Ministério da Educação
Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares Centro de Formação Continuada de Professores
Secretaria de Educação do Distrito Federal Escola de Aperfeiçoamento de Profissionais da Educação
Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica
OS ATORES DO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM
A ausência da família na escola
Miguel Ozório Alves
Professora-orientadora Mestre Juliana Fonseca Duarte Professora monitora-orientadora Mestre Andréia Mello Lacé
Brasília (DF), maio2013
Miguel Ozório Alves
OS ATORES DO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM A ausência da família na escola
Monografia apresentada para a banca examinadora do Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica como exigência parcial para a obtenção do grau de Especialista em Coordenação Pedagógica sob orientação da Professora-orientadora Mestre Juliana Fonseca Duarte e da Professora monitora-orientadora Mestre Andréia Mello Lacé.
Brasília (DF), maio2013
TERMO DE APROVAÇÃO
Miguel Ozório Alves
OS ATORES DO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM
A ausência da família na escola
Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista
em Coordenação Pedagógica pela seguinte banca examinadora:
_________________________________ ____________________________
Profa. Msc Juliana Fonseca Duarte Profa. Msc Lívia Silva Souza– SEEDF
(Professora-orientadora) (Examinadora externa)
Brasília, 18 de maio de 2013
Dedico esse trabalho a minha família esposa e cinco filhos pelo esforço pela
dedicação, paciência e pelo incentivo que sempre tiveram comigo..
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por me conceder forças para extrair do interior a vontade de
querer crescer mais e subir mais um degrau nas escadarias da vida.
A todos que de certa forma estiveram sempre presentes em meus caminhos,
com sorrisos certeiros em forma de carinho. Meus filhos e afilhados, que todos os
dias da vida se encarregam de regar as rosas do meu jardim e fazem brotar novas
plantas, que trazem os frutos necessários para alimentação do meu bem estar.
A minha querida e amada esposa que todos os dias de nossas vidas despeja
sobre mim uma enorme cachoeira de carinho, amor e atenção, nunca deixando de
auxiliar nos momentos cruciais que a vida oferece.
Às minhas orientadoras Juliana Fonseca e Andreia Lacé, que durante o
decorrer, sempre estiveram dispostas a me auxiliar no rompimento de tantas
muralhas e que nunca me deixaram parar no meio do caminho, tendo sempre
palavras e atitudes de encorajamento.
Porque cada um, independente das habilitações que tenha, ao menos uma vez na
vida fez ou disse coisas muito acima da sua natureza e condição, e se a essas
pessoas pudéssemos retirar do quotidiano pardo em que vão perdendo os
contornos, ou elas a si próprias se retirassem de malhas e prisões, quantas mais
maravilhas seriam capazes de obrar, que pedaços de conhecimento profundo
poderiam comunicar, porque cada um de nós sabe infinitamente mais do que julga e
cada um dos outros infinitamente mais do que neles aceitamos reconhecer.
José Saramago (A Jangada e a Pedra)
RESUMO
Esta pesquisa visa demonstrar as dificuldades existentes nos caminhos
educacionais, para os quais, espera-se encontrar soluções, que torne a educação a
principal fonte de crescimento frente às desigualdades sociais. Oobjetivo geral é
investigar as causas e as consequências causadas pela distância entre a
comunidade e a escola. Os objetivos específicos são destacar os fatores causadores
da distância entre a escola e a família, assim como, encontrar formas de infiltrar a
família no mundo da na escola. Para tais objetivos, fundamentou-se nos autores
Libâneo (2000), que busca a autonomia democrática na escola, e Rego (2003) que,
numa abordagem vygostkiana, defende a união entre a escola e família como forma
de alcançar melhores resultados no processo de ensino aprendizagem.A abordagem
quantitativa foi a abordagem escolhida para direcionar, contudo não se esquecendo
de abordar qualitativamente na análises de resultados obtidos.A pesquisa concluiu
que não há uma maneira única para conseguir trazer a família para a escola. É
necessário criar alternativas diversificadas que consigam atrair a comunidade e
alternativas para fazer que elas permaneçam e façam parte definitivamente do
processo de aprendizagem.
Palavras-chave: Família. Escola. Ensino-aprendizagem.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Há quanto tempo você leciona? ............................................................... 20
Gráfico 2: Você gosta de lecionar? ........................................................................... 22
Gráfico 3: Pretende chegar a aposentar na profissão que exerce? .......................... 23
Gráfico 4: Quantas vezes envia tarefas para casa na semana? ............................... 24
Gráfico 5: Costuma chamar os pais ou responsáveis: .............................................. 25
Gráfico 6: Seu relacionamento com os alunos é: ...................................................... 26
Gráfico 7: Seu relacionamento com os pais ou responsáveis é: ............................... 27
Gráfico 8: Considera a família de seus alunos: ......................................................... 28
Gráfico 9: O que você acredita que ajuda a afastar a família da escola? ................. 29
Gráfico 10: O que você acha da escola onde seu filho estuda?................................ 30
Gráfico 11: Você sabe quantas horas seu filho estuda por dia? ............................... 31
Gráfico 12: Sabe o que seu filho estudou no último bimestre? ................................. 32
Gráfico 13: Qual a disciplina que seu filho tem mais dificuldade? ............................. 33
Gráfico 14: Costuma acompanhar seu filho nos deveres de casa? .......................... 34
Gráfico 15: Quantas vezes já foi à escola do seu filho este ano? ............................. 35
Gráfico 16: Como está o rendimento do seu filho na escola? ................................... 35
Gráfico 17: Sabe dizer o nome do professor de seu filho? ........................................ 36
Gráfico 18: Você considera importante para o seu filho: ........................................... 37
Gráfico 19: Você sabe quem são os amigos de seu filho? ........................................ 38
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10
1 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 14
2 METODOLOGIA ..................................................................................................... 17
3 ANÁLISE DOS DADOS .......................................................................................... 19
3.1 Questionário aplicado aos professores ............................................................... 20
3.2 Questionário aplicado aos pais ou responsáveis ................................................ 30
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 40
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 42
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO PARA OS PROFESSORES ................................ 44
APÊNDIDE B – QUESTIONÁRIO PARA OS PAIS OU RESPONSÁVEIS ................ 46
INTRODUÇÃO
O presente estudo propõe demonstrar os caminhos existentes entre a escola
e sua comunidade. Sob um ângulo específico foi feito uma investigação na escola na
intenção de identificar o que leva a escola a se manter tão distante de sua
comunidade. A relação entre escola e comunidade não pode ser vista
separadamente, elas devem caminhar juntas na construção dos caminhos da
aprendizagem.
Assim, a partir de um levantamento histórico da Escola Municipal Cecília
Meireles, foi possível compreender algumas brechas criadas e mantidas ao longo
dos anos que continuam alimentando esse problema.
A família e a escola têm se distanciado cada vez mais, deixando entre ambas
uma enorme lacuna composta de indagações que sempre permearam os caminhos
da educação. Descobrir os motivos que permeiam entre ambas, é fundamental para
encontrar alternativas que revertam esse quadro. Isso pode ser feito investigando-se
os fatores causadores e as consequências da distância entre a comunidade e a
escola.
A escola onde a investigação aconteceu é de origem urbana, localizada na
área central do Município de Novo Gama. Atende uma clientela de baixo poder
aquisitivo de modo geral. Teve sua construção iniciada no ano de 1997 com o
objetivo de funcionar como Secretaria Municipal de Educação. Algumas turmas de
séries iniciais ocupavam as salas na rede estadual, resultando em um menor
número de vagas para o ciclo seguinte ao do ensino fundamental. No ano de 2000,
ao término da construção, um desentendimento político entre o governo municipal e
estadual, fez com que o município se prontificasse, numa segunda feira para
inaugurar o prédio novo da Secretaria de Educação, tendo que abrigar esses alunos.
O único lugar em condições de receber duas turmas de 5º ano e três do 4º ano era o
prédio que acabara de ser construído.
Desde então a escola funciona no mesmo prédio, que por ter sido construído
para outra finalidade, não atende às mínimas exigências de um espaço escolar:
faltam banheiros para alunos e professores, sala de professores, de coordenação,
área de lazer, pátio, biblioteca, refeitório e demais dependências importantes em um
prédio escolar. Embora não tenha sequer as medidas exigidas para em sala de aula,
em 2002, A Escola Municipal Cecília Meireles foi registrada no Conselho Municipal
de Educação e desde então, tem sua autorização renovada anualmente.
