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1. INTRODUÇÃO A TEMÁTICA:
Nosso interesse pela temática se deve ao fato de que o trabalho, apesar
do seu significado nas diversas etapas da história, perpassa a vida dos
indivíduos causando dessa forma produção de significados e sentimentos.Também nos chama a atenção, o fato de eistirem muitos estudos sobre o
tema que evidenciam muito mais o sofrimento do que o pra!er, dentre eles
podemos citar a dissertação de mestrado de "lena #ilela, sob o título #iv$ncias
de pra!er%sofrimento no trabalho docente& um estudo em uma '"( p)blica de
*elo +ori!onte, e também Tnia -!evedo arcia, dissertação de mestrado
intitulada& #iver ou morrer nas instituiç/es bancarias& uma análise do pra!er
sofrimento do trabalhador e sua relação com o conteto de produção.
#ilela 012324 afirma que o trabalho vem se modificando ao longo do
tempo conforme as necessidades sociais e causando modificaç/es, além de
ser fonte de modos de sub5etivação, algo que merece atenção, mais ainda os
seus efeitos sobre os indivíduos.
6odemos observar que o trabalho na sociedade capitalista perde o seu
papel de libertador do homem e passa a transformar o su5eito em ob5eto queprecisa produ!ir de forma acelerada para atender as necessidades do
mercado, tendo muitas ve!es, que abrir mão das suas perspectivas e sonhos,
acarretando assim sofrimento ao trabalhador.
"nquanto a viv$ncia de pra!er deriva%se da articulação entre trabalho,
necessidades e dese5os do trabalhador, caracteri!ando%se como um estado de
adequação da carga psíquica e, consequentemente, de um melhor
funcionamento do aparelho psíquico do trabalhador 0-78'-, 1229: ;"N
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No mbito dos trabalhadores da sa)de, especialmente os que trabalham
com sa)de mental coletiva, lidam com situaç/es adversas que os ep/e ao
risco de adoecimento físico e mental. (ão eemplos disso o fato de trabalhar
diretamente como o adoecimento e sofrimento, com a sub5etividade dos
su5eitos diferenciando%se do modelo asilar dos manic@mios, onde o profissional
eercia uma posição de AautoridadeB perante o usuário, formato ao qual muitos
profissionais foram preparados em sua formação. Tendo em vista este
conteto, dar%se%á necessidade de ir a campo e investigar os sentimentos e
motivaç/es ali empregados e sua relação com o pra!er ou sofrimento no
trabalho.
8onforme a 8artilha do trabalhador de enfermagem 0122C4 a área dasa)de ocupa o oitavo lugar no ranDing com maior n)mero de mortes de
trabalhadores, sendo registradas entorno de =E mil mortes por ano, o setor
ocupa também o primeiro lugar na lista de acidentes de trabalho, o que
demonstra a importncia da capacitação do trabalhador de sa)de, prevista na
norma regulamentadora de n)mero trinta e dois 0N7%F14, abranger, igualmente,
a busca e implantação de medidas capa!es de promover, nos serviços de
sa)de, as transformaç/es indispensáveis > melhoria das condiç/es detrabalho.
(egundo Garia et al. 012334, a assist$ncia prestada pela equipe ao
usuário é resultado das condição do ambiente de trabalho ao qual este está
inserido. (endo assim, se no ambiente estão presentes precárias condiç/es de
trabalho, dificuldade de participação social, faltas de recursos materiais e
pessoais, estes afetaram negativamente >s condiç/es de vida dos
trabalhadores e usuários.
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de construção de uma prática refleiva sobre as atividades e as refle/es ali
estabelecidas que são fonte de pra!er e ou sofrimento.
6ara José 012394, a motivação é a chave para o trabalhador conseguir
produ!ir no seu trabalho, mais do que isso conseguir produ!ir pra!er em suasatividades profissionais, o que nos leva ao pensamento, em que só é possível
sentir pra!er em algo dese5ado, ou se5a, a atividade profissional e a produção
de pra!erKsofrimento esta implicada em dese5ar.
