OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
RELAÇÕES ECOLÓGICAS ENTRE OS SERES VIVOS: DA TEORIA À
PRÁTICA.
Juliana Trombetta1
Eliane Strack Schimin2
Resumo – O presente artigo relata a implementação de projeto no espaço escolar, decorrente do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), promovido pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED/PR), desenvolvida no ano de 2015. O objetivo principal foi desenvolver o conteúdo estruturante Biodiversidade, que trata das Interações Ecológicas e as adaptações ao ambiente da escola aliando a teoria à prática visando à melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem, com relação ao tema relações ecológicas entre os seres vivos. O trabalho foi desenvolvido com alunos do 6º Ano do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Newton Felipe Albach, em Guarapuava no Estado do Paraná, dentro da temática dos Seres vivos e suas interações. No decorrer das atividades, foram desenvolvidos os conceitos teóricos das relações ecológicas, e a partir daí foram realizadas atividades de visitação, passeios ao Parque do Lago, atividades em grupo, relatórios e registro sobre observações realizadas, apresentação de filmes e documentários. No decorrer do desenvolvimento das atividades, que foram elaboradas dentro da Produção Didático-Pedagógica do PDE, foram também acrescentadas sugestões feitas no decorrer do Grupo de Trabalho em Rede (GTR) pelos professores participantes. Os resultados mostram que as atividades realizadas contribuíram para a melhoria do processo ensino-aprendizagem e ainda foi possível perceber a melhoria nos relacionamentos entre os alunos e com o meio ambiente onde vivem. Palavras-chave: Relações Ecológicas. Ambiente Escolar. Adaptações. Seres Vivos.
1 INTRODUÇÃO
Um dos grandes desafios do Ensino de Ciências sempre foi tornar conceitos
científicos compreensíveis para os alunos e relacioná-los à realidade, associando a
questões cotidianas. Entender as dinâmicas do nosso planeta e buscar mudar atitudes
são preocupações dos educadores, o que consequentemente leva à necessidade de
1Especialização em Ciências do Movimento e Gestão de Recursos Humanos. Graduação em Ciências,
Complementação em Biologia - Licenciatura. Professora de Ciências no Colégio Estadual Professor Newton Felipe Albach, Guarapuava, PR. Participante do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) 2014/2015. E mail: [email protected],gov.br 2Mestre em Educação. Graduação em Biologia e Matemática. Professora do Departamento de Ciências
Biológicas da Universidade Estadual de Centro-Oeste – UNICENTRO, Guarapuava, PR. Orientadora das áreas de Ciências e Biologia do Programa de Desenvolvimento Educacional, PDE, Secretaria de Estado da Educação, SEED – PR. E-mail: [email protected]
conhecer os sistemas naturais, na busca de uma melhoria na educação.
Compreender as inúmeras relações existentes entre os diferentes seres vivos
é um dos pontos fundamentais para que o estudante seja capaz de se situar em
relação ao mundo e a forma com a qual nele interage. Desta forma, os alunos, agentes
de mudança em formação, poderão compreender que os impactos causados ao meio
e as interações ocorrentes, podem afetar diretamente suas próprias vidas.
Assim, o presente artigo intitulado “Relações Ecológicas Entre os Seres Vivos:
da teoria à prática” relata a implementação de projeto no espaço escolar, decorrente
do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), promovido pela Secretaria de
Estado da Educação do Paraná, desenvolvida no Colégio Estadual Newton Felipe
Albach – Ensino Fundamental, no município de Guarapuava – PR, com alunos da 6º
ano, no segundo semestre do ano de 2015.
O objetivo principal deste trabalho foi desenvolver o conteúdo estruturante
Biodiversidade, que trata das Interações Ecológicas e as adaptações ao ambiente da
escola aliando a teoria à prática visando à melhoria da qualidade do ensino e da
aprendizagem, com relação ao tema relações ecológicas entre os seres vivos.
No Colégio onde o projeto foi implementado, já existia uma proposta da gestão,
que consiste em realizar ações voltadas à melhoria do meio ambiente e da qualidade
de vida, promovendo o intercâmbio entre a escola e a comunidade, tornando real a
participação dos alunos no seu dia-a-dia. Nesse sentido, este projeto vem ao encontro
a estas questões, e vai interligar a teoria da sala de aula à prática de intervenção na
comunidade. Assim, justificamos a implementação deste projeto no espaço escolar.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
A Ecologia é o ramo da ciência que estuda as relações mútuas que os seres
vivos estabelecem entre si e com o ambiente físico. Esse objeto de estudo, baseado
nas interações que ocorrem no mundo natural, engloba uma gama de conceitos
biológicos e lhe confere um papel importante no ensino de conceitos científicos.
