O USO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO NA FORMAÇÃO DOCENTE
Simone Pellin Cenci1
Jamile Santinello2 RESUMO Este artigo visa socializar a sistematização da experiência vivenciada no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE – SEED, do Governo do Estado do Paraná, implementado com alguns professores do Ensino Médio do Colégio Estadual Arnaldo Busato, município de Coronel Vivida, Estado do Paraná, Núcleo de Educação – NRE de Pato Branco. O projeto em questão analisa a implementação das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) na escola pública, e a atuação do professor como mediador no uso das tecnologias no processo ensino-aprendizagem. O Projeto de Intervenção aconteceu por meio de desenvolvimento de oficinas, organizadas em cinco momentos no período de 01 a 29 de maio de 2009. O artigo conclui-se expondo que os professores estão receptivos à implantação das TICs na escola, acreditando que o processo de ensino-aprendizagem pode sofrer mudanças positivas ao usar os recursos disponíveis como o Laboratório Paraná Digital e a TV Pendrive. Palavras-chave: Professores do Ensino Médio. Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs).
Processo ensino-aprendizagem. ABSTRACT This article aims to socialize the systematization of the experience of the Program for Educational Development - PDE - SEED, the state government of Paraná, implemented with some high school teachers from Arnaldo Busato statal high school, Coronel Vivida town, Paraná State, division of Education - NRE from Pato Branco city. The project shall evaluate the implementation of Information and Communication Technologies (ICTs) in public school, and the role of teacher as mediator in the use of technology in the teaching-learning process. The Intervention Project happened through the development of workshops organized in five times in the period from 01st to 29th May 2009. The article concludes stating that teachers are receptive to the deployment of ICTs in schools, believing that the process of teaching and learning can undergo positive changes to use the available resources to the Laboratory Paraná Digital and Pendrive TV. Keywords: Information Technology and Communication Technologies (ICTs). Teaching-learning
process and Pendrive TV.
1. INTRODUÇÃO
A sociedade já faz o uso das tecnologias há séculos, destacando a invenção
da escrita, a descoberta da imprensa, a fotografia, o cinema, o rádio, a televisão, o
vídeo, o computador. E, a partir de 1990 o CD-ROM e, recentemente, a Internet,
entre outros recursos tecnológicos.
1 Professora Pedagoga – PDE 2008, SEED, Estado do Paraná, NRE de Pato Branco, Município de Coronel Vivida. E-mail – [email protected] / [email protected] 2 Professora Orientadora IES – Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO – Guarapuava, PR. E-mail – [email protected]
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No Século XXI a sociedade é marcada pela presença das Tecnologias da
Informação e Comunicação (TICs) em diversos setores, inclusive no campo da
educação: “[...] é fundamental, pois a educação constitui-se na mais eficaz
instrumentalização para a cidadania” (DEMO, 1994, p.23). Hoje, pode-se considerar
que o não acesso às tecnologias gera um fator de discriminação e exclusão social
que se conceitua como um “analfabetismo” tecnológico. É necessário a inclusão
digital e a desmistificação na escola pública para garantir a apropriação dessas
tecnologias, permitindo à escola a autonomia para formar cidadãos críticos, com
igualdade de oportunidades.
A presença inegável da tecnologia em nossa sociedade, e do uso dos
recursos tecnológicos presentes nas mais variadas esferas da atividade social, se
tornaram indispensáveis no dia-a-dia e, a educação não pode ficar à margem dessa
realidade, pois há a necessidade de sua presença na escola.
A tecnologia já faz parte da educação há séculos, desde o livro impresso, do
uso do lápis e o quadro-negro. Neste sentido, o desenvolvimento da tecnologia
atinge as formas de vida da sociedade e que a escola não pode ficar de fora,
adquirindo uma “função mediadora entre a cultura hegemônica da comunidade
social e as exigências educativas de promoção do pensamento reflexivo” (LITWIN,
2001, p. 131).
A implementação dos equipamentos de informática por si só não contribui
automaticamente para que essa igualdade de oportunidades seja efetivada. São
necessárias condições para que as escolas públicas avancem no sentido de
promover uma educação de qualidade, em que as TICs contribuam com este
desafio. O primeiro passo é a capacitação dos profissionais da educação e,
sobretudo, a formação do professor como condição essencial de contribuição para a
qualidade do processo ensino-aprendizagem, subsidiando metodologias
significativas em sala de aula.
