PAINEL: ATIVIDADES TURÍSTICAS EM UNIDADES DE
CONSERVAÇÃO – UCs
Prof. Dr. Sidnei Raimundo EACH-USP
O que é uma Unidade de Conservação?
Espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais,
com características naturais relevantes, legalmente instituídas pelo Poder
Público, com o objetivo de conservação e limites definidos, sob regime especial
de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.
Art. 2º do SNUC, 2000.
Finalidades de uma Unidade de
Conservação apoiadas em um tripé:
•Proteção dos recursos naturais;
•Desenvolvimento de pesquisa sobre
suas características sócio-ambientais; e
•Oferecimento de áreas para lazer,
turismo, recreação e educação
ambiental à comunidade
Fonte Robim (1999), Milano (1997)
Programa de Uso Público
ATIVIDADES TURÍSTICAS EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
IMPACTOS
Como ampliar/potencializar os
impactos POSITIVOS?
Como reduzir/eliminar os
impactos NEGATIVOS?
Técnicas mais consagradas:
C.C.
VIM
VERP
LAC
VAMP
ROS
TOMM
Foco no visitante
-Busca por uma conscientização
ambientalista; Turista mais
“responsável” / modificar as
atitudes e práticas pessoais.
Foco na comunidade do
entorno
- Promove bem estar das
populações; “Harmonia” entre
visitantes e visitado/ facultar às
comunidades o cuidado com seu
ambiente.
(Interpretação Ambiental)
1. Pequena Escala de interferência / manter-se dentro da capacidade de carga da Terra;
2. Respeito ao Meio Ambiente Natural / conservar a vitalidade e a diversidade da Terra;
3. Distribuição eqüitativa entre empreendimento e comunidades receptoras;
4. “Harmonia” entre visitantes e visitado/ facultar às comunidades o cuidado com seu ambiente;
5. Turista mais “responsável” / modificar as atitudes e práticas pessoais.
ATIVIDADES TURÍSTICAS EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
ECOTURISMO
Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza,
de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural,
incentiva sua conservação e busca a formação de uma
consciência ambientalista por meio da interpretação do
ambiente, promovendo o bem-estar das populações
(BRASIL, 1994; BRASIL, 2010)
•Contribui para a conservação;
•Busca uma conscientização
ambientalista (Interpretação Ambiental)
•Promove bem estar das populações
Picinguaba
0
1
2
3
Caraguatatuba
0
1
2
3
Itutinga-Pilões
0
1
2
3
Picinguaba
0
1
2
3
Caraguatatuba
0
1
2
3
Itutinga-Pilões
0
1
2
3
Picinguaba
0
1
2
3
Caraguatatuba
0
1
2
3
Itutinga-Pilões
0
1
2
3
Picinguaba
0
1
2
3
Caraguatatuba
0
1
2
3
Itutinga-Pilões
0
1
2
3
O q
ue sã
o ec
ossis
tem
as?
Qua
is os
eco
ssist
emas
típ
icos
da
regi
ão?
Exist
em re
laçõ
es e
ntre
a
flore
sta
e o
man
guez
al?
Exist
em re
laçõ
es e
ntre
m
angu
ezai
s e
o m
ar?
Grau de aprendizagem/sensibilização de visitantes dos Núcleos
do PESM sobre as relações ecológicas da área.
0 (zero) Já havia
conhecimento;
(1) Não houve
aprendizado;
(2) Houve aprendizado
parcial;
(3) Houve muito
aprendizado.
FONTE: SANSOLO, RAIMUNDO (2016, p. 50)
Abordagem tradicional
• Programa de Uso Público: define/indica as atividades a serem desenvolvidas, estabelecendo as normas e diretrizes para sua execução, vinculadas ao componente educativo para a estimulação do aprendizado e não o simples entretenimento. (MILANO, 2001). (grifo nosso) – O “entretenimento” não pode ser educativo? São excludentes? Como
respeitar os interesses dos visitantes e ao mesmo tempo atingir objetivos educativos? E ligados à conservação da Natureza?
• Compatibilizar ações no sentido de atingir objetivos distintos: conservação/recuperação do ambiente, atividades recreativas diversas, educação e interpretação ambiental.
Como ampliar/potencializar os impactos POSITIVOS?
ATIVIDADES TURÍSTICAS EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Foco no visitante
-Busca por uma conscientização ambientalista; Turista mais
“responsável” / modificar as atitudes e práticas pessoais
Interpretação Ambiental
Foco na comunidade do entorno
- Promove bem estar das populações; “Harmonia” entre visitantes
e visitado/ facultar às comunidades o cuidado com seu ambiente
Animação Socioambiental
-Diversidade cultural
-Participação
-Educação não formal
Uma outra abordagem possível
pensar a visitação (turistas e veranistas) no contexto do Lazer
Lazer considerado como direito constitucional.
São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta constituição (BRASIL, 1988,
Constituição Federal, art. 6º). (grifo meu).
