Passo a Passo: O Caminho em poemas e reflexões
Por Wilson Pailo
Capa: Wilson Pailo
Editoracão: Wilson Pailo
Copyright©2011 by Wilson Pailo
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salvo quando seja permitido por lei.
DEDICATÓRIA
Este livro é dedicado a
todos aqueles que com amor,
humildade e perseverança
buscam a Sabedoria Divina.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelos ensinamentos recebidos.
A meus pais, irmãos, meus filhos, e a todas as pessoas
que fizeram e fazem parte de minha vida e
que, de uma forma ou de outra,
foram instrumentos
para realização desta obra.
PREFÁCIO
Por que o homem foi feito de barro?
Uma breve explanação sobre a vida
Dizer que Deus fez o homem a partir do barro é obviamente uma metáfora. Física
ou quimicamente falando-se, talvez até fosse possível. Porém, a explicação se refere, na
verdade, à questão espiritual. A argila é moldável, assim como o homem o é aos olhos de
Deus. Em princípio, Deus nos dá liberdade para moldarmos a nossa própria personalidade
através da Lei do Livre Arbítrio. Somos livres para escolher o que queremos ser, o que
queremos fazer, como fazer, etc. Deus nos dá a capacidade de, à medida que avançamos
em nossas experiências, construirmos nosso próprio destino.
Contudo, nossa liberdade não nos exime de responsabilidade. Toda ação tem um
reação, e toda causa tem um efeito. Nossos atos têm consequências e devemos responder
por eles. Assim, dependendo do que fazemos na vida presente, encontraremos uma reação
correspondente em um futuro imediato ou distante. Começa aí o papel de Deus em nossa
modelagem. Através das diversas Leis que regem o Universo, Deus trabalha moldando as
pessoas, oferecendo constantemente oportunidades de aprendizado e aprimoramento. Isso
não anula de forma alguma a Lei do Livre Arbítrio, através da qual temos sempre a opção
de escolher o caminho que quisermos, até mesmo o de chegar ao ponto extremo e raro de
sermos considerados como causa perdida.
Através da Lei de Causa e Efeito, verdadeiras boas ações e bons pensamentos
geram efeitos positivos. Maus pensamentos e ações geram seus efeitos correspondentes. O
processo é bastante dinâmico, porém, nem sempre conseguimos discernir boas de más
ações pois, embora seja paradoxal, existe sempre um bem oculto em todo mal. A razão
dessa dificuldade de discernimento é que, com o passar dos séculos, o acúmulo de ações e
reações geraram uma verdadeira trama de karmas que devem ser saldados no momento e
medida exatos, independentemente se a pessoa acredita nisso ou não. Karmas que estão
para serem colhidos surgem na nossa vida das mais diversas formas: ao nascermos para a
vida física, recebemos um corpo determinado; nascemos em uma especificada família, em
época determinada, no local e nas condições perfeitas para que tenhamos os meios dos
quais necessitaremos para o pagamento ou usufruto de nosso(s) karma(s). À medida que
vamos crescendo, vamos tendo a chance de saldar karmas maduros, bem como poderemos
incorrer na criação de novos.
Sendo assim, o karma nada mais é do que uma oportunidade de aprendizado. É o
mecanismo pelo qual nos deparamos com um obstáculo que nos obriga a repensar nossa
trajetória. A expectativa Divina é de que mudemos em direção ao aprimoramento. Porém,
se essa mudança não ocorrer na direção correta, com certeza teremos nova chance mais
adiante. O que conta não é quantas vezes erramos ou quanto tempo levamos para
aprender, mas, sim, o que finalmente aprendemos em si.
Porém, o aprendizado se torna mais fácil e rápido quando damos “permissão” a
Deus para que Ele nos modele. Essa permissão significa “colocarmos nossa vida à
disposição de Deus”. Isso não quer dizer que assumiremos uma postura de passividade
absoluta, onde passamos a crer que tudo “cairá do céu”, ou que não somos responsáveis
por nossos atos ou destino. Pelo contrário: quanto mais ativa nossa participação, mais
rápida será nossa evolução. “Deus coloca diante de nós a estrada, mas o trabalho de
caminhar é nosso!”.
Permitir ser modelado incorre em aceitar os testes aos quais seremos submetidos.
Esses testes colocarão em prova nossas virtudes, nosso conhecimento sobre a Sabedoria
Divina, e nossa fé. Portanto, é preciso saber que tanto as dificuldades como as bem-
aventuranças são oportunidades de aprendizado e que devem ser benditas e agradecidas! É
certo que há situações em que se torna quase impossível para a mente humana, no atual
estágio de desenvolvimento espiritual em que nos encontramos, compreender como é
possível alguém nascer ou estar em determinadas condições aonde a dor e a privação vão
além de qualquer limite imaginável, e qual seria o bem oculto nisso. Contudo, mesmo
assim, as Leis de Deus se aplicam. Devemos lembrar sempre de que nenhuma prova é
maior que a capacidade de cada um em superá-la.
A permissão para a “modelagem” é ratificada à medida que nos desapegamos das
coisas terrenas, sejam elas bem materiais ou pessoas, e mantemos nosso foco nas questões
Divinas. Isso não quer dizer que devemos nos tornar alienados ao mundo material ou,
então, que não nos importaremos mais com as pessoas que nos rodeiam. Pelo contrário, a
responsabilidade se torna maior, pois há que se saber que tudo o que temos nos foi
emprestado por Deus. Tudo o que temos são como instrumentos fornecidos por Ele para
que possamos dar prosseguimento a nossa caminhada.
Da mesma forma, como parte da permissão para apressar o processo de
“modelagem”, é trabalho nosso buscar o conhecimento a respeito da Sabedoria Divina.
Além disso, é necessário exercitar esses conhecimentos em nosso dia-a-dia. De nada
adianta ter o conhecimento e não empregá-lo. Seria como “acender uma lâmpada e colocá-
la debaixo de uma tigela; é preciso colocá-la em um lugar onde a luz se propague e
ilumine todo o ambiente”. É preciso, assim, colocar o conhecimento adquirido em prática,
através de atos, palavras e pensamentos.
A busca pelo crescimento e aperfeiçoamento físico, mental e espiritual depende do
esforço de cada um. Por isso, estudamos, trabalhamos, nos alimentamos, nos
relacionamos, nos emocionamos, etc., como forma de coletarmos experiências que irão
servir em nosso desenvolvimento. Porém, quando esse esforço é direcionado de maneira
correta, ou seja, apoiado na Sabedoria Divina, o progresso físico, mental e espiritual é
recompensado por certo. Não necessariamente essa recompensa vem em forma material
(se assim o fosse, o necessário desapego aos bens materiais não faria sentido), mas, por
certo, vem como capacidade de conhecer e compreender a própria Sabedoria. Qual a
vantagem disso? É a real felicidade, o verdadeiro estado de paz de espírito, o amor puro e
sublime, a consciência cósmica; a verdadeira liberdade, onde já não existe sofrimento,
pois não somos mais atados a nenhum sentimento de posse, vaidade, egoísmo, orgulho ou
ganância. Tornamo-nos instrumentos de manifestação da Luz, da Graça e da Beleza de
Deus. O caminho para se chegar a esse estado não é tarefa fácil, pois requer devoção,
abnegação, disciplina, amor e fé; exercícios diários de compaixão, humildade e sentimento
de gratidão para com Deus, mesmo nas horas mais difíceis. Porém, o prêmio é
compensador, ao ponto de ser praticamente impossível a sua transcrição em palavras.
Somente aqueles que acreditaram e se dedicaram à Senda conhecem o significado dessa
vitória.
Wilson Pailo, 15 de março de 2010.
INTRODUÇÃO
Este livro busca apresentar, em forma de poemas e reflexões, um pequeníssimo
fragmento do vasto universo que envolve a Sabedoria Divina. Acreditamos que esta obra
poderá ser de proveito tanto ao principiante quanto ao leitor de conhecimento
aprofundado.
De forma alguma é intenção do autor esgotar tal assunto, nem se ocupa este em
buscar suporte em outras referências literárias. O leitor poderá notar que cada poema é
acompanhado de uma explicação de seu significado, de acordo com as palavras do próprio
autor. Em alguns casos, é feita uma correlação com passagens Bíblicas, uma vez que
sentimos ter sido oportuno traçado de um paralelo. Porém, acreditamos que para muitos
essas explicações são opcionais, uma vez que os próprios poemas poderão ser
suficientemente elucidativos. Além disso, não nos consideramos detentores de todo o
conhecimento necessário para o aprofundamento em cada questão. Porém, cremos ser este
livro uma oportunidade em colaborar com o estudo e entendimento dos assuntos de Deus.
O poema Passo a Passo é o tronco desta obra, uma vez que descreve de modo geral
os passos para se chegar á Sabedoria Divina. Os demais poemas são complementos, mas
nem por isso de importância diminuída. Conforme o leitor irá notar, muitas vezes as
explicações são de certo modo repetitivas. A razão para isso é que não é uma tarefa fácil a
separação completa dos assuntos dada o grande inter-relacionamento entre eles.
Alguns desses poemas representam um vasto conhecimento extremamente
condensado, porém, de relativamente simples leitura e entendimento. Como sugestão,
esses poemas podem ser usados como referência em situações do dia-a-dia, onde a leitura
e declamação de cada um deles podem auxiliar no entendimento do Conhecimento Divino
e na criação de hábitos que contribuirão para uma vida verdadeiramente feliz.