O entendimento dos diferentes fenômenos que englobam essas relações e
interações entre seres vivos (incluindo o homem) e os componentes abióticos
é amplamente discutido à luz de teorias ecológicas. O ambiente é alterado,
físico e quimicamente, pela maneira como os indivíduos realizam suas
atividades. Também as interações entre organismos, têm influência na vida
de outros seres, da mesma espécie e de espécies diferentes. (BEGON, 2007,
p. 223).
As relações ecológicas se particularizam pela forma de interação que os seres
vivos mantêm entre si sendo categorizadas de acordo com os benefícios e/ou
prejuízos que trazem aos organismos.
Dessa forma, podem ser divididas em dois grupos: harmônicas ou positivas e
desarmônicas e ou negativas.
Nas relações harmônicas há benefício mútuo entre os grupos de espécies
envolvidos, ou benefício para um dos organismos, sem prejuízo para o outro.
Já as relações desarmônicas ou negativas são aquelas nas quais
há prejuízo para algum dos grupos de espécies envolvidos, com benefício do
outro (MACHADO, 2003, p. 484).
Os dois grupos de interações também acaba sendo dividida pelos tipos de
interações que realizam e de acordo com a consequência desta interação.
Os diferentes tipos de interações, harmônicas e desarmônicas, podem ainda
ser separadas em intraespecíficas, quando ocorrem entre organismos da
mesma espécie, e interespecíficas, quando os organismos envolvidos na
interação são de espécies distintas. (LOPES, 2010, p. 145).
Cada interação realizada vai sendo descrita para que possamos entender o que
se elas alteram ou contribuem para o meio onde vivem. Veremos que algumas
interações trará benefício para as espécies envolvidas e também para o meio
ambiente.
As relações intraespecíficas harmônicas ocorrem as colônias e sociedades
onde indivíduos da mesma espécie, mantêm-se anatomicamente separados,
cooperam entre si por meio de divisão de trabalho como por exemplo: as
abelhas, cupins, formigas (UBESCO, 2012).
Já conforme Pinto-Coelho (2000), entre as relações intraespecíficas
desarmônicas temos o canibalismo ato no qual um indivíduo se alimenta de outro da
mesma espécie, e a competição, caracterizada pela disputa por territórios, parceiros
sexuais, comida.
As relações interespecíficas harmônicas são classificadas como: Mutualismo
no qual indivíduos de espécies diferentes se encontram intimamente
associados, criando vínculo de dependência e ambos se beneficiam;
protocooperação, em que os indivíduos cooperam entre si, mas não são
dependentes um do outro para sobreviverem; inquilinismo, onde uma espécie
usa a outra como abrigo; e comensalismo, relação na qual apenas uma
espécie se beneficia, mas sem causar prejuízos à outra (ODUM, 1969 p. 398).
As interações desarmônicas normalmente causam alguma tipo de perda para
o meio ambiente e para espécies envolvidas.
Nas relações interespecíficas desarmônicas, se inclui o amensalismo em que
um ser vivo produz e libera compostos químicos que inibem ou impedem a
sobrevivência do outro; o predatismo onde um indivíduo mata outro para se
alimentar; o esclavagismo, que consiste na exploração de uma espécie por
outro o parasitismo no qual o parasita retira, do corpo do
hospedeiro, nutrientes para garantir a sua sobrevivência, e por ser
prolongada acaba debilitando-o; competição que é a disputa por alimento ou
espaço, entre indivíduos e espécies diferentes (BEGON, 2007, 234).
Conforme BIOMANIA (2014), O tópico interações biológicas pode ser
didaticamente trabalhado com ênfase nos componentes vivos e não vivos de um
ecossistema, sendo importante a explanação sobre as influências intra e
interespecíficas das populações envolvidas em eventos ecológicos que causam
benefícios ou malefícios a um organismo ou ao grupo a que pertence.
Para que isso ocorra, é importante que os alunos compreendam como
funcionam as interações na natureza a fim de compreenderem que os problemas
ambientais ocorrentes podem estar diretamente associados a ação do ser humano
com o seu ambiente.