A reflexão a respeito da necessidade da inserção crítica de todos nós na sociedade tecnológica e da responsabilidade da escola e do professor para que este processo se concretize vem demonstrar a preocupação com um tipo de formação que capacite o professor a enfrentar os novos desafios que a dinâmica desta sociedade traz (SAMPAIO; LEITE, 1999, p. 13).
A inserção das novas tecnologias nas escolas é um grande desafio para
mudanças educativas, principalmente pelo uso do computador. A mera presença de
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tecnologias nas escolas e salas de aula não significa, por si mesma, nenhuma
mudança pedagógica, haja vista, experiências ocorridas, em que todos pensavam
que o computador traria mudanças radicais para o ensino.
É necessário um processo dialógico e reflexivo de todos os participantes, para
o uso consciente e crítico desses recursos, visto como meios de aprendizagem e
não como fins pedagógicos.
Nessa perspectiva, este trabalho propõe auxiliar a formação docente dos
professores do Ensino Médio diurno do Colégio Estadual Arnaldo Busato (CEAB), do
município de Coronel Vivida, no Estado do Paraná, no processo de implantação das
tecnologias oferecidas pela Secretaria de Estado da Educação (SEED), visando a
democratização do acesso ao conhecimento, produção e interpretação das
tecnologias, suas linguagens e consequências, sistematizado com o auxílio das
várias tecnologias disponíveis, como o laboratório Paraná Digital e a TV Pendrive.
Esta pesquisa pretende contribuir para que os professores repensem a sua
prática no tocante ao uso das tecnologias, construindo uma práxis pedagógica
articulada e coerente com as exigências da sociedade atual, sendo este professor o
principal ator do processo educativo.
2. FORMAÇÃO DOCENTE
O papel da escola diante desta realidade está mudando, do “quadro e giz”
para os computadores, TV, vídeo, rádio, e outras tecnologias. Nada de novidade,
mas a incorporação das tecnologias referidas ainda é muito restrita, talvez pelo fato
de estarmos incorporados pela prática da lectoescrita3. Em entrevista à revista
Atividades & Experiências, Moran (2005, p. 12) afirma que a apropriação das
tecnologias pelas escolas passa por três etapas:
[...] Na primeira, as tecnologias são utilizadas para melhorar o que já se vinha fazendo (melhorar o desempenho e a gestão, automatizar processos, diminuir custos). Na segunda etapa, a escola insere parcialmente as tecnologias no projeto educacional. [...] desenvolve alguns projetos, há atividades no laboratório de informática, mas mantém intocados estrutura de aulas, disciplinas e horários. Na terceira, que começa atualmente, como o amadurecimento de sua implantação e o avanço da integração das tecnologias, as universidades e escolas repensam seu projeto pedagógico, seu plano estratégico, e introduzem mudanças significativas [...].
3 Habilidades de leitura e escrita (MARTINS, 2003).
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Qual então, seria a função da escola neste momento histórico com o avanço
tecnológico? Para Demo (1991 apud SAMPAIO; LEITE, 2001), a sua função é
preparar cidadãos para o trabalho e para a vida, não ficando à margem do processo
de “tecnologização” da sociedade, correndo o risco de se tornar defasada,
desinteressada, alienada, e de não cumprir suas funções.
Cercados que estamos pelas tecnologias e pelas mudanças que elas acarretam no mundo, precisamos pensar em uma escola que forme cidadãos capazes de lidar com o avanço tecnológico, participando dele e de suas conseqüências. Esta capacidade se forja não só através do conhecimento das tecnologias existentes, mas também, e talvez principalmente, através do contato com elas e da análise crítica de sua utilização e de suas linguagens. Para cumprir esta tarefa, urge a que a escola e seus profissionais se apropriem do conhecimento sobre estas tecnologias [...] (SAMPAIO; LEITE, 2001, p.15).
Há necessidade da formação do professor para a utilização educativa das
tecnologias, um pensar sobre novas formas de ensinar comprometida com a
superação das desigualdades sociais, e seu papel como mediador na construção do
conhecimento do aluno.
Sampaio e Leite (2001, p.75) discutem sobre a “alfabetização tecnológica” do
professor, referindo-se sobre “a capacidade do professor de lidar com as diversas
tecnologias e interpretar sua linguagem, além de distinguir como, quando e por que
são importantes e devem ser usadas”.
