ADRIANA PAULA BORGES ALFREDO DAVIS NAMIAS LEWIN
ANITA VERA BLISKA CRISTINA ALVARES BESKOW
DAVI MACHADO IARA NORDI CASTELLANI
MARIA IZABEL DE ARAÚJO LEÃO MIDIAM DE MELO PATRÍCIO GOMES
NADIA APARECIDA MORAES SUELI CARDOSO PITTA
SVEA KRONER MOREIRA
PARTICIPAÇÃO NO FORUM DE UMA COMUNIDADE VIRTUAL DE
APRENDIZAGEM: FACILIDADES E
DIFICULDADES
SÃO PAULO
2005
ADRIANA PAULA BORGES ALFREDO DAVIS NAMIAS LEWIN
ANITA VERA BLISKA CRISTINA ALVARES BESKOW
DAVI MACHADO IARA NORDI CASTELLANI
MARIA IZABEL DE ARAÚJO LEÃO MIDIAM DE MELO PATRÍCIO GOMES
NADIA APARECIDA MORAES SUELI CARDOSO PITTA
SVEA KRONER MOREIRA
PARTICIPAÇÃO NO FORUM DE UMA COMUNIDADE VIRTUAL DE
APRENDIZAGEM: FACILIDADES E
DIFICULDADES
Trabalho final da turma do segundo semestre de 2005 apresentado como requisito para avaliação na disciplina ‘Criando Comunidades Virtuais de Aprendizagem e de Prática’ do programa de Pós-Graduação Stricto Sensu da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.
Orientador(a): Profa. Dra. Brasilina Passarelli
SÃO PAULO
2005
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................2
1. MOMENTO DA PESQUISA ..........................................................................................6
2. METODOLOGIA...........................................................................................................13
3. COMUNIDADES VIRTUAIS.......................................................................................18
3.1. DEFININDO COMUNIDADES VIRTUAIS ..........................................................................18
3.2. COMUNIDADES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM.............................................................20
4. COLABORAÇÃO E COOPERAÇÃO EM AMBIENTES VIRTUAIS DE
APRENDIZAGEM.................................................................................................................26
4.1. INTERAÇÃO: COLABORAÇÃO X COOPERAÇÃO..............................................................30
4.2. FERRAMENTAS VIRTUAIS: DIVERSIDADE ESTRATÉGICA .............................................33
5. ANÁLISE DOS DEPOIMENTOS SOBRE A PARTICIPAÇÃO NOS FÓRUNS...38
5.1. ALÉM DAS FERRAMENTAS ............................................................................................41
5.2. EM BUSCA DE MOTIVOS .................................................................................................43
6. DISCUSSÃO DOS DADOS...........................................................................................53
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................63
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................69
ANEXO 1 – DEPOIMENTOS COLETADOS PARA O ESTUDO...................................72
ANEXO 2 – REPRODUÇÃO DO BLOG DO CURSO CRIANDO COMUNIDADES
VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM E PRÁTICA – TURMA 2005 DO PROGRAMA DE
PÓS-GRADUAÇÃO DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES – ECA/USP......106
INTRODUÇÃO
O mundo das novas tecnologias de comunicação é caracterizado por atributos
como interatividade, mobilidade, multiplicidade, interconectividade, globalização e
velocidade. Presenciamos mudanças significativas de valores. Não haverá mais, no conceito
que nos orienta até agora, produtos nacionais, tecnologias nacionais, empresas nacionais,
economias nacionais ou indústrias nacionais. O que de verdadeiramente nacional deve
persistir, será o povo, constituído por seus cidadãos.
As capacitações e o discernimento de cada cidadão serão os recursos principais de
cada nação. A importância de uma nação, será determinada pelo valor potencial daquilo que
os cidadãos podem acrescentar à economia global, enriquecendo as capacitações e habilidades
do seu povo. ROBERT B. REICH (1992), professor titular da Harvard University, aponta para
três categorias de trabalho necessárias na sociedade futura: serviços rotineiros de produção,
serviços feitos pessoa-a-pessoa e serviços analítico-simbólicos.
Argumenta que o tipo de educação oferecida pelas escolas, atualmente, atendem
às duas primeiras categorias. Mas, é da terceira categoria, que dependerão a competitividade e
o bem estar de cada nação. Os profissionais que lidarão com serviços analítico-simbólicos,
atuarão com manipulação de símbolos (dados, palavras, representações orais e visuais) em
três tipos de atividade: identificação de problemas; solução de problemas; agenciamento
estratégico.
O autor demonstra, também, que a educação formal do incipiente analista-
simbólico, exige quatro capacidades básicas: abstração, pensamento sistêmico,
experimentação e colaboração.
NEIL POSTMAN (1994), escrevendo sobre os propósitos da educação, lembra
que os grandes pensadores do passado acreditavam haver uma idéia social, política ou
espiritual transcendente que tinha que ser alcançada através da educação, ao passo que o
currículo das escolas no mundo atual é o ideal do tecnocrata, planejado para preparar a pessoa
que tem apenas habilidades, moldando um ser sem compromisso, sem ponto de vista, sem
uma postura moral, social ou intelectual, mas com muitas habilidades. Isto, alega o autor, não
é um programa de estudos, mas meramente uma coletânea de materiais.
Uma educação para o futuro, defende POSTMAN (1994), é a que enfatiza o modo
científico do pensamento, o uso disciplinado da linguagem, a história (a continuidade do
empreendimento humano) e um amplo conhecimento das artes e da religião - comparando
como povos diferentes, em épocas diferentes, tentaram alcançar um sentido de
transcendência.
O conhecimento é como uma teia de idéias interconectadas que atravessa vários
domínios, ao passo que a escola tradicional mantém sua visão paroquial, localizada. A escola
do século XXI, não mais pode se dar ao luxo de ignorar as profundas alterações que os meios
e tecnologias de comunicação introduziram na sociedade contemporânea e, principalmente,
perceber que os mesmos criam novas maneiras de "apreender" e "aprender" o mundo. Essa
multiplicidade de pontos de vista, essa riqueza de leituras precisa ser digerida e incorporada
pela escola, se ela tiver a pretensão de sobreviver como instituição geradora, mantenedora e
delegadora do saber humano.
Os novos paradigmas para a educação consideram que os alunos devem ser
preparados para conviver numa sociedade em constantes mudanças, assim como devem ser os
construtores do seu conhecimento e, portanto, serem sujeitos ativos deste processo onde a
"intuição" e a "descoberta" são elementos privilegiados desta construção. Neste novo modelo
educacional, os professores deixam de ser os entregadores principais da informação, passando
a atuar como facilitadores do processo de aprendizagem, onde o aprender a aprender é
privilegiado em detrimento da memorização de fatos.
O aluno deve ser visto como um ser "total" e, como tal, possuidor de inteligências
outras que não somente a linguística e a lógico-matemática. Outras inteligências devem ser
desenvolvidas como a espacial, a corporal, a musical, a interpessoal e a intra-pessoal, como
argumenta HOWARD GARDNER (1995).
A partir destas concepções, na disciplina Criando Comunidades Virtuais de
Aprendizagens e de Práticas - CCVAP, do Programa de Pós-Graduação da Escola de
Comunicação e Artes - ECA, da Universidade de São Paulo - USP, ministrada pela professora
Drª. Brasilina Passarelli, vivenciamos os objetivos propostos, quais sejam:
a) Prover informações básicas para reflexão sobre o cenário mundial e nacional
que envolve a educação presencial e a distância, na sociedade da produção do
conhecimento;
b) Compreender a situação da Educação Aberta a Distância - EAD, nos países
desenvolvidos e no Brasil;
c) Discutir a utilização de diferentes meios de comunicação de massa em
projetos de EAD e sua melhor utilização;
d) Analisar resultados parciais de projetos de EAD via Internet e
e) Compreender o conceito de comunidade virtual de aprendizagem e de prática,
a partir de experiências coletivas de trabalho em momentos presenciais e a
distância.
Uma das atividades propostas que deveria se realizar durante o curso foi a
construção de um texto coletivo, acerca de um tema escolhido pela turma, relacionado com a
temática estudada no decorrer do semestre. Cada aluno inicialmente, fez algumas leituras e
resenhas de textos sobre o tema referido e a partir dessas leituras, promoveram-se algumas
discussões que auxiliaram na definição da temática a ser pesquisada pelo grupo de pós-
graduandos.
Definiu-se então, que o trabalho seria sobre “Participação no Fórum de uma
Comunidade Virtual de Aprendizagem: facilidades e dificuldades”. Assim, com a divisão da
turma em equipes, formaram-se os seguintes Comitês:
a) De Editoria: responsável pelas funções de editar e preparar os textos para a
publicação. Pós-Graduandos: Izabel, Sueli, Adriana, Cristina e Anita.
b) De Redação: responsável pelas funções de selecionar os textos resenhados e
redigir o texto coletivo. Pós-Graduandos: Sueli, Cristina, Adriana, Davi,
Izabel.
c) De Pesquisa: responsável por preparar os instrumentos de coleta de dados,
promover o levantamento desses, apresentar e analisar os dados coletados,
elaborar as conclusões a partir dos dados encontrados, relacionando-os com o
referencial teórico. Pós-Graduandos: Midiam, Nadia, Izabel, Cristina, Davi,
Iara, Svea, Alfredo, Anita e Sueli.
d) Relatoria: responsável por organizar e relatar as discussões nos momentos
presenciais, estruturando-as em making-of e disponibilizando-as no Blog
(Anexo 02) especificamente criado para a disciplina. Pós-graduanda: Anita
Os grupos iniciaram os estudos, elaboraram um projeto, no qual se definiu os
objetivos, a problematização, a justificativa, a revisão bibliográfica, a metodologia a ser
adotada, os procedimentos para coleta de dados, a apresentação de resultados, a análise dos
mesmos e as considerações. Todo esse processo encontra-se registrado no fórum da disciplina
http://bpassarelli.futuro.usp.br/pos/forum/index.php, bem como ilustrado pelo making of,
podendo ser conferido também, no endereço virtual http://clepsidrasegundo.blogspot.com/ .
1. MOMENTO DA PESQUISA
Nos últimos dez ou quinze anos, de acordo com a análise de muitos especialistas da
atualidade, vivemos a transição para uma “Sociedade do Conhecimento”. Essa nova sociedade
que está se formando tem por base o capital humano ou intelectual. Seu conceito está
intimamente ligado a novas experiências de espaço e tempo. Assim, as palavras
Conhecimento e Educação voltaram a exercer um novo fascínio.
O mais importante nesse novo cenário não é apenas ter acesso à informação, mas
saber lidar com a informação e transformá-la em conhecimento. Esse é elemento essencial
para a sociedade atual. O que se percebe é que atualmente o que mais se explora é a
inteligência e o conhecimento do trabalhador, contrariamente, à situação anterior que
explorava sua força física. Isso se deve, principalmente, pelo cenário dos processos
informatizados às atividades rotineiras que eram realizadas pela força humana e passaram a
ser desenvolvidas por robôs ou por computadores.
“A intensividade do conhecimento constitui-se, então no
diferencial desta fase capitalista.” (DEMO,2000:74)
Diante da sociedade caracterizada por mudanças constantes e intensas, altamente
centrada nas inovações tecnológicas, vários paradigmas têm sido revistos e conseqüentemente
novas propostas têm surgido, dentre elas, as comunidades virtuais.
Antes de expormos sobre comunidades virtuais, vamos, de forma sintética, definir
comunidade, já que é uma das características marcantes da raça humana a sua determinação
de viver em comunidades. Isso possibilitou, desde o início dos tempos, a troca de experiências
e a expansão de conhecimentos, que foi determinante na evolução da espécie. Aqui considera-
se evolução dentro do conceito darwinista de capacidade de adaptação ao meio, portanto, sem
juízo de valor. Fato é que a inteligência e a vida em comunidade permitiu ao ser humano se
tornar uma espécie hegemônica no planeta.
O conceito de comunidade vem sendo adaptado e ampliado ao longo da História. Se
nos primórdios, havia nele um forte aspecto de territorialidade (comunidade e território eram
fatores complementares, sendo comunidade entendida como grupo de pessoas com interesses
comuns se relacionando num determinado espaço territorialmente contíguo), hoje, depois da
expansão dos meios de comunicação e principalmente após a popularização da Internet, a
partir da segunda metade dos anos 90, o conceito de comunidade se desprendeu
definitivamente da territorialidade e está quase que exclusivamente ligado ao conceito de
interesse comum.
Como ferramenta de comunicação e relacionamento a Internet suprimiu as distâncias
geométricas como obstáculos comunicacionais e possibilitou que pessoas, de qualquer parte
do planeta, mantenham contato, se comuniquem e participem de grupos de discussão sobre os
mais diversos temas e interesses, tendo apenas como fatores limitantes desse relacionamento a
possibilidade de acesso à rede (hardware, software e sistema de conexão), o analfabetismo
funcional, o idioma e o analfabetismo digital (desconhecimento de informática básica nível
usuário).
Mais do que contribuir para a ampliação do conceito de comunidade, o ambiente
cibernético forjou um novo termo para o relacionamento de grupos: a comunidade virtual. A
primeira dificuldade é a caracterização do que se entende por virtual. O dicionário AURÉLIO
(1986) define virtual como “o que existe como faculdade, porém sem exercício ou efeito
atual; susceptível de se realizar; potencial”. No dicionário HOUAISS (2004), vemos que
virtual significa “o que existe como faculdade, porém sem exercício ou efeito real”). Na
WIKIPÉDIA1 encontramos que “virtual é tudo aquilo que não é palpável, isto é, geralmente
alguma abstração de algo real. É chamado de mundo virtual normalmente o ambiente de
comunicação que é feito na Internet.
Uma comunidade virtual é uma comunidade que estabelece relações num espaço
virtual de meios de comunicação a distância. Uma comunidade virtual é a junção de um grupo
de indivíduos que tenham interesses comuns, que, no ambiente virtual, trocam informações e
experiências.
Parece-nos que a definição da Wikipédia é a mais adequada ao termo comunidade
virtual, uma vez que as comunidades têm existência e são formadas por pessoas que também
existem e que utilizam o meio da Internet para se relacionar. Portanto, a comunidade em si
não é virtual. Virtual é o ambiente no qual se comunicam. Sendo assim, comunidade virtual,
neste trabalho, deve ser entendida como um grupo de pessoas que se comunicam em
ambiente virtual.
Existem algumas ferramentas utilizadas pelas comunidades virtuais para a troca de
experiências, conceitos e opiniões. Entre elas, podemos destacar o chat (ambiente de conversa
on-line no qual é possível a participação de duas ou mais pessoas), blog (normalmente a
iniciativa de uma pessoa que, de certa forma, controla e conduz as participações) e o fórum de
discussão, ferramenta que tem sido muito utilizada em processos educativos a distância e
semi-presenciais ou mesmo presenciais, que se pretendem participativos, pois possibilitam
que todos os integrantes do processo educativo emitam e registrem suas opiniões sobre as
discussões do grupo. Com a ampliação do acesso à internet, muitas empresas e instituições de
1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Virtual – Wikipédia é uma enciclopédia mundial feita a partir da contribuição de
pessoas de todo o mundo. Os termos são inseridos livremente e, sempre que ocorre um determinado consenso a respeito de uma definição é publicada, podendo ser revista a e alterada a partir de novas contribuições. A Wikipédia é mantida pela Wiki Foundation e pretende levar, organizar e disponibilizar gratuitamente todo conhecimento mundial a todas as pessoas do mundo. É uma imensa comunidade de conhecimento.
ensino procuram incentivar seus funcionários e alunos a formação de fóruns de discussão ou
de comunidades virtuais.
Nas empresas, esse incentivo ocorre numa prática conhecida como gestão do
conhecimento, que ocorre em ambientes virtuais chamados de portais corporativos do
conhecimento, em que o objetivo é incentivar que os funcionários troquem informações e
experiência de forma estruturada, para que o conhecimento gerado a partir dessa troca fique
registrado e disponibilizado aos demais grupos de funcionários, facilitando o desenvolvimento
de novos produtos e processos.
Para TERRA E GORDON (2002: 78)
“desde o advento da web, comunidades on-line passaram a ser uma
realidade muito mais comum dentro e fora das corporações.
Aplicações para a colaboração e o desenvolvimento de comunidades
estão, de fato, se tornando um serviço chave nas implementações dos
portais corporativos do conhecimento. Elas conseguem aumentar,
sensivelmente, a capacidade dos funcionários, especialmente de
diferentes localizações, de desenvolverem relações mais próximas e
um maior sentido de comunidade”.
Assim como as corporações, muitas instituições de ensino (que também são
corporações), presencial ou a distância, também estão incentivando a formação de
comunidades virtuais entre seus alunos e professores com o objetivo de troca de experiências.
Como enfatiza JUAN RADA (2004:114)
“o desenvolvimento de comunidades é o impacto mais importante da
tecnologia aplicada aos sistemas pedagógicos e de investigação.
Através da conectividade, elas criam novas formas de aprendizagem
e, ao mesmo tempo, fornecem a infra-estrutura necessária para que se
efetuem transformações mais específicas (nos conteúdos dos cursos
ou nas relações entre grupos determinados de estudantes e
professores)” .
Porém, tanto nas corporações como nas instituições de ensino, essas ferramentas de
relacionamento, em especial os Fóruns de Discussão, não são implantadas de forma adequada
para despertar interesse e incentivar a participação de seus membros. Muitas vezes, a própria
ferramenta é de difícil manuseio e isso acaba por desestimular a participação. Outras vezes se
dá importância demasiada às questões técnicas e não se consideram os aspectos intangíveis
que levam à participação, como o real interesse dos participantes, liberdade de expressão,
sensação de ganhos pessoais sejam eles quais forem.
TERRA E GORDON destacam que a simplicidade do ambiente web, do ponto de vista
do usuário, para publicação e busca de informações é fundamental para a atração do usuário.
Porém muitas organizações se esquecem de comunicar aos funcionários o que eles têm a
ganhar com a participação nos fóruns e demais processos de gestão do conhecimento.
Lembram apenas dos benefícios da própria organização. Isso costuma ser um entrave à
participação. “Ao participar mais ativamente das atividades de intercâmbio de conhecimento,
os funcionários podem ser recompensados com: reconhecimento e maior visibilidade no
interior da empresa; novas oportunidades de aprendizado e networking”.(2002:79).
Fato é que os Fóruns estão se espalhando em grande escala, mas nem sempre são
aceitos ou utilizados adequadamente. As novidades tecnológicas seduzem, mas é preciso
refletir e perceber quando aplicá-las, em que contexto, para que tipo de público e qual a sua
melhor forma de utilização. Na ansiedade motivada por modismos ao se fazer uso da nova
ferramenta, muitas vezes falta uma avaliação de seus recursos de aplicação.
Diante do incentivo das empresas e institutos de ensino na formação de novas
comunidades virtuais, coloca-se a seguinte questão: quais os fatores que facilitam ou
dificultam a participação das pessoas em fóruns de discussão de comunidades virtuais
incentivadas, ou seja, não necessariamente formadas apenas a partir do interesse da própria
pessoa
Essa é a questão sobre a qual este texto coletivo irá se debruçar em busca de algumas
possíveis respostas. Possíveis porque se trata de um problema multidimensional, haja vista
que as dificuldades podem ser de ordem técnica, biológica, motora, intelectual, psicológica,
entre outras.
MORIN (2004) nos lembra que quanto mais os problemas se tornam
multidimensionais, maior a incapacidade de pensar sua multidimensionalidade, assim como o
princípio da redução leva naturalmente o complexo ao simples, além de que, todo
conhecimento comporta o risco do erro e da ilusão.
A hipótese de que partimos é a de que as dificuldades ou facilidades de participação
das pessoas nos fóruns das comunidades virtuais se devem mais aos aspectos psicológicos e
pessoais do que aos técnicos, ou seja, a qualidade da ferramenta (software) não é determinante
na participação. Optamos pelos anos 2003 e 2004, pois o material está no Banco de Dados
disponibilizado pela disciplina.
Para o estudo dos aspectos subjetivos foram elencados:
• Visibilidade pública do Fórum
• Preferência da oralidade à escrita
• Confiança no modelo de Fóruns em CVA´s
• Trabalho em forma cooperada
• Comodismo dos participantes
• Relacionamento presencial do grupo
Os aspectos técnicos a serem analisados são:
• Desconhecimento da ferramenta
• Falta de intimidade com a tecnologia
• Restrições da ferramenta em relação às facilidades no uso (ex. anexação de
arquivos, formatação de textos, etc)
O objeto de estudo será a análise da participação dos alunos do curso de pós-
graduação stricto-sensu da disciplina Criando Comunidades Virtuais de Aprendizagem e de
Prática – CCVAeP, das turmas dos anos de 2003 e 2004, ministradas pela Profª. Drª. Brasilina
Passarelli, na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP).
De acordo com PASSARELLI (2003:99):
“A disciplina Criando Comunidades Virtuais de Aprendizagem e de
Prática – CCVAeP foi idealizada com a finalidade de proporcionar
ocasião de reflexão – presencial e por meio do site a ela associado – a
fim de compreender o espaço virtual e suas potencialidades na
educação. Os conteúdos abordados, presentes no site não apenas em
forma de textos lingüísticos, mas também por meio de imagens e
animações, nada mais são do que provocações para reflexões e
discussões.”
Essa disciplina foi escolhida como objeto de análise, pois seu objetivo é discutir e
entender como se relacionam as comunidades virtuais e, entre uma das atividades propostas,
está a constante participação dos alunos no Fórum de Discussão.
Este texto coletivo visa contribuir com a discussão de alunos, professores,
pesquisadores da área de comunicação e interessados sobre o tema em geral sobre os aspectos
relacionados à formação de comunidades virtuais e fóruns.
2. METODOLOGIA
A metodologia escolhida para a realização deste trabalho foi a pesquisa quantitativa e
qualitativa, pois utilizamos procedimentos, técnicas e etapas que estão identificadas em um ou
outro tipo de pesquisa, o que reafirma que não há uma oposição entre elas, mas uma
complementaridade e circularidade. Segundo LOPES (2003:133):
“É falsa a dicotomia quantitativo/qualitativo na investigação social
porque, em primeiro lugar, é crescente a dificuldade de estabelecer
um limite preciso entre análise quantitativa e qualitativa. Apesar de
cada uma ter a sua lógica implícita, não se pode esquecer de que as
operações quantitativas se apóiam em dados qualitativos
originalmente coletados e logo transformados. Com efeito, é
característico das técnicas das ciências sociais (entrevistas,
observações de grupos, análise de documentos, etc.) preverem
quantificação ulterior e recolher os dados qualitativos de uma forma
que a prepare e facilite. A quantificação não é mais que a segunda
etapa que depende necessariamente da primeira.”
A pesquisa qualitativa, de acordo com OROZCO GOMES (1996: 76) é:
"(...) um processo de indagação e exploração de um objeto, que é um
objeto sempre construído, ao qual o investigador vai chegando
mediante interpretações sucessivas". A pesquisa quantitativa, afirma,
se caracterizaria pela repetição e pela quantificação de elementos,
enquanto a qualitativa teria como método buscar o distinto e o
próprio de cada elemento que está em jogo; a primeira parte de
hipóteses precisas que devem (sic) ser comprovadas ou refutadas, e
mede variáveis; a segunda propõe premissas que orientam o processo
de investigação, e está aberta à formulação de categorias analíticas
tanto prévia como concomitantemente à investigação.”
Consideramos para a análise as abordagens teóricas de vários autores sobre
comunidades virtuais. O trabalho conta também com alguns dos elementos considerados
relevantes para a interação entre os indivíduos ressaltada por alguns dos autores que
postularam conceitos sobre a dinâmica e o funcionamento dos grupos quando em processos de
aprendizagem.
Toda e qualquer classificação de pesquisa se faz mediante algum critério. Assim, é
usual a classificação de pesquisas com base em seus objetivos gerais, podendo ser
classificadas em três grandes grupos: descritiva, explicativa, e exploratória.
A pesquisa descritiva procura observar, registrar, analisar, classificar e interpretar os
fatos ou fenômenos (variáveis), sem interferência ou manipulação do pesquisador. Este tipo
de pesquisa tem como objetivo fundamental a descrição das características de determinada
população ou fenômeno. Ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis, isto é, são
aquelas que visam estudar as características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo,
procedência, nível de escolaridade, estado de saúde física e mental, e outros. Procura
descobrir, com a precisão possível, a freqüência com que um fenômeno ocorre, sua relação e
conexão com os outros, sua natureza e características.
A pesquisa explicativa, além de registrar, analisar e interpretar os fenômenos
estudados, tem como preocupação primordial identificar os fatores que determinam ou que
contribuem para a ocorrência dos fenômenos, isto é, suas causas. Este é o tipo de pesquisa que
mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão e o porquê das coisas.
“O que caracteriza a pesquisa experimental é a manipulação e o controle das variáveis, com o
objetivo de identificar qual a variável independente que determina a causa da variável
dependente ou do fenômeno em estudo” (LAKATOS 1985: 138).
