Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 1 -
O USO DAS TIC E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA
Veraluce da Silva Lima (UFMA)1
Resumo: Utilização das TIC no contexto educacional. Apresentamos os resultados da pesquisa realizada em escolas públicas da região metropolitana de São Luís-MA. A pesquisa teve como objetivo “Investigar a utilização das TIC, mais especificamente da Internet, na prática pedagógica do professor”. Dentre os teóricos que embasaram a pesquisa, destacamos: Almeida d´Eça (2002), Castells (2005), Castro (1995), Fonseca (2002), Marcuschi; Xavier (2004),
Paiva (2004), Pereira (1995), Husserl (2000). A metodologia foi de base fenomenológica, com aplicação de questionários com perguntas abertas a professores de português, de dez escolas da rede pública: quatro do município de Paço do Lumiar-MA e seis de São Luís. Com a análise dos questionários, chegamos ao seguinte resultado: a não utilização das TIC pelos professores decorre de: Falta de espaço adequado e equipado com computadores funcionando; Formação precária do professor; Ausência de políticas educacionais eficientes que viabilizem a integração das TIC no ensino; Não reconhecimento das potencialidades das tecnologias digitais como ferramentas pedagógicas. Palavras-chave: Formação do professor, ensino de língua portuguesa, utilização das TIC.
Abstract: Use of TIC (Tecnology of Information and Comunication) in educational context. We present herewith results of research performed in public schools in the metropolitan region of São Luis town. The research aim was “to investigate the use of TIC system, more specifically the Internet, in the pedagogy practice by the teacher”. Among the theory users who undertook the research, we highlight: Almeida d’Eça (2002), Castells (2005), Castro (1995), Fonseca (2002), Marcuschi; Xavier (2004), Paiva (2004), Pereira (1995), Husserl (2000), which discuss new technologies and their influence in present-day society. The method was on Phenomenology basis with questionaires with open questions to teachers of Portuguese language in ten public schools: four of them from Paço
do Lumiar-MA, county and six from São Luis town. Upon the analysis of the questionaires, we came to the following result: no use of TIC system by teachers arises out of; Lack of due space and equipped
1 Veraluce da Silva LIMA, Profª Drª em Ciências da Educação.
Universidade Federal do Maranhão (UFMA). E-mail: [email protected]/[email protected].
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 2 -
with operating computer; Teacher’s poor formation; Efficient politics education absence that allow the TIC integration in teaching; No recognition of digital technology potentialities as pedagogy tools.
Keywords: Teacher’s formation, Portuguese Language Teaching, Use of TIC.
Introdução
O presente trabalho apresenta os resultados da pesquisa intitulada “O
PAPEL DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DE COMUNICAÇÃO-TIC NA
FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA”, realizada na
Universidade Federal do Maranhão. Sua meta principal foi trazer, para
discussões de estudo, a formação de
professores no contexto atual e a integração das Tecnologias de Informação e
Comunicação-TIC, nas práticas pedagógicas desenvolvidas no espaço escolar.
O fator relevante para o desenvolvimento da pesquisa configurou-se na
discussão acerca do papel do professor das escolas públicas do Maranhão,
frente ao contexto das TIC e o processo educacional em que essas escolas
estão inseridas. Assim, analisar a utilização das TIC no contexto educacional
significou analisar o professor historicamente situado.
A pesquisa abrangeu dez escolas da rede pública de ensino, da região
metropolitana de São Luís: quatro escolas localizadas no município de Paço do
Lumiar-MA e seis em São Luís. As escolas foram selecionadas, após uma visita
da Equipe Técnica do Projeto de Pesquisa à Secretaria de Educação de Paço
do Lumiar e de São Luís. Essa Equipe era formada por dois professores
pesquisadores e três auxiliares de pesquisa, sendo 2 alunos do Curso de Letras
e 01 aluno do Curso de Pedagogia.
Um dos critérios de seleção das escolas foi a existência de laboratório de
informática. No município de Paço do Lumiar, foram selecionadas quatro
escolas e estão sendo identificadas por meio das primeiras letras do alfabeto:
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 3 -
Escola A, localizada no bairro Maiobão; Escola B, localizada no bairro Epitácio
Cafeteira; Escolas C e D pertencentes ao povoado Pau Deitado. Em São Luís,
foram selecionadas seis escolas que também estão sendo identificadas por
meio das letras do alfabeto, numa ordem de E a J: Escola E, localizada no
Bairro de Fátima; Escola F, localizada no Bairro da Alemanha; Escolas G, H e I,
localizadas no Centro da cidade; Escola J, localizada no Campus do Bacanga.
A pesquisa teve como objetivo geral “Investigar a utilização das TIC no
processo ensino-aprendizagem”. Para a consecução de nosso objetivo de
pesquisa, procuramos analisar as condições em que se encontra o uso das TIC
no ensino de Língua Portuguesa e caracterizar, a partir da evidência das
informações obtidas, os fatores que têm influenciado a utilização ou não-
utilização das TIC no contexto escolar, para então desenvolver estratégias de
implementação de atividades interativas e/ou projetos colaborativos, com as
TIC articuladas à proposta pedagógica de Língua Portuguesa e a uma
concepção de aprendizagem significativa no âmbito escolar.