;asloL 03=M24 nos dá uma ideia hierarqui!ada sobre as necessidades
humanas, onde as mais básicas precisam ser supridas para que assim possa
haver outras de nível mais elevado. ;as a pirmide de ;asloL não é algo
cristali!ado, os indivíduos são seres dese5antes, o dese5o é algo que os move,
sendo assim, a hierarquia não se dá de modo concreto, os indivíduos buscam
outros níveis sem ter suprido as necessidades mais básicas, mostrando assim
que as necessidades, assim como as demandas são criadas, e a necessidade
de trabalho esta implicada nesses dese5os.
notório o fato de que muitos indivíduos mant$m seus vínculos
empregatícios por necessidades financeiras, mas sabe%se também que issonão significa estar satisfeito com aquilo que fa!. ;uitos também mantem seus
empregos em determinado local por fatores motivacionais, sentimento de
valori!açãoK reconhecimento.
8omo pode se perceber ao decorrer do teto&
O sentimento de valori!ação e reconhecimento produ! 5unto aotrabalhador o pra!er com seu trabalho, possibilitando a construção de
arran5os criativos na organi!ação de suas atividades cotidianas, nas
quais se sentem aceitos e valori!ados pelo que fa!em e produ!em
individual e coletivamente 0H-NIN"7 et al., 1233, p. M134.
6odemos entender que o baio salário associado aos danos causados
pelas elevadas cargas mental e psicológica impostas ao trabalhador da área da
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sa)de, bem como a estrutura e condiç/es do trabalho no setor são fatores que
agravam os riscos de adoecimento do trabalhador.
Tendo em vista nossas leituras e inquietaç/es frente ao tema,
construímos algumas quest/es norteadoras para a construção da pesquisa.(ão elas& Puais são as fontes de pra!erKsofrimento no trabalho, na visão
desses profissionaisQ Pual é o impacto do pra!erKsofrimento sobre o indivíduo
e sobre a organi!ação do trabalhoQ Puais as estratégias utili!adas para lidar
com o sofrimento no trabalhoQ
"stabelecemos como ob5etivo geral& 'dentificar os fatores que
contribuem para o pra!er e o sofrimento no trabalho de profissionais de um
8-6( 08entro de -tenção 6sicossocial4 do vale do Taquari%7(, a partir do
processo de trabalho desenvolvido neste serviço. " como ob5etivos específicos,
destacamos& analisar as relaç/es entre sofrimento e pra!er no trabalho desses
profissionais, investigar como os mesmos lidam com esses sentimentos e
entender a influ$ncia que estes fatores podem causar na organi!ação e
produção do trabalho.
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:
Tratou%se de um estudo de pesquisa qualitativa, que foi eecutado na
região do #ale do Taquari, com trabalhadores de um 8-6( 08entro de
atendimento 6sicossocial4. (endo assim, verificamos os fatores que são
responsáveis pela produção de pra!er e sofrimento nestes trabalhadores que
lidam diretamente com a doença e a AloucuraB no seu cotidiano, mas que
também são responsáveis por promover sa)de mental e qualidade de vida a
uma serie de indivíduos portadores de sofrimento psicossocial.
O critério de seleção para escolha do lugar e do grupo consistiu sobre
nosso dese5o de conhecer mais detalhadamente um dos lugares que, na esfera
atual abarca muitos psicólogos entre outros diversos profissionais da sa)de.
6ara a aplicação da entrevista, entramos em contato com a atual coordenadora
do serviço e o secretário de sa)de municipal.
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-pós a aprovação de nosso pro5eto pelo 8"6 08omit$ de ética em
6esquisa4, iniciamos as entrevistas, que devido >s demandas do serviço,
demoraram um pouco mais de tempo para acontecer do que havíamos
previsto. -pós a consolidação da primeira entrevista, 5á foi possível marcar as
demais.
O método utili!ado foi de uma entrevista semiestruturada, que teve como
ob5etivo uma conversa aberta, porém direcionada, com locais definidos pelos
entrevistados, que foram gravadas, pois houve o consentimento dos
participantes. - decisão de gravarmos as entrevistas ocorreu pelo fato de
entendemos que muitas informaç/es importantes poderiam ser perdidas. -s
entrevistas aconteceram no próprio espaço físico do 8-6(, em uma salaampla, are5ada e com boa iluminação, que possuía alguns enfeites
confeccionados pelos próprios usuários.
