F A C U L D A D E K U R I O S F A K
NÚCLE0 DE GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO
CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM FILOSOFIA
PANORAMA HISTÓRICO DA TRAJETÓRIA DE JESUS NA
TERRA: O AUTOR DE UMA NOVA ÉTICA
Monografia de Graduação
Jocilaine Moreira Batista do Vale
Maranguape, CE, Brasil
2013
PANORAMA HISTÓRICO DA TRAJETÓRIA DE JESUS NA TERRA: O AUTOR DE
UMA NOVA ÉTICA
por
Jocilaine Moreira Batista do Vale
Monografia apresentada ao Curso de Graduação da Faculdade Kurios (Maranguape, CE),
como requisito parcial para obtenção de grau de Graduada em Licenciatura Plena em
Filosofia.
Orientador: Prof. Ladghelson Santos
Maranguape, CE, Brasil
2013
F A C U L D A D E K U R I O S F A K
NÚCLE0 DE GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO
CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM FILOSOFIA
A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
aprova a Monografia de Graduação
PANORAMA HISTÓRICO DA TRAJETÓRIA DE JESUS NA TERRA: O AUTOR DE
UMA NOVA ÉTICA
elaborada por
Jocilaine Moreira Batista do Vale
como requisito parcial para a obtenção do grau de
Graduada em Filosofia
COMISSÃO EXAMINADORA:
_____________________________________
Ladghelson Santos, Prof. (FAK) (Coordenador/Orientador)
Maranguape, 26 de janeiro de 2013.
Ao meu pai (in memoriam), pela
doce lembrança que acalenta
minha vida e me faz prosseguir.
À minha mãe Maria Alzenir,
pelo incentivo na construção do
meu ser e pela minha formação
moral e intelectual.
Ao meu esposo e aos meus
filhos e nora, pela dedicação,
compreensão, amor e
tolerância.
Agradeço a Deus, amoroso Pai
Eterno, que me deu forças para
conseguir vencer e alcançar
mais um degrau na minha vida.
Seu suporte em amor é
verdadeiramente incondicional.
AGRADECIMENTOS
Este é um agradecimento especial aos mestres com carinho e respeito por fazerem
parte do processo de construção do projeto desafiador chamado Saber.
“Há homens que lutam um dia e são bons. Há homens que lutam um ano e são melhores. Há
aqueles que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda vida. Esses são
imprescindíveis.”
A vocês mestres, homens e mulheres imprescindíveis que transformaram a
ingenuidade em experiência, muito obrigada.
Acróstico
Consolidar idéias e reflexões
Oportuniza a elaboração teórica
Na formatação de uma ação lógica
Social e democrática dos saberes construídos
Tendenciosamente para formar um cidadão
Responsabilidade de todos os profissionais da educação
Unir conhecimento adquirido para expandi-lo
Ciência e experiência apreendidas cotidianamente
Alçando vôo pelo horizonte ilimitado do conhecimento
Orientado pela bússola da humanização
Construindo em parceria a cartilha
Operacional que rege a Escola
Ligando a comunidade institucional
Entrelaçando-se com a comunidade geral
Todos juntos numa grande e bela tapeçaria
Investindo suas habilidades e competências
Valorizando o produto final
Artesões de uma nova era educacional.
Jocilaine Moreira
"Como também nos elegeu nele antes da fundação
do mundo, para que fossemos santos e
irrepreensíveis diante dele em caridade; e nos
predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo
para Si mesmo, segundo o beneplácito de sua
vontade, para louvor e glória da sua graça, pela
qual nos fez agradáveis a si no Amado. Em
quem temos a redenção pelo seu sangue, a
remissão das ofensas, segundo as
riquezas de sua graça. (...) descobrindo-nos o
ministério da sua vontade, segundo o seu
beneplácito, que propusera em si mesmo,
de tornar a congregar em Cristo todas as
coisas, na dispensarão da plenitude dos
tempos, tanto as que estão nos céus como
as que estão na terra; nele, digo, em quem
também fomos feitos herança, havendo sido
predestinados conforme o propósito daquele que
faz todas as coisas, segundo o conselho da sua
vontade."
Efésios 1:4-7, 9-11
RESUMO
Monografia de Graduação
Programa de Graduação em Licenciatura Plena em Filosofia
Faculdade Kurios – Maranguape, Ce
PANORAMA HISTÓRICO DA TRAJETÓRIA DE JESUS NA TERRA: O AUTOR
DE UMA NOVA ÉTICA
AUTORA: JOCILAINE MOREIRA BATISTA DO VALE
ORIENTADOR: LADGHELSON SANTOS
O presente trabalho de pesquisa bibliográfica tem como objetivo refletir e analisar as
informações sobre o surgimento histórico do homem que revolucionou a história da
humanidade. Os historiadores do Cristianismo empenham-se por encontrar os indícios
materiais que comprovariam a existência do homem chamado Jesus. Além da Bíblia,
encontramos outras referências a Jesus em autores como Flavius Josephus, um historiador
judeu do primeiro século. Figura paradigmática, Jesus é o homem mais falado da história.
Sobre nenhum outro personagem se escreveu tantos livros, seja para desvendar sua
personalidade, para interpretar seus ensinos ou para mencionar seus fatos notáveis. Nos dias
atuais, marcados por tanta rigidez dos sentimentos, de violência e de desigualdades sociais
marcantes, caracterizando uma sociedade que atingiu alto nível de desenvolvimento
tecnológico, mas que ainda se encontra encarcerada nos grilhões da indiferença, a mensagem
do Cristo é emblemática para a edificação de um novo ser humano. A característica mais
importante da ideia judaica de Deus é a de que o Deus supra-humano, distante, é
simultaneamente o Deus próximo, que segura em suas mãos poderosas o destino do mundo,
de seu povo e de cada indivíduo. Essa ideia ganha contornos mais nítidos na fé em Deus como
senhor da história que conduz segundo seu plano desde o início até um determinado alvo. Para
os cristãos, Jesus Cristo é a encarnação perfeita do mais perfeito conceito de ética, que ele
revelou em todo o seu ministério, cujo ápice está na cruz do Gólgota.
Palavras chave: Jesus, Historicidade, Cristianismo, Ética, Filosofia de vida.
ABSTRACT
Monograph Undergraduate
Program Undergraduate Full Degree in Philosophy
Faculdade Kurios de Maranguape
TRAJETÓRIA OVERVIEW HISTORY OF JESUS ON EARTH: THE AUTHOR OF A
NEW ETHICS AUTHOR: JOCILAINE MOREIRA BATISTA DO VALE
ADVISER: LADGHELSON SANTOS
This work of literature aims to reflect and analyze information about the historical emergence
of the man who revolutionized the history of mankind. Historians of Christianity strive to find
material evidence that would prove the existence of the man called Jesus. Besides the Bible,
we find references to other authors in Jesus as Flavius Josephus, a Jewish historian of the first
century. Paradigmatic figure, Jesus is the most talked about man in history. About no other
character has been written so many books, is to unveil his personality, to interpret his
teachings or to mention his remarkable facts. Nowadays, marked by so many feelings of
stiffness, violence and social inequalities characterizing striking a society that has reached a
high level of technological development, but that is still imprisoned in shackles of
indifference, the message of Christ is emblematic for building a new human being. The most
important feature of the Jewish idea of God is that God supramundane, distant, God is
simultaneously the next, holding in his powerful hands the destiny of the world, its people and
every individual. This idea gets clearer edges faith in God as the story leads you according to
his plan from its inception to a particular target. For Christians, Jesus Christ is the most
perfect embodiment of the perfect concept of ethics, which he revealed in his entire ministry,
whose apex is at the cross of Golgotha.
Keywords: Jesus, Historicity, Christianity, Ethics, Philosophy of life.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................11
CAPÍTULO I - CONDIÇÕES NECESSARIAS PARA RECEBER O MESSIAS
...................................................................................................................................................13
1.1. O Mundo teria que estar em condições para receber o Messias..................................13
1.2. Preparação geográfica da terra que serviu de berço para receber o Messias:
Palestina...................................................................................................................................14
CAPÍTULO II – ORIGEM E PREPARAÇÃO PARA O MINISTÉRIO DE
CRISTO....................................................................................................................................16
2.1. A origem divina de Jesus.................................................................................................16
2.2. Os anos de preparação para o ministério.......................................................................18
CAPÍTULO III – INÍCIO DO MINISTÉRIO DE JESUS..................................................22
3.1. Ministério de Jesus na Judeia.........................................................................................22
3.2. Ministério de Jesus na Galiléia.......................................................................................23
3.3. Ministério de Jesusna Pereia...........................................................................................29
CAPÍTULO IV – RESGATANDO VIDAS PARA DEUS...................................................33
4.1. A semana da paixão de Cristo.........................................................................................33
4.2. A ressurreição e ascensão de Jesus.................................................................................37
4.3. O retorno triunfante de Jesus.........................................................................................38
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................41
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................44
11
INTRODUÇÃO
No presente trabalho será abordado um resumo sistemático da trajetória de Jesus
Cristo na terra começando pelas condições estabelecidas por Deus, desde o começo da queda
do homem pelo pecado, a preparação do mundo social, político e econômico; ministério
didático e prático até chegar ao propósito maior da encarnação de Cristo: o resgate da
humanidade para o Pai, sendo Jesus o primogênito na formação da família de Deus.
Mais de dois milênios depois do seu nascimento, Jesus Cristo não foi esquecido e
jamais será. Ele ainda exerce urna atração universal. Isso é especialmente notável quando se
considera a morte prematura de Jesus (aos 33 anos) e o tipo de morte que ele experimentou.
Além de ser destinada a criminosos, escravos, dissidentes e rebeldes, a crucificação foi
planejada para ser a pena de morte mais dolorosa possível. A morte de Jesus foi um
assassinato cruel, como lembram Richard Bauckhan e Trevor Hart, professores da
Universidade de St. Andrews, na Escócia, no livro "Ao Pé da Cruz":
“Jesus era perigoso demais, provocativo demais e popular
demais pare ser ignorado. O único meio de lidar com Ele era
eliminá-lo. Isso implicaria negociações desagradáveis e pouco
ortodoxas, nervos de aço e consciências maleáveis, mas era
necessário para a segurança nacional e para o bem do povo.
Jesus precisava morrer. Jesus teve a morte do mais
abandonado para que o mais abandonado possa compartilhar
de sua ressurreição.” (BAUCKHAN, p.55,91)
No final do ano de 2000, dom Raymundo Damasceno Assis, secretário-geral da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), escreveu: "Não existisse Jesus, alguém
teria de inventá-lo, tal a sua importância para a humanidade".