A pesquisa exploratória é vista como o primeiro passo de todo o trabalho científico.
Este tipo de pesquisa tem por finalidade, especialmente quando se trata de pesquisa
bibliográfica, proporcionar maiores informações sobre determinado assunto; facilitar a
delimitação de uma temática de estudo; definir os objetivos ou formular as hipóteses de uma
pesquisa ou, ainda, descobrir um novo enfoque para o estudo que se pretende realizar. Pode-
se dizer que a pesquisa exploratória tem como objetivo principal o aprimoramento de idéias
ou a descoberta de intuições. Na maioria dos casos, ela envolve:
a) levantamento bibliográfico;
b)entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema
pesquisado;
c) análise de exemplos que estimulem a compreensão do fato estudado.
Por meio da pesquisa exploratória, avalia-se a possibilidade de se desenvolver um
estudo inédito e interessante, sobre uma determinada temática. Sendo assim, este tipo de
pesquisa tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a
torná-lo mais explícito. De um modo geral, esta pesquisa constitui um estudo preliminar ou
preparatório para outro tipo de pesquisa. Embora o planejamento da pesquisa exploratória seja
bastante flexível, geralmente ela assume a forma de pesquisa bibliográfica ou de estudo de
caso.
A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas
publicadas em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa
descritiva ou experimental, quando é feita com o intuito de recolher informações e
conhecimentos prévios acerca de um problema para o qual se procura resposta ou acerca de
uma hipótese que se quer experimentar.
Em ambos os casos, procura-se conhecer e analisar as contribuições culturais ou
científicas existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema. A pesquisa
bibliográfica abrange toda a bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo,
desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses,
material cartográfico e meios de comunicação, como: rádio, gravações em fitas magnéticas e
audiovisuais (filmes e televisão).
O estudo de caso é caracterizado pelo estudo de um ou de poucos objetos, de maneira
que permita a investigação de seu amplo e detalhado conhecimento. Por essa razão cabe
lembrar que, embora este tipo de estudo se processe de forma relativamente simples, pode
exigir do pesquisador um nível de capacitação mais elevado que o requerido para outros tipos
de delineamento, devido à dificuldade de generalização dos resultados obtidos, quando a
unidade escolhida para a investigação for bastante anormal em relação às muitas de sua
espécie. Este estudo caracteriza-se como flexível, sendo impossível estabelecer um roteiro
rígido que determine com precisão como deverá ser desenvolvida a pesquisa. Porém, na
maioria dos estudos de caso, é possível distinguir as seguintes fases: delimitação da unidade-
caso; coleta de dados; análise e interpretação dos dados; e redação do relatório.
Diante disto, a metodologia escolhida para a realização desta pesquisa foi o Estudo de
Caso de forma exploratória, pois a Comunidade Virtual – CVAeP foi estudada como meio de
exemplificação para os conceitos apresentados e formulados nesta pesquisa. Essa metodologia
abrangeu a comunidade virtual, a partir da observação das relações existentes entre os
participantes da disciplina CCVAeP das turmas de 2003 e 2004.
Decidimo-nos por esse método de estudo para o desenvolvimento dessa pesquisa com
o intuito de entender melhor a particularidade das comunidades virtuais, tendo em vista que
existem várias relações que são produzidas em sua complexidade. Além disso, esse tipo de
estudo permite uma forma de investigação científica baseada na compreensão e descrição do
processo e não no resultado que esse processo pode ou não produzir.
As principais vantagens que se obtém com essa forma de pesquisa são:
• visão profunda, ampla e integrada de um fenômeno complexo com múltiplas
variáveis;
• retratar situações vivas na sua complexidade e dinâmicas naturais;
• propiciar insights que levem à descoberta de novas teorias e a outras pesquisas
e pelo potencial de contribuição aos problemas educacionais a partir do
fornecimento de informações para a tomada de decisões. 2
A coleta dos dados desta pesquisa ocorreu por meio do levantamento dos relatos dos
alunos publicados no Fórum de Discussão da disciplina CCVAeP, assim como os relatos
apresentados nos textos coletivos das turmas dos anos 2003 e 2004, ambos acessíveis ao
público na página eletrônica http://bpassarelli.futuro.usp.br/pos . Os dados levantados não se
basearam em entrevistas individuais, uma vez que focamos nosso objeto de estudo no material
publicado pelos alunos da disciplina CCVAeP. Entrevistá-los seria uma tarefa muito
complicada para o pouco tempo disponível para a elaboração deste trabalho de pesquisa.
Para análise, faremos o levantamento dos relatos e iremos separar por temáticas, com o
intuito de detectar as facilidades e dificuldades que estes alunos enfrentaram ao se
comunicarem pelo Fórum de Discussão da disciplina. A análise destes relatos permite várias
interpretações, enfoques e processos exploratórios. Por meio deles, podemos inferir os
motivos pela participação ou não participação nos fóruns, a importância dos encontros
presenciais, as motivações para a participação ou não em comunidades virtuais ou mesmo na
disciplina Criando Comunidades Virtuais de Aprendizagem de Prática – CCVAeP, as
certezas, incertezas e até os medos diante do novo mundo digital que se apresenta entre outros
aspectos.
Pela disciplina ter seu foco nas áreas de Comunicação e Educação, optamos pelo uso
do suporte teórico de autores mais identificados com essas duas áreas das Ciências Sociais
mas isso não nos impede de recorrer a outros autores, caso isso se mostre oportuno.
2 Texto extraído de trabalho desenvolvido por alunos da disciplina Pesquisa em Educação realizado pela Professora Dra. Myrtes Alonso do Programa de Pós-Graduação em Educação (Currículo)/ PUCSP, 1999.
3. COMUNIDADES VIRTUAIS
Neste capítulo, pretendemos traçar um panorama geral sobre como vem se definindo
as comunidades virtuais entre teóricos da área, para melhor entendermos como elas se
constroem, se mantém e geram a participação e colaboração, questionamentos abordados na
pesquisa deste trabalho.
3.1 DEFININDO COMUNIDADES VIRTUAIS
No passado, envolver-se com uma comunidade era determinado pela cidade ou bairro
em que se vivia, pela família ou pelas convicções religiosas. Nos dias atuais, as comunidades
constroem suas identidades e se organizam a partir de afinidades, interesses e de valores
comuns, não dependendo de um lugar específico. Há uma necessidade intrínseca ao ser
humano de sentir-se parte de um grupo, de ser semelhante ao outro e estar comprometido com
um propósito maior, já que a estrutura das comunidades familiares, de bairros e das cidades
não permite mais essa identificação.
Ao discorrer sobre a virtualização como processo crescente na sociedade globalizada
atual e para além da informática, PIERRE LÉVY (Paris, 1993) identifica nela a presença de
agrupamentos comunitários sobre o qual nos diz:
“Uma comunidade virtual pode, por exemplo, organizar-se sobre
uma base de afinidade por intermédio de sistemas de comunicação
telemáticos. Seus membros se reúnem pelos mesmos núcleos de
interesses, pelos mesmos problemas: a geografia, contingente, não é
mais nem ponto de partida, nem uma coerção. Apesar de “não-
presente”, esta comunidade está repleta de paixões e de projetos, de
conflitos e de amizades. Ela vive sem lugar de referência estável: em
toda parte onde se encontrem seus membros móveis...ou em parte
alguma. (...) Quando uma pessoa, uma coletividade se tornam “não-
presentes”, se desterritorializam. Uma espécie de desengate os separa
do espaço físico ou geográfico ordinários e da temporalidade do
relógio e do calendário.”
Assim, para LÉVY, a “desterritorialização” resultante do processo de intensificação da
circulação de objetos e pessoas e da globalização da nossa sociedade promove o surgimento
de novas formas de aglutinação e organização de pessoas, que se aproximam através de
diferentes e sofisticados meios de comunicação formando redes de comunidades virtuais.
SHAFFER E ANUNDSEN (1993) afirmam que comunidade é um todo dinâmico que
emerge quando um grupo de pessoas compartilha determinadas práticas, é interdependente,
toma decisões em conjunto, identifica-se com algo maior do que o somatório de suas relações
individuais e estabelece um compromisso de longo prazo com o bem-estar (o seu, o dos
outros e o do grupo em todas as suas inter-relações).
Para se formar uma comunidade virtual é preciso que exista uma necessidade humana
e essas necessidades são a razão primeira por que se formam as comunidades
eletrônicas/virtuais, conforme ressaltam PALLOFF E PRATT (2002). Questiona-se se é
possível criar um sentimento de comunidade sem nunca ter havido contato prévio entre os
participantes. Para SHAFFER E ANUNDSEN (1993) uma comunidade consciente pode ser
criada eletronicamente por meio da iniciação e da participação em discussões sobre objetivos,
ética, responsabilidades e estilos de comunicação, isto é, normas. Conseqüentemente, as
normas seriam negociadas, no ambiente on-line, da mesma forma que em uma comunidade ou
em um grupo social presencial.
PALLOFF E PRATT (2002) distinguem ciberespaço de comunidades virtuais.
Segundo eles, podemos definir o ciberespaço como um espaço conceitual em que palavras,
relacionamentos humanos, dados, riqueza e poder são manifestados pelas pessoas que usam
essa infra-estrutura tecnológica. Já as comunidades virtuais são agregações culturais que
emergem quando um número suficiente de pessoas encontra-se no ciberespaço. Para eles as
comunidades são definidas e redefinidas a partir do modo como as pessoas têm interagido
com o crescimento da Internet.
Com o desenvolvimento acelerado da comunicação eletrônica e da realidade virtual
fica cada vez mais difícil determinar o que realmente significa a palavra comunidade, pois
elas se diversificam e têm cada vez mais atributos variados.
3.2 COMUNIDADES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM
As comunidades virtuais de aprendizagem surgem não apenas como possibilidade de
aprimorar ou completar a aprendizagem que se realiza nas instituições e comunidades
escolares, como também, segundo alguns especialistas, para transformar as tradicionais
formas de ensino e até mesmo as formas de pensar e construir conhecimento.
GÓMEZ (2004) afirma que a Internet está conseguindo desmontar certezas e
modificar as formas de produção, de relacionamentos sociais e educativos e, com isso, a
maneira de ser e estar no mundo. O espaço virtual parece existir só a partir da confluência,
produzido na interconexão dos computadores e pela imersão na rede. Por meio da Internet vão
se criando outras narrativas em que a mediação é o suporte do processo educativo, artístico,
tecnológico e científico nela gerado.
Para se construir uma comunidade virtual é preciso alguns passos básicos, segundo
PALLOFF E PRATT (2002). Primeiramente:
• Definir claramente a proposta do grupo;
• Criar um local diferenciado para o grupo;
• Promover lideranças internas eficientes;
• Definir normas e um claro código de conduta;
• Permitir que haja uma variedade de papéis para os membros do grupo;
• Permitir e facilitar subgrupos;
• Permitir que os participantes resolvam suas próprias discussões.
Uma das maneiras de se desenvolver a comunidade é por meio da negociação mútua
das diretrizes referentes ao trabalho conjunto do grupo. Iniciar o curso pelo envio de
apresentações e incentivar os participantes a buscar áreas de interesse comum são boas formas
de começar uma comunidade virtual. Esta precisa ser capaz de abrir espaço para questões
pessoais. Deve ser algo que se faz deliberadamente e que se estimula durante o curso. Caso
não se abra esse espaço, é provável que os participantes busquem outras formas de interação
pessoal, seja por e-mail, inserção de questões pessoais na discussão dos conteúdos do curso.
“A coesão do grupo numa comunidade de aprendizagem virtual só
sobrevive com o conflito como também com a ajuda na qualidade do
resultado do processo de aprendizagem.” (PALLOFF E PRATT,
2002:52).
Assim comunidades que conseguem dar vitalidade aos vínculos estabelecidos entre os
participantes para que se mantenham “em aprendizagem” – suprindo, de alguma forma, as
necessidades individuais e coletivas das pessoas envolvidas – têm mais do que um foco ou
temática aglutinadora. Para KENSKI (2001), a comunidade virtual ativa desperta o desejo e a
necessidade de colaboração entre seus membros, à medida que eles se sintam acolhidos e
reconhecidos pelas suas contribuições e participações. O comportamento individual na
comunidade virtual é resultado de diferentes motivações psíquicas e sociais. As comunidades
virtuais de aprendizado são, segundo a autora, flexíveis, abertas, dinâmicas e atuantes. Em
suas práticas é possível que se explicitem novas regras de atuação democrática e igualitária.
Novas formas de participação, de relacionamento e interação entre as pessoas que ensinam e
aprendem são criadas.
GOMEZ (2004) acredita que se comunicar na fala por escrito, nos debates, nos bate-
papos, nos fóruns, no design gráfico e nas páginas web é um ato político. É nesses atos que o
homem, sendo um ser de relações e não de simples contatos, procura existenciar-se na rede.
Essa afirmação envolve ações concretas, de modo a abrir espaços para lazer, estudo, leitura,
trabalho e relacionamento. Neste sentido, os espaços da internet são espaços de cultura e
favorecem os atos da fala, de leitura e de escrita na sua dimensão emancipadora.
Acreditamos que a construção de um vínculo de comunidade pode ser colocado como
fator de sociabilidade humana. Isso se dá a partir da comunicação. Esta é uma ação natural e
espontânea de qualquer indivíduo que, como ser social, não se dissocia em hipótese alguma
do corpo social do qual faz parte, tendo em vista que sua própria consciência é formada na
interação com este grupo.
As atividades realizadas pelos seres humanos em comunidade serão tanto mais
satisfatórias quanto estas atividades estiverem claramente dirigidas a estes objetivos,
contemplando todos os integrantes da comunidade em questão. PALLOFF E PRATT (2002)
afirmam que a eficácia deste vínculo será garantida na medida em que, no ambiente onde se
estabelece a mediação desta comunidade, prevaleçam os princípios da ética.
A participação ativa do grupo propicia o estabelecimento de relações e vínculos
afetivos entre os componentes da comunidade, para os quais devem ter liberdade completa
para desdobramentos dessas relações grupais em subgrupos e pares. Os recursos
comunicativos proporcionados pelo ambiente virtual podem estimular essas ações. A atuação
na comunidade de aprendizagem, seguindo estes princípios, tende a resultar num
comprometimento maior de todos os integrantes da mesma.
A manifestação operacional das relações num ambiente virtual acontece por meio
dos recursos de comunicação síncrona e assíncrona, a partir dos quais é permitida a expressão
individual dos integrantes, dirigida tanto ao grupo como um todo quanto a um indivíduo em
particular. As funcionalidades que permitem essas modalidades de interação são correio
eletrônico (e-mail), o IRC (mais conhecido como chat) e os newsgroups, mais conhecidos
como Fóruns de Discussão.
De acordo com MENGALLI (2005)3 o Fórum pode ser visto como uma ferramenta
tecnológica que favorece a interação e permite as alterações entre diferentes pessoas a respeito
de um tema em particular. Um favorecimento à aprendizagem colaborativa, tendo em vista
que permite a comunicação e a participação entre um grupo de pessoas que buscam objetivos
similares.
Segundo a autora, o Fórum na Roma antiga “evocava” grandes assembléias, “todos”
tinham a oportunidade de participar, debatiam sobre um determinado tema. Além disso, o
Fórum tinha como princípio a permissão da expressão de idéias e opiniões em um clima
informal. O tempo era limitado para cada expositor, as idéias e opiniões deveriam ser coesas e
todos poderiam ter a palavra, após a exposição inicial.
“Na época atual, o Fórum permite que várias opiniões sejam vistas a
respeito de um tema ou eixo central, prevendo algumas conclusões e
enfoques que podem ser direcionados, dependendo do interesse.
Incrementar e compartilhar idéias em um curto espaço de tempo pode
ser um benefício da “ferramenta”, bem como os aportes podem servir
como estruturas para as discussões. O desenvolvimento de espírito
participativo é esperado” 4
MENGALLI afirma que o Fórum eletrônico pode ser uma página da web, onde se faz
colocações, perguntas, inserções de links e colocações que buscam complementos, ou seja,
espera-se que algumas pessoas possam,“no espírito colaborativo”, ajudar outras pessoas a
completar pensamentos.
3 Texto publicado no site Intranet Portal http://www.intranetportal.com.br/colab1/col13 e acessado no dia 26 de
outubro de 2005, às 21h30. 4 Texto publicado no site Intranet Portal http://www.intranetportal.com.br/colab1/col13 e acessado no dia 26 de
outubro de 2005, às 21h30.
O Fórum tem como objetivo encontrar soluções para os problemas de forma rápida,
compartilhar entre todos os participantes as reflexões, as buscas e os desvelamentos, assim
como estabelece nexos diretos.
“O fórum tem a proposta de um diálogo, ou incentivo, que conduz as
discussões, que podem ser recortadas e direcionadas em locais que
sejam mais adequados a proposição de linhas complementares de
conversação. Nesta perspectiva, o fórum é um meio, um instrumento,
não um fim, todavia um princípio de novas possibilidades
tecnológicas”.5
No ciberespaço, a união de cidadãos conectados, segundo KENSKI (2001)
agrupados virtualmente em torno de interesses específicos, pode constituir uma comunidade a
partir do momento em que estabelece regras, valores, limites, usos e costumes, a “netiqueta”,
as restrições e os sentimentos de acolhimento e “pertencimento” ao grupo. A construção
social passa pelo desejo coletivo de pertencer a um determinado grupo e sobreviver enquanto
houver interesse de seus participantes em desfrutar desse espaço como membros, pessoas,
cidadãos.
Segundo PALLOFF e PRATT(2002) , os indicadores de que uma comunidade on-line
está em formação são expressos pelos seguintes resultados desejados:
• Interação ativa, envolvendo tanto o conteúdo do curso quanto
a comunicação pessoal;
• Aprendizagem colaborativa, evidenciada pelos comentários
dirigidos mais de um estudante a outro do que de um
estudante ao professor;
5 ibid
• Significado construído socialmente, evidenciado pelo acordo
ou pelo questionamento;
• Compartilhamento de recursos entre os alunos;
• Expressões de apoio e de estímulo trocadas entre os alunos,
além de vontade de avaliar criticamente o trabalho dos
colegas.
4. COLABORAÇÃO E COOPERAÇÃO EM AMBIENTES VIRTUAIS
DE APRENDIZAGEM
Os grandes avanços dos meios de comunicação e da informática que presenciamos no
atual momento histórico despertam para a potencialidade dos seus impactos sobre diversos
aspectos das atividades humanas. Segundo as autoras MAÇADA e TIJIBOY (1998), a forma
de comunicação entre as pessoas, o surgimento do pensar inferencial indo além do indutivo e
dedutivo, a diversificação na representação do pensamento através dos meios multimedia
aliados à telemática, geram uma nova concepção de espaço e de tempo no sentido de derrubar
fronteiras de comunicação e também de educação. É frente a esta nova realidade em radical
transformação que a educação deve refletir sobre seu papel e propor novos rumos, de forma a
vir ao encontro não só das exigências do mercado de trabalho onde os alunos serão inseridos,
mas também, e principalmente, de como promover o desenvolvimento de cidadãos críticos,
autônomos, criativos, que solucionem problemas em contextos imprevistos, que questionem e
transformem sua própria sociedade.
Em meio a estas transformações ocasionadas pelos impactos da tecnologia na
sociedade, surge a necessidade da geração de novas formas de trabalho envolvendo educação,
que sejam baseadas nos conceitos e concepções de interação, colaboração e cooperação.
Reflexões a respeito dos rumos da educação apontam para mudanças sobre a construção do
conhecimento, as relações entre os envolvidos no contexto educacional, as concepções do que
é ensinar e a redefinição do papel da escola, do professor e do aluno.
Os ambientes virtuais de aprendizagem vêm se apresentando, nos últimos anos, como
um instrumento pedagógico complementar ao ensino tradicional. Através do meio virtual,
alunos e professores têm a possibilidade de estabelecer uma outra forma de interação, que não
a presencial, com a chance de aprofundar o processo pedagógico. Alunos que possuem
dificuldade de falar em público podem surpreender por meio de uma participação intensa via
Internet. Ao mesmo tempo em que aqueles que participam ativamente, de forma presencial,
podem se mostrar não familiarizados com o meio digital e se comportarem de maneira tímida.
O resultado é uma nova forma de comunicação e educação, em que as atitudes de
participação, colaboração e cooperação são imprescindíveis para que o processo educacional
aconteça por meio do ambiente virtual. Afinal, neste meio, a construção do conhecimento é
coletiva e, caso as pessoas deixem de se manifestar, o ambiente virtual de aprendizagem,
conseqüentemente, desaparece.
Uma comunidade virtual de aprendizagem possui as seguintes características, de
acordo com PALLOFF e PRATT(2002:59):
• “ contato virtual versus contato humano, conectividade e articulação;
• responsabilidade, regras, papéis, normas e participação compartilhados;
• questões psicológicas e espirituais;
• vulnerabilidade, privacidade e ética”.
Pessoas de diversas origens e históricos se unem virtualmente para discutir
determinado tema. As regras vão sendo construídas ao longo do processo, através da
participação coletiva, e as características subjetivas de cada agente social devem ser levadas
em consideração para uma análise mais aprofundada. O interesse na discussão em torno de
um assunto específico é a característica que alavanca a criação de um ambiente virtual de
aprendizagem. O início deste ambiente comunitário é marcado por diálogos que têm como
foco principal o tema a ser discutido. Após os primeiros contatos, pode ser que as pessoas
descubram outras afinidades e também diferenças, o que tornará o debate cada vez mais rico.
Conforme PALLOFF e PRATT (2002), independente do tema que une os participantes
e de suas divergências que acirram o debate é inquestionável que uma comunidade virtual só
terá permanência se houver colaboração e cooperação entre os que participam. Do contrário,
se cada integrante preferir ir se ausentando aos poucos, a comunidade virtual vai, lentamente,
perdendo o sentido, até que a dialogicidade termine por completo. Então, será mais uma
comunidade enterrada na virtualidade da rede, morta em termos de interação, mas viva em
termos de memória, já que seu registro ficará na rede para ser relembrado. Desta forma, é
essencial que a participação e o diálogo se mantenham ativos e que a colaboração e a
cooperação entre os participantes em torno do tema discutido sejam constantes. A partir do
momento em que essas características forem presentes, pode-se dizer que a comunidade estará
ocorrendo de maneira viva.
Mas, como é possível chegar a este ideal de comunicação, fundada sobre as bases da
colaboração e da cooperação? PALLOFF e PRATT (2002), no livro Construindo
Comunidades de Aprendizagem no Ciberespaço, citam o artigo ‘Making distance learning
collaborative’, de Ellen Christiansen e Lone Derckenck-Holmfeld para descrever o ambiente
ideal para que haja o desenvolvimento da colaboração. De acordo com os autores do artigo,
este ambiente deve possuir as seguintes características:
1) Permitir ao grupo de alunos formular um objetivo comum para o seu processo de
aprendizagem;
2) Estimular os alunos a fazer uso de – como recurso para a sua motivação –
problemas, interesses e experiências pessoais;
3) Assumir o diálogo como o meio fundamental de investigação.
Para que este ambiente ideal ocorra, algumas posturas devem ser tomadas pelo grupo
ao iniciar uma comunidade virtual, como enfatizam PALLOFF E PRATT (2002), ao
sugerirem que as atividades sejam colocadas em prática para que a colaboração realmente
ocorra: compartilhar as expectativas de todos os participantes logo na formação da
comunidade; estimular o comentário sobre as apresentações pessoais; formar equipes para
discutir determinados assuntos e enviar as diretrizes para o processo; estimular a busca de
exemplos da vida real e elaborar tarefas relacionadas a situações da vida real.
Todas estas questões envolvem o fator principal para que exista colaboração na
comunidade: o estímulo à participação. Se as pessoas não se sentem motivadas a cooperar
com os colegas, a enviar sugestões e comentários, a comunidade deixa de ter sentido para
alguns e aos poucos vai se esvaziando. Desta forma, pensar em maneiras de envolver os
integrantes na participação e construção da comunidade é pensar, conseqüentemente, em
como construir um ambiente de colaboração e cooperação.
De acordo com PALLOFF E PRATT (2002), existem maneiras de estimular a
participação, como, por exemplo, fazer questionamentos inteligentes que sejam motivo de
debate; dividir a responsabilidade pela facilitação, em que cada aluno assume um papel dentro
da comunidade (facilitador da discussão; observador do processo, comentando a dinâmica do
grupo; comentarista do conteúdo, resumindo o que foi aprendido pelo grupo durante a semana
anterior; líder de equipe, com ou sem responsabilidade adicional de avaliar o trabalho dos
outros participantes; apresentador de determinado tópico, livro ou área de interesse); estimular
a avaliação e a exploração do consenso e da diferença, para que os alunos sejam capazes de
construir uma visão colaborativa do material que discutem e que vai muito além das idéias
que cada um tinha no começo; e por último, estimular a colaboração no intergrupo, por meio
de indicação de páginas eletrônicas ou outras comunidades que possam ser de interesse das
pessoas e que venha a contribuir com o conhecimento coletivo.