A trajetória metodológica foi de base fenomenológica, tendo como
instrumento de coleta de dados o Questionário, com perguntas abertas. Nas
escolas do município de Paço do Lumiar, os Questionários foram distribuídos a
todos os professores do turno vespertino, num total de 27 Questionários,
sendo devolvidos apenas 18. Nas escolas localizadas em São Luís, foram
distribuídos 51 Questionários a todos os professores de língua portuguesa do
turno vespertino das escolas selecionadas. Dos Questionários distribuídos,
foram devolvidos 27, perfazendo, assim, um total de 45 Questionários os quais
foram analisados com base em teóricos que discutem as novas tecnologias e
sua influência na sociedade contemporânea.
Os resultados da pesquisa apontaram as condições em que se encontra o
uso das TIC no ensino de Língua Portuguesa: não são usadas como uma
ferramenta de ensino-aprendizagem, mas como um instrumento de
comunicação. Váris são os fatores que têm influenciado a não utilização das
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 4 -
TIC no contexto escolar, dentre eles, destacamos a precária formação dos
professores.
Esses resultados se constituem uma valiosa contribuição para o
desenvolvimento de metodologias que venham possibilitar a inclusão das TIC
na prática pedagógica do professor de Língua Portuguesa.
Aporte Teórico
Com as novas exigências advindas da sociedade de informação, novos
desafios são colocados à educação de um modo geral, e à escola, em
particular. Foi com esse entendimento que procuramos guiar nosso trabalho
de pesquisa sobre as Tecnologias de Informação e Comunicação-TIC e sua
integração na prática pedagógica do professor de língua portuguesa.
Acreditamos que o uso dessas tecnologias pode permitir o desenvolvimento de
competências intimamente ligadas, não só à vida escolar, mas também e,
principalmente, à vida quotidiana,
tais como a capacidade de análise, interpretação e processamento de informação, a formulação de questões, a resolução de problemas e situações reais, o espírito crítico, e a aprendizagem ao longo da vida, aspectos fulcrais da vida profissional num mundo em constante mudança (ALMEIDA d’EÇA, 2002, p.33)
Além disso, essas tecnologias podem provocar mudanças significativas no
processo ensino/aprendizagem, ao estimular a revisão das ações pedagógicas.
Isto porque, segundo Papert apud Almeida d’Eça (2002, p.53), “qualquer
criança que tenha um computador e uma sólida cultura de aprendizagem em
casa é um agente de mudança na escola”, obrigando, assim, os professores a
adentrarem nos novos mundos possibilitados pelo uso dessas tecnologias em
sua prática pedagógica. Os conteúdos de ensino podem ser trabalhados de
forma significativa, a partir da criação de ambientes de aprendizagem que
façam sentido e tenham significado para os alunos.
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 5 -
No caso do ensino de língua portuguesa, o uso das TIC possibilita a
aquisição de capacidades tecnológicas e sociais que permitem aos alunos
adquirir autonomia e autoconfiança enquanto utilizam o computador como um
instrumento de trabalho, meio de comunicação e recurso de pesquisa e
exploração. Contudo, essa ainda não é uma realidade vivenciada em muitas
escolas, principalmente de países como o Brasil, que continuam arraigadas a
um modelo de ensino do passado, a uma tradição pedagógica que remonta à
Antiguidade clássica.
Essas práticas vivenciadas no ensino do português tomavam ainda “como
referentes à língua latina e à forma da sua descrição, [...] num discurso
didáctico que procura expandir as formas de descrição e realização entretanto
estabelecidas” (CASTRO, 1995, p.22). Podemos, assim, perceber claramente
que, no ensino da língua, as Tecnologias de Informação e de Comunicação
empregadas eram as mesmas desde os gregos: exposição oral, com leitura de
textos escritos, com definições de categorias gramaticais “temíveis pelo
esforço de abstração que impõem ao aluno, senão falsas, pelo menos muito
contestáveis” (GENOUVRIER; PEYTARD, s.d., p.140-141). O professor
selecionava alguns períodos retirados da obra de algum autor, explicava o
significado e a propriedade das palavras e mandava os alunos explicarem o
conteúdo apresentado.
O uso dessas tecnologias no ensino da língua, além de se constituir uma
tradição humanística secular, era, ao que parece, a única forma de aceder ao
bem falar e escrever, à expressão correta e castiça da língua. Isto porque o
ensino tinha como objetivo substituir padrões de atividade linguística dos
discentes, próprios de seu mundo-vida, mas considerados
errados/inaceitáveis, por outros corretos/aceitáveis. Era um ensino
prescritivo e proscritivo, ao mesmo tempo, pois a cada ‘faça isto’
correspondia um ‘não faça aquilo’ (TRAVAGLIA, 2008, p.38). O aluno deveria
demonstrar capacidade de organizar, de maneira lógica, seu pensamento, a
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 6 -
partir de regras que deviam ser seguidas para essa organização do pensar.
Essas regras, segundo Travaglia (2008, p.21), “se constituem nas normas
gramaticais do falar e escrever “bem” que, em geral, aparecem
consubstanciadas nos chamados estudos linguísticos tradicionais que resultam
no que se tem chamado de gramática normativa ou tradicional”.
