OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
A IMPORTÂNCIA AMBIENTAL E ECONÔMICA DA COLETA
SELETIVA DE LIXO
Eudamar Francescon Fin1 Pierre Alves Costa2
Resumo: Entre os problemas ambientais na atualidade destaca-se a problemática relacionada à
questão da produção de resíduos sólidos, bem como seu destino correto, haja vista o alto padrão de
consumo na atualidade. Esta pesquisa tem como intuito demonstrar que a separação correta dos
resíduos pode contribuir para melhorar o ambiente em que vivemos, visto que nossos educandos
possuem a teoria sobre essa problemática, mas na maioria das vezes não há prática. Nesse sentido,
torna-se imprescindível que tais questões sejam discutidas no âmbito escolar, tendo em vista que o
objetivo da escola é a formação de cidadãos mais conscientes. Nessa perspectiva, o presente artigo
surgiu da necessidade de se promover uma educação ambiental na escola com os alunos e suas
famílias, estimulando mudanças de hábitos e de valores. Foram desenvolvidas as seguintes etapas:
revisão bibliográfica; aulas sobre a temática do lixo; visita à usina de reciclagem; aplicação de
questionário e entrevista com os catadores; separação dos resíduos orgânicos e sólidos, recicláveis e
não recicláveis; e apresentação dos resultados em sala. Entre os resultados, ficaram evidenciadas:
conscientização em relação ao destino correto dos resíduos sólidos, bem como a lucratividade que os
mesmos podem trazer; valorização das pessoas envolvidas no processo; e consequências do destino
incorreto dos resíduos. Por fim, observou-se mudanças na forma de pensar e agir dos envolvidos
neste projeto diante da problemática dos resíduos sólidos.
Palavras chave: Resíduos. Reciclagem. Catadores. Meio ambiente.
Introdução
Vive-se em uma sociedade capitalista e consumista em que consumir
exageradamente faz parte da cultura. Com esse hábito são produzidos muitos
resíduos, sendo que os mesmo quando depositados em locais inadequados acabam
por causar sérios danos ambientais. Dessa forma, problematizar as mudanças do
1 Profº PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional). Licenciada em Geografia pela UNIJUÍ- Ijuí-
RS. Docente da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná. E-mail: [email protected] 2 Licenciado e Bacharel em Geografia (UFRJ). Mestre em Geografia (UFRJ). Doutor em História
(UFF). Professor dos Cursos de Graduação, Especialização e Mestrado em Geografia da Unicentro – PR. Vice-Líder do Grupo de Pesquisa Estudos da Dinâmica Econômica (CNPq). Co-coordenador do Laboratório de Estudos em GeoEconômica (LABGECON) – Unicentro. E-mail: [email protected]
espaço geográfico na escola é um caminho importante para que a comunidade
escolar compreenda a relevância de respeitar e preservar o espaço em que vivem,
para que façam o destino correto os resíduos, contribuindo com o ambiente e com
as pessoas que sobrevivem da coleta. Acredita-se que com a mudança de postura,
somada a atitudes simples podem colaborar para um ambiente mais saudável.
No início da ocupação humana, os resíduos eram em sua grande maioria,
orgânicos, sua decomposição era rápida e o produto residual não era tóxico. A partir
da Revolução Industrial (1780) e, principalmente, após o século XIX, com o
crescimento das empresas houve um incentivo maior ao consumismo, e com isso
aumentou a produção de resíduos pela população, fato que compromete atualmente
seu destino e tratamento.
Esse consumismo foi incentivado em grande medida pelo modo de produção
e de regulação do Fordismo. O qual nasce nos Estados Unidos no início do século
XX; e, após a Segunda Grande Guerra (1939-1945) irá influenciar principalmente o
mundo ocidental criando a sociedade do consumo e do desperdício; onde a
sociedade estadunidense se tornou o “exemplo a ser copiado”.
As questões ambientais são complexas e requerem o envolvimento da
população mundial para que sejam adotadas medidas eficientes para os problemas
ambientais que são de um modo geral de dimensões globais. As conferências
internacionais são importantes para que sejam discutidos mecanismos a fim de
amenizar os impactos ambientais. A Conferência de Estocolmo foi realizada em
1972 na Suécia, foi o primeiro evento mundial a discutir os impactos da sociedade
sobre o meio ambiente. A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, também conhecida como Rio-92 ou ECO-92, foi realizada vinte
anos depois da Conferência de Estocolmo, no Rio de Janeiro e reuniu 172 países,
contando com a participação da sociedade civil.
Definiu-se que os diversos países do mundo deveriam, a partir daquela data,
empreender ações concretas, no sentido da melhoria das condições sociais e
ambientais, tanto em nível local quanto planetária. Em 2002, a ONU realizou a
Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento Sustentável em
Joannesburgo, na África do Sul. Conhecida como Rio+10, com objetivo rever as
metas propostas pela Agenda 21 e implementar o que já estava em andamento. A
expectativa era de que houvesse a definição de uma ação global que conciliasse o
desenvolvimento econômico e social com a preservação do ambiente. Depois disso,
a Rio + 20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável,
foi realizada no Rio de Janeiro no período de 13 a 22 de junho de 2012. Essa
Conferência também tratou das questões ambientais abordados nas anteriores. A
diferença é que o foco principal desse encontro foi o Desenvolvimento Sustentável.