7eali!amos o total de 9 encontros, que teriam previsão de duração
entre 92 a ?2 minutos, entretanto, duraram no máimo 3? min. Hevamos em
consideração a vontade e a disponibilidade dos participantes, e em relação ao
n)mero dos analisados, entrevistaríamos entre 9 e C profissionais, sendo eles
homens e mulheres, mas devido os possibilidades da equipe, só conseguimos
entrevistar 9 profissionais sendo todos do seo feminino, entras elas
concursadas e contratadas. Puanto > escolha do profissional, conversamos
com alguns, e verificamos quais demonstraram interesse, quais possuíam
maior disponibilidade e quais estavam inseridos no serviço há mais tempo,
sendo eles de nível médio, técnico e superior.
Puanto >s quest/es éticas, gostaríamos de ressaltar que todos os
dados obtidos foram utili!ados apenas para esta pesquisa, sem a possibilidade
de outros usos. Gicarão guardados pelo período de ? 0cinco4 anos, após isso,
os mesmos serão destruídos, com o intuído de manter o sigilo dos
participantes. Goi entregue aos entrevistados um termo de consentimento livre
e esclarecido onde constam os ob5etivos, benefícios e procedimentos
metodológicos da pesquisa. Todos os entrevistados concordaram com os
termos após a leitura e assinaram de livre e espontnea vontade, assim
declarando seu dese5o e vontade de participar dessa pesquisa.
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3. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS:
6ara a reali!ação da análise dos dados, organi!amos os mesmos em
categorias que foram estabelecidas a partir das informaç/es das entrevistas.
"las são dividas entre& sentimentos que emergiram frente > temática, quest/es
eternas e quest/es dos su5eitos que podem influenciar suas percepç/es sobre
o trabalho e possibilidadesK estratégias de enfrentamento frente >s
problemáticas discutidas.
8onsideramos os sentimentos frente as situaç/es que vivenciam dentro
do 8-6(. "nquanto quest/es eternas, as problemáticas que sobrep/em aosu5eito, referentes ao meio, como por eemplo infraestrutura do local,
funcionamento e gestão. Já as quest/es do su5eito entendemos como a sua
percepção e posicionamento frente ao trabalho. " por fim as estratégias de
enfrentamento vão indicar os métodos utili!ados pelos trabalhadores para
manter um ambiente de trabalho saudável.
Junto as nossas percepç/es e pressupostos teóricos, utili!amos trechos
das entrevistas como dispositivo para melhor entendimento da análise dos
dados. Os trechos estão identificados com letra em 'tálico e com margem
recuada 9 centímetros em relação ao restante do trabalho.
3.1 QUESTÕES EXTERNAS
(egundo ;agnus et. al 012314, considera%se o serviço p)blico uma das
categorias mais atingidas com as mudanças em seu funcionamento que
acontecem até com dificuldades institucionais, culturais, profissionais e ainda
pessoais. O que agrava sua efetivação é a forma desrespeitosa e o calibre com
que são impostas e eigidas aos trabalhadores. (alienta%se que mudanças
podem ocorrer a qualquer momento tornando a instituição vulnerável.
8ontradi!endo o estigma popular de que o serviço p)blico é contrário >
mudança.
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6odemos entender que as equipes de serviços p)blicos em especial
serviços da sa)de, como o 8-6(, enfrentam problemáticas como a mudança
recorrente nas equipes, falta de profissionais, mudanças na gestão o que
acarreta em dificuldades no funcionamento da instituição e na relação de
pra!er e sofrimento dos trabalhadores.
;uitos são os enfrentamentos da equipe em relação >s quest/es
eternas que influenciam na organi!ação e produção do trabalho. Os pontos
que mais emergiram foram& > estrutura física do local, falta de equipamento,
falta de materias e a demanda de pacientes.
(obre a estrutura física, pode%se afirmar que esta é geradora de
sofrimento para os profissionais, pois, muitas ve!es não possuem uma sala
adequada ou o espaço necessário. - falta de equipamento e materias são
notórias na fala dos profissionais, percebemos que muito poderia ser produ!ido
para a promoção de sa)de mental dos pacientes, mas frente >s necessidades
do serviço, as intervenç/es muitas ve!es ficam limitadas.
Não conseguir fazer as coisas que a gente gostaria de
fazer porque falta muita estrutura [...] falta equipamento,
material, falta medicamento.