Nos últimos anos, esteve entre os cinco primeiros na classificação municipal
do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e por duas vezes
seguidas foi a primeira colocada do município.
Mesmo diante desse quadro, é possível detectar a falta de interação entre a
escola e a comunidade. Por várias vezes foram feitas festas de comemoração que
trouxessem os pais e a comunidade escolar para dentro da escola. No entanto,
assim acontece, todos veem, divertem-se e vão embora deixando de novo, a velha e
conhecida lacuna.
E foi essa a falta de interação entre a escola e a comunidade, o objeto de
estudo desta pesquisa.
É compreensível que a escola fique mais interessante caso crie condições ou
situações para acolher essa comunidade escolar. Para isso, foram realizadas
palestras na escola com diversos temas: saúde, segurança, doenças sexualmente
transmissíveis, alimentação, gravidez precoce. Em todas as palestras obteve-se um
número significativo de pais e ou responsáveis.
Não dispondo de espaço físico suficientemente eficaz para as realizações de
outras palestras quantas se fazem necessárias e na falta de outros eventos, a
família acabou por se distanciar novamente. Ficam as frustrações de saber que a
família comparece na escola sempre que apenas para participar de eventos.
Conhecer melhor essa comunidade, talvez seja uma grande oportunidade de
encontrar meios de trazê-la definitivamente para dentro do mundo da aprendizagem.
Segundo minha percepção a globalização da economia trouxe entre outros,
uma imensa gama de mudanças, de hábitos e costumes, acarretando assim uma
completa reformulação da família.
Com o definhamento da estrutura patriarcal, já descrito em Casa grande e
senzala de Gilberto Freire, em meados do século XIX, outros modelos familiares
despontaram na atualidade. A família tem se distanciado do modelo tradicional e
encolhido bastante devido à redução no número de seus componentes.
O tão sonhado casamento envolto a véus e grinaldas, já pode ser visto em
muitos casos, apenas como contrato de união, entre duas pessoas que decidiram
formar um núcleo familiar. E não raro, são os casais que nos primeiros anos
dissolvem o laço matrimonial. Isso gera um enorme número de famílias conduzidas
apenas por um dos cônjuges, e em maior parte pela mulher, que se obriga a ir ao
mercado de trabalho, durante o casamento.
Com o advento da Constituição Federal de 1988 e o reconhecimento pelo
Supremo Tribunal Federal, a união estável dos casais homossexuais desponta uma
nova roupagem no direito de família que caminha para um perfil que exige que se
deixe para trás alguns obstáculos e discriminações. Com isso permeia-se o
surgimento de novos valores e princípios familiares.
Juntando a isso, muitos fatores de ordem social, econômica e ou conjugal têm
colocado a família no rol de disputas judiciais, ou quando não, são alvos de
desentendimentos constantes.
Aos filhos, restam as dificuldades de entendimento da realidade, a
incompreensão de alguns conceitos, que ora expressos em casa, ora expressos na
escola, não se encaixam em sua dura realidade.
Se de um lado os livros didáticos insistem em oferecer o modelo
americanizado de família, do outro lado a mídia com seu imenso aparato de
informações, dificulta muito mais a compreensão total do mundo real.
Como resultado, temos mudanças comportamentais repentinas, que são
despejadas todos os dias nas inúmeras salas de aula. Não cabe a eles, os alunos, a
missão de concertar o que não quebrou, mas recai sobre eles a maior
responsabilidade, sobretudo, pela obrigação de readaptar-se diante desse imenso
quadro de transformação familiar.
A decisão de abordar e discutir essas questões foram amadurecidas, depois
de algumas observações feitas no dia a dia dentro e fora da escola. Frequentemente
encontramos esse aluno, filho dessas famílias que se encontram e desencontram
todos os dias. Não podemos afirmar acertadamente que essa é a única e maior
causa do distanciamento entre a família e a escola, mas o certo é que passamos por
dificuldades contínuas no que diz respeito a essa falta de entrosamento.
O acompanhamento familiar é feito em maior parte apenas pela mãe que se
restringe de modo geral apenas ao dever de ir buscar os resultados finais ou
participar de alguma reunião quando convocada e quando houver disponibilidade de
tempo.
O objetivo geral deste é investigar as causas e as consequências causadas
pela distância entre a comunidade e a escola. É importante e necessário saber os
motivos impedem a aproximação da escola coma comunidade e deixar claro os
males causados por essa separação infinita.
Os objetivos específicos é destacar os fatores causadores da distância entre
comunidade e escola.
Para atingir os objetivos propostos o presente trabalho foi dividido em três
capítulos. O primeiro capítulo sistematiza as ideias centrais dos principais autores
que subsidiaram a análise dos dados, entre os quais cito: Libâneo (2000) e Rego
(2003).
No segundo capítulo, trata-se da metodologia utilizada para alcançar os
resultados. Foram construídos mecanismos de investigação capazes de fornecer
melhores dados da realidade pesquisada. A busca por resultados tornou obrigatório
vasculhar todas as possibilidades de compreensão do contexto que envolve família
e escola.Com base na abordagem quali-quantitativa foram aplicados questionários
para levantamento de dados concretos.
Por fim, o terceiro capítulo trata da análise dos dados, onde há uma intenção
clara em esmiuçar todas as questões levantadas a fim do melhor entendimento do
problema levantado.
14
1 REFERENCIAL TEÓRICO
O referencial teórico deste trabalho foi fundamentado em livros e textos
relacionados ao tema: Os atores do processo de ensino aprendizagem. Não foi
tarefa difícil encontrar textos que delimitassem a pesquisa, mas foi difícil a escolha
dos mesmos, pois muitos autores, embora enfocando diretamente a escola e a
família, acabaram priorizando outras variáveis, tais como: o comportamento dos
alunos, o aprendizado adquirido, a relação professor aluno, entre outras.
Trabalhar o tema escola e comunidade escolar parecia ser tarefa simples,
contudo, envereda entre os mesmos uma quantidade enorme de variáveis que
auxiliam ou atrapalham o andamento do processo.
Para Libâneo (2000), as práticas educativas não se dão de forma isolada das
relações sociais, políticas, culturais e econômicas da sociedade. Em concordância
com o autor citado, foi possível decidir investir no problema e tentar descobrir os
motivos que causam ou que auxiliam no distanciamento existente entre a escola e a
família, vista aqui no papel principal da comunidade escolar. Ainda, segundo
Libâneo (2000),
Educação é o conjunto de ações, processos, Influências, estruturas que intervêm no desenvolvimento humano de indivíduos e grupo na relação ativa com o ambiente natural e social, num determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais (LIBÂNEO, 2000, p. 22).
No entanto, a escola pesquisada viu o afastamento cada vez maior entre ela e
a comunidade acontecer gradativamente. Mesmo sendo uma escola localizada no
centro da cidade, não oferece ao aluno espaços apropriados para o lazer, para o
aprendizado: biblioteca, sala de informática e laboratórios.
Não raro são as oportunidades em que os pais ou responsáveis comparecem
à escola para resolver problemas referentes à aprendizagem de seus filhos e muito
antes de ser ouvido ou de ouvir, apressa-se ao direito da retirada instantânea,
deixando à mercê a chance de poder participar do aprendizado de suas crianças
que indubitavelmente vivem a soltar seus gritos de socorro.
Ao professor cabe ocupar-se do importante papel na formação do aluno,
porém, imputar a ele a responsabilidade única nessa formação, torna-se uma
alternativa muito grave. Entender que o professor é uma peça chave na transmissão
15
do conhecimento e que o mesmo necessita de boas condições de trabalho é
imprescindível para que consiga alcançar o sucesso, mas ele por si só não
alcançará o topo sem estar junto à instituição familiar.
Nos dias atuais o professor da maior parte do nosso país carrega nos ombros
o peso da desvalorização e o mesmo acontece com os professores da escola
pesquisada. Com tudo isso ainda percebe-se um nível elevado no compromisso com
o trabalho.