Nos dias atuais, as problemáticas ambientais abriram uma discussão em
relação às mudanças que devem ser adotadas para cessar, diminuir ou amenizar a
degradação ambiental a nível local, regional ou global. Tendo em vista que a
educação sobressai como recurso para transformar a sociedade. Através da coleta
seletiva do lixo é possível mostrar à comunidade escolar a importância do
desenvolvimento de uma nova ética, a sustentabilidade.
Alguns conceitos relacionados à temática do lixo
Os resíduos sólidos surgem como uma ameaça à população, pois crescem
diariamente e suas consequências nem sempre são visíveis a toda população. A
sociedade moderna por anos produziu lixo, e, sua principal preocupação era que o
mesmo estivesse longe dos olhos de quem o produziu, ocorrendo assim poluição do
ambiente pela necessidade de livrar-se daquilo que para o homem era inútil.
Quanto aos resíduos, é importante destacar que a poluição provoca
desequilíbrio na natureza. Ela acontece quando a natureza recebe substâncias que
não pode absorver ou decompor. A sociedade produz resíduos em todos os setores
da economia, alguns são recicláveis e outros não, seu descarte também possui
diferentes destinos.
Durante muito tempo, resíduos foram lançados a céu aberto, seja nos
quintais, terrenos baldios, ruas ou nas margens dos rios, sem a preocupação com a
poluição ou com a necessidade de reciclar. Assim, a reciclagem pode ser definida
como uma separação de papéis, plásticos, metais, vidros entre outros, para a sua
posterior transformação e reutilização na fabricação de outros produtos.
Segundo Valle (1995, p. 71):
O ato de reciclar, isto é, refazer o ciclo, permite trazer de volta, à origem, sob a forma de matéria-prima aqueles materiais que não se degradam facilmente e que podem ser reprocessados, mantendo as suas características básicas.
Assim sendo, poderíamos dizer que a reciclagem ocorre sempre que se
encontra um novo uso para alguma coisa que, até então, já não teria nenhuma
utilidade, mas que seu material substitui perfeitamente a matéria prima e pode gerar
renda a muitas famílias que fazem a coleta. Valle (1995, p. 74) afirma que:
Do ponto de vista social, pode-se acrescentar mais um fator que é a geração de empregos nos níveis mais baixos da sociedade, através da utilização de mão-de-obra menos qualificada, na figura dos ‘catadores’ e ‘carrinheiros’.
Os catadores compõem uma das classes menos favorecidas da sociedade,
sendo na maioria das vezes pessoas com pouca ou sem nenhuma qualificação e
com baixo grau de instrução, onde a coleta de resíduos é na maioria das vezes a
única forma de trabalho.
Nossa sociedade é considerada moderna progressista e consumista; pois,
segundo pesquisas produzimos em média aproximadamente 1 Kg de lixo a cada dia
por habitante. Considerando uma população mundial de mais de sete milhões de
habitantes são toneladas de lixo produzidas diariamente. Vivermos cercados de lixo
e cada vez consumindo mais, e sem nos perguntarmos: Tudo o que descartamos é
realmente lixo? Onde isso vai parar? Como nos livrarmos dos resíduos sem agredir
tanto o meio ambiente?
Scarlato (1992, p.03) diz: “por mais contraditório que possa parecer, o
homem, dito inteligente, vem introduzindo em seu habitat uma espécie competidora:
o lixo, resíduos da civilização”. Nossa sociedade de consumo é baseada no modelo
econômico capitalista em que a maior parte do que é produzido dura pouco ou é
descartável. Tem-se a impressão que, o que temos já saiu de moda ou tornou-se
obsoleto, e a promoção nos incentiva a consumirmos cada vez mais, o apelo ao
consumo multiplica a extração de recursos naturais aumentando a quantidade de
lixo no meio ambiente. Para Travassos (2006, p. 18):
O papel da escola não se reduz simplesmente a incentivar a coleta seletiva do lixo, em seu território ou em locais públicos, para que seja reciclado posteriormente. Os valores consumistas da população tornam a sociedade uma produtora cada vez maior de lixo. A necessidade que existe é, na verdade, de mudanças de valores.
Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000, realizada pelo
IBGE, revela uma tendência de melhora da situação de destinação final do lixo
coletado no país nos últimos anos. Em 2000, o lixo produzido diariamente no Brasil
chegava a 125.281 toneladas, sendo que 47,1% eram destinados a aterros
sanitários, 22,3 % a aterros controlados e apenas 30,5 % a lixões. Ou seja, mais de
69 % de todo o lixo coletado no Brasil estaria tendo um destino final adequado, em
aterros sanitários e/ou controlados.