- demanda é outro fator de grande importncia. 8om a intenção de
darem conta da mesma, os profissionais acabam ficando sobrecarregados,
muitas ve!es sem alguns minutos entre um atendimento e outro, o que é
caracteri!ado como produção de sofrimento.
(egundo Traesel et.al 012334 o reconhecimento por parte do paciente é
considerada mais importante, o que tra!, sub5acente, ao conflito, por nãoconseguir prestar a atenção que gostaria a esse paciente em função dos vários
papéis e responsabilidades da profissão.
[...] a pressão da demanda, a quantidade de pacientes,
necessitando, pedindo e insistindo, às vezes tu acaba
inchando a tua agenda de atendimentos.
[...] a gente não consegue dar conta dos pacientes, de uma
forma adequada [...].
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8onforme ;agnus et. al 012314 este é um conteto que gera desestímulo
ve! que resulta em menos tempo disponível dos servidores, ressaltando
Traesel et. al 012334, este esforço não é visto como uma contribuição a ser
reconhecida, mas como uma eig$ncia básica > conservação no mercado de
trabalho.
*aremblitt 03==14 ira nos tra!er dois conceitos muito interessantes.
-pesar de nossa pesquisa ter sido focada no pra!er e sofrimento do
trabalhador da sa)de mental, o que ficou enfático como facilitador da produção
dos mesmos, é o que *aremblit vai chamar de atravessamentos e
transversalidade.
8omo 5á sabíamos, o 8-6( é um local que está sendo atravessado o
tempo inteiro por uma serie de quest/es, que ao longo das entrevistas foram
ficando muito enfáticas, e que ao pensarmos nosso pro5eto não tínhamos nos
dado conta. O 8-6( fa! parte da secretaria municipal de sa)de, que
consequentemente é uma das secretarias que comp/em a prefeitura municipal
da cidade, então possui um secretario como responsável por todos os serviços
que comp/em essa secretaria, e acima disso ainda eiste um prefeito, um vice%
prefeito, os vereadores e entre outras quest/es que atravessam esses
serviços.
" é nesse momento que fica evidenciado os atravessamentos em
relação > produção de pra!er ou sofrimento, pois, os trabalhadores acabam por
depender de uma boa gestão, de um olhar diferente dos responsáveis para o
8-6(, um olhar que perceba que apesar de ser também um serviço de sa)de,
ele possui demandas diferentes, onde muitas ve!es a necessidade de tinta e
papel é maior do que outros materiais. "ssa relação fica mais evidenciada na
fala de uma das trabalhadoras&
[...] a gente se sente cuidada se a administração resolve
fazer uma melhoria, que seja na estrutura fsica, isso j! "
importante [...]
O sofrimento ou o pra!er estão nesse momento ligados a essa atenção
que a instituição vai receber, pois esses trabalhadores estão tão implicados
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com seu trabalho e com o local o qual eercem suas funç/es profissionais, que
as condiç/es materiais e físicas para reali!ar seu trabalho podem produ!ir
pra!er, e se for o contrario isso poderá ser um facilitador para a produção de
sofrimento.
7efletindo a partir dos atravessamentos que se estabelece, podemos
pensar sobre a organi!ação do serviço.
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3.2 QUESTÕES DO SUJEITO
(egundo ;agnus et. al 012314, o profissional da área de sa)de mental, é
permeado por uma história individual que se constitui a partir das relaç/es
estabelecidas entre as figuras parentais, e consecutivamente com o ambientesocial, diferenciando%se de outros trabalhadores pois ira valer%se desta rede de
relaç/es intersub5etivas como ferramenta de trabalho.
"nquanto quest/es individuais, percebemos que o tratamento dos
pacientes influencia tanto na produção de pra!er quanto na produção de
sofrimento. Puando conseguem desenvolver um bom trabalho e ver um
paciente estabili!ado ou com notória melhora, sentem gratificação e dese5o por
mais.
[...] são coisas que motivam n", motivam tu v& aquele
paciente ham.. com a atenção que o serviço da, t! ficando
bem, t! ficando est!vel, t! conseguindo arrumar a sua vida
[...].
'u acho que quando a gente consegue fazer alguma coisa
n", apesar da estrutura que a gente tem a gente consegue
ajudar as pessoas n", do jeito que a gente pode.