PASSO A PASSO
Passo a passo
Sobre uma tênue linha
Assim é a vida
De quem com Deus caminha
A estrada é estreita
E pisar em falso é fácil
Pois a cada instante
Tu podes estar diante
De uma outra trilha
Ou variante
Que te levará em um rumo
Tal como um barco errante
Mas que a volta existe
Pois a qualquer momento
Tu podes demarcar um ponto
E recomeçar o seguimento
A jornada inicia
Por uma escolha tua
Deixarás para trás
Tudo o que possuas
Pois, em cada etapa
De teu aprendizado
O que tu necessitares
A ti te será dado
E não estarás sozinho
Pois terás a teu lado
A presença do Mestre
Por quem serás guiado
Mas, se acaso sentires
O chão ausente
E receberes o convite
Para seguir em frente
Podes estar seguro
E avançar confiante
Pois estarás em prova
De o quanto tu és crente
E passado o teste
Perceberás então
Que cruzaste uma ponte
Que não se via o vão
E assim continuarás
Embora em mesmo caminho
A seguir teu traço
Nobre peregrino
Que busca a verdade
Como teu destino
Porém, um degrau acima
Nessa longa estrada
Que te leva ao topo
Como suave escada
Onde não importa o tempo
Ou quanto percorreste
Mas, sim, a chegada
E o que aprendeste
E ao chegares, enfim
No cume da escalada
Receberás, então
Os louros da empreitada
E entenderás, por fim
De tudo isso a razão
Que apesar de estares
Na altura mais elevada
Sentir-te-ás, assim
Como um grão de mostarda
Pois, embora sejas
A menor semente
Conterás o universo
Em teu consciente.
Wilson Pailo,
Novembro 2008.
REFLEXÕES SOBRE O POEMA “PASSO A PASSO”
Este poema foi inspirado por uma pessoa de uma beleza exuberante. Ao observar
sua trajetória em busca de Deus, percebi que a vida de quem com Deus caminha pode ser
comparada à arte de um equilibrista. Um exímio equilibrista que hoje caminha em uma
corda bamba com tamanha destreza, um dia também teve que aprender a dar seus
primeiros passos. Quantas vezes não teve ele que se levantar das incontáveis quedas, até
que um dia ele já não necessitou mais da rede de proteção e nem mesmo da ajuda de uma
haste para equilibrar-se? Quantas vezes pessoas apontaram para ele e remeteram suas
críticas e questionamentos a respeito de seus objetivos e métodos? Porém, quantas dessas
mesmas pessoas hoje não se admiram com as habilidades por ele adquiridas? Do mesmo
modo, conhecer a Deus requer abnegação, trabalho, perseverança, e incorre em erros e
acertos. Buscar a Sabedoria Divina não nos faz perfeitos da noite para o dia. É uma longa
trilha, a qual não há outro modo de percorrer a não ser passo a passo.
Observe que o texto do poema foi escrito propositalmente com as letras diminuindo
de tamanho à medida que avançamos a leitura. Assim é o que acontece com nossa
personalidade (ou nosso “eu”) à medida que evoluímos espiritualmente: ela (nossa
personalidade) torna-se “menor”. Em contrapartida, nossa consciência espiritual se
expande. Diminuímos gradativamente a preocupação com o “eu” e passamos a nos
preocupar com o todo. Aprimoramos, assim, nossa capacidade cognitiva, de modo que
nossa consciência torna-se capaz de assimilar e entender cada vez com maior clareza as
Leis que regem o Universo. Somos paulatinamente elevados a um patamar onde, apesar de
estarmos conscientes de nosso avanço, percebemos que não somos nem superiores nem
inferiores a nenhum outro ser humano. Passamos, sim, a ter a sensação de que somos, na
verdade, “o menor dos grãos de areia de uma praia”; porém, ao mesmo tempo, somos
capazes de conter em nós mesmos todo conhecimento do Universo.
Portando, desenvolver-se espiritualmente envolve um processo paradoxal:
necessitamos de “encolhimento” para que possamos nos “expandir”. E, um dos principais
exercícios que devem ser praticados para que esse processo de encolhimento ocorra é o
desapego. Para tornar-se “maior”, é preciso primeiro “perder”: necessitamos perder
nossos apegos, nosso orgulho, nossas preocupações, nossa vaidade, medos, egoísmo,
avareza, preguiça, inveja, ganância, arrogância, etc., e exercitarmos nossa compaixão,
amor e altruísmo. Através do desapego e da perda, esvaziamos nosso consciente de nossas
preocupações e opiniões, abrindo espaço para recebermos o verdadeiro conhecimento, a
Sabedoria Divina.
A título de ilustração, imaginemos que somos o referido equilibrista a caminhar
sobre uma corda bamba. A corda representa o caminho da vida e, devido às proporções de
tamanho entre o equilibrista e o diâmetro da corda, percebe-se que caminhamos por uma
linha bastante estreita. Torna-se, assim, muito fácil pisarmos fora do caminho e,
consequentemente, cairmos. Contudo, imaginemos que, mantendo-se as dimensões da
corda constantes, vamos paulatinamente diminuindo o nosso próprio tamanho até que nos
transformemos em um ponto extremamente diminuto. Podemos observar agora que a
corda, que antes era uma tênue linha, passou a ser uma larga avenida. A nossa caminhada
torna-se, deste modo, muito mais fácil e segura. É somente pela diminuição de tamanho de
nosso “eu” que conseguiremos “passar pelo buraco da agulha”. Recomendamos que o
leitor faça a seguinte experiência: feche os olhos e imagine a si mesmo. Tente imaginar-se
diminuindo de tamanho; veja a menor dimensão a que você consegue chegar. Repita essa
experiência de tempos em tempos e observe se você obteve algum progresso. Quando
estiver bastante “pequeno”, imagine-se caminhando sobre uma corda estirada. Agora,
substitua a corda pelo fio de uma navalha e repita o mesmo processo de “encolhimento”.
Outro ponto que merece esclarecimentos é o fato de que o crescimento espiritual
está relacionado ao retorno de nossa personalidade ao estado puro inicial (porém,
acrescido das experiências que pudemos colher ao longo de nossas vidas). Lembremo-nos
de que nossa personalidade (formada gradualmente desde o princípio da criação da raça
humana) é “envolta” hoje por diferentes “filtros” ou “lentes”. Estes “filtros” foram
construídos ao longo de uma sequência de encarnações e reencarnações, graças as nossas
experiências e à liberdade que nos foi dada em conduzir nossas vidas de acordo com
nossas vontades (a esta liberdade chamamos de Livre Arbítrio). O Livre Arbítrio
representa a “separação” entre nossa personalidade e a Divindade pura (a qual chamamos
de Mônada ou Centelha Divina, que é uma pequena parte de Deus, permanente em cada
um de nós, feita à Sua imagem e semelhança; porém, nossa consciência ainda não está
desperta nesse nível, por isso a “separação”; por isso, também, dizer que “o Reino de Deus
está próximo” é uma verdade, pois se a Mônada é uma parte do próprio Deus dentro de
nós, ele está realmente próximo; cabe a nós o trabalho de, através do crescimento
espiritual, fazê-lo aflorar em nossa vida, ou seja, “vir a nós o Vosso Reino”). O Livre
Arbítrio está relacionado, também, ao conceito de “pecado original”.
Através desses referidos filtros, vemos, percebemos e interagimos com o mundo e
com o universo. O trabalho de evolução espiritual promove a eliminação gradual de cada
um desses filtros. Cada vez que eliminamos um filtro, damos um passo em direção à
Mônada, à Verdade, até que, um dia, chegaremos novamente a um estado de consciência
de nível equiparável com o estado puro inicial.
Passemos à explanação do poema, ao longo da qual voltaremos a dar mais
esclarecimentos a muitos dos pontos mencionados anteriormente.
Passo a passo, sobre uma tênue linha,
assim é a vida, de quem com Deus caminha...
A estrada é estreita, e pisar em falso é fácil
Pois a cada instante, tu podes estar diante
De uma outra trilha, ou variante
Que te lavará em um rumo, tal como um barco errante
Mas, que a volta existe, pois em qualquer momento
Podes demarcar um ponto, e recomeçar o seguimento
Como já dito, o processo de crescimento espiritual é feito passo a passo.
“Ninguém dorme pagão e acorda santo!”. Lembremo-nos de que não somos pecadores,
mas, sim, aprendizes. Aprender não é uma tarefa fácil. Requer disciplina, determinação e
abnegação. E, inevitavelmente, incorreremos em erros e acertos.
... quem com Deus caminha... Significa mantermos nossa mente voltada à vontade
de acertar, de descobrir a Verdade, de progredir física, mental e espiritualmente para o
bem; de aprender e de saber que existe algo superior que é detentor dessa Sabedoria e
Verdade Absoluta; de ter o bem como meta principal; de pensar no bem coletivo, no
altruísmo e progresso geral da humanidade.
Acertar sempre não é fácil, pois caminhamos sobre uma tênue linha, uma estrada
estreita. Tomamos decisões com base naquilo que temos em mãos: conhecimentos
acumulados, nossa “lógica” de raciocínio, nossos objetivos, nosso modo de ver e perceber
o mundo (afinal, vemos tudo através de nossos “filtros”). Por isso, nosso julgamento é
passível de erros e falhas. Temos, ainda, o Livre Arbítrio (outra trilha ou variante), que
nos oferece opções de escolha daquilo que acharmos ser mais conveniente ou “correto”
em nossa trajetória.
Há momentos em que nos deparamos com opções que nos parecem igualmente
corretas, ou ainda, deixamo-nos levar por nossas vontades baseadas em orgulho, vaidade,
ganância, egoísmo, arrogância, etc. Seja por ignorância de não saber discernir entre o certo
e o errado ou por decisão deliberada em seguir determinado caminho, as escolhas que
fizermos, mais tarde, sempre nos trarão consequências oportunas ao aprendizado. Desse
modo, consciente ou inconscientemente, somos responsáveis por nossas decisões, e
estamos sujeitos à Lei de Causa e Efeito que, juntamente com o Livre Arbítrio, torna-nos
“senhores e servos de nosso próprio destino”. Porém, um dia poderemos chegar à
conclusão de que tomamos o caminho errado e que perdemos, assim, nosso rumo.