Figura 1- Destino final dos resíduos no Brasil em 2000
Fonte: IBGE,2000
Esta pesquisa também revela que nas cidades com até 200.000 habitantes,
são recolhidos de 450 a 700 gramas por habitante; nas cidades com mais de 200 mil
habitantes, essa quantidade aumenta para a faixa entre 800 e 1.200 gramas por
habitante. Neste contexto a reciclagem surge como uma das alternativas de diminuir
o montante de resíduos produzidos diariamente.
Os resíduos produzidos pelos diversos segmentos da sociedade pode ser
classificado de acordo com sua composição e destino. A classificação é muito
importante, pois facilita a coleta seletiva, reciclagem, e definição do destino mais
adequado. São informações importantes para a preservação do ambiente onde
vivemos – ver quadro 1.
Quadro1- Tipos de Lixo
Lixo Orgânico
É o lixo derivado dos resíduos orgânicos. São gerados principalmente nas residências, restaurantes e estabelecimentos comerciais que atuam na área de alimentação. Devem ser separados dos outros tipos de lixo, pois são destinados, aos aterros sanitários das cidades. Ex: cascas de
frutas e legumes; restos de verduras, de arroz e de feijão, carnes e ovos.
Lixo Reciclável
É todo lixo material que pode ser utilizado no processo de transformação de outros materiais ou na fabricação de matéria-prima. São gerados nas residências, comércios e indústrias. Devem ser separados e destinados a coleta seletiva. São usados por cooperativas e empresas de reciclagem. A separação para a reciclagem deste tipo de resíduo sólido é de extrema importância, pois além de gerar empregos e renda, também contribuí para o meio ambiente. Exemplos: embalagens de plástico, papelão, potes de vidro, garrafas PET, jornais e revistas usadas, etc.
Lixo Industrial
São os resíduos, principalmente sólidos, originários no processo de produção das indústrias. Geralmente é composto por sobras de matérias-primas, destinados à reciclagem. Ex: retalhos de tecido, sobras e retalhos de metal, embalagens de matéria-prima, sobras de vidro e etc.
Lixo Hospitalar
São os resíduos originados em hospitais e clínicas médicas. São perigosos, pois podem apresentar contaminação e transmitir doenças para as pessoas que tiverem contato. São destinados para empresas especializadas no tratamento deste tipo de lixo, onde são incinerados. Ex: curativos, seringas e agulhas usadas, material cirúrgico usado, restos de medicamentos partes do corpo humano extraídos em procedimentos cirúrgicos.
Lixo Comercial
É aquele produzido pelos estabelecimentos comerciais como, por exemplo, lojas de roupas, brinquedos e eletrodomésticos. Este lixo é destinado à reciclagem, formado por embalagens plásticas, papelão e diversos tipos de papéis.
Lixo Verde
É aquele que resulta, principalmente, da poda de árvores, galhos, troncos, cascas e folhas que caem nas ruas. Por se tratar de matéria orgânica, poderia ser utilizada para compostagem, produção de adubo orgânico e até confecção de objetos de artesanato. Infelizmente, no Brasil, ele é destinado quase exclusivamente aos aterros sanitários.
Lixo Eletrônico
São os resíduos gerados pelo descarte de produtos eletroeletrônicos que não funcionam mais ou estão muito superados. Ex: televisores, rádios, impressoras, computadores, geladeiras, micro-ondas, telefones e etc.
Lixo Nuclear
É aquele que é gerado, principalmente, pelas usinas nucleares. É um lixo altamente perigoso por se tratar de elemento radioativo. Devem tratados seguindo padrões rigorosos de segurança. Exemplos: sobras de urânio utilizados em usinas nucleares e elementos radioativos que compõem aparelhos de raio-x.
Lixo Espacial
É o lixo gerado a partir das atividades espaciais. Ficam na órbita terrestre, gerando uma grande poluição espacial. Exemplos: satélites desativados, ferramentas perdidas em missões espaciais, resíduos de tintas e pedaços de foguetes espaciais.
Fonte: Sua pesquisa.com e artigos diversos
A Política Nacional de Resíduos Sólidos do Paraná tem como principal
objetivo eliminar 100% dos lixões e reduzir 30% dos resíduos gerados. Mas para
que estas metas sejam alcançadas, é necessária a participação da sociedade
através da mudança de hábitos de consumo e atitudes evitando o desperdício e
reutilizando materiais através da reciclagem.