Com o advento de novas tecnologias, novos horizontes se descortinam
diante dos professores de língua portuguesa, exigindo a revisão de posturas e
o consequente aprimoramento de suas práticas. Assim, a introdução das TIC
no quotidiano escolar pode representar
uma possibilidade de lidar melhor e mais eficientemente com alguns tópicos do ensino; que o enriquecimento constante dessa tecnologia talvez permita ampliar e flexibilizar suas possibilidades enquanto instrumentos auxiliares no processo de escolarização; que através de atividade com microcomputadores o professor pode fazer
modificações importantes e interessantes em sua didática, de forma a alterar o próprio processo de aprendizagem (GATTI, 1993, p.23).
Ressaltamos que as propostas de mudanças no ensino da língua materna
possibilitam, também, mudanças qualitativas que “indicam a sistematização
de um conjunto de disposições e atitudes como pesquisar, selecionar
informações, analisar, sintetizar, argumentar, negociar significados, co-operar
de forma que o aluno possa participar do mundo social [...]” (BRASIL, 1999,
p.125). Essas mudanças incluem o uso das TIC como recursos didáticos que
contribuem, de forma contundente, para mediar o que acontece no mundo,
editando a realidade. Também contribuem para auxiliar o professor em sua
prática pedagógica, com estratégias de ensino “que tenham a ver com a
realidade, o quotidiano e o desempenho que os jovens terão fora daquelas
quatro paredes quando entrarem na vida activa” (ALMEIDA d’EÇA, 2002,
p.37).
Nesse sentido, a integração das TIC, concretamente da Internet, no
ensino da língua materna, favorece o desenvolvimento de capacidades
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 7 -
relevantes, como as que Maier et al. apud Almeida d´Eça (2002) apontam para
o mundo do trabalho. Dentre essas capacidades, destacamos:
Capacidades de comunicação: escrever relatórios, fazer apresentações e utilizar meios multimédias;
Capacidades de trabalho em grupo: liderança e trabalho de equipa;
Capacidades pessoais: independência, autonomia, auto-avaliação e autoconfiança;
Capacidades interpessoais: aconselhar, entrevistar, ouvir, negociar;
Capacidades ligadas às tecnologias de informação e comunicação: processamento de texto, bases de dados, folhas de cálculo, gráficos, usar o e-mail. (MAIER ET AL apud ALMEIDA d´EÇA, 2002, p.37).
Compreendemos que essas capacidades podem ser estendidas para a vida
em sociedade, em geral, no mundo globalizado. Várias experiências
demonstram vantagens do uso dessas tecnologias no ensino. Dentre essas
experiências, citamos os trabalhos de Almeida d´Eça (1998; 2002); Fonseca
(2002); Gatti (1993); Paiva (2004); Pedro; Moreira (2006). Em aulas de
redação, por exemplo, o computador pode se constituir um grande aliado do
professor, conforme relata Pereira (1995, p.14):
[...] pude observar que o computador ajuda o aluno a ver o texto um
pouco mais concretizado. A tela funciona como um espelho. E aquilo que é imaginado torna-se real mais rapidamente [...]. Podemos contar também com outras ajudas mais óbvias, que os processadores de textos podem oferecer: apagar com rapidez sem deixar marcas ou borrões, inserir palavras [...]. Benefícios que, num primeiro momento, parecem ajudar a melhorar apenas o externo do que o aluno escreve: a apresentação. Na verdade pude observar que esses recursos acabam interferindo na forma intrínseca ao texto. Palavras são destacadas, um poema ganha forma, vida [...]
A educação do homem da atualidade requer novas posturas, novas
competências, um novo fazer e saber fazer. O ensino de língua portuguesa
não se exime dessas novas possibilidades, pelo contrário, ele deve colocar
tanto o professor quanto o aluno “como um viajante constantemente
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 8 -
desafiado, com o interesse voltado para a descoberta de novos caminhos”
(MARTINS, 1992, p.86). A inclusão das TIC nas aulas de língua portuguesa pode
contribuir para o aperfeiçoamento da qualidade do processo
ensino/aprendizagem dessa área de conhecimento. Se essas tecnologias forem
utilizadas de forma adequada, poderão tornar-se co-responsáveis pela
melhoria do ensino, não só de língua portuguesa como também de outras
áreas do saber escolar.
A utilização de novas tecnologias no ensino contribui para que novas
posturas e novas atitudes sejam introjetadas no quotidiano, tanto do
professor quanto do aluno. Assim, poderão apropriar-se dos bens culturais da
pós-modernidade, os quais são frutos de novas motivações sociais, de novas
circunstâncias de comunicação, no caso, a comunicação eletrônica, e de
novos instrumentos de comunicação e de produção de textos, como, por
exemplo, o computador e o celular.
Trajetória Metodológica
A pesquisa foi de base fenomenológica, trajetória metodológica que nos
possibilitou uma aproximação qualitativa do fenômeno investigado. Como
trajetória investigativa, a Fenomenologia constitui-se na “descrição de
fenômenos experienciados pela consciência, sem teorias sobre sua explicação
causal e tão livre quanto possível de pressupostos e de preconceitos”
(MARTINS, 1992, p. 46). Seu rigor científico está voltado para a essência do
fenômeno – o eidos, a partir do “ir à coisa mesma” (HUSSERL, 1992, p. 21). O
pesquisador, um ser-no-mundo, é um atribuidor de significados, que se
intersubjetiva com outros sujeitos com os quais coexiste.