Contudo, sempre temos a chance de recomeçar o seguimento. Temos o poder de decisão
de parar de caminhar em um sentido e mudar de direção. O retorno começa pelo
reconhecimento de nossos erros, seguido pelo arrependimento. Isso é um ato que requer
humildade e coragem. É importante sentir-se responsável por nossos atos, porém, sem que
nos deixemos tomar pelo sentimento de culpa. É preciso diferenciar responsabilidade de
culpa, pois culpa nos direciona a um sentimento de inferioridade e insignificância, os
quais desencadeiam ainda mais malefícios. Sermos humildes e responsáveis pela
reparação de nossos erros é muito mais proveitoso para si mesmo e para a humanidade.
Consequências de nossos erros haverá certamente, sendo, então, a oportunidade de
exercitarmos nossa humildade, determinação, disciplina e a abnegação. Requer-se
também, um profundo comprometimento e esforço sincero de mudança, uma vez que
necessitaremos provar que somos dignos de confiança outra vez. Para as pessoas ao nosso
redor, o retorno de alguém que estava “perdido” é uma oportunidade para que elas
exercitem o perdão e a compaixão, não fechando as portas ao irmão arrependido através
do julgamento e condenação (lembremo-nos da passagem bíblica do “Filho Pródigo” e de
“Maria Madalena”). Devemos nos regozijar ao ver alguém que decidiu tomar o caminho
de volta. Há que se lutar, também, contra o hábito de usarmos os erros cometidos por
outros como escudo, justificando nossas atitudes e erros pelos erros alheios. Ou, ainda, ao
invés de nos sentirmos felizes, sentimo-nos mal ao ver que, quando aquele que errava
começa buscar o caminho de volta. É quando vemos desvendada nossa hipocrisia.
...a jornada inicia, por uma escolha tua...
Existem diferentes formas de se chegar ao mesmo destino. Cada pessoa tem
Existem diferentes formas de se chegar ao mesmo destino. Cada pessoa tem seu nível ou
estágio atual de desenvolvimento espiritual. Enquanto alguns ainda estão focados em suas
necessidades mais primitivas de sobrevivência, como alimentar-se, vestir-se, socializar-se,
etc., outros buscam conhecer as Leis de Deus e do Universo. Para cada um terá uma hora
apropriada.
Porém, a Jornada inicia a partir do momento em que, declaradamente, “desistimos”
(nos desapegamos) de nós mesmos e nos colocamos à disposição de Deus. Significa que
estamos deliberadamente dando a “permissão” a Deus para que redirecione nossa vida. É
um ato de renúncia a nós mesmos e predisposição para com Deus. Começa, assim, um
processo de transformação em nós. Devemos estar preparados, pois quase sempre teremos
que enfrentar mais desafios que bem-aventuranças, sendo essas dificuldades, na verdade,
oportunidades para superarmos nossas próprias limitações. Estaremos sendo “destruídos”
para, posteriormente, sermos moldados de acordo com um novo projeto. Humildade,
amor, abnegação, devoção e despego devem estar sempre na mente de quem se inicia por
este caminho. É importante acreditarmos piamente que esses desafios vêm para o bem,
agradecermos e louvarmos a Deus, pois tudo representa uma oportunidade.
Porém, no momento em que despertamos nossa ânsia pela busca da Verdade, somos
responsáveis, também, por procurá-la. Somos nós que devemos ter a iniciativa e o trabalho
de buscar o conhecimento. Assim como um garimpeiro escava a terra em busca de algo
precioso, devemos do mesmo modo encarar a busca pela Sabedoria Divina (com a
diferença que não estaremos sendo movidos pela ganância, mas, sim, pelo amor à
Verdade).
Tentar iniciar essa Jornada sem buscar o conhecimento é como iniciarmos uma
viagem a um determinado lugar sem consultarmos nenhuma fonte de informação, um
mapa sequer. É possível que cheguemos ao destino, porém, quantos caminhos
equivocados poderiam ter sido evitados! Há uma grande vantagem para aqueles que
conscientemente buscam o Verdadeiro Conhecimento, pois evitarão muitos trajetos
desnecessários, tarefas árduas de reconstrução e a perda de tempo. Ressaltamos, mais uma
vez, que não se pode iniciar a Jornada tendo como motivação sentimentos de ganância,
vaidade, arrogância, egoísmo ou orgulho. A busca deve ser baseada em amor, compaixão,
humildade e altruísmo, caso contrario incorreremos em mais erros que acertos!
Contudo, deparamo-nos aqui com uma importante questão: aonde buscar o
conhecimento?
O primeiro ponto de busca está em nós mesmos. É o autoquestionamento. Quais são
os nossos fundamentos? Tomamos decisões baseadas em que, altruísmo ou egoísmo,
ganância, avareza ou desapego material? Vaidade? Vingança? Orgulho? Amor?
Compaixão? Qual é o nosso conceito de certo e errado? É importante buscar com
sinceridade as raízes que governam nossos pensamentos e, principalmente, os motivos
pelos quais buscamos o Saber, pois, o acesso à Sabedoria nos é permitido à medida que
elevamos nosso nível moral. Para isso, é preciso estar nos auto-avaliando constantemente
e purificando nossos pensamentos e atos. A purificação inicia pelo reconhecimento de
nossos erros, seguido pela confissão de nossos sentimentos a Deus e pelo arrependimento.
Devemos, também, buscar o sentido nas coisas que vemos e ouvimos, não nos
deixando “acreditar por acreditar” ou acreditar porque faz parte de uma tradição. Devemos
nos manter alertas e não abrir mão do livre pensamento, não nos deixando dominar por
dogmas e pensamentos incutidos em nossas mentes através da simples repetição. É triste
ver que muitas organizações a seitas usam da religiosidade e a boa fé das pessoas como
instrumento de manipulação e controle.
A literatura é outra fonte, onde encontramos conhecimentos e experiências vividas
por outras pessoas. Porém, como mencionamos, manter o pensamento livre é primordial,
de modo que se permitam comparações e compilações daquilo que faz algum sentido para
nós. A leitura “cega”, sem reflexão e questionamento pode ser tão ou mais prejudicial do
que a própria ignorância! É importante, também, aprender a dosar a quantidade de
informação com nossa capacidade de apreensão do conhecimento. Lembremos de que
cada expansão de nosso nível espiritual deve ser acompanhada por uma contrapartida
mental. A busca pelo conhecimento é um caminho de duas vias e o aprendizado requer
tempo. Existe um tempo de “cura” entre a aquisição de um conhecimento e sua
incorporação em nosso modo de ser. Esse intervalo deve ser preenchido pela prática e
exercício, pois, afinal, está corretíssimo o dizer que “o hábito faz o monge”. Há, porém,
que se cuidar para não cairmos na armadilha da hipocrisia, pois o importante é agirmos e
pensarmos por ser esse o nosso modo de ser (e no qual realmente acreditamos), e não por
que simplesmente seguimos parâmetros ditados por uma religião, organização ou seita, ou
por que queremos impressionar a outrem. Devemos realmente ser aquilo que cremos.
A meditação é outro meio de acesso ao conhecimento, através da qual nos
conectamos com nosso “Eu” superior. Contudo, apenas a citaremos como importante
ferramenta, pois não é o objetivo dessa obra entrar em detalhes sobre este assunto.
Lembremos de que a decisão final sobre qualquer assunto é sempre nossa
responsabilidade. Podemos consultar opiniões, livros, meditar a respeito... Mas, no final
de tudo, em qualquer questão, por mais importante ou banal que seja, a melhor resposta
será sempre aquela que nós mesmos concluímos ou que, no “fundo” de nossa consciência,
acreditamos ser a correta.
E, reiterando, nossa busca deve estar fundamentada em razões tão somente de
crescimento espiritual e de glorificação de Deus. É imperativo não utilizar dos
conhecimentos adquiridos para benefício próprio, sejam eles materiais ou intelectuais,
como, por exemplo, os relacionados à ganância, vaidade, poder, etc.
Deixarás para trás tudo o que possuas...
Entender o significado de desapego é, para a maioria de nós, extremamente
confuso. Como seria possível vivermos com obstinação pela vida, porém, sem nos
apegarmos a nada? Seríamos capazes de abrir mão de algo que nos traz tantas alegrias e
“felicidade”? Qual seria a nossa reação ao ver tudo o que construímos em nossa vida
desaparecer diante de nossos olhos (a exemplo da passagem bíblica no livro de Jó)?
A explicação não é fácil, pois o entendimento desse conceito envolve um estado de
espírito. Porém, em linhas simplificadas, desapego não se trata de modo algum
abandonarmos nossa casa, bens, família, negócios, etc., e sairmos vagando pelo mundo em
peregrinação ou nos tornarmos ermitões. Ou, então, deixarmos de ser zelosos pelas coisas
que temos. Refere-se ao desligamento de tudo que nos rodeia, porém, sem perdermos a
noção de responsabilidade. É saber que tudo que é “nosso” está, na verdade, apenas sob
nossos cuidados. Nossa casa, bens etc., são frutos de nosso trabalho, é certo, mas devemos
encará-los como ferramentas que a nós foram confiadas e que auxiliarão em nosso
progresso espiritual, mesmo que amanhã venhamos a perdê-los. Não possuímos nada:
nossos bens são apenas parte dos instrumentos que utilizamos em nossa jornada. Sendo
assim, por exemplo, nossos filhos não nos pertencem, mas sim, foram confiados a nós por
Deus, para que tomássemos conta deles. Por essa ótica percebe-se quão importante é a
tarefa de educar nossos filhos! O mesmo princípio se aplica á esposa ou esposo, parentes,
amigos, à família como um todo, etc.