Uma das paginas mais bem escritas sobre Jesus, infelizmente anônima, lembra
que ele era filho de uma camponesa, nasceu numa vila pouco famosa e...
12
“(...) nunca escreveu algum livro, nunca ocupou algum cargo,
nunca possuiu casa própria, nunca cursou uma faculdade,
nunca visitou alguma cidade grande, nunca viajou mais de 200
quilômetros do local de seu nascimento, numa fez alguma
dessas coisas, que geralmente estão associados à grandeza.
Entretanto, vinte séculos se passaram e Jesus permanece a
figura central da raça humana e líder do progresso da
humanidade. Todos os exércitos que já marcharam. Todos os
navios que já navegaram. Todos os parlamentos que já se
reuniram, todos os reis que já reinaram juntos, não influíram
na vida do homem neste planeta quanto essa vida solitária."
(AUTOR DESCONHECIDO)
Deus criou o universo com um propósito: formar uma família. A história da trajetória
em que o Senhor elabora seu plano divino, porém, nos revela a insistente arrogância da
humanidade em rejeitar o amor de Deus e seguir seu próprio caminho, que fatalmente termina
em tragédia e desespero. Todavia, Deus, não é detido por um mundo mau. Ele não fica
surpreso quando a nossa fé vacila ou ao ver a profundidade de nossos erros. Não podemos
surpreender Deus com nossas crueldades. Ele sabe a condição do mundo, desde o princípio
até os dias de hoje, e mesmo assim o ama. E a demonstração maior do amor de Deus pela
humanidade foi pendurada numa cruz:
“Jamais o obsceno se aproximou tanto do santo como no
calvário. Jamais o bem no mundo se envolveu tanto com o mau
como aconteceu na cruz. Nunca o que é reto se misturou a tal
ponto com o que é errado, como quando Jesus foi suspenso
entre o céu e a terra. Deus numa cruz. A humanidade em seu
pior foco. A divindade no melhor." (LUCADO,1999, p. 130)
A realização deste trabalho tem como objetivo mostrar, que, embora se tenham
passados milênios, o protagonista principal da história da humanidade continua a influenciar o
mundo, de forma tão relevante e maravilhosa, transformando vidas desamparadas e
desesperadas, trazendo-as para junto de si, para juntos formar uma verdadeira comunidade
familiar, no qual todos possam compartilhar de Seu amor: “Porque Deus amou o mundo de
tal maneira que deu seu filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna.” (João 3.16)
13
CAPÍTULO I
CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA RECEBER O MESSIAS
1.1. O mundo teria que estar em condições para receber o Messias.
O mundo precisaria estar devidamente preparado para a chegada do Redentor Senhor
chamado Cristo Jesus. Todas as condições para este momento glorioso teriam que ser
devidamente elaboradas, sim porque, Deus estava no comando do grande projeto:
unificar todos os povos, em Jesus, para completar Sua obra salvadora de reconciliar a
humanidade com seu Criador. A história dessa preparação não foi produzida num vácuo, mas
após longa saga das lidas de Deus com Israel. O conhecimento dessa história ajuda-nos a
interpretar com maior clareza os primeiros eventos bíblicos da era cristã. For exemplo, o
ensino acerca de Cristo na lei de Moisés, bem como a pessoa do Messias em relação com Davi
e com as promessas que foram feitas a ele.
Para que Jesus pudesse vir ao mundo era preciso que houvesse um governo central
consolidado. Isto aconteceu com a fundação de quatro reinos: babilônia, medo-persa, grego e
romano. Cada um dando sua contribuição para a vinda do Messias. O estudo da cronologia - a
determinação de datas e a sequência apropriada dos acontecimentos - também é vital a uma
interpretação adequada das Escrituras Sagradas. Exemplificando: os gregos e seu programa de
helenização lançaram a base para cultura da era do Novo Testamento. Muitos dos conflitos e
das lutas existentes nos dias de Jesus e da Igreja foram consequências do governo de
Alexandre e seus sucessores. Os romanos exerceram influência sabre a situação
imediata, ao mesmo tempo em que controlavam governo e as rédeas econômicas da nação,
afetando as práticas culturais e religiosas da época.
Entretanto, a paz entre os povos e raças, teria que estar em plena realização, para que
desse início a civilização e consequentemente a criação do comercio e da indústria. O Senhor
alcançaria os confins da terra. O Senhor trabalhava para que a disseminação da sua
mensagem fosse lida e compreendida por todos os povos. A l íngua literária
estabelecida foi o grego "Koine", esta deu origem a todas as demais línguas
contemporâneas.
Os homens precisavam conhecer o verdadeiro Deus, único e Senhor dos
senhores. Todos precisavam sentir em seus corações um desejo ardente de algo melhor em suas
vidas, e a satisfação desse anelo somente seria suprida por um Deus que os judeus tão bem
14
conheciam e reverenciavam. O entendimento dos costumes e práticas judaica ajuda-nos a
entender os conflitos que Jesus enfrentou no seu ministério. Visto que os conflitos de Jesus
com os fariseus desempenham papel tão predominante nos Evangelhos, alguns se
surpreendem ao descobrir que muitas das facções e seitas do Judaísmo eram bem diferentes
dos fariseus legalistas e tinham compreensão espiritual da Lei.
Estava preparando o palco para a vinda do Messias, chamado Jesus Cristo. O apóstolo
Paulo descreve esse acontecimento aos crentes da igreja em Gálatas:
“Mas, quando chegou à plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho,
nascido de mulher, nascido debaixo da Lei, a fim de redimir os
que estavam sob a Lei, para que recebêssemos a adoção de filhos".
(GL 4: 4,5)
1.2. Preparação geográfica da terra que serviu de berço para receber o Messias:
Palestina.
A Palestina pode ser conhecida por vários nomes, tais como: Canaã - é o nome do
filho mais moço de Cão, filho de Noé - foi o pai de muitos povos, conhecidos como cananeus..
As nações cananitas foram divididas entre os amoreus, felisteus, moabitas, midianitas,
adonitas, amalequitas, edomeus, heveus e sidônios.
Outro nome pelo qual foi chamada a Palestina fora Israel. Este nome se deu através da
conquista da terra de Canaã por Israel. Com a morte do rei Salomão, Israel se divide em: Reino
do Sul - que permaneceu fiel a casa de Davi, comandados por Roboão, constituídas por duas
tribos, chamadas Judá e Benjamim. E o reino do Norte - comandados por Jeroboão, filho de
Salmão, constituído por dez tribos, chamadas Efraim, Manasses, Rubem, Grade, Simão,
Issacar, Zebulam, Neftai, Aser e Da. Todas consideradas nações cruéis.
Posteriormente, a Palestina, então com o domínio e o cativeiro babilônico passa a ser
chamada de Judá ou Judéia. Em seguida passa pelo domínio do Império Grego -
Romano, onde o reino é dividido, por ocasião da morte do seu imperador Herodes, o Grande.
Essa divisão foi feita entre seus filhos: Arquelau ficou com a Judéia; Herodes Antipas
ficou com a Tetrarquia da Itureia e Traconitis. A Judéia e a Samaria foram
incorporada a províncias da Síria e governada por procurador. Jesus começou seu
ministério público sob o governo de um desses procuradores romanos, chamado Pôncio
Pilatos. Tal procurador declarou a crucificação do Messias, relatada no Livro do Apóstolo
João. Por fim a Palestina é chamada pelo o seu próprio nome, desde os dias de Jesus Cristo
15
até os dias atuais.
A Palestina possuía, na época da conquista pelos os israelitas, cerca de 601.730
homens. No total geral, incluindo mulheres e crianças, cerca de 2.160.000 pessoas.
Sua divisão física era constituída de cinco fatores: planície marítima, a parte baixa de
Sefelá; a Cordilheira Central; o Vale do Jordão e o planalto Oriental.
Estas são as cidades que Jesus andou: Belém, Jerusalém, Jericó, Betânia e Efraim,
todas na Judéia; Pereia e Sicar, em Samaria; Betsaida Julia, em Decapolis; Cesárea
de Filipe, na Tetrarquia de Filipe; Tiro e Sidom, na Fenícia. Lugares considerados santos,
que atualmente são visitados por milhares de pessoas em busca de passar pelo mesmo
caminho que Jesus pisou, seguindo religiosamente seus passos. Alguns sofrendo com o
vislumbre da rejeição que ele sofreu outros chorando por não terem compreendido a
significância dos seus ensinamentos, e ainda aqueles que com o coração contrito, emocionado
e cheio de alegria conseguem ver em cada percurso o sorriso do Mestre Amado. Porém, todas
os que buscam conhecer essa rota, tem a plena convicção de que o Divino esteve entre nós
naquela época remota, e hoje, mais vivo do que nunca, conduz cada cristão aos braços do Pai
Eterno.
16
CAPÍTULO II
ORIGEM E PREPARAÇÃO PARA O MINISTÉRIO DE CRISTO
2.1. A origem divina de Jesus Cristo.
Os Evangelhos são os grandes acervos da vida preexistente de Jesus na Terra.
Eles relatam desde a origem da criação, onde ele já se encontrava com o Pai até o
advento da sua vinda e sua chegada ao mundo humano. São relatos da trajetória de Jesus
aqui entre nós, mostrando sua divindade e seu projeto de resgate e salvação da
humanidade.
No Novo Testamento encontramos a única fonte substancial do primeiro século
que temos a respeito da vida de Jesus. A literatura judaica ou romana daquele tempo
quase não o menciona. Flávio Josefo, historiador judeu do primeiro século, escreveu um
livro sobre a história do judaísmo, procurando mostrar aos romanos que essa religião
realmente não se distancia muito do estilo de vida grego ou romano. Disse ele:
“Ora, havia por esse tempo Jesus, um homem sábio, se for
legitimo chamá-lo de homem, po i s e l e e ra u m op erad or
d e o b ra s maravilhosas, um mestre de quem os homens
recebem a verdade com prazer. Atraiu para si muitos dos
judeus e muitos dos gentios, ele era o Cristo. E quando
Pilatos, por sugestão dos principais homens dentre
nós, condenou-o à cruz, os que o amavam a princípio
não o abandonaram; pois ele apareceu-lhes vivo de novo
no terceiro dia; com forme haviam predito as profecias divinas,
essas e dez mil outras coisas chamadas em virtude de seu nome,
não se extinguiu até hoje.” (JOSEFPHUS, 1926, p. 233 )
Os quatro Evangelhos são nossas únicas fontes principais de informação
a respeito de Jesus Cristo. Não apresentam uma biografia de toda a sua vida, mas um
quadro de sua pessoa e obra. Desde o seu nascimento até seu trigésimo ano,
pouquíssima coisa se diz dele. Até mesmo o relato do seu ministério não é completo.