Os últimos resultados do IDEB deixam a escola confortavelmente entre os
primeiros colocados. Ao que indica, a larga experiência na prática do magistério da
equipe tem auxiliado diretamente no alcance desses resultados.
O professor foi aprendendo a ver o aluno como ser social indiferente à família
que parece esquecê-lo, com isso recai sobre a escola o papel de cumprir com
algumas tarefas familiares, além de ter que aprender a identificar suas
características diferenciadas de acordo com a região geográfica, classe social etnia
e até mesmo religiosas.
É importante lembrar que ao entrar na escola, a criança já se apropria da
leitura através dos hábitos adquiridos na convivência em seu meio. Por isso é
necessário que a escola esteja em perfeita sintonia com a família, é necessário que
os dois em conjunto estejam movidos pelo interesse de tornar a escola um lugar
altamente agradável.
É necessária uma conscientização muito grande para que todos se sintam envolvidos neste processo de constantemente educar os filhos. É a sociedade inteira a responsável pela educação destes jovens, desta nova geração (SILVA, 2008, s/p).
A família brasileira vem passando por transformações Importantíssimas no
contexto sócial, econômico e político o que reflete diretamente no cotidiano escolar,
obrigando a escola a adequar-se a esse turbilhão metamorfósico.
Assim, discutir ou avaliar a relação entre a escola e a família torna-se
bastante significativo, embora seja um assunto tão comentado no interior da escola,
acaba sendo estereotipado como algo de pouca importância. Todas as etapas do
aprendizado escolar passam por experiência das mais diversas que ora estimulam
ora desestimulam o aluno. Os acontecimentos diários dos mais diferentes tipos
contribuem diretamente na aquisição dos conhecimentos, seja num simples elogio
16
ouvido a uma crítica severa. Nos dois casos a família tem que estar ciente e
participar diretamente.
A escola e a família formam um conjunto responsável pela construção do
conhecimento organizado, podendo inclusive modificar as formas de funcionamento
psicológico da criança. As duas juntas emergem como instituições fundamentais
para a evolução das pessoas.
Amazonas, Damasceno, Terto e Silva (2003 apud DESSEN; POLONIA,
2007), afirmam que a família presente em todos os campos da sociedade torna-se o
ponto principal para a socialização do indivíduo. Portanto, se ela estiver presente
também na escola torna o trabalho facilitado pelos agentes internos da escola.
Kreppner (1992, 2000 apud DESSEN; POLONIA, 2007), assegura que a
família é a primeira instituição que em conjunto com outras, assegura a coletividade
e o bem estar de seus membros. O que significa dizer que uma interagindo-se a
outras instituições sociais, torna-se mais aberta à aquisição dos valores externos a
ela. Ainda, segundo Kreppner (1992, 2000 apud DESSEN; POLONIA, 2007), a
escola é um sistema social responsável pela transmissão de valores, cabendo a ela,
portanto, ensinar a criança às formas de ver o mundo e de se relacionar com ele,
dessa forma torna-se a instituição mais eficaz para juntar-se a ela, a família.
Assim, as informações adquiridas fazem acreditar que a família não caminha
bem sem a escola ou vice versa. A sistematização dos conhecimentos necessita do
auxílio direto da escolarização.
17
2 METODOLOGIA
Baseado em todos os fatores citados, foram construídos mecanismos de
investigação que auxiliassem na amostra da realidade da escola trabalhada.
A busca por uma escola autônoma e de qualidade faz crer que é preciso
esmiuçar todas as possibilidades de melhoras, tentando compreender cada vez mais
todo o contexto que envolve a família e a escola. Assim, depois de melhor analisar
todos os pontos precisos tornou-se necessário trabalhar as questões usando a
abordagem quali-quantitativa.
Segundo Falcão e Régnier (2000, p. 232 apud GATTI, 2004, p. 14) trabalhar
com a quantificação na pesquisa educacional, constitui-se em um trabalho em que
“a informação não pode ser diretamente visualizada a partir de uma massa de
dados”. Mas é possível que isso aconteça se tais dados informados sofrerem algum
tipo de transformação que possa ser visto sob outro ângulo.
O uso de dados quantitativos na pesquisa educacional no Brasil nunca teve, pois, uma tradição sólida, ou uma utilização mais ampla. Isto dificultou, e dificulta, o uso desses instrumentais analíticos de modo mais consistente, bem como dificulta a construção de uma perspectiva mais fundamentada e crítica sobre o que eles podem ou não podem nos oferecer; dificulta ainda a construção de uma perspectiva consistente face aos limites desses métodos, limites que também existem nas metodologias ditas qualitativas os quais, em geral, não têm sido também considerados (GATTI, 2004, p. 14).
Durante o andamento da pesquisa algumas dificuldades surgiram
naturalmente. Percebe-se durante as análises que algumas perguntas depois de
respondidas pareciam não corresponder com a realidade em estudo, mas que
depois de analisar foi possível entendê-las sob outros pontos de vistas.
Convém ressaltar que o andamento da pesquisa implicou diretamente o
surgimento de vínculos entre a pesquisa e o pesquisador de forma que o colocou
mais próximo da realidade estudada. Isso de certa forma facilitou o entendimento de
algumas questões surgidas. A cada passo dado novas visões surgiram e novas
perspectivas se desencadearam. À medida que foram sendo obtidos os dados,
foram sendo analisado de modo a entender mais claramente as questões
levantadas.
18
Os procedimentos utilizados em forma de pesquisa de campo foram a
maneira mais eficaz encontrada para a realização deste trabalho, uma vez que
algumas dúvidas já existiam antes mesmo de se pensar no trabalho. Dúvidas essas
que fortificaram para a realização deste.
Para iniciar os trabalhos foram aplicados questionários na forma objetiva com
o intuito de obter um levantamento de dados concretos, existentes na realidade
escolar, seja ela vista dentro ou fora do prédio escolar.
Os dados coletados foram expostos através de gráficos ou tabelas, que
serviram no auxilio de reflexões e definições até mesmo para possíveis conclusões
alternativas para o caso estudado.
As pessoas envolvidas na aplicação do questionário foram:
1. Professores do Ensino fundamental – Estes por estarem diretamente
ligados ao processo de ensino aprendizagem e principalmente por serem
os responsáveis diretos pela aquisição do conhecimento de cada aluno.
2. Pais ou responsáveis de alunos do 1º ao 5º ano – Estes por formarem o
núcleo principal deste trabalho de pesquisa. Por estarem diretamente
envolvidos no processo de crescimento cultural da criança.
Para a equipe gestora não foi aplicado nenhum questionário uma vez que
houve mudança no comando de todas as escolas municipais, devido à mudança
política.
Depois de analisados todos os questionários foram preparados gráficos onde
seguem juntos alguns comentários. Todos os questionários foram lidos e relidos
atenciosamente para que pudesse chegar a um veredito final, uma vez que cabe ao
pesquisador neutralidade na análise dos resultados, que em alguns casos chegam a
contradizer com a realidade vivida na escola em estudo, mas que inevitavelmente
deixa o pesquisador inquieto, daí a afirmação de que a pesquisa realidade pode criar
vínculos com o pesquisador.
19
3 ANÁLISE DOS DADOS
Foram aplicados questionários para os pais ou responsáveis, para os
professores, com dez perguntas em cada. Foram respondidos 15 questionários
pelos pais e a mesma quantidade pelos professores.
A aplicação dos questionários não foi como esperada, pois houve empecilhos
como o calendário escolar, a necessidade de recebimento e análise dos resultados
junto aos professores, reuniões com professores e com os pais, enfim, uma gama de
atribuições previstas causou o adiamento da aplicação do questionário.
Além disso, as entregas de resultado do aproveitamento dos alunos aos pais
não ocorreu como previsto. Por isso, foi preciso aproveitar-se de uma reunião para
aplicação da pesquisa com todos. Dessa forma, tornou-se inevitável a execução da
pesquisa no ano de 2012 sendo possível somente agora no início do ano letivo.
Na primeira reunião marcada pela nova gestão, tivemos uma quantidade
significativa de pais ou responsáveis, além da presença de todos os educadores da
escola, o que facilitou muito o trabalho. Neste momento vários pais ou responsáveis
foram contatados a respeito dos questionários e não houve resistência alguma. Em
relação aos professores, percebeu-se certa dúvida em responder ou não.