Quando conseguirmos entender o significado de desapego, entenderemos o
significado de amar a Deus sobre todas as coisas.
Pois a cada etapa de teu aprendizado, o que tu necessitares,
a ti te será dado...
As coisas não caem do céu, mas, sim, são frutos do nosso trabalho! Mas as portas
da vida se abrem ou se fecham de acordo com o que necessitamos aprender. É importante
mantermos o foco no objetivo principal de nossa existência: aprender e evoluir
espiritualmente com base no bem e na devoção a Deus. Sendo assim, os meios propícios
ao nosso aprendizado serão criados. Lembremos que nossa trajetória é controlada através
das Leis Cármicas, e que um Karma nada mais é do que uma oportunidade de
aprendizado. Toda vez que chegamos ao ponto de saldar um Karma, podemos ter o rumo
de nossa vida modificado drasticamente. Por isso, ao invés de lamentarmos o infortúnio,
devemos agradecer a oportunidade.
Cabe aqui esclarecermos o “milagre da multiplicação dos pães”. A multiplicação
dos pães é um estado de espírito. Refere-se ao alimento espiritual, não ao alimento físico
em si (“nem só de pão vive o homem”). Está intimamente relacionado ao desapego. É
sabermos que, uma vez que nos propusemos iniciar a jornada, não importa o tamanho do
desafio que teremos pela frente, sempre encontraremos as condições necessárias e
suficientes para o aprendizado; é o sentimento da presença Divina em nós, o que nos eleva
a um estado de plenitude, paz e extrema harmonia, não importa as condições físicas,
materiais ou emocionais em que nos encontramos. Passamos, assim, a entender
plenamente o significado do “esplendor dos lírios do campo e das aves do céu.”
...e não estarás sozinho, pois terás a teu lado, a presença do Mestre, por quem
serás guiado...
Àqueles que iniciam a busca pelo conhecimento com perseverança e abnegação, é
despertada a atenção de um Mestre que o estará acompanhando. Não necessariamente o
Mestre tem sua presença percebida pelo discípulo, pelo menos de início. É tarefa do
discípulo realizar o trabalho, não do Mestre. Sendo assim, não esperemos que a cada
desafio haja alguém nos dizendo o que fazer. A decisão é nossa, e cabe a nós buscar o
embasamento para decidir que caminho tomar. O Mestre auxilia propiciando as condições
para que seu aprendizado se realize de modo mais efetivo, seja fornecendo-lhe recursos,
propiciando situações ou, mesmo, por meio de pequenos avisos que muitas vezes
confundimos com nossa própria intuição.
...Mas, se acaso sentires, o chão ausente, e receberes o convite, para seguir em
frente, podes estar seguro, e avançar confiante, pois estarás em prova, de o quanto tu és
crente; e passado o teste, perceberás então, que cruzaste ponte, que não se via o vão.
Há momentos em nossa vida que se assemelham a estarmos à beira de um
precipício, onde somos convidados a dar um passo adiante, porém, sem vermos uma ponte
ou algo aonde pisar. Esses momentos ocorrem quando nosso senso comum e convicções
são colocados em cheque. Vemos claramente em nossa frente dois caminhos a escolher:
um é o que a maioria faria, o do senso comum; o outro, é aquele que envolve o
rompimento com o convencional, um passo em direção ao desconhecido. É o confronto
entre “o que todos dizem, inclusive nós mesmos” versus “o que nos é apresentado como
alternativa”. A situação nos desafia a romper com nosso próprio “eu”. Algo nos diz qual é
a resposta correta, porém, optarmos por ela incorre em rompermos com nossas próprias
convicções, crenças e “bom senso”. Somos desafiados a fazer algo aparentemente
impossível, como “caminhar sobre as águas”. Estamos, na verdade, mais uma vez nos
deparando com a questão do desapego. Desapego é um passo importante e decisivo,
porém, nem sempre fácil de ser dado. Temos a tendência de acreditar que “somos aquilo
que somos”, “meus problemas são parte de mim”, minha vida, meus negócios, etc. Por
isso a decisão de desapegarmo-nos de nosso “eu” parece tão dolorosa. Sentir o chão
ausente é o medo de abandonarmos a nós mesmos e recomeçar um novo “eu”. Nossos
conhecimentos ainda não são suficientes para ter uma visão clara daquilo que virá pela
frente caso optemos pelo caminho alternativo. Por não termos todo o conhecimento, nossa
decisão será baseada na fé (torna-se oportuno esclarecermos aqui o significado de “fé”: é
agir com base em algo que ainda não conhecemos ou entendemos, apenas acreditamos;
uma vez revelada a verdade, adquirimos o conhecimento e a sabedoria, não necessitando
mais, assim, da fé.). A questão proposta é: confiamos ou não confiamos no que nos está
sendo ensinado? Temos a coragem de dar esse passo adiante, em direção ao precipício,
onde aparentemente não se pode ver nenhuma ponte? Será possível “caminhar sobre as
águas”? É uma questão de confiança, de acreditar em algo que não compreendemos.
Vemos diante de nós o choque entre a “lógica” e a Verdade. Nesses momentos, buscamos
ajuda na oração, na meditação, na leitura, porém, parece que “Deus virou as costas para
nós”, recusando-se a mostrar-nos qual a resposta correta. Isso acontece por que cabe a nós
decidirmos, é o nosso momento de provarmos o que aprendemos até então, e o quanto
acreditamos nisso. Importante se faz alertar o leitor de que estamos aqui falando sobre
sensação: não estamos de modo algum dizendo para ninguém ir a beira de um abismo e
dar um passo adiante, esperando que nada de mal irá acontecer! A menos que a pessoa
domine plenamente as técnicas de levitação, existem leis da física que darão conta do
trabalho de fazê-lo voltar ao chão! Estamos falando de experiências em nível espiritual!
Mais uma vez devemos analisar os fundamentos os quais usaremos para tomar
nossa decisão: honestidade ou desonestidade; legal ou ético (nem sempre o que é legal é
ético); egoísmo ou altruísmo; arrogância ou humildade; vaidade ou virtude; ganância ou
partilha; e assim por diante.
Quando se decide pelo caminho alternativo, uma vez entrado por ele, se revelará a
ponte ou as pedras que estavam escondidas. Cai, assim, a cortina ou o véu que nos
impedia de ver a Verdade.
E assim continuarás, embora em mesmo caminho, a seguir teu traço, nobre
peregrino, que busca a Verdade, como teu destino; mas, um degrau acima, nessa longa
estrada, que te leva ao topo, como suave escada...
Uma vez quebrada a barreira do medo de perdermos nosso “eu”, vemo-nos em outra
dimensão. Apesar de tudo continuar o mesmo (vida do dia-a-dia, trabalho, tarefas
domésticas, necessidade de alimentar-se, tomar banho, problemas que vão e vêm, etc.), o
que mudou é o nosso ponto de vista a respeito da vida (pois estaremos um degrau acima).
...onde não importa o tempo, ou quanto percorreste, mas sim a chegada, e o que
aprendeste.
Apesar de estarmos preocupados em fazer o certo, nem sempre tomamos a decisão
correta. Devemos entender que teremos sempre consequências de nossas decisões, e que,
mesmo que essas sejam equivocadas, ainda assim representam uma nova chance de
aprendermos. Por isso, não importa quantas vezes erramos ou quanto tempo levamos: o
que vale é a intenção de acertar e o que finalmente aprendemos.
E ao chegar, enfim, no cume da escalada, receberás, então, os louros da
empreitada; e entenderás, por fim, de tudo isso a razão, e que apresar de estares, na
altura mais elevada, sentir-te-ás, assim, como um grão de mostarda, que, embora seja, a
menor semente, conterás o Universo, em teu consciente.
Iniciar-se no Caminho requer crer que existe algo além daquilo que entendemos
hoje por realidade. É acreditar na ideia de libertação de todo e qualquer sentimento de
posse, vaidade, egoísmo, orgulho ou ganância; é a real felicidade. É tornar a nós mesmos
um instrumento de manifestação da Luz de Deus, através de nossos atos e pensamentos. É
trazer nosso consciente de volta à imagem e semelhança do Criador, sem que nos
tornemos por isso melhor do que ninguém. É entender como a oferta de nosso trabalho a
Deus é a nossa própria recompensa (ou seja, amar a Deus sobre todas as coisas!). Deste
modo, embora nos tornemos detentores de todo o Conhecimento do Universo, seremos ao
mesmo tempo “a menor das sementes”, “o menor dos grãos de areia”.
PERFEITO IMPERFEITO
Se o bem sempre traz alegria?!
Basta olhar para a boa intenção
Pois às vezes o que sobra é agonia
De um “bom” gesto, palavra ou ação
Se o mal também traz seu efeito
Onde está seu benefício, então?
Seria ele o perfeito imperfeito?
Qual seria do mal a razão?
Se fizeste tua casa na areia
Por que queres mantê-la, então?
É melhor refazê-la na pedra
Que oferece melhor fundação
Por isso não julgues aos outros
Pois não sabes qual foi a intenção
Protege-te do que não é certo
Mas entendas do mal a lição
Pois, o imperfeito é a chave da porta
Pra chegares até a perfeição
Mas, ver o bem que no mal se oculta
Requer-se de sábia visão
É preciso ter fé no Divino
Há que crer na Lei do Perdão
Pois as pedras que vêm no caminho
Estão lá por alguma razão
Por isso agradece ao espinho
Não reclames nem mesmo da dor
Faz tudo com muito carinho
Coloca em tudo o amor
Tornarás, assim, água em vinho
E no fim deste mesmo raminho
Tu irás encontrar uma flor.
Wilson Pailo
20 de Janeiro de 2010.
