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Introdução
A seguinte Monografia pretende dar a conhecer o Palácio de Versalhes, primeiro
abordando quem nele habitou e posteriormente apresentando o desenvolvimento da sua
construção e os principais espaços que o definem.
Em 2013 tive oportunidade de visitar pessoalmente o palácio de Versalhes, foi
curioso estar perante uma obra arquitetónica que tantas vezes foi falada na aula de
História. Este palácio faz parte de todo um imaginário visual, e vivenciá-lo, comprova a
imponência que já sentia ao ver meras imagens dele nos livros.
Versalhes é a construção perfeita para retratar os exageros e o requinte da
nobreza francesa do século XVII, também é a personificação do ego de Luís XIV, que
lá instalou o governo e uma corte com 6 mil pessoas.
A região onde foi edificado, era inóspita, pantanosa e quase sem vegetação, Luís
XIII pai de Luís XIV, resolveu instalar aí um modesto pavilhão de caça, para se refugiar
dos rigores da corte. Posteriormente, logo após a morte de Luís XIII, esse pavilhão
começou a ser transformado num Palácio monumental, à escala da dignidade do Rei
Sol, Luís XIV.
Relativamente à organização da monografia, é constituída por três partes: o
contexto histórico, a evolução de Versalhes e os espaços principais.
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I. Contexto Histórico
I.1 O Antigo Regime e o Absolutismo Régio
O termo Antigo Regime surgiu na França já no final do século XVIII, no
contexto da Revolução Francesa, foi um termo formado com uma conotação negativa,
com o objetivo de criticar a sociedade francesa, que privilegiava a aristocracia e o clero.
Os revolucionários consideravam estes valores ultrapassados, daí procurarem a
instituição de um Estado igualitário e tolerante.
O Antigo Regime apresentou como principal característica o Absolutismo
Régio1, ou seja a concentração do poder nas mãos de um governante que neste caso era
o Rei (impunha leis, organizava a justiça, mantinha o exército, nomeava funcionários).
O processo de centralização do poder apresentou três momentos fundamentais, a
etapa feudal baseada na relações feudo-vassálicas, uma etapa moderna no século XV e
XVI caraterizada pela criação de instituições por parte dos reis e por fim uma etapa de
consolidação desde o século XVI ao XVIII, com a definição da forma moderna de
Estado.
No antigo regime, sobretudo na França, deu-se a cristalização das ordens
feudais, desta forma, vemos uma sociedade profundamente dividida, hierarquizada com
privilegiados e desfavorecidos. O primeiro estado era constituído pelo Clero, o segundo
estado pela nobreza e o terceiro estado pelo povo, a burguesia era também membro
deste último estado. Esta divisão social, era feita de acordo com as funções de cada um
e geralmente era uma condição transmitida à nascença. Supostamente esta ordem social,
fazia parte de um plano divino, isto servia para justificar a desigualdade e o poder da
aristocracia. Ocasionalmente plebeus que tinham enriquecido, conseguiam comprar
títulos nobliárquicos.
A teoria do poder absoluto, apresentava o rei como representante de Deus na
Terra, defensor da Igreja e da Pátria. Durante o século XVI, esse poder real progrediu
lentamente, devido às guerras religiosas do fim do século XVI, contudo na segunda
metade do século XVII com Luís XIV o absolutismo estava totalmente configurado.
Alguns apoiantes do absolutismo acreditavam no “direito divino” do rei, e Luís
XIV foi sem sombra de dúvida o rei que melhor encabeçou esta vontade. Os poderes
1 Absolutismo Régio – A concentração de todos os poderes nas mãos de um governante que neste caso
era o Rei (impunha leis, organizava a justiça, mantinha o exército, nomeava funcionários).
IN: http://pt.wikipedia.org/wiki/palacio_de_versalhes
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reais só poderiam ser revogados pelo próprio Deus, sinal manifesto da união da igreja
católica aos poderes régios.
A união Estado-Igreja, tentou impor uma forte censura politica e religiosa, pois a
religião não só justificava o absolutismo como era a base que explicava o mundo natural
e a elites intelectuais da época começavam a questionar isso.
O rei encarnava os ideias nacionais e as guerras acentuaram esse sentimento de
amor à pátria, pois o rei era o seu defensor. A concorrência comercial pelas rotas e
mercados coloniais contribuíram também para o fortalecimento deste poder real.