A união da prática e teoria enfrenta dificuldades, tais como a de aprendizagem
e participação, que variam individualmente. (PARANÁ, 2012)
A aprendizagem depende das características pessoais, do ritmo, das
motivações e interesses individuais, assim, a forma mais adequada de ensino
a ser utilizada tende a variar segundo as necessidades do aluno. Aprender
ecologia na escola permite ao aluno compreender a forma que o ser humano
se relaciona com a natureza além de ampliar seu entendimento sobre o
mundo vivo (PURVES, 2005, p.1044).
Para isso, no ensino fundamental, os estudantes devem ser estimulados a
observar e conhecer os fenômenos biológicos, os seres vivos e sua saúde, mas acima
de tudo, que eles percebam que fazem parte desse ecossistema.
3 METODOLOGIA
A implementação do projeto “Relações Ecológicas Entre os Seres Vivos: da
teoria à prática”, decorrente do PDE, foi desenvolvida no Colégio Estadual Newton
Felipe Albach, no município de Guarapuava – PR, em uma turma do 6º ano do Ensino
Fundamental – Séries Finais, no ano de 2015. O público alvo era formado por vinte e
oito alunos, com idades compreendidas entre 11 e 13 anos.
O objetivo principal deste trabalho foi desenvolver o conteúdo estruturante,
Biodiversidade, do 6º ano do Ensino Fundamental, que trata das Interações
Ecológicas e as adaptações ao ambiente da escola para que se possa aliar teoria e
prática na melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem dos alunos com
relação ao tema relações ecológicas entre os seres vivos.
A intenção do estudo do conteúdo estruturante Biodiversidade do 6º ano do
Ensino Fundamental, é apresentar o tema Interações Ecológicas, abordando como
processos dinâmicos que ocorrem na natureza, criando situações de aprendizagem
de modo que o aluno pense criticamente sobre os impactos ambientais, humanos X
natureza e sobre as relações nos diferentes nichos ecológicos.
Desse modo, essa proposta visa apresentar como as relações ecológicas
determinam o modo como os seres vivos relacionam-se com o ambiente físico e entre
si (busca por alimento, água, espaço, abrigo, luz ou parceiros para reprodução), em
um determinado ecossistema.
Para o desenvolvimento do trabalho foi utilizada a metodologia da teoria à
prática, por se tratar de um método no qual o aluno deve constatar na prática as
relações ecológicas existentes. A pesquisa foi realizada em um processo regular de
ensino-aprendizagem de Ciências, tratou-se de uma pesquisa-ação.
As atividades foram desenvolvidas a partir de um embasamento teórico para
percepção na prática a partir de visitação a ambientes que permitissem esta
visualização. As modalidades didáticas utilizadas foram: aulas expositivas, aulas
práticas, atividades de visitação, saída de campo, atividades em grupo, apresentação
de filmes e documentários. Foram realizadas ainda pelos alunos as seguintes
atividades: pesquisas na internet, em revistas e livros; registro de observações e
confecção de relatórios pelos alunos.
Inicialmente foi realizado um levantamento dos conhecimentos prévios dos
alunos a respeito dos seres vivos e suas interações, através de conversas e anotações
em quadro de giz, onde constatamos que a maioria dos alunos desconhecia os termos
relação e interação.
Em seguida, através de transposição didática foi apresentado o tema sobre as
principais relações ecológicas entre os seres vivos, utilizando-se de exemplos práticos
que acontecem na natureza e enfocando a importância dessas interações para a
sobrevivência dos seres vivos. Foram utilizados textos do livro didático adotado para
o 6º ano e outras fontes de pesquisa, tais como: revistas, diversos livros para consulta
disponíveis na biblioteca do colégio e também não poderíamos deixar de utilizar o
acesso ao computador para pesquisas na internet, o que percebemos provoca
encantamento nos estudantes e enriquece as discussões em sala de aula.
Para compreender essas relações, foram utilizados documentários que
evidenciem a ocorrência desses processos na natureza e que também retratam como
os animais podem ser prejudicados pela intervenção humana e suas adaptações. Ao
final de cada atividade, através de debate, fomos relacionando os tipos de relações
ecológicas entre os seres vivos e como as relações ecológicas acontecem no
ambiente escolar.