O Paraná produz diariamente 20 mil toneladas de resíduos e possui 181
municípios com lixões a céu aberto. Independentemente do tamanho das cidades,
muitas delas ainda sofrem pela falta de um programa adequado e de um sistema
correto de saneamento ambiental. Com o objetivo de melhorar a situação, o Estado
vem procurando implementar algumas ações tais como:
Estimular o estabelecimento de parcerias entre o poder público, setor produtivo e a sociedade civil, através de iniciativas que promovam o desenvolvimento sustentável; Implementar a gestão diferenciada para resíduos domiciliares, comerciais, rurais, industriais, construção civil, de estabelecimentos de saúde, podas e similares e especiais; Estimular a destinação final adequada dos resíduos sólidos urbanos de forma compatível com a saúde pública e a conservação do meio ambiente; Capacitar gestores ambientais envolvidos em atividades relacionadas no gerenciamento integrado dos resíduos sólidos; Estimular, desenvolver e implementar programas municipais relativos ao gerenciamento integrado de resíduos (PARANÁ, 2015a, p.1).
Em se tratando do ensino de Geografia lembra-se que esta ciência instiga
muito o aluno a pensar, em razão da grande área de abrangência na qual estuda a
realidade. Uma das realidades vividas pelo mundo é com respeito ao meio ambiente
e ao lixo, referente à sua reciclagem e de atitudes e hábitos que podem ser
modificados pelos indivíduos abertos à mudanças.
Neste sentido, Oliveira et al. (2012) salientam a inserção da educação
ambiental como parte da educação formal ou não formal, com o objetivo de que a
população compreenda a situação vivida pelo planeta:
A educação formal exerce o papel de preparar o educando a aprender, a aprender a respeitar o próximo, a natureza, enfim a vida, pois através da educação o mesmo aprende a ser ético, humano, aprende a viver em grupo e a lutar pelo seu bem e dos demais. A educação hoje pode ser o principal passo para conduzir o rumo que o futuro habitante da terra terá (OLIVEIRA et al., 2012, p.2).
Para Salvador et al. (2015), a educação ambiental se caracteriza como
alternativa para a mudança de comportamento das pessoas, devendo ter como
objetivo principal a busca de valores que conduzam a uma convivência harmoniosa
com o ambiente e as demais espécies.
Por isto, quando selecionado o lixo como temática para o ensino da
Geografia, é importante destacar as considerações de Santos et al. (2010, p.2), de
que “A interação do aluno com seu meio social é vista como um fator importante
para o desenvolvimento de uma aprendizagem significativa, pois para que esta se
efetive defende-se que é fundamental que o aluno se torne íntimo do objeto de
conhecimento”.
De todo modo, ensinar com a prática da pesquisa, da visão experiencial do
fato ou fenômeno implica em um aprendizado que coloque o aluno no centro da
discussão sobre a importância de cuidar e de preservar a natureza e o meio
ambiente, buscando despertar nele o interesse e a compreensão sobre os
problemas vividos no tempo presente, com os recursos da educação ambiente e, na
escola, como espaço ideal de abordagem do tema (OLIVEIRA et al., 2012).
Ao abordar o lixo como temática, o trabalho com este tema envolve uma
visão ampla de mundo, a clareza da finalidade do ato educativo no qual o aluno é o
principal elemento na aprendizagem, mediante participação ativa e preparo para ser
um agente transformador (SALVADOR et al., 2015).
Salientam Araújo et al. (2007, p.35), o lixo é visto como algo não mais
necessário ao ser humano e ao seu cotidiano, como resíduos que incluem restos de
alimentos e mesmo os venenos expelidos pelas fábricas. A sua destinação é motivo
de preocupação em razão da gravidade de um problema que se produz
cotidianamente, pelos governos de países e especialistas de diferentes áreas do
conhecimento.
Certamente, esta temática requer reflexão que se apresenta na ordem do
dia, sendo que a busca por alternativas tem início no desenvolvimento de atividades
que façam despertar a consciência individual e coletiva para que as mudanças de
hábitos e de atitudes passem a ser uma realidade, como uma tarefa a ser realizada
por todos (ARAÚJO et al., 2007).
Abordar a temática do lixo, na escola, tem sido frequente em disciplinas de
Ciências e Geografia, incluindo o Português e a Matemática, quando definido o
ensino multidisciplinar (FERREIRA, 2013), mas também é pensada quando a
disciplina de Química utiliza a temática do lixo para levar o aluno a aprender e a
experimentar, de forma contextualizada, os conceitos químicos, transformações da
matéria, densidade, polímeros e separação de misturas (SANTOS et al., 2010).
No contexto da temática do lixo para o ensino em sala de aula, diferentes
limitações podem ser verificadas: Araújo et al. (2007) desenvolveram uma
experiência com professores da rede estadual de ensino de Alagoas, com o projeto
inserido no Programa de Iniciação à Pesquisa Científica (PROEM).
Esta proposta, segundo Araújo et al. (2007, p.35):
Teve como objetivo construir um perfil da comunidade na qual a escola estava inserida através da análise dos vestígios materiais (lixo) ali produzidos diariamente. Procedendo assim uma articulação com a temática ambiental a partir da necessidade de preservação dos recursos naturais para a melhoria da qualidade de vida do planeta, e ainda, introduzir elementos da metodologia da pesquisa na prática pedagógica; além de possibilitar o desenvolvimento de um trabalho que integrasse e articulasse a área de Linguagens, Códigos e suas tecnologias com a área de Ciências Humanas e suas Tecnologias.
