PENSAMENTO SISTÊMICO APLICADO
NA VISUALIZAÇÃO DOS IMPACTOS DA
CRIAÇÃO DE UM NOVO CURSO DE
GRADUAÇÃO: UMA ABORDAGEM
SISTÊMICA
Rosiane Serrano (UNISINOS)
Priscila Bonalume Paraboni (UNISINOS)
Luis Henrique Rodrigues (UNISINOS)
Diego Damasio de Lima (UNISINOS)
Gustavo da Silva Rocha (UNISINOS)
O governo Brasileiro tem investido significativamente na facilidade de
acesso ao ensino superior, proporcionando diversas formas de
ingresso, bem como a possibilidade de desenvolvimento de novos
cursos de graduação. Diante deste fato, o preesente artigo apresenta
um estudo realizado para a identificação dos impactos da criação de
novos cursos de graduação em uma região, tendo como objetivo
propor a identificação de ações alavandoras que diferenciem e
perpetuem o curso, utilizado a abordagem do Pensamento Sistêmico,
evidenciando as inter-relações sistêmicas presentes. Por intermédio da
pesquisa-ação, organizou-se os encontros nos meses de novembro e
dezembro de 2011, realizando assim a aplicação do método sistêmico,
sendo os participantes um grupo multidisciplinar. O resultado do
trabalho caracterizou-se pela construção de um mapa sistêmico,
gerando aprendizado com relação ao assunto de interesse e
possibilitando a identificação de possíveis cenários, pontos de
alavancagem e sugestão de estratégias robustas para perpetuar o
curso a ser lançado em 2013.
Palavras-chaves: Pensamento Sistêmico; novos cursos de graduação;
ações alavancadoras; cenários;
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
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1.1
1 Introdução
Segundo dados da pesquisa Senso realizada em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), somente 7,9%, ou seja, 12,8 milhões dos brasileiros haviam terminado
pelo menos um curso universitário. Em se tratando de um país de proporções continentais, e
com uma população de mais de 190 milhões de habitantes pode-se prever o potencial
universitário ainda a ser conquistado. Esse potencial fica mais evidente quando comparado
com a realidade de outros países desenvolvidos. No entanto, ainda persiste a dúvida sobre o
potencial de aceitação de novos cursos de graduação, tanto pelo meio acadêmico, quanto
pelos alunos, e acima de tudo pelo mercado de trabalho local.
A respeito desse tema trata esse artigo, o direcionamento de uma instituição de ensino
superior quanto premissas de aumentar a oferta de vagas, e desenvolver novos cursos de
graduação em diferentes níveis de ensino. A questão específica do aumento de vagas pode ser
analisada pela aceitação do curso atual, empregabilidade na região, evasão escolar, entre
outros. Porém, a validação, ou não de um novo curso de graduação requer uma análise ampla
e sistêmica. O presente problema de pesquisa consiste em discutir, aprofundar o
conhecimento, e entender essas complexas relações. Dado que muitas vezes não estão
explicitas de uma forma evidente, mas que podem num futuro próximo, comprometer de
forma significativa tanto profissional egresso recém formado, no que diz respeito à
empregabilidade, tanto a universidade no que diz respeito à ociosidade, evasão, e desistência
escolar. Definições importantes como, público alvo, situação do mercado de trabalho
contemporâneo para absorção dos egressos, e como diferenciar e perpetuar o novo curso serão
abordadas nesse artigo utilizando a abordagem do Pensamento Sistêmico.
2 Referencial teórico
Segundo Senge (2009) o pensamento sistêmico é um quadro de referência conceitual, um
agrupamento de ferramentas e conhecimentos desenvolvidos nos últimos 50 (cinquenta) anos
a fim de esclarecer os padrões vistos como um todo e tem por finalidade ajudar a modificá-
los. O Pensamento Sistêmico tende examinar a inter-relação entre forças dentro de um sistema
e vê-las como parte de um processo comum, a partir de diversos métodos, ferramentas e
princípios. Senge et.al. (1997) refere-se como uma linguagem que visa descrever e entender
as forças e as relações que formam o comportamento dos sistemas.