Além de todas estas atividades, os autores ressaltam a importância de ações que visem
a autogestão da comunidade, sem que se crie uma dependência do professor da disciplina.
“Em uma abordagem colaborativa, faz sentido para os participantes que eles se conectem em
função de problemas, interesses e experiências a compartilhar” (PALLOFF E PRATT,
2002:157) e o compartilhamento de recursos é uma forma de dar independência aos
participantes, que passam indicar diferentes fontes de conhecimento que não são
necessariamente indicações do professor. A independência em relação ao professor cria uma
interdependência entre os participantes da comunidade virtual, o que torna a construção do
conhecimento uma atividade coletiva.
“A colaboração e a capacidade de incentivar a interdependência são
elementos fundamentais para a formação de uma comunidade de
aprendizagem eletrônica. Por isso, é importante que o professor
preste bastante atenção às maneiras pelas quais pode, atuando como
facilitador, incorporar ao curso esse trabalho em conjunto.”
(PALLOFF E PRATT, 2003:155)
4.1 INTERAÇÃO: COLABORAÇÃO X COOPERAÇÃO
É por meio das formas de comunicação, ou seja, da interação entre pessoas que se
pode verificar uma relação colaborativa ou cooperativa, que pressupõe alguns requisitos que
vão além da mera interação. Para PALLOFF E PRATT (2002), a discussão permite que os
participantes sejam responsáveis pela forma como se envolvem com o curso e cheguem a um
acordo sobre a interação. É isso que estabelece o primeiro passo da busca de uma maior
colaboração na aprendizagem.
Alguns autores definem ou referenciam a cooperação e colaboração como sinônimos,
outros fazem distinção. MAÇADA E TIJIBOY (1998) definem colaboração como trabalho
em comum realizado por uma ou mais pessoas, cooperação, auxílio, contribuição. Colaborar
(co-labore) significa trabalhar junto, implica no conceito de objetivos compartilhados e uma
intenção explícita de somar algo – criar alguma coisa nova ou diferente por meio da
colaboração, se contrapondo a uma simples troca de informação. E cooperação é definido
como um trabalho de co-realização que atinge o significado de colaboração, envolve o
trabalho coletivo visando alcançar um objetivo comum. O conceito de cooperação é mais
complicado na medida em que a colaboração está incluída nele, mas o contrário não é
verdadeiro. Ou seja, para existir cooperação é preciso que haja colaboração.
As autoras finalizam o assunto afirmando que o conceito de cooperação é mais
complexo, pois pressupõe a interação e a colaboração, além de relações de respeito mútuo e
não-hierárquicas entre os envolvidos, assumindo uma postura de tolerância e convivência com
as diferenças dentro de um processo de negociação constante. Percebemos que a diferença
fundamental entre ambos conceitos reside no fato de que, para haver colaboração, um
indivíduo deve interagir com o outro, existindo ajuda – mútua ou unilateral. Para existir
cooperação não só deve haver interação e colaboração, mas também objetivos comuns,
atividades e ações conjuntas e coordenadas.
Existe ainda um fator importante que deve ser levado em consideração: a ajuda da
percepção no processo interação-colaboração-cooperação. Segundo GEROSA, FUKS E
LUCENA (2001), a percepção é a aquisição de conhecimento por meio dos sentidos sobre
acontecimentos e ações mesmo sem se comunicar diretamente com elas, como é possível em
ambientes virtuais de aprendizagem. A percepção torna-se um fator fundamental na
comunicação, coordenação e cooperação de um grupo de trabalho.
Os ambientes virtuais de trabalho e de aprendizagem colaborativos, utilizando da
interconexão de máquinas fornecida pelas redes de computadores e pela Internet, visam
facilitar as atividades em grupo. Portanto, estes ambientes devem prover elementos de
percepção de forma a permitir a coordenação em tarefas cooperativas, principalmente onde a
comunicação direta não ocorra. Além disso, devem prover elementos de percepção para que
indivíduos possam interpretar eventos, prever possíveis necessidades e transmitir informações
de maneira organizada. Perceber as atividades dos outros indivíduos, é essencial para o fluxo
e naturalidade do trabalho e para diminuir as sensações de impessoalidade e distância, comuns
nos ambientes virtuais.
A percepção dentro de um ambiente envolve vários aspectos cognitivos relativos à
habilidade humana. Enquanto a interação entre pessoas e ambiente dentro de uma situação
face-a-face parece natural - visto que sentidos como visão e audição estão disponíveis em sua
plenitude -, a situação fica menos clara quando há a tentativa de fornecer suporte à percepção
em ambientes virtuais. Estes ambientes tendem a esconder diversas informações que estão
disponíveis num encontro face-a-face. Tendo como base essas informações, é possível afirmar
que o ideal é que existam momentos presenciais antes da colaboração em ambientes virtuais
de aprendizagem para que a percepção possa se manifestar por meio das mensagens trocadas
em meios eletrônicos.
PALLOFF E PRATT (2002) consideram o meio digital perfeito para facilitar essa
espécie de aprendizagem – a colaboração.
“Além de se reunirem no site do curso, os alunos com interesses
similares devem ser estimulados a ‘se encontrarem’ e a trabalharem
juntos. Por isso, podem enviar e-mails em que discutam problemas e
troquem informações. Podem, também, colaborativamente, preparar
um relato ou trabalho escrito para apresentar aos outros participantes.
Além disso, os alunos devem ser guiados e estimulados a comentar os
trabalhos e as mensagens que recebem – comentário que deve ser
substancial e ir muito além dos tradicionais ‘tapinhas nas costas”.
(PALLOFF E PRATT, 2002: 111)
Para os autores, o primeiro passo da busca de uma maior colaboração na aprendizagem
é permitir uma discussão em que os participantes sejam responsáveis pela própria forma como
se envolve com o curso e cheguem a um acordo sobre a interação.
FERREIRA (2002) propõe que as possibilidades de trabalho cooperativo em
ambientes virtuais ocorrem quando são rompidos os limites materiais do direito à palavra –
oral e escrita –, pela possibilidade de acesso simultâneo à produção e interpretação das trocas
em sala de aula. Acredita que os limites vão se situar nas estratégias dos interlocutores. O
desenvolvimento das atividades cooperativas, entretanto, requer competências em várias
esferas (ferramentas e discurso) para que os indivíduos interlocutores possam desenvolver
cooperações abstratas na esfera das interações sujeito cooperativo-objeto de conhecimento.
4.2 FERRAMENTAS VIRTUAIS: DIVERSIDADE ESTRATÉGICA
As estratégias de interação disponibilizadas na internet permitem a opção mais
adequada a diferentes grupos e propostas de estudo e/ou de trabalho, exigindo uma
flexibilidade espaço-temporal-cognitiva-atitudinal tanto de alunos quanto de professores.
Dentre as ferramentas virtuais atuais, o critério de sua utilização vai depender da dinâmica da
turma e do estilo de organização conduzido pelo mediador.
Segundo PALLOFF E PRATT (2002), no processo de colaboração e cooperação, a
monitoração do professor e suas intervenções como facilitador são relevantes, uma vez que a
participação tanto presencial quanto on line, é heterogênea, ou seja, de acordo com interesses
pessoais, capacidade, disponibilidade de tempo e de recursos tecnológicos e outros motivos,
assim poderá haver mais ou menos colaboração e cooperação.
A questão fundamental a ser discutida, portanto, é: “qual(ais) seria(m) a(s)
melhor(es) ferramenta(s) ou meio(s) a ser utilizado (a)(s) para um determinado grupo de
alunos a fim de que sejam alcançados os objetivos estabelecidos no planejamento do curso?”
Disponibilizar uma ferramenta como o chat, em uma turma cujos horários não seguem uma
rotina ou em um curso que não prevê entrevistas e debates on line, é um grande desperdício.
Como enfatizam PALLOFF E PRATT (2002), o importante, é que o curso não seja
direcionado pela tecnologia, mas sim pelos resultados desejados pelos participantes e por suas
necessidades.
A flexibilidade na disponibilidade e a facilidade no manuseio das diversas mídias
interativas além de um ambiente visual agradável proporcionam interesse na interação, seja
ela síncrona ou assíncrona. O importante é conhecer bem as ferramentas e saber quando e
como aplicá-las. Vamos, portanto, refletir sobre a sua utilidade:
a. E-mail: o correio eletrônico facilita contatos individualizados entre alunos e pequenos
grupos de trabalho, ou entre aluno e professor e vice-versa; dispõe de recursos como o
envio de arquivos de texto, fotos, sons e vídeos, agilizando o seu compartilhamento de
modo bastante prático e de simples manuseio. Recursos como avisos sonoros de
recebimento de mensagens facilitam a prontidão da resposta - relevante em um
contexto de participação intensiva - mas também podem atrapalhar ao desviar-nos de
um trabalho que exige mais concentração. A configuração apropriada de acordo com
as necessidades de seu usuário torna seu uso mais confortável.
b. Lista ou Grupo de Discussão: extensão do e-mail é ideal para o envio de avisos e
lembretes que demandem urgência de resposta e interação instantânea dentro do grupo.
Permite que todos os inscritos recebam cópias das mensagens simultaneamente, sem
que seja necessária uma seleção manual dos destinatários, o que agiliza e facilita a
colaboração e a cooperação durante a produção de um trabalho. Também é possível
enviar a todos, arquivos de diferentes extensões (desde que sejam leves) ou
disponibilizá-los no site do provedor que gerencia o grupo. Todas as mensagens
compartilhadas pelos participantes ficam registradas neste mesmo gerenciador,
podendo ser acessadas a qualquer momento, enquanto o grupo formado existir. A
grande vantagem, é que os alunos e professores podem manter contatos futuros por
meio do grupo, trocando experiências, sugestões, opiniões etc., mesmo após o término
de um curso. A educação fica continuada.
c. Messenger: para conversações instantâneas e objetivas, não permite textos longos, mas
oferece interação no compartilhamento de todo tipo de arquivo, jogos e diálogos on
line por meio de texto, áudio e vídeo, conferências em grupo, atividades com recursos
de comunicação, além de outros. Os emoticons, caricaturas divertidas disponibilizadas
aos usuários pelo provedor, promovem a aproximação nos relacionamentos,
‘aquecendo’ a troca de mensagens. Ideal para inteirar turmas de ensino totalmente à
distância, pois estimula a conversa, o bom humor e a espontaneidade.
d. Fórum de Discussão: debate e reflexão de temas específicos, propostos pelo professor
/ mediador ou mesmo pelo(s) aluno(s). Indica a seriedade da tarefa, pois permite que as
discussões sobre um assunto único desenrolem-se por vários dias tendendo a um
aprofundamento mais intenso e consciente dos que nele opinam em relação ao
conteúdo abordado. As intervenções pontuadas do professor estimulam a participação,
ajudando o aluno a interpretar dados, a relacioná-los, a contextualizá-los. Não é
instantâneo (é preciso acessar o site no qual o forum está locado) e não permite a troca
ou o compartilhamento de arquivos, o que engessa a dinâmica do processo
colaborativo. Por ser uma mídia de temperamento fleumático, mantém distanciados os
seus participantes tanto em relação às discussões de conteúdos quanto ao espaço de
tempo. A lentidão de resposta em fóruns esfria as relações e a falta de tempo,
realidade inegável no mundo contemporâneo, desestimula a participação mais
intensiva.
e. Blog: o diário virtual viabiliza atualizações com facilidade e, portanto, é perfeito para
descrever conteúdos trabalhados durante as aulas, tem espaços para comentários do
professor e dos alunos, sendo que tudo permanece registrado para acesso a qualquer
momento. Também permite a disponibilização de arquivos.
f. Chat: uma sala virtual realiza entrevistas síncronas à distância. É preciso que todos
tenham a mesma disponibilidade simultaneamente, sejam participantes ou
entrevistados, sendo mais provável o sucesso de sua aplicação em turmas de
adolescentes que dispõem de mais tempo ocioso na agenda.
g. Comunidade Orkut: a grande rede de relacionamentos gera encontros e a criação de
comunidades específicas de acordo com interesses individuais ou grupais. Escolas,
cursos, empresas, áreas de interesse bastante diversificadas como gastronomia, música,
política e tantas outras, formam grupos ‘arquitetônicos’ que vão traçando o perfil de
uma sociedade. A participação é espontânea e voluntária, permitindo a manutenção dos
contatos e a integração com outras turmas (anteriores) de um mesmo curso, escola,
empresa etc.. A troca de opiniões, o compartilhamento de fotos, o acesso à rede de
relacionamentos aproxima as pessoas, independentemente da distância física,
confirmando a teoria da relatividade de Albert Einstein.
h. Mecanismos de Busca (Google e Ebsco): ferramentas importantes no acesso a
infinitas fontes de informação, essenciais para um trabalho de cooperação bem
detalhado e aprofundado.
Todas as ferramentas descritas acima e tantas outras que ainda venham a ser criadas têm
sua importância no processo de aprendizagem colaborativa. O mais importante é saber como e
em que contexto de público devemos aplicá-las. O professor/mediador com sua percepção,
sensibilidade e intuição, tem a oportunidade de perceber as necessidades do grupo, adaptando-
se a elas até encontrar o ponto de equilíbrio entre as expectativas de cada indivíduo em
relação à turma e a melhor ferramenta a ser usada em relação aos objetivos do curso. “A
personalidade do professor é decisiva para o bom êxito do ensino-aprendizagem. Muitos não
sabem explorar todas as potencialidades da interação”6 o que nos faz concluir que, além de
avaliações atitudinais e cognitivas, constantes atualizações de conteúdos e de estratégias
tornam-se prioritárias na educação virtual.
6 MORAN, http://www.eca.usp.br/prof/moran/uber.htm#autonomia acessado em 25 de novembro de 2005 às
20h30.
5. ANÁLISE DOS DEPOIMENTOS SOBRE A PARTICIPAÇÃO NOS
FÓRUNS
“Não importa se a comunidade seja ou não virtual. O que importa é a
participação e a colaboração. Essa aprendizagem é marcante.”
(depoimento de aluno da turma de 2004)
Conforme citado anteriormente, o objeto de estudo desta pesquisa é a apresentação
dos relatos dos alunos das turmas de 2003 e 2004, relativos ao processo de discussão e
comunicação sobre a participação de cada um no Fórum Virtual, da disciplina Criando
Comunidades Virtuais de Aprendizagem e de Prática, ministrada pela Profª Drª Brasilina
Passarelli.
Apesar de presencial, a disciplina tem como objetivo a discussão sobre comunidades
virtuais e, dentre as atividades propostas, está a constante participação dos alunos em fóruns
de discussão. Ao final de cada uma das turmas mencionadas, os alunos foram convidados a
externar suas opiniões sobre aspectos relativos ao curso.
Os alunos da turma de 2003 foram incentivados a relatar suas opiniões sobre os
aspectos gerais do curso; as experiências vivenciadas de participação em uma comunidade
virtual, na elaboração de um trabalho coletivo e na utilização do fórum; e a importância dada
aos encontros presenciais. Nesta atividade, em que participaram 12 alunos com a presença da
Profª Drª. Brasilina Passarelli, as opiniões foram coletadas em reunião do grupo, registradas
em vídeo e depois transcritas.
Estes relatos serão objeto de pesquisa deste trabalho, porém, aqui se faz necessária
uma ressalva: as conclusões que serão obtidas a partir da análise desses depoimentos devem
ser vistas com valor relativo, pois estes não foram coletados da forma mais adequada do ponto
de vista da metodologia de pesquisa das Ciências Sociais. Considera-se que, o fato de os
depoimentos terem sido coletados em grupo e gravados em vídeo, com a presença de uma
figura de autoridade, no caso a professora responsável pelo curso, pode ter provocado alguma
mudança no comportamento dos depoentes, comprometendo a espontaneidade de suas
respostas.
Supõe-se que pode ter havido constrangimento por parte dos integrantes da reunião em
expressar opiniões negativas mais fortes para evitar algum tipo de desconforto no grupo.
Além disso, a transcrição do vídeo foi feita de forma linear e não explorou as reações “físicas”
dos participantes em relação aos temas propostos.
Conforme nos sugerem alguns estudos sobre técnicas de entrevistas, o grau de
exposição do entrevistado pode restringir ou distorcer informações. Por parte do entrevistado
há insegurança em relação ao seu anonimato e por causa disto, muitas vezes, o entrevistado
retém informações importantes. Essas questões são, ainda assim, melhor apreendidas pela
entrevista aberta e semi-estruturada. Vale lembrar que a qualidade das entrevistas depende
muito do planejamento feito pelo entrevistador. O entrevistador deve criar uma situação onde
as respostas do informante sejam fidedignas e válidas.
A situação em que é realizada a entrevista contribui muito para o seu sucesso, o
entrevistador deve transmitir, acima de tudo, confiança ao informante. A presença do
gravador, como instrumento de pesquisa, em alguns casos pode causar inibição,
constrangimentos aos entrevistados. Em outros casos, o pesquisado poderá assumir um papel
que não é o seu, assumir um personagem que nada tem a ver com ele, ou seja, ele pode
incorporar o personagem que ele acha que o pesquisador quer ouvir. Sendo assim, consciente
ou inconscientemente, o pesquisado estará tentando enganar o pesquisador.
A transcrição da entrevista é parte integrante da metodologia do trabalho de pesquisa.
Uma transcrição de entrevista não é só aquele ato mecânico de passar para o papel o discurso
gravado do informante, pois de alguma forma o pesquisador tem que apresentar os silêncios,
os gestos, os risos, a entonação de voz do informante durante a entrevista. Esses
“sentimentos” que não passam pela fita do gravador são muito importantes na hora da análise,
eles mostram muita coisa do informante. “O pesquisador tem o dever de ser fiel, ter fidelidade
quando transcrever tudo o que o pesquisado falou e sentiu durante a entrevista.” (BONI E
QUARESMA, 2005: 68)
Entretanto, o fato de as opiniões terem sido coletadas em grupo, expondo a opinião de
cada um dos participantes diretamente ao grupo, não inviabiliza o uso desses depoimentos nas
análises no âmbito da proposta deste trabalho. Porém, uma pesquisa que pretenda aprofundar
o tema deve necessariamente buscar obter as opiniões dos participantes por meio de relatos
individuais, protegendo-os pelo anonimato para que seja efetuada a contra-prova dos
depoimentos coletados de forma aberta.
Em contrapartida, os alunos da disciplina de 2004 utilizaram outra maneira de relatar
seus pontos de vista sobre o curso: no texto coletivo apresentado pela turma de 2004, há um
capítulo com a apresentação dos depoimentos de oito alunos, porém sem a informação de
como foram coletados esses depoimentos. Entretanto, a análise da estrutura dos textos nos
leva a crer que os depoimentos foram escritos pelos próprios alunos, uma vez que o texto
possui mais características da linguagem escrita do que da oral. Por exemplo, três alunos
utilizaram uma estrutura muito característica da escrita, que é a apresentação de comentários
por tópicos (a-; b- c-... ou 1- 2- 3-...) a partir da introdução de uma frase finalizada em dois
pontos (:), estrutura está pouco utilizada na linguagem falada, portanto, improvável que se
repetisse em três depoimentos num grupo de oito pessoas.
Os temas abordados nos depoimentos das turmas de 2003 e 2004 tiveram abordagens
diferentes. Enquanto que a turma de 2003 enfocou o Fórum Virtual de Aprendizagem,
utilizado como ferramenta de comunicação na disciplina; a turma de 2004 teve como foco de
análise as comunidades virtuais, abordando os aspectos gerais do curso e o sistema de
participação, além da presença constante de depoimentos que analisam a metodologia
empregada na própria disciplina “Criando Comunidades Virtuais de Aprendizagem e de
Prática – CCVAeP” e os temas nela tratados.
Efetivamente para a análise do objeto de pesquisa deste texto coletivo, os depoimentos
da turma de 2003 são mais apropriados, pois versam objetivamente sobre o tema foco deste
trabalho, o Fórum Virtual. Mas os depoimentos da turma de 2004, ainda que não focados
exatamente sobre o objeto da pesquisa deste texto, trazem uma riqueza de percepções sobre o
uso de ambientes virtuais.
Desta forma, a análise da participação dos alunos, com a intenção de se verificar as
facilidades e as dificuldades encontradas nos fóruns das turmas de 2003 e 2004, da disciplina
Criando Comunidades Virtuais de Aprendizagem e de Prática – CCVAeP, utilizará de forma
mais freqüente os depoimentos da Turma de 2003. 7
5.1 ALÉM DAS FERRAMENTAS
Muitas escolas e empresas fazem pesados investimentos em informática, tanto em
equipamento como em programas, na expectativa de que os ambientes informatizados
facilitem o relacionamento e seduzam funcionários, alunos e professores. Segundo MARTIN
7 Todos os depoimentos utilizados nesse texto coletivo estão disponibilizados no ANEXO 1.
(1996), são inúmeros os livros e os artigos que colocam o computador como fenomenal meio
para a aprendizagem, pesquisa e troca de comunicação, como a maravilha do futuro que
convém que todos se antecipem a seu uso, numa forte campanha de marketing das empresas
produtoras de hardware e software, porém não se aprofunda a discussão sobre as condições
em que o computador apresenta eficácia nos processos educativos.
Ainda que muitos autores destaquem a importância da ferramenta para facilitar a
participação em fóruns e comunidades virtuais, ainda assim interfaces não amigáveis podem
ser um entrave à participação. Na análise dos depoimentos dos alunos das turmas de 2003 e
2004, apenas um dos alunos, ou seja, 5% da amostragem, fez comentários indicando que a
interface atrapalhou o desenvolvimento das atividades. Mesmo assim, indica que tal
adversidade foi superada com o transcorrer do curso. De acordo com o aluno:
- “Faltou o treinamento mais direcionado das ferramentas a serem
utilizadas no início do curso. Talvez por meio de apostila ou uma
sessão de exercícios práticos dirigidos, para que o grupo tenha um
mínimo de nivelamento na utilização. No caso específico do grupo,
esta necessidade foi sentida devido à heterogeneidade de formações
acadêmicas, áreas de atuação e familiaridade com ferramentas de
Internet.”
Uma das hipóteses deste trabalho de pesquisa sobre a participação ou não participação
no fórum da disciplina CCVAeP se deve a fatores de ordem “não técnica”, ou seja, o que
estimula ou inibe a participação dos alunos não é o software utilizado no fórum. A análise dos
depoimentos conduz a essa afirmativa, levando-se em conta ainda outros fatores como:
a) Vários alunos citaram a heterogeneidade dos grupos, com integrantes de várias
formações, portanto muito improvável que todos tivessem facilidades com o uso de
ferramentas de comunidade virtual. Mesmo um aluno que informou ter “trauma de
Internet” disse que começou a participar mais, porque “perdeu o medo”.
b) Os depoimentos não registram nenhuma declaração destacando a qualidade do
software utilizado no fórum. Nenhum depoimento se ateve a isso.
c) Foi registrada uma reclamação quanto ao fato do software não permitir a anexação de
arquivos no formato Microsoft Word, o que fez com o e-mail ganhasse importância na
troca de arquivos para a construção do texto coletivo.
Esses três fatores, ainda que empíricos, reforçam a percepção de que o software do
fórum utilizado no curso está na média do mercado, ou seja, não é de qualidade inferior nem
superior aos demais softwares utilizados em fóruns e comunidades virtuais. Portanto, fica
difícil considerar que o mesmo possa, em algum momento, ter respondido de forma
determinante pela participação ou não dos alunos. Se a qualidade do software fosse
responsável pelos fatores participação/não participação, seguramente isso teria surgido de
forma espontânea nos depoimentos.
5.2 EM BUSCA DE MOTIVOS
Um dos aspectos que chama a atenção na análise dos depoimentos dos alunos, em
especial os da turma de 2003, é a reação da maioria (10 alunos para um total de 12) que diante
do questionamento de “como se deu a participação no fórum?” assumem uma postura mais
defensiva, como que justificando a não participação no fórum:
• Eu sou o caso clássico: continuo não usando o fórum. Eu sou mais
tranqüila nas relações inter-pessoais.
• Eu tenho participado mais aqui dos encontros presenciais, eu sinto
mais facilidade de fazer isso aqui, em função mesmo da própria
relação, das questões que surgem, e pela falta de tempo, eu acabo não
entrando nos fóruns e não tenho participado tanto.
• Bom, eu acho que a minha participação tanto no fórum quanto no
presencial continua muito tímida, eu estou tentando vencer essa
barreira.
• Minha participação no fórum também deveria ser maior, eu tento
equilibrar o inter-pessoal com o fórum. Eu acredito que o fórum tenha
um poder de síntese.
• Quando eu comecei a participar do fórum eu tive que parar por
problemas pessoais.
• Porém eu creio que tenho participado muito mais passivamente do
que mandando ou escrevendo alguma coisa, principalmente por causa
do meu momento, que eu tenho tido pouco tempo. Por outro lado, eu
gosto muito da oralidade, então eu gosto de falar e a minha
participação em sala de aula falando é muito maior que no fórum. Isso
não só no curso da Brasilina, mas também em outros fóruns... Falo
muito mais em sala de aula.