Em seguida, foram passados trechos de filmes de desenhos infantis: Bee
Movie: A história de uma abelha, deste filme foi mostrado dois trechos: um que
mostra a divisão de trabalhos que caracteriza a relação ecológica “sociedade” e no
quando Barry sai da colmeia com os “ases do pólen” e eles lhe mostram e explicam
sobre a polinização, uma relação ecológica de “mutualismo”. No filme Irmão Urso
mostra a “competição intraespecífica” entre dois animais e no segundo mostra os
ursos caçando e se alimentando de salmões, caracterizando a relação “predatismo” e
mostrando como os instintos de captura de um predador são importantes, já que Kenai
(que é na verdade um homem) não consegue capturar nenhum salmão. Também
assistiram o trecho Procurando Nemo mostra a relação “comensalismo” entre o
peixe-palhaço e a anêmona. É possível visualizar como a anêmona traz proteção e
abrigo para o pequeno peixe. O professor de Nemo mostra a ele e seus colegas uma
colônia de cianobactérias dizendo: “Oh! Cianobactéria estromatolítica! Venham cá!
Um ecossistema inteiro num pontinho infinitesimal”. A relação “colônia” já havia sido
explicada e mostra quando Nemo é colocado no aquário e é contaminado pelo
camarão Jacque em uma relação de “protocooperação”. Vida de Inseto de 3min5s, a
formiga rainha cuida de um pulgão em uma relação de “esclavagismo”. Esta relação
também pode ser vista no segundo trecho no qual os gafanhotos querem se alimentar
dos grãos/folhas/ramos colhidos pelas formigas e no terceiro trecho é exibida uma
pulga com a qual a personagem Slim dialoga dizendo: “Seu parasita!”, sendo uma
referência sutil ao “parasitismo”.
Esses trechos de filmes foram utilizados para fixação dos conteúdos teóricos
trabalhados em sala de aula.
Após o término das atividades teóricas, fizemos com os alunos uma saída
externa ao redor do colégio, na qual eles deveriam perceber quais os tipos de
interações que acontecem nas proximidades, também andamos pelo ambiente interno
do colégio, mostrando cada espaço e como era utilizado, quais os ambientes usados
somente pelo Colégio Newton Felipe .Albach e quais os utilizados pela Escola
Municipal Chester Kochanski, as quais funcionam temporariamente no mesmo espaço
físico e, ainda, os espaços compartilhados, utilizados pelos dois estabelecimentos de
ensino. Tratamos a questão do respeito e do relacionamento que devem existir entre
todos para que se tenham um melhor convívio. Neste momento trabalhamos com
conceitos de Relação Harmônica e Desarmônica.
A seguir, apresentamos imagens de atividades realizadas com os alunos
envolvidos na pesquisa, mostradas nas Figuras 1, 2, 3 e 4.
Figura 1 – Saída com alunos a espaço externo Colégio Newton F. Albach
Fonte: A autora, 2015
Figura 2 – Saída com alunos a espaço externo Colégio Newton F.Albach
Fonte: A autora, 2015
Figura 3 – Registro das observações dos espaços do colégio
Fonte: A autora, 2015
Figura 4 – Registro das observações dos espaços do colégio
Fonte: A autora, 2015
O registro das atividades práticas foram feitas por meio de imagens
fotográficas, produção textual e cartazes, onde os alunos expressaram a observação
que fizeram.
Numa segunda etapa, realizamos com os alunos uma saída de campo no
Parque do Lago, em Guarapuava – PR. No referido parque realizamos a observação
e identificação de tipos de relações ecológicas que ocorrem neste local, juntamente
com a percepção da importância dos elementos água, ar e solo para que estas
relações aconteçam. Este ambiente foi escolhido para saída a campo por tratar-se de
um local próximo ao colégio e no qual os alunos interagem diariamente.
A dimensão afetiva das saídas a campo é cada vez mais valorizada por causa
da aprendizagem não só de conceitos, mas também de valores. A
convivência em grupo, a necessidade de organização individual, de ajuda
mútua, de enfrentamento de desafios até mesmo físicos certamente
mobilizam conhecimentos diferenciados, os quais são específicos desse tipo
de aprendizagem. (MARANDINO,SELLES e FERREIRA ,2009, p.146)
Os alunos foram divididos em grupo, por cores, e receberam uma ficha de
observação. As Figuras 5 e 6 mostram as imagens da separação dos grupos no
Parque do Lago.
Figura 5 – Separação dos Grupos para observação no Parque do Lago
Fonte: Silvia Zanette, 2015
Figura 6 – Separação dos Grupos para observação no Parque do Lago
Fonte: Silvia Zanette, 2015
A seguir apresentamos o modelo de ficha de observação entregue aos alunos
participantes da saída de campo.
Ficha de Observação
Colégio Estadual Newton Felipe Albach – EFM.