Muito do que a Apóstolo João sabia e viu, por exemplo, ele deixou de registrar (João
17
21:25). O que está registrado muitas vezes se comprime em poucos versículos. Todos os
Evangelhos dão consideravelmente maior cobertura aos eventos da última semana da vida
de Cristo do que a qualquer outra coisa.
De acordo com William White, ao se posicionar sobre o relato dos Evangelhos,
afirma que:
“Cada escritor desejou acentuar um aspecto um tanto diferente
da pessoa e obra de Cristo; Os relatos variam nos
pormenores. É evidente que os primeiros autores
selecionavam os fatos que melhor se encaixavam em seus
propósitos, e nem sempre observavam uma ordem estritamente
cronológica." (WHITE, 1988, p. 102)
Na realidade, esses livros sagrados são mais interpretações do que crônicas, mas
não há motivo algum para duvidarmos de que tudo quanto declaram os autores seja
totalmente verdadeiro.
Embora cada Evangelho tenha sido escrito para se firmar em seus próprios
méritos, os quatro livros podem ser transformados numa “harmonia
”, ou relato único, da
vida de Jesus Cristo. Ele viveu numa sociedade judaica orientada pelo Antigo
Testamento e basicamente sob as influências da interpretação que os fariseus davam a
Lei.
Os judeus dos dias de Jesus viviam na expectativa de grandes acontecimentos. Os
romanos os oprimiam, mas eles estavam seguramente convictos de que o Messias viria,
pois seria difícil, naquele tempo, encontrar um judeu que vivesse sem alguma forma de
esperança. Alguns tinham verdadeira fé e aguardavam ansiosos a vinda do Messias que
seria seu Salvador - eram Zacarias e Isabel. Simeão, Ana, José e Maria, relatados
nos livros dos apóstolos Lucas (cap. 1:5) e Mateus (cap. 1:18).
Por volta do ano seis aC, aproximando-se o fim do reinado de Herodes em Israel, o
sacerdote Zacarias ministrava no templo em Jerusalém. Apareceu-lhe um anjo anunciando
para breve o nascimento do primeiro descendente da sua linhagem. Esse menino
prepararia o caminho para o Messias, pois o espírito e o poder de Elias repousaram
sobre ele (Lucas 3:3-6).
Três meses antes do nascimento de João, filho de Zacarias, o mesmo anjo
(Gabriel) apareceu a Maria. Esta jovem era noiva de José, carpinteiro descendente do rei
Davi (Isaias 11:1). O anjo disse a Maria que ela conceberia um filho por obra do
18
Espírito Santo, e que ela daria ao menino o nome de Jesus. Maria ficou assombrada ao
tomar conhecimento de que embora fosse virgem, teria um filho que era o verdadeiro
Filho de Deus, o Messias esperado pelo seu povo. Não obstante, Maria aceitou a
mensagem com grande mansidão, contente por estar vivendo na vontade de Deus (Lucas
1:38).
O anjo também lhe disse que sua prima Isabel estava grávida, e Maria se
apressou a partilhar o júbilo com ela. Ao encontrarem-se, Isabel saudou a Maria como a
mãe de seu Senhor. Maria irrompeu num cântico de louvor, um dos mais lindos de
toda a Escritura Sagrada (O "Magnificat", Lucas 1:46-56). José, o marido prometido de
Maria, ficou totalmente chocado com o que parecia ser o fruto de um terrível pecado.
Ele resolveu abandoná-la secretamente. Então, em sonho, um anjo lhe apareceu e
explicou a situação e o instrui a aceitar Maria como esposa como estava planejado.
Jesus vem ao mundo de uma forma milagrosamente sobrenatural, pois fora
concebido sem a intervenção humana. Sua natureza divina, entretanto, tomou a natureza e a
substância humana. Tudo isso aconteceu para que ele fosse visto como um homem e não
um mito, para que tudo se cumprisse nele, o projeto de Deus desde o livro do Gênesis,
desde o principio, que veio ao mundo para a salvação da humanidade.
Nasce Jesus de Nazaré em Belém de Judá atestando a profecia de Miquéias
escrita em seu livro, que diz assim:
"E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre milhares de
Judá, de ti sairá o que será Senhor em Israel e cujas
saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da
eternidade.” (Mq 5:2)
2.2. Os anos de preparação para o ministério.
A trajetória da vida de Jesus nos seus primeiros anos de ministério na terra foi
marcada por eventos que respaldaram ainda mais as profecias acerca do Messias,
enviado de Deus.
O Novo Testamento conduz-nos ao clímax da obra redentora de Deus, porque nos
apresenta o Messias, Jesus Cristo e nos fala do começo da sua igreja, Os escritores de
Mateus, Marcos, Lucas e João falam-nos do ministério de Jesus. Esses escritores foram
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testemunhas oculares da vida do Mestre, ou registraram o que testemunhas
oculares lhes contaram, todavia não escreveram sobre ele uma biografia completa.
Tudo quanto registraram, realmente aconteceu, porém concentraram-se no ministério de
Jesus, e deixaram aqui e acolá algumas lacunas da vida do Divino Mestre.
Vamos imaginar alguém escrevendo uma carta a um amigo para apresentar-lhe
uma pessoa importante. Estaria o autor da carta em condições de descrever tudo acerca
da vida dessa pessoa? Claro que não. Ele só poderia escrever acerca daquilo que
conhecia, e provavelmente não tentaria, também, escrever tudo o que soubesse. Ele,
com certeza, se concentraria no que, a seu ver, o amigo deseja e precisa conhecer.
Os homens que escreveram os Evangelhos fizeram a mesma coisa. Eles tinham
em mira explicar a pessoa e a obra de Jesus, registrando o que ele fez e disse. E cada
autor apresenta uma perspectiva ligeiramente diferente acerca de Jesus e de suas obras. Os
autores dos livros sagrados não tentaram relatar todos os eventos da meninice de Jesus,
porque não era esse o motivo de escreverem os registros históricos. Não
procuraram, tampouco, registrar a vida cotidiana de1e. Eles se ativeram do que é
pertinente a salvação e ao discipulado.
Depois que Jesus nasceu seu pai o levou ao tempo em Jerusalém para ser
consagrado (Lucas 2:22-28). Começaram a prepará-lo para viver em “graça, diante de
Deus e dos homens.” (Lucas 2:52)
Quando Jesus chegou a idade de doze ou treze anos, ele fez uma visita especial a
Jerusalém. Ele assumiria então, seu papel na congregação judaica. Enquanto estava ali,
Jesus conversou com os dirigentes religiosos sobre a fé judaica, ele revelou
extraordinária compreensão do verdadeiro Deus, e suas respostas deixaram-nos
admirados. Mais tarde de volta para casa, os pais de Jesus notaram a sua ausência.
Encontraram-no templo, ainda conversando com os especialistas judaicos.
Vamos abrir um parêntese aqui nesse relato, pois essa passagem da bíblia nos
mostra claramente o valor e a importância do Antigo Testamento, que muitas pessoas,
erroneamente deixam de lado, ou simplesmente acham que não teria
significância nenhuma, por se tratar de uma parte da Escritura Sagrada onde o homem
estava debaixo do jugo da Lei, e Jesus nos trouxe com seus ensinamentos, - e por que
não dizer, com sua própria vida - o jugo da graça de Deus. Entretanto, temos que ter em
mente que quando lemos o Antigo Testamento, estamos lendo a bíblia que Jesus lia e
usava. Trata-se das orações que Jesus fazia, dos poemas que memorizava, dos
20
cânticos que entoava, das historias de ninar que ouvia quando criança, das profecias
sobre as quais refletia. Quanto mais entendermos o Antigo Testamento, mais
entenderemos Jesus. Como disse Martinho Lutero: “O Antigo Testamento é um
testamento de Cristo, que pediu que fosse aberto após sua morte e lido e
proclamado em todos os lugares por intermédio dos evangelhos.”
Há um autor maravilhoso que tão bem nos escreve sabre esse tema. Diz
Philip Yancey sabre o Antigo Testamento:
“O Antigo Testamento retrata o mundo como ele é,
sem maquiagens. Em suas páginas encontramos histórias
apaixonadas de amor e de ódio, histórias cruéis e assustadoras
de estupro, esquartejamento, narrativas verídicas de tráfico de
escravos, relatos francos sobre grande honra e sobre as cruéis
traições da guerra. Nada bem ajeitado e ordenado. Crianças
mimadas como Salomão e Sansão recebem dons sobrenaturais;
um homem profundamente bom como Jo recebe catástrofe. Diante
desses distúrbios, talvez você recue contrariado, ou então se
afaste do Deus que teve alguma participação em cada um
desses episódios. A qualidade maravilhosa do Antigo
Testamento é que ele traz as respostas para esses
questionamentos! Deus antecipa-se as nossas objeções e as
inclui em seus escritos sagrados.” (YANCEY, 1999, p. 1; 12)
Prosseguindo com a trajetória de Jesus, a bíblia se cala até o ponto em que nos
apresenta os acontecimentos que deram início ao ministério divino, tendo o Mestre cerca
de trinta anos. Primeiro acontece o começo do ministério de João Batista, quando ele sai
do deserto e parte para as cidades ao longo do Rio Jordão em pregações eloqüentes,
preparando o povo para receber o Messias (Lucas 3:3-9). Dizia ao povo que se
voltasse para Deus e começassem a obedecer-lhe. (João 1:29). João batizou Jesus, e ao
sair Jesus da água, Deus enviou o Espírito Santo em forma de pomba, que pousou sobre
ele.
O Espírito Santo guiou Jesus ao deserto, e ali ele permaneceu sem alimentar-se
durante quarenta dias. Enquanto ele se encontrava nessa situação de enfraquecimento, o
diabo veio e procurou tentá-lo de vários modos. Jesus recusou as propostas do sinistro e
ordenou que ele se retirasse. Então vieram anjos que o alimentaram e o confortaram.
21
Segue o Filho de Deus, dando continuidade ao projeto de salvação da raça humana.
Jesus, o Grande Vitorioso está pronto para exercer o seu ministério público. Em
Carfanaum procura homens para torná-los discípulos, e posteriormente, darem
continuidade a sua obra. Como resultado do testemunho de João Batista, João e Andre
foram para Jesus. Pedro tornou-se seguidor como resultado do testemunho de seu
irmão, o quarto seguidor, Filipe, imediatamente obedeceu à convocação que Jesus lhe
fez. Filipe trouxe Natanael (Bartolomeu) a Cristo, quando Cristo demonstrou conhecer os
pensamentos íntimos de Natanael, este também se uniu ao grupo.