A utilização das TICs na sala de aula só serão úteis quando o professor tiver
condições de interpretar, refletir e dominar criticamente a tecnologia. A introdução
das tecnologias na escola não resolverá todos os problemas, mas poderá trazer
melhorias no processo educativo, se bem utilizadas.
Para formar esse indivíduo, o professor é a figura mais importante no processo ensino-aprendizagem. Além de especialista em uma área do conhecimento, o professor precisa ter uma visão de conjunto da sociedade e, também noção de como se desenvolvem os processos mentais vivenciados pelo estudante. Por isso, ter o domínio de técnicas inovadoras e fazer a atualização contínua de conhecimentos deveria fazer parte de sua rotina de trabalho (BETTEGA, 2004, p.14).
Para incorporar as TICs na educação, Sancho e Hernándes (2006, p. 19),
afirmam que a principal dificuldade se encontra “no fato de que a tipologia de ensino
dominante na escola é a centrada no professor”. E,
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[...] de um lado, diferentes organismos internacionais (Unesco, OCDE, Comissão Européia, etc.) advertem sobre a importância de educar os alunos para a Sociedade do Conhecimento, para que possam pensar de forma crítica e autônoma, saibam resolver problemas, comunicar-se com facilidade, reconhecer e respeitar os demais, trabalhar em colaboração e utilizar, intensiva e extensivamente, as TIC. Uma educação orientada a formar este tipo de indivíduos requereria professores, convenientemente formados, com grande autonomia e critério profissional. Mas também escolas com bons equipamentos, currículos atualizados, flexíveis e capazes de se ligar às necessidades dos alunos. [...] (SANCHO; HERNÁNDES, 2006, p.9-10).
O uso das TICs nas instituições de ensino exigem do docente um novo perfil,
novas características, baseado no conhecimento, manuseio e aplicabilidade destas
no processo de ensino-aprendizagem. No artigo “Como utilizar as tecnologias na
escola”, Moran (2000), afirma que se faz necessário “um educador como mediador e
organizador de processos e não como repetidor de informações, que seja capaz de
transformar o espaço escolar, modificar e inovar o processo ensino-aprendizagem”
(p. 2).
Não basta que a escola possua computadores conectados à Internet, TV
Pendrive e esperar que as melhorias aconteçam. É necessário criar condições para
a formação do professor, para que ele se sinta parte deste processo. É ir além da
semana pedagógica, e isso dependerá da vontade do professor, como um
profissional autônomo, que busca sua formação permanente. É um querer dele.
Para isso ele precisa orientar-se em uma teoria que dê suporte a sua prática
pedagógica para o uso das tecnologias. Em relação ao computador, segundo
Almeida (2000), há duas grandes linhas para a informática na educação: A
Abordagem Instrucionista e a Abordagem Construcionista.
Para a Abordagem Instrucionista “a primeira aplicação pedagógica do
computador foi planejada para que fosse usado como uma máquina de ensinar [...] e
empregava o conceito de instrução programada” (ALMEIDA, 2000, p. 24). O aluno
fazia os módulos e respondia as perguntas no final. Do professor era exigido o
mínimo de conhecimento, pois, ele apenas apresentava o software para os alunos
de acordo com o conteúdo previsto.
Na Abordagem Construcionista, que é a aceita por alguns pesquisadores
contemporâneos, o emprego do computador é visto como ferramenta educacional
com a qual o aluno resolve problemas significativos (ALMEIDA, 2000, p.32) e assim
é explicado:
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Nessa abordagem o computador não é o detentor do conhecimento, mas uma ferramenta tutorada pelo aluno e que lhe permite buscar informações em redes de comunicação a distância, navegar entre nós e ligações, de forma não-linear, segundo seu estilo cognitivo e seu interesse momentâneo. Tais informações podem ser integradas pelo aluno em programas aplicativos, e com isso ele tem a chance de elaborar o seu conhecimento para representar a solução de uma situação-problema ou a implantação de um projeto (ALMEIDA, 2000, p. 32).
No quadro 1 há um comparativo entre as duas abordagens,sendo:
Quadro 1: Diferença entre abordagens instrucionista e construcionista
ABORDAGEM INSTRUCIONISTA ABORDAGEM CONSTRUCIONISTA
- Enfatiza a transmissão da informação ao
aluno.