REFLEXÕES SOBRE O POEMA
“PERFEITO IMPERFEITO”
Existe sempre um bem oculto em todo mal. Este poema trata de como os momentos
difíceis em nossas vidas são, na verdade, oportunidades de reorientação, aprimoramento
espiritual e superação de nossas limitações. Por isso, chamamos o mal (o “imperfeito”) de
perfeito. Seja ele proveniente de pessoas, seja ele consequência de nossos próprios atos, o
“mal” deve ser visto sempre como oportunidade de exercitarmos o amor, a compaixão e o
perdão. Não quer dizer que não devemos nos proteger daqueles que intencionalmente
desejam de algum modo nos prejudicar (sejamos bons, mas não ao ponto de destruirmos a
nós mesmos!). Referimo-nos às situações da vida em que as coisas acontecem
independentemente de nossa vontade, nosso controle. Às vezes, estamos prevendo uma
situação a qual gostaríamos de evitar, porém, parece que todas as soluções que tentamos
são em vão.
O fato é que, por ainda não sermos perfeitos, estamos sempre “construindo nossa
casa sobre a areia”. Usamos como fundação o apego, o egoísmo, a vaidade, a ganância, a
vingança, a arrogância, o orgulho, a ignorância, etc. Mesmo que uma vida seja construída
com amor e dedicação, ainda assim pode haver resquícios de algum tipo de apego. Assim,
não importa se por bem ou por mal, sempre que colocamos em primeiro lugar algo que
não seja a Deus, estamos passíveis de receber uma oportunidade de aprimoramento. Nosso
foco deve estar no entender que existe um processo de constante “destruição-
reconstrução”, que ocorrerá até que um dia alcancemos a perfeição. Lembremo-nos,
também, do princípio de que nada nos pertence; tudo que temos são instrumentos
colocados à disposição para nosso trabalho e progresso!
Entender “como o mal pode trazer algum bem” é, para a maioria de nós, algo ainda
bastante complexo. Por isso, se por hora não temos condições para compreender esse
paradoxo, devemos nos valer da fé em que as Leis de Deus são perfeitas e que devemos
praticar o perdão, a compaixão e o amor. Coloquemo-nos à disposição da vontade de
Deus, permitindo assim que sejamos “modelados” por Ele, assim como um ceramista
modela a argila.
De qualquer modo, entendendo esse significado ou não, sejamos gratos por tudo
que temos na vida, cada oportunidade, boa ou “ruim”. Concentremo-nos no momento
presente com amor e dedicação, e no fato de que “nenhuma prova é maior do que aquilo
que somos capazes de suportar”. E entendamos que nossos problemas são apenas um
pequeno raminho comparado à árvore majestosa que forma a grandiosidade do Universo e
a Sabedoria Divina. E, se seguirmos esse “raminho”, com amor e abnegação, até a sua
extremidade, por certo encontraremos lá uma flor – o nosso crescimento espiritual.
DOCE NAUFRÁGIO
Sonho após sonho
Eu vi naufragar
Nesse mar de ilusões
Eu não soube nadar
Quais pesados grilhões
Atados em mim
Os sonhos que eu tinha
Levavam-me ao fim
Sonhar não é errado
O que é errado, sim
É a razão por que sonhamos
O que nos move, enfim
Por querer tanto ouro
Fiz meu barco pesar
Foi assim que a ganância
Me fez afundar
A vingança e o rancor
Eram pedras que eu trazia
E, por mais que nadasse
Mais ao fundo eu ia
Com braçadas bem largas
Nadei com orgulho
Mas, acabei encoberto
Por ondas e entulho
A arrogância me fez
Crer que eu era capaz
De navegar pelo mundo
Já sabendo de tudo
Sem olhar para trás
Pelo meu egoísmo
Socorro eu neguei
A quem se afogava
A mão eu fechei
E por esse motivo
Também me afoguei
A vaidade me fez
Trocar os pés pelas mãos
Perdi o compasso,
A vela e o timão
Como barco sem leme
No mar eu fiquei
No primeiro rochedo
Bati e quebrei
Após tantos desastres
Resolvi não sonhar
Despi-me de meus sonhos
E atirei-me ao mar
Ao sabor das marés
Deixei-me levar
Sem destino ao certo
Sem mapa ou certeza
O mar que me mostra
Aonde chegar
Hoje sinto em minha alma
Que fiz-me parte do mar
E, mesmo sendo uma gota
Eu me faço contar
Pois, se um segundo faz um ano
Eu - um oceano
E qual em ponto e reponto
Ganho e perco terreno
Se hoje estou eu revolto
Amanhã sou sereno
Comparado a mim,
O meu sonho é pequeno
Das pedras que encontro
As abraço primeiro
E com incontáveis afagos
As transformo por inteiro
E, assim, vou seguindo
Em quão doce peleia
Onde eu continuo água
Mas, a pedra...
Vira areia
Mas, um grãozinho que tiro
É a minha felicidade
Pois, com muito carinho
Mais cedo ou mais tarde
Vou fazendo uma praia
Pra poder, na verdade
Ver a mais bela sereia
Quão linda beldade!
Deitar-se na areia
Onde venho depois
Passear em seu corpo
Num encontro a dois
E, por fim, nessa hora
Minha alma se extasia
Pois, meu sonho de amor
Só assim se sacia.
Wilson Pailo
Outubro 2008.
REFLEXÕES SOBRE O POEMA
“DOCE NAUFRÁGIO”
Após ver um a um de meus planos para a vida, meus sonhos e realizações se
esvanecerem diante de mim devido a diversas circunstâncias, eu fiz as seguintes perguntas
a mim mesmo: o que estou fazendo de errado? Por que todos os sonhos que tive até agora
em minha vida não se realizaram? Eu trabalhei tão duro, pensando em estar fazendo o
correto, para quê? Apesar de que supostamente eu deveria estar tomado por um
sentimento de frustração total, lembro-me que ao fazer essas perguntas uma paz serena
tomava conta de mim. A resposta para minhas perguntas veio em forma deste poema.
Todos nós temos sonhos. Sonhar faz parte da vida. É difícil viver sem ter um sonho.
Muitos desses sonhos se realizam, muitos não. Muitas pessoas conseguem alcançar seus
objetivos, enquanto outras parecem ver seus sonhos cada vez mais distantes. Há aqueles
que parecem tratar a vida com extrema objetividade, hierarquizando com precisão o que
lhes é primordial e o que é secundário, enquanto outros vivem em um mundo de ilusões. É
importante sabermos diferenciar sonho de ilusão: enquanto o sonho é algo atingível,
viável, a ilusão envolve engano, ignorância e falta de compreensão da realidade. Porém,
uma coisa é verdade: entre um sonho e a realidade existe o trabalho; entre a ilusão e a
realidade existe o devaneio.
Neste poema referimo-nos a sonhos e ilusões quase que como sinônimos. O motivo
é que, independentemente se nosso sonho é viável ou não, o mais importante é em que
esse sonho é fundamentado, ou seja, a razão pela qual sonhamos.
Felizes são aqueles que perseguem seus sonhos com o coração puro, com desapego
ao material, fazendo as coisas por amor ao certo e ao que é justo, não importando a quem.
Felizes são aqueles que não fundamentam seus sonhos na ambição, na ganância, no
egoísmo, no orgulho, na vaidade e na arrogância, pois, assim fazendo, não correm o risco
de transformarem seus sonhos em seus próprios cárceres. Felizes são aqueles que
conseguem entender que seus sonhos não são eles próprios, pois assim, não tornarão seus
sonhos maiores que a si mesmos (“sonhar, mas conservar-te acima de teu sonho!”).
Felizes são aqueles que buscam seus objetivos com perseverança e determinação, porém,
são capazes de manterem-se erguidos mesmo vendo todo o trabalho perdido.
Há momentos que necessitamos “libertar a quem nos prende”, ou seja, abrir mão de
nossos sonhos antes que eles nos levem à destruição. Por isso devemos procurar pela
Verdade, o Conhecimento Divino, para que, quando escolhermos nossos sonhos,
tenhamos condições de evitar o trabalho em vão, as ilusões e os devaneios. Procurar saber
o que é certo aos olhos de Deus, pois, nem sempre, o que é certo perante as leis do
homem, é certo perante Deus. Fazendo isso, estaremos evitando “construir nossas casas
sobre a areia”.
É preciso coragem para abandonar nossos sonhos, pois quase sempre acabamos por
confundir nossos sonhos com nós mesmos. Há que se entender que existe uma corrente,
uma força que governa o Universo, e que, apesar de sermos “senhores e servos de nosso
próprio destino”, essa força nos direciona ao aprimoramento, à perfeição. Assim como que
se quiséssemos atravessar um rio caudaloso, é muito mais fácil atravessá-lo nadando a
favor da correnteza, chegando-se ao outro lado em um ponto rio abaixo, do que nadar em
linha reta tentando a distância mais curta entre as margens. Nem sempre o caminho mais
curto é o mais rápido!
É preciso compreender que a vida é feita de altos e baixos, que nós oscilamos entre
o positivo e o negativo, assim como as marés o fazem. Por isso, teremos épocas de
abundância e épocas de escassez, épocas de alegria e épocas de tristeza, de bons e de maus
momentos. Se hoje lutamos bravamente para atravessar o rio caudaloso, amanhã estamos
com nossos pés em terra firme e segura. Por isso, nossos sonhos e realizações muitas
vezes vêm e vão. Essa oscilação nos faz mover, mudar, buscar o crescimento. Se não
existisse o negativo, não necessitaríamos nos mover para nada. É preciso que haja essa
oscilação para que possamos evoluir. Se pensarmos assim, chegaremos à conclusão de que
não existe o mal, somente o bem. O mal vem para bem, para fazer com que nos movamos,
que aprendamos.