I.2. Luís XIV e a sua Corte
Figura 1 Luís XIV em 1694
Luís XIV, mais conhecido como O Rei Sol, governou entre 1643 até 1715. Foi o
grande símbolo da monarquia absolutista. O seu reinado ficou marcado por uma série de
guerras, com o objetivo de expandir fronteiras para leste. Foi durante esta política
expansionista que se apropriou do Sacro Império Germânico.
Filho de Luís XIII e de Ana de Áustria, subiu ao trono com quatro anos, após a
morte do seu pai. Deveu toda a sua educação e formação cultural ao Cardeal Mazarin e
foi talvez por isso que nunca lhe negou poderes. Esta situação apenas terminou em
1661, quando Mazarin morreu, a partir dessa altura começou a governar a França
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sozinho, porém teve diversos ministros para executarem as suas ordens, o mais
importante e inteligente, foi Jean-Baptiste Colbert, Marquês de Louvois. Colbert
dedicou-se ao rei durante 54 anos, por ele passavam todas as funções, desde a etiqueta
cerimonial da Corte, à diplomacia, construções de palácios (Versalhes foi um deles), e
assuntos de teor económico, como o aumento das exportações.
O rei que durante a sua infância tinha visto a sua família passar por uma série de
privações e humilhações, devido à tensão entre a nobreza e o seu primeiro-ministro
Cardeal Mazarin, manobrou em adulto, os nobres, corrompendo-os com favores, títulos
e cargos vazios. Enfraqueceu aos poucos a nobreza, tornou-se um amante das artes,
ergueu grandes monumentos e palácios, a tal ponto, que foi acusado de arruinar a nação.
Foi realmente um período de esplendor na França, as cortes Europeias desejaram imitar
o seu brilho e fausto.
Luís XIV, em suma, gerou a monarquia absoluta de origem divina e fez triunfar
uma unidade religiosa na França. Transformou o campo de caça do seu pai, no palácio
de Versalhes, levou com ele toda a corte francesa, com o objetivo de a domesticar, desta
forma manipulou influências e impossibilitou qualquer tipo de revolta. Foi também ele
o criador dos rituais meticulosos, realizados em torno do seu dia-a-dia e das suas
vontades.
“Versalhes representa o apogeu da arquitectura palaciana
Europeia, não só pela dimensão, magnificência e carácter progressivo do
seu conjunto, mas também pela sua perfeita encenação do poder
absoluto... Versalhes é o símbolo do poder supratemporal, é a residência
do Rei-sol, cuja vida e obra se reveste de carácter simbólico, com a
consequente sujeição a rituais rígidos.” (ROLF 2004: 133)
Reinou durante 72 anos, pois tornou-se rei aos 4 anos em 1643, porém o seu
reinado efetivo começou quando tinha 24 anos. Não foi um reinado sempre inteligente,
devido às diversas guerras que promoveu, nem sempre benéficas para a economia do
país e pelas vidas perdidas. Quando morreu em 1715, deixou o trono ao seu neto Luís
XV, trono este cheio de problemas e dívidas.
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I.3. Maria Antonieta e Luís XVI
Figura 2 Casamento de Luís XVI e Maria Antonieta
A vida trágica de Maria Antonieta começou em Viena de Áustria, numa corte
mais comedida e discreta que a da França. Nasceu a 2 de Novembro de 1755, era um
bebé demasiado pequeno e frágil, com um fardo tão grande destinado.
A sua mãe Maria Teresa, era a arquiduquesa da Áustria e rainha da Hungria e da
Boémia (parte que hoje pertence à Alemanha), o seu pai Francisco I, era o Imperador do
Sacro Império Romano-Germânico. A titular do comando do Império foi na verdade a
sua mãe, pois esta era uma excelente estratega e uma mulher muito prática. Quando
Francisco I morreu em 1765, a mãe tentou aproximar-se das outras cortes europeias,
oferecendo a mão das suas filhas em casamento às várias casas reais. Foi neste contexto
que Maria Antonieta se tornou a pretendente de Luís Augusto, herdeiro do trono
francês, o grande objetivo desta união era criar uma aliança duradoura com a França,
país que tinha conflitos profundos com a Áustria.