;as quando este mesmo fator não está se configurando de forma
adequada, os profissionais referem sentir algum tipo de sofrimento, que podem
estar relacionados com os pacientes e com seu próprio trabalho.
6ercebemos que é o processo de cuidar, o cuidado do próimo se torna
um produtor de pra!er. Puando pensamos em cuidado com o próimo,lembramos automaticamente de profiss/es como a enfermagem, que em
determinados espaços, cuida da medicação, cuida da higiene, cuida da
alimentação, enfim, cuida 19 horas por dia daquele indivíduo que não está apto
a tais atividades naquele momento, mas, muitas ve!es ao se pensar em cuidar,
logo associamos a profiss/es que tem um contato direto com o corpo físico
desse paciente.
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;as o processo de cuidar vai além disso. "le se caracteri!a a partir de
um olhar mais amplo sobre o indivíduo, um olhar humani!ado frente a ele, e
não só em relação as suas necessidades físicas, mas mentais, simbólicas,
entre outras.
;aturana acredita que o cuidar é um processo biológico&
O cuidar é uma emoção central para nossa eist$ncia como ser
humano R...S é a emoção que funda o social e não se esgotou, ele está
ai. (e não estivesse ai, não haveria dinmica social, não estaríamos na
aceitação do outro. 0;-T7-N-, 1223, p.32?%3=F4.
Puando cuidamos, geramos no outro um sentimento de amor, carinho,
retribuição. - partir de nossos atos, somos capa!es de produ!ir uma serie de
sentimentos bons, além de reafirmarmos em nós mesmos, o quão )til podemos
ser, satisfa!endo um dos dese5os mais comuns em trabalhadores da área da
sa)de, que é poder a5udar alguém, poder fa!er algo por sobre aquela
necessidade.
Nos discursos dos trabalhadores do 8-6(, percebemos que os mesmos
acreditam nas potencialidades do individuo, na capacitar de construir algo bom,
construir a superação, para que o su5eito volte a acreditar nele, em suas
capacidades, trabalhando para a construção da autonomia. " mesmo em
alguns casos onde não eistam tantas possibilidades, fa!er com que aqueles
indivíduos possuam momentos de pra!er, de inteiração, que não fiquem mais
as margens de uma sociedade passando despercebidos.
Habate e 8assorla 03===4 consideram que o profissional de sa)de
defronta%se no seu cotidiano com situaç/es que mobili!am o emocional, por
ve!es, de uma forma bastante intensa. 'sso não só dificulta seu trabalho, como
o confunde diante dos aspectos técnicos, acarretando%lhe um grau
considerável de sofrimento pessoal.
Nesse caso, pode vir a ocorrer uma identificação patológica com osofrimento do paciente, e neste momento, é preciso saber separar o que é do
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profissional e o que é do outro, pois, isso poderá influenciar no tratamento,
tra!endo dificuldades para e relação terap$utica. 8laro que o profissional de
sa)de tem que ser humani!ado e ter empatia em relação ao sofrimento do
outro, mas também não pode deiar que este fator atrapalhe o seu trabalho.
UovalsDi 0123?4 nos di! que não poder fa!er algo, ou estar limitado a
fa!er algo pelo paciente, gera um sentimento de impot$ncia e frustração, ainda
mais nos trabalhadores de um 8-6(, onde o serviço possui uma equipe
multidisciplinar, com uma série de demandas que deveriam ser atendidas
devido a gama de serviços oferecidos.
8omo pode ser visto nessa fala, a impossibilidade do fa!er é mais
sofrido, do que o deiar de fa!er, pois é algo que vai além da vontade do
profissional.
(essoas que a gente infelizmente não consegue ajudar, a
gente sofre [...].
) sofrimento acaba impedindo que a gente faça alguma
coisa.
"ntretanto, o profissional deve aprender a lidar com as suas
impossibilidades, pois mesmo que ha5a boa vontade, domínio das técnicas e
recursos, ainda sim eistirá usuários que o serviço e aquele profissional não
terão muito, ou mesmo nada o que fa!er, muitas ve!es o mais indicado será
encaminhar o paciente a outro serviço. "ntão, por outra ótica, o profissional
também pode se pensar nesse momento como alguém que fe! algo, que foi
assumir as suas impot$ncialidades, e dar um atendimento correto ao paciente,
que talve! naquele momento se5a encaminhá%lo para outro local.