Logo depois Jesus viajou para Galiléia.
22
CAPÍTULO III
INÍCIO DO MINISTÉRIO DE JESUS
3.1. Ministério de Jesus na Judeia.
Ao chegar à Galiléia, Jesus é convidado para comemorar o casamento de um de
seus parentes junto com sua mãe Maria e seus irmãos. Nessa festa em Canã, acontece o
primeiro milagre registrado do Messias; ele transformou água em vinho. Este gesto
mostrou aos discípulos que ele tinha autoridade sobre a natureza. Após um breve
ministério em Cafarnaum, Jesus e seus seguidores foram a Jerusalém para celebração da
Páscoa. Aqui mediante a purificação do templo, ele declarou publicamente ter
autoridade sobre a adoração dos homens. Neste ponto a narrativa de João parece
discordar dos Evangelhos sinóticos, os quais dizem que Jesus purificou o templo no fim
de seu ministério. Crêem alguns estudiosos que ele fez isso em ambas as ocasiões. No
entender de outros, João relata o acontecimento numa seqüência diferente para acentuar
a autoridade de Jesus. Na ocasião da purificação do templo, Jesus pela primeira vez
menciona sua própria morte e ressurreição: “Destrui este santuário, e em três dias o
reedificarei.”(João 2:19)
Um dos dirigentes judeus, um fariseu por nome Nicodemos, procurou Jesus à
noite para conversar com ele acerca de questões espirituais. A bem conhecida
conversação entre eles concentrou-se na necessidade do novo nascimento (João 3).
Os próximos seis meses encontraram Jesus servindo fora de Jerusalém, mas
ainda na Judéia onde João Batista estava. Aos poucos as pessoas começaram a deixar de
seguir João para seguir, ouvir e aprender as lições que Jesus tinha para lhes ensinar. Isso
deixava os discípulos de João aborrecidos, mas não o próprio João; sem dúvida ele
ficava feliz com a popularidade do Messias (João 3:27-30). Chegando ao fim desses
meses, João foi lançado na prisão pelo fato de denunciar Herodes Antipas por tomar a
esposa de seu irmão Filipe.
Talvez a prisão do Batista tenha impelido Jesus para a Galiléia a fim de ministrar
ali. De qualquer maneira, ele foi para lá.
23
3.2. Ministério de Jesus na Galiléia.
No caminho para a Galileia. Jesus passa pela a estrada de Samaria e para junto
ao "Poço de Jacó", ali encontra uma mulher samaritana e pede-lhe um pouco d'água. A
partir daí inicia-se uma conversa maravilhosa entre os dois. Jesus fala para aquela
mulher sobre a verdadeira fonte de água viva, que era ele próprio, e disse-lhe mais:
"Quem beber desta água terá sede outra vez, mas quem
beber da água que eu lhe dê nunca mais terá sede. Ao
contrário, a água que eu lhe dê se tomará nele uma
fonte de água a jorrar para a vida eterna.”(João 4: 13,
44)
Evidentemente essa mulher e alguns dos seus concidadãos aceitaram a Jesus
como o verdadeiro Messias e Salvador. Também, transformou-se na primeira
missionária de campo, pois anuncia para a cidade a chegada do Redentor.
A primeira parada de Jesus em sua trajetória pela Galiléia foi em Canã. Aqui ele
curou o filho de um nobre. O fervor do nobre persuadiu Jesus a entender seu pedido.
Em Nazaré Jesus adorou na sinagoga no sábado. Aqui lhe pediram que lesse (em
hebraico) e explicasse (talvez em aramaico) um trecho das Escrituras. A princípio seus
compatriotas se alegraram, mas depois ficaram irados quando perceberam que ele se
proclamava o Messias. Levaram-no para fora da cidade a fim de o lançarem num
precipício, mas Jesus, "passando por entre eles, retirou-se." (Lucas 4:30)
A seguir foi Jesus para Cafarnaum, que parece ser o seu quartel-general. Aqui
ele oficialmente chamou para companheiros de viagem os discípulos Pedro, Andre,
Tiago e João, que parecem ter voltado a seus lares e ocupações. Jesus ensinava na
sinagoga aos sábados e curou ali um endemoninhado. Também curou a sogra de Pedro.
Subsequentemente reuniu-se uma multidão de gente enferma, "(...)e Ele os curava,
impondo as mãos sobre cada um." (Lucas 4:40). Tudo o que Jesus falava e fazia era e
continua a ser um ensinamento notável para a vida dos discípulos e de quem estava por
perto presenciando suas obras maravilhosas. Até os nossos dias Jesus continua a nos
ensinar os escritos feitos pelos autores dos Evangelhos, a base de toda a sua pregação: o
amor incondicional ao próximo.
Max Lucado, no seu livro intitulado "Um Dia na Vida de Jesus", diz:
24
"Sem dúvida, na multidão havia aqueles que usariam da
saúde novinha em folha para atacar outros. Jesus
libertou línguas que um dia amaldiçoariam, deu visão a
olhos que praticariam a inveja. curou mãos que
matariam. Muitos daqueles que ele curou nunca iriam
dizer "obrigado", mas mesmo assim ele os curou. A
maioria estava preocupada em ser curada do que em
ser santa. Alguns que pediram por pão hoje, clamariam
por seu sangue alguns meses depois, mas ele os curou
mesmo assim.” (LUCADO, 2002, p.38)
Na fase seguinte do ministério de Jesus, ele encontrou grande aceitação entre o
povo comum. Agora a missão de Jesus era ensinar, de modo que deu as costas àqueles
que o queriam acorrentado a um único ponto do seu ministério: o de cura (Lucas 4:42-
44). O povo aclamava seus milagres e ensinos. Uma típica manifestação do seu poder de
cura no decorrer desse circuito foi a cura de um leproso. Esse incidente sublinhou a
submissão de Jesus à Lei, sua compaixão pelos homens, e seu interesse em levar os
homens à salvação.
De volta a Carfanaum, Jesus demonstrou sua autoridade de perdoar pecados ao
curar um paralítico e convidar Mateus, um odiado publicano, para torna-se seu seguidor.
Durante uma festa na casa de Mateus, escribas e fariseus criticaram a Jesus e a auto-
indulgência dos seus discípulos. Jesus respondeu que eles se regozijavam na presença
do Messias e não se deleitavam em indulgências. Jesus fez alusão a sua morte e ao luto
que a acompanharia. Mas prometeu que o luto teria curta duração, porque o espírito do
evangelho não poderia limitar-se aos "odres velhos" do legalismo judaico.
Durante esse período Jesus começou a enfrentar crescente hostilidade das altas
autoridades judaicas. Estando em Jerusalém para uma das festas anuais dos judeus, ele
foi atacado por haver curado um paralítico no sábado. Dessa forma ele afirmou sua
autoridade sobre o sábado. E os judeus de imediato entenderam que se tratava de uma
reivindicação de autoridade divina. Jesus disse que ele conhecia a mente de Deus, que
ele julgaria o pecado, e ressuscitaria os mortos. Seus críticos salientaram, com toda
indignação, que somente Deus poderia fazer tais coisas.
De volta a Galiléia, continuou a controvérsia acerca do sábado ao defender os
seus discípulos por colherem espigas nesse dia. Por fim, ele reivindicou ser o “Senhor
do dia”. No sábado curou um homem que tinha a mão direita ressequida. As autoridades
25
religiosas judaicas deram início à trama para destruí-lo (Lucas 6:1-11).
Jesus selecionou doze de seus discípulos que deveriam oficialmente levar avante
o seu ministério. A nomeação dos doze inaugurou um novo período no ministério de
Cristo, começando com o grande Sermão do Monte (Lucas 6:20-49).
Aconteceram diversos incidentes nesse período. Talvez no mesmo dia em que
proferiu o Sermão do Monte, Jesus curou o servo de um centurião. Este centurião era
um soldado romano, simpatizante da religião judaica e evidentemente aceitou a Jesus
como o verdadeiro Messias. O servo foi curado "naquela mesma hora."(Mt 5:5-13)
Em Carfanaum, cerca de 11km distante do local do Sermão do Monte, as
multidões continuaram a pressionar a Jesus. Para escapar a essa pressão, ele se dirigiu a
Naim. Na entrada da cidade ele restaurou a vida do filho de uma viúva. Por esse tempo
vieram da parte de João Batista mensageiros para perguntar a Jesus se ele era realmente
o Messias. Ainda preso, João ficara perplexo com o curso do ministério de Jesus, era
um ministério pacífico e misericordioso em vez de dramático, conquistador e judicante.
Jesus elogiou a João e denunciou as autoridades judaicas que se opuseram a ele,
ressaltou que as cidades da Galiléia que ouviram o Batista não se arrependeram. Não
tinham verdadeiramente “vindo a ele.” (Lucas 7:18-35)
Em uma cidade que Jesus visitou, ele foi ungido por uma mulher pecadora. Ele
perdoou-lhe os pecados na presença de seu hospedeiro, Simão o fariseu. Sem as
costumeiras gentilezas. Sem o beijo da saudação. Sem providenciar que seus pés fossem
lavados. Sem óleo para a cabeça, pois esse era o costume judaico.
No seu livro "Um Amor que Vale a Pena", Max Lucado retrata essa cena assim:
"Simão não fez nada para Jesus se sentir bem-vindo.
No entanto, a mulher faz tudo o que Simão não fez. Não
sabemos o nome dela. Somente conhecemos a sua
reputação: uma pecadora. Mas provavelmente uma
prostituta. Ela não tem convite para a festa e nem
posição na comunidade. (...) Ela veio por Ele. Cada
gesto seu é medido e cheio de significado. Ela encosta
seu rosto nos pés Dele, ainda cobertos com a poeira do
caminho. Não tem água, mas tem lágrimas. Não tem
toalha, mas tem seus cabelos. Usa ambos para lavar os
pés de Cristo. Abre um frasco de perfume, talvez a
única coisa de valor que possuia, e aplica o perfume em
26
seus pés. Alguém poderia pensar que Simão, mais que
todas as pessoas, mostraria um amor como este. Não é
ele o reverendo da igreja, o estudioso dos Escritos?