• Eu acredito que se eu tivesse uma conexão melhor, talvez minha
participação fosse maior no fórum.
• No fórum eu acho que eu tenho uma responsabilidade maior com
aquilo que eu vou escrever então eu tenho que estar pautada, eu tenho
que conhecer melhor, e tem ainda essa questão de estar preocupada
com aquilo que eu vou colocar no fórum.
• A minha participação no fórum tem se mantido basicamente igual
porque eu ainda prefiro a oralidade. Eu ainda acho que o fato de ter
um dia marcado para a gente sentar e discutir os temas é muito mais
rico do que ficar discutindo através do fórum.
• A minha participação acredito seja mais presencial do que no fórum,
eu escrevo pouco. Eu prefiro o encontro presencial, se tem essa
oportunidade de estar vendo e falando com as pessoas eu prefiro esse
momento.
Entre os motivos alegados para a não ou pouca participação no fórum se destacam:
• Preferência por relações “inter-pessoais” (contato pessoal - 5)
• Timidez (1)
• Receio de expressar opinião por escrito (1).
• Problemas pessoais não especificados (1)
• Problema técnico (conexão lenta – 1)
• Falta de tempo (1)
A declarada preferência por relacionamentos presenciais e não virtuais pode ser
considerada confirmada pelos depoimentos seguintes, retirados de ambas as turmas8:
• A aula presencial faz com que eu, com certeza, continue o curso
esperando o êxito proposto.
• Acho que o curso presencial realmente estimulou a gente a utilizar as
ferramentas, mesmo porque às vezes quando eu chegava aqui, já tinha
umas conversas estabelecidas, e eu sentia que não estava em sintonia,
8 Com relação à turma de 2003, esses depoimentos foram obtidos a partir do questionamento sobre a importância
dos encontros presenciais no curso. Com relação à turma de 2004, os depoimentos sobre a importância dos
encontros presenciais surgem de forma espontânea, pois os alunos não responderam a nenhum questionamento
específico sobre o tema.
então isso gerou uma certa cobrança minha para estar acessando mais
o fórum.
• Eu acho que os encontros presenciais foram fundamentais para o
nosso curso principalmente porque através deles, a gente tinha idéias,
que depois a gente queria rever e discutir com o pessoal e era por isso
que eu entrava no fórum.
• Eu acredito que os nossos encontros presenciais contribuíram muito
para que a gente utilizasse as ferramentas do fórum, até porque nós
tínhamos uma linha condutora, estávamos estudando alguma coisa.
• Evidentemente que se conhecendo melhor aqui nos encontros
presenciais, isso dá a gente uma maior participação no fórum, e
mesmo no decorrer do curso.
• Se não fosse esse ambiente social em que a agente se conhece, que é
palpável, eu não sei quem, como teria tido coragem para escrever para
o fórum.
• Com certeza a interação entre as pessoas presencialmente contribui
em muito para que a gente possa usar o fórum. A gente conhece as
pessoas com as quais está falando, estabelece conexões para ver a
conexão virtual. A presencialidade neste curso é super importante para
isso.
• Com certeza, os encontros presenciais trazem um calor humano para
qualquer relação, e isso facilita muito a participação na parte virtual. E
por outro lado vem confirmar para mim, a tese de que a gente tem que
participar dos fóruns virtuais abstraindo o pessoal, respeitando o outro
como profissional, mas abstraindo a parte pessoal.
• Os encontros presenciais nesse curso foram determinantes para a
participação do fórum, tanto na parte para criação dos laços quanto
para a cobrança do porque eu não estou no fórum.
• Sim, com certeza os encontros presenciais foram um catalisador,
serviu como um elemento aglutinador da necessidade de estar
realmente usando esses encontros nos fóruns, o encontro virtual, é
levado a cabo, em função das aulas presenciais.
Da turma de 2004, retiramos as seguintes afirmações:
• Confesso que a minha participação foi, em sua grande maioria, nas
aulas presenciais, mas acabei percebendo que a comunidade virtual
pode ser um caminho para a troca de aprendizagens e geração de
conhecimentos. Não importa se a comunidade seja ou não virtual. O
que importa é a participação e a colaboração. Essa aprendizagem é
marcante.
• Outro aspecto relevante é a integração entre os participantes da
comunidade. Quer por meio das aulas presenciais, quer por meio das
conferências virtuais. Ao realizarmos nossos textos individuais ou na
elaboração do texto coletivo, que gerou muita discussão uma vez que
cada um possui uma reação diferente do outro no momento de fazer
sua leitura e realizar sua tarefa, o importante foi vivenciar a
experiência do coletivo para um único fim.
• Nesses momentos o apoio oferecido pelo grupo foi fundamental para
que obtivesse sucesso. Aliás, a superação de novos desafios foi o
ponto marcante na minha participação na disciplina. No entanto, os
encontros presenciais foram fundamentais para que a participação
virtual fosse bem sucedida.
Outro aspecto interessante dos relatos é que poucos alunos falaram sobre as
motivações para a participação no fórum. De certa forma, isso reforça a resistência que os
alunos encontraram no uso dessa ferramenta no relacionamento cotidiano “não presencial”.
Isso também reforça a nossa percepção sobre o fato de que, no momento em que os alunos
foram incentivados a falar da participação no fórum, a maioria busca motivos para a não
participação. Alguns alunos mencionaram que a participação na comunidade virtual via fórum
foi uma experiência até certo ponto traumática.
Ainda que com poucos depoimentos a respeito da motivação, o fator produção do
texto coletivo, ou seja, um objetivo comum mais delineado, foi um importante aspecto
motivador para a participação:
• A minha participação no fórum ultimamente tem sido bem maior. Eu
creio porque principalmente por causa do texto coletivo, por causa
desse momento.
• Em minha opinião, o processo de construção da comunidade e a
participação crescente do grupo, incluindo a minha pessoa, começou a
se delinear melhor quando o grupo tinha uma tarefa clara para
desenvolver e esta deveria ser continuada de forma virtual, a
construção do trabalho coletivo.
• Agora que estamos mais envolvidos com os textos do texto coletivo,
pesquisas eu tenho participado mais com muito mais freqüência, eu
tenho entrado, mas a minha facilidade de participar presencialmente é
muito maior do que no fórum.
• Tenho impressão que é pela minha preferência pela escrita, por
poder e conseguir analisar situações na forma escrita;
• Eu participo do fórum em todos os assuntos que sejam de interesse
do curso e das matérias que me interessam.
• O bom desse fórum é que ninguém corrigiu ortograficamente ou com
críticas diretas, então eu tenho o problema da linguagem.
Outro ponto de destaque nos relatos foi em relação à motivação de continuar
participando ou desenvolvendo atividades relativas às comunidades virtuais. Novamente
vamos nos basear para esta análise nos depoimentos da turma de 2003, devido ao fato de a
questão da “motivação” ter sido proposta ao grupo. Outra questão proposta simultaneamente
foi quanto à chamada “preparação”, ou seja, se as pessoas se sentiam “preparadas” para
enfrentar o relacionamento mediado por sistemas digitais presente nas comunidades virtuais e
nos fóruns.
É possível detectar nos relatos certa dose de ansiedade, angústia, insegurança e alguma
determinação diante do novo mundo que se apresenta. Vejamos:
• Eu não acho que esteja assim totalmente preparada pra estar
encarando essas novas possibilidades, essas novas formas de
comunicação; mas estou plenamente disposta, tenho muita vontade e
interesse.
• Respondendo a pergunta se a gente está nesse universo da
cibercultura se sentindo motivado, motivado sim. E de certa forma
muito curioso frente às ferramentas que a gente tem disponíveis pra
gente.
• Eu acho que ninguém está realmente preparado, a gente está no meio
da mudança, não é? Do uso desse tipo de comunicação.
• Bem... Quanto à motivação para participar desse processo de
comunicação, eu me sinto bastante motivada (...) talvez eu ainda não
esteja totalmente preparada (...) No futuro isso vai ser muito mais
fácil.
• Eu me sinto motivado a mudar algumas coisas em mim, a partir
desse curso.
• Com relação a estar preparada para a mudança, eu acho que a gente,
vivendo nessa sociedade embasada em cibercultura, em sociedade
informacional e tudo isso que se está vivendo atualmente em um
mundo globalizado, acho difícil alguém estar preparado, mas estamos
no processo de aprendizado.
• Essa pergunta é capciosa. Ninguém vai dizer que não está preparado.
• Bem, preparada eu não sei se estou. Acho que estou no caminho da
preparação. Disposição eu tenho, não só disposição pessoal, mas para
as próprias exigências das transformações que a gente está vivendo
hoje.
• O fato é que eu estou pronta para essa transição do mundo real para
o mundo real/virtual... É meio complicado. Depende das metas e
objetivos e do que eu preciso fazer. Então se a interface não for muito
assustadora e eu souber mais ou menos onde estou pisando e quais são
os requisitos e qual o relacionamento no contexto quanto aos objetivos
que eu quero atingir.
• Bem, eu me sinto motivada a trabalhar nesse novo ambiente apesar
de sentir que me faltam ainda alguns conhecimentos, mais
conhecimentos. Eu me sinto motivada, mas não sei se estou
completamente preparada.
• Eu me sinto motivada de todas as maneiras, embora como a colega
falou tenho dificuldade muito grande com a imagem. Enquanto está
texto escrito, enquanto esta no áudio, enquanto esta no som tudo bem,
mas para mim a maior barreira a enfrentar nessa mudança vai ser
como lidar com a imagem mediada.
Aqui temos, dentre doze alunos, nove dizendo que ainda não se sentem de alguma
forma, em maior ou menor nível, preparados para enfrentar o mundo virtual e as mudanças
que ele propõe nas formas de trabalhar, estudar e se relacionar. Apenas um se declarou
plenamente preparado, sendo que seis se declararam motivados. Ninguém se declarou
desmotivado.
O levantamento desses relatos, ainda que não estatisticamente representativos, nos
sugerem que o nível de despreparo da sociedade brasileira para o uso de novas tecnologias de
forma colaborativa, no ambiente de trabalho ou educacional, pode ser muito alto.
Levando-se em conta que todos os alunos participantes do curso possuem nível
superior, sendo que alguns já concluíram o mestrado, estudando numa Universidade Pública
com grande nível de concorrência para ingresso, é fato que estamos diante de uma elite.
Essa constatação nos leva a mais dúvidas do que certezas:
• Não estamos preparados para trabalhar em ambiente colaborativo
digital ou não estamos preparados para trabalhar em ambientes
colaborativos sejam quais eles forem?
• Qual é o maior obstáculo ao trabalho colaborativo em comunidades
virtuais, a virtualidade ou a nossa própria falta de experiência em
atividades colaborativas?
• Ou ainda, como indaga KAPLÚN (1998:58) vivemos
tecnologicamente hiperconectados, mas socialmente ilhados?
Aqui chegamos ao momento em que podemos extrair algumas considerações, ou
pontos de análise, a partir dos depoimentos:
1) Há por parte dos alunos participantes da disciplina Comunidades
Virtuais de Aprendizagem e de Prática – CCVAeP uma certa
dificuldade no uso do ambiente virtual, em especial o fórum,
dificuldade esta aparentemente não motivada por barreiras no uso da
tecnologia;
2) Os encontros presenciais são apontados como muito importantes
para o estabelecimento de uma comunidade, virtual ou não;
3) A existência de um objetivo comum é aparentemente um fator
motivador importante que estimula a participação no ambiente virtual;
4) As pessoas declaram não se sentirem preparadas para desenvolver
atividades colaborativas em ambientes virtuais.
6. DISCUSSÃO DOS DADOS
PESQUISA TC 2005 - CRIANDO COMUNIDADES VIRTUAIS DE APRENDIZADO E PRÁTICA
A hipótese levantada para o estudo neste trabalho coletivo de análise foi a de que aspectos subjetivos contribuem mais, facilitando em maior ou menor grau, a participação em fóruns de CVA’s do que as restrições oferecidas pelos aspectos técnicos do ambiente virtual e/ou do software utilizado.
Variáveis Depoimentos turma 2003 Depoimentos turma 2004
Desconhecimento da ferramenta
Faltou o treinamento mais direcionado das ferramentas a serem utilizadas no início do curso. Talvez por meio de apostila ou uma sessão de exercícios práticos dirigidos, para que o grupo tenha um mínimo de nivelamento na utilização. No caso específico do grupo, esta necessidade foi sentida devido à heterogeneidade de formações acadêmicas, áreas de atuação e familiaridade com ferramentas de Internet.
Falta de Intimidade com a tecnologia
Níveis de formação e intimidade tecnológica diferente • Desconsiderem a criação desde tópico, fui responder e criei outro sem querer. Foi mal
Restrição tecnológica software não permite a anexação de arquivos no formato Microsoft Word, o que fez com a o e-mail ganhasse importância na troca de arquivos para a construção do texto coletivo.
• Enviei alguns comentários por email. Por favor, veja se recebeu. Estarei revendo o texto hoje à noite.
Visibilidade no forum • Eu sou mais tranqüila nas relações inter-pessoais.• eu sinto mais facilidade de fazer isso aqui, em funçãomesmo da própria relação, das questões que surgem, e pelafalta de tempo, eu acabo não entrando nos fóruns e nãotenho participado tanto.• Minha participação tanto no fórum quanto no presencialcontinua muito tímida, eu estou tentando vencer essabarreira.• Minha participação no fórum também deveria ser maior,eu tento equilibrar o inter-pessoal com o fórum. Eu acreditoque o fórum tenha um poder de síntese• participo de forma mais presencial do que no fórum, euescrevo pouco. Eu prefiro o encontro presencial, se temessa oportunidade de estar vendo e falando com as pessoaseu prefiro esse momento.
Preferência pela oralidade
• A minha participação no fórum tem se mantido básicamente igual porque eu ainda prefiro a oralidade. Eu ainda acho que o fato de ter um dia marcado para a gente sentar e discutir os temas é muito mais rico do que ficar discutindo através do fórum.
Confiança no modelo de forum nas CVA's
(...) Abri esse tópico para ficar mais fácil.As referências que eu recebi já estão formatadas, só preciso de alguns esclarecimentos, então quem usou os textos por favor responda: (...)MANFREDI, S. M. Trabalho, profissão e escolarização: revisitando conceitos.
Trabalho em forma cooperada
• Os papéis de cada um estão descritos em 'aula do dia 08.12.04', criado pela Eliene que fez um resumo de tudo o que foi combinado. • Enviei as bibliografias para o seu e-mail
Quadro 1 – Síntese das variáveis e depoimentos estudados
O capítulo anterior nos coloca pelo menos quatro aspectos de análise que foram
extraídos a partir dos relatos dos alunos das turmas de 2003 e 2004 que participaram da
disciplina Criando Comunidades Virtuais de Aprendizagem e de Prática – CCVAeP,
sintetizados no Quadro 01.
O primeiro ponto, que considera que os alunos apresentam dificuldades não
tecnológicas para trabalhar em comunidades virtuais ou mesmo no fórum, já foi relativamente
trabalhado no capítulo Além das Ferramentas, sendo que os demais pontos de observação vêm
complementar e confirmar as análises previamente realizadas nesses capítulos. Em todos os
depoimentos apenas um considerou que a ferramenta de trabalho no ambiente virtual
(software) proporcionou alguma barreira para a participação. Mesmo assim, como já dito, foi
no momento inicial.
Essa análise reforça a hipótese original deste trabalho de que as questões técnicas têm
peso secundário na participação ou não dos alunos nos fóruns. Portanto, se não é a questão
tecnológica, o que dificulta a participação mais ativa das pessoas nos fóruns das Comunidades
Virtuais? As demais análises apontam todas para questões não técnicas de naturezas diversas,
sendo que a primeira delas, e a que tem maior destaque, é a preferência dos alunos por
encontros presenciais.
PASSARELLI (2003) considera que os alunos de pós-graduação tem familiaridade
com as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), portanto, se há familiaridade com
a tecnologia, ela não pode ser vista como um fator preponderante para a participação ou não
do aluno no fórum.
“Os dados de acesso e consultas (...) indicam que os alunos de pós-
graduação que elegem esta disciplina estão intrinsicamente motivados
pelo tema da criação de comunidades virtuais de aprendizagem.
Muitos deles são profissionais que já atuam na área em suas
atividades profissionais. Outros interessam-se pelo tema como
atividade de pesquisa. Dessa forma, isto posto, esta “comunidade” de
alunos apresenta um perfil totalmente diferenciado das comunidades
consideradas nos outros sites objeto de estudo deste trabalho. Assim
sendo, o desempenho dos alunos de pós-graduação demonstra
familiaridade com a utilização das TIC, a qual se reflete em suas
interações no fórum e na qualidade das atividades publicadas, tanto
individualmente, como nas resenhas de leituras propostas pela
disciplina, e também na qualidade do Texto Coletivo por eles
construído ao longo do curso como atividade final proposta.”
(Passarelli, 2003, p. 166)
Já para JADER ANDRÉ DE SOUZA ROSA (2004), para ocorrer cooperações em
ambientes virtuais é necessário que os interlocutores dominem, no mínimo em termos
procedurais, as ferramentas e a produção/interpretação de discursos nas novas circunstâncias.
Se não há domínio das ferramentas (navegação, envio de mensagens, produção de texto, etc)
não há cooperação técnica nas trocas. Esta cooperação, no caso, é pré-requisito as trocas de
proposições (cooperações abstratas que possibilitam a construção cooperativa do
conhecimento entre professores e aluno).
Segundo CÉLIA ALVARIÑO (2004:73), “ao utilizar novos canais de comunicação, a
educação a distância corre o risco de ignorar o impacto que ela tem no sentido de vínculo.
Uma pessoa que participa de uma comunicação mediada tecnologicamente precisa estar
‘socialmente presente’ entre seus interlocutores. Daí a importância das sessões presenciais ou
das estratégias tecnológicas para favorecer o vínculo: uma fotografia no sistema de correio
eletrônico e as videoconferências. Desse modo, procura-se fazer com que os participantes
sintam que, ao escrever e enviar uma mensagem estão dizendo’ algo a alguém.”
A partir desta análise encontramos teorias que contribuem para a compreensão da
aprendizagem colaborativa mediada por computador, segundo MARCELO (1999).
• Teoria sociocultural (baseada na intersubjetividade e na zona de desenvolvimento
proximal de Vigotsky);
• Construtivismo e aprendizagem auto regulada (Piaget);
• Teoria da flexibilidade cognitiva.
A teoria sociocultural de Vigotsky sobre a aprendizagem enfatiza que a inteligência
humana provém da nossa sociedade ou cultura, e que ocorre em primeiro lugar por meio da
interação com o ambiente social (ponto de vista interpessoal).
Um outro aspecto da teoria de Vigotsky é a idéia de que o potencial para o
desenvolvimento cognitivo está limitado a uma determinada zona a que chamou de "zona de
desenvolvimento proximal" (ZDP). Define este conceito como a distância entre o nível real e
atual de conhecimentos de uma criança determinado pela resolução independente de
problemas e o nível de desenvolvimento potencial determinado pela resolução de problemas
sob a orientação de adultos ou em colaboração com companheiros mais capacitados. É
fundamental considerar que a ZDP varia com a cultura , a sociedade e a experiência de cada
indivíduo.
Para que uma ZDP seja criada, deve existir uma atividade conjunta que cria um
contexto para a interação entre alunos e professores. O trabalho de grupo poderá permitir o
confronto e a integração de diferentes pontos de vista que não só facilitam a coordenação
progressiva dos esquemas cognitivos como ativam a reestruturação dos mesmos.
Para Vigotsky (MARCELO, 1999) a interação social é importante porque o professor
pode modelar a solução apropriada, dar apoio estruturado na procura da solução e monitorar o
progresso do aluno, tendo em vista facilitar o crescimento e a aquisição de conhecimentos
cognitivos individuais.
A teoria construtivista crê que o conhecimento que todos nós possuímos não é "sobre"
o mundo, mas uma parte "constitutiva" desse mundo. O conhecimento não é um objeto fixo.
Ele é construído pelo indivíduo com base na sua própria experiência desse objeto. A
aproximação do construtivismo à aprendizagem realça a necessidade de desenvolvimento de
projetos estimulantes que envolvam alunos, professores, especialistas, em comunidades de
aprendizagem. O seu objetivo é criar comunidades de aprendizagem que estejam o mais
possível relacionadas com as práticas colaborativas do mundo real. Num ambiente desta
natureza, os alunos assumem a responsabilidade da sua própria aprendizagem e têm de
desenvolver competências metacognitivas que lhes permitam organizar e orientar a sua
aprendizagem.
Quando as pessoas trabalham colaborativamente numa atividade autêntica, trazem as
suas próprias estruturas e perspectivas à atividade. Podem analisar um problema de diferentes
prismas e podem negociar e produzir significados e soluções com base na compreensão
partilhada. O paradigma construtivista conduz-nos a compreender como a aprendizagem pode
ser facilitada por meio da realização de determinados tipos de atraentes atividades de
construção. Este modelo de aprendizagem destaca a construção significativa (meaning-
making) por intermédio da participação ativa em contextos social, cultural, histórica e
politicamente situados. Um elemento crucial da participação ativa em atividades colaborativas
é o diálogo nas experiências partilhadas, indispensável para suportar a negociação e a criação
da significação e da compreensão.
Em suma, a contemporânea teoria construtivista da aprendizagem reconhece que os
indivíduos são agentes ativos que se comprometem com a construção do seu próprio
conhecimento, integrando a nova informação no seu esquema mental e representando-a de
uma maneira significativa. Discute-se a desvantagem de despejar a informação para os alunos,
sem os envolver no processo de tomada de decisão e sem avaliar as suas capacidades de
construir o conhecimento. É aconselhada a aprendizagem guiada, que facilita a colocação do
aluno no centro do processo de aprendizagem, e fornece a orientação e o ensino concreto
sempre que necessário. Este ambientes são, no entanto, mais apropriados para domínios mais
estruturados ou níveis mais elevados de aprendizagem.
Por flexibilidade cognitiva entendemos a capacidade de reestruturar de forma
espontânea o próprio conhecimento, para responder às necessidade de situações de mudança,
tanto em função da forma como se representa o conhecimento, como dos processos que
operam nas representações mentais realizadas. Esta teoria apresenta-se, por isso, como uma
referência para a organização de informação em ambientes de aprendizagem pouco
estruturados. A idéia de flexibilidade surge pela necessidade de formar pessoas para que
possam dar resposta a situações que habitualmente têm soluções muito variadas.
Jonasssen, citado por MARCELO (1999), refere que, como a maior parte dos enfoques
construtivistas da aprendizagem, a teoria da flexibilidade cognitiva dá um grande relevo à
aprendizagem baseada em casos. No lugar de basear a aprendizagem num simples caso ou
exemplo, é importante a existência de uma variedade de casos que ilustrem o conteúdo em
questão. Quanto maior for a variedade de casos, mais ampla será a base conceitual em que se
apoie. Estes casos deveriam ser autênticos, de forma a requerer o mesmo tipo de pensamento
que seria exigido em contexto de vida real.
PASSARELLI (2003) indica em sua tese de Livre Docência, a importância de se
pesquisar os ganhos de aprendizagens nos processos que misturam presencialidade e
virtualidade. Para essa questão não justifica a preferência dos alunos pela presencialidade,
mas de certa forma indica que a presencialidade pode ter um aspecto importante nos
processos educativos de base vitual.
“Estudos sobre ganhos da aprendizagem em sistemas educacionais
que apresentam, simultaneamente, instâncias de presencialidade e
distanciamento midiatizados;” (PASSARELLI, 2003:174)
Partimos do pressuposto de que tudo o que é novo causa certo constrangimento. Neste
caso, incluímos os ambientes pedagógicos virtuais, que ainda possuem pouca participação por
se apresentar como uma proposta de inovação para a educação tradicional. Angarita mostra o
quanto a questão do novo ambiente afeta a vida das pessoas. O ambiente virtual muda tudo e a
mudança assusta.
“A mudança não é simples nem fácil. Se fosse assim as pessoas
naturalmente a procurariam. Os seres humanos têm uma forte
tendência à estabilidade e às formas já estabelecidas de se adaptarem
ao trabalho. A mudança é um ônus, pois requer da pessoa rever sua
maneira de pensar, agir, comunicar, inter-relacionar-se e de criar
significados para a própria vida. Mudar envolve o indivíduo e seu
meio, portanto é incerto e arriscado – tão promissor quanto
ameaçador” (MOTTA, 2000: 55)
Diante da novidade, há uma mistura de “temor e fascínio”. Passarelli afirma que
embora os alunos se sintam motivados com o novo “não estão preparados” para o mundo
virtual.