Na busca de atribuir significados aos dados da pesquisa, procuramos,
como pesquisadora, realizar, num primeiro momento, os seguintes
procedimentos metodológicos:
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 9 -
Levantamento e análise das fontes bibliográficas relacionadas com nosso
objeto de estudo;
Escolha das escolas, lócus da pesquisa, a partir de dois critérios
estabelecidos a priori, os quais consideramos de fundamental importância
para a realização da pesquisa: 1) a escola deveria ser pública; 2) a escola
deveria possuir laboratório de informática, com computadores conectados à
Internet;
Escolha e elaboração dos instrumentos de coleta de dados;
Aplicação dos instrumentos de coleta de dados;
Realização de um Estudo Piloto, para averiguação e validade dos
instrumentos de coleta de dados.
Feita a escolha das escolas a partir de critérios previamente
estabelecidos, selecionamos os sujeitos da pesquisa: professores de língua
portuguesa. Passamos, então, à construção dos instrumentos de coleta de
dados. Foi elaborado um Questionário, que chamamos de Roteiro de
Entrevista Qualitativa, constituído de duas partes: (1) caracterização do
entrevistado da pesquisa e (2) 13 questões abertas sobre o uso do computador
como recurso pedagógico e de alguns recursos oferecidos pela internet, a
saber: a Webquest, o chat e o e-mail. Esses recursos podem ser utilizados pelo
professor como mais uma ferramenta pedagógica,
Iniciamos, assim, a realização do Estudo Piloto, para validação de nosso
instrumento de coleta de dados. Esse Estudo foi realizado nas escolas
selecionadas no município de Paço do Lumiar: Escolas A, B, C e D. Elaboramos
um cronograma de visitas a essas escolas, o qual foi refeito diversas vezes,
com o objetivo de adaptá-lo à realidade de cada escola em que se realizou a
investigação.
Foram aplicados 39 (trinta e nove) questionários aos professores das
escolas selecionadas, independente da disciplina que lecionavam: 11 (onze)
questionários na Escola A e todos foram devolvidos; 13 (treze) questionários
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 10 -
na Escola B, sendo apenas 3 (três) devolvidos; 15 (quinze) questionários na
Escola C e apenas 4 (quatro) devolvidos, perfazendo, assim, um total de 18
questionários. Na Escola D, não pudemos aplicar os questionários, pois os
professores se recusaram a participar da pesquisa.
De posse dos dados coletados, procuramos construir os primeiros
resultados da pesquisa. Esses resultados deram origem a um Relatório Parcial,
o qual foi divulgado durante o VI Colóquio de Metodologia de Ensino de Língua
e Literatura Portuguesa – MELP, realizado na UFMA. Também contribuíram
para que a pesquisa tivesse continuidade, uma vez que apontaram elementos
relevantes e reais de nosso objeto de estudo, servindo, inclusive, para
repensarmos e reestruturarmos algumas questões de nosso instrumento de
coleta de dados.
No segundo momento da pesquisa, demos continuidade à aplicação do
Questionário nas escolas selecionadas no município de São Luís, pois, com o
Estudo Piloto, pudemos validar esse instrumento de coleta de dados. Assim,
construímos um cronograma de visitas às seis escolas selecionadas: Escola E,
F, G, H, I e J. Esse cronograma foi ajustado diversas vezes, considerando as
peculiaridades do trabalho pedagógico desenvolvido em cada escola.
Durante a primeira visita feita às escolas, conversamos com a direção e
coordenação pedagógica, apresentando o projeto e questionando sobre a
existência do laboratório de informática, bem como seu funcionamento.
Constatamos que há um espaço físico, destinado ao laboratório de
informática, porém, na maioria das vezes, não é usado pela comunidade
escolar, em virtude da falta de recursos humanos e assistência técnica do
governo, para garantir o funcionamento e o manuseio das máquinas. Portanto,
o laboratório serve apenas para guardar as máquinas. Fizemos também um
levantamento do quadro de professores de cada escola e procuramos construir
a identidade desses professores no que se refere à formação acadêmica: todos
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 11 -
possuíam formação superior. A maioria deles tinha licenciatura plena em
Letras; alguns com pós-graduação: Especialização e Mestrado.
Distribuímos um total de 51 Questionários, dessa feita apenas aos
professores de Língua Portuguesa. Desse total, foram recebidos apenas 27,
conforme discriminação a seguir: Escola E: 4 questionários; Escola F: 6
questionários; Escola G: 3 questionários; Escola H: 5 questionários; Escola I: 5
questionários; Escola J: 4 questionários.
Ao procedermos à análise dos dados coletados, encontramos respostas
em branco, respostas semelhantes e “taxativas” (sim/ não), mesmo com as
perguntas exigindo respostas discursivas. As respostas encontradas
objetivaram subsidiar as principais categorias de análise que serviram de base
ao estudo desenvolvido: 1) as questões de 1 a 6 enfocaram a utilização do
computador e sua importância para o desenvolvimento da prática pedagógica
do professor; 2) as questões de 7 a 13 deram ênfase a três ambientes da
internet como um recurso pedagógico que contribui no desenvolvimento do
ensino produtivo da língua: a WebQuest, o Chat e o E-mail.
Procuramos analisar cada questão à luz dos fundamentos epistemológicos
que embasaram nossa trajetória metodológica.