Os resultados dessa experiência repercutiram na motivação para que os
participantes tenham outra visão e compreensão sobre a realidade, porquanto se
constroi com o saber histórico de diferentes fontes, do saber da escola como
exercício constante, um processo coletivo no qual todos contribuem (ARAÚJO et al.,
2007).
Na opinião de Ferreira (2013), ainda que não seja obrigação da escola
buscar resoluções para os problemas ambientais, o seu papel é desenvolver o
interesse pelo conhecimento e na capacidade de julgamento das pessoas que
compartilham uma mesma realidade.
Assim, quando a escola escolhe o lixo como temática de investigação em
seus projetos de ensino, especialmente do ensino fundamental, permite-se, e aos
alunos, uma evolução na visão crítica sobre os padrões de consumo, na reflexão
sobre o comportamento individual, familiar e da comunidade na qual atuam.
As atividades de pesquisa que os alunos realizam sobre a temática do lixo
acabam por estimular pesquisas mais profundas que são integradas aos conteúdos
curriculares, com alcance das mudanças de atitudes na população, como respostas
ao envolvimento de alunos para as reflexões acerca do meio ambiente realizadas na
escola (FERREIRA, 2013).
Quanto ao ensino de Geografia a busca de uma prática pedagógica que
incentive o interesse do aluno para esta ciência tem levado alguns professores a
utilizar recursos visuais e tecnológicos. A realização de intervenção pedagógica,
incluindo aulas teóricas e trabalho de campo foi uma das alternativas definidas para
o estudo sobre a problemática ambiental do lixo urbano por Souza e Chiapetti
(2012).
Em seu desenvolvimento, o trabalho de campo teve explicações sobre o
processo de chegada dos resíduos sólidos em um aterro, a separação primária, a
deposição dos materiais restantes em células de polietileno e sobre o método
utilizado para drenagem e tratamento do chorume. Nesta aprendizagem, a Geografia
foi estudada em razão dos inúmeros processos geográficos que concorrem com o
planejamento municipal até que o lixo seja depositado no local; dentre outros:
“processo de urbanização e industrialização do município, aumento do consumo,
segregação social [...]” (SOUZA; CHIAPETTI, 2012, p.13).
Melo (2012) também realizou estudo com alunos sobre o ensino de
Geografia, focalizando a reciclagem o lixo urbano e questionando sobre a
colaboração da experiência dessa reciclagem como contribuição ao ensino de
Geografia dos alunos do Ensino Fundamental. O fundamento desse trabalho
enfatizou a experiência teórico-prática e a contribuição que ela confere à formação
de cidadãos, na reflexão consciente quanto aos seus direitos e deveres para com o
meio ambiente, na construção de um espaço geográfico saudável.
Dos resultados assim explanou Melo (2012, p.45):
A prática pedagógica reflexiva é criadora e transformadora, ou seja, ela é capaz de produzir um novo homem, uma nova sociedade, um novo espaço geográfico e com isso uma nova realidade [...] A experiência mostrou que o alvo principal, ou seja, a reciclagem do lixo urbano como contribuição ao ensino de geografia dos alunos do Ensino Fundamental, no início atraídos apenas pelo fator de curiosidade e pela forma de como o assunto seria trabalhado, foi atingido. No final do ano letivo, os alunos do Ensino Fundamental, representados pelos seus respectivos líderes de sala, solicitaram à Direção da Escola, que se fizesse uma aula prática sob a coordenação da professora de Geografia, no intuito de enriquecer de forma mais aprofundada o conteúdo visto e trabalhado pelos mesmos em sala de aula.
Santos et al. (2010) também havia realizado estudo sobre o conhecimento
dos conceitos da Química com alunos de uma escola pública de Catalão, GO, no
qual solicitaram, primeiramente, que os alunos relatassem, individualmente, como se
depara e de que forma se sensibiliza diante de atitudes corretas e incorretas
concernentes ao lixo, sua coleta seletiva e reciclagem.
Neste projeto os autores buscaram:
Mostrar aos alunos que a química está presente no seu cotidiano e que a sua compreensão permite o entendimento das inter-relações Ciência-Tecnologia-Sociedade-Ambiente e o desenvolvimento da capacidade crítica e do estímulo para solucionar os problemas sociais, econômicos, ambientais e políticos decorrentes da produção exacerbada de lixo e de seu descarte inadequado (SANTOS et al., 2010, p.4).
Na discussão Santos et al. (2010, p.5) ressaltam que a formação do aluno
deve primar pelo “ensino contextualizado e problematizador, a partir do qual o aluno
compreenda a aplicabilidade da química na sociedade de forma ampla e crítica”.
Com esses propósitos, os alunos conseguem desenvolver conhecimentos de várias
áreas e capacidades cognitivas diversas, fundamentais à cidadania.