“O advento da virtualidade ainda continua sendo motivo de fascínio
e temor. Exatamente por isso deve-se prosseguir nas reflexões sobre
as novas tecnologias. (...) Entre o encanto e o temor do novo o
importante é não ser surpreendido pela “onda digital”. Todos aqueles
que de alguma forma sentem-se envolvidos pela educação em seu
sentido mais amplo, devem superar seus temores e trabalhar para que
o formato da onda futura seja, o mais próximo possível, de um
projeto de formação de seres humanos inteligentes, cooperativos,
autônomos, afetivos, éticos e cidadãos.” (PASSARELLI, 2003: 101)
A autora afirma ainda que
“Além das ferramentas, o ciberespaço descentraliza o fluxo da
informação e da comunicação, imprimindo uma intensidade à
interatividade possível à qual tanto professores quanto alunos
precisam se acostumar. Nasce, dessa forma, toda uma nova cultura
comunicacional mediada e midiatizada no ciberespaço.”
(PASSARELLI, 2003:.121)
Acreditamos que esta afirmação justifique a dualidade: “me sinto motivado, mas não
preparado”, um discurso recorrente dos alunos da disciplina Criando Comunidades Virtuais
de Aprendizagem e de Prática. A motivação pode vir do medo da obsolescência profissional.
Temos aí dois medos, de um lado o medo que motiva a entender as tais comunidades virtuais
pelo receio de perder espaço no mercado de trabalho; do outro lado temos o medo que
paralisa e assusta: a incerteza diante da capacidade de adaptação ao novo. O velho e o novo
assustam, o velho pela obsolescência, o novo por uma possível inadaptabilidade.
Outro autor que explica a proposta da Passarelli:
“Condutores de mudanças são pessoas responsáveis por
desenvolverem trabalhos grupais, nos quais os participantes podem,
inclusive, criar suas próprias técnicas de análise. Cabe a esses
condutores a tarefa primordial de manter viva a expectativa de que o
aprendizado levará a soluções úteis e inovadoras.” (Motta, 2000: 136)
Outro aspecto marcante nos relatos e a quase unanimidade de opinião sobre a
importância da existência de um trabalho comum, de uma atividade conjunta, de uma meta
coletiva, como fator que incentiva a participação nos fóruns. Para KENSKI (2001), a criação
de ambientes tecnologicamente apropriados para a realização de atividades cooperativas,
precisa ser complementada com ações que encaminhem as pessoas para a cooperação e para a
ação. Já segundo ANGARITA (1999), as comunidades podem surgir em função do
interesse, da ocasião ou da ocupação de momento de seus membros.
Para o trabalho em comunidades virtuais de aprendizagem, faz-se necessário
desenvolver a inteligência interpessoal (GARDNER,,1985), que se caracteriza pela
capacidade de criação e manutenção de sinergia, superação e entendimento da perspectiva do
outro, trabalho cooperativo, percepção e distinção dos diferentes estados emocionais dos
outros e comunicação verbal e não verbal.
Para que haja cooperação, são necessárias definições de objetivos comuns, respeito
mútuo entre os participantes, tolerância, ações de negociação constantes, saber conviver com
diferenças e lidar com uma liderança mutante, navegante entre os membros do grupo
conforme as suas competências e habilidades.
Para PIAGET apud ESTRÁZULAS (1999:81),
“...cooperar é operar em comum, ou seja, ajustar por meio de novas
operações de correspondência, reciprocidade ou complementaridade,
as operações executadas pelos parceiros. Colaborar,resume-se `a
reunião das ações que são realizadas isoladamente pelos parceiros,
mesmo quando o fazem na direção de um objetivo comum.”
Poderia se dizer que cooperar é agir em conjunto; colaborar é agregar as ações
realizadas para se atingir um objetivo comum.
Como último ponto de análise, temos o tema cooperação, pois pelos depoimentos, não
fica claro se as dificuldades na realização de um trabalho cooperativo em ambiente virtual se
devem à virtualidade ou à falta de experiência no desenvolvimento de trabalhos cooperativos
mesmo presenciais.
No artigo A formação de professores à distância via Internet, a autora CELIA
ALVARIÑO (2004:71) cita PAULSEN (1992) para reforçar a importância da cooperação em
ambientes virtuais de aprendizagem: “temos de pensar em combinar a liberdade e a
necessidade de compartilhar em um verdadeiro programa educativo, que seja flexível e, ao
mesmo tempo, cooperativo.” Ainda, de acordo com a autora:
“É preciso dedicar especial atenção à diversidade de interesses,
motivações, necessidades e habilidades dos alunos adultos. Essa
heterogeneidade é positiva e enriquecedora (...). Contudo, pode se um
elemento desagregador se o trabalho didático não a leva em conta.
Nos cursos virtuais, os alunos adultos buscam a flexibilidade e a
liberdade pessoal. Ao mesmo tempo, precisam da colaboração do
grupo e da relação social.” ALVARIÑO (2004:71)
Se os participantes do Fórum não se sentem motivados a cooperar e colaborar com a
construção do ambiente virtual de aprendizagem, este deixa de ter sentido. A motivação para
a participação surge a partir de interesses e assuntos em comum, como ressaltam PALLOFF E
PRATT (2002:141):
“em uma abordagem colaborativa, faz sentido para os participantes
que eles se conectem em função de problemas, interesses e
experiências a compartilhar. O professor pode usar exercícios de
grupo s simulações para estimular contatos, e usar questões
relacionadas à vida dos participantes é bastante útil. O contato
também pode ocorrer naturalmente, à medida que a discussão
progride.”
Essa característica é perceptível em alguns depoimentos levantados para esta pesquisa,
em que alguns alunos ressaltam que o interesse comum em torno da elaboração do texto
coletivo acabava sendo uma motivação para a participação no Fórum Virtual.
De acordo com LEVY, (2000), a melhor forma para manter e desenvolver uma
coletividade não é mais construir, manter ou ampliar fronteiras, mas alimentar a abundância e
melhorar a qualidade das relações em seu próprio seio, bem como com outras coletividades. O
poder e a identidade de um grupo dependem mais da qualidade e da intensidade da sua
conexão consigo mesmo do que da sua resistência em comunicar-se com o seu meio.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo inicial deste trabalho era verificar a hipótese de que não são fatores
técnicos (qualidade do software) que determinam a participação ou não participação de
pessoas em fóruns de comunidades virtuais. O objeto de estudo baseou-se em declarações de
alunos das turmas de 2003 e 2004 da disciplina Criando Comunidades Virtuais de
Aprendizagem e de Prática (CCVAeP). A análise desses depoimentos aponta para a
confirmação dessa hipótese, pois o fator, por nós considerado, como problemas de ordem
técnica está praticamente ausente nos comentários, que indicam motivos de ordem subjetiva
para a participação ou não participação nos fóruns.
Importante destacar aqui que a confirmação da hipótese foi obtida sobre dados
preliminares coletados sem o devido rigor científico. Entretanto, a nosso ver, se pela
inadequação da coleta dos dados se torna temerário confirmar peremptoriamente a hipótese,
há indícios consideráveis que levam a sua confirmação. O contrário somente poderia ser
considerado se acreditássemos que todos os alunos, das duas turmas, em momentos diferentes,
estivessem de alguma forma ocultando suas verdadeiras opiniões, o que nos parece pouco
provável.
Porém, o desenvolvimento do trabalho, mais do que indicar a confirmação da hipótese
nos trouxe dados que abrem novas possibilidades de pesquisa e talvez essa seja a maior
riqueza deste trabalho.
A análise das declarações dos alunos também nos permitiu outras três considerações
significativas:
1) Os encontros presenciais são apontados como muito importantes
para o estabelecimento de uma comunidade, mesmo as virtuais;
2) A existência de um objetivo comum é aparentemente um fator
motivador importante que estimula a participação no ambiente virtual;
3) As pessoas declaram não se sentirem preparadas para vivenciarem
atividades colaborativas em ambientes virtuais.
São considerações que apresentam potencial para o desenvolvimento de novas
pesquisas sobre a temática relativa às comunidades virtuais, à educação a distância e a
construção coletiva do conhecimento, a partir de ambientes virtuais de colaboração. A
primeira possibilidade seria em relação a importância dos encontros presenciais nos processos
educativos à distância.
PASSARELLI (2004) considera que ainda faltam pesquisas que indiquem o quanto a
virtualidade contribui com nível de aprendizado no processo educativo presencial. A questão
que se coloca é: o oposto também não seria verdade, ou seja, não seria oportuno se verificar
quanto os encontros presenciais contribuem no nível de participação e aprendizado nos
modelos educativos à distância ou mesmo nas ações de construção do conhecimento em
ambientes virtuais?
Outro ponto seria ainda uma tentativa de se dimensionar até que ponto os encontros
presenciais são determinantes na estruturação de comunidades virtuais. Possíveis respostas a
essas questões seguramente contribuiriam para dar mais segurança nas ações de formuladores
sérios de metodologias educacionais a distância ou mesmo com gerentes que buscam criar em
empresas ambiente virtuais de colaboração e construção de conhecimento.
Outro aspecto que surgiu com muita força nos depoimentos foi o fato da existência de
um objetivo como motivo de estímulo para a participação nos fóruns e, portanto, na
comunidade virtual. Panitz9 diz que para que ocorra aprendizagem colaborativa, os indivíduos
9 PANITZ, T. Collaborative learning versus cooperative learning: A Definition of Collaborative vs Cooperative
Learning, http://www.city.londonmet.ac.uk/deliberations/collab.learning/panitz2.html acessado em 15 Nov 2005 às 21h15.
precisam compartilhar mais do que informação. Precisam construir coletivamente objetivos
comuns, que é condição sine qua non para a criação do senso de coletividade e de
colaboração. Outros autores, tais como KENSKI (2001), ANGARITA (1999) , PALLOFF E
PRATT (2002), também colocam o objetivo comum como um fator preponderante para o
sucesso das comunidades virtuais.
O tema comunidades virtuais, sejam elas criadas espontaneamente ou incentivadas
(aquelas formadas por escolas/empresas para a participação de seus alunos/funcionários),
pode ser considerado muito novo, haja vista que o processo acelerado de expansão da Internet
tem hoje cerca de dez anos. Por outro lado, temos uma série de autores que já indicam que o
objetivo comum tem função preponderante na estruturação dessas comunidades. Estaríamos,
portanto, diante de um aspecto sobre o qual já existe concordância expressiva nos meios
acadêmicos sobre a formação de comunidades virtuais?
O homem é visto como sujeito da e na História, concebendo a cultura como o meio
de existência por intermédio da qual se constitui a natureza humana. Seguindo essa linha de
pensamento, é imprescindível que consideremos as transformações culturais e os novos
conhecimentos resultantes da rápida produção e circulação de informações, principalmente a
partir do desenvolvimento do computador e da Internet. Neste sentido, a Internet como
criadora de uma nova sensibilidade cultural e social propiciadora de outras formas de
interação e intersubjetividades.
Consideramos que aqui haja espaço para uma pesquisa bibliográfica profunda sobre o
tema, incluindo talvez outros pontos no sentido da busca, até o momento, dos sensos-comuns
(se é que eles realmente existem), sobre os aspectos que contribuem e não contribuem com a
estruturação das comunidades virtuais.
Por fim, a análise dos fatores de participação e não participação também nos possibilita uma
proposição final: As pessoas declararam não se sentirem preparadas para vivenciarem
atividades colaborativas em ambientes virtuais. Diante disso, a questão que se coloca é: as
pessoas não se sentem preparadas para desenvolver atividades colaborativas nos ambientes
virtuais ou as pessoas, em especial os adultos, não se sentem preparadas para desenvolver
atividades colaborativas sejam elas em que ambiente forem?
Não se pode desprezar que vivemos hoje num mundo sobre a égide da competição.
Países competem por hegemonia e mais espaço no comércio exterior, empresas competem por
maior participação no mercado, pessoas competem por empregos, promoções ou mesmo para
garantir um posto de trabalho. Nesse contexto de competição, surge a Internet, os fóruns
virtuais e a abundância das ferramentas de colaboração.
Para KENSKI (2001), a criação de ambientes tecnologicamente apropriados para a
realização de atividades cooperativas precisa ser complementada com ações que encaminhem
as pessoas para a cooperação e para a ação. Já vimos também que existe um aparente
consenso sobre a importância de haver objetivos comuns. Isso não seria válido também para
as comunidades não virtuais? Em outras palavras, há que se tomar cuidado na discussão sobre
as dificuldades de participação/cooperação em ambientes virtuais, para que não se creditem
apenas aos ambientes virtuais as eventuais dificuldades de desenvolvimento de trabalhos
colaborativos. Nas comunidades virtuais, as pessoas são reais e é de se supor que levem
consigo para o ambiente virtual todas suas características e idiossincrasias.
A maioria dos estudos realizados acerca do trabalho colaborativo foi feita a partir de
aulas presenciais, entretanto, os mesmos princípios podem ser aplicados na educação a
distância. A aprendizagem colaborativa mediada por computadores é um componente
essencial nas estratégias metodológicas usadas em cursos on-line. Essas estratégias
metodológicas possibilitam criar um ambiente de interação e de trocas entre os vários
participantes. Os processos de aprendizagem colaborativa animam a construção do
conhecimento em um meio ambiente no qual os alunos compartilham suas próprias
compreensões e as negociam.
Sob essa perspectiva construtivista, a interação pode ser concebida como um recurso
que deve ser lançado mão pelo professor para promover entre seus alunos, a construção de
significados. Alunos com altos níveis de interação possuem atitudes mais positivas e altos
níveis de realização.
Ao considerar a importância do trabalho em grupo como estratégia de interação em
espaços eletrônicos de aprendizagem, a relação inter e intrapessoal pode se dar por meio de
mensagens que cada aluno constrói para a elaboração das tarefas propostas pelo professor-
orientador. Tais tarefas devem traduzir-se em resultados de aprendizagem e de (re)elaboração
dos conhecimentos que foram anteriormente apresentados. Podem ocorrer por meio de
resumos, apontamentos de opiniões fundamentadas, análises reflexivas, compilação de
material bibliográfico pesquisado, dentre outras formas de expressões que possam ser
construídas e intercambiadas por meio do espaço eletrônico entre os participantes do grupo.
PALLOFF E PRATT (2000), autores americanos bastante citados neste trabalho, que
buscam como objeto de pesquisa entender como se dá o coeficiente de comunicação nas
relações que se produzem em torno dos programas de ensino a distância, afirmam que há
aspirações comuns entre as pessoas que participam de EAD, que no contexto do nosso
trabalho estamos considerando como comunidade virtual. Entre elas, essa expectativa de
sentirem-se on line, mesmo quando o sistema adota é assincrônico. Os autores ainda afirmam
que a necessidade de comunicação ou de sentirem-se conectados representa, para o aluno, um
objetivo maior que o próprio conteúdo do curso a que estão vinculados.
Para eles, as dificuldades apontadas dizem mais respeito às tecnologias de acesso que
ao relacionamento em si mesmo, uma vez que os diálogos entre as pessoas envolvidas
realizam-se, em geral, sem a pressão de preconceitos próprios do relacionamento presencial,
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ANEXO 1 – DEPOIMENTOS COLETADOS PARA O ESTUDO
Depoimentos em sala de aula – TURMA 2003
Transcrição da gravação feita com a equipe de filmagem e fotografia, para o registro de
experiências vivenciadas pelo grupo no estudo através do Fórum e sobre o Fórum, em 5 de
novembro de 2003.
1a.questão
Retrospectiva com relação à análise.
Qual o olhar que deve ser dado ao material levantado?
Qual a evolução observada a partir dos fóruns, resenhas, questionários, depoimentos ?
Que perguntas hoje podem ser feitas, e que não foram pensadas no questionário ?
Reginaldo
Acho que eu comecei a participar mais porque eu perdi o medo de entrar no
fórum.
Eu coloquei (no depoimento) que eu tive trauma com a Internet. Tudo bem ?
(risos)
Elza
Eu sou o caso clássico: continuo não usando o fórum. Eu sou mais tranqüila
nas relações interpessoais, e aquela coisa que Silene lembrou bem que "estou
pondo no papel" para sempre, e nas relações inter-pessoais é diferente.
Zeila
Eu tenho participado mais aqui dos encontros presenciais, eu sinto mais
facilidade de fazer isso aqui, em função mesmo da própria relação, das
questões que surgem, e pela falta de tempo, eu acabo não entrando nos fóruns e
não tenho participado tanto. Ultimamente, agora que estamos mais envolvidos
com os textos do texto coletivo, pesquisas eu tenho participado mais com
muito mais freqüência eu tenho entrado, mas a minha facilidade de participar
presencialmente é muito maior do que no fórum.
Gilvaine
Bom, eu acho que a minha participação tanto no fórum quanto no presencial
continua muito tímida, eu estou tentando vencer essa barreira, e até comentei
no e-mail que eu recebi da Daniela no domingo, que é a forma provocativa de
estar indo para o fórum, para o ambiente, e estar discutindo e enfim que
qualquer texto que esteja me chamando para o ambiente, é benéfico neste
sentido.
Alexandre
Minha participação no fórum também deveria ser maior, eu tento equilibrar o
inter pessoal com o fórum. Eu acredito que o fórum tenha um poder de síntese.
Eu prefiro utilizar o fórum que tem um poder de síntese e objetividade... Eu
acho interessante utilizar o fórum... Mesmo porque eu acho que às vezes a
gente não tem tempo de escrever algumas coisas e pesquisar, mas acho
interessante a utilização do fórum com uma certa objetividade, sem fugir,
desvio de informação, comunicação entre as pessoas, acho isso interessante.
Anita
A minha participação no fórum, eu acho que é equilibrada, Não em excesso e
também não em falta, mas analisando como aconteceu, tenho impressão que é
pela minha preferência pela escrita, por poder e conseguir analisar situações na
forma escrita. Isso me ajudou a me expressar verbalmente.
Patrícia
A minha participação no fórum é... Quando eu comecei a participar do fórum
eu tive que parar por problemas pessoais e estou retornando agora...Comecei a
participar com alguns problemas, mas agora a minha participação é ainda
bastante tímida...
Valéria
A minha participação no fórum ultimamente tem sido bem maior. Eu creio
porque principalmente por causa do texto coletivo, por causa desse momento,
tem me dado vontade de participar. Porém eu creio que tenho participado
muito mais passivamente do que mandando ou escrevendo alguma coisa,
principalmente por causa do meu momento, que eu tenho tido pouco tempo.
Por outro lado, eu gosto muito da oralidade, então eu gosto de falar e a minha
participação em sala de aula falando é muito maior que no fórum isso não só
no curso da Brasilina, mas também em outros fóruns... falo muito mais em sala
de aula.
Telma
Bem, a minha participação em fórum tem sido muito mais em relação àquelas
atividades que a gente tem que colocar, do que praticamente pelas
participações em discussões. Até porque eu costumo entrar no fórum em casa e
a conexão não ajuda muito, no serviço já não dá para ficar como eu gostaria.
Esse também é um aspecto que eu acredito que se eu tivesse uma conexão
melhor, talvez minha participação fosse maior no fórum. De qualquer maneira
também eu me policio um pouco mais porque em sala de aula a gente fica mais
a vontade. Alguém pode chegar e brecar... olha não é bem assim.... já no fórum
eu acho que eu tenho uma responsabilidade maior com aquilo que eu vou
escrever então eu tenho que estar pautada, eu tenho que conhecer melhor, e
tem ainda essa questão de estar preocupada com aquilo que eu vou colocar no
fórum.
Reginaldo
Bom, a minha participação no fórum ela é semelhante à da sala de aula, pelo
menos, eu imagino. Porque eu não tenho facilidade de me expor para todo
mundo ao mesmo tempo. Eu prefiro conversar essas conversas paralelas. Falar
com um aqui, falar com outra pessoa na hora do café, eu me considero uma
pessoa que não tem tanta facilidade de expor um a um. Agora quando se trata
de um público assim de muita gente, eu já fico meio acanhado. Eu estou
conseguindo romper um pouco isso, porque eu acredito que aqui no ambiente,
ele conseguiu me acolher. De certa forma, e me sinto acolhido e consigo me
expressar um pouco melhor. Acho que é isso.
Daniela
A minha participação no fórum reflete os interesses que eu tenho nesse
curso....Se bem que como também o curso é parte presencial, conhecendo o
grupo... e o bom desse fórum é que ninguém corrigiu ortograficamente ou com
críticas diretas, então eu tenho o problema da linguagem, da língua, sendo
assim, eu participo do fórum em todos os assuntos que sejam de interesse do
curso... e das matérias que me interessam.
No caso desse fórum que é escrito em português, minha participação é quase
como em classe, o que não acontece em outras línguas que eu também
participo em outros grupos e em outros cursos.
Silene
A minha participação no fórum tem se mantido basicamente igual porque eu
ainda prefiro a oralidade. Eu ainda acho que o fato de ter um dia marcado para
a gente sentar e discutir os temas é muito mais rico do que ficar discutindo
através do fórum...enfim, ainda prefiro exatamente por causa dessas
características do curso... não sei depois que terminar o curso, que a gente não
tiver mais contato, se a gente vai manter uma comunidade realmente virtual e
se a gente vai continuar, aí sim trocando algum tipo de experiência ou
produzindo conhecimento juntos. É isso!
Ronildo
A minha participação, acredito que ela seja mais presencial do que no fórum...
eu escrevo pouco... acredito até porque fui trabalhar com multimídia eu fujo
um pouco do texto escrito .... eu prefiro o encontro presencial, se tem essa
oportunidade de estar vendo e falando com as pessoas eu prefiro esse
momento.
2ª questão
Obs: a transcrição da pergunta não foi integral, foi resumida.
Professora: Como é que vocês se sentem nesse curso de Comunidade Virtual de
Aprendizagem e de Prática? Ele cria motivação para que novos hábitos sejam adquiridos?
Zeila
Eu não acho que esteja assim totalmente preparada pra estar encarando essas
novas possibilidades, essas novas formas de comunicação; mas estou
plenamente disposta, tenho muita vontade e interesse. Eu ando horas e horas
atrás disso então eu acho que eu sou uma pessoa predisposta a conseguir
atingir esses e outros (objetivos).
Alexandre
Eu acho que ninguém está realmente preparado, a gente está no meio da
mudança, não é? do uso desse tipo de comunicação. Muita gente está motivada
pra aprender o uso desse tipo de comunicação... eu acredito que muita gente
está motivada como um emissor para vários receptores de um jogo
diferenciado; é uma mudança de comunicação, é uma mudança de paradigma
mesmo.
Valéria
Bem... quanto à motivação para participar desse processo de comunicação, eu
me sinto bastante motivada, mas eu creio que ele realmente foi um processo...
talvez eu ainda não esteja totalmente preparada. Hoje eu participo muito mais...
e vejo que a experiência que a gente tá adquirindo... no futuro isso vai ser
muito mais fácil.
Reginaldo
Eu me sinto motivado a mudar algumas coisas em mim, a partir desse curso.
Eu noto isso... eu acho interessante socializar esse conhecimento, porque, a
partir desse curso... eu faço coisas hoje que eu não fazia antes de começar o
curso. E... eu me disponho a fazer algumas coisas que eu não fazia antes
também. Eu sei que isso é mérito da professora e do grupo e também talvez eu
estivesse pré-disposto a participar e a vivenciar esse processo de mudanças do
presencial para o virtual.
Anita
Com relação a estar preparada para a mudança, eu acho que a gente, vivendo
nessa sociedade embasada em cibercultura, em sociedade informacional e tudo
isso que se está vivendo atualmente em um mundo globalizado, acho difícil
alguém estar preparado, mas estamos no processo de aprendizado. Agora,
conscientização sim, conscientização nós temos. Eu tenho absoluta certeza de
que a gente precisa estar aberta para novas tecnologias, essa situação de
multimeios e estudar e trabalhar... E vamos em frente.
Elza
Essa pergunta é capciosa. Ninguém vai dizer que não está preparado. Eu até
pouco tempo atrás era do tempo das cartas. Agora eu utilizo meu e-mail, então
é uma questão de tempo mesmo. Vai ser inevitável pra todo mundo ou então a
gente vai se desconectar do éter.
Gilvaine
Eu já participei de dois cursos inteiramente virtuais. Eu nunca dei muita
importância para o fórum... e pra mim todas as ferramentas eram simplesmente
uma ferramenta a mais do curso, e aqui o que a gente vê é que o fórum é o
nosso objeto de estudo, desde então e realmente está dando uma outra visão de
um curso a distância...
Silene
Bem, preparada eu não sei se estou. Acho que estou no caminho da preparação.
Disposição eu tenho, não só disposição pessoal, mas para as próprias
exigências das transformações que a gente está vivendo hoje. Então o meu
sentimento em relação às comunidades virtuais, a utilização desses novos
meios é isso aí. Estamos no olho do furacão e com um sentimento
supercontraditório em relação a isso. É super confortável você se manter a
onde está e não é nada confortável encarar uma mudança.