Análise dos Dados e Construção dos Resultados
Para a construção dos resultados da pesquisa, lançamos mão dos
questionários aplicados nas escolas e devolvidos pelos sujeitos da pesquisa.
Foram analisados 45 questionários, sendo 18 das escolas selecionadas no
município de Paço do Lumiar e 27 das escolas selecionadas no município de
São Luís. A análise foi realizada de forma criteriosa, com o pesquisador
atribuindo sentido às respostas dos professores embasado no referencial
teórico que trata da aplicação das TIC na prática de sala de aula de Língua
Portuguesa.
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 12 -
A primeira questão analisada foi: Você utiliza o computador como
recurso pedagógico para desenvolver suas atividades com os alunos? Se
utiliza, de que forma?
A maioria dos professores respondeu que utiliza o computador para
preparar aulas no Power Point, produzir textos no Word, pesquisar na Internet
e baixar músicas; 05 professores responderam que não utilizam o computador
em seu trabalho pedagógico, apenas para acessar e-mails, mesmo com
laboratório de informática na escola colocado à disposição dos docentes;
apenas 02 professores não responderam à questão.
As respostas a essa primeira questão demonstram que os professores
possuem certo desconhecimento sobre a utilização didática das TIC. Mesmo
existindo no espaço escolar um laboratório de informática, eles não utilizam o
computador para a realização de atividades de sala de aula. O professor ainda
não está preparado para tirar proveito das TIC como ferramentas que podem
contribuir para o desenvolvimento de uma aprendizagem significativa.
Segundo Silva (2003), o professor se constitui o elemento chave para que
as novas gerações superem o analfabetismo digital ou até mesmo aprendam a
manejar os computadores para a realização de tarefas escolares.
Sem que o professor esteja objetivamente habilitado para o uso dos computadores, incluindo aqui o domínio dos principais programas e das principais linguagens para a produção/recepção de informações virtuais, serão mínimas as chances de uma socialização da internet em nosso meio ou, se quiser, será muito lento esse processo, retardando sobremaneira o usufruto dos seus benefícios pela maioria da população brasileira (SILVA, 2003, p.53).
A segunda Questão 2 procurou saber o que o professor achava do
computador como uma tecnologia a ser utilizada no ambiente escolar.
Os professores foram unânimes em reconhecer que o computador é uma
tecnologia importante no ensino, conforme podemos comprovar por meio dos
seguintes depoimentos:
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 13 -
É um excelente recurso a ser utilizado na construção de conhecimento, de desenvolvimento da aprendizagem [...]
É muito prático e simples, embora ainda não tenha usado em
minha sala de aula [...]
É um instrumento de interação muito eficiente nos dias atuais.
Os docentes reconhecem a importância das TIC no ambiente escolar,
mais especificamente do computador, uma vez que pode proporcionar o
desenvolvimento de competências e habilidades específicas da era digital.
Eles reconhecem ser de suma importância ao ensino da língua, pois facilita a
aprendizagem.
Em três das escolas investigadas, em que há laboratório de Informática,
o computador é utilizado apenas pelo professor de Informática, obedecendo a
um calendário de atendimento aos alunos, supervisionados pelo próprio
professor de Informática. Isto porque as máquinas são insuficientes para
atendimento do público que procura os laboratórios. Os professores afirmaram
que, embora a escola esteja conectada com o mundo por meio da Internet,
não utilizam essa tecnologia porque a infraestrutura do prédio não suporta
que todos os computadores estejam ligados ao mesmo tempo, dificultando o
acesso dos alunos a esse meio.
É bom dizermos que
O computador possibilitou um ambiente de aprendizagem em que alunos e professores enfrentam novos níveis de resistências que essa realidade oferece para sua assimilação. Em sua representação digital, são necessários que novos esquemas de ação e de representação sejam construídos e reorganizados. Com isso, novos talentos, novas atitudes e habilidades são desenvolvidas (MAGDALENA; COSTA, 2003, p.99).
Quando perguntados se a escola oferecia condições para a realização de
atividades utilizando o computador (Questão 3), a maioria dos docentes
investigados respondeu que a escola disponibiliza o laboratório de
informática, contudo nem todos o utilizam, por falta de tempo. Para um dos
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 14 -
professores, “o computador veio trazer a modernização do processo ensino-
aprendizagem ao contexto atual, marcado pela informação”.
Apenas dois professores responderam que a escola não oferece condições
para a realização de atividades utilizando o computador, devido,
principalmente, às condições das máquinas que a escola possui e à falta de
recursos financeiros para realizar o reparo dessas máquinas, quando estão
quebradas ou até mesmo adquirir outras.
As justificativas dadas revelam que isso acontece devido à ausência
tanto de condições de uso dos computadores como também de estrutura física
adequada. Nesse sentido, percebemos que é primordial à escola propiciar
condições físico-estruturais, formação/capacitação para os professores e
computadores em número suficiente e em funcionamento para os alunos.
A Questão 4 abordou a importância da realização de atividades escolares
envolvendo o uso do computador para a construção da aprendizagem dos
alunos. Os docentes reconhecem que não podem ficar alheios à tecnologia. No
que se refere ao computador, todos foram unânimes em dizer que é de
fundamental importância o uso desse recurso no ensino-aprendizagem. Eis
alguns dos depoimentos coletados:
Gera interesse e consequentemente um melhor aprendizado;
Funciona como facilitador, pois abre possibilidades múltiplas
intertextuais a agilizar a aprendizagem, além de torná-la atraente para os alunos;
Facilita a pesquisa para a realização de trabalhos escolares;
Temos que nos adaptar às coisas modernas.