- Computador=máquina que ensina (VALENTE,
1993).
- B. F. Skinner propôs o uso da Instrução
Programada através de computadores
(VALENTE, 1993).
- Professor como instrutor responsável pela
mediação dos alunos com o computador.
- Computador como detentor do conhecimento.
- Não há uma reflexão sobre a possibilidade de
contribuir de modo significativo para a
aprendizagem de novas formas de pensar
(ALMEIDA, 2000).
- Nessa abordagem, o professor utiliza
softwares, portanto, não precisa de muita
preparação e nem fundamentação pedagógica,
pois o software é um produto acabado.
- Geralmente as escolas adquirem programas
educacionais de computação, onde o modo de
transmissão de informações é de programas do
tipo CAI (Instrução Auxiliada por Computador)
ou ICAI (Instrução Inteligente Auxiliada por
Computador).
- Vê o computador como um instrumento
mediador para que o aluno construa o
conhecimento.
- Computador=máquina para ser ensinada
(VALENTE, 1993).
- Jean Piaget elaborou a teoria construtivista que
tem como base a produção do conhecimento.
- Seymour Papert (1994), fundamentando-se na
teoria construtivista, construiu a linguagem
LOGO, tendo como pressuposto as palavras de
Piaget que “entender é inventar” (SANTINELLO,
2006).
- Emprego do computador como ferramenta
educacional com a qual o aluno resolve
problemas significativos (ALMEIDA, 2000).
- Professor como facilitador do processo ensino-
aprendizagem.
- A característica principal do construcionismo é
a noção de concretude como fonte de ideias e de
modelos para a elaboração de construção mental
(ALMEIDA, 2000).
- Nessa abordagem, o aluno constrói seu próprio
conhecimento, de seu interesse, por intermédio
do computador.
Fonte: Autoria/2009
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Pode-se observar que na abordagem construcionista encontra-se as bases
para uma metodologia viável e sólida para o uso do computador pelo professor na
escola.
Utilizar a abordagem construcionista na formação do professor significa propiciar as condições para o professor agir, refletir e depurar o seu conhecimento em todas as fases pelas quais ele deverá passar na implantação do computador na sua prática de sala de aula: conhecer os diferentes tipos de softwares e como eles podem propiciar a aprendizagem, saber como interagir com um aluno, saber como interagir com a classe como um todo e desenvolver um projeto de como integrar o computador a sua disciplina (VALENTE apud SANTINELLO, 2006, p.4).
A integração das TICs na educação pode transformar o processo ensino-
aprendizagem, dando ênfase à construção do conhecimento. Isto requer do
professor uma formação continuada não somente em relação as tecnologias, mas
também nas teorias da educação, como por exemplo, a teoria progressista de Paulo
Freire. Nesta teoria defende-se a educação progressista e emancipadora, o diálogo
entre o conhecimento que o aluno traz e a construção do conhecimento científico.
Freire diz que “utilizar computadores na educação, em lugar de reduzir, pode
expandir a capacidade crítica e criativa de nossos meninos e meninas. Depende de
quem o usa, a favor de que e de quem e para quê” (ALMEIDA, 2000, p. 54).
A teoria de Vygotsky também contribui para que se compreenda a Abordagem
Construcionista, pois ele relaciona a aprendizagem com o desenvolvimento da “zona
proximal de desenvolvimento (ZPD) – a distância entre o nível de desenvolvimento
atual, como determinado pela independência na resolução de problemas e o
desenvolvimento potencial, como determinado pela ajuda de um adulto ou em
colaboração com outras crianças mais capazes” (ALMEIDA, 2000, p.69).
“A ação do professor está sempre impregnada de teorias, mas muitas vezes
ele não tem consciência disso, ou então sua visão teórica é incoerente com a sua
prática” (ALMEIDA, 2000, p. 79).
Sendo assim, todo professor deve basear sua prática em uma teoria, para
melhor poder intervir no processo educativo, e a isso chamamos de práxis
pedagógica. É preciso analisar a sua prática e de outros professores, participar de
encontros para refletir e discutir as diversas teorias, e buscar soluções para os
problemas postos pela educação.
