Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
GRUPO ESCOLAR OU GINASIAL? A IDENTIDADE DO GINÁSIO ESTADUAL DE NOVA FÁTIMA (1956 – 1970)
DUCINI, Luciane Dias1 [email protected]
NOGUEIRA, Adálcia Canedo da Silva2 [email protected]
RESUMO: Este estudo investiga e escreve a história do Ginásio Estadual de Nova Fátima (1956-1970), partindo da analise da trajetória institucional registrada no Marco Situacional do Projeto Político Pedagógico do Colégio Estadual Dr. Aloysio de Barros Tostes, atual Ensino Fundamental e Médio. A opção por este recorte da história da educação local deveu-se principalmente ao fato de se buscar compreender a história confrontando os registros existentes através da interpretação das fontes documentais e históricas coletadas confirmando ou refutando dados, fatos e materializando a história da Instituição Escolar, como resultado da investigação. O estudo insere-se na área de conhecimento da Educação, história da educação, na recente linha de pesquisa sobre a história das instituições escolares. Fundamenta-se no método histórico de aporte qualitativo. Os principais autores que referendaram esse estudo foram: pesquisa sobre Instituição Escolar e a importância desta para educadores e alunos que ali estudam: Gatti Junior (2002) e Nosella e Buffa (2013); Fontes Históricas: Ragazzini (2001) Miguel (2004), Saviani (2006); Tratam da metodologia de pesquisa: Lakatos (2003) e Nogueira (2012); do Projeto Político Pedágógico: Gadotti (1994), Veiga (2002 e 2013), Gandin (2001); Tratam da História do Norte do Paraná e do Município de Nova Fátima: Wachowicz (2001 e 2010), Bondarik (2006) e Luna (2001); Trabalham com a história da instituição voltada ao Ensino Secundário e Ginasial: Romanelli (1978 e 2006), Ghiraldelli (2001), Souza (2008) e Aksenen (2013). Palavras-chave: História da Educação. Instituição Escolar. História do Ginásio Estadual de Nova Fátima.
1 Professora Estadual, do quadro Próprio do Magistério (QPM) habilitada em Pedagogia (1996); Especialista em
Ensino em Psicopedagogia (1997) e em Educação Especial (1998.). 2 Professora Mestre (UENP/CCP – CCHE); Graduada em Pedagogia (1998); especialista em Metodologia e
Didática do Ensino Superior (1990) e Psicopedagogia (1990); Mestrado em Educação - UEL (2012); Cursando Doutorado UNICAMP (2014),
INTRODUÇÃO
O presente estudo fundamenta-se na perspectiva teórica metodológica da
pesquisa histórica, com enfoque na pesquisa documental centrada na História da
Educação e na recente linha de pesquisa sobre a História das Instituições Escolares.
De abordagem qualitativa implica a análise descritiva das fontes documentais
e de fontes orais coletadas, interpretando e registrando a história institucional a partir
das indagações e problematizações assim postas: Em que contexto histórico-social
ocorreu à criação desta escola e qual sua relevância para a comunidade?
Tem como objetivo o registro da História do Ginásio Estadual de Nova Fátima
contextualizando a História do município, do atual Colégio Estadual Dr. Aloysio de
Barros Tostes3, de maneira a escrever a história para compor o Marco Situacional do
Projeto Político Pedagógico (PPP).
A Historiografia se fará a partir da interpretação das fontes documentais e
históricas que substancializam a investigação da trajetória institucional da respectiva
unidade educativa. E também da problematização das fontes orais que possam
confirmar sua criação e organização, viabilizando também descrição de sua história
no município de Nova Fátima.
O presente relatório divide-se em três sessões específicas. Inicialmente trata
Sobre Projeto Político Pedagógico, Instituições e Fontes, posteriormente, registra
uma Breve História do Norte Pioneiro Paraná e do Município de Nova Fátima com o
objetivo de contextualizar a criação da escola na realidade local.
E por fim, inicia com uma retrospectiva histórica sobre o Ginásio como parte
do segundo grau no Brasil e conclui-se com a História do Ginásio Estadual de nova
Fátima atual Colégio Estadual Dr. Aloysio de Barros Tostes.
A delimitação da pesquisa insere-se no período histórico 1956 - 1970,
propondo como uma das finalidades primordiais o registro da história da instituição
escolar, como maneira de materializar as suas ações, documentando sua trajetória,
3 Autorizado pela Resolução nº 4757/11 de 01/11/2011, a Escola passou a denominar-se “Colégio Estadual Dr.
Aloysio de Barros Tostes- Ensino Fundamental e Médio”.
as realizações e contradições de cada período bem como suas contribuições e
inspirações sócioculturais para o município de Nova Fátima.
O registro da história da instituição escolar se valeu do levantamento de
fontes documentais e históricas referentes à criação, autorização, funcionamento e
organização histórica institucional do Colégio, disponível no Arquivo Inativo (Atas,
Termos de Posse e Exercício, Livros de Matrículas, Atas de Reuniões, de exames
de admissão, de relatórios finais, etc.).
O trabalho da equipe pedagógica foi de participação na seleção e
organização das fontes documentais escolares, cabendo à pesquisadora
historiografar os acontecimentos a partir da interpretação das fontes históricas e
orais coletados que comprovam a História da Instituição Escolar de forma a
complementar o Marco Situacional do PPP.
A área de pesquisa nesse campo tem ganhado importância desde a década
de 1990 e tem merecido atenção as pesquisas regionalizadas que buscam registrar
a história das instituições escolares, materializando e dando visibilidade a seu marco
institucional com relação a formação educativa e cultural do município.
Espera-se ter contribuído com a História da Educação local e incentivado a
profissionais da educação a pesquisar e registrar a trajetória da instituição onde
atuam.
SOBRE PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO, INSTITUIÇÕES E FONTES.
Uma pesquisa histórica de enfoque qualitativo envolve a observação, registro
preciso e detalhado das fontes coletadas e selecionadas, bem como a interpretação
e análise dessas fontes quer sejam documentais, históricas ou orais, utilizando-se
ainda de descrições e narrativas.
Nesse sentido NOGUEIRA (2012) ressalta que:
A pesquisa qualitativa requer uma maior presença do pesquisador para que se estabeleçam relações de confiabilidade entre o objeto de estudo e o sujeito da pesquisa, visto que estão envolvidas pessoas das mais diferentes categorias sociais, intelectuais e culturais. Foi fundamental, portanto, associar o contexto sócio cultural levando em conta a vida cotidiana, a história social e cultural regional e local, buscando estabelecer as relações mais amplas que integrassem a memória dos sujeitos que participaram da história da instituição escolar. (NOGUEIRA, 2012, p. 85).
Nessa proposta a pesquisa descritiva envolve o uso de técnicas padronizadas
de coleta de dados, como questionários, entrevistas. Esse tipo de pesquisa
proporciona novas visões sobre a realidade já conhecida, além do que ao final da
mesma pode se reunir e analisar muitas informações sobre o assunto pesquisado.
No caso específico de que trata esse estudo a coleta de fontes orais se fará
através da aplicação de questionários com questões abertas e questões fechadas a
ex- professores que atuaram na instituição e que vivenciaram a trajetória escolar da
instituição em questão e que possam subsidiar a historiografia da instituição escolar.
Segundo Lakatos (2003), a utilização dessa técnica possibilita:
Junto com o questionário deve-se enviar uma nota ou carta explicando a natureza da pesquisa, sua importância e a necessidade de obter respostas dentro de um prazo razoável. Economia de tempo, viagens e a obtenção de grande número de dados; atingir maior número de pessoas simultaneamente; maior liberdade nas respostas, em razão do anonimato e obter respostas mais rápidas e mais precisas, são algumas vantagens do questionário. (LAKATOS, 2003, p.201).
A legitimidade e eficiência da aplicação do questionário dependerão da
precisão com que for normatizado e, que envolverá desde o domínio do assunto
para que possibilite sua divisão temática, que deve contemplar o objetivo geral e os
objetivos específicos. A partir destes serão propostas as questões para depoimento
sendo que o número destas depende do tipo de investigação e de fontes orais.
O aporte teórico adotado permite a análise do breve histórico existente no
PPP de maneira a confirmar ou refutar os dados lá contidos e assim escrever a
história da Instituição Educacional circunstanciando Marco Situacional.
