DISCIPLINA 2019
PARASITOLOGIA
GIARDÍASE E CRIPTOSPORIDIOSE
Docente:
Profa. Dra. Juliana Q. Reimão
21 de fevereiro
• VÍDEO
• Surto de diarreia deixa 95 mortos em Pernambuco
• https://www.youtube.com/watch?v=6hZym-EJ5SA
• MATERIAL DE APOIO
• www.estudeparasitologia.wordpress.com
• PROTOZOÁRIOS INTESTINAIS
• Mais comuns em imunocompetentes
• Entamoeba histolytica e Giardia duodenalis
• Emergentes e Oportunistas
• Causam doença principalmente em imunocomprometidos
• Foram recentemente caracterizados como patógenos humanos
• Cryptosporidium parvum e C. hominis
GIARDÍASE
Giardíase
• Generalidades • Infecção causada por parasitas flagelados que se prendem à parede do
intestino delgado provocando diarreia e desconforto abdominal.
• Agente etiológico • Giardia duodenalis
• (= Giardia lamblia e Giardia intestinalis)
• Parasita monoxênico eurixeno • Exige apenas um hospedeiro
• Variedade de hospedeiros vertebrados
• Homem e alguns animais
• Mamíferos, aves e répteis
• Formas de vida • Trofozoíto e cisto
Epidemiologia
• 200 milhões de indivíduos sintomáticos
• 500 mil casos/ano
• Distribuição mundial
• Parasita intestinal mais comum em países desenvolvidos
Ekdal, Andersson, Am J Trop Med Hyg, 2005.
Global Parasita intestinal mais comum em países desenvolvidos Ásia, África e América Latina Maior incidência em regiões de clima temperado do que em climas tropicais
Precárias
condições de higiene, educação
sanitária e alimentação
Morfologia
• Trofozoíto
• Corpo piriforme
• Simetria bilateral
• 2 núcleos
• 4 pares flagelo
• 1 disco suctorial
• Corpo basal = aparelho de Golgi
• Axóstilo = feixe de microtúbulos
Núcleo
Flagelo
Corpo basal
Flagelo
Flagelo
Flagelo Disco suctorial
Morfologia
• Trofozoíto • Achatamento dorsoventral
• Disco suctorial
• Adesão ao epitélio intestinal
http://www2.nau.edu/ Vista dorsal Vista lateral
• Cisto • Oval
• Núcleo e corpo basais duplicados
• Cada cisto produz 2 trofozoítos
• Forma de resistência • Viáveis na água por até 3 meses
• Resistentes ao processo de cloração da água
• São eliminados nas fezes milhões/dia
Morfologia • Ao encistar-se, torna-se globoso, desaparece o disco adesivo e os flagelos se tornam intracitoplasmáticos. Os núcleos e os corpos basais sofrem divisão.
• Formas de resistência • Viáveis na água por até 3 meses
Núcleos
Parede cística
Corpo basal
Ciclo de vida 1. Ingestão de cistos
• Água ou alimentos contaminados
• Via fecal-oral
2. Excistamento (intestino delgado)
• Liberação de trofozoítos
3. Trofozoítos se multiplicam
• Divisão binária
4. Encistamento (cólon)
5. Eliminados nas fezes
• Cistos e trofozoítos
Cistos
Trofozoítos
Ciclo de vida
• Cães e gatos podem ser fontes de infecção eliminam cistos! • Sua importância como reservatórios não é clara
Aspectos clínicos
• Em imunocompetentes • Em geral é assintomático
• Diarreia • Manifestação mais comum (90% casos)
• 2 a 4 semanas
• Raramente contém sangue
• Esteatorreia • Presença de gordura nas fezes
• Desconforto abdominal/cólicas
• Náuseas e vômitos
• Perda de peso
• Autolimitada ou recorrente
• Em imunodeprimidos • A infecção pode ser grave, com longa duração (> 7 semanas)
Patogenia
• Efeito citotóxico • Células epiteliais
• Destruição das vilosidades
• Contato com a margem dos discos suctoriais
Patogenia
Mucosa normal Mucosa alterada
Atrofia de vilos e hiperplasia das criptas
Vilos
Criptas
vilos
enterócito cripta
microvilosidades
Mucosa normal
Mucosa alterada
Patogenia
• Consequências do parasitismo • Redução da produção de enzimas (ex. lactase)
• Redução da absorção de carboidratos, gorduras e vitaminas
• Inflamação da mucosa e apoptose dos enterócitos
• Aumento da secreção de cloretos acúmulo de líquidos no lúmen intestinal
Disco suctorial
Disco suctorial Vilosidades
Patogenia