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3. O ESTADO DO PARANÁ FRENTE AS TICs
Desde 1999, no Estado do Paraná, destacam-se as políticas do Programa
Nacional de Formação Continuada em Tecnologia Educacional (PROINFO), o qual
no Decreto no 6300/2007, no Artigo 1º, diz: “O Programa Nacional de Formação
Continuada em Tecnologia Educacional – PROINFO, executado no âmbito do
Ministério da Educação (MEC), promoverá o uso pedagógico das tecnologias da
informação e da comunicação nas redes públicas da educação básica” (PORTAL
DIA-A-DIA EDUCAÇÃO, 2008, p. 3).
No Paraná, o PROINFO já distribuiu 828 laboratórios de informática, em 507
colégios da rede estadual que oferecem ensino profissionalizante. Esses colégios
foram contemplados tanto com o Paraná Digital quanto pelo MEC (PORTAL DIA-A-
DIA EDUCAÇÃO, 2008, p. 1).
3.1. O PROGRAMA PARANÁ DIGITAL
O Decreto nº 1396/2007, do Regulamento da Secretaria de Estado da
Educação, no Título I, da Caracterização e dos objetivos da Secretaria de Estado da
Educação, no Art. 3º, no inciso VII, ressalta que:
Art. 3º. No cumprimento de suas finalidades cabe à Secretaria de Estado da Educação a gestão, do setor da educação básica, inclusive o controle e a avaliação de todas as condições necessárias e suficientes, abrangendo as seguintes atividades: VII. o acesso de educadores e educandos à tecnologia aplicada à melhoria do ensino e da aprendizagem (p. 1- 2).
O Governo do Estado do Paraná, por meio da Secretaria de Estado da
Educação (SEED) vem cumprindo o Decreto acima, quando disponibilizou nas
escolas da rede pública o Programa “Paraná Digital”, o qual difunde o uso
pedagógico das Tecnologias da Informação e Comunicação - TICs, repassando às
escolas computadores ligados a Internet, levando o acesso dessas tecnologias a
professores e alunos. O objetivo é “possibilitar aos professores e alunos da rede
estadual o uso de ferramentas de Internet, editoração, planilhas e diversos
programas de software livre úteis para a educação” (PORTAL DIA-A-DIA
EDUCAÇÃO, 2008, p. 1).
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A preocupação da SEED era inserir o computador na comunidade
educacional, onde o “professor tivesse um melhor aproveitamento, com o preparo de
sua aula, como o aluno iria agregar mais conhecimento usando a ferramenta
computador” (PORTAL DIA-A-DIA EDUCAÇÃO, 2008, p. 1). Para tanto, o Sistema
Operacional (SO) utilizado foi o Linux Debian, que utiliza software livre, como o
editor de textos, planilhas de apresentação e navegadores.
Um Sistema Operacional (SO), em linguagem simples, é quem coloca o
computador funcionando realmente. Os usuários não têm acesso direto à máquina,
pois quem faz esse papel gerenciador é o SO.
É mais fácil definir Sistemas Operacionais pelo que eles fazem do que pelo que eles são. Entre as tarefas realizadas por um SO podemos citar: - controle dos vários dispositivos eletrônicos ligado ao computador, tais como discos, impressoras, memória, entre outros; - compartilhamento do uso desses dispositivos entre vários usuários ou programas, tais como arquivos ou impressoras em uma rede; - controle da segurança no acesso aos recursos do sistema (PORTAL DIA-A-DIA EDUCAÇÃO, 2008, p. 1).
Esse sistema foi criado em 1991, por Linus Torvalds, um estudante da
Universidade de Helsinki, na Finlândia. O Linux é um kernel (núcleo, corpo principal)
de sistema operacional de livre distribuição e gratuito. O kernel é a parte do SO
responsável pelos serviços básicos e essenciais aos aplicativos e ferramentas de
sistema. Qualquer pessoa pode usar o Linux e alterar o funcionamento do sistema,
pois ele é um sistema aberto, de livre distribuição.
Ele (Torvalds) disponibilizou o código-fonte ao público, gratuitamente, sob um conceito conhecido por softwares de fonte aberto. Os usuários podem baixar o Linux gratuitamente, fazer qualquer alteração que desejarem e distribuir cópias de graça (CAPRON; JOHNSON, 2004, p. 74).