Com relação ao referido Marco, Veiga (2002) parte do pressuposto de que ao
construir os projetos das escolas, planeja-se o que tem intenção de fazer, de
realizar. Lança- se para frente com base no que se tem, coletando a maior fonte de
dados possível para projetar o que se deseja. É antever um futuro diferente do
presente.
Segundo Veiga (2013):
Todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas para o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um período de instabilidade e buscar uma nova estabilidade em função da promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o presente. Um projeto educativo pode ser tomado como promessa frente a determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus atores e autores. (GADOTTI 1994 apud VEIGA 2013 p.12).
Nessa perspectiva todos os envolvidos com o processo educativo da escola
terá o compromisso e responsabilidade de conceber, coordenar, realizar e avaliar o
PPP da escola.
Dessa forma Veiga (2013) diz que:
O projeto busca um rumo, uma direção é uma ação intencional com um sentido explicito, com um compromisso definido coletivamente. Por isso todo projeto pedagógico da escola é, também, um projeto político por estar intimamente articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses reais e coletivos da população majoritária. É no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade. (Veiga, 2013, p.13).
Desta maneira, o Projeto em seu aspecto pedagógico reúne proposta de ação
concreta a executar durante determinado período de tempo, definindo as ações
educativas e as características que a escola necessita para fazer cumprir seus
propósitos. E é político no sentido em que norteia o processo permanente de
discussão, reflexão e ação coletivas visando vivências democráticas e exercício da
cidadania na comunidade escolar.
Considerando que o estudo está relacionado ao PPP, Gandin (2001)
argumenta que o Marco Referencial se constitui de três partes essenciais: Marco
Situacional, Marco Doutrinal e Marco Operativo.
Esse estudo vincula-se ao Marco Situacional que permite compreender a
realidade onde se insere a instituição educativa: sua história passada, os traços
econômico, político e socioculturais mais marcantes que determinaram a criação do
Ginásio Estadual de Nova Fátima, salientando sua forma de organização e
prestação de serviços à comunidade.
Assim, com base na pesquisa documental objetiva-se inserir no Marco
Situacional do PPP a História Institucional do período delimitado desde a sua criação
como Ginásio Estadual de Nova Fátima (1956), descrevendo o período em que a
escola tornou-se Ginásio Estadual Dr. Aloysio de Barros Tostes (1970) e de maneira
mais sucinta suas posteriores alterações.
Neste aspecto é necessário compreender sua trajetória na história da
educação não apenas local, mas nacional, e para isso se contextua a colonização
do Norte do Estado do Paraná e a ocupação social, que veio mais tarde a tornar-se
município e a inserção da escola nesse contexto, verificando seu processo
institucional, destacando: os aspectos históricos de sua criação, as relações
profissionais e de ingresso na profissão do coletivo de sujeitos que compunha a
unidade educativa; origem, formação, atuação desses profissionais; suas formas de
organização quanto as normas disciplinares: regulamentos, burocracia, prêmios e
castigos; sistema de avaliação, enfim finalidade e relevância da criação da
respectiva escola.
O pressuposto é de que a relevância da contextualização da história regional
e local como vínculo entre a História da Educação Nacional e sua influência no
município estabelece um elo com a história institucional dando-lhe concretude e
visibilidade no contexto do município da cidade e da cultura, entendendo as pessoas
como encarregadas de perpetuação ou de transformação social como ponto de
partida para registro da história da Instituição escolar.
Como postula Saviani:
As instituições constituem-se, pois, como um sistema de práticas com seus agentes e com os meios e instrumentos por eles operados tendo em vista as finalidades por elas perseguidas. As instituições são, portanto, necessariamente sociais. (SAVIANI, 2005, p.28).
Ou seja, sociedade e sistemas necessitam de relações interpessoais,
finalidades, meios e instrumentos para atingi-las e assim constituir o movimento da
história das instituições.
As pesquisas sobre instituições escolares vêm ganhando importância
significativa desde os anos de 1990 e a cada dia vem sendo colocada como tema de
pesquisa, atraindo um número significativo de pesquisadores tanto no âmbito da
História como da História da Educação.
De acordo com Gatti Junior (2002):
“A pesquisa sobre instituições educativas investiga o que se passa no interior da escola pela apreensão daqueles elementos que conferem identidade à instituição educacional, ou seja, daquilo que lhe confere um sentido único no cenário social do qual fez ou ainda faz parte, mesmo que ela tenha se transformado no decorrer dos tempos”. (Gatti Junior, 2002, p.20).
A importância sobre a pesquisa da história das instituições escolares,
portanto, remete à escrita da história e de seu movimento assim como possibilita
compreender a trajetória institucional e sua contribuição social superando o descaso
com o registro de sua memória pedagógica e institucional.
Para Nozela e Buffa (2013) é preciso ir a campo, coletar e selecionar as
fontes primárias e secundárias, dentre elas:
Bibliografia pertinente: livros [...], monografias, memórias, dissertações, teses, relatórios, [...] etc.; documentos do acervo da própria escola: atas,
livros de matrícula, anuários, programas de disciplinas, [...]etc.; legislação pertinente; produção de novas fontes como a aplicação de entrevistas e questionários aos diferentes agentes da escola e conhecedores da história local (NOZELA E BUFFA, 2013, p 64 - 65).
As dificuldades tem sido grandes em relação à pesquisa desta natureza, pois
os acervos das escolas públicas, quando existem, se encontram no arquivo morto
como um amontoado de papéis, caixas velhas, colocados num cômodo abandonado
da escola, cheios de poeira e umidade, mas ainda que desafios se coloquem no
cotidiano da pesquisa, alguns grupos vêm se dedicando nesta linha.
Baseado em Ragazzini (2001) fontes são os sinais, os testemunhos que
respondem da maneira que podem e por um número limitado de acontecimentos aos
questionamentos que lhe são feitos, além disso, afirma que as fontes são
necessárias tanto para o historiador fundamentar suas bases, como seus alicerces
de pesquisa.
Neste contexto relaciona-se com Miguel (2004) o qual deixa claro que:
A relação do pesquisador com as fontes é de total importância, porque a amplitude do olhar do pesquisador se dá ao levantar as fontes. Nesse momento ele não identifica apenas objetos específicos, mas descobre outras questões sociais que demarcam um período. (MIGUEL, 2004, p.116).
Portanto ao localizar, catalogar e analisar as fontes, o pesquisador precisa
problematizá-las, fazendo perguntas às suas fontes, usando sua imaginação
histórica, ou seja, contextualizá-las dentro da história local, regional e nacional.
Dermeval Saviani (2006) diz que as fontes estão na origem, ou seja, são elas
o ponto de partida, a base, o ponto de apoio da construção, no plano do
conhecimento do objeto histórico estudado, e que a escolha das fontes não depende
só do objeto de estudo e objetivos da pesquisa, mas é também imprescindível que
se considere a delimitação, isto é, os recortes efetuados.
Saviani (2006) evidencia que nesse contexto as fontes históricas nem sempre
são produções humanas, existem aquelas que se constituem de modo espontâneo,
parecem naturais, e aquelas que são produzidas intencionalmente tendo em vista
possíveis estudos futuros sem considerar os interesses específicos de pesquisa, e
as que intencionalmente enquanto investigadores as instituem, as criam, por
considerar o objeto que se está estudando. Por isso, o autor diz que é importante o
pesquisador ter garantido o livre acesso às fontes, pois na verdade esse objeto de
pesquisa nunca será dado, será construído. E essa construção vai depender muito
da formação, da experiência, da criatividade, dos valores do pesquisador.
Como afirma Ragazzini (2001):
A fonte é uma construção do pesquisador, isto é, um reconhecimento que se constitui em uma denominação e em uma atribuição de sentido; é uma parte da operação historiográfica. Por outro lado, a fonte é o único contato possível com o passado que permite formas de verificação. Está inscrita em uma operação teórica produzida no presente, relacionada os projetos interpretativos que visam confirmar, contestar ou aprofundar o conhecimento histórico acumulado. A fonte provém do passado, é o passado, mas não está mais no passado quando é interrogada. A fonte é uma ponte, um veículo, uma testemunha, um lugar de verificação, um elemento capaz de propiciar conhecimentos acertados sobre o passado (RAGAZZINI, 2001, p. 14).