Durante a reunião alguns pais se pronunciaram a respeito de material e
métodos pedagógicos utilizado em sala, o que de certa forma mostra que, ainda que
ausentes, há sinais leve de preocupação com o aprendizado, embora, falte a
presença dos mesmos para verificar se realmente está ocorrendo esse ou aquele
método citado pelo professor.
Todos os trinta questionários entregues foram devolvidos e alguns
manifestaram o interesse em se identificar, fazendo questão de deixar claro sua
intenção em relação à educação que querem para seus filhos. Entretanto isso não
configura o real papel da família junto à escola. Momentos como este, onde se
oferece ao final da reunião um lanche gratuito, e que se esvazia tão rapidamente o
salão logo que termina o lanche, leva a crer que é preciso muito mais para
assegurar definitivamente a participação da comunidade junto à escola.
Por outro lado, não muito diferente, os professores estavam ansiosos com o
término da reunião, pois, conforme prometido previamente todos iriam para casa tão
logo isso acontecesse. Diante desse quadro a maioria dos pesquisados
responderam imediatamente, alguns professores preferiram responder a sós.
20
Depois de recolhidos todos os questionários foi feita a análise dos dados
obtidos.
3.1 Questionário aplicado aos professores
Na informação histórica da criação da escola, ficou ausente a situação dos
professores e profissionais em educação desta unidade escolar. Quem está na
escola desde a sua fundação ou quem chegou há pouco tempo sabe que a maioria
dos professores fez parte da equipe da fundação da escola.
Conforme relata o gráfico a seguir, a maioria dos professores da escola tem
mais de 10 anos de prática e o restante tem mais de 20 anos, o que significa dizer
que todos possuem grande experiência profissional.
Gráfico 1: Há quanto tempo você leciona?
Organização: Miguel Ozório, 2013.
Essa experiência vivida por todos esses profissionais pode ser encarada
como um dos fatores responsáveis pela escola ter se mantido ao longo dos últimos
anos, na lista dos primeiros colocados nos últimos resultados do IDEB. Toda
bagagem adquirida, leva o educador a sentir-se na condição de dominador exímio
dos conteúdos embora também o remeta a uma eterna busca de novos conteúdos e
de novas maneiras de ensinar.
De acordo com Libâneo (1994) aprende-se com a prática, que o aprendizado
se dá de forma diferenciada. E que cada criança traz conhecimentos e
comportamentos adquiridos em seu meio social.
0% 0%
53%
47%
Menos de cinco anos
Menos de dez anos
Mais de 10 anos
Mais de 20 anos
21
A aprendizagem escolar tem um vínculo direto com o meio social que circunscreve não só as condições de vida das crianças, mas também a sua relação com a escola e estudo, sua percepção e compreensão das matérias. A consolidação dos conhecimentos depende do significado que eles carregam em relação à experiência social das crianças e jovens na família, no meio social, no trabalho (LIBÂNEO, 1994, p. 87).
Essa percepção facilita o trabalho a ser realizado diariamente, onde de
acordo com a percepção adquirida ao longo dos anos, entende-se que a teoria e a
prática caminham juntas uma na dependência da outra.
A teoria em si [...] não transforma o mundo. Pode contribuir para sua transformação, mas para isso tem que sair de si mesma, e, em primeiro lugar tem que ser assimilada pelos que vão ocasionar, com seus atos reais, efetivos, tal transformação. Entre a teoria e a atividade prática transformadora se insere um trabalho de educação das consciências, de organização dos meios materiais e planos concretos de ação; tudo isso como passagem indispensável para desenvolver ações reais, efetivas. Nesse sentido, uma teoria é prática na medida em que materializa, através de uma série de mediações, o que antes só existia idealmente, como conhecimento da realidade ou antecipação ideal de sua transformação (VÁZQUEZ apud SAVIANI, 2003, p. 73).
A prática adquirida ao longo dos anos com certeza contribuiu diretamente
para os resultados alcançados na unidade escolar. Na medida em que se adquire
mais experiência, a versatilidade para lidar com as novas situações, que aparecem
durante o processo, se torna maior. Ao longo dos anos o professor por si vai
aprendendo a ver o aluno como ser social, embora ele pareça estar marginalizado à
família, já que na maioria dos casos, fica a mercê da escola. Essa por sua vez
assume o papel que lhe fora imposto pela sociedade e aprende a identificar suas
características diferenciadas de acordo com a região geográfica, classe social etnia
e até mesmo religiosas.
Na segunda pergunta, foram percebidas algumas inverdades e inseguranças
nas respostas dos professores. O medo de sem comprometer diante de sua
resposta fez alguns mudarem ou escolher alternativa que não fosse a verdadeira
resposta.
Em meio ao pequeno grupo que se reuniu para responder aos questionários,
ouvi diretamente a fala de um professor que afirmou detestar lecionar, mas que não
22
iria afirmar isso no papel. O mesmo, não se conforma em admitir sua aposentadoria
nessa profissão, embora saiba que esse é o caminho previsto.
Assim, como grande parte da categoria em todo país, os professores desta
unidade escolar também sentem na pele o peso da desvalorização profissional e
apesar disso, parecem realmente gostar do que faz, ou senão, escoram na
esperança de melhoras futuras.
Gráfico 2: Você gosta de lecionar?
Organização: Miguel Ozório, 2013.
Mesmo com a diferença mostrada no gráfico, percebe-se ao longo dos dias
que as dificuldades surgidas durante o processo, causam grande impacto na
aprendizagem dos alunos. Problemas disciplinares, fracas condições de trabalho,
falta de material básico para aprendizagem e somando-se principalmente à ausência
familiar.
Em relação à aposentadoria, o gráfico a seguir mostra que mesmo diante de
todas as dificuldades, a maioria pretende continuar até o fim da carreira. Talvez por
comodismo, talvez pelas vantagens adquiridas, quem sabe pelo amor à profissão
mesmo. O que de fato importa é que apesar de todas as dificuldades, a maioria
afirma categoricamente querer continuar, mesmo aprendendo todos os dias que a
prática docente esbarra com outras limitações.
0%
73%
27%
0%
pouco
muito
mais ou menos
de jeito nenhum
23
Gráfico 3: Pretende chegar a aposentar na profissão que exerce?
Organização: Miguel Ozório, 2013.
Por exemplo, constantemente o professor se insere em atividades conflitantes
diante de seus alunos, quer sejam dificuldades de aprendizagem, ou dificuldades de
convívio social entre os mesmos, é fato que o novo tem presença constante em sala
de aula.
Todas essas informações juntas chegam a causar desânimo e dúvidas
momentâneas. A vontade de parar por alguns instantes fala mais alto. As
dificuldades na condução do processo deixa o professor inseguro quanto ao seu
futuro, mas apesar de tudo a maioria disse pretender aposentar na profissão.
Uma boa formação profissional não é garantia de um trabalho mais facilitado.
As burocracias de sala de aula, as dificuldades de infraestrutura, os baixos salários,
são variáveis que desestimulam a continuidade da profissão.
Além disso, lei Federal nº 11.738, de 16 de julho de 2008, estabeleceu que
todo professor deve ter um terço de seu tempo fora de sala para dedicar-se à
preparação das aulas, com isto, parte da sobrecarga docente seria sanada,
melhorando as condições de trabalho e consequentemente mantendo o professor
em sala até sua aposentadoria. No entanto, infelizmente, em grande parte do
território nacional, o professor vê na necessidade de ter que atuar 40 horas
semanais, dando continuidade à baixa qualidade das aulas ministradas, por não
terem tempo ou condições para a diversificação de materiais ou métodos.
Surpreende o fato de que ainda com todo esse aparato de dificuldades, as
maiorias dos professores entrevistados apostam na carreira e desejam seguir até o
fim.
67%
6%
27%
0%
sim
não
talvez
jamais
24
O envio de tarefas para casa mais de duas vezes por semana, pela maioria
dos professores deixa crer que, há credibilidade quanto à importância da
continuidade do aprendizado da escola em casa. Nenhum professor afirmou não
enviar tarefas, o que significa dizer que os alunos estão dando continuidade na
rotina de estudos. Porém, convém ressaltar que em conversa aleatória, alguns
afirmaram nunca ter retorno nas atividades que deveriam ser feitas em casa, o que
reforça a omissão da família em relação ao aprendizado dos filhos.