O casamento ou contrato, aconteceu em abril de 1770 em Viena, através de uma
procuração. Depois disso, um cortejo real, partiu para a França, na fronteira desta, Maria
Antonieta despediu-se tudo o que até ali tinha sido seu, deixou a Áustria para trás, pois
agora apenas com 14 anos, pertencia à França.
A sua adaptação a Versalhes não foi fácil, pois não soube lidar com as regras de
etiqueta e com as atuações teatrais em torno do quotidiano real. Ficou conhecida como
“a Austríaca”, alcunha dada pela corte, que considerava que ela não tinha a elegância e
o refinamento francês.
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Em 1774, Luís XV morreu, Luís Augusto agora Luís XVI e Maria Antonieta
tornaram-se os soberanos de França. Mas nem assim os nobres, pararam com as
calúnias a seu respeito, situação que se alterou depois do nascimento do delfim, Luís
José em 1781. Luís XVI era conhecido como um rei de carácter fraco, uma vez que
apenas usava o poder que possuía para satisfazer o Parlamento. Era dominado pela
aristocracia, o que levou o reino quase à beira da falência.
O reinado de prosperidade e excessos, teve o seu fim anunciado em 1788.
Depois de um ano agrícola desolador, os camponeses desesperados, criticaram
duramente a nobreza, em outubro o povo invadiu Versalhes, depois disso, a família real
abandonou Versalhes e estabeleceu-se em Paris. Quando em setembro de 1792 a
república foi proclamada, a família real foi presa, em 1793, Luis XVI foi guilhotinado.
Maria Antonieta foi levada a julgamento e acusada de uma série de traições, foi
condenada à morte e guilhotinada em praça pública em 1793.
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II. A evolução de Versalhes
O palácio de Versalhes como nós o conhecemos atualmente, começou a ser
edificado em 1661. Louis Le Vau, foi o arquiteto encarregue da primeira etapa
construtiva (já tinha dado mostras da sua capacidade no Louvre e Nas Tulherias), nesta
fase foi também ajudado por Charles Le Brun, ao qual foi atribuída a decoração interior
do palácio e ainda por André Le Nôtre, a quem foi entregue a responsabilidade pelo
jardim e todo o espaço envolvente do edifício. Estas obras, nasceram do desejo de Luís
XIV criar um centro para a Corte Real e desta forma ganhar mais controle do país
através da nobreza, distanciando-se também da população de Paris.
A primeira campanha de construção de Luís XIV em Versalhes, consistiu nas
alterações no palácio e jardim, para acomodar 600 convidados para a festa Plaisirs de
I’lle enchanteé, festa realizada em 1664 para celebrar as Rainhas, Ana de Áustria, sua
mãe e Maria Teresa de Espanha, sua esposa.
Foi na segunda campanha de construção, que o palácio começou a assumir a sua
aparência atual. O pavilhão de caça de Luís XIII, foi envolvido por uma nova estrutura,
com novos alojamentos para a família real.
O primeiro andar do novo palácio, foi todo dedicado a dois apartamentos, o
Grand Appartement du roi, ocupava a parte norte e o Grand Appatement de la Reine, a
parte sul. A parte Oeste era um grande terraço, que mais tarde foi destruído, para aí ser
edificada a Galerie des Glaces (Galeria dos Espelhos).
Os dois apartamentos referidos, formavam um conjunto de sete salas,
personificadas por divindades da antiguidade clássica. Na decoração destas salas, não
faltou também uma exaltação às glórias reais, representadas por Charles Le Brun, numa
forma alegórica alusiva às ações de figuras como Alexandre o Grande e Augusto.
Quanto às últimas etapas, as fontes não são conclusivas, pois há quem -mencione a
existência de apenas uma terceira e última etapa e há quem refira ainda uma quarta.
Acreditando na teoria que formula as quatro fases, considera-se o início da terceira
campanha construtiva, após o conflito Franco-holandês2. Esta etapa foi liderada pelo
2 A Guerra Franco-Holandesa (1672–1678), também conhecida como "Guerra da Holanda" foi um
conflito militar entre o Reino da França, o Bispado de Münster, o Eleitorado de Colônia e o Reino da
Inglaterra contra a República Holandesa ("Províncias Unidas"). Os Holandeses receberam mais tarde o
apoio do Sacro Império Romano-Germânico, Brandemburgo e a Espanha, formando a Quádrupla Aliança.
A guerra terminou com o Tratados de Nimegue em 1678 e garantiu o controle do Franco Condado..
