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Page 1: Período de outubro a março é o mais seco em 123 anos

Seca prolongada prejudicadesenvolvimento de culturas

Nível de água acumuladano Cantareira cai para 25%

Período de outubro a marçoé o mais seco em 123 anos

RECORDE ||| HISTÓRICO

Maria Teresa CostaDA AGÊNCIA ANHANGUERA

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O monitoramento da seca noEstado de São Paulo feito peloInstituto Agronômico de Cam-pinas (IAC) aponta que o perío-do de chuvas, de outubro de2013 a março de 2014, foi omais seco dos últimos 123 anosem Campinas. As perspectivasde melhora não são boas euma projeção com as médiashistóricas de chuvas de abril asetembro apontam que a secairá até a Primavera, pelo me-nos, afetando os cultivos, pro-cessos agrícolas e o abasteci-mento público. O estudo, feitocom base no banco de dadosdo IAC, o mais completo doBrasil, com registros desde1890, mostra que a segurançahídrica do Estado está ameaça-da pelo comprometimento dosreservatórios e pela falta dechuva, que podem trazer sériosproblemas, como racionamen-to de água e de energia.

O período de janeiro a mar-ço, tradicionalmente o maischuvoso, foi o segundo maisseco da série histórica do IAC.O primeiro deles, segundo opesquisador, ocorreu em 1978.O planejamento do uso dos re-cursos hídricos já deveria seriniciado, segundo o pesquisa-dor do Centro Integrado de In-formações Agrometeorológi-cas (Ciiagro), Orivaldo Bruni-ni, que coordena o trabalho fei-to pelo IAC com recursos doFundo Estadual de RecursosHídricos (Fehidro), participa-ção da Coordenadoria de Assis-tência Técnica Integral (Cati) eda Fundação de Apoio à Pes-quisa Agrícola (Fundag), res-ponsável por procedimentosadministrativos.

“Como não temos mecanis-mos para evitar o fenômeno daseca, devemos adotar técnicase ações que possam mitigar, aolongo do tempo, os efeitos da-nosos desta situação”, disse. Se-gundo ele, a probabilidade de

seca elevada como a que estáocorrendo é de uma a duas ve-zes em 100 anos.

As chuvas da semana passa-da, no entanto, não alteram oquadro. “Pode ter havido altera-ção momentânea da situaçãode seca agrícola, mas os aspec-tos meteorológicos e hidrológi-cos ainda são sérios”, afirmou.Isso porque, do ponto de vistaagrícola, ainda não teve início aestação seca no Estado. O IACvai realizar semanalmente aanálise de seca e nos próximos15 dias a situação será avaliada

para as diversas culturas.O monitoramento das condi-

ções agrometerológicas é feitopelo IAC em 145 pontos no Es-tado de São Paulo e essa redevai a 181 até junho, ampliandoa capacidade do Ciiagro emdar subsídios para previsão esuporte para programas de sus-tentabilidade da agricultura, se-gurança alimentar e segurançahídrica.

Os dados do sistema são usa-dos para planejamento em di-versas áreas como pecuária,agricultura, saúde e também

para a Defesa Civil, que hámais de 20 anos utiliza as infor-mações do IAC para o planeja-mento antecipado e prevençãode desastres, como ações juntoaos moradores de rua, fecha-mento de vias, remoção de pes-soas de área de risco, entre ou-tras. Além dessas ações pon-tuais, os dados do IAC contri-buem para duas operações im-portantes da Defesa Civil: Ope-ração Verão e Estiagem. Os da-dos também são utilizados poroutras instituições de pesqui-sas brasileiras e universidades

e ainda compõem os dados doInstituto Nacional de PesquisasEspaciais (Inpe).

A estrutura da rede de moni-toramento, segundo o IAC, for-nece dados atualizados a cada20 minutos, a cada hora e to-tais diários de chuva, tempera-tura e umidade relativa do ar.Desde 2005, a instituição pas-sou a utilizar um parâmetroagrometeorológico para análi-se de seca, baseado na diferen-ciação das culturas e em suascapacidades de retenção deágua no solo.

Vazamento causa revoltade moradores no Centro

Plantação de café na Fazenda Tozan, em Campinas: período prolongado de seca afeta o desenvolvimento da cultura e impede a brotação de novos ramos para a próxima safra

Vazamento deixa água empoçada na Rua Ferreira Penteado: Sanasa prometeu conserto para ontem à noite

O Conselho Fiscal do Consór-cio das Bacias dos Rios Piracica-ba, Capivari e Jundiaí (PCJ) pre-para moções de repúdio aos ór-gãos gestores do Sistema Canta-reira pelo volume de água en-viado aos rios das bacias. O pre-sidente do conselho, José JúlioLopes de Abreu, pediu aos ve-readores membros da entidadeque façam a manifestação deprotesto. O conselho é forma-do por vereadores das cidadesque estão nas Bacias PCJ.

Abreu chama a atenção pa-ra caso seja consumida toda areserva técnica do Sistema Can-tareira, a Grande São Paulo ain-da teria como fonte de abasteci-mento o Sistema integrado dosreservatórios do Alto Tietê (Bil-lings, Guarapiranga, entre ou-tros), que supriria suas necessi-dades hídricas em até 50%. AsBacias PCJ não possuem outraalternativa a não ser o SistemaCantareira.

