AULA 01: O Surgimento da Sociologia Prof. João Saraiva
Tem seu ponto de partida na Grécia. Exemplos disso
encontramos na preocupação com o social que os
historiadores, poetas, filósofos, juristas e oradores que
procuravam meios de dar ao homem possibilidades de
conhecer os mecanismos da vida social, mas num estado
ainda amorfo (sem forma) de ciência;
Platão: A República (projeto de
cidade-Estado organizada para
evitar as crises políticas e
sociais, até o número de
habitantes) Aristóteles: Política (afirmava
que as crises eram inevitáveis
para as cidades).
CONTEXTO HISTÓRICO DO
SURGIMENTO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
• Durante a Idade Média o pensamento e o
conhecimento humano é dominado pela Igreja
Católica;
Santo Agostinho: A Cidade de Deus - temas
sociais e visão cristã. As comunidades deveriam ser
como o Reino de Deus.
Predomínio da ideia de que cada grupo social
possui uma função para o bem estar de todos.
CONTEXTO HISTÓRICO DO
SURGIMENTO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
• Liberto da tutela da Igreja católica, o homem se sente livre para pensar e criticar a realidade que vê e vivencia. Passam a questionar a realidade social;
• Desponta o Renascimento: substitui a visão sacra
pela racional – o homem torna-se agente social e
histórico;
• Nova postura do homem ocidental diante da natureza e do conhecimento;
• Rousseau: o homem nasce bom, mas a sociedade o
corrompe (relações sociais)
• Legitimidade do poder político; soberania pertence
ao povo.
• Novos valores, diferentes daqueles vigentes na Idade Média, pois adequavam-se ao “espírito do capitalismo”;
CONTEXTO HISTÓRICO DO
SURGIMENTO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
• Thomas Morus escreve a Utopia;
• Maquiavel faz de O Príncipe um manual de
ação política, cujo ideal é a conquista e a
manutenção do poder. É considerado o
fundador da Ciência Política.
• Desenvolvem-se a ciência e a tecnologia,
exigindo da sociedade tomar medidas
urgentes ao desenvolvimento científico:
melhorar as condições de vida; ampliar a
expectativa de sobrevivência humana a
fim de engrossar as fileiras de
consumidores e, principalmente, de mão
de obra disponível; mudar os hábitos
sociais e formar uma mentalidade
receptiva às inovações técnicas.
CONTEXTO HISTÓRICO DO
SURGIMENTO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
• Todas essas mudanças de valores, avanços tecnológicos, melhores condições de vida, levou a um surto de ideias conhecido pelo nome de Ilustração ou Iluminismo.
• O pensamento da Ilustração pode ser dividido em dois grupos: os filósofos e os economistas.
Os filósofos, tais como Voltaire, Rousseau e Montesquieu, destacavam-se pela crítica social e política. Defesa da liberdade. Eliminar as instituições porque são irracionais e injustas, sendo um atentado à liberdade do homem;
Os economistas procuravam descobrir leis que regulassem a economia. Procuravam uma explicação racional para todas as coisas. Abriram caminho para a Revolução Francesa, pois puseram à mostra erros e vícios do Antigo Regime.
CONTEXTO HISTÓRICO DO
SURGIMENTO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
• Revolução Francesa: a burguesia liberal vai se opor à
aristocracia. (Liberal nessa época era quem apoiava a
democracia. É o burguês esclarecido);
CONTEXTO HISTÓRICO DO
SURGIMENTO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
Revolução Industrial: a descoberta de novas fontes de
energia e os avanços científicos e tecnológicos vão trazer
transformações radicais nos planos político, econômico e
social, gerando conflitos, onde a intelectualidade vai se
debruçar no estudo do funcionamento dessa sociedade,
conhecendo suas leis, organização, procurando reestabelecer a “ordem e a paz” através da ciência.
CONTEXTO HISTÓRICO DO
SURGIMENTO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
Como consequências a Revolução Industrial trouxe:
• O fim do produtor independente.
• Êxodo rural e explosão demográfica urbana.
• Processo de proletarização.
• Miséria (doenças, prostituição, suicídios, alcoolismo, violências, etc.)
• Primeiras manifestações operárias (ludismo - que consistia na quebra de máquinas para o fim da miséria social e, o cartismo - que reivindicava reformas nas condições de trabalho (limitação da jornada) e direitos políticos (sufrágio universal masculino, voto secreto, representação política dos operários e renovação anual do Parlamento).
• Criava-se uma sociedade altamente competitiva e individualista.
CONTEXTO HISTÓRICO DO
SURGIMENTO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
• O conjunto desses processos históricos trouxe
não somente progressos como também uma
infinidade de problemas sociais que conturbaram
a Europa do século XIX.