In : http://pt.wikipedia.org/wiki/Palácio_de_Versalhes
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arquiteto Jules H. Mansart, que desenhou as alas norte e sul, destinada à nobreza e aos
Príncipes de Sangue. Foi nesta fase que o palácio ganhou o aspeto que tem hoje em dia.
O já referido anteriormente Charles le Brun, assumiu a decoração dos novos aposentos
do palácio, e juntamente com André Le Notre participou ainda na concepção
paisagística dos muitos jardins. Em Maio de 1682, Luís XIV rendido à sumptuosidade
do seu retiro, resolveu instalar definitivamente e oficialmente a Corte em Versalhes.
Durante a quarta campanha construtiva, que duraria dez anos (1701-1710), foi edificada
a Capela Real, projetada por Mansart, e terminada por Robert Cotte. Este e a sua equipa,
realizaram ainda algumas remodelações no Petit Appartment du Roy (construção do
Salon de L’oeil de Boeuf e do quarto do rei). Depois da capela, todas as obras ficaram
em suspenso, sendo retomadas vinte anos depois.
Posteriormente no reinado de Luís XVI, retomaram-se os projetos inacabados de
Versalhes. Foi assertivo na replantação completa dos jardins que eram representativos
do rigor geométrico Francês, para uns jardins Ingleses, mais espontâneos e selvagens,
amplamente difundidos no século XVIII.
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III. Espaços Principais
III. 1. Apartamento do Rei
Figura 3 Salon du Roi
As salas do Appartement du Roi tinham vista para o pátio de mármore. Estas
tinham sido anteriormente o apartamento privado de Luís XIII, e ficavam situadas no
palácio velho. Na 3ª etapa de construção de Luís XIV, este conjunto de salas foi
ampliado e redecorado para o uso diário do Rei. Em 1684 o appartment du roi
englobava as seguintes salas:
→ Salle des gardes – nesta sala situavam-se os guardas do rei. Dois candelabros
grandes estampados com o monograma do rei completaram a decoração.
→ Première antichambre ou antichambre du grand couvert – era nesta sala que Luís
XIV comia em público. Esta sala ficou conhecida como la salle ou le roy soupe.
→ Antichambre des Bassans – Nesta sala estava exposta uma exposição do mestre
veneziano, Jacopo Bassano, por isso esta sala ficou com o nome da exposição.
→ Salon du Roi – Esta era a sala que servia para o grand levé do Rei – o ritual matinal
diário do Rei, em qual este era vestido em público.
→ Cabinet du Roi – esta sala servia de sala de conselho para Luís XIV.
→ Cabinet des termes – nesta sala eram guardadas as mais de 500 perucas de Luís XIV.
Esta sala era conhecida como cabinet des perruques.
Com a quarta etapa de construção de Luís XIV, o appartment du roi foi alterado e
passou a ter a seguinte constituição:
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→ A Salle des Gardes não foi alterada.
→ A première antichambre ou antichambre du grand couvert também não foi
alterada.
→ A antichambre des Bassans e o chambre du roi, que foi o quarto do rei até 1701,
ficou conhcecido como salon de L’oeil de Boeuf, depois destes dois compartimentos se
fundirem num só.
→ O Salon du Roi passou a ser o chambre du roi, o quarto do rei.
→ O cabinet du roi e o cabinet des termes não foram alterados até 1755, quando Luís
XIV os fundiu para criar o cabinet du conseil, o gabinete do conselho.
III.2. Pequeno Apartamento do Rei
Este apartamento foi construído durante a terceira etapa de construção de Luís
XIV. Devido ao envolvimento da marquesa de Montespan no Caso dos Venenos3, que é
um episódio ocorrido em Paris entre 1670 e 1682, o Rei anexou os quartos da marquesa
ao seu próprio pettit appartement .
Neste apartamento existiam as seguintes salas:
○ le Salon Ovale
○ le Cabinet aux Tableaux
○ le Cabinet aux Coquilles
○la Cabinet aux médailles
○ la Petit Galerie (onde existiam dois salões)
○ le Cabinet du Billard
No appartement des collections haviam obras de arte, as mais raras e valiosas da
coleção de Luís XIV. Nesta sala só entravam pessoas através de convites pessoais de
Luís XIV.