Embora as fontes documentais não representem as únicas possibilidades
para o estudo histórico, percebe-se que a reconstrução histórica depende dessas
fontes, que são a base para a produção historiográfica.
Diante de tal realidade o trabalho de preservação das fontes, em particular
das fontes das Instituições Escolares, requer um envolvimento das escolas e de
seus profissionais no sentido de constituir um acervo e memória institucional, pois
esse trabalho é árduo e necessário, e requer enfrentamento coletivo.
BREVE HISTÓRIA DO NORTE PIONEIRO PARANÁ E DO MUNICÍPIO DE NOVA FÁTIMA
A povoação na região do norte paranaense verifica-se com a chegada
principalmente de migrantes mineiros e paulistas; certos de que as terras eram
férteis e públicas, a famosa “terra roxa”, posteriormente também atraiu outros
imigrantes, dentre eles, japoneses, italianos e alemães.
Segundo Bondarik (2006), em 1906 os governadores dos estados de São
Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro firmaram o Convênio de Taubaté, o qual além
de valorizar o café, limitou novo plantio de cafezais nesses estados, contribuindo
assim para desbravar as terras do norte pioneiro.
Dessa forma Bondarik (2006), relata que com um número expressivo de pés
de café em Cambará, um grupo inicia a construção de uma estrada de ferro que
passaria pelo norte do Paraná, atravessaria a fronteira, alcançando o Paraguai
trazendo novo entusiasmo para a colonização.
Nesse contexto conforme Bondarik (2006) surge uma companhia,
denominada Companhia de Terras Norte do Paraná, depois Companhia
Melhoramentos Norte do Paraná (CMNP), a qual adquiriu de particulares e do
Governo do Estado do Paraná, 516.017 alqueires de terra nos anos de 1925 e 1927,
além de objetivar a venda de terras, essa companhia visava também construir
estradas e implantar núcleos urbanos. Surgindo assim centros de maior importância,
a uma distância de 100 quilômetros uns dos outros e cidades menores, de 15 em 15
quilômetros aproximadamente, como centros intermediários.
Baseado nos estudos de Wachowicz (2010), oficialmente, a colonização do
Norte do Paraná teve início em 1855 quando foi instalado o primeiro núcleo
colonizador oficial, a colônia militar Jataí às margens do rio Tibagi, pelo Barão de
Antonina.
O início da ocupação da região chamada Norte Velho ou Norte Pioneiro retrocede á década de 40, no século XIX. Duas iniciativas concomitantes e independentes deram início á ocupação desse território, compreendido entre os rios Itararé, Paranapanema e Tibagi: 1 – a necessidade estratégica de ligar o litoral brasileiro à longínqua Província de Mato Grosso; [...] 2 – a passagem de tropeiros e/ou latifundiários mineiros pelo registro do Itararé [...] (WACHOWICZ, 2001, P.249).
De acordo com Wachowicz (2010), qualquer cidadão com alguma instrução
utiliza-se da expressão Norte Pioneiro e concorda em delimitá-la entre os rios
Itararé, Tibagi e Paranapanema, o que compreende nessa área de estudos, o
município de Nova Fátima.
Nova Fátima é uma cidade relativamente jovem, e foi povoada junto com os
outros municípios do “Norte Pioneiro”.
Baseado em Luna (2001), o povoado que deu origem a Nova Fátima surgiu
no divisor de águas Congonhas – Laranjinha, e o pequeno povoado ficou conhecido
como “Divisora”. Em 1940, chegou à região o Senhor Antonio José Fogaça,
conhecido como Antonio da Luz que instalou a primeira casa de comércio, e também
comprou 10 alqueires de terras em frente à sua venda, dividiu estas terras em datas
e vendeu as, muitas pessoas vieram para este local que passou a denominar-se
“Patrimônio da Luz” em homenagem ao fundador. Devido à qualidade de suas
terras, a agropecuária foi e é a atividade básica do município.
Em estudos de documentos oficiais, pelo Decreto Lei nº 92, de 01 de
setembro de 1948, o Patrimônio da Luz é elevado à categoria de Distrito Judiciário
de Congonhinhas com o nome de Tulhas, o nome derivou do fato de que perto havia
o Paiolão e que significa depósito de cereais, porém os moradores não gostaram do
novo nome e, ainda pelo Decreto Lei Estadual nº 790, de 14 de dezembro de 1951,
Tulhas é elevado à categoria de município com o nome de Nova Fátima, este nome
foi sugerido por Dom Geraldo de Proença Sigaud, bispo da paróquia de Jacarezinho
o qual afirmou ter encontrado semelhanças entre a topografia regional e a cidade de
Fátima, em Portugal, conhecida mundialmente pela aparição da Virgem Maria aos
três pastores. Assim em 14 de dezembro de 1952, deu-se a instalação do município
de Nova Fátima.
A HISTÓRIA DA INSTITUIÇÃO ESCOLAR: GRUPO ESCOLAR OU GINÁSIO ESTADUAL?
Para Romanelli (1978), após a repercussão da Revolução de 1930 e a
intensificação do capitalismo industrial no Brasil, houve necessidade que novas
medidas fossem tomadas em relação à educação.
Uma delas foi à reformulação do Ensino secundário que desde o Período
Jesuítico no Brasil Colônia era voltado à forma da classe dominante, que recebia
formação média.
De acordo com Dallabrida (2009), o ensino secundário é reformulado por
duas importantes reformas: A Reforma de Francisco Campos pelo Decreto Nº
19.890 de 18 de abril de 1931, organizando o ensino secundário em dois ciclos: um
fundamental, de cinco anos e outro complementar, de dois anos, visando à
preparação para o ensino superior.
A designação curso secundário referencia o primeiro ciclo de ensino
fundamental dá ao complementar o sentido de ginásio ou curso ginasial, porém não
houve base propriamente legal, durante toda a década de 1930 para denominação
curso secundário.
Souza (2008) acrescenta que com a Reforma de Capanema, através do
Decreto-lei Nº 4.244 de 09/04/1942, foi mantido a divisão do ensino secundário em
dois ciclos, porém houve mudança em sua nomenclatura e duração, sendo o
primeiro ciclo, ginasial, com duração de quatro anos, oferecendo uma formação
geral, e o segundo ciclo, chamado colegial, subdividido em duas modalidades: o
curso clássico e o curso científico, ambos com duração de três anos, visando a
preparação do aluno para ingressar no Ensino Superior, além dos cursos normal e
profissional, com o objetivo de preparar para o mercado de trabalho.
Segundo Ghiraldelli Junior (2001), o termo “ginásio” aparece no artigo 158 do
Decreto Nº 11.530, de 18/03/1915 pela reforma Carlos Maximiliano, o qual é
referenciado como curso gymanasial oferecido no Collegio Pedro II e logo depois o
termo muda de sentido pela reforma Rocha Vaz, Decreto Nº 16.782-A, de
13/01/1925, passando a se referir à instituição, como sinônimo de colégio ou escola.
Ghiraldelli (2001), afirma que após a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases
(LDB), lei 4.024/61, aprovada em 20/12/1961, o ensino secundário é agrupado ao
ensino técnico, abrangendo ensino (industrial, agrícola, comercial e formação de
professores), formando uma nova organização chamada de ensino médio, com
duração de sete anos, divididos em dois ciclos: o ginasial com duração de quatro
anos, e o colegial, com duração de três anos.
O sistema público de ensino preservou diferentes percursos para classes sociais diferentes. Para as elites o caminho era simples: do primário ao ginásio, do ginásio ao colégio e, posteriormente, a opção por qualquer curso superior. Havia ainda a chance de profissionalização, mais destinada às moças, que depois do primário poderiam ingressar no Instituto de Educação e, posteriormente, cursar a Faculdade de Filosofia. O caminho escolar das classes populares, caso escapassem da evasão, ia do primário aos diversos cursos profissionalizantes. Cada curso profissionalizante só dava acesso ao curso superior da mesma área. (GHIRALDELLI, 2001, p. 84).
Tendo em vista o pensamento de Aksenen (2013), o ensino é novamente
estruturado pela Lei 5.692/71 que estabeleceu as bases de reformulação do ensino
de primeiro e segundo graus. Com essa lei o primeiro ciclo do ensino secundário
seria definitivamente incorporado ao ensino de 1º grau, ampliando assim a
obrigatoriedade escolar para 8 anos na faixa etária dos 7 aos 14 anos. Assim foi
unificado o ensino primário ao ginásio e os exames de admissão foram extintos.