Mesmo considerando importante o uso do computador, em sua prática
pedagógica, os professores ainda não o utilizam de forma regular. Um e outro
ainda fazem uso dessa ferramenta pedagógica por iniciativa própria, sem um
projeto que integre essa tecnologia no currículo escolar. O computador
precisa ser usado de forma contextualizada, com o professor planejando seu
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 15 -
uso de forma a possibilitar o desenvolvimento de competências e habilidades
do aluno. Isto porque
Consideramos que o desenvolvimento da tecnologia atinge de tal modo as formas de vida da sociedade que a escola não pode ficar à margem. Não se trata simplesmente da criação de tecnologia para a educação, da recepção crítica ou da incorporação das informações dos meios na escola. Trata-se de entender que se criaram novas formas de ter acesso e de produzir conhecimento (LITWIN, 1997, p.131).
Assim, é necessário compreender que as tecnologias englobam uma
dimensão ampla que agrega escola, sociedade e todos os indivíduos.
Na Questão 5, procuramos investigar acerca da resistência dos
professores para integrar o computador como uma tecnologia na sua prática
pedagógica. A maioria dos professores respondeu que não tem resistência
quanto ao uso do computador, em sua prática pedagógica, pois esta
ferramenta já faz parte da realidade deles (professores). Aqueles que
apresentam alguma resistência elencaram como motivo principal as condições
da escola e a falta de prática para a realização de atividades.
Os professores que demonstraram ter resistência ao uso do computador
ainda não apresentam o domínio de uso dessa ferramenta, para que possa ser
usada como mais um recurso didático. Falta-lhe uma formação específica que
o habilite a implantar mudanças em sua prática e isso requer do professor a
apropriação do novo, buscando uma melhor forma de contextualizar
consistentemente sua prática com as novas tecnologias. A partir dessa
apropriação para o uso das TIC, ele deve adaptar suas necessidades e
realidades escolares, desenvolvendo uma maneira própria de uso desses
recursos.
Nessa perspectiva, a incorporação das TIC está se dando com o sentido de abrir possibilidades para fazer, pensar e conviver que não poderiam ser pensadas sem a presença dessas tecnologias. Como elas introduzem um novo sistema simbólico para ser processado, (re)organizam a visão de mundo de seus usuários, modificam hábitos cotidianos, valores e crenças, constituindo-se em elementos estruturantes das relações sociais, os processos evidenciam um
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 16 -
movimento ininterrupto de construção de cultura e conhecimento. (BONILLA; PRETTO, 2005)
Para que o professor se aproprie das TIC, ele deve dispor de um material
de apoio que o instigue e o ajude a apropriar-se dessas ferramentas; deve ter
uma nova postura em que se evidenciem características como
responsabilidade, dinamismo, visão crítica, capacidade de lidar com novas
situações.
A Questão 6 buscou verificar se os professores fizeram curso de
capacitação em informática. A maioria dos entrevistados respondeu SIM; os
outros que responderam NÃO justificaram que nem pretendem fazê-lo, visto
já estarem em fim de carreira.
Considerando esse primeiro bloco de questões, observamos que, apesar
de estar sendo implantada aos poucos a tecnologia digital nas escolas, há
muitos fatores que dificultam o processo de inclusão digital. Apesar de alguns
professores já apresentarem uma familiaridade com o computador, não há
espaço, nem condições estruturais que lhe permitem fazer uso deste recurso
para melhorar o processo de ensino, pois as salas de informática ficam, a
maior parte do tempo, fechadas para a comunidade escolar, o que inviabiliza
o trabalho do professor junto aos alunos. Isso reforça ainda mais a prática
transmissiva de ensino, já que o professor não pode contar com uma
ferramenta de auxílio que venha facilitar o seu trabalho em sala de aula,
limitando-se a usar apenas outros recursos que lhe são disponibilizados pela
escola.
A escola, como instituição formadora, deve repensar sua postura, pois o
aluno possui uma vida social fora da escola e, de uma forma ou de outra, tem
contato com essas tecnologias. Muitas vezes, conhece até mais que o próprio
professor, seu orientador neste processo. O reconhecimento de que o
computador pode favorecer a construção da aprendizagem do aluno é
inegável pelos professores pesquisados. O problema está na impossibilidade de
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 17 -
esse professor integrar essa ferramenta, em sua prática, hoje tão importante
para a formação de qualquer pessoa. Isto porque as TIC, mais especificamente
a Internet, além de facilitar o acesso à informação, “fez emergir a
necessidade de novos comportamentos, novas formas de organização social,
de ensinar e aprender, de nos relacionar e, por conseguinte, a formação de
novos indivíduos“ (GUEDES et all, 2011, p.154) para atuar na sociedade da
informação.
Nas Questões 7, 8 e 9, procuramos saber se os professores conhecem ou
ouviram falar sobre Webquest. Se utilizam essa metodologia de pesquisa
como atividade pedagógica em sala de aula e qual a importância da Webquest
como recurso pedagógico. A maioria dos professores respondeu que não
conhece este recurso pedagógico; outros não responderam às questões
referentes à Webquest.