Gráfico 4: Quantas vezes você envia tarefas para casa na semana?
Organização: Miguel Ozório, 2013.
Assim, o grande desafio do professor é fazer com que o aluno se conscientize
que o real significado da lição de casa, está em ajudá-lo a enfrentar os desafios
pedagógicos fora do contexto escolar, além de estabelecer uma rotina, melhorando
sua capacidade de organização. Com isso, o professor conseguirá detectar as
deficiências e consequentemente poderá atacá-las.
A rotina da lição de casa pode ser uma ajuda na compreensão e aquisição do
senso de responsabilidade. Com a ajuda dos pais ela pode distribuir seus horários,
reservando o tempo do lazer, da alimentação e das lições.
Essa hipótese choca-se com a dura realidade dos pais que chegam cansados
depois de um dia de serviço, ou que simplesmente, se abstraem do papel de
acompanhantes dos filhos durante as execuções das atividades.
Em relação à vinda dos pais ou responsáveis à escola, uma dura realidade é
escondida, pois, nenhum professor afirmou chamar os pais para fazer um elogio a
respeito de seus filhos, mas os chamam para informar sobre o fraco desempenho
0%
33%
60%
7%
1 vez por semana
2 vezes por semana
mais de duas vezes
nenhuma vez
25
dele. No entanto, todos os professores entrevistados afirmaram chamar os pais na
escola, o que enfatiza o desejo que se apodera da escola em ter definitivamente a
presença familiar na escola embora com certo receio em fazê-lo.
Essa verdade não se mostra diante da real face educacional municipal.
Conforme mostra o próximo gráfico, 33% dos professores afirmam convocar os pais
ou responsáveis apenas para resolver problemas. É o relato da realidade.
É comum na escola ver os pais serem convocados para resolver problemas
ligados diretamente aos filhos e chegarem preparados para assinar um documento
de advertência por comportamento inadequado dos filhos.
Gráfico 5: Costuma chamar os pais ou responsáveis:
Organização: Miguel Ozório, 2013.
Quanto ao relacionamento entre professor e aluno deve ser visto como fator
primordial para aquisição da aprendizagem. Todo aluno estará mais seguro diante
do professor que o trate com atenção e respeito.
Em relação às respostas, todos os professores atestaram ter bom ou ótimo
relacionamento com seus alunos. Independentemente da sua abordagem,
pressupõe-se que todos alcançam ou podem alcançar bons resultados.
Segundo Mizukami (1986), a relação professor aluno tem se construído ou se
destruído nas mais diversas concepções teóricas: Na abordagem tradicional, há uma
relação vertical onde o mestre ocupa o centro do processo.
O professor comanda todas as ações da sala de aula e sua postura está intimamente ligada à transmissão de conteúdos. Ao aluno, neste contexto, era reservado o direito de aprender sem qualquer
0%
33%
67%
0%
Para elogiar o aluno
Somente para resolverproblemas
Para informar doaprendizado do aluno
Nunca chama
26
questionamento, através da repetição e automatização de forma racional (MIZUKAMI, 1986, p.14-15).
Enfim, independente de qual método e técnica utilizado para a assimilação
dos conteúdos, todos os professores entrevistados admitiram ter bom ou ótimo
relacionamento com seus alunos, o que implica dizer que esse talvez seja o ponto
básico na aquisição dos conhecimentos na escola em estudo.
Gráfico 6: Seu relacionamento com os alunos é:
Organização: Miguel Ozório, 2013.
Quanto ao relacionamento entre pais ou responsáveis e professores, nenhum
professor atestou ter relacionamento ruim, o que significa dizer que sempre que
solicitado todos se tratam cordialmente ou, no mínimo, dentro dos padrões da
normalidade.
Convém lembrar que esse pai ou responsável é exatamente aquele que
aparece esporadicamente na escola, quando solicitado. O mesmo chega com os
minutos contados, portanto, não produzem de fato o diálogo necessário na
construção da socialização. Para Libâneo (2002, p. 64), “a educação é uma prática
social que busca realizar nos sujeitos humanos as características de humanização
plena. Todavia, toda educação se dá em meio a relações sociais”.
Gráfico 7: Seu relacionamento com os pais ou responsáveis é:
53%
0% 0%
47%
bom
ruim
regular
ótimo
27
Organização: Miguel Ozório, 2013.
Essa relação criada dentro da escola cria laços de entendimento melhor da
realidade de cada aluno. Em sua totalidade a escola é o lugar onde se reproduz a
ordem social, os valores, a disciplina, por isso, é importante para a mesma inteirar-
se com a família.
Todos os professores foram unânimes em responder quanto à participação da
família na escola. Todos afirmaram categoricamente que o aluno melhora o
desempenho sempre que a família caminha junto com a escola.
A educação é vista como solução para o crescimento da sociedade. O
envolvimento de todos os atores coloca no centro do processo a família e a escola,
incutindo a ambas o papel de maior transformador social. Assim é fundamental a
presença dos pais na escola observando e participando diretamente na construção
de uma melhor qualidade de ensino para seus filhos.
Em casa a família deve exercer o papel de estimulador incentivando a criança
a gostar da escola. Freire (1978, p. 1), “a ajuda verdadeira é aquela em que nela se
envolvem e se engajam mutuamente, crescendo juntos no esforço comum de
conhecer a realidade que buscam transformar.”
Na escola, os conteúdos asseguram as instruções básicas para apreensão
dos conhecimentos, enquanto que na família prioriza-se o processo de socialização,
a proteção, a garantia da sobrevivência, além do desenvolvimento cognitivo e
afetivo. Ou seja, enquanto a escola exerce o papel de preparar o aluno para
enfrentar o processo seletivo imposto pela sociedade, à família cabe o de proteger
dando carinho, atenção e instrução necessária para o crescimento individual.
87%
0%
6% 7%
bom
ruim
regular
Ótima
28
Por fim, foi perguntado a todos os professores quanto à família de seus
alunos estarem ou não presente na escola. Entre os entrevistados, 67% atestaram
perceber a família presente, o que é interessante, pois são os mesmos professores
que clamam pela família na escola.
A resposta dada pela maioria dos entrevistados implica em dizer que é
necessário repensar o que esperam os professores em relação ao retorno familiar,
uma vez que os mesmos entrevistados repetidamente reclamam a ausência dos
pais na escola. Individualmente cada um atesta receber todos os pais sempre que
convocados. Cabe refletir como deve ser essa presença. Pode ser apenas para
ouvir reclamação, ou pode ser para participar internamente do processo, sugerindo ,
auxiliando na aprendizagem.
Gráfico 8: Considera a família de seus alunos:
Organização: Miguel Ozório, 2013.
Esconder-se atrás das dificuldades diárias, pode ser visto como solução para
justificar a acomodação da família no que diz respeito à suas idas à escola.
A escola se vê diante de problemas educacionais agregados à desordem, à
indisciplina, ao desrespeito e até mesmo à falta de limite pelos alunos. O que gera
um desconforto capaz de interferir diretamente no processo. Esse desconforto
vivenciado todos os dias na escola, deixa um vácuo entre as duas partes.
A família necessita de parceria com a escola para a condução da educação
de seus filhos, assim como a escola necessita da presença constante da família.
Uma postura democrática participativa por parte da escola pode atraí-la
67%
20%
6% 7%
Presente
Ausente
Omissa
Eficaz
29
definitivamente. Em consequência, a informação passa a ser coletivização do
conhecimento.
Demo (2002 p. 61), afirma que “a negação do real pelas partes envolvidas
causam resultados falsos. Daí a consequência trágica: eu finjo que ensino, você
finge que aprende”.
Nos últimos anos algumas muitas mudanças ocorridas na sociedade têm
interferido diretamente na forma de organização familiar. Não é possível hoje definir
um núcleo familiar formado apenas por pais, filhos e outros parentes próximos.
A família é um grupo aparentado responsável principalmente pela socialização de suas crianças e pela satisfação de necessidades básicas. Ela consiste em um aglomerado de pessoas relacionadas entre si pelo sangue, casamento, aliança ou adoção, vivendo juntas
ou não por um período de tempo indefinido (DIAS, 2005, p. 210).