É preciso compreender, também, que todos nós fazemos parte de um grande plano
que governa todo o Universo, e que cada um de nós tem um papel importante na
consecução desse plano. Assim como cada segundo é essencial na formação de um
minuto, uma hora, um ano, e assim por diante, somos também nós importantes no Plano
do Universo.
Embora ainda não sejamos capazes de compreender todas as leis que regem a vida,
o amor e a compaixão devem ser o fundamento de nossas ações. Através deles, passamos
a ver o mundo sob uma diferente ótica: ao invés de vermos alguém como um tirano,
enxergamos, sim, uma alma caída, merecedora de piedade. É nosso dever nos protegermos
contra a tirania, porém, já não somos capazes de alimentar nenhum sentimento de ódio ou
vingança, de modo que não iremos nos tornar iguais àquele que nos ameaça. E, tendo isso
como modo de pensar e agir, seremos capazes de, aos poucos, mostrar àqueles que nos
ofendem a outra face, a outra face da vida!
Observemos o trabalho paciente que a água do mar faz ao bater em uma
pedra. Apesar de esta ser áspera e muito mais dura que a própria água, com o passar do
tempo acaba por mudar de forma e, até mesmo, deixar de existir, transformando-se em
areia. De forma análoga, de grãozinho em grãozinho, construiremos nossa praia, ou seja,
estaremos nos preparando para o nosso encontro com a perfeição, o reencontro com nossa
própria Mônada, o Reino de Deus, a real Felicidade.
EU
Se tu queres saber quem eu sou
A mim me pergunto também
No momento tu vês o que estou
Mas desejo ir muito além
Já não creio naquilo que eu era
Mas naquilo que eu quero ser
Não ando em compasso de espera
Pois eu tenho um mundo a correr
A minha ambição é singela
A minha ganância é crescer
Meu rumo quem mostra é a vela
Meu leme é o que devo aprender
Não carrego comigo bagagem
Assim, nada tenho a perder
O que levo é só de passagem
O que trago é um pequeno saber
Sei que já percorri muitas milhas
Sei que há muitas por percorrer
Mas antes do fim dessa trilha
O certo é o que espero fazer
Agradeço a cada momento
Não guardo nem mágoa ou revolta
Pois na vida a vitória ou o lamento
Como um dia e uma noite é uma volta
Fazem parte de um ensinamento
Mas, daqui minha marcha eu prossigo
Vou seguir meu caminho outra vez
Deixo um forte abraço ao amigo
Desejo boa sorte a vocês
Que Deus esteja sempre contigo
E que a fé que tenho comigo
Em ti se multiplique por três
Ándale pues.
Wilson Pailo
5 de Novembro de 2009.
REFLEXÕES SOBRE O POEMA “EU”
“Eu” Pelo nome dado ao poema, “Eu” não se refere ao autor, mas, sim, a qualquer
pessoa que venha a ler esse título. Ao seguir, então, sua leitura, descreve-se o que o autor
acredita ser, em termos bastante sucintos, as linhas que guiam, ou deveriam guiar, cada ser
humano:
Questionar quem somos;
Entender que estamos em constante transformação, por isso, não somos: estamos;
Que não há limite aonde podemos chegar (Deus é infinito);
A dinamicidade da vida, por isso, não devemos viver apegados ao passado;
devemos entender quem somos e projetarmos o futuro;
Não nos deixarmos acomodar, pois há muito que conhecer e aprender. Nós nos
tornamos velhos o dia em que achamos que sabemos de tudo!
Ter ambição pela vida, porém, por ser esta uma oportunidade de aprendizagem;
Ganância pelo crescimento espiritual;
Ao mesmo tempo em que criamos nosso próprio destino, estamos condicionados a
ele (somos senhores e servos de nosso próprio destino); por isso, apesar de
manipularmos a vela de nosso barco, o barco como um todo se move por que há
vento, e o vento segue uma só direção à qual estamos sujeitos;
As situações (obstáculos) da vida nos proporcionam oportunidades de aprendizado;
por isso devemos manter nosso leme voltado ao aprendizado;
Não devemos “carregar bagagens”, ou seja, nos apegarmos a nada (material e
emocional). Devemos encarar o que temos como instrumentos sob nossa
responsabilidade, pelos quais devemos zelar com amor e abnegação. Porém,
entendamos que não possuímos nada, nada nos pertence. Sendo assim, não se pode
perder o que não é nosso;
As coisas são temporárias, dinâmicas e em constante transição;
Por mais que conheçamos, ainda assim nosso conhecimento é pequeno comparado
ao Universo; por isso, há que se manter a humildade e a vontade de aprender;
Ter vontade de acertar, de fazer o bem;
Agradecer e louvar a Deus a cada momento, seja este bom ou ruim, pois tudo vem
para o bem; entender que o bem e o mal fazem parte de uma mesma moeda, de um
mesmo ensinamento;
Prosseguir em sua marcha, ou seja, significa não acomodar-se, continuar sempre em
busca de seu aperfeiçoamento físico, mental e espiritual, com passos firmes e
determinação;
Um forte abraço nos mantém conectados com as pessoas com quem nos
relacionamos. Mesmo que estejamos distantes fisicamente, manteremos a conexão,
porém, sem o sentimento de posse;
Desejo sincero de que cada um seja feliz em sua busca;
Que a luz de Deus acompanhe a cada um, provendo sabedoria, paz e harmonia;
Seja firme na crença de que as Leis de Deus são perfeitas, mesmo que por hora não
tenhamos capacidade de compreendê-las; por isso nos valemos da fé. Ándale pues,
ou seja, coloque isso em prática!
MINHA JANELA
De minha janela
Vi a vida passar
Vi o sol se por
Vi estrelas no céu
Vi a lua brilhar
Vi a cidade dormir
Vi a chuva molhar
Vi a flor se abrir
Vi a terra secar
Vi a folha cair
Vi o dia raiar
Vi a menina sorrir
Vi um brilho no olhar
Vi um menino a correr
Vi uma pipa no ar
Vi um amigo partir
Vi uma mão acenar
Vi o verão acabando
Vi o inverno gelar
Vi um cachorro latir
Vi o bem-te-vi a cantar
Vi o silêncio ruir
Vi o vento soprar
Vi um casal namorando
Vi a vizinha espiando
Vi um pai esperando
Vi uma filha chegar
Vi uma criança nascer
Vi uma luz se apagar
Vi uma vela acender
Vi uma mãe a rezar
Vi o tempo passando
Vi o mundo a girar
Vi você se mostrando
Vi você se guardar
Vi você ir
Vi você voltar
Que linda aquarela!
A vida é tão bela!
Se um dia eu pudera
Uma tela pintar!
Mas, um dia mudei-me
Fui pra outro lugar
E a minha janela...
Eu trouxe comigo.
Wilson Pailo
Lavras, MG, Março de 1994.
Re-editado em 6 de Novembro de 2009.
REFLEXÕES SOBRE O POEMA “MINHA JANELA”
Este trabalho foi inspirado durante o período de 1991 a 1994, quando então eu era
estudante de pós-graduação em Lavras, Minas Gerais. Da janela de meu quarto eu podia
ver a rua e parte da cidade, uma vez que eu morava em um bairro situado em uma região
mais elevada. Eu gostava de manter a janela toda aberta, mesmo nos dias de frio, para que
o ar fresco pudesse entrar. De dia, durante meus estudos, às vezes parava para observar o
movimento na rua. Muitas pessoas da vizinhança passavam por ali, pois a rua dava acesso
a uma avenida. Havia uma vizinha, uma menina de cerca de quatorze anos de idade, que
sempre que passava pela rua olhava para mim e sorria. Um dia, ela trouxe um caderno de
recordações para que eu escrevesse algo. Foi aí que surgiu a primeira versão de “Minha
Janela”, na qual ela era a menina que eu via “ir e voltar”.
Durante as várias noites que passei em claro estudando, às vezes ia até a janela e
observava a cidade “a dormir”. Recordo-me do silêncio da noite (pois a cidade, naquela
época, não era muito grande: tinha cerca de sessenta mil habitantes), e das poucas luzes
acesas que podiam ser vistas nas casas ao longe. Observava, também, as estrelas e a lua no
céu. Após esses poucos minutos de relaxamento, voltava, então, aos estudos.
Lembro-me de pequenos momentos que vi no dia-a-dia da vida da rua; crianças a
empinar pipas, compadres e comadres que paravam no meio da rua para conversar; o
cachorrinho que gostava de latir e correr pela rua à uma hora da manhã de segunda feira; o
velório do vizinho; a família que morava do outro lado da rua, cuja filha casou-se aos
quinze anos de idade, com o namorado de dezessete; o bebezinho que nasceu seis meses
depois do casamento da menina; o desgosto de um pai sendo substituído pela alegria de
um avô; o leiteiro que percorria as ruas a cavalo, vendendo o leite de porta em porta; as
três roseiras plantadas no pequeno canteiro de flores na frente de minha casa; o amigo que
partiu; as “Ave Marias” que todos os dias tocavam no alto-falante da torre da igreja às seis
horas da tarde; a menina bonita que um dia quase me atropelou com sua bicicleta, e que,
quinze anos depois, foi a inspiração do poema que dá o nome a este livro.
Muitas doces lembranças, muitos doces momentos, alguns momentos tristes. Mas,
todos, momentos da vida. Talvez, a mesma paisagem vista de outras janelas não pareça tão
doce assim. É que cada um de nós pode ver as coisas sob uma diferente ótica. O que é uma
rotina sem graça para uns, pode significar a beleza e Graça de Deus para outros. Porém,
pelo modo de enxergar as coisas nos tornamos capazes de transformar água em vinho.
Nossos olhos são nossas janelas; mas, nossa alma é que traduz aquilo que vemos.
FELICIDADE
Onde está a felicidade?