3 Caso dos Venenos - O "Caso dos Venenos" é um episódio ocorrido em Paris entre 1670 e 1682, e que
sacudiu a capital francesa e a Corte. Em 1672, com a morte do oficial de cavalaria, Godin de Sainte-
Croix, descobrem-se em seu papéis peças acusando sua amante, Marquesa de Brinvilliers, de ter
envenenado o próprio pai, seus dois irmãos e sua irmã, para apropriar-se de suas partes na herança. A
Marquesa de Brinvilliers foi julgada e executada em 1676.
IN: http://pt.wikipedia.org/wiki/Caso_dos_Venenos
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Estes são alguns dos objetos que existiam no appartement des collections:
○ Grandes vasos guarnecidos com ouro e diamantes
○ Bustos muito antigos
○ Um nef4
○ Porcelanas chinesas e japonesas
○ Vasos cravejados com várias pedras semi-preciosas
○ Pinturas
Luís XIV ordenou mudanças significativas no appartement des collections entre
1738 e 1760. Em 1738, o Rei ordenou a construção de uma nova habitação – o nouvelle
chambre – pois o quarto anterior de Luís XIV era demasiado descorfotável durante o
Inverno para o ritual do lévé. Em 1760 o petit appartement du roi tinha a seguinte
constituição:
○ La nouvelle chambre – esta sala situava-se na antiga sala de bilhar de Luís XIV.
○ Le cabinet de la pendule – esta sala servia como sala de jogo. Deve o seu nome ao
relógio astronómico construído por Passemant e Dauthia.
○ Le cabinet des chiens – esta sala era para os cães de caça de Luís XIV.
○ Le salle à manger des retours de chasse - esta era uma pequena sala-de-jantar usada
por Luís XV para entreter os seus amigos depois das caçadas.
○ Le cabinet intérieur du roi – esta sala era usada como sala de trabalho privada de
Luís XIV. A principal caraterística desta sala é a secretária de cílindro da autoria de
Oeben e Riesener, que quando se gira uma chave abre o cilindro e as gavetas. Esta foi a
única peça de mobiliário original de Versalhes que não foi nem vendida durante a
revolução nem removida do palácio.
○ Le pièce de la vaisselle d’or ou le Cabinet de Mme Adélaïde – foi construído em
1752, depois da destruição da escalier des ambassadeurs(esta sala era originalmente um
dos dois salões da petit gallerie), os serviços de mesa de Luís XIV estavam expostos
nesta sala e onde a sua filha, Mme Adélaïde, teve a sua sala de música.
4 Nef - um recipiente usado nas refeições onde havia um guardanapo húmido para limpar os dedos – esta
técnica era usada antes de se comer com um garfo, era guarnecido com diamantes e rubis, este nef foi
derretido durante a Revolução Francesa.
IN: http://pt.wikipedia.org/wiki/palacio_de_versalhes
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○ La Bibliothèque – situada a leste da pièce de la vaisselle d’or occupies, ocupa o
espaço onde ficava o chambre de Madame Adélaïde. E anteriormente o cupava o lugar
de petite gallerie – este espaço além de representar o gosto pessoal do Rei, La
Bibliothèque também se destaca como um dos melhores exemplos do estilo decorativo
de Luís XIV.
○ La salle à manger aux salles neuves – também conhecida como a sala das
porcelanas, era aqui que a família Real tinha os seus jantares privados durante o reinado
de Luís XIV. Amostras das produções da Manufacture nationale de Sèvres eram
exibidas nesta sala todos os anos, na época de Natal. Esta sala era um dos dois salões
da petite gallerie.
○ La Salle de Billard e le salon des Jeux – estas salas foram construídas em 1795 e
ocupavam o que fôra o apartamento de Madame de Montespan. A salle de Billard, tinha
uma abertura para a cave du roi, o pátio que foi criado quando o escalier des
ambassadeurs foi destruído em 1752. Acedia-se a estas salas pela salle à manger aux
salles neuves e eram usadas pela família Real para entertenimento de serão.
III.3 Apartamento da Rainha
Quando Louis Le Vau completou o envolvimento do palácio velho, o grand
appartement de la reine, a estrutura do Apartamento da Rainha era:
○ Chapel – Que correspondia ao Salon de Dian no Grand Appartement du Roi.
○ Salle des Gardes – foi o quarto em que aconteceu um combate entre os revoltados da
Revolução Francesa e os guardas da Rainha que morreram a tentar protegê-la. Que
correspondia ao Salon de Mars no Grand Appartement du Roi.