Em estudo realizado por Salvador et al. (2015) a abordagem da temática do
lixo com alunos da escola Dom Pedro I, localizada no município de Salvaterra na
Ilha de Marajó teve como enfoque o lixão a céu aberto, com ênfase nos impactos
ambientais que o mesmo causa ao meio ambiente e a importância da reciclagem.
A realização das atividades incluiu o relato dos alunos sobre a educação
ambiental com ênfase no lixo, com a intenção de obter um diagnóstico acerca do
conhecimento dos alunos previamente à aula teórica.
Em seguida, segundo Salvador et al. (2015, p.1), quanto à atividade prática:
Os alunos das turmas envolvidas no projeto participaram de uma oficina de reciclagem de garrafas pets, aprenderam a confeccionar brinquedos, como carrinhos, boliche; bancos (poltronas) e lixeiras seletivas. Ao final, tivemos a culminância do projeto na mesma escola com uma Feira da Semana do Meio Ambiente realizada no mês de abril/2015.
Da conclusão sobre este estudo, os alunos manifestam maior interesse em
aulas práticas, pela oportunidade de manusear os materiais e de usar a criatividade
para o aproveitamento do lixo reciclável (SALVADOR et al., 2015).
No município de Coronel Vivida, a coleta seletiva dos resíduos é feita por
uma empresa terceirizada desde 1997, e atinge 95% da população urbana coletando
36,5 toneladas de recicláveis e 160 toneladas de orgânicos por mês. No meio rural,
a coleta é realizada somente dos resíduos sólidos uma vez por mês em locais
determinados. De acordo com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos
Hídricos (SEMA, 2010, p.1), a Política de resíduos sólidos do estado do Paraná
salienta que:
A educação ambiental é a maneira mais completa de educação, pois envolve toda a sociedade em ações do dia a dia. Seja com programas preventivos, por meio de parcerias com escolas e grupos regulares, visando à educação global das crianças, ou seja, com programas de reeducação de práticas que degradam o meio ambiente (PARANÁ, 2010, p.1)
Faz-se necessário desenvolver em nossos educandos mudanças de hábitos
e valores, tornando-os mais responsáveis com o ambiente onde vivem. Neste
momento o professor tem um papel essencial, que é o de formar cidadãos capazes
de transformar está realidade. Tendo em vista que, a Educação ambiental, é um
processo de reconhecimento de valores e conceitos com objetivo de modificar
atitudes em relação ao meio em que vivemos, deve haver uma inter-relação maior
entre os seres humanos e suas culturas para desenvolverem práticas que auxiliem
na melhoria da qualidade de vida de todas as classes sociais.
Descrição e reflexão das atividades desenvolvidas
Paralelamente à Implementação disponibilizou-se o Projeto e a Produção
Didático-Pedagógica aos professores da rede estadual de educação do Paraná,
através dos Grupos de Trabalho em Rede (GTR), para apreciação, discussões e
possíveis sugestões.
As atividades desenvolvidas compreenderam 32 horas/aulas em uma turma
de 8º ano do ensino fundamental do Colégio Estadual Arnaldo Busato-EFMNP, no
município de Coronel Vivida – PR, correspondendo o interstício de junho a
agosto/2015. O projeto aplicado “A importância ambiental e econômica da coleta
seletiva de lixo em Coronel Vivida- PR” abordou temas de extrema relevância na
atualidade destacando a problemática do lixo e suas consequências ambientais.
Para iniciar a aplicação do projeto trabalhou-se um teste onde foi possível
perceber a consciência ambiental dos educandos. Apresentou-se o projeto, bem
como se fez o envio de um texto explicativo sobre o projeto aos pais visando dessa
forma, motivar a participação dos alunos.
Após a interação com os alunos, houve uma explanação sobre a
problemática ambiental dos resíduos e suas consequências ambientais. Os alunos
permaneceram indiferentes em relação ao tema, alguns até comentaram:
“visitar a usina de reciclagem lá cheira mal”;
Eu entrevistar um catador de lixo?
Como fica a minha moral?”
Mas aos poucos foram se interessando pelo assunto, na medida em que
entendiam a proposta de trabalho. Não demorou muito e o receio e a desconfiança
foram substituídos pela curiosidade e pela participação com perguntas, comentários
e relatos de notícias a respeito do tema.
Para maior entendimento trabalhamos com a definição dos diferentes tipos
de resíduos e o destino correto de cada um, com o uso de imagens e definições no
data show. Após as discussões fomos ao laboratório para a pesquisar a origem e o
tempo de decomposição de alguns resíduos. Nesse momento a participação foi total
e a surpresa com relação ao tempo de decomposição de muitos materiais,
percebeu-se que muitos precisam um longo tempo para se decompor e outros é
tempo indeterminado.
