Objetos Lúdicos para a Divulgação Científica e Matemática.
Felipe Rodrigues Bruzadin 1
Resumo
Como bolsista da Pró-Reitoria de Extensão (PROEX) pelo projeto Ciência Lúdica para Crianças: oficinas e atividades de divulgação da Ciência, Matemática e Tecnologia para crianças de 3 a 6 anos, gostaria de relatar como vem se dando a minha participação neste projeto, bem como os seus objetivos.
O projeto tem por objetivo divulgar a cultura cientifica para crianças desta faixa etária, através do lúdico, ou seja um dos seu objetivos é proporcionar vivências que promovam a explicitação de idéias matemáticas e cientificas das crianças, através de oficinas, por meio de brincadeiras.
O projeto conta até o prezado momento com quatro oficinas são elas: formas, som, argila e sombras. Nas oficinas temos personagens criados pelo próprio projeto, brinquedos e artefatos que fazem parte do entorno e do cotidiano das crianças.
Minha função neste projeto é perquisar novas oficinas e produzir novos materiais didáticos pedagógicos para estas, seguindo alguns cuidados. No momento estou planejando juntamente com um dos coordenadores do projeto a elaboração de duas novas oficinas.
Palavras-chave: Instrumentos do Cotidiano, Lúdico, Divulgação Cientifica, Conceitos da Física Aplicada.
Apresentação das Oficinas:
Estou participando neste projeto desde Abril deste mesmo ano. Faço parte do projeto
porque ajudo a elaborar as oficinas que são vivenciadas pelos alunos, bem como
construo os materiais didáticos e pedagógicos que são necessários para o
desenvolvimento das mesmas.
Nos parágrafos a seguir apresentarei como estes materiais são confeccionados, bem
como como são utilizados e, na medida do possível, relacionarei tais objetos com o
objetivo das oficinas.
As oficinas tem por objetivo:
1 UFCar [email protected]
As oficinas de som tem como objetivo promover o aproveitamento de brinquedos,
artefatos caseiros e reciclagem de materiais para a confecção de experimentos e
atividades de divulgação científica que podem ser realizadas com as crianças em suas
residências ou instituição de Educação Infantil.
As oficinas de som: os diversos objetos lúdicos que já foram criados inicialmente, como
minha primeira atividade na monitoria foi elaborar instrumentos musicais que poderiam
ser feitos pelos próprios alunos durante o desenvolvimento das oficinas. Assim, durante
a oficina de som, resolvemos fazer dois instrumentos, o tambor e o reco-reco.
Em um primeiro momento decidimos fazer o reco-reco da seguinte maneira: um pedaço
de conduite (utilizado na parte elétrica das casas), o qual tem sua superfície corrugada,
com mais ou menos 15cm, uma bandeja de papelão utilizada em lanchonetes, um palito
para churrasco e dois pedaços de arame. Ao montar o primeiro vimos que o arame
poderia por ventura estar machucando as crianças, decidimos substituí-lo por dois
fechos práticos (utilizados para fechar saquinhos de presente), e retirar a ponta do palito,
assim não trazendo mais riscos as crianças. Assim as crianças prenderiam este pedaço
de conduite na bandeja, através dos fechos e ao passar o palito em sua superfície, o
mesmo produziria um som semelhante ao reco-reco.
O outro instrumento foi o tambor feito com um copo descartável de 700 ml, metade de
um bexigão (utilizado em festas de aniversario), um elástico e um palito para churrasco
(sem a ponta). Onde as crianças colocariam esta metade do bexigão na borda do copo,
devidamente esticada e a prenderia com o elástico, assim batendo com o palito no
bexigão o som que sairia, seria semelhante ao de um tambor “normal”.
“tambor normal” Material utilizado na confecção do tambor
Tambor feito pelas crianças
Em seguida pensando em um brinquedo do antigo mundo de Beackman e um desses
brinquedos “tradicionais”, o telefone com fio, já utilizado nesta mesma oficina, decidi
acoplar em duas cabaças um auto-falante em cada uma, onde um auto-falante é ligado
ao outro por um fio, sem nenhuma fonte de energia. Do mundo de Beakman temos o
mesmo experimento só que em vez do auto-falante estar numa cabaça, eles está
envolvido por uma caixa de papelão com dimensões apenas para caber o auto-falante.