Roteiro de Observação
1-Nome dos
alunos(as)____________________________________________________
2-Ambiente a ser
observado:________________________________________________
3-Vocês deverão prestar atenção ao ambiente onde estamos e tentar localizar os
tipos de relações existentes entre seres vivos neste local.
4-Quais os elementos na natureza presentes neste local:
5-Observar se a vegetação foi introduzida ou é nativa
6-Fatores bióticos e abióticos existentes:
7-Conseguiu visualizar relações ecológicas neste ambiente ( ) sim ( ) não
8-Cite as relações observadas, e quais seres vivos envolvidos.
A partir da explicação das atividades que seriam realizadas, os alunos foram
orientados a andar em grupos e anotar suas observações para elaboração dos
relatórios. Ver imagens nas Figuras 7, 8 e 9.
Figura 7- Observação Parque do Lago
Fonte: Silvia Zanette, 2015
Figura 8 – Observação Parque do Lago
Fonte: Silvia Zanette, 2015
Figura 9 – Observação no Parque do Lago
Fonte: Silvia Zanette, 2015
Após o retorno ao colégio, os alunos fizeram seus relatórios apontando as
observações e foram realizados debates em relação às observações.
Os alunos foram divididos em grupos e a partir das observações fizeram suas
manifestações orais sobre a existência de relações ecológicas no ambiente que foi
visitado. Os grupos foram formados por cores, conforme segue:
Grupo Verde – “verificamos algumas relações de seres vivos, como o formigueiro,
aquela tipo um casca nas árvores, que depois a professora explicou que era um
Líquen, e a casinha do João de barro”.
Grupo Vermelho – “Vimos vários seres vivos se relacionando com outros, mas o
“que chamou mais atenção foi que o homem, que também é um ser vivo, polui e
destrói o ambiente que os outros seres se relacionam, no rio tinha poluição.”
Grupo Laranja – “Nós achamos interessante que já fomos várias vezes no lago, e
não pensamos que ali os seres vivos estão interagindo uns com os outros, e hoje a
professora falou e aí prestamos atenção na casinha do João de Barro, no formigueiro,
e nas outras que acontecem ali no lago.”
Grupo Azul – “Observamos que tem muitos seres vivos se relacionando ali no lago,
algumas coisas são positivas e outras negativas, como a professora explicou.”
Grupo Roxo- “ Nós deste grupo percebemos como o lago é bonito e cheio de seres
vivos que estão se relacionando entre si, nós também nos relacionamos com os seres
que vivem ali, mas muitas vezes nós prejudicamos os outros seres com as coisas que
fazemos erradas, como jogar lixo, poluir os rios e ficar destruindo a natureza
Figura 10 – Relatórios preenchidos pelos alunos após observação
Fonte: A autora, 2015
Figura 11 – Relatórios preenchidos pelos alunos após observação
Fonte: A autora, 2015
Os alunos da turma do 6º ano estavam apresentando dificuldades de
relacionamento entre eles, falta de respeito e outros problemas, então juntamente com
as estagiárias de Psicologia, realizou-se um trabalho para melhorar o convívio em sala
de aula e neste trabalho, foram utilizados também como exemplo, as relações
ecológicas que eles tinham aprendido, para estabelecer critérios de convivência
harmônica e desarmônica.
Os alunos confeccionaram figuras sobre as relações ecológicas, sendo esta
atividade, utilizada para a fixação de conteúdos trabalhados. As imagens são
apresentadas nas Figuras 12 e 13.
Figura 12 – Pintura e montagem de tipos de relações ecológicas realizadas pelos
alunos
Fonte: A autora, 2015
Foto 13- Pintura e montagem de tipos de relações ecológicas realizadas pelos
alunos
Fonte: A autora, 2015
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A escola hoje tem a função de formar cidadãos que conheçam o ambiente
em que vivem para poder interagir com os elementos naturais que estão ao seu redor.
Este trabalho teve como função principal levar os alunos a aprender, através de
atividades práticas, as relações ecológicas e o que elas podem contribuir para melhor
convivência entre os seres vivos. Além deste objetivo os alunos também puderam
compreender que são seres vivos e que estão interagindo diariamente com todos os
seres vivos, principalmente com colegas, professores e funcionários no ambiente
escolar. Após avaliação junto à equipe diretiva, pedagoga e estagiárias do curso de
Psicologia, percebemos uma melhora no comportamento de alguns alunos e o
respeito entre eles também passou a ser melhor.
Paralelo à implementação do trabalho, participamos do Grupo de Trabalho em
Rede(GTR) proporcionado pela SEED, onde muitas discussões, contribuições e
reflexões foram colocadas pelo grupo e que só veio a enriquecer as atividades.