Essas mudanças ocorridas não modificaram a sensação de que a escola é
um lugar seguro onde os filhos passarão o dia em total confiança. Se por parte da
sociedade é possível surgir essa sensação, por parte da escola existe a sensação
de que pode ficar bem sem a família, porém ao menor susto, percebe-se a
necessidade de ambas estarem juntas.
A grande maioria dos entrevistados acredita que falta tempo para os pais
estarem visitando a escola. A necessidade de sobrevivência obriga os pais a irem a
busca do alimento de cada dia, tendo que se ausentar de casa por dez ou doze
horas diárias. Juntando-se a isso vem o cansaço do deslocamento
Gráfico 9: O que você acredita que ajuda a afastar a família da escola?
Organização: Miguel Ozório, 2013.
0%
60% 20%
20% Uma visão negativa queos professores tem dospais
A falta de tempo
30
A baixa escolaridade e a omissão em ajudar tiveram a mesma quantia de
votos, o que significa dizer que a grande maioria realmente acredita estar diante da
realidade nua e crua, onde as dificuldades, juntando-se às necessidades, agravam
ainda mais esse quadro. Família e escola se encontram casualmente como parentes
indesejáveis que se veem movidos unicamente pela obrigatoriedade.
3.2 Questionário aplicado aos pais ou responsáveis
Embora a escola em questão não seja um modelo de beleza, uma vez que
não passa por reforma há mais ou menos cinco anos, a grande maioria dos pais
respondeu que gosta da mesma. Isso significa dizer que nenhum deles se preocupa
realmente com a aparência. Talvez estejam em questão os últimos resultados do
IDEB, que coloca a escola no topo da lista entre os três primeiros colocados do
município.
Gráfico 10: O que você acha da escola onde seu filho estuda?
Organização: Miguel Ozório, 2013.
A qualidade do ensino pode ser reflexo dos inúmeros anos de prática pela
maioria dos professores entrevistados, mas no fundo o que se vê é o carinho e a
atenção com que os professores tratam os alunos. Salvo algumas exceções, a
maioria procura ser o mais natural possível, tornando-se tão amigos a ponto de
serem visto como parte adotada da família. Além do que, soma-se o fato de que não
há rotatividades de professores nessa escola.
87%
13% 0% 0%
Boa
Regular
Ruim
Péssima
31
Os métodos não são dos mais inovadores, mas os resultados são
alcançados, mesmo diante da falta familiar. Há na verdade um resgate dos métodos
mais antigos de alfabetização. O que mudou de fato foi a forma de se relacionar com
as crianças.
A escola não possui laboratórios, sala de computação, biblioteca, quadra,
salas climatizadas, Não oferece a língua estrangeira, teatro, dança, filosofia.
Também não oportuna o aluno a passeios e excursões. Com tudo isso é alvo de
muita procura por vagas.
Neste sentido vale acreditar que tudo isso não passa de mero formalismo
para a comunidade escolar. A filosofia que a orienta parece ser mais importante do
que aquilo que se ensina e como se ensina. Afinal a sensação de tranquilidade,
também passa a ideia de confiança.
Surpreendentemente ainda apareceram pais que não souberam informar
quanto tempo seus filhos estudam todos os dias. Difícil é compreender o real motivo
que deixa a família alheia aos cuidados de seus filhos. Pode-se supor que sejam
resultados da educação adquirida e reproduzida. A busca por tranquilidade também
pode estar diretamente ligada a esse fator.
Gráfico 11: Você sabe quantas horas seu filho estuda por dia?
Organização: Miguel Ozório, 2013.
Todos os informes referentes aos alunos são repassados à família no início
do ano letivo, na primeira reunião. A presença reduzida no número de pais pode ser
um ponto forte de colaboração para o desconhecimento dos pais em relação ao todo
80%
0% 7%
13%
Sei
Não sei
Mais ou menos
Não tenho certeza
32
na vida escolar. Não raro, são às vezes em que a volta para casa se torna um
martírio de espera de alguns alunos por seus familiares.
Essa questão é um tanto desafiadora. A grande maioria dos pais atestou
saber o que foi estudado no bimestre. O que significa dizer que todos estão
acompanhando as lições diárias dos filhos. O acompanhamento escolar na
realização das tarefas de casas, pode se tornar um grande aliado na construção do
conhecimento. Com as lições sendo realizadas, é possível sistematizar o
aprendizado adquirido em sala de aula.
Gráfico 12: Sabe o que seu filho estudou no último bimestre?
Organização: Miguel Ozório, 2013.
Convém ressaltar que a realidade encontrada em sala de aula não condiz
com os resultados deste gráfico.
De que forma está sendo feito este acompanhamento é algo que deve ser
refletido, pois, frequentemente há reclamações dos professores alegando estar ter
os serviços prejudicados por falta de acompanhamento em casa. É comum chegar
alunos sem as tarefas prontas e mais comum ver seus cadernos cheios de
observações feitas pelo professor, advertindo-os pela falta das atividades.
Mais do que receber informações diretamente do professor é preciso coloca-
las ao conhecimento da família e juntos poderão aplicá-las diante da vida. É preciso
que o aluno consiga fazer a leitura do mundo, e que cada lição aprendida em sala,
se estenda para casa, ajudando-o a interpretá-lo melhor, não somente os textos
produzidos ou os cálculos, mas a vida fora do mundo imaginário.
71%
0%
29%
0%
Sei
Não sei
Mais ou menos
Não tenho certeza
33
Em relação à quarta questão do questionário aplicado aos pais, com se
observa no gráfico abaixo, há um empate técnico no resultado obtido entre as
disciplinas de Língua Portuguesa e História e Geografia. Recentemente tivemos na
escola a realização de um conselho de classe e para surpresa de todos, o número
de alunos com dificuldades nas disciplinas de História e Geografia chegou a superar
as demais nas turmas de 4º e 5º ano.
Gráfico 13: Qual a disciplina que seu filho tem mais dificuldade?
Organização: Miguel Ozório, 2013.
Observando no gráfico, o resultado obtido nas respostas para matemática,
afirmam que 57% dos filhos dos entrevistados encontram dificuldades na
aprendizagem de matemática.
A surpresa maior está no empate técnico entre Língua Portuguesa, História e
Geografia. É comum encontrar dificuldade maior nas disciplinas consideradas de
maior peso para o aluno. Por isso a escola sempre espera os piores resultados em
matemática e língua portuguesa.
A maioria dos pais afirmou acompanhar seus filhos nas atividades
extraclasses. O que significa dizer que a educação pode estar caminhando para
alcançar resultados melhores. Isso significa que a família pode estar se
sensibilizando de seu papel ou pode estar mudando seu perfil.
A baixa escolaridade, apontada no gráfico 10, por 20% dos professores
entrevistados que acreditam ser os motivos que afastam a família da escola, pode
não ser o carro chefe para o problema em estudo. 80% dos pais entrevistados
afirmam acompanhar os filhos nas lições, o que pode significar uma mudança de
22%
57%
21% 0%
Língua Portuguesa
Matemática
História e Geografia
Ciências
34
postura. Contudo, essa realidade parece não ser a mesma vivida na escola em
estudo.
Gráfico 14: Costuma acompanhar seu filho nos deveres de casa?
Organização: Miguel Ozório, 2013.
O número de alunos que trazem o dever de casa sem fazer, ainda é grande.
O professor sente na pele o grande desafio de conseguir conscientizar o aluno da
importância do mesmo. A continuidade do que fora previamente aprendido em sala.
Com o avanço econômico do país as oportunidades aparecem mais em
grandes quantidades e junto a isso, a necessidade colocou no mercado de trabalho
muitas mulheres que acaba por deixar os filhos com avós, com babás ou mesmo
aos próprios cuidados. Além do mais, uma grande quantidade de mães cuida da
família sozinha, sem a ajuda dos pais.
Consequentemente, esses responsáveis, cansados e sem tempo distanciam-
se dos filhos, assim com das atividades escolares como um todo que ficam em
segundo ou terceiro plano. O que repercute de forma negativa no aprendizado.