Segundo SOUZA (2008), só então com a nova LDB 9394, de 20 de dezembro
de 1996, a educação brasileira foi reestruturada, ou seja, o antigo 1º grau passou a
denominar-se Ensino Fundamental e o 2º grau Ensino Médio.
No dizer de Oliveira (2009), a palavra “ginásio” deriva do latim gymnasium, e
do grego gymnásion.
Já para Cunha (1986), etimologicamente “ginásio” é como o lugar onde se
praticam exercícios físicos; estabelecimento de ensino.
Baseado nas ideias de Durando (2005), na Grécia antiga não havia cidade
que não investisse grande recurso na construção de um gymnásion, pois a ginástica,
era parte integrante do processo educativo e, uma das atividades mais importantes,
bem como uma das muitas diferenças estabelecidas pelos helenos em relação aos
bárbaros.
Oliveira (2009) acrescenta que em se tratando de instituição escolar, a
palavra “ginásio”, vem da Alemanha do século XVI para o século XVIII e até o século
XIX, dizia respeito a uma forma de escolarização oferecida num estabelecimento
escolar ou também a um estabelecimento que oferecia o ensino secundário. Com as
modificações e exigências da sociedade, a palavra “ginásio” passou a significar
especificamente o nível e “o estabelecimento de ensino”. Porém esse termo foi
substituído pela palavra “colégio” no século XX.
Além disso, Graça (1998), esclarece que até a década de 1970, o ginásio era
conhecido como período escolar correspondente aos quatro anos finais do atual
Ensino Fundamental, enquanto os então quatro anos iniciais diziam respeito ao
Ensino Primário. Entre os dois ciclos de quatro anos havia um exame de admissão
no ginásio.
Nesse sentido, o Decreto nº 19.890 de 18/04/1931 torna obrigatório os
exames de admissão ao ginásio e em seu Artigo 22 descreve o conteúdo e a forma
das provas:
“O exame de admissão constará de provas escritas, uma de português (redação e ditado) e outra de aritmética (cálculo elementar), e de provas orais sobre elementos dessas disciplinas e mais sobre rudimentos de Geografia, História do Brasil e Ciências naturais” (BRASIL, Decreto nº 19.890/31).
O exame de admissão era necessário a todos candidatos interessados a
ingressar na primeira série do Ginásio, estes tinham que mostrar conhecimentos em
Português, saber ler, escrever e falar corretamente, saber as quatro operações
fundamentais e ter conhecimentos gerais em Geografia, História do Brasil e Ciências
naturais.
De acordo com Graça, (1998), “o exame de admissão foi a linha divisória
decisiva entre a escola primária e secundária por algumas décadas”. (Graça, 1998,
p. 45). Ainda de acordo com a autora, obter a aprovação nesse exame era como ser
aprovado nos vestibulares do ensino superior, ele garantia um status para a
ascensão social da época e foi abolido ao se unificar em oito anos o período escolar
básico com a Lei 5.692/71, a qual estipulou as bases de reformulação do ensino de
primeiro e segundo graus.
Assim Oliveira (2009), afirma que ao completar o ginásio ou curso ginasial, o
aluno era encaminhado ao terceiro ciclo de estudos, então chamado de Colegial,
que corresponde ao atual Ensino Médio.
Analisado o Projeto Político Pedagógico (PPP) do atual Colégio Estadual “Dr.
Aloysio de Barros Tostes”- Ensino Fundamental e Médio consta que a Escola fora
criada como Grupo Escolar Dr. Aloysio de Barros.
Em 1949, teve início a construção de um grupo escolar em nosso município, somente em 1956 é que tem início a construção do prédio onde hoje funciona a Escola Estadual “Dr. Aloysio de Barros Tostes”. (Projeto Político Pedagógico, 2014, p.4).
Após entrega do Projeto constando essa indicação, iniciada a pesquisa
refutou-se o dado acima citado e as fontes documentais coletadas revelaram a
criação do “Ginásio Estadual de Nova Fátima” no ano de 1956 pelo Decreto nº
682/56, publicado no Diário Oficial de 01 de março de 1956, assinado pelo
Excelentíssimo Senhor Governador Moysés Lupion.
De acordo com Garrido (1995), o Ginásio Estadual de Nova Fátima iniciou
seu funcionamento no prédio do Grupo Escolar Adelaide Glaser Ross à Rua Moysés
Lupion, 474, o qual tinha seis salas de aula e duas delas foram cedidas pela então
Diretora, Professora Maria Dilma de Siqueira, sendo uma no período diurno e a outra
no período noturno, com implantação gradativa das séries do Curso Ginasial.
Para a implantação gradativa do Curso Ginasial a Grade Curricular era
composta das seguintes disciplinas:
1ª série 2ª série 3ª série 4ª série
Português Português Português Português
Latim Latim Latim Latim
Francês Francês Francês Francês
Matemática Inglês Inglês Inglês
Hist. Do Brasil Matemática Matemática Matemática
Geografia Geral História Geral Ciências Naturais Ciências Naturais
Técnica Manual Geografia Geral História Geral História Geral
Desenho Técnica Manual Geografia Geral História do Brasil
Música Desenho Desenho Geografia do Brasil
Música Desenho
Quadro I: Extraído das fichas individuais arquivadas nas pastas dos alunos dos anos de 58, 60
e 61.
Segundo Garrido (1995), para o ingresso ao Curso Ginasial dos alunos era
necessário aplicar o Exame de Admissão, sabendo que havia uma equipe da
Inspetoria Regional de Ensino, aplicando em cidades da região o exame de
admissão ao ginásio para a fundação de escolas de primeira a quarta séries e como
Nova Fátima não estava contemplada para a programação desse exame, então para
sua instalação, o senhor Nicanor Ferreira de Melo se deslocou com o Dr. Celso
Augusto de Oliveira para falar com a Comissão Examinadora do Curso de
Admissão, a qual pertencia a Inspetoria Regional de Jacarezinho, que segundo fonte
oral era composta por um Inspetor Federal e três Professores. Essa equipe tinha a
função de preparar, aplicar e corrigir as provas dos exames de admissão e estava
vinculada a Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Paraná.
Conforme consta no relatório da Ata Geral de Exames de admissão, nos dias
14 e 15 de março de 1957 pela primeira vez no município foram realizados os
exames para a 1ª série do Curso Ginasial, e na época houve cinquenta e dois
candidatos inscritos para realizar o exame, aplicado por uma equipe da Inspetoria
Regional de Ensino, composta pelo Inspetor Federal Dr. Tadao Kanayama e os
membros da Comissão Examinadora constituída pelos professores Tadeu Snilkoski,
Synésio Oliveira Medeiros e Mário Tacahashi, sobre a presidência deste último,
essas pessoas residiam na cidade de Jacarezinho. Os exames aconteceram a
contento, tendo 43 candidatos aprovados para compor as primeiras turmas do
ginásio.
De acordo com GARRIDO (1995) nessa época faltava pessoal qualificado
para o Magistério, quem ministrava aulas eram professores leigos, muitas vezes sem
estudos completos.
Neste sentido com depoimento de ex-professores, no ano de 1957 foi
indicado pelos políticos locais, o médico Dr. Celso Augusto de Oliveira para diretor,
Antonio Amaral funcionário do Banestado para Secretário e alguns profissionais
liberais e professores para ministrarem as aulas nas Disciplinas relacionadas no
quadro geral de professores acima, do Ginásio Estadual de Nova Fátima.
Baseado no contexto acima Abreu (1960) diz:
O ponto mais fraco da escola secundária está no seu professorado. Pelo súbito incremento do aparelho, tornou-se necessário organizar um Magistério de emergência aliciado nas sobras, lazeres e desempregos de outras profissões, ou entre outros candidatos sem profissão nenhuma. (ABREU, 1960, p. 93).
A propósito e de acordo com fonte oral a Direção do Ginásio Estadual de
Nova Fátima em 1958 estava à disposição em virtude de não haver nenhuma
pessoa apta, ou seja, a escola precisava de alguém que tivesse experiência como
diretor para assumir a função.