Senge (2009) descreve o pensamento sistêmico como a quinta disciplina, sendo que este parte
de uma base teórica e uma aplicação prática. Sendo que esta disciplina busca, em conjunto
com a aprendizagem organizacional, a construção de visões e objetivos compartilhados
através do exame e confrontamento dos modelos mentais de grupo e indivíduos-chave da
organização. (NETO, 2010)
Andrade et.al. (2006) cita que uma das formas adotadas para a compreensão do modelo
sistêmico é o entendimento dos níveis da realidade. Segundo Andrade et.al. (2006) a realidade
é estruturada em camadas que requerem níveis de percepção diferentes, no que tange os
observadores. Neto (2010) expõe que ao realizar uma observação superficial, são percebidos
apenas os eventos que envolvem a realidade. Já para atingir níveis mais profundos de
percepção, torna-se necessário adotar atitudes e instrumentos mais elaborados (NETO, 2010).
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Estes níveis de percepção da realidade são comparados à metáfora do iceberg, pois o que é
visto superficialmente (pontas do iceberg) são definidos como os eventos, ao aprofundar a
forma de perceber a realidade passa-se a ver padrões de comportamento, sistemas e
modelos mentais.
Onde os eventos caracterizam o primeiro nível sendo percebidos pelas pessoas envolvidas
(ANDRADE et.al., 2006). Neste contexto, as explicações são dadas de forma reativa, o que
segundo (MENEZES, 2008) pode funcionar quando a complexidade é pequena, assim como o
número de interconexões.
Contudo, ao aprofundar o “iceberg” observa-se que os eventos são derivados de padrões de
comportamento, onde o evento é a percepção da mudança no comportamento de uma
variável importante da realidade. Para conhecer a origem dos eventos, torna-se necessário
ultrapassá-los, analisando tendências de longo prazo e avaliando suas implicações.
Utilizando-se de gráficos, que com base em variáveis explicitam o comportamento passado e
podem buscar evidencias que auxiliam a prospectar o comportamento futuro. (MENEZES,
2008)
O terceiro nível de entendimento da realidade, os sistemas, são descritos por Andrade et.al.
(2006) como a estrutura sistêmica da realidade. Onde este nível indica o que causa os
padroes de comportamento, busca-se explicar como as variáveis influenciam-se mutuamente
em relações de causa e efeito (MENEZES, 2008). Mudanças na estrutura sistêmica podem
gerar mudanças nos padrões de comportamento. (NETO, 2010)
O nível mais profundo de percepção da realidade, o dos modelos mentais, é o responsável
pelas estruturas de inter-relacionamentos, sendo construídas a partir das percepções
individuais dos envolvidos. Onde para que mudanças efetivas aconteçam, torna-se necessário
identificar como os modelos mentais influenciam as estruturas em jogo. (NETO, 2010)
A partir da identificação e definição destes níveis de realidade torna-se possível estruturar o
método sistêmico (NETO, 2010). Neste contexto para operacionalizar o pensamento sistêmico
e compreender tais níveis de realidade Andrade et.al.(2006) apresenta o método sistêmico,
sendo este uma sequência de passos sistematizados, que fornecem subsídios para o
entendimento de uma situação complexa como auxilio à tomada de decisões (MENEZES,
2008).
3 Abordagem Metodológica
O presente artigo caracteriza-se como de natureza aplicada, realizou-se uma pesquisa-ação.
Sendo que a pesquisa-ação pode ser definida como um tipo de pesquisa social concebida e
realizada para a resolução de um problema, neste contexto, os pesquisadores estão envolvidos
no problema trabalhando de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 1998).
Onde a pesquisa-ação necessita atender dois objetivos básicos: o prático e o do conhecimento.
Entende-se o primeiro como a contribuição da pesquisa na solução do problema em questão e
o segundo como o conhecimento gerado a partir da solução do problema (THIOLLENT,
1998).
Nesse sentido, o objetivo prático desse trabalho foi à aplicação de uma abordagem para
identificar os impactos da criação de novos cursos de graduação em uma região, buscando
torná-lo sustentável ao longo do tempo, por meio de ações alavancadoras que o diferenciem e
o perpetuem. Em termos de conhecimento, procurou-se a ampliar a aplicação do método
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sistêmico, possibilitando aos participantes solucionar os problemas, bem como replicar o
método para outros cursos. Para a realização do estudo seguiu-se os passos descritos por
Andrade et.al. (2006), o Quadro 1 apresenta uma síntese destes passos:
Quadro 1: Passos do método sistêmico
Fonte: adaptado de Andrade et.al. (2006)
4 Estudo: Aplicação do Método Sistêmico
A aplicação do Método Sistêmico neste estudo realizou-se na instituição de ensino XYZ, a
qual irá lançar o Curso Superior de Tecnologia em Design de Moda, na modalidade de
Tecnologia, centrada no eixo tecnológico denominado Produção Cultural e Design. Como
justificativa para o desenvolvimento do curso a instituição evidencia o crescimento da
indústria de vestuário, assim como o momento de expansão do país. Contudo, torna-se
importante ressaltar as incertezas quanto à permanência e efetividade do curso. Apresentando-
se coerente o desenvolvimento de estudos mais aprofundados que possibilitem um
direcionamento estratégico e uma visão de longo prazo, que permita a prospecção de ações
que perpetuem o curso, bem como o amadureçam.