Daniela
O fato é que eu estou pronta para essa transição do mundo real para o mundo
real/virtual... É meio complicado. Depende das metas e objetivos e do que eu
preciso fazer. Então se a interface não for muito assustadora e eu souber mais
ou menos onde estou pisando e quais são os requisitos e qual o relacionamento
no contexto quanto aos objetivos que eu quero atingir. Então eu não tenho
outro jeito vou ter de ir em frente. De fato a turma desse curso e a Brasilina
enfim colocou a gente no ambiente virtual e eu percebi que muitos
desabafaram ou não. Começaram a digitar, a participar do fórum ativamente e
eu, como ninguém me cortou erros lexicais, eu participo de acordo com o meu
interesse quanto ao curso que é de fato é um tanto ativo.
Telma
Bem, eu me sinto motivada a trabalhar nesse novo ambiente apesar de sentir
que me faltam ainda alguns conhecimentos, mais conhecimentos. Mas essa
disciplina ajudou bastante para verificar o que seria, o que está por trás dos
bastidores dessas comunidades virtuais. Então o nosso entendimento passa a
ser diferente e a nossa participação inclusive passa a ser diferente. A
contribuição que tanto a gente pode adquirir ou receber é muito grande. Eu me
sinto motivada, mas não sei se estou completamente preparada. Outra coisa é
que eu comentei aqui brincando é que a gente tem duas barreiras a superar, por
exemplo, essa câmera é a pior.
Patricia
Eu me sinto motivada de todas as maneiras, embora como a colega falou tenho
dificuldade muito grande com a imagem. Enquanto está texto escrito, enquanto
está no áudio, enquanto está no som tudo bem, mas para mim a maior barreira
a enfrentar nessa mudança vai ser como lidar com a imagem mediada.
Ronildo
Respondendo a pergunta se a gente está nesse universo da cibercultura se
sentindo motivado, motivado sim. E de certa forma muito curioso frente às
ferramentas que a gente tem disponíveis pra gente. Nós estamos nesse curso
exatamente pra gente responder perguntas. Perguntas como usar essas
ferramentas.
3.a questão
O quanto vocês acham que os nossos encontros presenciais contribuíram para que o
comportamento de vocês, em relação às ferramentas tradicionais dos ambientes virtuais, se
tivessem modificado? Isto é, se em outros cursos ou em outras situações eles se sentiriam
motivados a estar usando ou se foram as interações presenciais ocorridas em sala de aula, que
representaram o elemento catalizador ou motivador para que isso acontecesse ?
Zeila
Eu acho que o curso contribuiu bastante. A própria proposta e discussão que a
gente tem feito em processo de formação, acho que vai ajudando a gente a
amadurecer neste processo. Então foi fundamental a proposta do curso, o
relacionamento com os colegas, o texto coletivo, força e passa a ser um
objetivo maior até mesmo para a gente se envolver muito mais, mas acho que
só curso é pouco, é preciso que haja também, além da predisposição, outras
perspectivas, oportunidades, possibilidades para que a gente vá se construindo
e consiga trabalhar um pouco melhor com essas ferramentas, colocando em
uso no cotidiano, levando para sala de aula, para as escolas, para onde a gente
tem trabalhado.
Reginaldo
Eu acho que a interação aqui do grupo foi um fator fundamental para que eu
me desinibisse, principalmente na aula que tivemos e que foi feito o
depoimento, e que cada um colocou porque cada um usava ou deixava de usar
o fórum. Eu vi que as dúvidas e os problemas que eu tinha não eram só meus.
Eu compartilhei isso com os outros e descobri que muitas pessoas tinham as
mesmas dúvidas, e isso influenciou para que eu fizesse um uso mais
aprofundado da ferramenta.
Gilvaine
A aula presencial faz com que eu, com certeza, continue o curso esperando o
êxito proposto, e eu tenho o depoimento que eu já comecei vários cursos a
distância e desisti...consegui concluir 2. Eu estou brigando para ter essa cultura
do online.
Alexandre
Acho que o curso presencial realmente estimulou a gente a utilizar as
ferramentas, mesmo porque às vezes quando eu chegava aqui, já tinha umas
conversas estabelecidas, e eu sentia que não estava em sintonia, então isso
gerou uma certa cobrança minha para estar acessando mais o fórum,
participando mais do fórum, que eu acho que é até mais ou menos esse
conceito de competitividade, através da cooperação e colaboração você se
cobrar para ter uma melhor interação e sintonia com o grupo todo.
Valéria
Eu acho que os encontros presenciais foram fundamentais para o nosso curso
principalmente porque através deles, a gente tinha idéias, que depois a gente
queria rever e discutir com o pessoal e era por isso que eu entrava no fórum ou
procurava alguma coisa, dica de site, para depois entrar e dar uma idéia, então
eu creio que nossos encontros presenciais foram muito importantes em termos
de troca e levaram a gente a utilizar o site e a participar do curso no virtual.
Telma
Eu acredito que os nossos encontros presenciais contribuíram muito para que a
gente utilizasse as ferramentas do fórum, até porque nós tínhamos uma linha
condutora, estávamos estudando alguma coisa. Então a participação, os
assuntos observados eram inerentes ao que já tínhamos estudado em sala de
aula. Fica até mais fácil trabalhar essa questão. Para mim, esses encontros
presenciais foram fundamentais para ver como as coisas estavam ocorrendo.
Eu precisei imprimir, muitas vezes, os assuntos estudados, porque na tela eu
não consigo ler tudo.
Elza
Bom, para mim, essa intertextualidade é fundamental para enfrentar qualquer
situação. Então evidentemente, que se conhecendo melhor aqui nos encontros
presenciais, isso dá a gente uma maior participação no fórum, e mesmo no
decorrer do curso.
Daniela
É evidente que as aulas, e a participação em classe, e não a participação em
classe, e a classe em si, e a Brasilina e a turma, catalizaram o fórum. Se não
fosse esse ambiente social em que a agente se conhece, que é palpável, eu não
sei quem, como teria tido coragem para escrever para o fórum. Se bem que
agora que a agente se acostumou com a interface muitos de nos, possam
participar de outros fóruns que não tenham a parte presencial.
Silene
Com certeza a interação entre as pessoas presencialmente contribui em muito
para que a gente possa usar o fórum. A gente conhece as pessoas com as quais
está falando, estabelece conexões para ver a conexão virtual. A presencialidade
neste curso é super importante para isso.
Anita
Com certeza, os encontros presenciais trazem um calor humano para qualquer
relação, e isso facilita muito a participação na parte virtual. E por outro lado
vem confirmar para mim, a tese de que a gente tem que participar dos fóruns
virtuais abstraindo o pessoal, respeitando o outro como profissional, mas
abstraindo a parte pessoal.
Patrícia
Os encontros presenciais nesse curso foram determinantes para a participação
do fórum, tanto na parte para criação dos laços quanto para a cobrança do
porque eu não estou no fórum. Então isso ressoava nos encontros presenciais,
então quando a gente se via, em grupo também. Acho que foram
determinantes.
Ronildo
Sim, com certeza os encontros presenciais foram um catalizador, serviu como
um elemento aglutinador da necessidade de estar realmente usando esses
encontros nos fóruns, o encontro virtual, é levado a cabo, em função das aulas
presenciais.
Turma 2003
Reginaldo
Perdeu o medo de entrar no fórum.
Tinha trauma com a internet.
É tímido com grande público e que individualmente consegue se expor melhor.
Na aula de depoimentos, percebeu que suas dúvidas e problemas eram
compartilhados com o grupo. Este fato fez com que se desinibisse quanto ao
uso do fórum.
Elza
Prefere a relação ser humano ser humano sem o uso da máquina na hora de se
comunicar.
Percebe a importância da internet, todos vão se comunicar via internet.
Conhecendo as pessoas do grupo presencialmente incentivou sua participação
no fórum.
Zeila
Não participa mais por falta de tempo. Mas, com o envolvimento de se fazer o
texto coletivo sua participação no fórum aumentou.
Gilvaine
Sua participação no fórum é tímida e está tentando vencer a barreira.
Fez outros cursos cuja participação foi inteiramente virtual e nunca deu muita
importância para os fóruns. Porém, nesse curso, percebeu sua importância no
ensino a distância.
Alexandre
O fórum tem poder de síntese.
Percebeu que a participação no fórum era importante, via na aula presencial
que conversas entre as pessoas do grupo que participavam do fórum eram
integradas e que ele ficava deslocado, não interagia com o grupo, se não
participasse do fórum.
Anita
Sua participação foi equilibrada no fórum.
Tem facilidade na escrita.
Os encontros presenciais trazem o calor humano para qualquer relação, isso
facilita a participação no fórum.
Patrícia
Sua participação é tímida.
Os encontros presenciais foram determinantes para a participação no fórum.
Valéria
Maior participação no fórum devido ao texto coletivo.
Não tem uma maior partipação no fórum por falta de tempo
Se sobressai nas aulas.
Prefere a oralidade.
Encontros presenciais foram fundamentais para a participação no fórum.
Telma
Dificuldade técnica de conexão em casa. No serviço tem facilidade de
conexão, porém não pode.
No fórum, a responsabilidade é maior (o que se escreve fica lá).
Os encontros presenciais foram importantes para participação maior no fórum.
Tem dificuldade de ler na tela do monitor, imprimindo os textos do fórum para
melhor compreensão.
Daniela
Não se sentiu bloqueada com comentários relativos a erros ortográficos da
língua por ela escritos no fórum.
Sua participação no presencial e no fórum de mesma intensidade,
O fórum é escrito em português, isso facilita.
O fato de conhecer as pessoas do grupo no presencial facilita a participação no
fórum.
Silene
Discutir no presencial é muito mais rico do que discutir no fórum.
A interação das pessoas no presencial facilita a participação no fórum.
Ronildo
Sua participação é pouca no fórum, pois não gosta de escrever.
A participação presencial é maior pois gosta de olhar para a pessoas com que
fala.
O encontro presencial é um catalisador, serviu para aglutinar o grupo, com
conseqüente maior participação no fórum.
TURMA 2004
Apresentação dos depoimentos dos alunos 2004 sobre
1) Participação na disciplina
2) Construção na disciplina
Claudia Vicenza Funari
Participação na Disciplina – Eu escolhi a disciplina com objetivo de ampliar
minha visão sobre ensino a distância e educação on-line, já que julgo meu
conhecimento nesta área incipiente. Nunca havia participado de uma
comunidade virtual, nem feito um curso à distância ou semipresencial.
Trabalho com as tecnologias no meu dia-a-dia, mas de maneira instrumental,
distante dos processos de educação formal. Para mim a disciplina foi muito
interessante do ponto de vista de propiciar a convivência com uma realidade
diversa. A abordagem feita pela professora e aprofundada pela literatura
indicada aponta para um caminho particularmente interessante, que poderá me
auxiliar no processo de desenvolvimento do meu trabalho de mestrado que será
desenvolvido na interface comunicação/educação. Paralelo a isto, interagir e
participar de aulas à distância, assim como participar da organização de um
trabalho em grupo mediado por um fórum descortina novas possibilidades e
entraves. Principalmente, para quem teve a oportunidade de fazê-lo pela
primeira vez. Para mim, a mediação tecnológica que é dada como um agente
facilitador, em alguns casos, age de maneira contrária. É preciso a prática
cotidiana para superar as dificuldades e as barreiras de costumes e hábitos que
muitas vezes dificultam o seu desenvolvimento. O trabalho em grupo é mais
dificultoso, porque se fazem necessárias às discussões, onde se evidenciam as
diferenças e semelhanças entre pontos de vistas, áreas de interesses, definições.
Tudo tem que ser negociado e gerenciado. Por outro lado, depois de passado o
processo é bem mais enriquecedor uma vez que é possível compartilhar a visão
do outro. Tudo isto, sendo feito a distancia e mediado pela tecnologia. Vamos
e venhamos não é pra qualquer um. Para mim foi um grande desafio,
felizmente com saldo positivo.
Construção na Disciplina – Fazer um trabalho em grupo, à distância,
mediado por possibilidades tecnológicas, que passaram pelo telefone, internet,
por sites e fóruns foi um grande desafio. Minha experiência até então, estava
restrita a um processo individual. Éramos eu, o computador e as infinitas
possibilidades de conexão.
Quando se fala em grupo, produção coletiva, mediada pelas tecnologias,
alteram-se as relações. Durante o curto período que tivemos para executar esta
tarefa, foi possível vivenciarmos as dificuldades e as facilidades, de
comunicação, de relacionamento, de organização. O que priorizar, como e de
que forma, para dizer o que? Partindo do pressuposto que formamos uma
turma heterogênea vinda de várias áreas, com pensamentos e abordagens
diversas. A parte mais trabalhosa a meu ver, não é desenvolver “a parte que lhe
cabe”, mas integrar-se ao todo e compartilhar a sua produção com o outro, e
poder compartilhar a produção do outro. As fases que tiveram que ser
obrigatoriamente vivenciadas e superadas para que a produção nascesse
acabam sendo mais importantes e ricas do que o próprio trabalho em si. Na
minha opinião os embates, as possibilidades defendidas e descartadas, os
acertos, as negociações compuseram o aprendizado de todos.
Débora Burini
Participação na Disciplina – Considero que a disciplina Criando
Comunidades Virtuais de Aprendizagem e Prática contribuiu para uma
reflexão sobre o panorama que envolve a educação à distância no Brasil,
promovendo um despertar para o tema que antes estava adormecido. Sigo
acreditando que é possível uma quebra de paradigmas na educação,
colaborando na aprendizagem, facilitando a dinâmica de ensino, além de
fomentar uma curiosidade teórica antes inibida pelas formas de acesso à
informação.
Através das análises feitas pude elaborar textos e associar as comunidades
virtuais a outras áreas da comunicação, do saber e do conhecimento. Além do
conhecimento teórico pude ter a possibilidade de interagir com as ferramentas
de comunicação oferecidas. Com a disciplina encontrei motivações para
desenvolver o trabalho Rádio na internet, a transposição das ondas em bits que
apresentei no I Congresso Mídias: Multiplicações e Convergências. Por fim,
considero as alterações que as tecnologias de comunicação introduziram na
sociedade como importantes e espero que a relação homem – máquina
extrapole a funcionalidade da comunicação e nos transforme em verdadeiros
interpretantes e produtores de novas possibilidades cognitivas.
Construção na Disciplina – Considero que a disciplina Criando Comunidades
Virtuais de Aprendizagem e Prática contribuiu para uma reflexão sobre o
panorama que envolve a educação à distância no Brasil, promovendo um
despertar para o tema que antes estava adormecido. Sigo acreditando que é
possível uma quebra de paradigmas na educação, colaborando na
aprendizagem, facilitando a dinâmica de ensino, além de fomentar uma
curiosidade teórica antes inibida pelas formas de acesso à informação.
Através das análises feitas pude elaborar textos e associar as comunidades
virtuais a outras áreas da comunicação, do saber e do conhecimento. Além do
conhecimento teórico pude ter a possibilidade de interagir com as ferramentas
de comunicação oferecidas. Com a disciplina encontrei motivações para
desenvolver o trabalho Rádio na internet, a transposição das ondas em bits que
apresentei no I Congresso Mídias: Multiplicações e Convergências. Outro
aspecto relevante é a integração entre os participantes da comunidade. Quer
por meio das aulas presenciais, quer por meio das conferências virtuais. Ao
realizarmos nossos textos individuais ou na elaboração do texto coletivo, que
gerou muita discussão uma vez que cada um possui uma reação diferente do
outro no momento de fazer sua leitura e realizar sua tarefa, o importante foi
vivenciar a experiência do coletivo para um único fim. Conviver com outras
pessoas, de outras áreas, de outras idades, de diferentes personalidades também
contribui para a aprendizagem. Viver em comunidade é ter a capacidade de
expressar seus pontos de vista respeitando as diferenças e agindo de forma a
buscar um consenso, onde o resultado colabore para a evolução do saber como
um todo. Administrar um “caos” aparente de forma coletiva, organizando as
etapas do desenvolvimento do texto coletivo, do fluxo de informações, do
planejamento das produções, dos prazos, das ausências, dos envolvimentos, é
uma verdadeira lição a ser seguida para toda a vida. É uma “grande família”
com um objetivo comum, empenhada em construir seu legado, sua identidade e
seu espaço. Por fim, considero as alterações que as tecnologias de
comunicação introduziram na sociedade como importantes, e espero que a
relação homem – máquina extrapole a funcionalidade da comunicação e nos
transforme em verdadeiros interpretantes e produtores de novas possibilidades
cognitivas.
Érica Beatriz Pinto Moreschi de Oliveira
Participação na Disciplina – Considero minha participação na disciplina
muito positiva tanto para o desenvolvimento de minhas pesquisas quanto como
experiência relevante para minhas atividades profissionais e pessoais. Apesar
do tema da minha pesquisa não estar diretamente relacionado ao conteúdo da
disciplina, a vivência experimentada no transcorrer da disciplina e a
necessidade de construir uma nova cultura de comunicação virtual
contribuíram para meu entendimento das dificuldades vivenciadas por pessoas
colocadas frente à frente com uma nova tecnologia, totalmente desconhecida e
alheia a sua experiência e atividades. A compreensão desses pontos é
fundamental para a análise dos resultados de minha pesquisa e,
profissionalmente, para a melhor compreensão das abordagens na introdução
de novas tecnologias e serviços aos usuários. Outro ponto que foi muito
valioso foi o contato que tive com ferramentas até então desconhecidas ou
pouco utilizadas, como fórum e chat com várias pessoas.
Nesses momentos o apoio oferecido pelo grupo foi fundamental para que
obtivesse sucesso. Aliás, a superação de novos desafios foi o ponto marcante
na minha participação na disciplina. No entanto, os encontros presenciais
foram fundamentais para que a participação virtual fosse bem sucedida. Talvez
por algumas pessoas do grupo não terem a cultura de participação virtual,
houve uma pequena dificuldade de definição de tópicos e direcionamento dos
trabalhos, principalmente durante a elaboração do texto coletivo. De uma
maneira geral, considero minha participação na disciplina muito positiva, por
me ter propiciado a vivencia de uma nova metodologia de ensino e, mais do
que isso ter fortalecido minha cultura de comunicação virtual através de fóruns
e chats.
Construção na Disciplina – A realização do trabalho coletivo foi um
momento de intensa aprendizagem. Trabalhar em grupo é sempre mais difícil
que fazer um trabalho individual, onde você tem uma noção do todo, sabe do
prazo e se vai dar tempo de realizar tudo. Quando trabalhamos em grupo temos
que aprender a confiar nas outras pessoas, pois seu sucesso depende muito do
envolvimento e do trabalho de todos. Além desse ponto, a questão da
negociação de opiniões diferentes também foi um momento muito precioso,
pois temos que aprender a negociar e a ceder em pontos que não são tão
fundamentais para nós e a defender nossas idéias. Esse relacionamento foi um
dos aspectos mais positivos da realização do trabalho em grupo, além de nos
forçar a aprender a respeitar diferenças, tanto pessoais quanto de competências.
Uma coisa muito interessante que ocorreu durante o período de realização do
trabalho foi a troca de papéis durante o percurso. Em diferentes momentos as
pessoas se revezaram na coordenação dos trabalhos, de acordo com suas
competências e talentos, o que foi muito positivo. Mesmo o stress que ocorreu
no final do prazo de entrega foi normal diante do desafio que tínhamos pela
frente, mas resultou em maior entrosamento do grupo, com desabafos e apoio
entre as pessoas. De uma maneira geral acredito que a prática do trabalho
coletivo foi um ganho profissional e pessoal, uma aprendizagem de se
trabalhar em equipe que raras vezes temos oportunidade de exercer
Eliene Santana Rodrigues
Participação na Disciplina – Cheguei ao final desse trabalho com a convicção
de que é possível concluir um assunto tão polêmico. Antes, tenho a certeza de
que apenas “tocamos” em temas de essencial importância para a educação à
distância. Estarmos presentes nos espaços educativos seja na condição de
aluno, seja na condição de professor, esses nos impõe reconhecer que a EAD é
um novo mundo a percorrer.
Acredito que em educação não cabe à priori um certo ou errado. Cada pessoa é
um mundo em si mesmo, e os conflitos podem decorrer das relações sociais e
pessoais, devendo os mesmos ser vividos e superados. Se estivermos dispostos
a conviver em uma comunidade virtual e nos apropriarmos destas novas
formas de ensino/aprendizado, corremos o risco de enfrentar vários desafios e
esses são indispensáveis para o nosso crescimento profissional e pessoal.
Neste sentido percebi que o ambiente criado pela disciplina contribuiu para
afirmar as teorias que consideram o professor como mediador, e o aluno como
construtor de seu conhecimento.
Construção na Disciplina – Hoje podemos perceber a grande transformação
da sociedade no âmbito educacional, verifica-se também a necessidade de
mudar o “ensino”, ou melhor, a forma de ensinar. O computador utilizado
como uma ferramenta no processo ensino-aprendizagem, é sem dúvida um
novo caminho para a educação. Acredito que essa comunidade virtual vivida
por cada um e por todos, apresentou várias formas de tratar o conhecimento,
criou ambientes dinâmicos, construtivos e interativos. Foi muito importante
perceber a construção do caminho que cada um foi traçando para que o
trabalho final fosse concluído: o respeito pelo tempo e os limites de cada um, a
iniciativa particular de cada integrante, a flexibilidade, etc. O aprendizado
adquirido na realização do trabalho coletivo foi muito construtivo, acredito que
os “erros”; ao qual chamamos no final do trabalho coletivo foi considerado um
desafio que levou cada um a agir e a construir efetivamente a comunidade
virtual. Cheguei ao final desse trabalho com a convicção de que não é possível
concluir um assunto tão polêmico, e que apenas “tocamos” em temas de
essencial importância para a educação à distância e a construção de uma
comunidade virtual. Acredito que em educação não cabe à priori um certo ou
errado. Cada pessoa é um mundo em si mesmo, e os conflitos podem decorrer
das relações sociais e pessoais, devendo os mesmos ser vividos e superados.
Foi exatamente essa experiência que pude vivenciar concretamente, a equipe
superou os desafios; e esses são indispensáveis para o nosso crescimento
profissional e pessoal. Assim, pude compreender melhor as palavras sábias de
Edgard Morin: “É preciso substituir um pensamento que isola e separa por um
pensamento que distingue e une.” Neste sentido acredito que essa comunidade
virtual foi apenas o começo de um longo caminho a percorrer. “Considero
impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, tanto quanto conhecer o
todo sem conhecer, particularmente, as partes...” (Pascal)
Isabella Teixeira Bastos
Participação na Disciplina – O motivo pelo qual solicitei à profa. Brasilina
cursar a disciplina estava relacionado à possibilidade de aprofundamento
teórico e profissional no assunto, bem como, o de trabalhar com o tema no
mestrado e outros já descritos no questionário. A minha participação na
disciplina, portanto, esteve regulada de certo modo por essas motivações
descritas acima. Além disso, posso afirmar que ao longo da dessa, o roteiro de
atividades presenciais e virtuais, leituras propostas foram pontos que
motivaram a minha participação e busca de novas informações sobre o tema da
disciplina. Em minha opinião, o processo de construção da comunidade e a
participação crescente do grupo, incluindo a minha pessoa, começou a se
delinear melhor quando o grupo tinha uma tarefa clara para desenvolver e esta
deveria ser continuada de forma virtual, a construção do trabalho coletivo.
Outros aspectos relacionados à disciplina que facilitaram essa participação
foram a apresentação dos estudos de caso, site Tô Ligado e Pátio Paulista,
como forma prática através da qual pôde ser observado o trabalho de uma
comunidade virtual, fosse de alunos ou professores.
Outros aspectos da disciplina que podem ser destacados como mais ou menos
facilitadores para o processo de construção da comunidade podem ser vistos a
seguir:
Mais facilitadores: interatividade do site da disciplina, permitindo que o aluno,
a partir de certas condições postasse seu trabalho, o fórum disponibilizado para
o grupo ter um espaço de trocas, atitude provocativa da professora e
diversidade de experiências trazidas pelos colegas de sala. Menos facilitadores:
suporte às dificuldades, necessidade de postagem de alguns trabalhos no site
pelo pessoal da tecnologia, falta de tempo, dificuldade para encontrar o grupo
em outros momentos presenciais. Algumas sugestões que vejo como
pertinentes: investir no aperfeiçoamento de ferramentas que dêem mais
autonomia ao usuário na postagem de arquivos e outras formas de interação
atreladas ao site e dicas de utilização do fórum de discussão. De uma forma
geral, acredito que o processo de construção da comunidade virtual foi bastante
rico no favorecimento de novas experiências e aprendizados, bem como da
prática, tal como eu esperava inicialmente. Foi possível estruturar a tarefa em
um primeiro formato e por isso também acredito que poderíamos ter iniciado
os trabalhos direcionados ao texto coletivo bem antes do que efetivamente
aconteceu. O último depoimento é sobre a postura da Professora, elemento
facilitador, como constante provocadora do que poderia eu poderia ter como
contribuição, dos meus valores, das minhas concepções e das do grupo e nos
variados papéis que cada um assumiu ao longo do processo.