Discutimos textos relacionados às atitudes corretas e incorretas em relação
ao destino correto dos resíduos sólidos. A partir dos textos e dos comentários
elaboramos cartazes e slogans para socializar com os demais alunos da escola as
atitudes corretas que devemos ter em relação aos resíduos. Para finalizar este
momento elaboramos uma gincana onde todos participaram ativamente.
Após a gincana discutimos o texto sobre a quantidade de lixo produzido por
pessoa/dia. Foi uma atividade onde todos se envolveram e guardaram os resíduos
sólidos de uma semana em casa. Alguns trouxeram para pesar na escola, outros
fizeram em casa. Eles perceberam que a quantidade de resíduos varia muito de
acordo com o poder aquisitivo de cada família, e se a mesma reside na zona rural
ou urbana.
Com o objetivo de entender melhor como ocorre a coleta de resíduos pelos
catadores, fomos até o centro de entrega dos materiais recicláveis onde realizamos
a entrevista com os catadores de resíduos. Durante a entrevista, percebeu-se que a
grande maioria dos entrevistados estudou somente até o primeiro ano do ensino
fundamental (mas que se tivessem oportunidade gostariam de voltar a estudar);
sendo praticamente analfabetos. Comentaram que se tivessem oportunidade
trabalhariam em outros lugares pois enfrentam dificuldades na coleta principalmente
quando chove ou faz muito frio. Muitas vezes saem à noite para recolher o lixo antes
do caminhão da coleta.
Ganham entre R$ 250,00 a 400,00/mês. Vendem os materiais coletados
para uma empresa terceirizada e recebem o mesmo valor por todos os tipos de
resíduos. Os dias que mais encontram resíduos são: segunda, quarta, sexta, após
datas comemorativas e nos finais de ano. Eles entendem que, além da questão
financeira, contribuem também para preservação do meio ambiente. Um senhor
comentou: “Quando me aposentei fiquei com depressão, então a psicóloga pediu
que eu fosse caminhar. Pensei se é para ficar caminhando à toa vou comprar um
carrinho e catar papel que além de caminhar estarei ganhando um dinheirinho a
mais”.
No retorno à sala foi possível perceber que os alunos se comoveram com as
histórias de vida de cada um, pois os mesmos são pessoas humildes e que não
tiveram oportunidades de estudar.
Relato de um aluno que entrevistou o catador de resíduos: “Quando fomos
levados pela professora até os catadores de lixo posso afirmar que estava curiosa
de como seria a entrevistá-los. Ao chegarmos lá, fomos conversando com uma
catadora que já havia chegado e começou a contar que ganhava R$ 0,17 por quilo
de lixo coletado. Depois outros catadores começaram a chegar.
Tínhamos um questionário onde fomos fazendo as perguntas e eles respondiam bem felizes, disseram que nunca ninguém os havia entrevistado. Quando perguntei o que fazia em seu tempo livre, fui surpreendida por sua resposta, pois disse que em seu tempo de “lazer” ela limpava a casa. Depois de responderem as perguntas a professora pediu se algum deles gostaria de contar um pouco mais sobre a sua história de vida. Naquele momento por pouco não chorei. Um senhor nos contou que era aposentado mas fazia isso para ter uma renda a mais, contou toda a sua trajetória de vida e disse que apesar de ser quase analfabeto sabia até usar internet. Ouvir uma história como essa me fez refletir sobre minhas atitudes, pois sei que alguns deles não são bem tratados pela sociedade. Pensei por que tratá-los mal se são eles que estão contribuindo para deixar nossa cidade mais limpa, e evitar que o lixo fique por aí entupindo bueiros e prejudicando o meio ambiente? A partir daquele dia não passo mais por um catador ou varredor de rua sem cumprimentá-lo. Aprendi a valorizar seu trabalho e percebi sua contribuição para a sociedade. Também ficou claro na entrevista que se eles não tivessem o lixo para vender não teriam outra forma de ganhar dinheiro; pois, são praticamente analfabetos. Entre os pontos positivos dessa entrevista foi que além da questão ambiental e valorização dos catadores percebi que devo valorizar muito a aprendizagem, e estudar mais.
Na visita a usina de reciclagem do município de Coronel Vivida – USILIXO
os alunos ouviram a palestra do Secretário Municipal do Meio Ambiente, que
repassou dados sobre a coleta e destino final dos resíduos coletados pela empresa
terceirizada que presta serviços ao município. Os alunos demostraram curiosidade
em relação ao processo. Alguns já haviam visitado a usina; mas participaram
ativamente perguntando e esclarecendo as dúvidas que tinham. Não gostaram do
mau cheiro e disseram que não gostariam de trabalhar com reciclagem. Porém
quando o palestrante falou que a mesma é a segunda atividade que mais cresce no
Brasil, as opiniões mudaram. Perceberam que não precisam exatamente trabalhar
na reciclagem, mas podem sim, desenvolver algo relacionado para facilitar o
processo, sendo que este setor está em franco crescimento. Visitamos as valas
onde é depositado o lixo orgânico; a Prefeitura está construindo novas valas, pois as
que possuíam estão cheias e agora é obrigatório que seja colocado a
Geomembrana (um dos tipos mais comuns de geossintéticos e consiste em uma
manta de liga plástica, elástica e flexível) no fundo das valas para evitar que o
chorume se espalhe e o local fique poluído.