Para a realização do estudo foram convidados a participar do grupo docentes, na área de
gestão e de vestuário, os quais tinham como objetivo realizar as reflexões e contribuir com a
aplicação do método sistêmico. Bem como os condutores do estudo que tinham como papel,
coletar os dados, agendar as reuniões, coordenar as atividades e dar suporte ao
desenvolvimento das ações.
O desenvolvimento do mesmo foram realizadas 5 encontros com o grupo, durante os meses de
novembro e dezembro. Sendo os encontros intercalados, possibilitando aos condutores
realizarem as atividades de coleta de dados, elaboração dos padrões de comportamento e
compilação de material elaborado nas reuniões. As subseções seguintes apresentam cada um
dos encontros realizados.
4.1. Encontro 1: Definir uma situação complexa de interesse e apresentar a história por
meio de eventos e identificar as variáveis-chaves
A primeira atividade realizada foi definir o assunto de interesse, as questões norteadoras e o
escopo de tempo. Também foram listados os eventos importantes referentes ao assunto de
interesse e o desdobramento em variáveis, conforme apresentado na sequência.
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O assunto de interesse formulado pelo grupo consultivo foi expresso através da frase: “Qual o
impacto da criação de novo curso de graduação em Tecnologia em Design de Moda e de
que forma torná-lo sustentável ao longo do tempo através de ações alavancadoras que
diferenciem e perpetuem o curso”.
As questões norteadoras foram construídas pelo grupo, as quais têm por objetivo direcionar as
atividades, sendo respondidas ao final do estudo, sendo: i) Qual o público alvo que o curso de
Tecnologia em Design de Moda pretende atingir? ii) Qual a situação do mercado de trabalho
contemporâneo para absorção dos egressos? iii) Quais os cursos que existem em design de
moda no Brasil e quais são seus diferenciais? iv) Como preparar os egressos dos cursos para a
empregabilidade e sua adaptação as modificações no mundo do trabalho? v) Quais as ações
alavancadoras precisam ser desenvolvidas para diferenciar e perpetuar o curso?
O escopo de tempo para análise foi definido com início em 1990, ano em que a moda
brasileira abriu-se para o mercado competitivo. Como horizonte de tempo para visualização
dos cenários futuros a definição foi o ano de 2025.
Após esta primeira etapa o grupo foi direcionado a desenvolver uma ampla discussão a
respeito da “moda” no Brasil, listando neste mesmo encontro os eventos importantes que
marcaram a “moda”, impulsionando seu crescimento. Bem como foram identificadas as
variáveis que caracterizassem este evento, conforme apresentado no Quadro 2.
Quadro 2: Eventos e variáveis
Fonte: autores (2011)
Os eventos listados foram desdobrados em variáveis explicativas dos mesmos. Com base
nestas, iniciou-se o processo de coleta de dados, possibilitando traçar os padrões de
comportamento, apresentados no segundo encontro. O levantamento da série temporal tornou-
se importante para identificar o comportamento das variáveis ao longo tempo e com isso foi
possível verificar as correlações e desenvolver os gráficos, acompanhando as oscilações
apresentadas.
4.2. Encontro 2: Elaboração da estrutura sistêmica via análise dos padrões de
comportamento
Com base nos gráficos contendo o comportamento das variáveis pesquisadas foi evidenciado
para o grupo refletir o que poderia ter levado a tais oscilações, O Gráfico 1 apresenta um dos
padrões de comportamento analisados.
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Gráfico 1: Número de cursos de graduação em moda.
Fonte: Autores (2011)
Neste contexto, o grupo de estudo observou que a variável número de cursos de graduação em
moda apresenta em crescimento exponencial até o ano de 2009, chegando a 151 cursos e sofre
um leve declínio em 2010, passando para 148. Porém, o Ministério da Educação-MEC (2011)
apresenta 116 cursos ativos em todo o território nacional. Em 2009, apresenta um declínio no
número de egressos, passando de 3652 alunos para 3522 em 2010, possuindo correlação direta
com o número de cursos de graduação, apresentada no Gráfico 2.