Construção na Disciplina – No meu ponto de vista a última aula foi uma
oportunidade importante de ver de outra forma o movimento/ momento em
que o grupo estava e que passamos para construir o trabalho coletivo. Um
momento no qual foi feito um resgate da história do grupo e do início de
construção do trabalho. Essa história começa desde as primeiras discussões que
tivemos sobre o trabalho coletivo, as resenhas individuais até o trabalho mais
concreto de sentar para escrever, discutir muito e construir aos pouquinhos
cada nova situação para o trabalho.
Dentro dessa trajetória destacaria alguns pontos mais importantes no meu
ponto de vista: Avaliei que as pessoas estavam integradas e se moveram diante
das dificuldades e desafios impostos pela tarefa de iniciar, escrever, sofrer e
finalizar o trabalho, como na fala da Débora após ter se instalado ‘o caos’
sobre o trabalho, falando sobre a conclusão do mesmo. Até esse momento o
grupo estava trabalhando bem mais e eu me incluo perfeitamente nessa
perspectiva, com suas partes, suas necessidades, interesses, dificuldades,
prioridades, dentre outras coisas. Todos estavam trabalhando dessa forma, no
entanto, tentando visualizar como cada contribuição iria culminar em um todo
e quando essa percepção desvelou-se abstrata demais para talvez ser concluída
a equipe começou a preocupar-se quanto à entrega do trabalho, inclusive
cogitando a possibilidade do trabalho não estar pronto até a data marcada para
entrega final. Outros fatos que considero relevante destacar e que aconteceram
ao longo da construção do trabalho foram: o rodízio de lideranças diante das
dificuldades e vitórias do grupo, uma dificuldade pessoal de trabalhar com
extrapolações de prazos e outras flexibilidades nesse sentido, um crescimento
importante do grupo quanto à busca de novas informações, bibliografias, de
forma que cada um sempre tinha contribuições relevantes a dar nas discussões
presenciais e /ou virtuais, d. uma preocupação importante com abordagens e
outras decisões de cunho metodológico sempre levantadas, discutidas e
trabalhadas pelo grupo. O grupo era bastante heterogêneo e isso acarretou uma
diversidade de idéias, papéis, decisões e orientações teórico-práticas e
pessoais, as quais foram difíceis de serem administradas, uma vez que também
me sinto parte dessa administração. Mas essa trouxe, como havia de se esperar
quando temos tanta diferença, um riqueza de novos olhares, de contribuições
teóricas e um ‘amadurecimento’ mais demorado, porém consistente para o
trabalho. Incluo a última aula na construção dessa consistência.
Algumas contradições, ‘minhoquinhas’ geradas no trabalho com essa
comunidade virtual ficaram em mim....‘Qual o meu papel enquanto
cientista?’‘O que posso fazer pelo professor que está dentro da sala de aula que
está alheio não só as tecnologias, mas, muitas vezes ao aluno que vai formar?’
(Não há nenhuma tentativa de instituição de culpa ao professor na condição de
alheio, mas essa é uma constatação). ‘O que fazer para construir realidades de
ensino mais estimulantes, desafiadoras, colaborativas e mais conectadas com o
mundo?’ Bem penso que essa comunidade foi importante quando se mostrou
um ponto de partida e chegada para várias idéias e novas posições pessoais e
profissionais não só minhas, mas com certeza do grupo. Estou concluindo o
texto.
Nelma T. Zubek Valente
Participação na Disciplina – A principal razão de ter escolhido cursar a
disciplina foi motivada pelo meu interesse em aproveitar ao máximo minha
última oportunidade de permanência na USP, visto que meu mestrado se
encerrava neste ano. Já havia cursado três disciplinas além das optativas
exigidas, e como ficaria ainda por mais seis meses na USP, até a defesa da
minha Dissertação, escolhi criteriosamente mais três disciplinas que julguei
pudessem acrescentar ainda mais aos valiosos aprendizados que obtive aqui:
uma na FE-Faculdade de Educação, outra na FEA - Administração e também
esta na ECA. Acabei cancelando a Disciplina da Administração porque as
aulas coincidiam com as da FE/USP. Outra razão está relacionada ao meu
interesse em aprofundar os conhecimentos sobre o assunto em virtude de ter
participado de um projeto de apoio a uma comunidade virtual formada por um
pool de empresas localizadas no Estado de São Paulo. Apesar de utilizar
diariamente a internet e já estar familiarizada com ferramentas de educação à
distância, como o fórum, em outras disciplinas cursadas no programa de
Mestrado e ministradas (colaborando no programa PAE) na FEA/USP, como:
Tapped In, na disciplina Tecnologia da Educação (Mestrado) e WEBCT – na
disciplina Tecnologia da Educação (Mestrado), Sistemas de Informações
Contábeis e Empresariais Integrados (Mestrado), Análise de Sistemas
Contábeis (PAE-Graduação), percebi, quando da utilização do chat, uma
resistência e um grande preconceito em mim mesma, quanto ao uso do MSN
para o contato entre o grupo. Já havia também utilizado o chat do WEBCT e
do Tapped In, mas, MSN, no meu entender, era coisa de adolescente. Depois
de reconhecer que esse era um grande preconceito da minha parte, precisei
vencer o desafio para poder participar de algumas discussões. Ainda me sinto
um tanto estranha usando MSN. Associei a algo fútil, destituído de seriedade.
É importante ressaltar, no entanto, que não tive essa resistência ao usar o chat
do WEBCT e do TAPPED IN nas disciplinas mencionadas. Enfim, deixando
as resistências do chat MSN, as demais ferramentas utilizadas na comunidade
não foram novidade para mim. A dificuldade inicial relacionou-se apenas às
“regras” de utilização. Foram necessárias várias trocas de mensagens para
decidirmos quais seriam as formas mais adequadas. Acabamos descobrindo
alguns detalhes, apenas com a insistência de utilização das mesmas. Considero
a disciplina bastante enriquecedora para a minha vida, apesar de não estar
relacionada com o tema da minha dissertação. Cursei por interesse pessoal de
aprendizado mesmo! Aprendi muito com a Profa. Brasilina e com os colegas.
Foi realmente mais uma grande oportunidade de aprendizado que levo da USP.
Construção na Disciplina – Foi interessante perceber como as coisas foram se
desenvolvendo a partir do momento em que iniciamos a tarefa da construção
do texto coletivo. Considero, assim como muitos dos colegas do grupo, que
tenha sido a partir desse ponto, que efetivamente a comunidade virtual
começou, de fato, a acontecer. Até então os contatos eram raros, sem um
compromisso estabelecido, muito embora a Profa. Brasilina, desde o início,
tenha oportunizado e incentivado a participação de todos em diferentes
atividades no fórum e demais ferramentas do site. No entanto, a partir do
planejamento da construção do texto coletivo, as coisas efetivamente
começaram a acontecer. E aí, como era de se esperar, vieram as dúvidas, a
enxurrada de contatos, a insistência em cobrar a participação de todos nas
discussões. Isso porque, na medida em que os contatos se estabeleciam de
forma virtual, ficava evidente a ausência de alguns membros do grupo na
discussão. Entretanto, o mais interessante, é que na seqüência, durante o
desenvolvimento do texto coletivo, alguns membros, que no início do trabalho
tiveram uma participação intensa, no final, por motivos diversos, ausentaram-
se das discussões, enquanto, membros um tanto ausentes no início, engajaram-
se de forma exemplar, em alguns casos, tomando a dianteira na condução e
coordenação do trabalho para que fosse entregue no prazo estabelecido.
Houve, portanto, uma clara troca de papéis, independentemente das funções e
tarefas estabelecidas a priori. Entendo que o papel desempenhado por alguns
membros da equipe foram fundamentais para a construção da comunidade
virtual. Alguns estiveram do início ao fim do trabalho engajados e totalmente
envolvidos com o todo, não somente na elaboração do texto, propriamente
dito, como na liderança das comunicações, no suporte e ajuda na utilização das
ferramentas, independente de função e tarefa que lhe haviam incumbido. Essas
pessoas foram marcantes. É importante destacar que, apesar de alguns
membros do grupo terem se destacado por suas iniciativas, lideranças,
capacidade e extrema competência no trabalho com mídias diversas, cada um,
à sua maneira, contribuiu bastante para a construção da comunidade virtual. Os
talentos e competências diversas de todos foram muito bem aproveitados e
utilizados na elaboração do texto coletivo a na construção da nossa
comunidade virtual de aprendizagem e de prática.
Paulo Henrique de Oliveira Lopes
Participação na Disciplina – Chegando à reta final deste curso, percebi que
pude aprender. Só isso já seria uma boa argumentação já que também estou em
um processo de constante construção de conhecimentos, superando barreiras e
dificuldades comuns a todo o aprendizado. É, indiscutivelmente, um tema
intrigante e que nos leva a várias reflexões e também a várias conclusões. A
educação é um campo muito vasto e é um processo que está em contínuo
movimento com novas abordagens, tecnologias e teorias, levando adiante uma
discussão que parece ter apenas começado. Há várias formas de se ver a
educação. O que mais me orgulha ao término desta jornada é que consegui
enxergar a importância do fator humano na colaboração da formação do
indivíduo, da participação dos diversos suportes na construção desse
conhecimento. Vi na comunidade virtual mais uma ferramenta de elaboração
de conhecimento, troca de informações e, principalmente, uma nova forma de
compartilhar experiências e práticas, antes restritas a comunidades não virtuais.
Agradeço a oportunidade de poder ter participado desta comunidade e espero
poder trocar muitas informações com esta e outras comunidades.
Construção na Disciplina – Posso dizer que sou um reincidente em ensino á
distância. É claro que a disciplina não era exatamente ensinada a distância mas
abordou bem este tema, que ainda gera uma série de polêmicas. Digo
reincidente pois tentei uma vez, há mais ou menos cinco anos, fazer um curso a
distância de Programação Neurolingüística pelo então sistema de ensino a
distância do Colégio Einstein (http://www.colegioeinstein.com.br).
A informação sobre este tipo de curso ainda era um tabu para a época, pois
quase não havia informação a respeito da aplicação do curso. Com toda a
sinceridade, não consegui passar das quinta aula, tamanha era a solidão do
estudo, da falta de contato pessoal e das inúmeras complicações pela conexão
de internet da época, com velocidade máxima de 56Kbps. Nesta disciplina,
consegui fazer um retrospecto desta minha passagem pelo curso, percebi que
não era somente o curso e as impossibilidades tecnológicas da época. O
problema também estava em mim, num processo educacional que fui criado e
na total falta de preparo intelectual e pessoal para o novo desafio. Agora, com
uma carga teórica mais apurada e uma experiência fascinante, percebo o
quanto faltava para mim. A própria construção do texto coletivo foi marcante
pois tivemos que lidar com os problemas do cotidiano, conjunturas e o tempo,
o pior inimigo nessa hora. Prazo é uma palavra que impera e com razão. A
troca de informações, as reuniões via messenger e as infindáveis trocas de
correios eletrônicos. A participação de todos é importante, o espírito de equipe
deve ser respeitado e a responsabilidade é cobrada a todo o momento. A
comunidade virtual é um pouco de tudo isso, um pouco de todos, um pouco
desses problemas que devem ser superados em prol de um objetivo único: o
aprendizado. Confesso que a minha participação foi, em sua grande maioria,
nas aulas presenciais mas acabei percebendo que a comunidade virtual pode
ser um caminho para a troca de aprendizagens e geração de conhecimentos.
Não importa se a comunidade seja ou não virtual. O que importa é a
participação e a colaboração. Essa aprendizagem é marcante.
Violeta Sun
Participação na Disciplina – Participar da disciplina Criando Comunidades
Virtuais de Aprendizagem de Prática foi realmente uma experiência
interessante e desafiadora.
Lidar com uma diversidade de pessoas de áreas de atuação diferentes, visões
de mundo, formação e experiências diversas foi realmente um desafio.
Trabalhar em conjunto fazendo uma atividade em comum foi ao mesmo tempo
gratificante e tenso.
Administrar prazos e tarefas num ambiente relativamente novo para alguns e
com focos de interesse heterogêneos é algo que se consegue entender apenas
através da experiência prática. E isto foi conseguido vivenciando os trabalhos
executados durante o curso.
Pergunto-me se mudaria algo caso a disciplina fosse iniciar novamente,
algumas coisas sim, outras não... talvez não mudasse nada... cada etapa foi
importante para construirmos um modelo em nossas cabeças e aprendermos a
respeitar o espaço de cada um. De qualquer forma, para mim, foi enriquecedor
vivenciar este modelo de aula que tenho certeza, me ajudará no
desenvolvimento de minhas atividades acadêmicas e vida pessoal.
Construção na Disciplina – A certeza de que terminamos mais uma etapa!
Terminamos com certeza diferentes e, acredito eu, maiores do que quando
começamos.
É muito fácil dizer ao final de um curso que poderia ter sido melhor, apontar as
falhas, frustrações, alegrias, enfim achar que muitos “defeitos” poderiam ter
sido evitados. A verdade é que cada crítica deve ser encarado como um
estímulo à continuidade, à melhoria, pois sabemos que se tivéssemos maior
disponibilidade financeira, de pessoal de apoio e de tempo durante todo o
curso, provavelmente teria sido mais fácil. Porém talvez o aprendizado fosse
mais lento. A interação que se criou no decorrer da disciplina só pode ser
entendido por quem realmente, já vivenciou a criação de um grupo. Saber
respeitar as diferenças individuais, aprender a trabalhar em grupo (virtual ou
não), com a pressão do tempo e com pessoas que mal se conheciam é uma
tarefa árdua. Independentemente do resultado dos trabalhos desenvolvidos, a
sinergia do grupo foi a maior conquista alcançada. Há grupos mais
“animados”, mais sérios, mais comprometidos, e cada um tem características
próprias o que os tornam diferentes. A criação de uma comunidade depende da
vontade e empenho de todos, pois cada um tem sua parcela de responsabilidade
na criação da identidade do grupo. Quanto à disciplina, alguns pontos
observados, levantados e discutidos em sala de aula:
a) Treinamento mais direcionado das ferramentas a serem utilizadas no início
do curso. Talvez por meio de apostila ou uma sessão de exercícios práticos
dirigidos, para que o grupo tenha um mínimo de nivelamento na utilização. No
caso específico do grupo, esta necessidade foi sentida devido à
heterogeneidade de formações acadêmicas, áreas de atuação e familiaridade
com ferramentas internet.
b) O sentimento de que o trabalho coletivo ficou muito para o final do curso,
deixando a sensação de que o tempo foi muito curto para a atividade. Talvez as
resenhas pudessem ser feitas trabalhando-se em duplas para já se exigir uma
interação entre as pessoas, ou individualmente, porém com apresentação do
mesmo tema por duas pessoas diferentes.
c) Devido às dificuldades de pessoal de apoio, algumas vezes sentimos
necessidade de anexar materiais (arquivos) e dependíamos da disponibilidade
de monitores disponibilizarem material no site. Creio que esta deficiência foi
posteriormente suprida pelo grupo por meio dos emails enviados diretamente
aos participantes do curso. É importante salientar que esta não é uma crítica às
pessoas envolvidas, e sim uma constatação de fatos ocorridos, pois sabemos
das dificuldades de se ter o ambiente “ideal” para as aulas. Sabemos também
que as condições gerais de sala, instalações, equipamentos, são muito
superiores à média das instituições de ensino o que contribuiu para a
motivação do grupo:
d) A professora propiciou um bom ambiente de trabalho e gerou condições
para que o trabalho se desenvolvesse dentro da proposta da disciplina: “Criar
uma comunidade Virtual de Aprendizagem e de Prática”
A análise do Texto Coletivo da Turma 2004 foi feita a partir do depoimento dos 8 integrantes
do trabalho sobre a participação de cada um na comunidade virtual e a construção desta
comunidade.
PARTICIPAÇÃO
Claudia Vicenza Funari
Interagir e participar de aulas à distância, assim como participar da
organização de um trabalho em grupo mediado por um fórum descortina novas
possibilidades e entraves.
Saldo final – positivo.
Débora Burini
Além do conhecimento teórico possibilidade de interagir com as ferramentas
oferecidas. Depoimento positivo – quebra de paradigmas na educação
Érica Beatriz Oliveira
Participação positiva, contato com o fórum e chat até então desconhecidas ou
pouco utilizadas, encontro presencial fundamental para que a participação
virtual fosse bem sucedida. Dificuldades:
algumas pessoas não tinham cultura de participação virtual:
- dificuldade na definição dos tópicos para construção do texto coletivo
- dificuldade no direcionamento dos trabalhos para construção do texto
coletivo
Eliene Santana Rodrigues
Para lidar com novas ferramentas é preciso estar disposto a correr riscos e
enfrentar novos desafios. Confirmação das teorias que consideram o professor
como mediador.
Isabella Bastos
A Construção da comunidade e participação crescente do grupo começou
quando a tarefa do grupo ficou clara. Os estudos de caso To Ligado e Pátio
Paulista ajudaram na participação. Facilitadores: A interatividade do site,
permitindo a postagem de trabalhos; Fórum e atitude provocativa da professora
Menos facilitadores: dificuldade com as novas tecnologias, falta de tempo para
realizar as tarefas e encontrar o grupo em momentos presenciais
Sugestões: aperfeiçoamento das ferramentas para maior autonomia do usuário
na postagem de arquivos, dicas de utilização do fórum. Saldo positivo para a
aprendizagem.
Nelma T Zubek Valente
Preconceito próprio com a ferramenta Chat. “Associei a algo fútil destituído de
seriedade”. A outra dificuldade regras de utilização.
Paulo Henrique de Oliveira Lopes
Comunidade virtual é mais uma ferramenta de elaboração de conhecimento,
troca de informações. Nova forma de compartilhar experiências e práticas.
Violeta Sun
Administrar prazos e tarefas num ambiente relativamente novo para alguns e
com focos de interesse heterogêneos é algo que se consegue entender apenas
através da prática.
Fazer uma atividade comum (o texto coletivo) foi algo gratificante e tenso.
CONSTRUÇÃO
Claudia Vicenza Funari
O mais trabalhoso é integrar-se ao todo e compartilhar a produção com o outro
O aprendizado foi composto pelos embates, as possibilidades defendidas e
descartadas e os acertos
Eliene Santana Rodrigues
Respeito pelo tempo e limites de cada um Iniciativa de cada integrante.
Flexibilidade.
Débora Burini
Aspecto relevante: integração dos participantes. Vivenciar a experiência do
coletivo para um único fim
Administrar o “caos” aparente de forma coletiva, o fluxo de informações,
planejamento, prazos, ausências.
Érica Beatriz Oliveira
Trabalhar em grupo é mais difícil que fazer um trabalho individual.
Negociação de opiniões diferentes. Respeitar as diferenças. Troca de papéis
durante o percurso.
Isabella Bastos
Rodízio de lideranças. Dificuldade de cumprir prazos. Crescimento na busca
de novas informações, bibliografias.
Paulo Henrique de Oliveira Lopes
A participação de todos é importante. Espírito critico deve ser respeitado.
Responsabilidade deve ser cobrada. A comunidade é um caminho para a troca
de aprendizagens e geração de conhecimento.
Nelma T Zubek Valente
A partir do planejamento da construção iniciou-se a participação e construção
do texto coletivo. Cobrança da participação de todosTroca de papéis no
decorrer do trabalho. Talentos e competências diversas.
Violeta Sun
A criação da comunidade virtual depende da vontade e empenho de todos, pois
cada um tem sua parcela de responsabilidade na criação da identidade do
grupo. Necessidade de treinamento de todos.
CONCLUSÃO
1. Os participantes já possuíam certa familiaridade com as ferramentas.
2. Metade do grupo havia tido experiência com EAD e reviram suas opiniões sobre esse
formato com uma avaliação mais positiva do que as vivências anteriores.
3. As expectativas foram atendidas parcialmente para alguns porque estes esperavam aprender
a criar ferramentas em CV.
4. As ferramentas foram consideradas de fácil utilização. Questionou-se apenas o suporte e a
falta de treinamento para a sua utilização.
5. A maior contribuição vista pelo grupo se referiu à vivência, criação e participação na CV.
Levantamento dos Registros do Forum Turma 2004
Aspecto Subjetivo : Trabalho em forma cooperada
Enviada: Qua Dez 01, 2004 9:50 pm Assunto: Relato da aula de 01/12
Pessoal,
A Violeta me pediu que fizesse um relato das discussões da aula do dia 01/12. Vou vazer um
resumo do que ficou decidido:
-Questionário
Discutimos as propostas de questionário feitas até o momento, e decidimos focar nossa linha
de investigação no processo de construção de comunidades virtuais, realizando um estudo
exploratório com a nossa turma. Assim, as perguntas do questionário foram analisadas e
refeitas, e um novo questionário proposto. Eu e Nelma iremos finalizar esse questionário e
enviar por e-mail amanhã dia 02. Todos devem responder esse questionário até o próximo dia
06 (segunda-feira) às 12h e enviar para meu e-mail ([email protected]). Eu farei as tabulações
na segunda e terça-feiras para levar alguma coisa pronta na próxima aula (08/12);
-Redação
Violeta fez um apanhado de tudo o que foi colocado no forum, e a Isabela levantou material
das outras turmas. Ficou decidido que a equipe de redação iria se organizar e dividir o
trabalho para iniciar a redação e levar um texto inicial na próxima aula (08/12);
-Referências Bibliográficas
As equipes de redação devem encaminhar para mim as referências do material que está sendo
utilizado para que eu tenha tenho hábil para normalizá-las. Ficou decidido que as referências
devem ser enviadas em duas categorias: Referências bibliográficas (material efetivamente
citado na redação do texto) e Bibliografia consultada (material lido ou consultado mas que
não foi citado na redação do texto);
- Comunicação entre os membros
Devido ao tamanho dos textos e também as limitações do forum (ex. não aceita tabelas)
decidiu-se que os arquivos devem ser enviados aos membros por e-mail, mas que uma nota de
que esse material está sendo enviado deve ser colocado no forum para que todos, inclusive a
professora, possam acompanhar nossas atividades.
Esperamos na próxima aula já apresentarmos a professora e a todos os alunos o que cada
equipe está fazendo e ter algo já encaminhado para futuras discussões. Foi consenso dos
presentes na aula de hoje fazer todos os esforços para entregarmos nosso trabalho na aula do
dia 22/12, não deixando para finalizar no ano de 2005.
Bom trabalho a todos nós. Qualquer dúvida entrar em contato com a Violeta, nossa eficiente
coordenadora.
Érica
Enviada: Qui Dez 02, 2004 9:07 pm Assunto: Aula de 01/12
Mais uma coisa.. só para constar:
A redação dos capítulos para a próxima aula ficou assim distribuído:
1. A REFORMA DO PENSAMENTO - Isabela1.1 SOCIEDADE DO CONHECIMENTO
1.2 TECNOLOGIAS DE INFORMACAO E COMUNICACAO NA SOCIEDADE DO
CONHECIMENTO
1.3 O PENSAMENTO COMPLEXO NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO
2.A COGNICAO HUMANA (COMO O SER HUMANO APRENDE)
2.1 TEORIAS COGNITIVAS Débora e Paulo Henrique
2.2 MULTIPLAS INTELIGENCIAS Eliene
3.COMUNIDADES VIRTUAIS Claudia
3.1 TIPOLOGIA DAS COMUNIDADES VIRTUAIS
3.2 ESTUDO DE CASO COM ALUNOS DA POS GRADUACAO (ENSINO SUPERIOR
(PUBLICO ALVO)) Érica, Violeta e Nelma
4. RECOMENDACOES GERAIS
4.1 AVALIACAO
5. BIBLIOGRAFIA
Érica
Aspecto Subjetivo : Confiança no modelo de fóruns em CVA’s
Enviada: Seg Dez 20, 2004 12:07 pm Assunto: Referências bibliográficas
Pessoal,
Abri esse tópico para ficar mais fácil.
As referências que eu recebi já estão formatadas, só preciso de alguns esclarecimentos, então
quem usou os textos por favor responda:
MANFREDI, S. M. Trabalho, profissão e escolarização: revisitando conceitos. In: Educação
profissional no Brasil. São Paulo. 2002 - AUTOR DO LIVRO EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL NO BRASIL
NITZKE, J. A.; CAMPOS, M. B.; LIMA, M. F. P. Estágios de desenvolvimento. PIAGET.
1997b. Disponível em: Acessado em: - DADOS DO SITE OU A REFERÊNCIA
COMPLETA SE FOR IMPRESSO
WENGER, E.; MCDERMOTT, R. ; SNYDER, W. It takes a community; Informal groups
known as communities of practice are the latest technique for getting employees to share what
they know. Here are seven ways to encourage such communities in your company. CIO,
Framinghan, v. 15, n. 15, may 2002. - PÁGINAS DO ARTIGO, O TÍTULO DA REVISTA E
CIO?
Não recebi até agora as referências da Débora, por favor me mande ainda hoje que quero
terminar e mandar para a Violeta.
Bom trabalho pessoal.
Érica
Aspecto Subjetivo : Confiança no modelo de fóruns em CVA’s
Enviada: Seg Dez 20, 2004 6:26 pm Assunto: Referencia Debora
Debora,
recebi o trabalho final com sua referência e já coloquei no trabalho.