Então, na data de 17/03/1958 o médico e também professor Dr. Luiz
Rosenthal vindo da cidade de Jaguaraiva, onde era diretor, se apresenta no Ginásio
Estadual e toma posse como diretor em 22/03/1958 em consequência da Portaria nº
1.414 assinada pelo Secretário da Educação e Cultura da época, segundo consta no
Livro Registro de Posse dos Componentes do Corpo Docente e Funcionários do
Ginásio Estadual de Nova Fátima. Além de Diretor, designado pelo Secretário de
Educação e Cultura, o Dr. Luiz Rosenthal e também sua esposa Erondina Ferreira
Pereira, foram designados para atuar como professores, ele de Matemática e Latim
e ela de Música e Canto Orfeônico.
O Curso comportava três turmas, 1ª série A no turno diurno com 33 alunos, 1ª
série B também no turno diurno com 10 alunos e 1ª série C no turno noturno com 29
alunos. (Dados extraídos do Livro de posse e de relatórios finais)
De acordo com o relatório da Ata de resultados finais de dezembro de 1958
as Disciplinas ministradas nas 1ª séries do curso ginasial eram:
DISCIPLINA PROFESSOR FORMAÇÃO CARGO/FUNÇÃO
Português Dr. Aloysio de Barros Tostes Ensino Superior Prof. Indicado
Latim Luiz Rosenthal Pereira Ensino Superior Prof. Nomeado
Matemática Luiz Rosenthal Pereira Ensino Superior Prof. Nomeado
Francês Maria Dilma de Siqueira Normal Colegial Prof. Suplementarista
História do Brasil Eduardo de Carvalho Ensino Superior Prof. Quadro Próprio
Geografia Geral Paulo André Costa Normal Colegial Prof. Indicado
Trabalhos Manuais e Música
Erondina Ferreira Pereira Primário Prof. Indicado
Desenho Oswaldo D. Ferreira Damaceno Ensino Superior Prof. Quadro Próprio
Fonte: Ata de resultados finais de dezembro de 1958.
De acordo com os questionários respondidos, quanto ao ingresso dos alunos
ao Curso Ginasial se dava através da aprovação nos exames de admissão e o
sistema de avaliação constituía-se de exames parciais no mês de junho, e os
exames finais em dezembro. Caso o aluno não fosse aprovado nos exames finais
que além de ter a parte escrita também continha à parte oral com sorteio dos
assuntos a serem avaliados individualmente, o aluno ficava para a 2ª época, tendo
que se preparar durante as férias escolares e realizar novos exames no início de
fevereiro de cada ano.
O índice de reprova na 2ª época em relação ao índice de aprovação era
pequeno, pois os alunos se preparavam, sabendo que a legislação vigente permitia
apenas dois anos de reprova, caso contrário o aluno não teria outra oportunidade de
continuar os estudos.
Nesse período o ingresso do professor para o exercício da profissão nessa
instituição observou-se por meio do Livro de Posse que se dava através de
designações/nomeações, (por não ter se implantado concurso público no Paraná)
pelo Secretário de Estado da Educação e Cultura, outras pelo próprio diretor do
estabelecimento de ensino, outras vezes pelo Inspetor Regional de Ensino da 15ª
Inspetoria Regional de Ensino de Cornélio Procópio e extraordinariamente pelo
secretário da escola.
Em 1960, foi designado para a função de Secretário, o professor Heroluiz
Ferreira Pereira.
As primeiras turmas que concluíram o curso em 1961, num total de 26 alunos:
4ª SÉRIE A – DIURNO 4ª SÉRIE B – NOTURNO
Adelson Henrique dos Santos Adélia Santos
Antonio Carneiro Lobo Iracema Correia Ferreira
Aristides de Oliveira Irene de Souza
Celia Maria Meireje Joaquim Germano de Souza
Darcy Soares de Camargo Laercio Salles
Elena Elisa de Souza Maria de Lourdes da Silva
Eloisa de Souza Maria Helena dos Reis
Idésio Pereira Maria Laura de Freitas
Lazaro Leite Miranda Nilcio Facco
Maria Aparecida Zanin Terezinha de Oliveira
Maria Celina Froes
Maria Zilda Camargo Silveira
Mercedes Marlena Cogo
Midori Mino
Sebastião Marçal Ribeiro
Tochiko Ikeda
Quadro 3 : Extraído da Ata de Resultados Finais de 12/12/61
Baseado em fontes orais de ex-professores, a maioria dos alunos que
estudavam no Ginásio Estadual de Nova Fátima eram pobres, filhos de
trabalhadores e que almejavam com o Ensino Ginasial melhorar suas condições de
vida. Dos alunos acima alguns cursaram Universidade posteriormente: Célia Maria
Meireje, Darcy Soares de Camargo, Idésio Pereira que também foi professor de 2º
grau, vice- diretor em 1984, ex-vereador do município e atualmente é documentador
escolar do RDE, Tochiko Ikeda, Adélia Santos foi professora de 2º grau, também
vice-diretora em 1982 e ex-inspetora de ensino do município, Irene de Souza foi
também professora de 2º grau e diretora em 1977 e Maria Laura de Freitas que
também foi professora de 2º grau.
Em relação às normas disciplinares (regulamentos, organização do poder,
burocracia, prêmios e castigos) era tudo muito rígido, o poder disciplinar era detido
por diretor, professor, inspetor de ensino, havia respeito acima de tudo pelo
professor por parte dos alunos e pais. Quando ocorria um caso grave disciplinar era
encaminhado para a direção que aplicava a sanção de três dias suspenso das aulas,
a disciplina marcava a entrada dos alunos em fila, a rotina de rezar no começo de
cada aula, o levantar e o saudar uma autoridade que adentrasse na sala de aula até
o sair em fila ao final das aulas. Quanto aos eventos, as datas comemorativas eram
festejadas internamente na escola, grande importância se dava aos desfiles de sete
(7) de setembro, onde alguns alunos ensaiavam fanfarra para apresentarem e o
Hino Nacional era cantado todos os dias.
O Diretor, Dr. Luiz Rosenthal Pereira exerceu a função durante cinco anos,
quando foi exonerado por motivos políticos e religiosos, pois, não sendo católico,
passou a não ser aceito pelos políticos locais.
De acordo com fonte oral, em 1962 foi nomeado para exercer a função de
Diretor do Ginásio Estadual de Nova Fátima, o Padre José Pedro de Souza, Pároco
Local. Não foi aceito pelos alunos, os quais fizeram greve, recusando-se a entrarem
na escola para assistir as aulas. Houve então pichação nos muros, no pátio da
escola e colocação de faixas nas ruas pedindo a saída do Padre José Pedro de
Souza e a volta do Dr. Luiz Rosenthal Pereira. As faixas traziam frases como: “Não
queremos homem de saia, lugar de padre é na igreja”, “Queremos nosso diretor Dr.
Luiz Rosenthal Pereira”. Pelo que consta no livro de termo de posse o padre José
Pedro de Souza, foi exonerado pela Portaria nº 138/64, portaria esta vinda da
Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Paraná.
Diante de tanta resistência e principalmente a ausência dos alunos às aulas,
foi designado novamente o antigo Diretor, Dr. Luiz Rosenthal Pereira, que tomou
posse na data de 04/02/64 pelo então secretário da escola o senhor Heroluiz
Ferreira Pereira.
Baseado em fonte oral, no ano de 1964 o município tendo como prefeito o
senhor Ramiro Fraiz Martinez, através de um convênio com o governo do estado
exercido na época pelo Excelentíssimo Senhor Ney Braga, iniciou-se a construção
do prédio onde funcionaria o Ginásio Estadual, esse prédio foi construído no terreno
doado pelo senhor Gustavo Schefelder (Mena) morador pioneiro da cidade. Nesse
terreno onde foi construída a escola existia a Igreja Nossa Senhora da Luz que foi
transferida no ano de 1963 para a rua Dr. Aloysio de Barros Tostes, nº 83. No
mesmo ano o Professor Eduardo de Carvalho foi designado como diretor do Ginásio
Estadual de Nova Fátima em vaga decorrente da dispensa de Luiz Rosenthal
Pereira conforme registro em ata no Livro de posse.
Até 1964, continuou exercendo a função de Secretário o Professor Heroluiz
Ferreira Pereira e no ano seguinte assumiu como Secretária, a Professora primária
Edite Nogueira de Oliveira, que de acordo com o livro de posse foi designada para
exercer a função gratificada de secretária conforme Portaria nº 3251/65 de 23 de
junho de 1965.