Na análise dos resultados da questão sobre o comparecimento dos pais ou
responsáveis à escola, a maioria afirma ter vindo à escola mais que cinco vezes, o
que pressupões que a família está realmente presente na escola, porém essa
afirmação se resume ao fato de terem acompanhado seus filhos até o portão da
escola quase que todos os dias. A escola em estudo possui estrutura pequena, o
que facilita a visão total dos que entram e saem de seu interior, assim com os que
chegam somente até o portão.
80%
13% 7% 0%
Sempre
As vezes
Nunca
Quase sempre
35
Gráfico 15: Quantas vezes você já foi à escola do seu filho este ano?
Organização: Miguel Ozório, 2013.
A presença da família na escola passará a ser notada no instante em que a
mesma puder produzir diálogo com os professores e demais atores do processo.
Acompanhar os filhos até a escola nas atribuições diárias esconde detalhes
que podem fazer uma diferença enorme. A criança se sentirá mais protegido e isso
trará uma grande diferença em seu dia de estudo.
Segundo Perrenoud (2000, p. 15), “o fracasso escolar é produzido pela
própria escola, através de seu currículo, que não permite ao aluno adaptar-se a ele”.
Para ele o currículo produzido e utilizado tem fim elitista e atinge a poucos alunos.
Para Sposati (2000, p. 22), “devemos pensar a escola como polo dinâmico em
suas relações de externalidade”. Segundo ela, a escola não gera exclusão social em
seu interior, mas essa exclusão ocorre evolvendo as relações externas e internas
também.
Gráfico 16: Como está o rendimento do seu filho na escola?
Organização: Miguel Ozório, 2013.
0%
46%
7%
47% nenhuma
mais que uma
menos que cinco
mais que cinco
72%
21%
0% 7%
Bom
Razoável
Fraco
Não sei dizer
36
O número de pais satisfeitos com o rendimento escolar dos filhos chegou a
72%. É um número relativamente bom. O que se questiona e o grau de satisfação
dos pais pesquisados. O censo de 1991 utilizando o Mapa da Exclusão / Inclusão
Social (BRASIL, 1992), mostra numa realidade da cidade de São Paulo que50% dos
chefes de família não alcançaram oito anos de estudos e 10% são analfabetos. Isso
significa dizer que 60% dos chefes de família são exemplo do fracasso escolar
premeditado. Não temos dados publicados para nossa realidade, mas fazendo um
parâmetro entre as duas realidades, suspeita-se que grande ou a maior parte dos
nossos chefes de família estão dentro dessa realidade e que continuam a reproduzir
esses valores.
O nível de satisfação dos pais pode ser medido pela distância entre a escola
e os mesmo, que continua grande e depois da pesquisa declarou a sua maior
satisfação com o nível de aprendizagem de seus filhos. A vida escolar pode estar
sendo induzida a ser somente mais uma atribuição do dia a dia de cada família. Se
não está dando problemas, reclamações se têm boas notas, não merece ser
questionado nem modificado.
Essa talvez seja a pergunta que a maioria dos pais saiba de fato responder.
Os pais entrevistados têm ou já tiveram filhos estudando na escola a mais de um
ano o que significa dizer que a maioria dos professores são conhecidos pela
comunidade escolar. Assim sendo, há sempre a preocupação em deixar seus filhos
com aquele professor que é mais carismático ou aquele que tem métodos mais
aceitáveis de acordo com sua visão e até mesmo aquele que é mais aceito pelas
crianças.
Gráfico 17: Sabe dizer o nome do professor de seu filho?
93%
7% 0% 0%
Sim
Não
Nâo tenho certeza
Ele nunca me falou
37
Organização: Miguel Ozório, 2013.
O professor é visto como a extensão da família em muitos casos. Um
exemplo a ser seguido. Por isso aos pais, cabe a missão de deixar os filhos aos
cuidados de alguém que lhe passe confiança.
Mais do que simplesmente o ato de ensinar, procura-se no professor atos de
atenção e carinho para com seus alunos. Que seja um grande amigo e muitas vezes
orientador direto das dificuldades do dia a dia.
A maioria dos pais ou responsáveis entrevistados acredita ser de suma
importância todos os quesitos citados: a educação, o trabalho e o lazer. Isso quer
dizer que de acordo com a maioria entrevistada, defende a ideia de que é importante
que a criança conhecer todos os lados da vida.
Gráfico 18: Você considera importante para o seu filho:
Organização: Miguel Ozório, 2013.
Isso significa dizer que para essas pessoas, a educação por si só não é
exclusividade. O entendimento alcançado aqui pelos pais entrevistados mostra que
todos estão numa ótica global, dando importância ao redor dos filhos. “Cada um de
nós, combinando percepção, imaginação, repertório cultural e histórico, lê o mundo e
o reapresenta à sua maneira, sob o seu ponto de vista, utilizando formas, cores,
sons, movimentos, ritmo, cenário” (MARTINS, M. et al, 1998, p.57).
Fazemos parte de um mundo diversificado e em constante movimento e todos
esses movimentos são importantes para a formação do ser. Mais do que ter o direito
à família, à alimentação, à educação e ao lazer, a criança precisa também ter suas
tarefas a cumprir. Conhecer o mundo na sua totalidade, ajuda na sua formação.
47%
0% 0%
53%
A educação
O trabalho
O lazer
Todos
38
Marcellino (1987) afirma que o lazer deve ser compreendido como cultura. Em
seu tempo disponível a criança precisa estar em contato com as brincadeiras, com
os passeios, em família ou em grupos escolares,
Os jogos, entretenimentos devem estar ao alcance de toda criança, auxiliando
no aprendizado da vida e no processo de socialização.
Diante da fragilidade da família frente á sociedade, a necessidade de
sobrevivência obriga aos pais a deixarem seus filhos aos cuidados de estranhos ou
até mesmo sozinhos e expostos a aprendizados externos dos mais diversos. Por
isso afirmam não saber ao certo quem são os amigos de seus filhos. Mais grave
ainda talvez seja o fato de estarem tão expostos ou tão vulneráveis ao perigo e às
tentações produzidas por essa imensa gama de informação.
Precisamente as relações sociais se caracterizam pelas proximidades entre
as pessoas. Todo ser necessita socializar-se, contudo, aos pais sobra a insegurança
em sair para o trabalho e deixar os filhos aos olhos do mundo, acompanhando-se
daqueles que mais se identifique com ele.
Gráfico 19: Você sabe quem são os amigos de seu filho?
Organização: Miguel Ozório, 2013.
80% dos entrevistados afirmaram conhecer apenas alguns dos amigos de
seus filhos. Num universo formado por grupos ou comunidades, divididos entre
escola, a quadra de futebol, a rua em que mora, o caminho por onde passa todos os
dias, é missão impossível aos pais conhecer todos os amigos de seus filhos. Porém,
é possível monitorar todos ou quasetodos movimentos através da orientação. Os
13%
80%
7%
0%
Todos
Alguns
Nenhum
Ele não tem amigos
39
ensinamentos adquiridos quando repassados se tornam mais ricos e mais fáceis de
ser assimilados pelos filhos.
A real preocupação da maioria dos pais baseia-se nas experiências vividas
por cada um, na grande facilidade atual de adquirir entorpecentes e outros tantos
tipos de drogas.
40
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização deste trabalho trouxe grandes incômodos que precisaram ser
trabalhados ao longo do processo. Não foi tarefa fácil identificar as variáveis que
distanciam a escola e a comunidade, assim como não é nada fácil propor uma
solução única.
A escola que geograficamente localiza-se muito próxima de toda sua
comunidade distancia-se de seus atores externos na mesma proporção.
Sem que esperasse e muito menos estivesse preparado teve que assumir-se
como escola, um prédio ora construído para outro fim e que se sustenta durante
todos esses anos na base do improviso.
Estar entre os primeiros colocados municipais na classificação do IDEB, não a
coloca na condição de escola modelo, mas coloca seus atores interno na condição
de grandes vencedores que ao longo dos tempos têm procurado superar-se um dia
após o outro.
A procura da sintonia entre escola e a família sempre foi alvo de esforço por
parte dos docentes, que mesmo diante das dificuldades, jamais abriu mão desse
importante quesito.
Não raro são os pais que se preocupam em enviar os filhos para a escola
submetidos ao medo da perda do cadastro em programas sociais.