3.3 SENTIMENTOS
Os sentimentos estão relacionados com todas as praticas desenvolvidas
no local. 6ercebemos que os fatores relacionados ao pra!er se caracteri!am
pelo desenvolvimento de um trabalho satisfatório e sobre a comunicação e
organi!ação da equipe, onde os profissionais sentem alegria e motivação por
saber que podem contar com os colegas mesmo quando eistem dificuldades.
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' vim pra c! tamb"m " muito alegre, " um clima muito bom
aqui dentro. %uito prazeroso.
*e eu conseguir nossos objetivos, fazer um bom trabalho,
pode dar um grande prazer na gente.
[...] gratificação pelo meu trabalho, pelos meus pacientes,
quando eles acabam dando retorno que a qualidade de
vida deles melhoraram [...].
O sofrimento aparece quando os profissionais não conseguem reali!ar
um bom trabalho, muitas ve!es influenciados pelas quest/es eternas, quando
não são disponibili!ados os materias necessários para a produção do trabalho
e promoção da sa)de, então acabam sentindo%se ansiosos e >s ve!es
impotentes frente aos problemas.
[...] isso pra mim gera uma certa ansiedade de ver que
cada vez est! aumentando mais e não tem pra onde
encaminhar esse paciente.
+cho que sim, " bastante sofrvel, a questão de...da...das
limitaç$es daquilo que a gente gostaria de fazer e que...e
que não...não " possvel, que as vezes faltam essas coisas
b!sicas [...].
) sofrimento acaba impedindo que a gente faça alguma
coisa.
8ertamente, há um potencial gigantesco de reali!ação para os
trabalhadores, todavia, considera%se fundamental falar do sofrimento e da dor para que este se5a resinificado, desnaturali!ado e do mesmo modo não
reprimido. " ainda, verifica%se a importncia da construção de uma identidade
profissional fundamentada na valori!ação da função de cuidador, rumo ao
reconhecimento de um con5unto de teorias e técnicas, ou se5a, de um saber
constituído cientificamente em relação ao cuidar, como parte essencial, e não
acessória ao tratamento 0T7-"("H et.al, 12334
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7aminger 0122?4 afirma que os acolhimentos das quest/es e
sentimentos dos profissionais nos serviços de sa)de, principalmente sa)de
mental, é algo que vai depender muito de sua gestão, ele salienta ainda que
esse espaço para falar, se fa! muito necessário, onde os profissionais possam
eternali!ar suas frustraç/es, seus sentimentos, suas queias ou mesmo
copartilhar suas alegrias. O fardo quando dividido se torna mais leve.
-tualmente a maioria dos serviços possuem as reuni/es de equipe que
ocorre uma ve! por semana, entretanto, essas reuni/es acabam por servir para
a discussão dos casos, ou se5a, dos pacientes, e a demanda é tanta que
mesmo a reunião acontecendo em média F a ? horas, o tempo acaba por ser
curto, não possibilitando assim a troca entre esses profissionais.
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(endo assim, pra!er e sofrimento também podem ser relativos ao que o
individuo agrega sobre ele e sobre o trabalho, mais ainda sobre as quest/es de
enfrentamento que o mesmo disp/e, e ainda sobre as motivaç/es intrínsecas
naquela função.
3.4 POSSIILIDADES!ESTRATEGIAS DE EN"RENTAMENTO
(egundo an!ner et. al 012334, o trabalho do 8-6( acontece também
nas relaç/es sociais e nas interfaces entre singular e coletivo, trabalho e sa)de
mental, podendo ser aproveitado como um espaço da construção para a
prática refleiva acerca das atividades e relaç/es estabelecidas entre os
profissionais. -ssim a sub5etividade, a motivação e os dese5os aparecem comocentrais, podendo produ!ir pra!er eKou sofrimento.
- motivação pode ser entendida de diferentes maneiras, dentre elas
podemos destacar as necessidades humanas básicas, ordenadas, estas, em
uma hierarquia de prepot$ncia& necessidades fisiológicas ou de sobreviv$ncia:
de segurança: de amor ou estima: de pertença ou de aceitação: de
autoreali!ação. -s tr$s primeiras são consideradas necessidades de car$ncia e
tendem a ser episódicas e ascendentes, enquanto as duas )ltimas são decrescimento e se encontram em desenvolvimento contínuo 0*-T'(T-
et.al,122?4.