Pensando em como adaptar este experimento na oficina, lembrei que nela temos um
momento onde as crianças brincam com cabaças a fim de criar um som, assim como os
indígenas, então decidi acoplar estes auto-falantes nelas, pois ela poderia servir também
como uma cavidade ressoante, onde o som poderia ressoar e assim ser amplificado.
Cabaça utilizada nas oficinas
Ressalta-se que, por traz de todo este experimento existem conceitos da física, como por
exemplo o fato da cabaça servir como uma cavidade ressoante, ou até mesmo o fato dos
auto-falantes não estar ligados a uma fonte de energia, todos estes conceitos são
“escondidos”, levando assim conceitos de física aplicada de uma forma lúdica para as
crianças.
Ao levar este experimento para as oficinas obtivemos um resultado muito interessante,
pois as crianças ao se depararem com uma cabaça e um auto falante ficaram um tanto
quanto curiosas, pois não é fácil encontrar no cotidiano um artefato como este. Este fato
pode levar as crianças a indagarem: o que é que isso faz?
E ao ver que este artefato nada mais é do que um telefone com fio comum, onde
normalmente é feito por duas latas, de massa de tomate por exemplo, ou por dois copos
plásticos ligados a um barbante, elas ficam fascinadas e curiosas para saber como que
este telefone funciona, uma vez que o telefone comum precisa que o barbante esteja
esticado para que o som possa ser transmitido, neste novo experimento isto não é
necessário, basta uma pessoa falar em uma das cabaças em frente ao auto-falante, que
outra pessoa irá escutar na outra cabaça, quando colocar o ouvido no auto falante, isto
ocorrendo simultaneamente assim como no telefone com fio comum. Conseguindo
assim um dos objetivos do projeto, que é estar levando idéias da física para estas
crianças de uma forma lúdica, que neste experimento tive a audácia de dar o nome de
Cabafone.
Cabafone
Pensando mais uma vez nesta oficina, e no som propriamente dito, pensei em mais uma
experiência.
Uma vez que o som pode ser sentido como uma vibração, por exemplo, ao escutar uma
música onde temos nela um grave muito forte, podemos sentir uma vibração
demasiadamente grande quando a escutamos, em um alto volume.
Assim, podemos também sentir a vibração do som quando colocamos a mão em um
auto-falante, quando este está funcionando para sentir a vibração do som. Pensando
neste principio decidi pegar um teclado de brinquedo a pilha, em seguida abri e
aumentei o fio do seu auto-falante, de modo que este auto-falante ficasse para fora do
teclado, tomando novamente os devidos cuidados, dando um nó no fio dentro do teclado
para que o auto-falante não se desligasse do teclado caso o mesmo fosse puxado com
uma força demasiadamente grande, e outro cuidado prendendo o auto-falante a um
papelão de modo que fosse melhor para as crianças o segurasse.
Teclado a pilha já modificado Auto falante do teclado preso ao papelão
Deste modo as crianças poderiam estar tocando no teclado e sentindo a vibração do
som, fora este “tema”, podemos assim trabalhar com elas a sincronização das notas
musicais por elas tocadas no teclado, de modo que possam criar um som “organizado”,
harmonioso ao invés de apenas tocar notas desordenadamente.
Gostaria ainda de indicar que desenvolvi mais uma atividade com este instrumento,
considerando-se que neste momento, as crianças têm a oportunidade de “bater” em
tampas de panelas, garrafas de vidros com diferentes níveis de água, produzindo assim
um tipo característico de som. Já no teclado elas podem estar produzindo sons não
iguais aos das musicas pois isso precisa de treino e de um instrumento apropriado, mas
algo mais próximo do seu cotidiano.
Utensilios de aluminio presos à arara Garrafas de vidro com agua penduradas na arara
Utilizando este teclado “modificado”, e agora outro conceito da física o de amplificar o
som, decidimos colocar estes auto-falantes agora, dentro de canos de PVC, com o
intuito de amplificar o som, ou seja o cano servir como uma cavidade ressoante.
Canos de PVC
Esta atividade foi elaborada da seguinte maneira, em um momento as crianças sentadas
em um tatame de EVA são dispostos a elas pedaços de canos, luvas, curvas, T, e outros
matérias feitos de PVC, matérias estes utilizados na construção de casas. A principio
estes canos serviam como matérias para que as crianças “montassem”, algo que fosse
próximo de um telefone, onde elas poderiam colocar varias extremidades todas
interligadas, colocando uma mais longa, outra mais curta, outra em uma curva, assim
uma falaria em uma dessas extremidades e outras crianças nas outras extremidades
escutariam.