Em relação à conectividade com a Internet, a SEED fez um convênio com a
Copel Telecom, a qual ficou responsável em “estender o anel de fibras ópticas para
2060 escolas da rede estadual de ensino e também aos 32 Núcleos Regionais de
Educação, além das unidades de apoio da SEED, totalizando 2100 pontos de
acesso a Internet” (PORTAL DIA-A-DIA EDUCAÇÃO, 2008, p. 2).
O laboratório do Paraná Digital é composto por uma tecnologia denominada
de Multi-terminal, desenvolvida por pesquisadores e colaboradores do Centro de
Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná
10
(UFPR). Nela funcionam quatro monitores, teclados e mouse ligados em um único
computador, a uma Unidade Central de Processamento (CPU), funcionando como
se fossem quatro computadores independentes, sendo que esta CPU está ligada ao
servidor.
O ambiente para o usuário do Projeto Paraná Digital “apóia-se em duas
premissas básicas: a adoção da filosofia de software livre e a utilização de interfaces
gráficas” (PORTAL DIA-A-DIA EDUCAÇÃO, 2008, p 4-5).
3.2. O USO PEDAGÓGICO DA TV PENDRIVE
O Governo do Estado do Paraná, por meio da Coordenação de Apoio ao Uso
de Tecnologias, busca a formação continuada dos professores pelos 32 Núcleos
Regionais Educacionais do Paraná. Essa equipe pretende, na formação docente
contínua, contemplar a inclusão sociodigital, e tem como objetivos:
- Contribuir para formação continuada dos profissionais da Educação Básica e na implementação de tecnologias na prática pedagógica em âmbito escolar. - Oportunizar nas ações de assessoria as relações de comunicação entre educadores em torno do objeto cognoscível – tecnologia na educação, buscando a apropriação do uso de recursos tecnológicos em sala de aula técnica e pedagogicamente. - Buscar o desenvolvimento da cultura de uso e produção colaborativa em comunidades de aprendizagem virtuais e/ou presenciais. - Ter na integração das mídias web, televisiva e impressa, bem como, na relação de “novos” e “antigos” recursos tecnológicos, suporte à prática docente (PORTAL DIA-A-DIA EDUCAÇÃO, 2008, p. 1).
Com esse propósito a Secretaria de Estado da Educação (SEDD) criou o
Projeto TV Pendrive, o qual disponibiliza em cada sala de aula das escolas
paranaenses uma TV 29’ polegadas com entrada para VHS, DVD, cartão de
memória, pendrive e saídas para caixas de som e projetor de multimídia. Um
diferencial dessa TV é a sua cor laranja, que para maior segurança se diferencia dos
televisores comuns e a identifica como patrimônio da SEED, possuindo também
controles remotos e um rack para acoplar a TV.
Além disso, cada professor da rede estadual de ensino ganhou um pendrive
de 2 Gigabyte (Gb) para serem utilizados na preparação das aulas. O pendrive pode
armazenar imagens, áudios, vídeos e animações para utilizar em sala de aula,
11
auxiliando o processo ensino-aprendizagem. Ele é ajustado à TV Pendrive, pois a
mesma contém entrada USB e conexão universal4.
Os televisores têm também entrada para cartão de memória e, portanto, os
professores poderão utilizar imagens de máquinas fotográficas e filmadoras digitais.
O Portal Dia-a-dia Educação disponibiliza áudios e vídeos produzidos pela TV
Paulo Freire e objetos de aprendizagem (animações, imagens, ilustrações, etc.)
desenvolvidos pelo multimeios, acervos de domínio público e acervos digitais
adquiridos pela SEED <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br>.
Para o Portal Dia-a-dia Educação, a TV Pendrive é muito fácil de ser utilizada,
pois:
Por meio dela, você poderá levar para sala objetos de aprendizagem produzidos em outras mídias como: computador, filmadoras, máquinas fotográficas, computadores e em diversas plataformas. Considerando as mais variadas tecnologias presentes na escola, essa será especialmente relevante, pois o ambiente de apoio à aprendizagem se expande para além dos microcomputadores, DVD-players, projetos multimídias, retroprojetores, etc. (PORTAL DIA-A-DIA EDUCAÇÃO - COORDENAÇÃO DE APOIO AO USO DE TECNOLOGIAS – AUTEC, Apostila TV Pendrive, 2008, p. 7).