Érica Debby
Registrado
em:
Segunda-
Feira, 20 de
Setembro de
2004
Mensagens:
Enviada: Seg Dez 20, 2004 6:57 pm Assunto: como vc recebeu se eu não fiz
ainda??
Erica
não entendi como vc fez se eu ainda não terminei?
21
Restrições da Ferramenta
Enviada: Ter Dez 21, 2004 2:20 pm Assunto: É agora ou nunca hein!!!
Pessoal prestem atenção:
Estou com o texto final para a revisão, dividi as tarefas entre eu, a Nelma e a Violeta. Cada
qual com um capítulo. Porém ainda estamos com pendências na Bibliografia, portanto solicito
encarecidamente que quem usou os seguinte autores providenciem URGENTE a referida
informação, dada de acesso, endereço, etc., caso contrário teremos um texto com informações
"capengas".
Enviada: Seg Dez 13, 2004 7:12 am Assunto: Comunidades Virtuais
Claudia,
Enviei alguns comentários por email. Por favor, veja se recebeu.
Esterei revendo o texto hoje à noite.
Um abraço,
Violeta
Enviada: Sáb Dez 11, 2004 11:31 am Assunto: Recado para Claudia
Claudia,
Por favor, quando for enviar os textos para mim, envie para os meus dois emails, ok?
Enviada: Seg Dez 13, 2004 12:38 pm Assunto: comunidades virtuais
Violeta
Recebi seu e-mail, vou ler o texto anexado, caso você queira alterar alguma coisa fique à
vontade. Daqui a pouco a gente conversa.
Beijos
Claudia
Falta de Intimidade com a tecnologia
Enviada: Seg Dez 20, 2004 10:16 pm Assunto: Esqueçam
Pessoal
Desconsiderem a criação desde tópico, fui responder e criei outro sem querer. Foi mal.
Trabalho em forma cooperada
Enviada: Ter Dez 14, 2004 11:22 pm Assunto: Sumário
Oi, Pessoal. Tudo bem?
Não entendi....
Será que eu copiei errado?? Tentei copiar exatamente como as meninas colocaram na lousa.
Amanhã conversamos, ok?
bj
Eliene
Ps. PH, cadê você?
Enviada: Sex Dez 10, 2004 12:46 pm Assunto: Envio da parte teórica do
trabalho e revisões
Olá pessoal,
Esse tópico é para nos comunicarmos sobre o envio de trabalhos, as revisões já
encaminhadas e o retorno da versão revisada após isso para a Isabella.
Os papéis de cada um estão descritos em 'aula do dia 08.12.04', criado pela Eliene que fez
um resumo de tudo o que foi combinado.
Bjs
Isa.
Enviada: Ter Dez 14, 2004 12:40 am Assunto: Bibliografias e Revisões
Érika,
Enviei as bibliografias para o seu e-mail.
PH,
Como está a revisão do meu texto e o da Isabela?
bjs a todos
Eliene
Relacionamento Presencial promovendo a interação
Enviada: Qui Dez 16, 2004 1:39 pm Assunto: confraternizar, comer, rir e beber...
Esse tópico foi aberto para o planejamento da nossa festinha.
Quem vai trazer o quê?
Já definimos isso na aula retrasada, não é? Mas se vocês pudessem descrever aqui acho que
poderíamos ter uma visão do todo e replanejar algo caso fosse necessário.
Bjs
Isa.
Comodismo do participante/aluno
Enviada: Ter Dez 07, 2004 1:21 pm Assunto: Questionário respondido!
Olá, gatas! Eu mandei o questionário respondido! Será que realmente chegou a quem
deveria? Estou sabendo que estamos tendo problemas! Por favor, confirmem!
Um beijo
PH
ANEXO 2 – REPRODUÇÃO DO BLOG DO CURSO CRIANDO COMUNIDADES
VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM E PRÁTICA – TURMA 2005 DO PROGRAMA DE
PÓS-GRADUAÇÃO DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES – ECA/USP
Making Of Clepsidra Sábado, Dezembro 03, 2005
Reta Final - Arremates no Texto Coletivo da CCVAeP Postagem de Depoimentos - Turma 2005 Após quatro meses exercitando os verbos "OLHAR", "OUVIR", "LER" e "ECREVER", que passaram de triviais a atos cognitivos, construimos esta experiência vivenciada na nossa Comunidade Virtual de Aprendizagem. No "OLHAR" e no "OUVIR" disciplinados realiza-se a percepção, mas é no "ESCREVER" que o pensamento exercita-se como produtor de um discurso que seja criativo e construtivo. É assim que Roberto Cardoso de Oliveira descreve o trabalho do antropólogo. Encontramo-nos na reta final, nos arremates do texto coletivo construído, como pode ser visto, com "suor e lágrimas" por um caminho árduo, mas ao final gratificante, de acordo com os depoimentos dos participantes: Izabel (2/12/2006 10:05h) "... é como um mutirão de idéias e propostas. Cada sujeito vai colocando o seu tijolo fixado com cimento para compor". Adriana (2/12/2005 – 20:27h) Ufa...estamos na etapa final, vamos lá então ao meu depoimento... "Todo trabalho realizado em grupo dá mesmo TRA-BA-LHO. Na disciplina Construindo Comunidades Virtuais de Aprendizagem e de Prática não foi diferente. Desde o início sabia que deveria usar 100% de paciência, bom senso para conviver com as diferenças...(que não foram poucas!). Já havia participado de um trabalho coletivo em ambiente virtual e isso me ajudou reforçando em mim o espírito de equipe. Hoje, fazendo um retrospecto, vejo que não foi tão difícil assim. Importante ressaltar a flexibilidade e boa vontade demonstrada por todos para que pudéssemos concluir o nosso texto coletivo, na certeza de que estamos passando pela transição para as novas maneiras de construção do conhecimento.” Davi (2/12/2005 – 19:25h)
Pessoal, lá vai o meu depoimento... "Esse negócio de texto coletivo me fez parar para pensar. Não foi fácil e ninguém disse que ia ser. Como diria Roberto Carlos, "foram tantas emoções..." Mas por outro lado possibilitou a aproximação do grupo de uma forma que não costuma ocorrer. As pessoas se expuseram, ocorreram reconhecimentos mútuos e desse reconhecimento surgiu a sinergia que fez alguns começaram a remar. No fim estávamos todos no mesmo barco, navegando. Manter o bom-humor também foi fundamental.A sensação de cumplicidade que se tem ao final é muito gratificante. O "vencemos" é muito mais gostoso do que o "venci". Saio dessa experiência convicto de que um objetivo comum tem o poder de construir uma comunidade, seja ela virtual ou não." Tina (2/12/2005 – 20:07h) "No começo: indicações de textos, livros, idéias, o tema foi se formando coletivamente via fórum e presencialmente. Após esta fase, tomamos uma iniciativa, não fora do convencional: uma divisão fragmentada da estrutura do texto coletivo: cada uma, duas ou três pessoas iriam escrever um capítulo. Porém, ao decorrer do processo, a construção fragmentada passou a ser holística, em rede. Ao longo da construção dos capítulos, novos atores iam surgindo, dando seus pitacos, indicando citações, corrigindo um errinho aqui, outro ali. A construção estava ficando realmente coletiva no texto como um todo. Agora não mais pelo fórum, mas por e-mail: versão 1, 2, 3, chegamos, finalmente, à versão 11. Ufa! O período de gestação deste nosso filho rendeu alguns enjôos, dores nas costas e enxaquecas. Mas, deu tudo certo: o parto foi normal e o bebê está sendo batizado hoje, dia 07 de dezembro. Se for para colocar no balãozinho: A gestação do texto coletivo deu trabalho. E o nome do bebê? Não foi fácil escolher! Cada um dava uma sugestão... Mas, deu tudo certo. Ele nasceu e o batizado será hoje, 07 de dezembro, na ECA". Midiam (2/12/2005 20:06h). "Pessoal, pude absorver muito... muito mesmo... ao longo de nossa trajetória achei significativo o momento da retomada!!! (http://200.204.149.238/moodle/file.php?file=/44/Aula_21_Midiam.ppt) - acho que era isto??!!! foi o empurrão para o grupo seguir... e finalizar... com roupinhas relativamente limpas!!! e nada como uma boa lavação de roupas e alguns pingos nos iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii... vivenciamos não ser nada fácil (na prática) desenvolver um trabalho coletivo ....e também na prática propomos aos nosso alunos que façam ou simulem o desenvolvimento de trabalhos coletivos!!! sugiro repensarmos nossas práticas..." Iara 3/12/2005 10:05
Vejam a criatividade!! http://200.204.149.238/moodle/file.php?file=/44/Depoimento_Iara.ppt # posted by Anita Bliska @ 10:55 PM 0 comments links to this post
Sábado, Novembro 19, 2005
Pesquisa sobre Comunidades Virtuais de Aprendizagem Postagem da pesquisa sobre Comunidades Virtuais de Aprendizado. Convido e agradeço a participação. O arquivo encontra-se publicado em : http://200.204.149.238/moodle/file.php?file=/43/Roteiro_para_Entrevista_V2.doc Solicita-se enviar respostas para [email protected] # posted by Anita Bliska @ 6:26 AM 0 comments links to this post
Segunda-feira, Novembro 14, 2005
Comunicação e Gestão - PÁTIO PAULISTA Aula do dia 09/11 Sala do Laboratório de Pós-Graduação do NICA/ ECA/USP http://www.patiopaulista.sp.gov.br/ O estudo de caso apresentado provoca reflexões sobre os temas :
1. inclusão digital
2. comunicação escrita
3. comunicação em língua inglesa
4. BD de objetos de aprendizagem
5. geração de indicadores para gestão educacional pública
Na 2a. parte da aula dedicada à discussão do texto coletivo, as etapas de redação e complementação da análise conceitual foram iniciadas para o desenvolvimento do "core" do projeto que deverá ser apresentada na aula do dia 16/11.
Na aula do dia 16/11, reservada à orientação para construção da monografia, algumas correções de rota foram feitas.
Capítulo IV - colaboração e cooperação - complementar com sustentação teórica.
Capítulo V - foco no objetivo, ressaltando as dimensões do forum para o público e privado. Tecer a análise com os relatos identificados para comprovação da hipótese.
Capítulo Metodologia - referenciar metodologia etnográfica.
# posted by Anita Bliska @ 1:07 PM 0 comments links to this post
Segunda-feira, Outubro 31, 2005
Interfaces na Educação - estudo de caso Aula do dia 19/10 Sala do Laboratório de Pós-Graduação do NICA/ ECA/USP O estudo de caso apresentado traz reflexões sérias relativas a:
1. instâncias de TI
2. instâncias de pesquisa
3. conteúdos digitais interativos
4. mediação
5. disponibilização de um espaço de visibilidade pessoal
6. modelo de implementação através de multiplicadores
Na seqüência desenvolveu-se o planejamento das atividades de construção do Texto Coletivo 2005, ficando definidos:
• estrutura do trabalho:
1. metodologia
2. comunidades virtuais
3. colaboração e cooperação em ambientes virtuais de aprendizagem
4. levantamento dos dados e resultados
5. discussão dos dados
6. considerações finais
7. referências bibliográficas
• responsabilidades/papéis
Izabel e Nadia - incluir no capitulo 3 definição sobre forum, comunidade induzida e espontânea (segundo proposta de definição do Davi)
Alfredo e Sueli - metodologia (depois deve encaminhar para o Davi e Svea para complementação)
Tina, Adriana e Svea - Capitulo cooperação e colaboração Davi - organização dos depoimentos - encaminhando para análise. Será publicado no forum para palpites de todos
Midiam e Nadia - colaboração em todos os tópicos levantados Izabel - montando o texto coletivo no word e disponibilizando na lista de emails
Anita - publicação da relatoria em blog
# posted by Anita Bliska @ 10:43 AM 1 comments links to this post
Sábado, Outubro 22, 2005
Teorias sobre a aprendizagem humana Aula do dia 05/10 Sala do Laboratório de Pós-Graduação do NICA/ ECA/USP Apresentação do conteúdo teórico para embasamento das discussões sobre o surgimento da Sociedade pós-moderna, a Sociedade do Conhecimento e como nos incluímos nela. Dia calmo para o avanço das discussões do tema e definição de coleta dos subsídios necessários à pesquisa. Ficou decidido que para mantermos o que Luiz Henrique de Lima Araújo afirma ser necessário: "que dois fatores determinam o desempenho de uma comunidade virtual a interatividade e a conectividade, e que interatividade não é sinônimo de conectividade, ou seja, o fato de uma pessoa interagir virtualmente com outra não significa que estarão conectadas. A conexão pressupõe, portanto, uma qualidade dessa interação, pois é essa qualidade que gera um compromisso, uma cumplicidade entre as pessoas." Esclarecidas as condições da pesquisa ficou assim defindo: "Qui Out 06, 2005 9:08 pm Assunto: “Ata da aula de 05/10/05” Olá a todos. Nádia, sem atrapalhar a sua semana de mediação, mas prometi enviar o resumo da aula: Partimos do rascunho publicado em 05/10 com o “esqueleto inicial” do nosso TC_2005, com a proposta sugerida pela Lina de incluir a turma de 2005 no trabalho. Objetivos/Problema/Hipóteses O objetivo geral do trabalho é a análise sobre a participação em fóruns de Comunidades Virtuais de Aprendizado, identificando facilidades e dificuldades. O recorte da análise está focado sobre o estudo das participações nos fóruns das Comunidades Virtuais de Aprendizado, criadas a partir da disciplina de pós-graduação - Criando Comunidades de
Aprendizagem e de Prática - da Escola de Comunicações e Artes da USP, sob a regência da Profa. Brasilina Passarelli, turmas 2003 e 2004. O estudo endogênico se justifica pela possibilidade de categorização do conteúdo dos registros do fórum e pelas pesquisas das turmas anteriores publicadas nos trabalhos coletivos e disponíveis no ambiente criado especialmente para o desenvolvimento da disciplina. A hipótese a ser estudada na análise da participação em fóruns de CVA’s se refere à determinação de quais aspectos, subjetivos ou técnicos, contribuem para a facilitação ou não das contribuições em discussões instaladas em fóruns virtuais. A integração ficou estabelecida, em princípio, pela inclusão de depoimentos pessoais da nossa turma sobre a participação de cada um no fórum, como se vê, facilidades e dificuldades. A Iara sugeriu a inclusão de um recorte mais específico no objetivo geral do trabalho ficando : “O objetivo geral do trabalho é a análise sobre a participação em fóruns de Comunidades Virtuais de Aprendizado, NA CONSTRUÇÃO DE UM TEXTO COLETIVO, identificando facilidades e dificuldades.” Tarefas definidas pelos e para os presentes: Alfredo e Sueli – levantamento dos conteúdos de depoimentos sobre a participação em foruns, turma 2003 Iara e Bel - levantamento dos conteúdos de depoimentos sobre a participação em foruns, turma 2004 Adriana e Nádia - levantamento dos conteúdos de depoimentos sobre a participação em foruns, no tópico “Resenhas” Midiam e Anita - levantamento dos conteúdos de depoimentos sobre a participação em foruns, Tópico Texto Coletivo Cristina – amarrar a bibliografia, citações e sugestões já feitas de textos e autores para o nosso referencial teórico. Davi – está de férias pelos próximos 15 dias. (ele não sabe o que é juntar/redigir e dar um corpo a esse volume de informações que estamos levantando!!! – nos aguarde). beijos e bom trabalho!!!! P.S. A Bel já publicou o começo da nossa contextualização. " # posted by Anita Bliska @ 2:05 PM 0 comments links to this post
Segunda-feira, Outubro 17, 2005
Catatonia Paradigmática e novos papéis para alunos e professores
Aula dia 28/09/2005 Sala de treinamento da Escola do Futuro (dia de paralização parcial de funcionários da USP). Após a apresentação do conteúdo teórico, a discussão sobre o forum do curso foi inciada.
O "Jornalista de plantão" da turma observa que notou "ter rolado um stress" nas discussões do forum nas semanas de greve da USP (29/08 a 16/09/05). Acrescenta ainda ter discordado sobre a forma como se decidiu por votação e não por consenso, ao final do prazo dado para as discussões, sobre o provável tema/hipótese(s) do TEXTO COLETIVO!!
Aqui a relatora abre um parêntese para esclarecer aos leitores:
Em sala de aula foi estabelecido um prazo para a nossa comunidade - 31/08/05 - para o fechamento do tema/problema/hipótese do TEXTO COLETIVO da turma deste semestre. As propostas foram sendo apresentadas, e, dos 11 participantes do forum, 7 haviam concordado com a proposta da "Editora" e da "Revisora nº 1". A "Relatora" (esta que vos escreve) se arvorou, fez a contagem, publicou os resultados achando que estavam todos de acordo. Ledo engano!! Faço aqui meu "mea culpa"!
O "Pacificador" concorda com o "Jornalista" e esclarece que antes das "lufadas do Katrina" que assolaram esta turma, "estavam todos envolvidos nas discussões e caminhávamos, mais ou menos, na mesma sintonia" e que com a quebra provocada pelas "discussões desnecessárias" o tema não progrediu.
A "Caçula" - mediadora da semana no forum, fez um resumo das propostas discutidas e se comprometeu a publicar no forum para que se retomem os trabalhos para a construção da monografia que é o TEXTO COLETIVO, e stá registrado em http://bpassarelli.futuro.usp.br/pos/forum/viewtopic.php?t=143
Comprovando o retorno aos trabalhos temos a participação da "Revisora nº 1": "Qui Set 29, 2005 4:40 pm Assunto: de passagem..... Tina: ficou muito bom o registro que vc fez da discussão da aula de ontem. Adriana: A aula foi muito boa. A exposição da Lina foi brilhante. A nossa discussão sobre o texto coletivo tb foi muito produtiva. Como vc disse, temos, sim, muito trabalho pela frente. Anita: esse é pra vc......rs...rs... Pessoas: vou ler tudo com atenção, pensar, amadurecer e volto. certo? Abraços....." # posted by Anita Bliska @ 12:41 PM 0 comments links to this post
Quarta-feira, Outubro 12, 2005
Orientação Metodológica
Aula 21/09/2005. Laboratório de pós-graduação NICA/ECA/USP. Os astros estavam embuídos do espírito do Katrina, ou do Rita!!! A definição de um trabalho coletivo passa por diversas fases. Neste ponto, os participantes do TEXTO COLETIVO estavam sofrendo das influências do Katrina. Não houve consenso sobre o tema, problema, hipótese ou justificativa. A intervenção da Mestra foi providencial. O desconforto era sensível, visível e audível. O conflito de idéias, e posições é bem vindo. Dele nasce a negociação, a reavaliação de posturas (quem sabe engessadas?), a colaboração e a participação construtiva. Aplacados os ânimos, eis que começa a ser delineado o projeto, com tema, problema, hipóteses possíveis de serem comprovadas ou contestadas. As mangas estavam arregaçadas(*). (*) de cunho popular em vocábulos documentados antes do sec.XIV na língua portuguesa - Dicionário Online Houaiss - http://houaiss.uol.com.br # posted by Anita Bliska @ 4:04 PM 0 comments links to this post
Segunda-feira, Outubro 10, 2005
Primeiras Resenhas no Contexto de Comunidades Virtuais AULA 3 - 24/08/2005 A construção de quaquer texto requer leituras. A construção de um TEXTO COLETIVO exige pois, muito mais. Os participantes desta construção estão, de alguma forma, comprometidos com um projeto de qualificação pessoal. Neste sentido a coordenação de distintos pontos de vista, dada a formação multi-disciplinar dos alunos, aliada à necessidade de organização em um sistema qualquer, para nivelamento de conhecimentos e mesmo de posturas, conduz a uma estruturação não muito ordenada, auto-regulada, dinâmica e fonte de transformações na definição de limites onde transitar. Neste ponto, foram feitas leituras para trazer a um consenso dos temas sobre os quais se poderia pensar para o TEXTO COLETIVO.
Seguem as resenhas e seus autores: 23/08/2005 TECNOPÓLIO: A RENDIÇÃO DA CULTURA À TECNOLOGIA Anita Vera Bliska 23/08/2005 EDUCAçãO NA CIBERCULTURA: HIPERTEXTUALIDADE, LEITURA, ESCRITA E Midiam Gomes 24/08/2005 TECNOPóLIO: A RENDIçãO DA CULTURA à TECNOLOGIA Cristia Alvares Beskow 24/08/2005 RESENHA DO LIVRO “EDUCAÇÃO NA CIBERCULTURA” DE ANDREA CECILIA RAMAL Sueli Cardoso Pitta 24/08/2005 EDUCAçãO NA CIBERCULTURA - HIPERTEXTUALIDADE,... Alfredo Davis Nanias Cewin 24/08/2005 RESENHA - LIVRO DA RAMAL - EDUCAçãO NA CIBERCULTURA Adriana Paula Borges 27/08/2005 TECNOPÓLIO - CAPíTULOS 6 E 7 Maria Izabel de Araujo Leao 28/08/2005 AOS QUE MORAM NOS TEMPLOS DA CIêNCIA Maria Izabel de Araujo Leao 30/08/2005 TEORIA E PRÁTICA DA PESQUISA CIENTÍFICA Midiam de Melo Patricio Gomes 31/08/2005 RESENHA DO LIVRO: METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTíFICO DE ANTôNIO JOAQUIM SEVERINO Sueli Cardoso Pitta 31/08/2005 PESQUISA EM COMUNICAçãO: FORMULAçãO DE UM MODELO METODOLóGICO Anita Vera Bliska 31/08/2005 PESQUISA EM COMUNICAçãO: FORMULAçãO DE UM MODELO METODOLóGICO Cristia Alvares Beskow 02/09/2005 COMO SE FAZ UMA TESE Maria Izabel de Araujo Leao 06/09/2005 RESENHA : “PESQUISA SOCIAL: TEORIA, MéTODO E CRIATIVIDADE” Iara Nordi Castelani 09/09/2005 RESENHA:ARRABAL,ALEJANDRO K. TEORIA E PRáTICA DA PESQUISA CIENTíFICA. DIRETIVA,2005 Alfredo Davis Nanias Cewin 20/09/2005 EDUCAçãO EM REDE: UMA VISãO EMANCIPADORA Maria Izabel de Araujo Leao 27/09/2005 A COLABORAÇÃO E A COOPERAÇÃO EM AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM Anita Vera Bliska 28/09/2005 FORMAÇÃO DO PROFESSOR Nadia Moraes 03/10/2005 RESENHA - UMBERTO ECO - CAP. 4 Adriana Paula Borges
Algumas considerações ainda foram apresentadas ressaltando a linguagem hipertextual, a identificação do percurso metodológico de Bakthin, Piaget e Vigotsky e como transpor para a realidade. Os conflitos avanços e retrocessos da tecnologia e a transposição desse novo contexto e conteúdo para a sala de aula são os desafios dos novos professores nesta perspectiva de reconstrução do conhecimento.
# posted by Anita Bliska @ 12:15 PM 0 comments links to this post
Domingo, Outubro 09, 2005
Do papiro à Internet e a narrativa não linear Aula 2 - 17/08/05 http://bpassarelli.futuro.usp.br/pos/conteudo/papiro.htm O pano de fundo ou a contextualização do curso é feita pela apresentação de fatos marcantes da evolução do homem de forma linear, acompanhado numa linha do tempo. A maior paticipação ocorre com a presentação do vídeo de lançamento do Macintosh, onde algumas estruturas do "status quo" são contestadas e surge fortemente a presença da mídia estabelecendo-se como o 4º poder. As discussões giraram em torno destes momentos pinçados na linha do tempo e do impacto que o vídeo ainda causa. O debate sobre o tema do Texto Coletivo ficou para a aula do dia 24/08, com as discussões sobre as 1ªs resenhas apresentadas pelo grupo. # posted by Anita Bliska @ 6:55 PM 0 comments links to this post
Quinta-feira, Outubro 06, 2005
Making Of CCVAeP CONSTRUÇÃO DE UM TEXTO COLETIVO Este relato faz parte de um trabalho coletivo inserido na proposta do curso de pós-graduação da Escola de Comunicações da USP, na disciplina "Criando Comunidades Virtuais de Aprendizagem e Prática", sob a orientação da Profª. Drª. Brasilina Passarelli. A proposta é observar, tentando ser o mais isenta possível, as relações construídas (às vezes desconstruídas) pelo grupo no planejamento, pesquisa e desenvolvimento na "construção" de um Texto Coletivo, que é a monografia válida para obtenção dos créditos da disciplina. Assim, a cada semana, tendo o curso como roteiro, um "tijolinho" ou uma página da monografia estará sendo adicionada ou escrita, aqui documentada"em of!" O curso teve início em 10.08.2005, mas por incompetência da relatora, só agora em outubro, ele começa a sair dos alfarrábios da "etnógrafa virtual" de plantão e passará ao seu formato virtual real. # posted by Anita Bliska @ 6:21 PM 0 comments links to this post
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