Mas ele é rispido, distante. Outros certamente achariam
que a mulher procuraria evitar Jesus. Não é ela a
mulher da noite, a mulher vil da cidade? Mas ela não
pode resistir a Ele. O "amor" de Simão é medido e
mesquinho. Por outro lado, o amor dela é extravagante
e arriscado.” (LUCADO, 2003. p. 4.5)
Seguindo pelas cidades da Galiléia Jesus e os doze discípulos e algumas
mulheres devotas: Maria Madalena, Joana, Susana e "muitas outras. Foi nessa viajem
que ele curou um endemoninhado. E os fariseus o acusaram de estar associado com o
diabo. Ele acentuou a bem-aventurança dos que "(...) ouvem a palavra de Deus e
pratica.” (Lucas 8:21). Nesse mesmo dia entrou num barco de onde proferiu muitas
parábolas. A parábola era a principal ferramenta de ensino de Jesus, que tanto revelava
como ocultava as verdades que ele desejava comunicar. Sem dúvida ele repetia este e
outros ditos em diferentes contextos, da mesma maneira que os pregadores de hoje
repetem seus sermões e ilustrações.
Depois da pregação do barco, Jesus atravessou o mar da Galiléia, chegando à
praia ocidental. Antes de partir, dois homens se aproximaram dele e manifestaram
desejo de tornarem-se seus discípulos. Cada um, porém, fez seu pedido de modo irreal e
indigno, e Jesus os censurou.
Enquanto atravessavam o mar, a vida de Jesus foi ameaçada por uma violenta
tempestade. Ele dormia sobre uma almofada na popa do barco, de modo que os
discípulos o acordaram. De imediato ele acalmou a tempestade. Os discipulos
exclamaram: "Quem é este que até aos ventos e às ondas repreende, e lhe obedecem?"
(Lucas 8:25). No outro lado da Galiléia, Jesus encontrou-se com um endemoninhado e
expulsou dele os demônios que entraram numa manada de porcos, os quais
imediatamente se atiraram ao mar e morreram. Quando os moradores da cidade saíram
ao encontro de Cristo, viram o endemoninhado vestido e em perfeito juízo. Cheios de
surpresa, rogaram a Jesus que se retirasse dali. Foi o que ele fez depois de haver enviado
o homem a contar aos amigos sobre o Messias (Mateus 8:28). Jesus operou mais dois
milagres ao voltar para Carfanaum: ressuscitou a filha de Jairo e curou uma mulher que
tinha uma hemorragia quando ela tocou a orla de seu manto (Mateus 9:18).
27
Jesus percorreu novamente as cidades da Galiléia operando diversos milagres e
foi novamente rejeitado pelos nazarenos. Jesus ansiava por conseguir mais
trabalhadores para ceifar a colheita espiritual. Ele discipulou seus apóstolos de dois em
dois a fim de chamar as cidades de Israel ao arrependimento, concedendo-lhes poder de
curarem enfermos e expelir demônios. Nesse ponto, temos o registro sobre a morte de
João Batista, Herodes Antipas hesitou muito tempo antes de mandar matar a João,
porque ele temia o povo, mas sua concupiscência falou mais alto. A consciência culpada
de Herodes levou-o a indagar se Jesus era o João ressurreto.
Sofrendo com a morte de João, rodeado pelas multidões, e exausto do trabalho,
Jesus reuniu os “Doze” e cruzaram o mar da Galiléia. Mas as multidões chegaram lá
antes dele, e Jesus ensinou as massas o dia todo. A sessão chegou ao climax quando
Jesus alimentou toda a multidão (5.000 homens) dividindo e multiplicando cinco pães e
dois peixes (Mateus 14:13-21). Imediatamente após o milagre, Jesus colocou os doze
apóstolos no barco e os mandou atravessar de volta o mar da Galiléia, muito embora se
estivesse formando uma tempestade. Ele retirou-se para as montanhas a fim de escapar
das multidões excessivamente entusiastas, que desejavam por força fazê-lo rei. Eles
proclamavam que Jesus era rei. Jesus ouviu essas vozes, eram sons que emanava
sedução, a mais perigosa das sensações que alguém pode enfrentar: o poder. Entretanto,
ele também ouviu mais alguém. E quando Jesus o ouviu, ele o buscou: preferiu ficar
sozinho com o verdadeiro Deus a ficar junto à multidão de pessoas equivocadas.
Lucado faz um paralelo entre essa passagem e a nossa vida atual ele diz
poeticamente:
"A lógica não disse a Jesus para despedir a multidão. A
sabedoria convencional não lhe disse para virar as
costas ao exército desejoso. Não, não era uma voz fora
que Jesus ouviu, era uma voz interna. A marca da
ovelha era o que lhe tornava capaz de ouvir a voz do
Pastor. A marca de um discípulo é a sua capacidade de
ouvir a voz do Mestre. E não há um momento em que
Jesus não esteja falando. Nenhum sequer. Não existe
um lugar em que Jesus não esteve presente. Nunca
haverá um quarto muito escuro... um saguão muito
envolvente... um escritório muito sofisticado... Sempre
marcando presença, que sempre nos acompanha,
28
implacavelmente ele está lá, batendo à porta dos nossos
corações, com toda gentileza, esperando ser convidado
a entrar. Poucos ouvem essa voz. Um número menor
ainda abre essa porta.” (LUCADO, 2002, p. 72)
Três horas depois da meia-noite, os discípulos foram apanhados. Mas quando o
desastre parecia certo, Jesus veio andando em sua direção por sobre as águas. Depois
que ele acalmou os temores dos discípulos, Pedro perguntou se Jesus lhe permitia ir ao
seu encontro. No meio do caminho, Pedro perdeu a coragem e começou a afundar. Jesus
tomou-o pela mão e o conduziu de volta ao barco. As águas se acalmaram
imediatamente.
Em Carfanaum Jesus começou a curar os enfermos que acudiam a ele vindos de
todas as partes. Logo chegou a multidão que tinha sido alimentada. Encontrando Jesus
na sinagoga, ouviram-no explicar que ele era o verdadeiro pão da vida que veio do céu.
Ele, agora se defrontava com a aceitação da autoridade desse ensino, explicado em
termos de comer a carne de Jesus e beber seu sangue. Isso escandalizou muito deles e se
retiram. Jesus perguntou aos seus companheiros se eles também queriam retira-se. Esta
pergunta deu lugar à conhecida confissão de Pedro: "Senhor, para quem iremos? Tu
tens as palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus.” (João
6:69)
Depois desse discurso sobre o pão da vida, Jesus deixou o ensino público e se
devotou a instrução dos discípulos. As autoridades judaicas ressentiram-se do fato de
Jesus rejeitar as cerimônias religiosas deles e de atrever-se a censurar-lhes as
reivindicações de autoridade. Jesus ia de um lugar para outro, evitando expor-se em
público, mas nem sempre conseguia fazê-lo. Na área de Tiro e Sidom ele curou a filha
de uma gentia, e em Decápolis curou a muitos que as multidões lhe trazia. Alimentou
4.000 pessoas multiplicando pães e alguns peixes (Mateus 15:32-39).
De volta à região de Carfanaum. Novamente se viu sitiado pelas autoridades
religiosas. Para escapar, ele atravessou de barco o mar da Galiléia. A caminho, advertiu
seus discípulos acerca dos fariseus, dos saduceus e de Herodes. Em Betsaida, Jesus
curou um cego. Depois ele e os discípulos viajaram para o norte, para a região de
Cesaréia de Filipe, onde Pedro confessou que Jesus era o Messias, o Cristo, o Filho de
Deus vivo. Jesus replicou que a fé que Pedro revelara fazia dele uma pedra, e que ele
construiria sua igreja sobre essa pedra - isto é: a fé como a que Pedro tinha (Mateus
29
6:13-20). A esta altura Jesus disse que seu sofrimento, morte e ressurreição estavam
próximas.
Cerca de uma semana mais tarde, Jesus tomou a Pedro, Tiago e João e levou-os
a uma montanha, revelando-lhes sua glória celestial (a Transfiguração). Diante dos
olhos deles, conversou com Moisés e com Elias (Lucas 9:28-36). Ao pé da montanha
Jesus curou um rapaz possesso de demônio, a quem os discípulos não poderiam
socorrer.
Jesus pagou o imposto do templo com dinheiro provido de modo miraculoso. A
caminho de Carfanaum. ministrou aos discípulos ensinando à verdadeira natureza da
grandeza e do perdão. São essas as parábolas que Jesus usou para os seus ensinamentos:
a parábola do rico insensato; do servo vigilante; do semeador; do trigo e do joio: do
grão de mostarda: do tesouro escondido; da perda de grande valor: da rede (palavra de
Deus) e o mar (as pessoas).
Passados muitos meses. Jesus foi a Jerusalém para celebrar a festa dos
Tabernáculos. Ele se recusara a ir com sua família, porém mais tarde fez a viajem em
particular. Em Jerusalém dividiam-se as opiniões do povo a respeito de Jesus.
Publicamente ele afirmou ter sido enviado do Pai e ser o Messias, o Salvador do mundo.
As autoridades religiosas superiores enviaram oficiais para prender Jesus, mas ele os
impressionou de tal maneira que não puderam cumprir a tarefa. Então as autoridades
procuraram desacreditá-lo fazendo-o violar a Lei. Mas não tiveram êxito. Trouxeram-
lhe uma mulher apanhada em adultério e ele voltou o incidente por completo contra eles
(Lucas 11:16).
Durante esse período Nicodemos tentou acalmar o ódio do Sinédrio (o supremo
concílio das autoridades religiosas judaicas). Mas enquanto estava em Jerusalém, Jesus
curou um cego no sábado. Essa cura provocou grande controvérsia e o homem foi
expulso da sinagoga. Jesus encontrou-se com o homem que o reconheceu como o
Messias. Jesus profere o famoso discurso sobre o Bom Pastor (João 10:1-21).
3.3. Ministério de Jesus na Pareia.
Decorreram cerca de dois meses enquanto Jesus voltou à Galiléia, foi, talvez,
nessa ocasião que ele enviou 70 discípulos às cidades de Israel para declarar que o
Reino estava próximo e que Jesus era o Messias (Lucas 10). Jesus tentou passar pela
30
Samaria a caminho de Jerusalém, mas o povo rejeitou. Assim, ele cruzou o Jordão e
viajou através da Peréia. A certa altura um homem perguntou a Jesus o que precisava
fazer para herdar a vida eterna. Jesus desse-lhe que amasse a Deus e ao próximo. O
homem, então pergunta: "Quem é o meu próximo?"(Lucas 10:29). Jesus responde com
uma parábola, a famosa parábola do Bom Samaritado.