Ao retornar à sala de aula, nas discussões observaram que trabalhar na
usina é mais lucrativo que nas ruas como catador. O catador recebe
aproximadamente meio salário enquanto os trabalhadores da usina mais de um
salário, com carteira assinada e todos os direitos; enquanto o catador só tem
dinheiro o dia que trabalha. Em relação à escolaridade, é bem maior dos
trabalhadores da usina e a idade menor.
A conversa com as serventes da escola foi importante, elas expuseram aos
alunos qual a sua função na escola e a importância dos mesmos contribuírem
jogando o lixo nos locais corretos. É importante lembrar que educação ambiental
ocorre em um processo lento e cauteloso, e necessita de um trabalho contínuo de
sensibilização por parte da escola para obter um resultado satisfatório em longo
prazo.
A análise do vídeo “Sopa Plástica” foi bem esclarecedor para os educandos,
pois eles puderam perceber claramente algumas consequências negativas das
atitudes incorretas tomadas. Perceberam também que quando depositamos os
resíduos em locais inadequados sempre causam algum problema mesmo que seja
em locais muito distantes.
Com o objetivo de demonstrar que os resíduos sólidos podem gerar lucro, e
ainda fazer parte da decoração de ambientes ao serem transformados em
brinquedos, fomos ao laboratório pesquisar sobre as várias utilizações dos mesmos.
Após a pesquisa reuniram-se em duplas e construíram vários objetos com os
materiais recicláveis que possuíam em suas casas. Foi uma atividade muito
interessante e participativa por parte de todos que se dedicaram e construíram
diferentes objetos como brinquedos, utilitários, decoração entre outros.
Para finalizar a implementação com a turma realizamos um encerramento
com a participação de representantes do Núcleo Regional de Educação (NRE), a
Direção do colégio, Equipe Pedagógica, Funcionários e alunos. A turma teve a
oportunidade de apresentar os trabalhos confeccionados, cartazes, slogans. Sendo
este um trabalho que devemos sempre dar continuidade foi importante realizar a
atividade de apresentação, exposição por parte dos educandos que estavam
animados e demonstraram novas atitudes com relação ao destino correto dos
resíduos sólidos.
Considerações finais
Segundo as Diretrizes Curriculares do estado do Paraná – DCE(s), (2008,
p.43), do ponto de vista econômico e político, a internacionalização da economia e a
instalação das empresas multinacionais em vários países do mundo alteraram as
relações de produção e de consumo, bem como entre regiões, entre países entre os
interesses que representam os organismos supranacionais, trazendo para as
discussões geográficas assuntos ligados: à degradação da Natureza gerada pela
intensa exploração dos recursos naturais e suas consequências para o equilíbrio
ambiental no planeta;
Nesse contexto, os conteúdos da Geografia devem ser trabalhados de forma
crítica e dinâmica, de acordo com a realidade dos alunos. O professor deve se
preocupar com metodologias que contribuam para o aprendizado e favoreçam as
mudanças de valores e atitudes em todos os níveis.
A produção de resíduos pela humanidade é muito superior à capacidade que
a natureza tem de absorvê-los. Portanto, são necessárias ações para a preservação
e conservação do ambiente onde vivemos. Acredito que a escola seja um local onde
isso deve acontecer, pois é ali que inicia a formação intelectual dos educandos.
Percebemos que a educação ambiental não pode se resumir a questões
pontuais. Ela deve ser constante dentro da escola num processo de conscientização
com a maior abrangência possível, para despertar o senso crítico e criar novas
posturas comprometidas com a preservação do meio ambiente e com a qualidade
de vida da sociedade, em prol de um desenvolvimento sustentável.
Diante das atividades desenvolvidas, constataram-se inúmeros pontos
favoráveis à sua aplicação. Pode-se afirmar que o projeto atingiu o objetivo
proposto, pois foi possível desenvolver atividades com a finalidade de conscientizar
os alunos sobre os problemas ambientais decorrentes do destino incorreto dos
resíduos sólidos.
É através do conhecimento que as mudanças ocorrem, pois geraram a
reflexão, e este fato foi constatado quando os alunos sugeriram fazer juntamente
com o Gremio Estudantil a coleta seletiva do papel descartado na escola e um
projeto onde os mesmos trariam as embalagens descartáveis de PET para o colégio
para serem vendidas.
Uma nova possibilidade de pesquisa poderia abranger um campo ainda
pouco explorado “a reciclagem dos resíduos eletrônicos”, pois percebe-se ser uma
fonte de renda bastante lucrativa porém com poucas usinas de reciclagem dos
mesmos, sendo que em muitas residências esses resíduos estão se acumulando
sem um destino adequado para o descarte.
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