Pelo que consta no Livro ponto de funcionários, a partir de 04/03/65, havia no
Ginásio Estadual um diretor substituto (Eduardo de Carvalho), uma servente, um
secretário auxiliar e um inspetor de alunos.
Considerando as fontes orais com ex-professores, em Setembro de 1965, foi
inaugurado o prédio próprio para funcionar o Ginásio, tendo sido uma das metas do
Prefeito Ramiro Fraiz Martinez. O prédio contava com seis salas de aula, uma saleta
para direção e outra que fora construída para funcionar a cantina, porém foi usada
como secretaria e sala dos professores. Havia ainda dois banheiros masculino e
feminino e um menor, para os professores, contava com uma área coberta.
Em 1966, o diretor Eduardo de Carvalho deu posse à professora primária
Irene de Souza (17/01/66) em decorrência da dispensa de Edite Nogueira de
Oliveira, para exercer a função gratificada de Secretaria do Ginásio Estadual de
Nova Fátima, conforme consta no Livro de posse, a qual desempenhou a função de
Secretária durante 10 anos no período de 1966 a 1976.
Durante os anos que a instituição funcionou como Ginásio Estadual, de 1956
a 1970, foram designados diretores e professores de acordo com os quadros
demonstrativos abaixo:
Quadro IV– Quadro de Diretores do Ginásio Estadual de Nova Fátima em
ordem cronológica
DIRETOR PERÍODO ESCOLARIDADE
Dr. Celso Augusto de Oliveira 1958 Ensino Superior
Dr. Luiz Rosenthal Pereira 1958 - 1963 Ensino Superior
Padre José Pedro de Souza 1962 Ensino Superior
Eduardo de Carvalho 1964 - 1976 Ensino Superior
Quadro IV: Extraído do Livro Termo de Posse e do quadro de diretores.
De acordo com o quadro acima se observa que embora o Dr. Celso Augusto de
Oliveira tenha sido diretor no primeiro ano de funcionamento do ginásio estadual, o
mesmo não consta no quadro de diretores exposto na parede de entrada para a
secretaria do atual colégio como os demais diretores.
Quadro V – Quadro geral de Professores do Ginásio Estadual de Nova
Fátima no período pesquisado 1956-1970 e respectivas qualificações:
NOME PERÍODO DISCIPLINA FORMAÇÃO CARGO/FUNÇÃO
Aloysio de B. Tostes
1958-1965 Português Ensino Superior Professor indicado
Djalma Grub 1958 Educação Física Técnico em Contabilidade-
Professor indicado
Eduardo de Carvalho
1962-1970 História, Geografia e OSPB
Ensino Superior Professor do Quadro Próprio do Pessoal
Paulo André Costa
1958-1965 Geografia Normal Colegial Professor indicado
Oswaldo D. Ferreira Junior
1958-1965 Desenho Ensino Superior Professor do Quadro Próprio do Pessoal
Carlos A. Rosa 1958-1965 Francês e Português
Ensino Superior Professor suplementarista
Luiz Rosenthal Pereira
1958-1962 Matemática e Latim Ensino Superior Professor nomeado
Maria Dilma de Siqueira
1958-1965 Francês Normal Colegial Professora primária e suplementarista
Erondina F. Pereira
1958-1962 Música e Trabalhos Manuais
Primário Professora indicada
Roberto Garcia 1964-1970 Português, Matemática e Desenho
Normal Colegial Professor suplementarista
Maria Helena dos Reis
1965-1970 Matemática e Ciências
Normal Colegial Professora suplementarista
Eloir Caron 1965-1970 Francês Ensino Superior Professor suplementarista
Leila Domingues Chaek
1966-1970 Educação Artística Normal Colegial Professora suplementarista
Aideê Santos Talevi
1966-1967 Português Normal Colegial Professora suplementarista
Maria Aparecida Zanin
1966-1967 Geografia Normal Colegial Professora primária e suplementarista
Irene de Souza 1966-1970 Português, Trabalhos Manuais e Ed. Moral e Cívica
Normal Colegial Professora primária e suplementarista
Luiz Miguel da Silva
1965-1970 Desenho e Ciências Normal Colegial Professor primário e suplementarista
Elena E. de S. Froes
1966 Matemática Normal Colegial Professora suplementarista
Jorge Reis Luna 1966-1967 Inglês Normal Colegial Professor suplementarista
Alcena de S. Facco
1966-1969 Hist., Ciências, Geog., OSPB
Normal Colegial Professora primária e suplementarista
Adélia Santos 1966-1970 Hist., Geog., Ciências
Normal Colegial Professora primária e suplementarista
Sonia A. Castanho
1961-1970 Matemática, Ciências, Port. E Trabalhos Manuais
Normal Colegial Professora suplementarista
Vera Roveri 1967-1970 Geografia e Ed. Moral e Cívica
Normal Colegial Professora primária e suplementarista
Maria Bertulina 1967-1970 Educação Física Norma Colegial Professora
de Lima suplementarista
Jandira dos R. T. Spina
1967-1970 Ciências e Ed. Artística
Normal Colegial Professora primária e suplementarista
Maria Laura F. Marcolini
1967-1970 Matemática e Ciências
Normal Colegial Professora primária e suplementarista
Assad Amin 1967 Prática Comercial Técnico em Contabilidade
Professor suplementarista
Stella M. Tostes 1967-1969 Inglês e Ed. Artística Normal Colegial Professora primária e suplementarista
Lolita R. Stelmaschuk
1968-1970 História, OSPB e Ed. Moral e Cívica
Ensino Superior Professora primária e suplementarista
Areli de S. Correia
1968 Português Ensino Superior Professor suplementarista
Jair Ramos Braga
1968 Geografia Ensino Superior Professor suplementarista
Máximo B. da Silva
1968-1969 Prática Comercial Técnico em Contabilidade
Professor suplementarista
Lúcia M. C. Tostes
1968-1969 Educação Artística e Francês
Normal Colegial Professora suplementarista
Tossiko Ikeda 1968-1970 Geografia Normal Colegial Professora suplementarista
Jorge Dutra 1969-1970 Hist., Matemática e Desenho
Técnico em Contabilidade
Professor suplementarista
Idésio Pereira 1970 Educação Física Normal Colegial Professor suplementarista
Roseclér Facco 1970 Francês Normal Colegial Professora suplementarista
Lino Dutra Santos
1970 História Técnico em Contabilidade
Professor suplementarista
José F. de Paula Neto
1970 Desenho Normal Colegial Professor suplementarista
Quadro V: Dados Extraídos dos Cadastros Funcionais acervados no RDE e dos livros pontos do Colégio Estadual “Dr. Aloysio de Barros Tostes” EFM
Observa-se pela quadro acima que a maior parte dos professores que
lecionavam no Ginásio Estadual era suplementaristas, ou seja, tinham lotação em
outra instituição escolar, a maioria dos professores que também eram do Ensino
Primário estavam lotados no Colégio Adelaide Glaser Ross e completavam a devida
carga horária suplementando-as nessa instituição. Considerando os questionários
aplicados a ex-professores da Instituição Escolar constatou-se que as aulas
suplementares não garantiam estabilidade e para continuar com elas o professor
necessitava estudar muito, participar de cursos e se especializar, pois para assumir
as referidas aulas se considerava muito os títulos alcançados.
Nota-se pelo quadro V e também por alguns curriculum Vitae de professores
do Ginásio Estadual encontrados nos arquivos da secretaria do Colégio Estadual
Adelaide Glaser Ross que até o ano delimitado da pesquisa (1956-1970) raros
professores tinham Ensino Superior. De acordo também com fonte oral, a procura
por uma graduação era mínima, pois as faculdades eram distantes, tendo a mesma
que se deslocar para a cidade de Mandaguari para cursar o Ensino Superior. Outra
observação importante é que muitos desses professores continuaram a atuar na
instituição após os anos 70, visto que a maioria deixou de exercer a profissão de
docente antes desta década, devido a vários motivos (mudança do município, foram
exercer outra profissão, aposentaram-se, entre outros).