Diante desse fato, inferimos que, para a maioria dos professores, não era
uma prática a utilização da Webquest. Até o termo era desconhecido por eles.
Como utilizar essa metodologia em sua prática pedagógica?
A Webquest é “uma atividade investigativa, em que alguma ou toda
informação com que os alunos interagem provém da Internet” (DODGE2, 2009,
p.2). Nesse sentido, podemos afirmar que a Webquest favorece a construção
de conhecimentos, por meio de atividades de aprendizagem que aproveitam
as informações no contexto educativo, na Internet.
Na Questão 10, investigamos sobre a utilização do Chat como recurso
didático. Os professores entrevistados responderam que não utilizam o chat
como ambiente virtual de aprendizagem, ou seja, não trabalham com o chat
educativo. Ainda acerca do Chat, procuramos saber, na Questão 11, de que
forma este recurso pode favorecer o aprendizado dos alunos. A maioria dos
professores (num total de 19) respondeu que o chat pode funcionar como uma
ferramenta de auxílio no trabalho em sala de aula; cinco professores alegaram
2 Bernie Dodge, criador do conceito de Webquest, é norte-americano, professor de Tecnologia
Educacional de San Diego State University, Califórnia – EUA, desde 1980 (SENAC, SP, 2009).
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 18 -
que desconhecem a aplicabilidade dessa ferramenta no âmbito educacional;
apenas três deixaram de responder à questão.
Os professores devem entender que a educação, para ser mediada ou
auxiliada pela tecnologia,
não é suficiente que apenas os alunos estejam imersos nesse novo mundo, deve ocorrer necessariamente uma inserção dos docentes no mundo `ciber´por meio do domínio técnico e, principalmente, pelo uso pedagógico das ferramentas disponibilizadas (GUEDES et al, 2011, p.158).
Na Questão 12, procuramos verificar se os professores utilizavam o e-
mail como ambiente de interação virtual. Quase a totalidade dos informantes
respondeu que não utiliza o e-mail na prática escolar. O uso do e-mail se
reserva apenas para necessidades pessoais, conversas com amigos,
transmissão de informação, consultas pedagógicas.
Podemos depreender dessas respostas que o professor encontra-se alheio
a esse tipo de recurso, porque ele não foi capacitado para utilizá-lo nas suas
aulas. Ou talvez porque desconhece as diversas formas que essa ferramenta
pode proporcionar ao processo ensino/aprendizagem.
A última questão dirigida aos professores, a Questão 13, procurou saber
se o professor trabalha/trabalhou com o e-mail como um recurso pedagógico
de sala de aula. A exemplo da questão anterior, quase a totalidade dos
entrevistados foi “taxativa”: afirmou que não trabalha com o e-mail no
espaço escolar.
Diante das respostas obtidas para essas duas questões referentes ao e-
mail, reafirmamos que o professor não está preparado para desenvolver um
trabalho pedagógico trabalhando com o e-mail, porque ele desconhece as
possibilidades de uso dessa ferramenta no contexto escolar.
Segundo os professores investigados, o e-mail é um ambiente de
interação virtual, utilizado apenas como correio eletrônico, em que podem
ser executadas tarefas como: o envio de mensagens para parentes e amigos,
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 19 -
as trocas de informações - sem qualquer relação com o ensino propriamente
dito.
É bom dizermos que as tecnologias digitais não se constituem um
modismo que chega, causa uma espécie de frisson e vai embora. Elas estão a
habitar o cotidiano do homem na contemporaneidade e estão a exigir o
domínio desses recursos para podermos atuar na sociedade da informação.
Hoje, possuir um endereço eletrônico (e-mail) é primordial, até mesmo para o
próprio aluno que às vezes já conhece e domina tão bem o uso dessa
ferramenta. Basta ver que hoje a maioria dos concursos públicos, processos
seletivos de entrada à Universidade dentre outros apresenta serviços de
comunicação on-line. Para receber as informações necessárias, o usuário,
muitas vezes, faz uso do e-mail, o qual atualmente é um importante meio de
comunicação na sociedade, constituindo-se numa prática social.
Conclusões
Após análise dos dados da pesquisa, podemos inferir que o grande
entrave para a não utilização das TIC, no contexto das escolas públicas aqui
analisadas, deve-se a vários fatores. Dentre eles, destacamos:
1) Falta de um espaço adequado e equipado com máquinas funcionando.
Algumas escolas não dispõem de espaço físico adequado destinado ao
laboratório de informática e algumas delas, mesmo tendo esse espaço, os
computadores não funcionam e, quando funcionam, o aluno não pode usá-lo.
Com isso, fica notória, na própria escola, a exclusão digital de grande parte
dos alunos que não tem acesso aos benefícios dessa tecnologia para o
desenvolvimento da aprendizagem.
2) Formação precária do professor
A falta de uma formação que insira o professor no momento atual tem
contribuído para que ele fique à margem das novidades digitais. O professor,
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 20 -
na maioria das vezes, sai dos Cursos de Formação sem as competências e
habilidades necessárias a um profissional do século XXI. Mesmo o professor
demonstrando interesse em utilizar o laboratório de informática na escola
como ambiente que venha favorecer o processo de ensino-aprendizagem, o
professor sentia dificuldade de fazê-lo, pois não dominava o manuseio do
computador.
3) Ausência de políticas educacionais mais eficientes que viabilizem a
integração das TIC na escola.