○ Antichambre – era a sala usada pela família Real para promover banquetes Reais em
público, também servia como sala de teatro. Correspondia ao Salon de Mercure no
Grand Appartement du Roi.
○ Chambre de la Reine – era o local usado como quarto de dormir da Rainha. Foi
invado na noite de 6 para 7 de Outubro de 1789 por revoltosos, nesta noite a Rainha foi
obrigada a fugir por um corredor secreto que ligava o quarto da Rainha com os
aposentos do Rei.Que correspondia ao Salon d’Apollo no Grand Appartement du Roi.
○ Grand Cabinet – esta sala era onde a Rainha Maria Antonieta dava as suas audiências
formais.Que correspondia ao Salon de Jupiter no Grand Appartement du Roi.
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○ Oratory – Que correspondia ao Salon de Saturne no Grand Appartement du Roi.
○ Petit Cabinet - Que correspondia ao Salon de Vénus no Grand Appartement du Roi.
A decoração do teto do Grand Appartement de la Reine descreve heroínas da
mesma época e harmoniza-as com o tema geral da decoração de cada sala em particular.
A configuração do grand appartement de la Reine mudou com a construção da Galeria
dos Espelhos. A capela foi transformada na salle des gardes de la Reine.
A partir de 1683, o Grand Appartement de la Reine incluía:
○ Grand Cabinet d’Angle
○ Antichambre (antigamente a salle des gardes)
○ Chambre de la Reine
○ Grand Cabinet
○ Salle des Gardes de la Reine
Com a morte de Luís XIV, e a ascensão ao trono de Luís XVI, Maria Antonieta ordenou
que fizessem importantes redecorações ao Grand Appartement de la Reine. Aqui o
apartamento da Rainha alcançou a organização que podemos ver atualmente.
○ Salle des Gardes de la Reine – este quarto não foi alterado pela rainha. Foi via esta
sala que a gentalha de Paris, a qual atacou Versalhes na noite de 6 para 7 de Outubro de
1789, acedeu ao palácio.
○ Antichambre – esta sala foi convertida na antichambre du grand couvert. Era nesta
sala que a Familia Real jantava em público.
○ Grand Cabinet – esta sala foi convertida no Salon des Nobles. Quando não era usada
para audiências formais, o Salon des Nobles servia de antecâmara do quarto da Rainha.
○ Chambre de la Reine – esta era a sala de dormir da Rainha.
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III.4. Galeria dos Espelhos
Figura 4 Galeria dos Espelhos
Como principal obra da terceira etapa de construção de Luís XIV, temos a
construção da Galerie des Glaces – Galeria dos Espelhos – que começou em 1678.
A principal caraterística desta sala são os dezassete espelhos em arco que
refletem as dezassete janelas igualmente arcadas que dão vista para os jardins. Cada
arco contém 21 espelhos com um total de 357 espelhos no conjunto da decoração da
galerie des glaces.
“A Galeria dos Espelhos conjuga o perfeito requinte artístico com
um conteúdo muito complexo: uma série de quadros alegóricos ilustram a
história de França até à Paz de Nimega. Os exuberantes reflexos de luz nos
inúmeros espelhos remetem toda a restante decoração para a sombra. Os
espelhos reflectem tanto a luz solar como a luz das velas, dando vida à
metáfora do Rei-Sol.” (ROLF 2004: 136)
As dimensões da galerie des glaces são 73m de comprimento por 10,5m de
largura, por 12,3m de altura (239,5 pés x 34,4 pés x 40,4 pés). A Galeria dos Espelhos e
os seus dois salões continuou a ser construída até 1684, época em que era muito usada
para as funçõs da Corte e do Estado.
A decoração do teto é dedicada às vitórias militares de Luís XIV. A decoração
original mostrava as façanhas de Apolo – esta foi rejeitada pelo rei. A seguinte
decoração mostrava as façanhas de Hércules. Esta foi novamente rejeitada pelo Rei. A
decoração final representava as vitórias militares de Luís XIV.
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Durante o século XVII, a galerie des glaces foi usada diariamente por Luís XIV
quando se deslocava dos seus aposentos privados para a capela. Nesta época na galerie
des glaces e nos grands appartements, ainda existiam mobílias em prata.