Gráfico 2: Comparação das curvas de número de cursos e egressos de moda no Brasil
Fonte: Autores (2011)
A partir da análise dos padrões de comportamento foi possível desenvolver a estrutura
sistêmica preliminar. A construção foi realizada analisando elementos importantes presentes
nos padrões de comportamento, que apresentassem relações de causa e efeito. Para o
desenvolvimento da estrutura inicial o grupo identificou qual seria a variável-chave de maior
relevância para o projeto, destacada na estrutura. Com base nesta foram traçadas as relações
analisando se as mesmas possuíam ligação direta ou indireta, conforme Figura 1.
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Figura 1: Estrutura inicial
Fonte: Autores (2011)
4.3. Encontro 3: Validação da estrutura sistêmica e elaboração do modelos mentais
Esta etapa do projeto compreendeu na validação da estrutura sistêmica inicial e da construção
dos modelos mentais. A Figura 1 representa a primeira estrutura construída pelo grupo, sendo
realizada a leitura a mesma sofreu adaptações, tais como a da variável-chave, por apresentar
maior coerência com a proposta do projeto. A estrutura consolidada apresenta-se na Figura 2.
Figura 2: Estrutura consolidada
Fonte: Autores (2011)
Ao realizar a leitura da estrutura, variáveis foram destacadas pelo grupo, por serem
representativas para o estudo, tais como público e incentivos governamentais. Sendo estas
como as variáveis chaves para a continuidade do curso, pois apresentam muitas saídas. Nesta
mesma reunião o grupo identificou os modelos mentais que podem influenciar a abertura e
principalmente a continuidade do curso. Sendo caracterizados os atores que influenciam a
realidade e seus modelos mentais, conforme o Quadro 3.
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Quadro 3: Modelos mentais
Fonte: Autores (2011)
Com base nos modelos mentais identificados torna-se possível traçar ações para que os atores
envolvidos alterem seus modelos mentais. Salienta-se que os modelos mentais citados, foram
sintetizados, possibilitando sua inserção neste artigo.
4.4. Encontro 4: Elaboração do cenários e identificação dos pontos de alavancagem
O encontro 4 caracterizou-se pela construção dos cenários. Inicialmente foram identificadas
as forças motrizes, e na sequência estas classificadas em incertezas críticas e tendências pré-
determinadas, representadas no Quadro 4.
Quadro 4: Forças Motrizes
Fonte: Autores (2011)
O grupo identificou seis forças motrizes e destas, duas foram classificadas como incertezas
críticas, sendo usadas para a construção dos cenários representados na Figura 3.
Figura 3: Cenários
Fonte: Autores (2011)
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Na incerteza crítica Investimento em políticas governamentais para educação superior,
delimitou-se o eixo horizontal, em dois extremos. Ficando alto investimento em políticas
governamentais para educação superior com 1,5% do PIB, pois hoje se investe 0,9% do PIB
em educação superior, conforme dados do MEC, expressos nos padrões de comportamento.
No eixo oposto apresenta-se o baixo investimento em políticas governamentais para educação
superior com 0,4% do PIB, pois representa a metade do investimento atual.
O eixo vertical é composto pela incerteza crítica Crescimento da economia nacional. Sendo
expresso como Economia Nacional em alto crescimento com 10% do PIB, pois o crescimento
no último trimestre de 2011 apresentou-se em 3,2%. E no eixo oposto a Economia Nacional
em baixo crescimento com 1% do PIB, representando um momento de contenção de gastos e
poucos investimentos.
Analisando os cenários o grupo consentiu que o cenário a ser buscado é o sonho, pois
caracteriza-se pelo alto investimento em políticas governamentais para a educação superior e
economia nacional em alto crescimento, mas também percebeu que este caracteriza o cenário
atual, pois há investimento em políticas governamentais para a educação superior e o Brasil
está com a economia em crescimento. Contudo, o grupo observou que ainda não se atingiram
os índices descritos, pois o investimento é educação é de 0,9% segundo dados do MEC
(2011). Da mesma forma, a economia nacional apresentou crescimento de 7,5% no Produto
Interno Bruto- PIB em 2010 com relação ao ano de 2009. (IBGE, 2011)
Com relação ao cenário ilusionismo, este caracteriza-se com alto investimento em políticas
governamentais para educação superior e economia nacional em baixo crescimento. O cenário
denominado sonho também apresenta o alto investimento em políticas, mas com alto
crescimento econômico. O cenário caracterizado como pesadelo apresenta baixo investimento
em políticas governamentais para a educação superior e uma economia nacional e baixo
crescimento. O cenário contando com a sorte apresenta baixo investimento em políticas
governamentais para a educação superior e economia nacional em alto crescimento.