Planejamento Participativo: demandas e aspirações sobre Lazer - comunidades
envolvidas nos processos de tomada de decisão e protagonistas das ações a
serem implantadas
Inclusão Social: renda, empoderamento, pertencimento
Uma outra abordagem possível (cont.)
pensar uma “educação pelo lazer”. (processo educativo não formal)
No tempo livre, as pessoas estão afeitas a uma aprendizagem não formal.
Lazer, contribuindo para conquistar um maior envolvimento e conscientização do
visitante quando atividades de recreação trabalham / estimulam seus sentidos.
passagem de um visitante passivo, para um crítico e criativo
Animação Socioambiental e a Interpretação Ambiental
A atitude ativa, em primeiro lugar consiste em criar um estado total de
disponibilidade, para viver integralmente a vida imaginária que lhe é
oferecida, a fim de que sejam inteiramente liberados os mecanismos de
projeção e identificação, sem o que não haverá uma participação efetiva.
Esse é o momento de “sonho acordado”. (DUMAZEDIER, 2004. P. 260)
interesses culturais: os artísticos, os intelectuais, os físicos, os manuais e os
sociais (Dumazedier,1980); Camargo (1986) acrescentou um sexto, o turístico.
PRINCÍPIOS DA INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL:
• Relacionar o ambiente visitado com algo da personalidade ou
experiência do visitante;
• Provocar o visitante (avivar sua curiosidade e o interesse) com
questões orientadoras. A interpretação inclui informação, mas o
propósito principal da interpretação é a provocação -;
• Privilegiar atividades lúdicas
• Apresentar os fenômenos na sua totalidade, evitando a
fragmentação.
INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL versus EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Estudo de Caso: Parques Naturais – Sul do Município de São Paulo Carência de Lazer nas comunidades
“A mesma pessoa que vem na missa da manhã ,vem na da tarde, na da noite. Não é só uma questão de fé, tem a fé, mas é que não tem nada para fazer” – (Padre Marcos – Bairro Branca-Flor)
“...estamos carentes de locais agradáveis, que dê para passear com a sua família aos finais de semana, que dê para levar um filho para fazer um trabalho escolar onde ele está tendo contato com a natureza” (Edson Pereira, prof. de matemática, de escola no Jd. Cinira)
“...a escola fica como uma opção de lazer de final de semana. Nem se pensa, nem se cogita fechar a escola da família aqui. É uma das poucas opções de lazer que eles têm dentro do bairro. Mesmo para as mulheres. (...) Eu tenho alunos aqui no terceiro ano, [que] pela primeira vez foi ao um teatro. E isto foi proporcionado pela escola” (Sonia, vice-diretora de escola. Jd. Branca-Flor)
“... E tem o espaço da igreja católica. Ali na igreja católica, eles fazem um trabalho muito bonito com as adolescentes e os adolescentes. Tem música, tem violão, tem gincana, tem quermesses, tem bastante atividades. Mas assim, ao ar livre, ao lado do meio ambiente, ao lado das árvores, com as plantas, não tem nada”. (Sandra, ONG CADIMA, Jd. Cinira)
Oportunidades e Expectativas
Apresentação do grupo Clariô – abril de 2010 – Espaço Cultural Branca Flor http://www.itapecerica.sp.gov.br/noticia/noticia.php?not_id=130 Acesso em 13/08/20104
Peças de teatro, com temas ambientais, podem ser oferecidas pelas estruturas do parque. O público comparece...
O que os moradores esperam do parque:
- estudos do meio
“...trabalhando até mesmo uma disciplina, como Geografia, como Biologia, como Ciências, dependendo da série. Estar levando esse aluno, tirando do ambiente, do funcional, que, muitas vezes, acaba sendo metódico, e levando para fazer um trabalho da incursão num parque, uma coisa totalmente diferenciada, onde ele vai fixar, ele vai guardar muito mais a lembrança e o conhecimento em si.” (Edson, prof. de matemática, escola Jd. Cinira)
- Atividades Manuais / corporais
“Eu creio que a vontade maior seja corporal, para elas trabalharem o corpo e a mente.” (Ana Cassia, moradora do Jd. Branca-Flor)
Serralheiro trabalhando com artesanato de sucatas
- Atividades esportivas “Natação Cara! Água. Criança quer água, criança gosta muito de interagir com água. Você ofereceu água para a criança acabou cara! Ela não quer futebol, ela não quer bicicleta, não quer nada. Entende? Tirando da água, cavalos, um espaço para eles andarem a cavalo Cara. Entende?” (Paulo, artesão, Jd. Branca-Flor) “O que eu gostaria, ah, um espaço que dê para fazer cooper, fazer um exercício físico, eu acho que é super necessário” (Edson, prof. de matemática, escola Jd. Cinira)
- Atividades lúdicas e recreativas (físicas, manuais)
Bom, um espaço (...) diferenciado por idades. Por exemplo, um play-ground, onde a gente teria atividade para criança até seis e sete anos(...)