Jesus continua seus ensinamentos por meio de parábolas, tais como: a parábola
da figueira estéril; das bodas de casamento; da ovelha e da dracma perdida; do filho
pródigo; do rico e Lázaro - muitos estudiosos consideram-na como um fato real; a
parábola do credor; do fariseu e do publicano; dos trabalhadores e da vinha; a parábola
das dez minas, onde os servos recebem o mesmo dom, porém são remunerados
conforme o seu esforço em servir.
Durante essa viajem Jesus operou muitos milagres, como a cura de uma mulher
enferma e de um hidrópico, efetuadas no sábado. Os milagres no sábado provocavam
ainda mais a hostilidade dos fariseus.
Então a cena se transfere para a Judéia. Nessa ocasião, talvez, Jesus tenha
visitado Betânia e o lar de Maria e Marta. Maria assentava-se aos pés de Jesus enquanto
Marta preparava a refeição. Marta queixou-se da ociosidade da irmã, porém Jesus
respondeu assim: "Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas:
todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será
tirada.” (Lucas 10:41,42)
Em Jerusalém, na festa anual da Dedicação, Jesus declarou-se abertamente o
Messias. Para os judeus essa declaração era uma blasfêmia, e de novo tentaram agarra-
lo. Então Jesus se retirou para Betábara, do outro lado do Jordão. Mas a oposição das
autoridades religiosas continuou a crescer.
Os párias da sociedade congregavam-se ao redor dele para ouvir seus
ensinamentos. Ele ensinava antes de tudo por parábolas. Em particular, Jesus explicava
aos seus discípulos eleitos o verdadeiro significado de suas parábolas e também
continuava a dar-lhes treinamento especial. Certo dia Jesus recebeu um recado urgente
do lar de Maria e Marta: Lázaro, irmão delas, estava mortalmente enfermo. Quando
Jesus chegou a Betânia. Lázaro já havia morrido e estava sepultado fazia quatro dias.
Mas Jesus o levantou do túmulo. Este milagre aumentou a determinação das autoridades
religiosas de livrar-se dele (João 11:1-46).
Jesus afastou-se de novo das multidões por algum tempo. Então voltou o rosto
31
para Jerusalém e para a morte (João 11:54-57).
A respeito desse episódio, Charles H. Dodd, no seu livro “Interpretação do
Quarto Evangelho", diz:
“Os anúncios velados da morte próxima do Cristo como
um evento teológico (como sua elevação, como o ato do
dar sua 'carne' pela vida do mundo) eram seguidos do
relato de ações públicas dos inimigos ameaçando sua
vida: com isso ficou claro que, enquanto por um lado
sua morte é um ato livre de sacrifício de si próprio, por
outro lado, é o assalto do poder das trevas contra a
Luz. Do mesmo modo aqui, Cristo irá para a Judéia a
fim de oferecer sua vida, para que Lázaro possa
ressuscitar dos mortos: e o efeito da ação é provocar
uma sentença de morte contra ele. A sentença ditada em
termos que para os evangelistas são altamente
significantes. O Sumo Sacerdote diz: "É conveniente
para vós que um só homem morra polo povo”, e ao
dizer isso inconscientemente estava exercendo o dom
profético que pertencia ao seu ofício sagrado, pois ele
estava declarando veladamente a verdade de que Cristo
iria morrer "para reunir em um corpo os filhos de Deus
que estão dispersos”. Essa referência faz alusão ao
discurso do Bom Pastor.” (DODD, 1973, p. 476)
O caminho para Jerusalém foi marcado por milagres, ensino e confronto com os
fariseus. Durante a viajem, diversos pais trouxeram seus filhinhos a Jesus para que ele
os abençoasse. Jesus insistiu com "certo homem de posição" para que abandonasse suas
riquezas e o seguisse (Lucas 18:31-34). Como antecipação desse evento, ele descreveu
as recompensas do reino e instruiu aos discípulos a serem sevos do seu povo. Nas
vizinhanças, Jesus curou alguns cegos, dentre os quais estava Bartimeu, que reconheceu
Jesus como sendo o Messias (Marcos 10:46-52). Hospedou-se no lar do publicano
Zaqueu, que também recebeu a salvação mediante a fé em Cristo.
Depois de todos esses ensinamentos maravilhosos, de todas as manifestações
miraculosas e de vários outros prodígios, os discípulos colocam em ação seu grande
egoísmo humano ao quererem saber quem iria se sentar com Jesus no trono da glória.
Jesus então, respondeu: “Vocês beberam o cálice que estou bebendo e serão batizados
32
com o batismo com que estou sendo batizado, mas assentar-se a minha direita ou a
minha esquerda não cabe a mim conceder. Esses lugares pertencem aqueles para quem
foram preparados.” (Marcos 10:39)
Em Betânia na casa de Simão, o leproso, Jesus fora ungido pela terceira vez. Ele
estava sendo preparado para o grande momento de sua vida. Na cruz do Calvário Jesus
resgataria, com um alto preço - preço de sangue - a humanidade inteira, até mesmo
aqueles que o rejeitaram.
Esse cântico belíssimo chamado “Calvário” do Pr. Allison Ambrósio expressa
em poesia aquele momento glorioso:
"Ao monte do Calvário caminhou
Levava sobre si a dura cruz.
E alguns se perguntavam: Quem é ele?
Era Jesus
Levava sabre si a minha dor,
todos os meus pecados também.
Não entendo como eu
fazendo tanto mal,
Sou merecedor assim de tanto bem.
O Calvário é quem
melhor pode contar.
Sobre o maior prova do amor de Deus,
Mandando seu filho amado
pra morrer por mim.
Pra me dar direito então de ir ao céu.
Levava sobre si o seu rancor,
Levava sabre si a minha cruz,
E no monte, do Calvário
a sepultou por mim.
Ele morreu pra eu poder viver
Ele sofreu pra eu poder sorrir
E ao morrer Ele atraiu
a muitos para si.” (AMBRÓSIO, 1999)
33
CAPITULO IV
RESGATANDO VIDAS PARA DEUS
4.1. A semana da paixão de Cristo
Inicia-se a preparação para a consumação da obra estabelecida pelo Senhor, para
a salvação da humanidade. Jesus prediz os últimos acontecimentos, as últimas
instruções são dadas aos seus discípulos. Institui uma ceia para que fosse realizada em
sua memória, era como se fosse um marco, um memorial a ser lembrado sempre pelo os
seus seguidores.
Jesus chorou e clamou por Jerusalém, onde tão poucos souberam dar o
verdadeiro valor a sua vinda quando encarnado na terra, nem tão pouco souberam se
beneficiar dos seus ensinamentos, e muito menos do sacrifício vicário na cruz ao dar a
sua própria vida por eles. Porém deixou bem claro para todos que não era o fim da sua
história. Ele voltaria em glória, triunfante como Rei dos reis e Senhor dos senhores.
Jesus ensina aos escribas e fariseus, e a todo Israel, o grande e soberano
mandamento, para que todos o seguissem, não somente com palavras, mas com ações
feitas com amor verdadeiro.
O mais importante é esse: “Ouve ó Israel, o Senhor é o nosso Deus, o Senhor é
o Único Senhor. Ame o Senhor, a seu Deus de todo a coração de toda a sua alma, de
todo o seu entendimento e de todas as suas forças. O segundo é este: Ame ao seu
próximo como a si mesmo. Não existe mandamentos maior do que estes." ( Marcos
12:29-31)
Jesus ensina aos discípulos sobre as coisas que haverão de vir após a sua morte e
ressurreição. Fala-lhes sabre a destruição do templo, sobre os acontecimentos nos fins
dos dias e os sinais que antecedem esses dias. Exorta aos seus seguidores para ficarem
em constante vigilância, orando para não serem pegos de surpresa (referência a parábola
das dez virgens). Jesus passou a quarta-feira descansando em Betânia. Na quinta-feira a
noite ele comeu a Páscoa com seus discípulos (Mateus 26:17-30). Ele enviara Pedro e
João para encontrar o local onde tomariam a refeição. A festa envolvia sacrificar um
cordeiro no templo e comê-lo assentados ao redor da família. Jesus disse a dois dos
discípulos que entrassem e seguissem um homem com um cântaro, eles os conduziriam
34
a casa cujo dono já havia preparado uma sala para esse fim.
Judas Escariotes deixou a refeição para finalizar o acordo, feito anteriormente com
os fariseus no Sinédrio, para trair Jesus. Jesus advertiu aos discípulos restantes de que
naquela noite perderiam a fé nele. Mas Pedro assegurou-lhe sua lealdade. Jesus,
respondendo ao arrogante discípulo, disse-lhe que ele o negaria, não somente uma, mas
três vezes, antes que o galo cantasse ao amanhecer.
Jesus e os discípulos deixaram o Cenáculo e foram para o Jardim do Getsemani.
Enquanto Jesus agonizava em oração os discípulos dormiam.
Em seu livro "Um Amor que Vale a Pena", Max Lucado conjectura sobre os
pensamentos de Jesus. Ele diz o seguinte:
"A qualquer momento Jesus poderia ter dito: “Chega! Já chega!
Vou para casa.” Mas Ele não o fez, porque Ele é amor. E
"amor... tudo suporta.”(Co 13:4-7). Ele suportou a
distância. E mais ainda, suportou a oposição. (...) Por que Ele
não desistiu? Porque o amor por seus filhos era maior que a dor
da jornada. Ele veio para nos encontrar. O nosso mundo estava
desmoronando. Por isso ele veio. Você estava morto, morto no
pecado. Por isso Ele veio. Ele o ama. Esta é a razão da sua
vinda. (...) E o amor de Cristo tudo sofre, tudo crê, tudo
espera, tudo suporta(1 Co 13:7)." (LUCADO, 2003,p. 171,174)
Três vezes Jesus vai ao encontro dos discípulos, e os encontra dormindo,
enquanto o momento de sua prisão e o começo do seu "calvário" está tão próxima.
Finalmente ele acalmou a sua alma e estava pronto para enfrentar a morte e tudo o
quanto ela significava (Mateus 26:36-46). Neste ponto Judas chegou com uma
companhia de homens armados. Ele identificou Jesus para os soldados com um beijo.
Jesus foi levado a julgamento perante as autoridades religiosas e as civis. O
julgamento religioso foi ilegalmente convocado durante a noite, mas confirmou sua
decisão após o romper do dia. Mesmo assim toda questão era um simulacro de injustiça
(Lucas 22:66-71).