Nos reinados de Luís XV e Luís XVI, a galerie des glaces continuou a servir
para funções familiares e para funções da corte. Nesta sala foram festejadas
Embaixadas, nascimentos e casamentos.
Em 28 de Junho de 1919, Clemenceau escolheu a Galeria dos Espelhos para
assinar o Tratado de Versalhes, que pôs fim à 1ª Guerra Mundial. A Galeria dos
Espelhos ainda é posta ao serviço do Estado da Quinta República Francesa, tais como
recepções para chefes-de-estado em visita, como a recepção que foi dada para o
presidente John Kennedy.
“A Galeria dos Espelhos, assim como os espaços representativos contíguos...
todos eles constituíam o enquadramento sumptuoso para as celebrações da corte e para a
recepção dos convidados mais disntintos”. (ROLF 2004: 136)
III.5. Capelas de Versalhes
Figura 5 Atual Capela de Versalhes
Durante o reinado de Luís XIV existiam 5 capelas. Um dos aspectos mais
curiosos de Versalhes é precisamente a sua sucessão de capelas. Por razões de ordem
estética e até grau de importância, apenas será abordada aqui a quinta capela.
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Quinta Capela
Como obra principal da quarta etapa de construção de Luís XIV, a capela final
do Palácio de Versalhes é uma obra-prima. A construção iniciou-se em 1689, e foi
suspensa devido à Guerra da Liga de Augsburgo. A sua construção foi retomada em
1699 por Jules Hardouin-Mansart, que continuou a trabalhar no projeto até à sua morte
em 1708, foi concluído pelo seu cunhado, Robert de Cotte.
Esta capela era dedicada a São Luís a quem foi consagrada em 1710. O modelo
palatino desta capela é tradicional.
O chão da capela é feito em mármore multicor e nos degraus com acesso ao altar
está o monograma coroado de Luís XIV, “L’s” entrelaçados. O teto da nave representa
“Deus Pai na sua Glória que traz ao Mundo a promessa da Redenção” e foi pintado por
Antoine Coypel. A meia cúpula da ábside foi decorada com “A Ressureição de Cristo”
por Charles de LaFosse, e por cima da tribuna Real está “A Descida do Espírito Santo à
Virgem e aos Apóstolos” por Jean Jouvenet.
A decoração da capela refere-se ao Velho e ao Novo Testamento. Durante o
século XVIII, houve muitos eventos da corte nesta capela. Foram cantados Te Deums
para celebrar vitórias militares e o nascimento de filhos dos Reis, também foram
celebrados casamentos na capela, tal como o casamento do delfim – mais tarde Luís
XVI – com Maria Antonieta em 1770. De todas as cerimónias realizadas na capela, a
mais elaborada foi a associada à Ordem do Espírito Santo5. A capela atualmente foi
reconsagrada, serve como local para concertos de câmara
5 Ordem de Espírito Santo - A Ordem do Espírito Santo, também conhecida como Ordem dos
Cavaleiros do Espírito Santo, (Francês: L'Ordre du Saint-Esprit ou L'Ordre des Chevaliers du
Saint-Esprit) foi uma ordem de cavalaria subordinada a monarquia francesa. Fundada por Henrique III,
Rei da França em 1578, ele deu o nome do Espírito Santo a esta ordem, porque ele nasceu no dia da
Páscoa do Espírito Santo ou Pentecostes, e realizada na mesma data do aniversário da sua eleição para a
coroa da Polônia e da sucessão da França.
IN: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ordem_do_Esp%C3%ADrito_Santo
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III.6. Grand Trianon
Este edifício foi mandado construir por desejo de Luís XIV com o objectivo de
se poder refugiar da Corte. Jules Hardouin-Mansart, o novo 1º Arquitecto do Rei, foi
quem ficou encarregue desta obra, este construiu o exterior em mármore. Foi
inaugurado no Verão de 1688, por Luís XIV e pela Madame de Maintenon.
Neste pequeno palácio viveu a Rainha de Luís XV, Maria Leszcynska, em 1740.
Mas Luís XV desinteressou-se totalmente do lugar. Maria Antonieta por outro lado
preferia bastante mais do que este, o Petit Trianon.
Este palácio foi muito abalado com a Revolução Francesa, foi preciso esperar
por Napoleão Bonaparte, para que este pequeno palácio recuperasse a importância que
antigamente tinha. Em 1805, Napoleão Bonaparte manda restaurar os dois palácios, O
Grand Trianon e o Petit Trianon.