A escola copia esses modelos e assume postura igualmente assistencialista,
criando eventos comemorativos, com premiações, como único objetivo de ficar mais
próximo à comunidade. E o tão sonhado desejo dura apenas poucas horas. A lógica
clientelista do assistencialismo tem validade curta. A dura realidade logo volta a dar
as cartas e em contrapartida, os atores internos seguem resistindo às práticas
autoritaristas e burocráticas do sistema, insistindo no relevante processo de
produção de conhecimentos.
Se em alguns países existem comissões de pais que se organizam para
visitar a escola, fiscalizando e sugerindo mudanças, em nossa realidade temos
família que afirmam acompanhar as lições de casa e declaram gostar muito da
escola onde estudam os filhos, mas que em muitos casos, sequer sabem a série em
que o filho estuda.
41
A sociedade muda instantaneamente, mas a escola não consegue alcançar
essa metamorfose e continua isolada da família que por sua vez, continua jogando
para a escola a responsabilidade na educação dos filhos.
Encontrar uma alternativa definitiva, como forma única de aproximar a família
e escola, parece fazer parte de uma utopia, contudo, ainda é possível escorar-se
nas diversas maneiras existentes.
Trazer a família para a escola através de realizações de palestras e cursos
oferecidos à sua comunidade é uma alternativa convincente. Utilizar-se de um
planejamento eficaz de continuidade nesses cursos e ou palestras, passa a ser a
forma mais eficaz para que as duas partes, escola e família continuem caminhando
juntas.
Existe ainda a opção de unir-se aos pais trazendo-os para o voluntariado e
desde a carpina, à pintura das paredes. E mais interessante que isso, trazê-los para
o auxílio no aprendizado. Quer seja monitorando, auxiliando nas aulas de reforço, ou
reforçando diretamente em projetos que possam ser criados com o intuito de
oferecer música, esportes, cultura e lazer.
Estas são alternativas que podem inserir definitivamente a família ao mundo
escolar junto a seus filhos, mas claro, tudo só será possível, com um grande e
continuado planejamento e acompanhamento diário de todas as ações.
Contudo, é preciso estar ciente que toda mudança gera conflito e todo projeto
ousado pode causar medo e até danos, por isso a importância de insistir na
organização e no acompanhamento diário.
42
REFERÊNCIAS
BRASIL. Censo demográfico 1991. Contagem da população de São Paulo. IBGE. Rio de Janeiro, 1996. Disponível em:<http://www/sidra.ibge.gov.br>. Acesso em: 01 abr. 2013. DESSEN, Maria Auxiliadora; POLONIA, Ana da Costa. A família e a escola como contextos de desenvolvimento humano. Paidéia, v. 17, n. 36, p. 21-32, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/paideia/v17n36/v17n36a03.pdf> Acesso em: 27 mar. 2013. DEMO, Pedro. Educação e Qualidade. 9. ed. Campinas: Papirus, 2004. DIAS, Maria Luíza. Vivendo em família. São Paulo: Moderna, 2005. FREIRE, Paulo. Cartas a Guiné-Bissau. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978. GATTI, Bernadete A. Estudos quantitativos em educação. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 30, n. 1, p. 11-30, jan./abr. 2004 Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/ep/v30n1/a02v30n1.pdf> Acesso em: 29 mar. 2013. SILVA, Sonia das Graças Oliveira. A relação família/escola, 2008. Disponível em:<http://www.artigonal.com/ciencia-artigos/a-relacao-familiaescola-477589.html> Acesso em: 28 mar. 2013. LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. ______. Pedagogia e pedagogos, para quê? São Paulo: Cortez, 2000. LIBÂNEO, José Carlos, PIMENTA, Selma Garrido. Formação dos profissionais de educação: visão crítica e perspectivas de mudança. In: PIMENTA, S. G. (Org.) Pedagogia e pedagogos: caminhos e perspectivas. São Paulo: Cortez, 2002.
MARCELLINO, Nelson Carvalho. Lazer e Humanização. Campinas: Papirus, 1987. MARTINS, Mirian C.; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, M. Terezinha Telles. Didática do ensino de arte: a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998. MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986. PERRENOUD, Phillipe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000. REGO, T. C. Memórias de escola: Cultura escolar e constituição de singularidades. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. SAVIANI, Demerval. Escola e Democracia. São Paulo: Cortez, 2003.
43
SPOSATI, Aldaíza. Educação, um caminho rumo à inclusão social. Em aberto, Brasília, v. 17, n. 71, p. 21-32, jan. 2000. Disponível em: http://www.rbep.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/viewFile/1071/973. Acesso em 01 abr 2013. .
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APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO PARA OS PROFESSORES
1- Há quanto tempo você leciona?
a- ( ) menos de cinco anos
b- ( ) menos de dez anos
c- ( ) mais de dez anos
d- ( ) mais de 20 anos
2- Você gosta de lecionar?
a- ( ) pouco
b- ( ) muito
c- ( ) mais ou menos
d- ( ) de jeito nenhum
3- Pretende chegar a se aposentar na profissão que exerce?
a- ( ) não
b- ( ) sim
c- ( ) talvez
d- ( ) jamais
4- Quantas vezes envia tarefas para casa na semana?
a- ( ) 1vez por semana
b- ( ) 2 vezes por semana
c- ( ) mais de duas vezes
d- ( ) nenhuma vez
5- Costuma chamar os pais ou responsáveis:
a- ( ) Para elogiar o aluno.
b- ( ) Somente para resolver problemas
c- ( ) Para informar do aprendizado do aluno.
d- ( ) nunca chama
6- Seu relacionamento com os alunos é:
a- ( ) bom
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b- ( ) ruim
c- ( ) regular
d- ( ) ótimo
7- Seu relacionamento com os pais ou responsáveis é:
a- ( ) bom
b- ( ) ruim
c- ( ) regular
d- ( ) ótimo.
8- Quando a família participa da vida escolar o aluno tem:
a- ( ) Bom desempenho
b- ( ) Desempenho regular
c- ( ) Isso pouco interfere
d- ( ) desempenho ruim.
9- Considera a família de seus alunos:
a- ( ) presente
b- ( ) ausente
c- ( ) omissa
d- ( ) eficaz
10- O que você acredita que ajuda a afastar a família da escola?
a- ( ) uma visão negativa que os professores tem dos pais
b- ( ) a falta de tempo
c- ( ) a baixa escolaridade dos pais
d- ( ) a omissão em ajudar na educação.
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APÊNDIDE B – QUESTIONÁRIO PARA OS PAIS OU RESPONSÁVEIS
1- O que você acha da Escola onde seu filho estuda?
a- ( ) Boa
b- ( ) Regular
c- ( ) Ruim
d- ( ) péssima
2- Você sabe quantas horas seu filho estuda por dia?
a- ( ) Sei
b- ( ) não sei
c- ( ) não tenho certeza
d- ( ) mais ou menos
3- Sabe o que seu filho estudou no último bimestre?
a- ( ) Sei
b- ( ) não sei
c- ( ) Mais ou menos
d- ( ) Não tenho certeza
4- Qual a disciplina que seu filho tem mais dificuldade?
a- ( ) Língua Portuguesa
b- ( ) Matemática
c- ( ) História e geografia
d- ( ) Ciências
5- Costuma acompanhar seu filho nos deveres de casa?
a- ( ) sempre
b- ( ) As vezes
c- ( ) nunca
d- ( ) quase sempre
6- Quantas vezes já foi à escola do seu filho este ano?
a- ( ) nenhuma
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b- ( ) mais que uma
c- ( ) menos que cinco
d- ( ) mais que cinco
7- Como está o rendimento do seu filho na escola?
a- ( ) bom
b- ( ) razoável
c- ( ) fraco
d- ( ) não sei dizer
8- Sabe dizer o nome do professor de seu filho?
a- ( ) Sim
b- ( ) não
c- ( ) não tenho certeza
d- ( ) ele nunca me falou
9- Você considera importante para o seu filho:
a- ( ) A educação
b- ( ) O trabalho
c- ( ) O lazer
d- ( ) Todos
10- Você sabe quem são os amigos de seu filho?
a- ( ) Todos
b- ( ) alguns
c- ( ) nenhum
d- ( ) Ele não tem amigos
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