O julgamento civil ocorreu sexta feira de manhã perante Pilatos, que não viu
nenhuma ameaça ou crime em Jesus. Remeteu Cristo a Herodes, que zombou dele e o
devolveu a Pilatos (Lucas 23:7-11). O oficial romano esperava libertar Jesus por
exigência do povo, mas a multidão gritou-lhe que soltasse a Barrabás (salteador e
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homicida). Insistiram com Pilatos para que crucificasse Jesus. Pilatos propôs açoitar a
Cristo e libertá-lo para apaziguar a multidão; infligiu sobre ele outras zombarias e
castigos. Mas de novo a multidão (a mesma que o aclamara como rei) gritava:
"Crucifica-o!”. Por fim, Pilatos cedeu ao apelo enlouquecido da turba e enviou Jesus a
morte. No meio de todo esse tumulto, Jesus manteve a calma e a compostura (Mateus
27:11-31). Quando Pilatos, presunçosamente, disse a Jesus que tinha autoridade tanto
para libertá-lo como para crucificá-lo, Jesus o corrige de modo corajoso: "Não terias
nenhuma autoridade sobre mim, se esta não te fosse dada de cima.” (João 19:11)
É preciso ficar claro que a morte de Jesus não foi um acidente de percurso, nem
um mero assassinato, nem um final trágico, nem uma derrota vergonhosa. A morte de
Jesus não esta envolta em mistério, não é algo inexplicável a vista de seu poder e de
seus recursos. Os quatro Evangelhos deixam bem claro que Jesus era “imprendível” e
"imatável", isto é, ninguém tinha o direito nem o poder de lhe tirar a vida. Jesus mesmo
declarou isso enfaticamente: “Ninguém tira a minha vida de mim, mas eu a dou por
minha própria vontade. Tenho o direito de dá-la e do tornar a recebê-la, pois foi isso o
que o meu Pai me mandou fazer.” (João 10:18)
A morte de Jesus foi voluntária, premeditada e anunciada. Embora malhada em
sangue, suor e lágrimas, embora árdua e sofrida, embora extremamente dolorosa e que
Jesus continuasse morto, pois ele tinha todo o poder sobre a morte. Ele mostrou isso
pelo menos em três ocasiões: Quando devolveu à vida a filha de Jairo, que havia
acabado de morrer; quando devolveu a vida ao filho da viúva de Naim, cujo corpo
estava sendo levado para o cemitério; e quando devolveu a vida ao irmão de Maria e
Marta. Agora era a vez de o próprio Jesus tomar a viver e sair do túmulo.
Várias vezes Jesus avisou que passaria pessoalmente pela experiência da morte.
Mas todas as vezes que anunciava a própria morte, ele anunciava também a sua
ressurreição. Certa vez, Jesus fez uma comparação com a experiência de Jonas. Assim
como esse profeta esteve três dias e três noites na barriga de um grande peixe e depois
foi vomitado numa praia, assim ele próprio estaria no interior da terra por três dias e três
noites e depois sairia de lá.
O lugar dos mortos é o cemitério. Mas quando o morto torna a viver, o lugar dele
já não é o cemitério. Foi isso que os anjos disseram as mulheres quando elas foram
perfumar o corpo de Jesus naquele domingo bem cedo: "Por que vocês estão
procurando entre os mortos quem está vivo?" (Lc 24:56)
36
A partir daquele momento, Jesus se apresentou vivo com muitas e valiosas
provas. Esse acontecimento mudou totalmente todos os discípulos por toda a vida.
No amanhecer daquele domingo Pedro e João receberam a noticia: "Levaram o
corpo de Jesus!" Maria foi rápida, tanto em seu anúncio quanto em sua opinião. Ela
pensou que os inimigos de Jesus haviam roubado o corpo. No mesmo instante os dois
discípulos correram até o sepulcro. João chegou primeiro e viu algo que o deixou
estático a entrada. Ele viu somente os lençóis que cobria o corpo do Mestre. Viu
também que o "lenço que tinha estado sobre sua cabeça, não estava com os lençóis, mas
enrolado, num lugar a parte". O original grego proporciona uma útil percepção desse
acontecimento extraordinário. João emprega o termo "enrolado". Este lenço do funeral
não havia sido tirado da cabeça e lançado fora. Ele estava enrolado cuidadosamente em
um lugar a parte.
Max Lucado, no seu livro “Ele Escolheu os Cravos", nos remete a uma reflexão
sobre essa passagem bíblica. Ele escreve o seguinte:
"Através dos trapos da morte, João viu o poder da vida.
Não é estranho que Deus use algo triste como vestes do
funeral para transformar uma vida? Mas Deus é afeito
a tal modo de agir: Em suas mãos jarros vazios de
vinho tornam-se símbolos de poder. A moeda de uma
viúva tomou-se símbolo de generosidade. Uma simples
manjedoura em Belém é o seu símbolo da devoção. E
um instrumento de morte é o símbolo do seu amor.
Ficaríamos surpresos por Ele utilizar as vestes da
morte como um símbolo da vida?” (LUCADO, 2002, p.
118)
Quarenta dias depois que se apresentou vivo com muitas provas incontestáveis,
Jesus foi elevado às alturas a vista de seus discípulos (Marcos 16:19). A esse
acontecimento histórico dá-se o nome de ascensão. Ele marca o termino da missão
visível de Jesus, quando o Verbo se fez carne e habitou entre nós (João 1.14). Jesus é o
Pão que desceu do céu (João 6:33) e que, depois de morto e ressuscitado, retorna ao céu
(João 2017). A ascensão põe fim à convivência objetiva e familiar de Jesus com os
discípulos até seu regresso no final dos tempos. No intervalo entre a ascensão e a
segunda vinda de Jesus, a comunhão daqueles que crê com ele é subjetiva.
37
4.2. A ressurreição e ascensão de Jesus.
A ascensão de Jesus é muito mais do que uma despedida. Ela significa a
restauração da glória que o Filho de Deus tinha antes da encarnação. No momento da
ascensão, "Deus o exaltou a mais alta posição e lhe deu o nome que esta acima de todo
nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da
terra, e toda língua confesse que Jesus Cisto é o Senhor, para a glória de Deus Pai.”
(Fp 2:9-11)
É isso que declara o evangelista: "O Senhor Jesus foi elevado aos céus e
assentou-se a direita de Deus.” (Mc. 16:19)
Assentar-se a direita do Pai e ocupar a posição de Rei dos reis e Senhor dos
senhores.
Depois da ascensão de Jesus, é muito fácil entender o Salmo 110, atribuído a
Davi (Mt 22:44), que diz assim: “O Senhor disse ao meu Senhor: Senta-te a minha
direita, ate que eu ponha os teus inimigos debaixo de teus pés.”
A ascensão é o cumprimento dessa profecia inconsciente de Davi, pois ele falou
pelo Espírito, como o próprio Jesus admitiu. Os escritores do Novo Testamento
entenderam que o ato de sentar-se a direita de Deus significa a exaltação máxima de
Jesus. Em seu discurso no dia de Pentecostes, Pedro declara: "Este Jesus, a quem
crucificaram Deus o fez Senhor e Cristo." (At. 2:36). Ao se referir à ascensão, Paulo
escreve que Jesus esta "muito acima de todo governo e autoridade na que há de vir."
(Ef 1:21)
Essa exaltação de Jesus não é estática, mas dinâmica. O fim dos tempos virá
quando Jesus "(...) entregar o Reino de Deus, o Pai, depois de ter destruído todo
domínio, autoridade e poder." (I Co 15:24). “A redenção não estava completa, até que
todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés.” (I Co 15:25). Esses inimigos
não são inimigos físicos, mas poderes espirituais e invisíveis da maldade. A morte é
"(...) o último inimigo a ser destruído." (I Co 15:26). Os inimigos cananeus "entendiam
a morte como um deus, cujo lábio inferior era toda a terra e o superior o céu, de modo a
engolir tudo" (Bíblia de Genebra). E por essa razão que Bildade se refere à morte como
"o rei dos terrores.” (João 18:14)
Jesus não está assentado no pó nem no chão, por falta de trono, como aconteceu
com a Babilônia (Is 47:1), mas a direita da Majestade nos mais altos céus.
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A ascensão de Jesus aconteceu no Monte das Oliveiras, nas proximidades de
Betânia. Ao ser elevado aos céus, Jesus estava com as mãos erguidas para abençoar os
circunstantes.
Deus sente-se bem conosco. Ele também está longe de sua família, porém
prometeu voltar. Ele não esta ausente escrevendo um livro, mas a história. Nós não
conhecemos todos os detalhes de Deus. O que fazer nesse meio tempo, enquanto ele não
volta? Confiar. O último capítulo será concluído e o Senhor baterá a porta. Até que isso
aconteça, diz Jesus: "Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus: creiam em
mim... voltarei e os levarei para mim.” (João 14:1.3)
Porque Deus faria tanto esforço em resgatar-nos? Que utilidade temos para ele?
Ele deve ter suas razões, pois há mais de dois mil anos entrou nas águas turvas do
mundo a procura de seus filhos. E a todos quanto permitirem sua aproximação, ele
invoca seus direitos e sela o seu nome. Tudo o que temos que fazer é confiar e clamar:
"Maranata. ora vem Senhor pra bem perto de mim. E
que o tempo nos conserve sempre assim. Num vínculo
de doce comunhão." (Maranata - Allison Ambrosio)
4.3 – O retorno triunfante de Jesus.
Os profetas do Velho Testamento anunciavam ora o sofrimento, ora a glória do
Messias que havia de vir. Foi a respeito dessa salvação que os profetas que falaram da
graça destinada a humanidade investigaram e examinaram, procurando saber o tempo e
as circunstâncias para os quais apontava o Espírito de Cristo que neles estava, quando
lhes predisse os sofrimentos de Cristo e as glórias que se seguiriam aqueles sofrimentos.
A eles foi revelado que estavam ministrando, não para si próprios, mas para todos,
quando falaram das coisas que agora lhes foram anunciadas por meio daqueles que lhes
pregaram o evangelho pelo Espírito Santo. A respeito da volta do Senhor, foi proferido
por dois anjos no momento da ascensão de Jesus Cristo: “Galileus, porque vocês estão
olhando para o céu? Este mesmo Jesus, que dentre vocês foi elevado ao céu, voltará da
mesma forma como o viram subir". (Atos 1:11)
O único texto que menciona o número ordinal para se referir a "Parusia" (volta
gloriosa de Jesus Cristo) está na Epistola aos Hebreus:
“(...) assim também Cristo foi oferecido em sacrifício uma única vez, para tirar
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os pecados de muitos; e aparecerá segunda vez, não para tirar os pecados, mas para
trazer salvação aos que o aguardam." (Hebreus 9:28)
A penúltima frase da Bíblia Sagrada confirma a promessa do segundo advento de
Jesus: "Sim, venho em breve!” (Apocalipse 22:20).