Procurei-a por tempo e em vão
Talvez nem mesmo sabia
Se ela existia ou não
Procurei-a em minha infância
Nas doces recordações
Mas com o tempo e a distância
Não passaram de ilusões
Procurei então em lugares
Nas ruas, no trabalho, nos bares
Subi até as montanhas
Desci por esguias entranhas
Nos confins da Terra cheguei
Mas nada por lá encontrei
Procurei então na riqueza
Tive carros, barcos, mansões
Vivi rodeado de amigos
Em festas e reuniões
Mas um dia o dinheiro acabou
De repente sozinho fiquei
Felicidade ali não estava
Nas coisas nas quais confiei
Procurei então companhia
De uma linda e encantadora mulher
Mas um dia ela se foi
Sumiu com um outro qualquer
Fui atrás, então, de magia
Poções e feitiçaria
Mas, quando vi minha alma em prisão
Minha vida estava vazia
Felicidade ali não havia
Coloquei minha busca em questão
Já tinha até desistido
Maltrapilho, cansado, ferido...
Mas decidi levantar-me do chão
E reconquistar tudo o que perdi
Lutei como um bravo leão
E até que enfim consegui
Mas quando me dei por mim mesmo
Em prantos eu percebi
Que estava de novo, de volta
No ponto de que parti
Parei então de andar
Sentei-me e pus-me a pensar
E contrito comecei a rezar
Aonde buscaria agora?
E em mim concentrei meu olhar
Meu erro estava em achar
Que felicidade vinha de fora
Neste novo lugar
Mais vasto e profundo que o mar
Encontrei minha alma esperando
O momento de nos reencontrar
Se eu soubesse que ali ela estava
Não teria tanto tempo perdido!
Mas ao fundo ouvi as palavras
De um Mestre muito querido
“Que minha busca não havia sido em vão
Que, afinal, valeu a lição
E pelo fato de eu haver tentado
Meu erro estava, assim, perdoado”
Parecia ter achado, enfim
O que por muito havia buscado
Não sonhava estar perto assim
Felicidade estava dentro de mim.
Wilson Pailo,
Fevereiro 2008
REFLEXÕES SOBRE O POEMA “FELICIDADE”
Três chaves para a felicidade: amor, desapego, e louvor.
Felicidade está em nós mesmos, a partir do momento em que nos propomos a fazer
tudo com amor. E o amor vem de dentro de nós. Amor ao certo, ao bem, a Deus.
Façamo-nos instrumentos às obras de Deus. Deixemos de lado o egoísmo, a ganância, a
vaidade, e todo qualquer sentimento que signifique “vantagem para nós”. Façamos por ser
o correto e justo.
Felizes são aqueles que encontram a si mesmo, pois a felicidade está em cada um
de nós, em compreendermos quem somos e entendermos o caminho de nossas vidas.
Porém, para que isso ocorra, necessitamos do desapego, dar “aquele passo adiante”,
deixando nosso “eu” egoísta para trás. Enquanto procuramos a felicidade em coisas
externas, corremos o risco de nos decepcionarmos, pois tudo é passível de transformação.
Devemos entender que nada nos pertence, tudo que temos hoje nos foi dado como
instrumento de aprendizagem. Tudo é consequência de nosso trabalho, porém, amanhã
tudo pode desaparecer. Há que se crer nisso e continuar caminhando, mesmo que hoje isso
pareça um absurdo, algo incompreensível. Chegará um dia em que seremos capazes de
entender esse princípio. Lembremo-nos de que, para o crescimento espiritual,
necessitamos de uma contrapartida em nosso corpo material. Assim como quando estamos
na escola e, de início, temos dificuldade em entender o que nos é ensinado. Porém, com
exercícios e o tempo, passamos a compreender a lição. Cada pessoa a seu passo, tudo a
seu tempo.
Somos o que somos e não o que temos. Se conseguirmos entender isso, estaremos
entendendo parte do significado de “amar a Deus sob todas as coisas”. Agradeçamos a
Deus a cada momento, tanto as bem-aventuranças como os infortúnios, pois tudo na vida
vem para o bem. Não importam as condições, sejam elas materiais ou emocionais, não
importa onde vivemos, ou as pessoas com quem convivemos. Agradeçamos sempre a
oportunidade de estar aprendendo.
LIBERDADE
Se liberdade não existisse
Também não existiria prisão
Pois para o bem existe o mal
E para o sim existe o não
Se ser livre é não ser escravo
O que é ser escravo então?
Ser “dono do teu nariz”
Talvez te faça feliz
Mas, quem é dono da razão
Se só Deus sabe se sim ou se não?
Chegar sempre antes da hora
Não te faz senhor do tempo
Não deixar de levar à forra
Não muda a direção do vento
Pagar em dia o tributo
Ser mais esperto ou astuto
Poder fazer o que quer
Poder ir aonde quiser
Conquistar o teu espaço
Ser dono do fogo e do aço
Estar em posição de mandar
Ser senhor, escravizar
Ser cidadão do mundo
Ou ser mero vagabundo
Se ser ou não ser é a questão
Se tu tens essa preocupação
O que é liberdade então?
Tua busca já se fez em vão
Pois a resposta não esta em ser,
ter ou poder
Mas, sim, em entender
Que a essência de viver
Está na compreensão
De que a vida é como uma escola
Que cada coisa tem sua hora
Que cada qual tem sua vez
Que o objetivo não é vencer
Mas, sim, o mero aprender
Que a fome, a dor e o prazer
Cada qual tem sua função
Que assim como em uma caminhada
A vida segue uma estrada
Que nos ensina uma lição
Hora com curvas, buracos ou ladeiras
Hora com sol, hora com chuva
Hora com flor ou espinho
E que ao final deste caminho
Poderás olhar para trás
E se tu fores de entender capaz
Que nunca nada lhe pertenceu
Que o ser, o poder e o dinheiro
Fizeram parte de um passeio...
Que foram apenas como pedras de uma calçada
E que a cada passo de deste
Tu as usaste para avançar…
Mas, carregá-las ou não
Fez parte de tua opção.
Wilson Pailo,
Fevereiro 2008.
REFLEXÕES SOBRE O POEMA “LIBERDADE”
Assim como a verdadeira felicidade, a liberdade também envolve desapego.
Enquanto nos preocuparmos com o “ter” e com o “ser”, não podemos ser verdadeiramente
livres. O entendimento do conceito de liberdade requer uma condição espiritual elevada,
que nos permita compreender que ao mesmo tempo em que estamos vivendo no mundo
físico, temos responsabilidades e obrigações por nossos atos e pensamentos. Portanto, não
somos “livres” para fazer o que bem entendemos. Porém, na verdade, não pertencemos a
este mundo, e nem este nos pertence. Vivemos e trabalhamos aqui com o objetivo
principal de aprender e evoluir, devendo fazer tudo com dedicação e amor, sem, contudo,
nos apegarmos a nada. As coisas que temos como fruto de nosso trabalho são, ao mesmo
tempo, consequências do que fazemos e instrumentos para nosso aprendizado. Devemos
zelar por tudo o que temos, devemos buscar progresso e desenvolvimento físico, mental e
espiritual, porém, sabendo que tudo é útil somente para o momento de agora: se amanhã
esses instrumentos já não forem mais necessários ao que devemos aprender, eles poderão
ser retirados de nossos cuidados. Devemos entender que a única fonte de real felicidade e
liberdade está em Deus: o restante pode “desaparecer diante de nossos olhos” em uma
fração de segundo, se assim for necessário. Esse conceito pode parecer difícil de ser
compreendido de princípio. Porém, enquanto não temos essa capacidade de entendimento,
podemos nos valer da fé, acreditando que esta é uma verdade e que faz parte das Leis do
Universo.
Em termos práticos, saibamos que enquanto estamos em um determinado estágio de
nossa vida, seja de privação ou bem-aventurança, devemos encarar sempre a situação,
nossos bens e as pessoas que nos rodeiam com o máximo de responsabilidade, zelo e
amor. O importante é saber que tudo é uma oportunidade de aprendizado e que teremos
um proveito muito maior e rápido dessa chance se confiarmos na perfeição e justiça
Divinas.
INSPIRAÇÃO DIVINA
De onde vem a inspiração?
Talvez ela venha do céu
Assim como a flor faz o perfume
E a abelha fabrica o mel
Talvez venha da alma
Mas, a alma de onde vem?
De uma paz serena e calma
Ou da musa que se quer bem
Talvez ela já exista, vagando por aí.
Assim como fruta em beira de estrada
Esperando ser apanhada
Ela se cria por si
Caberia só então ao poeta
O trabalho de colher?
De fazer a escolha certa
Qualquer um poderia ser
A inspiração não se encontra no ser
Mas, sim, vem de algo Divino
Basta o ser digno
De deixar a poesia escorrer.
Wilson Pailo,
Fevereiro 2008
REFLEXÕES SOBRE O POEMA
“INSPIRAÇÃO DIVINA”
Existem diferentes modalidades de poesia e diferentes modos de escrevê-las.
Contudo, quando, mesmo que por um relance, temos acesso ao conhecimento existente no
Plano Mental Superior, percebe-se que a obra já está lá completa, tem forma e, mesmo,
segue uma “equação matemática”. As ideias são colocadas de forma precisa, não
formando um texto, mas, sim, uma imagem.
Essas obras são compostas a partir da Sabedoria Divina, são baseadas na Verdade.
Reconhece-se uma obra literária ou musical originadas neste plano pela sua essência,
precisão e harmonia. Todos nós somos capazes de compor poemas, canções, melodias,
porém, quando temos acesso a esse magnífico manancial de conhecimento e beleza, cabe a
nós apenas a mera transcrição, pois querer acrescentar algo nosso a tão magníficas obras,
no estágio atual em que nos encontramos, apenas serviria para macular tão perfeitas
composições.