Assim, neste experimento colocamos os teclado juntos a estes canos, afim de que as
crianças tocariam uma nota ou uma sequência de notas primeiramente com o auto-
falante fora do cano, e depois a mesma nota ou a mesma sequência só que agora com o
auto-falante dentro do cano, afim de que o som seja amplificado, e ver se elas percebem
este efeito, mais uma vez trazendo conceitos de física aplicada para crianças desta faixa
etária de uma forma lúdica sem comentar sobre estes efeitos em termos físicos, afim de
que elas fizessem indagações sobres este e o porque que ele ocorre.
Novas oficinas: os diversos objetos lúdicos que estão sendo criados.
No momento estamos elaborando duas novas oficinas, uma utilizando materiais
reciclados, por exemplo, galões de molhos, caixas de leite, garrafas plásticas de diversos
modelos e cores. Todas estas “embalagens” devidamente furadas para que as crianças
mesmas possam montar um caminho para a água, utilizando uma escada de madeira
com três degraus, assim elas podem colocar uma embalagem em um degrau e outra no
degrau inferior ligando uma a outra, por meio de outra embalagem assim devido ao
efeito da gravidade e do volume a água escoaria de um degrau para o outro
repetidamente até chegar no ultimo. Estou pensando que seria interessante colocar uma
lata de alumínio ou uma forma, de modo que no momento que a água pingar no fundo
desta lata possa haver a produção de sons, podendo assim estes serem gravados por
meio de um gravador. E, este som mudaria conforme a rapidez que a água atingir este
fundo, com o volume e com a quantidade de água já presente neste recipiente.
Esta oficina tem como objetivo fazer com que as crianças possam montar este caminho
de forma correta, com o intuito da água chegar até o ultimo recipiente, sem vazar, e
possam perceber os diferente sons ao cair neste ultimo recipiente e/ou analisar como
fazer com que este som possa mudar.
A outra oficina em processo de montagem é a de espelhos, onde proporcionará
momentos em que as crianças estariam brincando com diversos objetos com superfícies
espelhadas. As crianças seriam convidadas para observar o como a imagem se projeta,
ou seja se o tamanho da imagem foi alterado, se a sua orientação se manteve, se ela foi
distorcida, se esta mais distante ou mais próxima da superfície.
Os experimentos com espelho utilizam materiais que estão no entorno delas, como por
exemplo, o espelho do banheiro, uma colher bem lustrada que pode tornar-se uma
superfície espelhada curva, tanto côncava quanto convexa, formando assim diferentes
imagens num próprio objeto.
Acredito que esta oficina irá chamar mais a atenção das crianças, pois nesta idade estão
começando a prestar mais atenção no ambiente que estão inseridas. Há de se considerar
ainda que de modo geral, todas as pessoas ao se depararem com uma superfície
espelhada param para ver sua imagem.
Vale a pensar ainda comentar que, um objeto muito curioso é a caçarola. Se você
colocá-la no centro de uma sala conseguirá ver os quatro lados da sala na superfície
desta sem se movimentar, utilizando apenas a imagem nela refletida.
Caçarola
Na minha opinião esta oficina com certeza irá fazer com que as crianças façam mais
indagações, pois é um tema que faz parte do cotidiano das pessoas, porem, geralmente
passa despercebido. Quero fazer algumas explicações e levar algumas curiosidades para
estas crianças de uma forma lúdica, ou seja, proporcionar vivências que façam com que
brinquem com os espelhos.
Algumas considerações:
Meu objetivo neste projeto, é criar novos instrumentos pedagógicos com materiais
diversos, especialmente aqueles que são recicláveis de forma que possam divulgar
idéias científicas e matemáticas para crianças de 3 a 6 anos de uma forma lúdica,
utilizando artefatos do cotidiano delas. Promover momentos de vivências, onde as
crianças possam explicitar suas idéias cientificas e matemáticas que não fazem parte da
educação formal destas. Aqui não se quer ensinar matemática e física, mas sim
promoter, através do brincar a autonomia do pensamento da criança em relação às suas
próprias criações e observações que são feitas durante as oficinas. Tem –se a intenção,
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