Três pontos sobre a doutrina da segunda vinda são absolutamente claros.
Primeiro, a volta de Jesus será evidente, sem ambiguidade, visível a todos. O Senhor
mesmo explica: “Assim como relâmpago sai do Oriente e se mostra no Ocidente, assim
será a vinda do Filho do homem." (Mateus 24:27). A mensagem apocalíptica afirma
que ele “(...) vem com as nuvens, e todo olho o verá, até mesmo aqueles que o
transpassaram." (Apocalipse 1:7)
Segundo, a volta de Jesus será: “Com poder e muita gloria." (Mateus 24:30). Ele
não levará sobre si as nossas iniquidades. Não será oprimido nem afligido, nem levado
ao matadouro.
Terceiro, a volta de Jesus será em dia e hora que ninguém sabe. Ele mesmo
avisou: “O Filho do homem virá numa hora em que vocês menos esperam." (Mateus
24:36). No último livro da Bíblia, lê-se esta declaração pessoal e enfática: “Eis que
venho como ladrão!" (Apocalipse 16:15)
Tudo que disse o Senhor pode ser resumido na palavra confiar. Ele cita duas
vezes: "Que os corações de vocês não fiquem aflitos. Vocês confiam em Deus; agora
confiem em mim.” (João 14:1)
Não fiquemos, então, perturbados quanto ao retorno de Cristo, nem ansiosos por
coisas que não podemos compreender. Assuntos como o milênio e o anticristo é um
desafio a nossa capacidade de entendimento, porém não é para nos impressionarmos
nem tão pouco ficarmos divididos. Para o cristão o retorno de Jesus Cristo não é um
enigma a ser resolvido nem um código a ser descoberto, mas um dia que deve ser
aguardado com grande expectativa.
Jesus quer que confiemos nele e que não fiquemos aflitos. Por isso nos assegurou
com essas verdades:
- Eu tenho um lugar bem amplo para vocês: "Existem muitas moradas lá onde
meu Pai mora." (João 14:2)
- É verdade! Eu voltarei! Eu levarei você comigo: “Voltarei e os levarei para
mim, para que vocês estejam onde eu estiver." (João 14:3)
É isto o que Jesus fará. Não sabemos quando ele virá nem como se chegará a nós.
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Nem tão pouco sabemos por que ele virá. Claro temos ideias e opiniões, mas o que mais
temos é fé. Temos fé que ele tem muitos lugares e que preparou um amplo lugar para
todos que nele crê.
Max Lucado relata em seu livro "Quando Cristo Voltar" as seguintes referências
a cerca da volta de Jesus:
“Chegará o dia que Ele nos libertará. A prova de suas
palavras foi dada quando a pedra rolou e seu corpo
ressurgiu. Ele sabe que um dia este mundo estremecerá
uma vez mais e, num piscar de olhos, como relâmpago
que corta o céu, de um lado para o outro. Ele voltará.
Todos o verão. Você e eu veremos. Os corpos forçarão
as lápides da tumba e surgirão do fundo dos abismos. A
terra tremerá, os céus se enrolarão qual pergaminho e
os homens se esconderão em cavernas. Não os que O
conhecem, não teremos medo algum". (LUCADO, 1999,
p.44).
A igreja é qual a noiva à espera do noivo. De repente ela ouvirá um grito: "O
noivo se aproxima! Saiam para encontra-lo!” (Mateus 25:6). Enquanto ele não chega,
tanto a igreja - representada pelo povo de Deus - como o Espírito Santo faz esta pequena
oração litúrgica: “Vem Senhor Jesus!" (Apocalipse 22:20)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
De todas as religiões que exaltam suas doutrinas e seus fundadores, somente
uma teve um “Cordeiro Imolado” que morreu para dar vida aos homens, uma vida
eterna. Ele pagou uma divida que não era sua, um preço foi-lhe cobrado, um preço
muito alto, um preço de sangue. Somente uma religião teve um Senhor que ressuscitou
dentre os mortos e hoje vivo está. Somente uma religião tem um Deus vivo e poderoso
soberano entre os reis. Aquele que liberta, transforma e salva as almas que estão
perdidas e desamparadas. O Cristianismo não é, entretanto, uma religião ligada a rituais
mecanizados, é um ideal, é a história das nossas vidas, é o plano de Deus para a
humanidade. E tudo se converge para Jesus. A história existe por causa dele. Tudo,
desde o princípio foi voltado para ele e terminará nele. Porém, Jesus nos presenteou
com uma dádiva maravilhosa. Ele tornou-nos participantes e co-herdeiros do projeto de
Deus.
Sabe qual é a jóia mais preciosa e brilhante da encarnação de Jesus? Alguns
podem pensar que foi o fato dele ter vivido em um corpo, por curiosidade, para saber
como é a condição humana; outros preferem pensar (e graças por isso) que quando Deus
entrou no tempo e na terra tornando-se homem, Ele, que era ilimitado, tornou-se
limitado. Prisioneiro na carne. Restrito a músculos e pálpebras cansadas. Aquele que
trocou a coroa celestial pela coroa de espinhos fez tudo isso por nós: "Sabendo que não
foi com coisas corruptíveis. como prata ou ouro, que foste resgatado da vossa vã
maneira de viver que, por tradição recebestes dos vossos pais, mas com precioso
sangue do Cristo, como de um cordeiro imolado e incontaminado, o qual na verdade,
em outro tempo, foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado,
nestes últimos tempos por amor de vós.”(1Pedro 1:18-20)
Quanto mais meditamos na história de Jesus Cristo, mais temos que dar graças a
Deus por nos ter amado em primeiro lugar, por ter nos escolhido para fazer parte do seu
projeto, por ter nos adotado como sua família.
A Bíblia Sagrada traz luz sobre a questão que envolve o plano de Deus. Ela
deixa claro que o grande propósito de Deus é formar para si uma família, em que Ele é o
Pai e nós seus filhos e filhas amados. Por todo o Antigo Testamento vemos constantes
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declarações de Deus como nosso Pai, mostrando seu cuidado e proteção para com
nossas vidas. Essa citação das Sagradas Escrituras é uma das mais belas: “Haverá uma
mãe que possa esquecer seu bebê que ainda mama e não ter compaixão do filho que
gerou: Embora ela possa esquecê-lo, Eu não me esquecerei de você! Veja, Eu gravei
você, nas palmas das minhas mãos: Seus muros estão sempre diante do mim.” (1saías
49:15-16)
O ser humano, porém, desde o início tratou esse plano com desdém, preferindo
seguir seus próprios caminhos, independente de Deus. O Senhor tentou formar essa
família a partir de Abraão e do povo de Israel (Gn 1:12). Mas outra vez seu anseio não
foi correspondido. O povo judeu se ensimesmou, tornou-se um povo egoísta e deu as
costas para Deus, esquecendo-se de seu propósito, transformando tudo em desgraça.
Mesmo assim, Deus continuou a insistir em investir no ser humano. Não abandonou seu
projeto. Pelo contrário, entregou-se a uma super operação de resgate dispondo-se a
pagar um preço absurdamente elevado para atingir seu objetivo.
Jesus veio proclamar, falar, trazer a mais alvissareira notícia que o mundo já
teve: que Deus não o abandonou. Cristo veio anunciar que os pobres podem dizer: “Sou
rico!"; que os cegos podem dizer: " Eu vejo!"; e que os cativos e presos serão postos em
liberdade e que esta liberdade seria, não apenas espiritual, como também, social, moral
e econômica. A força do ministério de Cristo consistia em anunciar liberdade e vida.
Ricardo Gondim relata em seu livro “Artesões de Uma nova História" o
seguinte:
“Deus procura homens e mulheres que, como
verdadeiros artesões, não meçam esforços para tecer
em parceria com Ele uma nova realidade, uma nova
história.” (GONDIM, 2001, p.22)
Estamos sensíveis para ouvir o palpitar do coração de Deus? Entendemos
realmente a encarnação do Divino? Estamos dispostos a ouvir o clamor de Cristo na
cruz? Estamos preparados para dar as nossas vidas para que os desejos de Deus se
cumpram?
Deus continua buscando em cada homem, em cada mulher um coração
constrangido pelo seu amor e assim reconciliar-se com ele e completar sua obra.
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“Oração do abandono: Em tuas mãos, ó Deus, eu me
abandono. Vira a revira esta argila como barro nas
mãos do oleiro. Dá-lhe forma e depois a esmigalha
como se esmigalhou a vida de João, meu irmão. Manda,
ordena, que queres que eu faça? Elogiado e humilhado,
perseguido, incompreendido, caluniado, consolado,
sofredor, inútil para tudo, me resta se não dizer a
exemplo, de tua mãe: faça-se em mim segundo a tua
palavra. Dá-me o amor por excelência, o amor da cruz,
não da cruz heróica que poderia nutrir o amor próprio;
mas o da cruz vulgar, que carrego com repugnância,
daquele que se encontra cada dia na contradição, no
esquecimento, no insucesso, nos falsos juízos, na frieza,
nas recusas e nos desprezos dos outros, nos mal-estar e
nos defeitos do corpo, nas trevas da mente e na aridez,
no silêncio do coração. Então somente Tu saberás que
te amo, embora eu mesmo nada saiba. Mais isto basta."
(SANTINI, Momentos de amor com Deus)
O ensino moral de Jesus, por ser simultaneamente fundamentado na obediência
da fé (convicção) face à transcendência do Reino e criatividade responsável na invenção
pessoal de um caminho de seguimento e imitação do Senhor vem apoiar a percepção de
que convicção e responsabilidade reciprocamente se completam e se exigem. Não há a
menor contradição, nem pode haver, entre a atitude de submissão radical na fé e o
assumir o protagonismo de, em liberdade cristã, conduzir a própria vida, visto que o
projeto divino a que se adere é o da salvação, libertação e realização dos seres humanos,
e ficaria mutilado, e até desfigurado, se não incluísse a colaboração humana, o
empenho consciente, se apenas o tivessem que acolher passivamente e não o
construíssem. A fecundidade da proposta ética de Jesus situa-se, pois, no ter centrado a
vida moral na verdade da sua referência ao divino, de lhe ter estabelecido um sentido,
uma meta, e um estatuto de liberdade, uma via aberta e, ao mesmo tempo, balizada pelo
seu exemplo, expresso nos alicerces do amor, ou seja um caminho, um meio.
44
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45
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