De 1809 a 1810, o palácio foi remobilado. Entre 1809 e 1813 O Imperador fez
grandes serões no Grand Trianon. Aqui foi celebrado o seu casamento com Marie-
Louise, Imperatriz.
De 1830 a 1848, o palácio foi redecorado a mando de Marie-Louise para ela aí
residir. Atualmente o Grand Trianon serve de cenário para as receções oficiais da
República.
O estilo do Grand Trianon era uma mistura do estilo clássico Francês com o
estilo Italiano. Entra-se no pátio por um portão baixo, á direita encontra-se o edifício
Fig. 6 Grand Trianon visto dos seus jardins.
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Norte, à esquerda fica o edifício Sul coberto por um telhado plano. As paredes são
revestidas por uma pedra branca, as pilastras são em mármore rosa do Languedoc.
III.7. Petit Trianon
Figura 7 Fachada Oeste do Petit Trianon
O Petit Trianon é um pequeno palácio, nos jardins de Versalhes, construído no
século XVIII. Foi construído a mando de Madame de Pompadour, para o seu amante
Luís XV.
Jacques Ange Gabriel ficou encarregue desta obra que duraria 6 anos, entre 1762
e 1768. Foi construído no antigo Jardim Botânico do Rei. O Petit Trianon foi
inaugurado pelo Rei, Luís XV, e pela sua nova favorita, Madame du Barry, a sua nova
amante, porque a Madame de Pompadour morreu em 15 de Abril de 1764. Madame du
Barry, considerada Condessa du Barry foi obrigada a abandonar o palácio, porque Luís
XV morreu em 1774.
Quando Luís XVI subiu ao trono, ofereceu o Petit Trianon à sua mulher Maria
Antonieta dizendo: “Vós amais as flores, Senhora, tenho um bouquet a oferecer-vos. É
o Trianon.” Depois disto Maria Antonieta ordenou obras no seu domínio. Com a vinda
da Revolução Francesa o palácio caiu no esquecimento. A Rainha Marie-Louise
restaurou uma vez, e mais tarde uma segunda vez pela Imperatriz Eugénia de Montijo,
durante o Segundo Império.
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Conclusão
Com a realização desta monografia aprofundei o conhecimento sobre este tema
que sempre despertou em mim grande interesse e curiosidade.
O Barroco definiu-se a si próprio como uma peça de teatro, o dito teatro mundi,
o palco, esse foi a magnificente corte. Todas as manifestações de vida quotidiana se
transformaram em mito. Versalhes é o exemplo perfeito disso. Todos os atos públicos
do rei, constituíam um cerimonial, que refletia a sua majestade e origem divina.
Versalhes é um palácio de grande imponência e de um conteúdo histórico
inabalável, a sua riqueza histórica e cultural ainda se faz sentir na atualidade.
O aspeto atual do palácio não deixa adivinhar, a sua figura inicial, pois sofreu ao
longo dos vários séculos e dos vários reinados, uma evolução construtiva, que se relfetiu
sobretudo na sua adornação e nos vários anexos que foram sendo acrescentados nas
quatro etapas construtivas que referi ao longo da Monografia.
Todos os espaços estavam sintonizados com a interpretação alegórica do Rei-
Sol. A privacidade não existia, e o quarto do monarca era o centro fulcral de todos os
acontecimentos, por isso se tornou lugar de culto e centro do poder.
Em nenhuma época, a arquitetura funcionou tão claramente como expressão e
metáfora do poder absoluto. Versalhes e as sua ampliação foi só um dos acontecimentos
mais espetaculares a nível construtivo, realizado por desejo real.
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Bibliografia
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Arte. Lisboa: Editorial Estampa;
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Lisboa: Editorial Presença;
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Maria Manuela Soares Faure da Rosa. Lisboa: Publicações Europa-América;
HATTON, Ragnhild (1969) – A época de Luís XIV, Trad. António Gonçalves Mattoso.
Lisboa: Editorial Verbo;
JANSON, H. W. (7ª Edição, 2005) – História da Arte. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian;
ROLF, Toman (2004) – O Barroco | Arquitectura, Escultura e Pintura. Trad. Maria da
Luz Cidreiro. Köln: Könemann;
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