Um dos professores participantes sugeriu que ao proporcionar a prática
investigava/reflexiva e levar o aluno a aquisição do conhecimento, o professor vivencia
o exercício reflexivo, e surge uma re-significação da aprendizagem. Esta prática tende
a ser a efetivação da práxis. Neste sentido a atividade docente é ao mesmo tempo
prática e ação. É através do processo de reflexão-ação-reflexão que surge a práxis
docente, onde o professor passa de expectador e/ou investigador para agente de
mudanças, capaz de com seu senso crítico adaptar o método conforme a situação da
comunidade escolar.
A práxis docente está presente na vida do professor que se propõe a assumir
uma postura crítica-reflexiva a respeito de suas próprias experiências, fazendo uma
leitura de mundo que beneficie as propostas de atividades que tenham a prática como
ponto de partida e de chegada.
Acredito que situar o aluno de sexto ano na sua biodiversidade é fazê-lo
perceber-se construtor de sua história e com isso transformador da sua realidade.
Esse projeto vai de encontro com a fala de Rubem Alves, vai criar uma situação de
"espanto" nos alunos, eles vão querer perguntar, questionar, indagar, sugerir,
contribuir, discutir, gerando uma rede de informações e conhecimento que vão muito
além das barreiras físicas da escola.
Assim, nossos alunos passaram a perceber as interações que aconteciam ao
redor deles e a perceberem a importância do relacionamento com os alunos da outra
escola.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como já afirmamos em alguns momentos do nosso trabalho, um dos grandes
desafios do Ensino de Ciências sempre foi tornar conceitos científicos compreensíveis
para os alunos e relacioná-los à realidade, associando a questões cotidianas. Pode-
se constatar no decorrer das atividades propostas, o quanto os alunos foram
percebendo que estão inseridos neste cotidiano e que fazem parte destes
acontecimentos. Algumas atividades tiveram que ser retomadas, para que a maioria
pudesse realmente entender e interagir.
Para o ano de 2016, pretendemos aprimorar as atividades de adaptação ao
ambiente escolar, visto que durante o ano de 2015, tivemos um período de paralização
escolar, e isso acabou dificultando a continuidade de algumas atividades. Mas
percebemos que podemos trabalhar juntos o tema biodiversidade e Interações
Ecológica e, as Interações Ecológicas fazendo o intercâmbio escolar entre as turmas
e porque não, com outras escolas, com intuito de sensibilizar e ao mesmo tempo
conscientizar os alunos com uma prática pedagógica atuando também fora de sala.
Embora, já trabalharmos com nossos alunos em participações alusivas ao meio
ambiente e no dia da árvore, ainda é pouco. O projeto é excelente. Adaptá-lo a faixa
etária de nossos alunos será prioridade, pois se referindo ao meio ambiente escolar
onde o aluno encontra-se inserido e ecossistema, unidade natural constituída de parte
não viva (água, gases atmosféricos, sais minerais e radiação solar) e de parcela viva
(plantas e animais, incluindo os microrganismos) que interagem ou se relacionam
entre si, formando um sistema estável será gratificante.
REFERÊNCIAS
BEGON, Michael; TOWNSENDE Colin R.; HASPER, Jonh L. Ecologia de Indivíduos a Ecossistemas. Tradução de: SANCHES, Adriano. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. LOPES, Sônia; ROSSO, Sérgio. Bio. V. 3, Rio de Janeiro: Saraiva, 2010. MACHADO, Sídio. Biologia, de Olho no Mundo do Trabalho. São Paulo: Scipione, 2003.
ODUM, Eugene P. Fundamentos de Ecologia. 7. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1969.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Cadernos de Expectativas de Aprendizagem. Curitiba: SEED, 2012. MARANDINO, Martha e outras Ensino de Biologia:histórias e práticas em diferentes espaços educativos. São Paulo : Cortez,2009 PINTO-COELHO, Motta Ricardo. Fundamentos em Ecologia. Porto Alegre: Artmed, 2000. PURVES, William e outros. Vida, a Ciência da Biologia. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. REVISTA ELETRÔNICA. Interações Ecológicas. Disponível em: <http://www.biomania.com.br/bio/conteudo.asp?cod=1262> Acesso em: 15 de Maio de 2014 – 22 h.
URBESCO, João Martins, João Manoel, Herik Martin Velloso; Luiz Carlos Ferrer Companhia das Ciências. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
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