Infecção assintomática
ou
Síndrome da má absorção
• Fatores que contribuem para esta variabilidade:
• Virulência das cepas
• Número de cistos ingeridos
• Idade
• Estado imune do hospedeiro
• Exposição prévia ao parasito
Infecção assintomática
Síndrome da má absorção
Virulência das cepas Número de cistos ingeridos
Idade Estado imune do hospedeiro Exposição prévia ao parasito
Diagnóstico
• Parasitológico • Exame de fezes (EPF)
• Sensibilidade
• 1 amostra: 60 a 80%
• 3 amostras: 90%
• Menos usados
• Aspiração intestinal
• Biópsia duodenal
• Sorológico • ELISA, RIFI, hemaglutinação indireta
• Molecular
• PCR cisto trofozoíto
Teste imunoenzimático (ELISA) Reação de imunofluorescência
indireta (RIFI)
Teste de aglutinação
PCR
Tratamento
• Nitroimidazóis Nitroimidazóis: Mais recomendados Metronidazol: usado tb para amebíase, tricomíase e bactérias anaeróbicas
http://www.drugbank.ca/
Metronidazol
• Controle de cura: • 3 exame de fezes (1 por semana)
Medicamento Adulto Criança
Secnidazol 2g, VO, dose única 30 mg/kg, dose única
Tinidazol 2 g, VO, dose única -
Metronidazol 250 mg, VO, 2 vezes
ao dia por 5 dias
15 mg/kg/dia (máximo de 250 mg), VO,
dividida em 2 tomadas, por 5 dias
secnidazol tinidazol metronidazol
Prevenção e controle
• Principais veículos
• Água e alimentos crus
• Pessoas infectadas
• Vetores mecânicos
• Moscas e baratas
• Profilaxia • Fervura da água
• Saneamento básico
• Educação sanitária
• Tratamento
• Manipuladores de alimentos
• Creches e asilos
http://www.wikihow.com/
O cloro nas concentrações usadas habitualmente para o tratamento da água, não é suficiente para destruição dos cistos
CRIPTOSPORIDIOSE
• VÍDEO
• Criptosporidíase: parasita ameaça gravidez de oito meses
• https://www.youtube.com/watch?v=7Rfu235rT6A
Coccídios intestinais
• Generalidades • Parasitas intracelulares obrigatórios
• Possuem semelhanças com os apicomplexos
• Parasitas monoxênicos • Exigem apenas um hospedeiro
• Criptosporidiose • Cryptosporidium hominis
• Cryptosporidium parvum
• Ciclosporíase • Cyclospora cayetanensis
• Cistoisosporíase • Cystoisospora belli
Importância
• Emergentes • Recentemente descritos como
patogênicos
• Avanço nas técnicas diagnósticas
• Globalização
• Alteração
• Do meio ambiente
• Dos hábitos alimentares
• Oportunistas • Indivíduos imunossuprimidos
• Aumento crescente de incidência Cyclospora
cayetanensis Cryptosporidium
parvum Cystoisospora
belli
Pre
valê
nci
a (
%) HIV positivo
HIV negativo
Criptosporidiose
• Importância • Segunda causa de morte por diarreia em crianças no mundo
• 30 a 50% das mortes até 5 anos de idade
• Consequências letais em imunodeprimidos
0
2
4
6
8
Rotavírus Cryptosporidiumsp.
E. colienterotoxogênica
Sigella sp.
Inci
dên
cia/
100
cria
nça
s
Causa de morte por diarreia em crianças
Epidemiologia
• Cosmopolita • Mais frequente em países
em desenvolvimento
• Prevalência de 0,5 a 10% subestimada
• Crianças 1 a 5 anos
• Em Fortaleza: uma pesquisa mostrou que todas as crianças avaliadas apresentavam anticorpos contra C. parvum exposição prévia ao parasito
• AIDS
• Prevalência de até 50%
• Surtos de transmissão hídrica
• Ex.: Milwaukee (EUA): 400 infectados e 100 mortes
Aspectos biológicos
• Parasito intracelular • Apresenta fusão com a membrana
do enterócito
• Forma um vacúolo parasitóforo
• Extracitoplasmático • Se localiza fora do citoplasma da célula hospedeira
• Localização epicelular
• Sobrevive em biofilmes
• Ambiente aquático
• Habitat • Intestino delgado
- Localização epicelular - Intestino
- Localização extracelular
- Biofilme - Ambiente aquático
Ciclo de vida
Liberação de oocistos nas fezes
Ingestão ou inalação de oocistos
RESERVATÓRIOS
Cryptosporidium parvum
Cryptosporidium hominis
Cryptosporidium (seta) no jejuno de porco.