• Esse “turbilhão social” faz com que surjam
intelectuais preocupados e propostos a por uma
“ordem social” oriunda dessas revoluções.
• Neste contexto é que surge a Sociologia.
• Pensadores como Tocqueville, Montesquieu, Le
Play, Saint-Simon, Augusto Comte entre outros
vão sistematizar e refletir sobre a realidade social
da época.
CONTEXTO HISTÓRICO DO
SURGIMENTO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
A Sociologia tem ao menos três linhas mestras explicativas, fundadas pelos seus autores clássicos:
1. a Positivista-Funcionalista, tendo como fundador Auguste Comte e seu principal expoente clássico em Émile Durkheim, que propôs uma visão sistêmica dos “fatos sociais”;
2. a sociologia compreensiva iniciada por Max Weber, de matriz teórico-metodológica hermenêutico-compreensiva; e
3. a linha de explicação sociológica histórico-crítica, iniciada por Karl Marx, que mesmo não sendo um sociólogo e sequer se pretendendo a tal, deu início a uma profícua linha de explicação sociológica.
CORRENTES EXPLICATIVAS
AULA 01: O Surgimento da Sociologia Prof. João Saraiva
AULA 01: O Surgimento da Sociologia Prof. João Saraiva
Isidore Auguste Marie François
Xavier Comte foi Filósofo e
Sociólogo, natural de Montpellier
França. Nasceu em 1798 e faleceu
em Paris em 1857.
Discípulo do conde Claude-Henri
de Saint Simon.
Criador da SOCIOLOGIA e do
POSITIVISMO após exaustivos
estudos da estática e dinâmica
sociais, idealizou uma sociedade
modelo, tendo o amor como
princípio, a ordem como base e o
progresso como fim.
Rompe com a tradição familiar, católica e monarquista.
É republicano com ideias liberais e elabora uma
proposta para resolver os problemas da sociedade da sua
época (a incipiente sociedade industrial capitalista).
Preocupa-se em organizar a sociedade pós-revolução
francesa, propondo uma completa reforma da sociedade em
que vivia, cujo ponto de partida seria a reforma intelectual
plena do homem.
Propôs a fundação de uma “filosofia positiva”. A
Sociologia (ou física social) aparece nesse ponto,
estudando de modo “científico” a sociedade, seus processos
e estruturas e propondo caminhos práticos para esta
reforma.
Darwinismo social: princípio de que as
sociedades se modificam e se desenvolvem num
mesmo sentido; passagem de um estágio inferior
para outro superior; sobrevivência dos
organismos – sociedades e indivíduos – mais
fortes e evoluídos.
• Teológico: explica-se os fenômenos
através dos deuses.
• Metafísico: através de ideias gerais,
como o pecado original e estabelecem
valores sociais.
• Positivo ou científico: estágio das
sociedades industriais onde a se busca
respostas científicas para todas as
coisas.
• Toda ciência é ideológica
• Fatos são construções e interpretações
• O Positivismo virou uma doutrina
política autoritária e uma religião – a
religião da humanidade.
• Cientificismo como uma nova religião
Principais Obras: Opúsculos de Filosofia Social; Curso de
filosofia positiva, em 6 vol. (em 1848 foi renomeado para
Sistema de filosofia positiva); Discurso sobre o espírito
positivo; Sistema de política positiva, em 4 volumes;
Catecismo positivista; Apelo aos conservadores.
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Émile Durkheim nasceu em Épinal,,
França, em 1858, e morreu em Paris em
novembro de 1917. É considerado o
fundador da escola francesa de
sociologia, tendo deixado como legado
uma série de estudos que se notabilizam
pelo esforço de combinar pesquisa
empírica e teórica.
Preocupou-se em desenvolver
metodologicamente a Sociologia.
• A Sociologia ganha um formato mais
“técnico”, sabendo o que e como ela iria
buscar na sociedade;
• Propôs regras de observação e de
procedimentos de investigação;
• Presenciou algumas das mais importantes
criações da sociedade moderna, como a
invenção da eletricidade, do cinema, dos
carros de passeio, entre outros;
• A concepção da Sociologia de Durkheim se baseia
em uma teoria do FATO SOCIAL. Seu objetivo é
demonstrar que pode e deve existir uma sociologia
objetiva e científica, conforme o modelo das outras
ciências, tendo por objeto o fato social. Ele
desejava que a sociologia tivesse um objeto
específico que a distinguisse das outras ciências,
que pudesse ser observado e explicado.
• Para Durkheim, fatos sociais são maneiras de agir,
pensar e sentir exteriores ao indivíduo. Não podem
ser confundidos com fenômenos orgânicos nem
psíquicos. Estes fatos são morais, dogmas
religiosos, sistemas financeiros, costumes,
maneiras de agir, etc.