Alguma coisa que eles não tenham, porque o campo de futebol, praticamente, cada bairro tem o seu campo, acho que não precisamos de campo de futebol no momento. Nós precisamos de atividades, aí teria que ver de acordo com os bairros que vão utilizá-lo, qual a maior faixa de idade que se tem no bairro, algo desse gênero, de quadras que sejam feitas os usos devido a idades, que seja separado (...)” (Ana Cassia, moradora do Jd. Branca-Flor)
- Atividades artísticas e intelectuais
“...eu acho que dá para envolver lazer, cultura, um espaço com aprendizado, biblioteca – porque o bairro é extremamente carente de biblioteca. (...) Acho que até um espaço de informatização. A escola tem uma sala de informática, mas, no entanto ela não consegue atender a demanda.” (Sonia, diretora, escola Jd.Branca-Flor)
BRASIL. Diretrizes para uma Política Nacional do Ecoturismo. Brasília: Ministério da Ind. Com. e Turismo – MICT; Ministério do
Meio Ambiente, 1994.
CAMARGO, L. O. L. O que é lazer. São Paulo: Brasiliense, 1986.
DUMAZEDIER, J. Lazer e cultura popular. Tradução de Maria de Lourdes Santos Machado. 3 ed. São Paulo: Perspectiva. 2004.
DUMAZEDIER, J. Valores e conteúdos culturais do lazer. São Paulo: SESC, 1980.
MILANO, M. S. Unidades de Conservação. Conceitos básicos e princípios gerais de planejamento, manejo e administração. In:
Curso de Manejo de Áreas Naturais Protegidas. Curitiba: UNILIVRE. 1997, p.1-60.
MILANO, M. S. Unidades de conservação: técnica, lei e ética para a conservação da biodiversidade. In: BENJAMIM, A. H. (coord.).
Direito ambiental das áreas protegidas: o regime jurídico das unidades de conservação. Rio de Janeiro: Forense Universitária,
2001.
MOLINA E. Sergio. Turismo e ecologia. Tradução de Josely Baptista, Bauru (SP): Edusc, 2001, 222p.
RAIMUNDO S.; MARTINS, A.; SCÓTOLO, D.; MATHEUS, F.; CASTRO, J.; VALLE, P.; FERREIRA, P. Relatório Final do Projeto
de Pesquisa: Participação Política e Turismo na Gestão de Áreas Naturais no Estado de São Paulo. Janeiro de 2016
(Edital MCTI/CNPq/MEC/CAPES Nº 43/2013).
RAIMUNDO, S. Sustainability in Tourism. In: Guilherme Lohmann; Alexandre Panosso Netto (Org.). Tourism Theory: Concepts,
Models and Systems. 1ed. Oxfordshire (UK); Boston (USA): Cabi, 2017, v. 1, p. 132-138.
RAIMUNDO, S.; PACHECO, R. Parques Naturais do sul da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP): os desafios para uma
animação socioambiental. In: José Dantas Lima Pereira; Marcelino de Sousa Lopes; Marina Alexandra Maltez. (Org.). Animação
Sociocultural: turismo, patrimônio, cultura e desenvolvimento local. 1ed.Chaves, Portugal: Intervenção, 2014, v. 1, p. 123-132.
RAIMUNDO, S.; PACHECO, R.; COSTA, B. M. Construindo um programa de uso público para unidades de conservação em áreas
metropolitanas: a experiência dos Parques Naturais Municipais de Itapecerica da Serra e Embu das Artes - RMSP (SP). Olam:
Ciência & Tecnologia (Rio Claro. Online), v. 11, p. 196-221, 2011.
ROBIM, M. de J. Análise das características do uso recreativo do Parque Estadual da Ilha Anchieta: uma contribuição ao
manejo. Tese (Doutorado em Ecologia e Recursos Naturais). Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Universidade Federal
de São Carlos, São Carlos (SP), 1999, 161p.
RUSCHMANN, Doris van D. Turismo e planejamento sustentável: a proteção do meio ambiente, Campinas: Papirus (coleção
turismo), 1997, 199p.
SANSOLO; D. RAIMUNDO, S.; BUSSOLOTI, J; SIMÕES, E. Relatório Final do Projeto: o contexto territorial e ambiental no
programa de uso público do Parque Estadual Serra Do Mar (Processo FAPESP: 2013/20035-3), 2016, 116p. (rel. não
publicado).
SWARBROOKE, J. Sustainable tourism management. Wallingford, UK: CABI, 1999.
Referências bibliográficas
Obrigado pela atenção ! Contatos:
Prof. Dr. Sidnei Raimundo
Escola de Artes, Ciências e Humanidades -
Universidade de São Paulo.
Sala 202-F, Prédio I-1. Rua Arlindo Bettio, 1000.
03828-000 - São Paulo, SP - Brasil
Fone: +55 (11) 3091-8861
Grupo de Pesquisa: Territorialidades, Políticas
Públicas e Conflitos na Conservação do
Patrimônio.
(http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/21000762603
61857)
http://each.uspnet.usp.br/site/
http://lattes.cnpq.br/0352060547192132
Top Related