante. Com a implantação
de um ponto de apoio e das sirenes pela Defesa Civil espera-se evitar futuras
mortes no caso de algum desastre.
RECOMENDAÇÕES
1- Melhorar os acessos ao ponto de apoio;
2-Manter unidades de UPC (unidade proteção civil);
3- Manter o ponto de apoio humanizado, e com uma infraestrutura adequada;
4- Criar programas que custeiem ou barateiem o preço de calhas pluviais, para a
população de área de risco;
5- Implantação de programas municipais de apoio à construção civil, gratuitos,
nessas áreas, com equipes de engenharia e arquitetura da defesa civil.
Manter atualizados pelas equipes de ESF, endereços e estado de saúde das
pessoas mais frágeis e em situação de risco, nas comunidades.
6- Oferecer Terapia comunitária integrativa como forma de fortalecimento da
resiliência das populações assim como recuperação emocional durante os
desastres e resgate emocional na reconstrução.
TERAPIA COMUNITÁRIA INTEGRATIVA
Uma de nossas recomendações, a partir dos dados coligidos e analisados e
também através dos depoimentos de nossos colegas de curso, é que a Terapia
Comunitária (TC) seja um instrumento a ser adotado em situações de emergências e
desastres, não só visando as pessoas das comunidades atingidas, mas também
oferecendo suporte psicológico aos profissionais que atuam em emergências e desastres,
indiferentemente sejam da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Força Nacional, SUS ou
Ong´s e que possa ser utilizada nos diversos momentos, ou seja, na prevenção, na ação e
na reconstrução. No primeiro momento atuando no fortalecimento da resiliência e
empoderamento das lideranças comunitárias, no segundo promovendo acolhimento e
resgate emocional e por último estimulando a criatividade para a resolução de
problemas. Certamente essa separação deve ser compreendida apenas como recurso
didático já que a TC possui caráter transdisciplinar.
Recomendaríamos ainda que rodas de TC passem a fazer parte desse curso de
formação de multiplicadores (Fiocruz) complementando o aprendizado racional e
trazendo a oportunidade do vivencial, lúdico e experiencial aos seus alunos.
A TC possui características e atributos que a levam a ser uma prática
complementar vinculada a Política de Práticas Integrativas e Complementares do SUS –
PNPIC – operando na sociedade por meio da Política Nacional da Atenção Básica –
PNAB – e ambas constituídas como políticas de estado.
Essas mesmas características (Acolhimento respeitoso, Formação de vínculos e
Empoderamento das pessoas) são exatamente aquelas capazes de estimular resiliência e
resgate emocional nos momentos críticos em emergências e desastres, vamos ver o que
nos diz o Dr. Adalberto Barreto e organizadores em: O SUS e a Terapia Comunitária.
“A Terapia Comunitária (TC) é uma metodologia de intervenção em comunidades, por
meio de encontros interpessoais e intercomunitários. Tem o objetivo de promover saúde
com a construção de vínculos solidários, valorização das experiências de vida dos
participantes, resgate da identidade, restauração da autoestima e da confiança em si,
ampliação da percepção dos problemas e possibilidades de resolução a partir das
competências locais.”
“É uma ação cidadã que transcende classes sociais, profissões, raças, credos e partidos,
englobando agentes comunitários de saúde, profissionais da Estratégia Saúde da
Família, assistentes sociais, psicólogos, médicos, dentistas, enfermeiros, fisioterapeutas,
sociólogos, agentes pastorais, advogados, educadores e outros atores da comunidade.”
“Através da TC, procura-se prevenir, promover a saúde em espaços coletivos, e não
combater a patologia individualmente, o que é da competência dos especialistas.”
“A TC atua na saúde numa perspectiva integrativa, na qual a compreensão da cultura,
história de vida, contextos sociais, políticos, familiares e comunitários são
fundamentais.”
“Encontros coletivos (rodas) convidam pessoas a partilhar dificuldades e superações,
tendo o terapeuta comunitário como facilitador, com isto, potencializar os recursos de
cuidado, acolhimento e saúde da própria comunidade, permitindo que só afluam para os
níveis secundários aqueles que de fato necessitem.”
Tudo isso vem de encontro à crença de que, principalmente ações de prevenção,
são diretamente proporcionais às capacidades e possibilidades de exercício da cidadania
por parte dos sujeitos que formam uma comunidade!
Para encerrar vamos ainda nos remeter ao texto e apontar um pequeno histórico da TC.
“A Terapia Comunitária Sistêmica Integrativa foi desenvolvida pelo departamento de
Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC),
sob a coordenação do Prof. Dr. Adalberto de Paula Barreto. Com doutorado em
psiquiatria e em antropologia, Barreto é ainda licenciado em filosofia e teologia.”
Desde sua sistematização, em 1987, cerca de 13.600 terapeutas comunitários
(hoje perto de 25.000) já se encontram capacitados pelos 36 Pólos de Formação, em
todas as Unidades da Federação, sob a orientação técnica da Universidade Federal do
Ceará e a supervisão da Associação Brasileira de Terapia Comunitária
(ABRATECOM). Desde agosto de 2008, o Projeto de Implantação da Terapia
Comunitária na rede SUS (Sistema Único de Saúde) e na ESF (Estratégia Saúde da
Família) vem sendo desenvolvido em quinze estados do país.”
“Desta forma, legitimar sua prática e pesquisa no Brasil significa também validar nossa
experiência, melhorar nossa autoestima e resgatar nossas competências enquanto atores
de teorias e práticas adaptadas à nossa realidade.”
RODA DE TERAPIA COMUNITÁRIA
BIBLIOGRAFIA
Plano diretor de Petrópolis vol. 1 Diagnóstico.
—Revista brasileira de geomorfologia ano 8 nº 1 (2007).
— Luiz Henrique Sá; Ibrahim, Samira Younes. Sustentabilidade organísmica. Trabalho
apresentado no IV Congresso de ULAPSI (União Latino Americana de Psicologia) -
Construindo a identidade Latino Americana da Psicologia. Montevideo, Uruguai. 26
a 28 de abril, 2012.
— Barreto, Adalberto. O SUS e a terapia comunitária.Fortaleza,CE.2009.
__IBGE cidades@
—Google Earth.
—Informações dos moradores (dados fornecidos).
—Secretaria de Defesa Civil de Petrópolis (dados fornecidos).
Este relatório de campo foi desenvolvido pelo corpo discente como um Trabalho de Conclusão do Curso Agente Locais em Desastres Naturais, um projeto-piloto que visa a formação de multiplicadores em ações de Saúde, Proteção e Defesa Civil.
Este material está em validação, por esta razão não pode ser divulgado, copiado, alterado, citado e impresso. A impressão está autorizada somente ao corpo docente e discente.
Esta publicação foi desenvolvida em 2013 no Estado Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
O curso ocorreu entre os meses junho e julho de 2013 na cidade de Petrópolis, RJ, Brasil.