Ao término desta etapa foi solicitado ao grupo identificar na estrutura sistêmica algumas
variáveis importantes que representariam um maior número de variáveis-chaves.
Representando as avenidas nas quais deve-se atuar para manter a sustentabilidade do curso de
graduação, demonstrado na Figura 4.
Figura 4: Pontos de alavancagem
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Fonte: Autores (2011)
Observa-se que a variável central esta destacada em verde, representando o assunto e
identificou-se que os pontos de alavancagem, seriam os incentivos governamentais e o
público (alunos), destacadas em amarelo. Contudo, para que estes pontos de alavancagem
possam ser efetivados tornou-se importante traçar avenidas, as quais podem representar os
limitadores de crescimento. Pois os incentivos governamentais têm ligação com o número de
empresas, empregabilidade, salário e na qualidade do curso. Já a segunda avenida definida
pelo ponto de alavancagem público, representa o número de alunos, sendo a divulgação do
curso, qualidade do curso, número de formandos do ensino médio.
4.5. Encontro 5: Responder as questões norteadoras
Neste último encontro foram analisados os pontos de alavancagem, bem como a estrutura e os
padrões de comportamento, possibilitando assim responder as questões norteadoras do estudo.
Bem como analisar quais modelos mentais precisam ser desafiados.
Qual o público alvo que o curso de Tecnologia em Design de Moda pretende atingir? O
público alvo que o curso pretende atingir são os egressos do ensino médio. Pois, devido o
horário do curso ser vespertino, torna-se um público com maior representatividade para o
curso.
Qual a situação do mercado de trabalho contemporâneo para absorção dos egressos?
Analisando os padrões de comportamento apresentados, o Gráfico 3, apresenta o número de
empregos gerados pelo setor têxtil e de vestuário. Iniciando a amostra em 2004, onde o setor
empregava 65.625 mil colaboradores e no ano de 264.347 mil colaboradores.
Gráfico 3: Empregabilidade setorial
Fonte: Autores (2011)
Salienta-se este egresso poderá atuar no setor de prestação de serviço, como personal stylist,
designer, free lance no desenvolvimento de produto, pesquisas de moda. Diante do exposto,
verifica-se que este setor apresenta-se favorável absorção do egresso.
Quais os cursos que existem em design de moda no Brasil e quais são seus diferenciais?
Existem no Brasil 136 cursos superiores, destes 49 com titulação de Bacharel, 86 de
Tecnólogo e 1 de Licenciatura. Estes cursos são designados: Design de moda, Moda e
Estilismo; todos em atividade, segundo dados do E-MEC (2011). Destes, 14 cursos estão
situados no Rio Grande do Sul conforme o Quadro 5.
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Quadro 5: Cursos de Moda
Fonte: Autores (2011)
Após a análise da estrutura curricular dos cursos, verificou-se 6 ementas disponíveis,
buscando elementos que pudessem diferenciar o curso proposto por esta instituição. Destes
currículos verificou-se que o conteúdo “ficha técnica”, apresenta-se em 3 currículos, sendo o
mesmo inserido na disciplina de modelagem e desenho técnico, tornando-se um ponto a ser
verificado por este curso de graduação. Um diferencial apresentado pelos currículos
analisados é a disciplina de sustentabilidade, estando presente em 5. Outro ponto apresentado
pelos currículos é o número de disciplinas optativas, as quais são heterogêneas,
principalmente nos cursos com titulação de bacharel.
Como preparar os egressos dos cursos para a empregabilidade e sua adaptação as
modificações no mundo do trabalho? Observando que o curso é de tecnologia e apresenta
relevância por ser direcionado para o mercado de trabalho, identificou-se o desenvolvimento
de projetos integradores ou multidisciplinares envolvendo o aluno em todas as etapas
existentes na indústria de confecção. Bem como o fomento de estágios, parcerias e projetos
com as empresas e a instituição, preparando o aluno para o mercado de trabalho futuro. Como
forma de aprimoramento, o desenvolvimento de especializações, mantendo o curso atualizado
e atendendo as expectativas do egresso.