VERSO E INVERSO
Se o mundo fosse ao inverso
Felicidade não valeria a pena
Poesia não teria verso
Paisagem não teria cena
Chorar, somente por alegria
Sorrir seria por tristeza
A dor nem pranto traria
A dúvida seria certeza
A água subiria o morro
A chuva secaria a terra
A morte pagaria o socorro
A hora seguiria a espera
Viver não faria sentido
Morrer seria um pedido
A paz seria um tormento
A vitória seria um lamento
A volta precederia a ida
A pressa estenderia a vida
O depois seria o antes
O ódio moveria os amantes
O breu iluminaria o dia
A estrela não seria guia
Esses versos seriam meus
No mundo não haveria Deus.
Wilson Pailo,
Fevereiro de 2008.
REFLEXÕES SOBRE O POEMA
“VERSO E INVERSO”
Verso e Inverso foi a primeira das obras escritas por mim. Descreve como a
Natureza tem uma ordem e uma harmonia através das quais se revela a existência de Deus,
de uma Sabedoria Superior e Universal, a qual devemos buscar compreender.
Observe-se que, ao final, faz-se uma menção à existência do Plano Mental Superior,
como verdadeira origem da inspiração, quando se diz “esses versos seriam meus”.
MENTIRA
A mentira é uma sombra
Que faz de tua vida um tormento
Que consome a tua alma
Que te traz só sofrimento
Que te faz ser um escravo
Do que disseste primeiro
E daquilo que ainda dirás
Que faz de ti prisioneiro
De quem sabe o teu segredo
Que te faz viver com medo
De a verdade aflorar
Que te cobra o teu caráter
Que te custa a tua paz
Que à noite se deita ao teu lado
Que te aguarda ao despertar
Que te faz perder amigos
Que impede alguém te amar
Que mesmo que dita mil vezes
Passa a ser apenas crença
Pois, existe uma diferença
Que depende só do tempo
Porque a verdade é real
Pois, seja qual for a razão
Loucura, vergonha, omissão
Mentir é sempre fatal
Mas, tu morres mais lentamente
Quando tu mentes ao hipócrita
Que passa a ser conivente
Que, de mãos dadas com quem mente,
Só faz aumentar o cordão
Do império de fantasia
Que espalha dor, tristeza, agonia
Egoísmo, crueldade e opressão
Mas, a quem a verdade defende
Mesmo parecendo impotente
Vale a indignação
É melhor não fingir-se ausente
Pois, aquele que se cala – consente
Mas, fazer do certo questão
E mostrar seu grito insistente
É crer na justiça Divina
Que acima dos homens governa
E que por sua Sabedoria Eterna
De um modo ou de outro ensina
Pois tudo que vai também volta
E errar por excesso ou por falta
Faz parte do aprendizado
Mas, lembra-te do sábio ditado
Que “àquele que muito foi dado
muito lhe será cobrado...”
Portanto
Se tu sabes entre o certo e o errado
Mentir passa a ser opção
Que se o preço não vier nessa vida
No exato momento e medida
Vem na próxima encarnação
É a Lei de Causa e Efeito
Que faz esse mundo perfeito
Ao propósito da Criação.
Wilson Pailo
Novembro 2009.
Dedico a todos que defendem a Verdade.
REFLEXÕES SOBRE O POEMA “MENTIRA”
Certa vez alguém me perguntou: “É possível viver sem medo?” Dentre as muitas
respostas a esta pergunta, lembro-me que o primeiro pensamento que me veio à mente foi
dizer: “Sim, é só não dizer mentiras!”. O saber popular já diz: quem diz a verdade não
necessita ter boa memória!
Este poema enfoca dois aspectos da mentira: o primeiro é direcionado àqueles cujo
ato de mentir tem cunho psicológico, sendo usado como meio de fuga, vergonha de si
mesmo, necessidade de aceitação, etc.; o segundo é direcionado àqueles que usam da
mentira para fins egoístas, desonestos, por ganância e por vaidade. O primeiro aspecto traz
como resultado o medo e o tormento àquele que mente. No segundo aspecto, o indivíduo
já não se importa com as consequências caso as mentiras sejam descobertas, uma vez que
ele se sente protegido por uma rede de influências e pessoas que colaboram com a
manutenção da mentira e do poder. São, por exemplo, pessoas que ocupam importantes
papeis no meio político e econômico de um país, e que trazem consigo uma legião de
coniventes que participam da mentira por conveniência.
Tanto um aspecto como o outro trazem consequências, pois não se pode fugir da
Lei de Causa e Efeito. Em geral, pessoas envolvidas no primeiro aspecto acabam
recebendo respostas a seus atos de forma mais imediata, seja pela perda de amigos e
afastamento de entes queridos, perda de emprego, etc. Já as do segundo aspecto, muitas
vezes terminam a vida de modo muito “tranquilo”, aparentemente sem nenhuma
consequência pelos seus delitos, uma vez que o sistema corrompido já não os alcança.
Contudo, mesmo assim, as Leis Divinas se aplicam, cabendo a nós confiar em que as
coisas vêm e vão, que em todo mal há um bem oculto, e que o resultado final sempre é a
aprendizagem.
CONCLUSÕES
O caminho para se chegar até a real felicidade e real liberdade é feito passo a passo. É somente pelo exercício diário e perseverante do amor, da devoção e do desapego é que chegaremos a este estado. Se por hora ainda não somos capazes de entender muitas das Leis do Universo, nos valemos da fé para prosseguir nosso caminho. Lembremo-nos de que, apesar de ser um dever buscar o conhecimento Divino, necessitamos também saber que tudo vem a seu tempo. Há que se entender que nossa evolução espiritual deve ser realizada em equilíbrio com nossa capacidade física e mental. É um processo de “polimento” diário que pode levar muitas encarnações até chegarmos a nossa forma mais pura e sublime. Porém, sejamos conscientes de que o importante não é quanto tempo levaremos, mas, sim, o fato da chegada em si, ou seja, o que de fato aprendemos.
A seguir, colocamos em linhas simplificadas e práticas o que foi tratado neste livro:
Coloquemo-nos a disposição de Deus para que Ele faça de nós instrumento da
vontade Dele;
Entendamos que seguir a Deus não significa que nós não encontraremos nenhuma
dificuldade em nossa vida; caso estejamos diante de algum infortúnio, agradeçamos
a oportunidade de podermos estar aprendendo e saldando nossos karmas,
procurando, ao mesmo tempo, não criar novos;
Nunca tentemos consertar um erro com outro; a situação nunca irá melhorar se
fizermos coisas ruins deliberadamente;
Agradeçamos a tudo, de bom e de não bom, que acontece em nossas vidas, pois
tudo representa uma oportunidade de aprendizado e evolução;
Procuremos fazer sempre o bem, principalmente para o benefício coletivo;
Façamos tudo com amor e por amor, sem esperar reconhecimento, recompensas, ou
criar sentimentos de posse;
Tenhamos o hábito de sorrir;
Vigiemos os fundamentos os quais usamos para tomar qualquer decisão, evitando
nos basear na ganância, vingança, orgulho, egoísmo, arrogância e vaidade;
Pratiquemos o amor e a compaixão, porém, protegendo-nos do que não é certo e da
maldade intencional. Na prática, ter compaixão significa apiedar-se daquele que faz
o mal por este estar degradando seu próprio espírito. Por outro lado, proteger-se,
tomando-se as medidas necessárias e cabíveis que impeçam ou dificultem a
reincidência do mal;
Procuremos não apontar e julgar os erros alheios;
Protejamo-nos das coisas que não são corretas, porém, entendamos que algumas
delas estão fora de nosso controle; procuremos, sim, aprender com a situação;
Pratiquemos o desapego, porém, lembremo-nos de não abrir mão de nossas
responsabilidades sobre as pessoas e coisas que estão sob nossos cuidados;
Procuremos o Conhecimento Divino e pensemos sobre o que vemos, sentimos,
ouvimos e lemos; procuremos usar esses conhecimentos em nosso dia-a-dia, com a
melhor das intenções; porém, lembremo-nos que sempre a decisão final é nossa e
que, às vezes, incorrer em erros faz parte do aprendizado;
Entendamos que não somos perfeitos, e que errar faz parte da vida; mas que existe
sempre um caminho de volta; há que ter humildade, vontade e predisposição para
recomeçar;
Cuidemos de nosso corpo físico através de alimentação e exercícios físicos;
evitemos o tabaco, o álcool e as drogas; enriqueçamos nossa alimentação com
vegetais, frutas, verduras e grãos, substituindo, na medida do possível, carnes e
derivados; optemos por atividades ao ar livre e contato com a natureza sempre que
possível; dêmos preferência às atividades diurnas sobre as noturnas;
Cuidemos de nossa mente através do desenvolvimento intelectual; alimentemos
nossas mentes com boas leituras e atividades que explorem a lógica, a memória, e o
raciocínio; evitemos nos expor aos meios de comunicação que exploram emoções
de baixo nível, como violência, promiscuidade sexual, difamação e banalidades;
Cuidemos de nosso espírito, através de nossos atos, pensamentos e palavras;
pratiquemos a meditação como forma de expansão de nossa consciência; mas
lembremo-nos de manter a humildade e usar nosso progresso para fins altruístas;
não utilizemos nossos conhecimentos espirituais para fins egoístas, de vaidade,
ganância, ou obtenção de poder; lembremo-nos de que “aos que muito foi dado,
muito será cobrado”;
Lembremo-nos de que não estamos aqui para ganhar ou perder, mas, sim, para
aprender;
Confiemos nas Leis de Deus, pois elas são perfeitas; concentremo-nos no presente,
em cada minuto, pois o futuro será consequência do que fizermos hoje.
Que a Luz de Deus acompanhe a todos que dedicaram seu tempo à leitura
desta obra.
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