Um fato relevante levantado nos questionários é em relação ao Inspetor de
Ensino (1958), este tinha a função de vistoriar as escolas principalmente o
cumprimento do programa, as cargas horárias e os exames, além disso, os casos
graves relacionados a notas ocorridos na escola eram resolvidos por ele na
Inspetoria de Ensino, que primeiramente ficava localizada em Jacarezinho, depois
em Cornélio Procópio, logo depois no próprio município.
Havia na época (1958) também o Inspetor de alunos, que ficava na própria
escola com a função de inspecionar os alunos durante a entrada, intervalo e saída.
O Professor Eduardo de Carvalho, ficou na Direção de 1964 à 1976 e, por
motivos particulares, em 1977 pediu exoneração da função e transferiu-se para
Curitiba, ficando em seu lugar a professora Irene de Souza, que tomou posse para
exercer a função gratificada de Diretora do Ginásio Estadual “Dr. Aloysio de Barros
Tostes”, na data de 23/08/77 na 15ª Inspetoria Regional de Ensino do município de
Cornélio Procópio pelo Inspetor Regional de Ensino Ananias Antonio Martins,
conforme Ata registrada no Livro de Posse e Exercício. Em 1977 para secretária da
escola foi indicada a professora Sônia de Andrade Castanho, permanecendo na
função até o ano de 1978.
Conforme Corrêa (1997), nesse período de 1964 a 1976, a educação
brasileira passou por duas grandes mudanças, que de forma geral repercutiu na
educação da instituição, uma delas foi a Lei 4.024 de 20 de dezembro de 1961, que
estabelecia um currículo básico nacional, mas possibilitava aos Estados a
flexibilização das disciplinas no currículo mínimo. Outra mudança foi através da Lei
5.692/71, onde a escola primária e o ginásio foram fundidos e denominados de
Ensino de 1º Grau. O ensino obrigatório se estendeu para oito anos.
De acordo com ata de termo de posse e confirmação de consulta a fontes
orais a Inspetoria Estadual de Ensino foi instalada no município de Nova Fátima no
ano de 1978, e quando da extinção da mesma no ano de 1988 inaugura-se a função
do Documentador Escolar.
Em 1980, a Professora Irene de Souza pediu dispensa do cargo para assumir
a Orientação Educacional da escola e indicou, com o apoio do prefeito Mário Dos
Santos, a professora Vera Roveri de Lima para ser diretora em seu lugar. Percebe-
se que antes dos anos 80 diretores (as) eram indicados ao cargo. Em 1983, pela
Resolução Nº 2.666/83, no governo do Excelentíssimo Senhor José Richa, a
professora Vera, concursada na Disciplina de Estudos Sociais, concorre à eleição
direta da escola e é eleita, tomando posse para exercer a função na data de
05/08/1983, conforme Ata do Livro de Posse e Exercício permanecendo na função
até 1987. Como secretário da escola foi indicado o professor Idésio Pereira,
permanecendo até 1980 nesta função. Em 1981 assumiu a função de secretaria da
escola a professora Ivete Garcia de Lima, permanecendo até 1987.
Em 1988 a ex diretora, professora Vera, assume a função de secretaria da
escola, e em 1989 a professora Edméia Villela de Andrade. De acordo com fonte
oral de uma ex-professora da escola a partir dos anos 90 para assumir esta função
de secretária escolar era necessário participar de um teste seletivo para a função, e
dentre os funcionários selecionados pela direção da escola, Maria Cristina Orasmo
Viscardi foi aprovada e assume a função na data de 02/04/90 segundo consta no
Livro de Posse e Exercício, permanecendo nesta função até 2008.
Em 1988 assume a direção da escola a professora Ivete Garcia de Lima,
permanecendo no cargo até 1989.
Em 1990, a Professora Vera Roveri de Lima foi reconduzida na função de
Diretora por eleição, permanecendo até 1993. Em 1994, a Professora Vera Roveri
de Lima, aposentou-se e indicou seu Diretor Auxiliar, Professor Sidney Roque da
Silva, professor formado e concursado na Disciplina de Geografia para assumir a
função de Diretor, que permanece nesta função até o presente momento.
Após os anos 90 ocorreram outras mudanças no cenário nacional e estadual
que também atingiram a educação municipal, particularmente na rede estadual, a
qual a instituição em estudo faz parte, através da Lei 9.394/96, os assuntos
educacionais deixam de ser da alçada apenas do diretor, cabendo a toda a
comunidade opinar e escolher o que irá atender suas reais necessidades. Nesse
ínterim de acordo com o Jornal 30 de Agosto do mês de novembro de 2014, ocorre a
eleição direta para diretores (as), entrando a “consulta à comunidade”. E em 2003 é
instituída pela Lei 14.231/2003 a eleição para diretores (as).
No ano de 2009, a funcionária Danielle Martini Campos Gatti, foi designada
para assumir a função de Secretária indicada pelo diretor atual, a qual está
ocupando o cargo atualmente.
Levando em conta que a cada sucessão de diretores ao cargo também há
uma alusão à política educacional e proposta de gestão à mudança de cada um, é
certo afirmar que os primeiros diretores sendo indicados ao cargo deixavam que os
políticos locais interferissem nas ações da escola, a exemplo escolha de professores
para ministrarem as aulas. A partir de 1983 com a mudança da Legislação quanto ao
cargo de direção nas escolas pela Resolução Nº 2666/83, cada diretor precisou
elaborar sua proposta de gestão baseada nas necessidades da escola em
consonância com a política educacional do Estado do Paraná. Com base nessa
proposta surge uma gestão democrática que aos poucos continua se aprimorando.
Com essa implantação de gestão democrática surge o PPP, alterando a organização
do trabalho pedagógico, a partir disso se torna necessário que toda ação da escola
seja elaborada no coletivo e aprovada por todos, ocorrendo com isso maior
participação dos pais e de toda a sociedade na vida escolar.
As Escolas Ginasiais que foram criadas em cada município com o nome da
cidade sede receberam várias denominações, de acordo com Decretos e
Resoluções. Porém, Conforme o Decreto nº 18540/70, publicado no Diário Oficial de
16 de março de 1970, foi alterado o nome do Ginásio Estadual de Nova Fátima para
“Ginásio Estadual Dr. Aloysio de Barros Tostes”.
De acordo com a introdução do Projeto Político Pedagógico da escola (2014),
o motivo da denominação da escola foi uma homenagem póstuma ao Dr. Aloysio de
Barros Tostes, falecido aos 49 anos, em 03 de outubro de 1969. Foi um dos
primeiros moradores de Nova Fátima, Vereador e Presidente da Câmara no ano de
1960. Cidadão honrado, cumpridor de seus deveres, profissional categorizado.
Fundou dois hospitais em nosso município: “Casa de Saúde Rita de Cássia” e
Hospital e Maternidade “Santa Terezinha”, do qual era o Proprietário e Diretor.
Exerceu a função de professor da escola que ajudou a criar
Conforme o Decreto Nº 4254/77 de 06 de dezembro de 1977, obedecendo a
Lei 5692/71, foi autorizado o funcionamento do Complexo Escolar Adelaide Glaser
Ross – Ensino de 1º Grau, resultante da reorganização do Ginásio Estadual Dr.
Aloysio de Barros Tostes e Grupo Escolar Adelaide Glaser Ross. Então o Ginásio
Estadual Dr. Aloysio de Barros Tostes passou a denominar-se “Escola Dr. Aloysio de
Barros Tostes - Ensino de 1º Grau”.
Essa mudança foi determinada por conta da junção do funcionamento de
várias modalidades de ensino em um mesmo estabelecimento, porém essa
mudança de nomenclatura não trouxe outras alterações para a escola.
Em 24 de julho de 1980, o Governador do Estado do Paraná, o Senhor Ney
Braga, autorizou o funcionamento do Complexo Escolar Adelaide Glaser Ross –
Ensino de 1º e 2º Graus, decorrente da reorganização do Ginásio Estadual Dr.
Aloysio de Barros Tostes, Grupo Escolar Adelaide Glaser Ross, Escola Normal
Colegial Estadual de Nova Fátima e Colégio Comercial Estadual de Nova Fátima,
conforme Decreto 2676/80 que revogou o Decreto 4254/77, então o Ginásio
Estadual Dr. Aloysio de Barros Tostes passou a ser denominado “Escola Dr. Aloysio
de Barros Tostes – Ensino de 1º Grau”.