(egundo *atista et. al 0122?4, a remuneração se apresenta como um
fator motivacional no trabalho, mas não é ela o principal deles, como no caso o
gostar do que se fa!, o relacionamento satisfatório com a equipe
multiprofissional, a possibilidade de crescimento profissional, condiç/es
laborais e carga horaria. O que é percebido na fala dos entrevistados&
! houve "pocas assim que, a gente tinha que pintar
pedra, porque não tinha material para ter o que fazer com
os pacientes.
+ gente tenta, apesar das dificuldades com a ajuda da
equipe fazer um bom trabalho, a gente tenta sempre.
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'u tento envolver as pessoas no meu prazer, tentar motiva-
las nesse sentido, assim, que tem muita coisa boa, de que
um pode cuidar do outro [...] acaba fazendo aquilo pelo
outro que todo mundo faz tudo aqui dentro, que eu acho
que isso " importante [...].
+cho que isso " cuidar do meu colega, pra não deiar ele
sobrecarregado tamb"m de atividades [...].
O trabalho no 8-6( pode ser caracteri!ado por lidar com a
sub5etividade humana, na qual se institui uma relação social mais intensa,
necessitando lançar mão de diferentes dispositivos terap$uticos em seu dia%a%
dia 0-NIN"7 et.al 12334
- criatividade e a união da equipe aparecem como dispositivos de
enfrentamento frente >s dificuldades do serviço. 6ercebemos nas falas que a
a5uda entre os colegas se fa! presente em todos os momentos, nas reuni/es
de equipe buscam sempre pensar estratégias que possibilitem o
desenvolvimento de um trabalho, o que acaba gerando pra!er, pois, mesmo
com as dificuldades o bem estar dentro da equipe tra! motivação e dese5o parao trabalho.
4. RESULTADOS
6odemos perceber que o trabalho estabelece uma relação ambígua com os
sentimentos de pra!er e sofrimento como tra!ido na fala dos profissionais deste
8-6(, onde o mesmo fator que é fonte de pra!er, quando não reali!ado comsucesso gera sofrimento.
"ntendemos também que o trabalho é um fator muito importante na vida
dos su5eitos e seus efeitos se manifestam por toda a vida, tendo impactos nas
relaç/es afetivas, bem como financeira. O determinará o sentimento
prevalecente será a relação estabelecida entre trabalhador e trabalho, assim o
caráter saudável do trabalho não se da nem no meio nem no su5eito, mas sim
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na capacidade ou impossibilidades de reagir criativamente frente >s
problemáticas fruto dessa relação.
Os trabalhadores não encontram um suporte para lidar com os sentimentos
e emoç/es que o trabalho lhes desperta, assim precisam encontrar espaçospara que possam lidar com essas problemáticas, como percebido, surgem as
tentativas de dividir tarefas para evitar a sobrecarga, e até mesmo as
discuss/es de casos em equipe tornam%se uma maneira de dividir as
responsabilidades e evitar o adoecimento da equipe profissional.
#. CONSIDERAÇOES "INAIS:
Grente aos nossos ob5etivos e problema de pesquisa, criamos algumas
epectativas em relação >s respostas, entretanto, não nos damos conta de que
um mesmo ob5eto, neste caso o trabalho, pode ganhar uma serie de formas e
conotaç/es, dependendo do local de onde se observa.
8riamos epectativas de encontrar trabalhadores mais abertos a falar
sobre o seu trabalho, a falar sobre os atravessamentos institucionais, pois
entendemos que o 8-6( é um local onde a diversidade se cru!a, a diversidade
de ideias, de teorias, de interesses, de gostos, e entre outros. ;as o que
vimos foi >s relaç/es com a produção de pra!er e sofrimento estarem muito
mais enlaçadas no discurso sobre a organi!ação do trabalho, do que o próprio
trabalho em si.
O que nos fa! entender que o sofrimento aparece quando os
profissionais t$m limitaç/es em suas possibilidades, como é possível ver emalgumas falas referentes > falta de materiais, falta de espaço físico, falta de
interesse por parte dos gestores. " mesmo em meio >s dificuldades do serviço,
o pra!er aparece quando os profissionais conseguem desenvolver um bom
trabalho, levando em conta a estrutura do mesmo e a equipe que é de etrema
importncia para este fator.