O objeto da sociologia durkheimiana são os fatos sociais.
Os fatos sociais têm três características fundamentais:
– Coerção: exercem força sobre os indivíduos, levando-os a conformar-se às regras da sociedade em que vivem, são obrigados, independentemente de sua vontade e escolha. O grau de coerção de um fato social pode ser identificado pelas sanções sociais que ele provoca. As sanções podem ser legais e espontâneas)
– São exteriores aos indivíduos (independem de sua consciência particular): existem e atuam sobre os indivíduos independentemente de sua vontade ou adesão consciente.
– Generalidade: é social todo fato que é geral. Isto é, que se repete em todos os indivíduos ou, pelo menos, na maioria deles.
• MECÂNICA Solidariedade por semelhanças.
Solidariedade característica das sociedades primitivas, em
que existe pouca ou nenhuma divisão do trabalho (na maior
parte das vezes encontra-se apenas uma divisão sexual).
É a sociedade por semelhança.
Quando esta forma de solidariedade
domina numa dada sociedade, significa
que os indivíduos diferem pouco uns dos
outros. Todos se assemelham porque
experimentam os mesmos sentimentos,
aderem os mesmos valores,
reconhecem o mesmo sagrado. A
sociedade é coerente porque os
indivíduos ainda não se diferenciaram.
• ORGÂNICA Solidariedade baseada na busca do consenso.
É a solidariedade característica das sociedades
avançadas (típica da sociedade capitalista). Tais
sociedades são marcadas por uma intensa divisão
do trabalho social, que produz uma intensa
especialização das funções, capaz de levar o
indivíduo a vincular-se à coletividade - criando
coesão e integração social - porque depende das
partes que a compõem.
Cada um desempenha uma função própria e
diferente dos demais, mas todos são
indispensáveis na vida.
A “solidariedade social”, para
Durkheim, é formada pelos laços que ligam
os indivíduos, membros de uma sociedade,
uns aos outros formando a coesão social.
Há dois tipos diferentes de solidariedade
social. Esses tipos têm relação com o
“espaço” ocupado na mentalidade dos
membros da sociedade pela consciência
coletiva e pela consciência individual.
• Consciência Coletiva: “conjunto de crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade que forma um sistema determinado com vida própria”. (A consciência coletiva é diferente da consciência particular dos indivíduos e não corresponde à soma destas. De uma certa forma, a consciência coletiva é a própria sociedade). São as crenças, os costumes, as ideias que todos que vivem em um mesmo grupo compartilham uns com os outros.
A “consciência coletiva” é adquirida mediante os processos de socialização aos quais somos submetidos ao longo da nossa vida na sociedade. Como por exemplo: a educação.
• Consciência Individual é aquilo que é próprio do indivíduo, que o faz diferente dos demais. São crenças, hábitos, pensamentos, vontades que não são compartilhados pela coletividade, mas que são especificamente individuais.
• Regras do Método Sociológico: estudar o fato social
como “coisa” (os fenômenos podem ser observados e
medidos de forma objetiva). A questão da neutralidade
científica.
• Morfologia Social: método comparativo / Classificação
das diferentes formas de sociedade. O método
sociológico durkheimiano flerta com alguns modelos da
biologia, tal qual aponta a idéia de “organismo social”.
• Para Durkheim, a Sociologia não só explica a sociedade
como deve encontrar remédios para a vida social.
• O pesquisador social deve manter uma distância do
objeto de estudo. Só é possível com a separação entre
objeto (coisa) e sujeito de estudo.
Ex: o crime e o criminoso.
A sociedade, como todo organismo, apresentaria
estados normais (saudáveis) e patológicos
(doentios).
Estado Normal: é o fato que não extrapola os limites
dos acontecimentos mais gerais de uma determinada
sociedade e que reflete os valores e as condutas
aceitas pela maior parte da população (consenso
entre os indivíduos).
Estado Patológico: é aquele que se encontra fora
dos limites permitidos pela ordem social e pela moral
(ruptura do consenso-anomia).
• É da tradição durkheimiana que surgem as formulações funcionalistas, como as ideias de “função” e “totalidade” (interconexão entre o todo e as partes, as partes e o todo), que depois deram origem às abordagens sistêmicas.
• Até certo ponto toda sociologia que dá mais ênfase ao organismo social (à sociedade) do que à ação social dos indivíduos tem algum nível de relação com a tradição durkheimiana.
• Durkheim discordava das ideias socialistas pois acreditava que os problemas da sociedade são muito mais morais do que econômicos.
Principais Obras: Da divisão do trabalho social; As
regras do método sociológico; O suicídio; Formas
elementares da vida religiosa, Educação e Sociologia.
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AULA 01: O Surgimento da Sociologia Prof. João Saraiva
FIM
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