Quais as ações alavancadoras precisam ser desenvolvidas para diferenciar e perpetuar o
curso? Conforme identificado os pontos de alavancagem são os incentivos governamentais e o
público que o curso pretende atingir. Desta forma, para efetivar estas ações propõem-se
desenvolver formas de divulgação, tornando o curso e a instituição conhecida, por meio de
mídias disponíveis. Bem como, realização de visitas às escolas de ensino médio para divulgar
o curso, propiciando a este futuro discente conhecer a instituição e os laboratórios, mesmo
sem estar presente na instituição.
Na questão de incentivos governamentais, propor desenvolvimento de centro de tecnologia,
voltado ao setor têxtil e de vestuário, enfatizando a importância deste para a região e, com
isso, elevar os índices de procura pelo curso. Assim como a revisão do currículo atual,
realizando uma análise comparativa com os demais currículos dos cursos oferecidos no RGS e
de Santa Catarina, buscando elementos diferenciais. No futuro desenvolver cursos de
especialização.
No que tange os modelos mentais com relação à expressão “queremos criar novos cursos”
podem dificultar a concretização da ação alavancadora identificada como o desenvolvimento
de um centro de tecnologia voltado ao setor têxtil, visto que os governos estão preocupados,
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principalmente, com a criação de novos cursos. Por fim, pode-se dizer que aparentemente
nenhum modelo mental identificado durante as reuniões inibiria a realização da ação
alavancadora que está relacionada à revisão do currículo atual, o que poderá trazer benefícios
imediatos para a instituição.
5 Aprendizados e Considerações finais
No que circunda a educação, pode-se salientar que existe uma linha tênue entre os interesses
da comunidade, governo e instituições de ensino, necessitando de analises profundas para o
seu entendimento. De forma geral, pode-se dizer que com base no estudo foi possível
identificar qual o público alvo do curso a ser lançado em 2013. Assim como ampliar o escopo
de conhecimentos referentes aos padrões de comportamento sobre número de cursos de
graduação nesta área, número de alunos egressos e os investimentos em educação.
Além disso, os padrões de comportamento auxiliaram a identificar a grade curricular dos
demais cursos ofertados no estado do RGS. Sendo possível verificar qual foco pode ser
evidenciado no curso, para que o mesmo consiga manter-se no mercado competitivo, visto
que um dos pontos agravantes é a existência de dois cursos próximos a região de estudo.
Outro ponto relevante é o interesse para o desenvolvimento de novos estudos utilizando a
metodologia do Pensamento Sistêmico, bem como o entendimento acerca das questões que
envolvem a criação de novos cursos pela instituição.
No que circunda as aprendizagens o estudo gerou aprendizados para ambas as partes. Os
participantes da instituição de ensino mencionaram que a metodologia proporcionou a
identificação de fatores e variáveis que auxiliarão no desenvolvimento do novo curso.
Expuseram também que a verbalização dos modelos mentais envolvidos neste processo de
lançamento de novos cursos possibilitou a formulação de estratégias de negócio, visando
compreender e utilizar estes modelos a favor do novo curso que será lançado.
Como trabalho futuro, recomenda-se a realização da modelagem em um software de dinâmica
de sistemas, visualizando de forma quantitativa os cenários gerados.
Referencial
ANDRADE, A. de; et.al. Pensamento Sistêmico: caderno de campo. Porto Alegre: Bookman, 2006.
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em <http://www.ibge.gov.br/home/>.
Acesso em dezembro de 2011.
MEC- Ministério da Educação. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/index.php>. Acesso em dezembro de
2011.
MENEZES, F. M. Proposta de desenvolvimento de um método sistêmico de formulação estratégica integrando
planejamento estratégico, pensamento sistêmico e planejamento por cenários. Dissertação de Mestrado-
Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção e Sistemas. Universidade do Vale do Rio dos Sinos,
2008.
NETO, S. L. H.C. Proposição de um roadmap para a implantação da abordagem do pensamento sistêmico em
organizações. Dissertação de Mestrado- Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção e Sistemas.
Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2010.
SENGE, P. M. A quinta disciplina: arte e prática da organização que se aprende. Ed. 25. Rio de Janeiro:
BestSeller, 2009.
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______; et.al. A quinta disciplina: caderno de campo. São Paulo: Qualitymark, 1997
THIOLLENT, M. Metodologia em Pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1998
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