Ciclo: semelhante ao de Isospora. Os oocistos já são infectantes quando eliminados nas fezes Pode haver transmissão direta, autoinfecção fecal oral e por inalação Foto: Se multiplica na ponta do enterócito
Representação esquemática do Cryptosporidium parvumciclo da vida. Após o excysting dos oocistos no lúmen do intestino (a), os esporozoítos (b) penetram nas células hospedeiras e se transformam em trofozoítos (c) dentro de vacúolos parasitóforos confinados à região microvilosa do epitélio da mucosa. Os trofozoítas passam por divisão assexuada (merogonia) (d e e) para formar merozoítos. Depois de serem liberados do tipo I meronts, os merozoitos invasivos entram células hospedeiras adjacentes para formar meronts adicionais de tipo I ou para formar meronts tipo II (f). Os meronts de Tipo II não reciclam, mas entram nas células hospedeiras para formar os estágios sexuais, microgamonts (g) e macrogamonts (h). A maioria dos zigotos (i) formados após a fertilização do microgamont pelos microgametes (liberados do microgamont) se desenvolvem em oocistos de paredes grossas resistentes ao meio ambiente (j) que são submetidos a esporogonia para formar oocistos esporulados (k) contendo quatro esporozoítos. Os oocistos esporádicos liberados nas fezes são formas de ciclo de vida ambientalmente resistentes que transmitem a infecção de um hospedeiro para outro. Uma porcentagem menor de zigotos (aproximadamente 20%) não forma uma parede espessa e de duas camadas; eles têm apenas uma unidade de membrana em torno dos quatro esporozoítos. Estes oocistos de paredes finas (l) representam formas de ciclo de vida auto-infecciosas que podem manter o parasita no hospedeiro sem exposição oral repetida aos oocistos de paredes grossas presentes no ambiente.
Ciclo de vida
Oocisto esporulado
Auto-infecção
Macrogameta
Microgameta
Meronte tipo I Esporozoíto
Zigoto
Merozoítos
Trofozoíto
Meio exterior
Ingestão ou inalação
Merozoíto
Meronte tipo II
Merogonia
Gametogonia Esporogonia
parede fina
Oocisto esporulado parede espessa
Patogenia
• Alterações histológicas • Invadem as células epiteliais do intestino
• Não atingem as camadas mais profundas da mucosa
• Causam atrofia das vilosidades e inflamação
• Redução da absorção
• Redução da produção de enzimas
• Diarreia
Oocistos de Cryptosporidium sp. na mucosa intestinal
Aspectos clínicos
• Em imunocompetentes • Sintomas ausentes ou autolimitados
• Diarreia aquosa
• Vômitos
• Dores abdominais
• Perda de peso
• Em imunocoprometidos • Diarreia grave, com várias evacuações/dia
• Evolução crônica ou fulminante
• Perda diária de mais de 20 litros de líquido
Esfregaço de escarro de paciente com AIDS
Infecção pulmonar Inalação de oocistos durante o vômito ou Disseminação hematogênica
Diagnóstico laboratorial
• Exame parasitológico de fezes (EPF) • Encontro de oocistos
• Visualização microscópica a fresco
• Coloração de Ziehl-Neelsen
• Maior sensibilidade
• Outros exames • Pesquisa de antígenos nas fezes
• PCR de fezes
• Biópsia ou aspiradao intestinal
Irene Soares, FCF/USP
Características dos oocistos Tamanho: 4 µM Contém 4 esporozoítos nus
EPF, coloração de Ziehl-Neelsen
Biópsia intestinal
Cryptosporidium sp.
Tratamento
• Nitaxozanida • Bem tolerado, com poucos efeitos colaterais
• Ação contra outros patógenos intestinais
• Pouco efetivo em imunocomprometidos
• Cuidados gerais • Hidratação
• Tratamento sintomático
• Tratamento antiviral em pacientes HIV+
• Restauração da imunidade
Prevenção
• Medidas de prevenção • Saneamento básico
• Educação sanitária
• Filtração ou fervura da água
• Controle de contaminação ambiental com fezes
• Evitar contato direto com animais infectados
• Evitar o consumo de moluscos bivalves crus (ex. ostras)
Os oocistos • São resistentes ao cloro e à maioria
dos desinfetantes
• Viáveis por vários meses no ambiente
• São sensíveis:
• À altas temperaturas (60 °C)
• Ao congelamento e à dessecação
• Ao H2O2
Curiosidades
• Se uma pessoa com criptosporidiose defeca na piscina:
• 50 milhões de oocistos por mL de fezes x 150 mL fezes = 7.5 bilhões de oocistos na piscina
• Em uma piscina padrão de 25 x 12 m (450 m3) teria uma média de 20.000 oocistos por litro = 20 oocistos/mL
• Uma criança de 6-18 anos em
média ingere 37 mL da água da
piscina = 740 oocistos
• Alto risco:
• Áreas recreacionais com contami-
nação por esgoto humano ou
animal
• Água de irrigação
Dúvidas? [email protected]
Discussão de caso clínico Paciente com diarreia crônica
Top Related