Em 17 de fevereiro de 1982, foram reconhecidos o Estabelecimento e o
Curso, conforme Resolução nº 289/82 pela Resolução nº 685/83 de 07 de março de
1983, a Escola passou a denominar-se “Escola Estadual Dr. Aloysio de Barros
Tostes – Ensino De 1º Grau”.
De acordo com a Resolução Secretarial nº 3120/98 de 11/09/1998 a Escola
passou a denominar-se “Escola Estadual Dr. Aloysio de Barros Tostes – Ensino
Fundamental” Essa resolução se deu através da transição da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação, Lei 9394/96.
A cada cinco (5) anos, toda Escola necessita renovar o Reconhecimento do
Curso, por esse motivo a Escola Estadual Dr. Aloysio de Barros Tostes – Ensino
Fundamental teve uma renovação em 2003 com a Resolução nº 5063/02 de
17/01/2003, outra em 2008 com a Resolução nº 4785/08 de 20/10/2008.
Em 2011, em decorrência da implantação do Curso EJA – Educação de
Jovens e Adultos – Fase II e Ensino Médio, autorizado pela Resolução nº 4757/11
de 01/11/2011, a Escola passou a denominar-se “Colégio Estadual Dr. Aloysio de
Barros Tostes – Ensino Fundamental e Médio”. Com a implantação do Ensino Médio
através da Educação de Jovens e Adultos, a população fatimense foi beneficiada,
pois muitos jovens e adultos que pararam de estudar tiveram a oportunidade de
retornar à escola e concluir os estudos, dessa forma também o ingresso ao Ensino
Superior foi facilitado.
Embora a instituição tenha tido várias alterações quanto à nomenclatura,
espaço físico, sujeitos, profissionais e outras mudanças desde a sua criação em
1956 até os dias atuais, continua sendo a única escola do município que oferta o
Ensino Fundamental séries finais no município de Nova Fátima.
Como Instituição Escolar guardiã de saber formal, da cultura elaborada e da
informação critica têm além da função de produzir e socializar conhecimentos a de
ser um espaço de diálogo com a sociedade, promotora de solidariedade,
humanização e transformação nos processos sociopolíticos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quando se propôs discutir as influências históricas e sociais da criação e
instalação da Instituição Escolar Ginásio Estadual de Nova Fátima até sua transição
a Ginásio Estadual “Dr. Aloysio de Barros Tostes” (1956-1970), considerou-se o
processo de colonização do município, culminando nos processos sociais que
buscaram na criação da Instituição o desenvolvimento sociopolítico do município e
região.
Empenhada em leituras que encaminhasse a um resgate histórico do
processo de institucionalização do Ginásio como parte do Segundo Grau no Brasil
direcionou-se as elites da população, porém confrontando a análise dos
questionários constatou-se que criação do Ginásio ocorreu devido à necessidade de
complementação de estudos dos alunos do Ensino Primário na própria localidade e
região, pois as escolas que ofereciam Ensino Ginasial público eram poucas e
distantes, alguns alunos que possuíam melhor condição financeira na época se
deslocavam até Jacarezinho, onde havia uma escola particular e outra necessidade
foi devido ao aumento da população demandando atender a escolarização dos
jovens.
No decorrer desse relatório, a intenção foi materializar a História da Instituição
Escolar para compor o Marco Situacional do Projeto Político Pedagógico da unidade
de Ensino ora denominado Colégio Estadual “Dr. Aloysio de Barros Tostes” EFM a
partir das fontes documentais e das fontes orais consultadas de maneira a provocar
na gestão pedagógica em toda a comunidade institucional uma urgente consciência
e necessidade de organização, seleção e preservação de fontes documentais e
históricas em suas escolas. Pois ao estudar e analisar a história da escola percebeu-
se a dificuldade em relação à cultura de arquivamento do acervo de documentação
de fontes históricas.
Outro aspecto a se considerar é o fato da referida instituição ter funcionado
desde sua criação, no ano de 1956, até o ano de 1964 em outro estabelecimento,
sendo que com isso grande parte do acervo documental escolar desta época se
perdeu por falta de preservação adequada.
As fontes bibliográficas consultadas demonstram que a ausência de fontes
educacionais tem sido um grande obstáculo para a pesquisa em História da
Educação e particularmente para o estudo das Instituições Escolares. O resgate
histórico objetivou também evidenciar seus protagonistas, aqueles (as) que
estiveram envolvidos na dinâmica escolar, porque além de ter sido alunos (as) da 1ª
turma, foram também professores da referida instituição constituindo sua trajetória
histórica.
Verificou-se pela análise dos questionários com esses profissionais que
tamanha era a relevância dada ao modelo educacional nacional da época, que esse
repercutia na instituição local, embora apenas a minoria tivesse condições de buscar
na educação uma alavanca para mudança na vida social, garantindo o progresso
socioeconômico.
Em suma, o investimento na educação do município através da criação do
Ginásio, foi bom não só para melhorar o acesso à cultura pela sociedade, mas
também para gerar empregos na educação, em consequência resultou numa
sociedade mais participativa e ativa politicamente e ainda nos dias atuais segue
formando crianças, jovens e adultos do município.
Ainda baseado nas análises dos questionários aplicados a ex-professores da
instituição percebe-se como a influência política interferia no cotidiano escolar,
desde as indicações para a docência, administração da escola, que desde a criação
da escola como Ginásio Estadual de Nova Fátima até meados de 1970, verificasse
um número expressivo de médicos na administração e docência da escola.
Quanto às condições do professor suplementarista comparado ao professor
PSS de hoje, não são muito diferentes, o mesmo recebia baixos salários, tendo que
ministrar aulas em várias escolas, não tinha estabilidade e não podia usufruir de
algumas vantagens que o professor nomeado possuía. Além dos professores
suplementaristas, a escola contava com pessoas que não tinham uma formação
específica para a docência, hoje esse quadro mudou, pois os profissionais que
atuam no colégio são pessoas graduadas, com especialização e contamos com um
número expressivo de professores PDE.
Ainda considerando a análise dos questionários, até os anos 80, a avaliação na
instituição foi pautada nos conhecimentos adquiridos pelos alunos através da
transmissão de conteúdos repassados pelo professor, o qual detinha o saber e o
aluno passivo deveria transmiti-lo nas provas escritas e orais, provando ter
aprendido e obter aprovação através da média (7,0) a cada final de bimestre. Havia
qualidade no ensino. Depois dos anos 90, com a era da tecnologia, a avaliação
sofreu algumas mudanças, mesmo sendo ainda a mensuração atribuída em valores
(medida), o professor se torna o parceiro mais experiente no processo ensino
aprendizagem segundo Lev Vygotsky (1986-1934) em sua teoria do ensino como
processo social, socializando o conhecimento a partir das condições que o aluno já
possui para que este alcance os resultados esperados no processo ensino -
aprendizagem e atinja média (6,0) a cada final de bimestre.
Não se pode deixar de relatar que assim como não existe nas escolas a
cultura de guarda de documentos em arquivos, porque não se tem o entendimento
de que estes constituem fontes documentais e históricas de pesquisa educacional,
há aqueles que contribuíram significativamente no processo desse estudo,
afirmando que sem a colaboração destes não se teria chegado ao ponto em que se
chegou.
Qual seria a principal necessidade da criação desta escola para a sociedade
no contexto da época e qual a relação entre as fontes históricas primárias,
secundárias e a história da instituição escolar objetivada no Marco Situacional do
Projeto Político Pedagógico? Essas foram as indagações que julgamos ter
respondido.
Os fenômenos são complexos, porém a atitude investigativa possibilita
crescente autonomização das condições necessárias para que se crie uma cultura
histórica acerca das instituições escolares que permita compreensão de sua
trajetória e seus diversos nuances como um todo.
Destaca-se por último que ao se vencer o desafio proposto, considera-se que
ainda que organicamente articulada à pesquisa seja inconclusa porque a história é
dinâmica assim como o conhecimento não é estático, permitindo a outros
pesquisadores prosseguir de onde se parou enriquecendo com novos dados o que
não se alcançou.
Porém fica o legado do desvelamento da gênese do Colégio Dr. Aloysio como
Primeiro Curso Ginasial de Nova Fátima, e no processo ao se refutar dados e
materializar outros se legitima a contribuição teórica para a discussão da história das
instituições escolares, sua perspectiva, conteúdo e interpretações das fontes
históricas e documentais no espaço escolar.
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