6ercebemos que esses profissionais que escolhem trabalhar com sa)de
mental, encontram no seu trabalho e nas possibilidades deste o pra!er e a
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satisfação em poder fa!er algo pelo outro, que vai além de uma simples
assist$ncia aos su5eitos, é um fa!er algo mais compleo, é promover a sa)de
do outro a partir da con5untura de várias áreas e profissionais da sa)de.
Notamos que a formali!ação de nossas entrevistas, com gravador ealgumas perguntas mais estruturadas, podem ter gerado ansiedade nos
participantes, pois parte deles ficavam a vontade e acabavam falando mais
após declararmos o fim da entrevista.
Goi observado também que, as quest/es sobre organi!ação do trabalho
como forma de produção de sofrimento foi apontada por quase todos os
participantes, entendemos que o fato de trabalhar com o sofrimento do su5ito
não é um fator que leve a gerar sofrimento nos profissionais do serviço, pois,
desde profissionais de nível médio aos de nível superior, veem no indivíduo a
possibilidade de mudança e acreditam nas potencialidades dos pacientes.
8omo pesquisadores, tivemos que lidar com nossas ansiedades e
epectativas sobre os resultados das entrevistas. 6or um lado nos frustramos
em relação aos dados que esperamos aparecer e sobre a duração das
entrevistas, mas por outro ficamos contentes, pois, como estudantes depsicologia, encontramos profissionais da área muito reali!ados com seu
trabalho, muito satisfeitos, uma satisfação muito sólida, que se apresenta em
forma de auto reali!ação com a sua profissão. temática. -creditamosque a nossa primeira eperi$ncia como pesquisadores nos mostrou
possibilidades diversas, e nos fe! aprender que é sempre possível ir além
daquilo que está dado, e que com muita dedicação, podemos nos eperenciar
mais no campo da pesquisa que torna nossos conhecimentos científicos.
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$. RE"ER%NCIAS
*-T'(T-, -nne -ires #ieira: ;aria Jésia #ieira: Normaclei 8isneiros dos
(antos 8ardoso: Vsella 7ose 6rado de 8arvalho: Gatores de motivação e
insatisfação no trabalho do enfermeiro. #er. "sc. "nferm. (6 122?: F=034&E?%=3.
*-7";*H'TT, regorio. 3==1. 8omp$ndio de -nálise 'nstitucional e outrascorrentes& teoria e prática. 7io de Janeiro& 7osa dos Tempos.
8artilha do trabalhador de enfermagem.
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psiquiatrico p1blico.8adernos de 6sicologia (ocial doTrabalho,vol.3?,n.1,p.3M?%3EE, 1231.
;-7T'N"I, ;aria 8armen: 6-7--\, -na 'sabel *ru!!i *e!erra. (atisfaçãoe sa)de no trabalho Q aspectos conceituais e metodológicos. 7evista sp, (ão
6aulo, disponível. 122F.
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ROTEIRO DE ENTRE'ISTA SEMIESTRUTURADA
1(D)*+ *- *-/0)+:
I*)*-: 0 4 menos de 12 anos 0 412 a F2 anos 0 4F3 a 92 anos 0 493 a ?2
anos 0 4 mais de ?3 anos
S-5+: feminino 0 4 masculino 0 4
E+6)7*)*-:
0 4 "nsino médio incompleto
0 4 "nsino médio completo
0 4 "nsino superior incompleto
0 4 "nsino superior completo
0 4 6ós%graduação
0 4 Outros
T-89+ *- 07))6;+ /+ -77) -8)/)6: WWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWW
14 voc$ identifica alguma relação do trabalho desenvolvido neste serviço com
algum tipo de sofrimentoQ
F4 (e eiste essa relação, quais são os fatores que contribuem para o
sofrimento no trabalhoQ
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94 voc$ identifica alguma relação do trabalho desenvolvido neste serviço com o
sentimento de pra!erQ
?4 (e eiste essa relação, quais os fatores que contribuem para o pra!er no
trabalhoQ
C4 6ra!er e sofrimento podem influenciar na organi!ação e produção do
trabalhoQ
M4 8omo lidar no dia a dia do trabalho com as influencias produ!idas pelo
pra!erKsofrimentoQ
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