Apesar das políticas públicas já desenvolvidas pelo governo, no que se
refere à integração das TIC no espaço escolar, ainda percebemos grande parte
dos professores sem acesso aos benefícios dessas tecnologias para o
desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem.
4) Falta de reconhecimento das potencialidades das tecnologias digitais como
ferramentas pedagógicas pela direção da escola
Em algumas das escolas pesquisadas foi notório o descaso da direção
escolar para com o uso das TIC pelo professor. Isso ficou constatado porque,
mesmo possuindo laboratório de informática, o professor não podia usá-lo,
pois o laboratório não oferecia condições: computadores quebrados,
computadores encaixotados, laboratório trancado a cadeado. Como o
professor poderia incluir as TIC como ferramentas pedagógicas?
Esses resultados nos induzem a buscar caminhos para a inclusão das TIC
no cotidiano escolar. Como fazê-la, então?
Recursos simples, como o computador conectado à Internet, promovem a
exploração de novos mecanismos e ambientes digitais, na tentativa de
melhorar o ensino-aprendizagem de qualquer área de conhecimento. No caso
da língua portuguesa, se o professor explorar as potencialidades
metodológicas potencializadas pela Internet, por exemplo, poderá
desenvolver um ensino produtivo, pois essa tecnologia “pode ajudar o
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 21 -
professor a preparar melhor a sua aula, a ampliar as formas de lecionar, a
modificar o processo de avaliação e de comunicação com o aluno e com os
seus colegas” (MORAN, 2011, p.4), por meio de material de boa qualidade,
trocas com outros professores das mais diversas áreas, mídias diversas (vídeo,
áudio, música, textos), favorecendo o desenvolvimento de uma nova visão de
mundo e de uma maior motivação no ensino.
Embora reconheçamos que não existe um único caminho para melhorar o
ensino/aprendizagem da língua ou de qualquer disciplina, as tecnologias
digitais propõem a colaboração e, quando inseridas no contexto educativo,
oferecem um ambiente educativo favorável à construção da cidadania do
homem do século XXI. Essas tecnologias podem ajudar o professor a alcançar a
sabedoria pelo transfazer-se dos saberes, das culturas e das crenças
sedimentadas, colocando-o em busca de um ensino com “nenhum poder, um
pouco de saber, um pouco de sabedoria, e o máximo de sabor possível”
(BARTHES, 1989, p.47).
Referências
ALMEIDA d´EÇA, Teresa. Netaprendizagem: a Internet na educação. Porto: Porto Editora, 1998. ALMEIDA d´EÇA, Teresa. O e-mail na sala de aula. Porto: Porto Editora, 2002.
BARTHES, Roland. Aula. São Paulo: Cultrix, 1989. BRASIL. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brasília,DF: MEC/Secretaria de Educação Média e Tecnológica, 1999. BONILLA, Maria Helena Silveira; PRETTO, Nelson De Luca. Formação de professores: as tic estruturando dinâmicas curriculares horizontais. Disponível em: http://www.acauanfm.ufba.br/twiki/pub/UFBAIrece/ArtigoEAD/ead_isp_pretto_boni_09_final_cfotos_pq. Pdf. Acesso em: 12 out. 2011.
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 22 -
CASTRO, Rui Vieira de. Para a análise do discurso pedagógico: constituição e transmissão da gramática escolar. Braga: APPACDM, 1995. FONSECA, Lorena. O uso de chats na aprendizagem de línguas estrangeiras. In: Caligrama. Revista do Departamento de Letras Românicas da Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte: UFMG, 2002, vol. 7. GATTI, B. A. Os agentes escolares e o computador no ensino. Revista Acesso, n. Especial, dez/93. São Paulo: 1993. GENOUVRIER, Emile; PEYTARD, Jean. Linguística e ensino do português. Trad. Rodolfo Ilari. Coimbra: Livraria Almedina, s.d. HUSSERL, Edmundo. Investigações lógicas: elementos de uma elucidação fenomenológica do conhecimento. In: Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1992. LITWIN, Edith (org.).Tecnologia Educacional: política, história e propostas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. MAGDALENA, Beatriz Corso; COSTA, Irís Elisabeth Tempel. Internet em sala de aula: com a palavra, os professores. Porto Alegre: Artmed, 2003. MARTINS, Joel. Um enfoque fenomenológico do currículo: a educação como poíesis. São Paulo: Cortez, 1992. MORAN, José Manuel. Desafios da Internet para o professor. Disponível em: http://www.eca.usp.br/prof/moran/desaf_int.htm. Acesso em: 21 mar. 2011. PEDRO, Luís Francisco; MOREIRA, António. Didaktos – Didactic Instructional Design for the Acquisition of Knowledge and Transfer to Other Situations – um hipertexto de flexibilidade cognitiva. Laboratório de Courseware Didáctico. Depto. de Didáctica e Tecnologia Educativa. Universidade de Aveiro, PT, 2006. PEREIRA, Maria José G. O computador como instrumento em aulas de redação na 8ª série da Escola Experimental Vera Cruz. Revista Acesso, n. 10, São Paulo, 1995. SILVA, Ezequiel Teodoro (Org.). a leitura nos oceanos da internet. São Paulo: Cortez, 2003.
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 23 -
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática. São Paulo: Cortez, 2008.
Top Related