Nos últimos anos, as BaciasPCJ tiveram a necessidade deenvio de até 12m3/s do SistemaCantareira, durante a estiagem.Estudos do Consórcio PCJ paraa renovação da outorga do sis-tema, atenta que até 2018 esses12m3/s não serão mais suficien-tes e a vazão necessária passa-rá a ser de 18m3/s. (MTC/AAN)

Aseca prolongada vaitrazer sérios problemaspara a agricultura

paulista, principalmenteporque nem todos osagricultores estão preparadospara enfrentá-la. “Embora sepossa pensar em irrigação,nem todos os agricultoresestavam preparados para estatécnica, seja no aspectotécnico ou legal e, além disso,não existe reserva hídricaadequada para tal prática”,disse o pesquisador OrivaldoBrunini. O estudo sobre osefeitos do período de secaprolongada aponta que aprodutividade da cana seráafetada porque a rebrota dasoqueira dessa planta édesfavorecida pela baixa

reserva hídrica no solo. Aestiagem favorece a colheitado milho safrinha, mas éprejudicial a seudesenvolvimento. A falta dechuva, informa o estudo, podecomprometer a indução florale a brota de novos ramos paraa próxima safra de café. A secajá afeta a produção naFazenda Tozan, tradicionalprodutora de café. O solo secocompromete o controlequímico de pragas e ervasdaninhas, porque as plantastem baixa absorção de água.As características geraisanalisadas em diversasregiões, envolvendo diferentesculturas, apontam umasituação muito difícil para aagricultura. (MTC/AAN)

A demora da Sanasa em conser-tar um vazamento de água naRua Ferreira Penteado, na altu-ra do número 938, vem provo-cando revolta nos moradores,comerciantes e pedestres quepassam pelo Centro de Campi-nas. Há cerca de 15 dias os co-merciantes perceberam que co-meçou a minar água do asfalto.“Isso faz uns 15 dias, no come-ço era pouca água. Mas no finalde semana passada uma equi-pe da Sanasa veio aqui, fez umburaco e o vazamento aumen-tou muito”, conta o comercian-

te Nei Garbin.Desde então, a água jorra li-

vremente e, num momento emque Campinas vive uma das es-tiagens mais fortes dos últimosanos, vem causando reclama-ções entre os pedestres. “A gen-te ouve comentário o dia intei-ro de gente reclamando que aSanasa pede para economizar,mas não faz sua parte”, conta ocomerciante Anderson Glau-cius. Segundo a assessoria deimprensa da Sanasa, há duas se-manas houve vazamento de es-goto na rua e o reparo foi provi-

denciado rapidamente. O queaconteceu é que no mesmo lo-cal onde antes havia o vazamen-to de esgoto, ocorreu novamen-te um vazamento de água. Se-gundo a assessoria, poucas ho-ras após a comunicação do pro-blema, a empresa solicitou àEmpresa Municipal de Desen-volvimento de Campinas (Em-dec) a autorização para fechar arua e providenciar o reparo. Aautorização foi concedida paraàs 22h30 de ontem, horário quenão compromete a fluidez dotrânsito. (AAN)

Levantamentodo IAC apontaque estiagemvai até aPrimavera,prejudicando oabastecimentoe a agricultura

César Rodrigues/AAN

Gustavo Tilio/Especial para a AAN

Chuvas dos últimosdias não alteraramo quadro hídrico

Conselho fiscalpedemoçãoderepúdioa gestoresO

nível de águaacumulado no SistemaCantareira caiu ontem

para 25,05% no chamadosistema equivalente, formadopelas represas que estão nasBacias Hidrográficas dos RiosPiracicaba, Capivari e Jundiaí(PCJ). A região de Campinasrecebeu 3m3/s, sendo 1m3/sno Rio Jaguari, que está comvazão bastante baixa emPedreira, e 2m3/s no Atibaia —17,9m3/s foram enviados paraa Grande São Paulo. O comitêanticrise, o Gtag-Cantareira,recomendou à Companhia deSaneamento Básico (Sabesp)que reavalie a sua operaçãodo sistema e leve emconsideração um cenáriomais desfavorável no seu

plano de transferência deágua do Cantareira para SãoPaulo. A empresa planejavatransferir 22,6m3/s em junho;22,9m3/s em julho, 22,5m3/sem agosto, 22,8m3/s emsetembro, 20,9m3/s emoutubro e 21,4m3/s emnovembro, quandoterminaria o volume morto,que vem sendo retirado desde15 de maio. Segundo comitê,a quantidade de água queentrou no sistema este ano foi28% menor do que o mínimoregistrado entre 1930 e 2013.A redução na retirada de águadas represas do Cantareiravem sendo adotada desde oinício do ano. Em 13 de marçoa vazão captada caiu de 33para 27,9m3/s. (MTC/AAN)

Demora da Sanasa em fazer conserto gerou reclamações

A8 CORREIO POPULARA8Campinas, quinta-feira, 29 de maio de 2014

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