Os Objetos de Aprendizagem “são recursos tecnológicos que surgiram como
forma de organizar e estruturar materiais educacionais digitais” (PORTAL DIA-A-DIA
EDUCAÇÃO, 2008, p. 01). Referem-se a materiais ou recursos que são utilizados no
contexto educacional.
No site já mencionado do Portal Dia-a-dia Educação, esses objetos
destacam-se também pela:
- acessibilidade: possibilidade de acessar recursos educacionais em um local remoto e usá-los em muitos outros locais; - interoperabilidade: utilizar componentes desenvolvidos em um local com algum conjunto de ferramentas ou plataformas, e em outros locais, com outras ferramentas e plataformas; - durabilidade: usar recursos educacionais quando a base tecnológica muda, sem reprojeto ou recodificação (TAROUCO, 2003, p.2).
A TV Pendrive é uma tecnologia que vem oferecer ao professor um
importante recurso para a preparação de suas aulas. O professor pode utilizar o seu
pendrive ou cartão de memória de uma máquina fotográfica para apresentar aos
4 Conexão por meio da internet.
12
alunos slides. Também pode exibir sons, imagens, áudios e animações, que com
certeza vão enriquecer ainda mais suas aulas.
No artigo O vídeo na sala de aula, Moran (1995, p.5-7), afirma que “as
linguagens da TV e do vídeo respondem à sensibilidade dos jovens [...]. O jovem lê
o que pode visualizar, precisa ver para compreender. Toda a sua fala é mais
sensorial-visual do que racional e abstrata”. Neste mesmo artigo, o pesquisador já
mencionado propõe maneiras na utilização do vídeo, que podem ser adaptadas
também à TV Pendrive. São elas:
- Vídeo como sensibilização: [...]. Um bom vídeo é interessantíssimo para introduzir um novo assunto, para despertar a curiosidade, a motivação para novos temas. Isso facilitará o desejo de pesquisa nos alunos para aprofundar o assunto do vídeo e da matéria. - Vídeo como ilustração: o vídeo muitas vezes ajuda a mostrar o que se fala em aula, a compor cenários desconhecidos dos alunos. [...]. Um vídeo traz para a sala de aula realidades distantes dos alunos, como por exemplo a Amazônia ou a África. A vida se aproxima da escola através do vídeo. - Vídeo como simulação: é uma ilustração mais sofisticada. O vídeo pode simular experiências de química que seriam perigosas em laboratório ou que exigiriam muito tempo e recursos. [...]. - Vídeo como conteúdo de ensino: vídeo que mostra determinado assunto, de forma direta ou indireta. De forma direta, quando informa sobre um tema específico orientando a sua interpretação. De forma indireta, quando mostra um tema, permitindo abordagens múltiplas, interdisciplinares. - Vídeo como produção: como documentação, registro de eventos, de aulas, de estudos do meio, de experiências, de entrevistas, depoimentos [...]; como intervenção, modificando um determinado programa, um material audiovisual, acrescentando uma nova trilha sonora ou editando o material de forma compacta ou introduzindo novas cenas com novos significados [...]; como expressão, como nova forma de comunicação, adaptada à sensibilidade principalmente das crianças e jovens. As crianças adoram fazer vídeo e a escola precisa incentivar o máximo possível a produção de pesquisas em vídeo pelos alunos. [...]. - Vídeo como avaliação: dos alunos, do professor, do processo. - Vídeo espelho: vejo-me na tela para poder compreender-me, para descobrir meu corpo, meus gestos, meus cacoetes. [...] O vídeo-espelho é de grande utilidade para o professor se ver, examinar sua comunicação com os alunos, suas qualidades e defeitos. - Vídeo como integração/suporte: de outras mídias [...] e interagindo com outras mídias. [...] (p. 5-7).
Todo esse esforço em equipar as escolas com computadores, TV Pendrive, e
outras tecnologias, de nada adiantará se o professor não integrar estes recursos em
aulas significativas que levem à aprendizagem do aluno. Assim,
frente a esta situação, as instituições educacionais enfrentam o desafio não apenas de incorporar as novas tecnologias da informação como conteúdos do ensino, mas também reconhecer e partir das concepções que as crianças e os adolescentes têm sobre essas tecnologias para elaborar,
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desenvolver e avaliar práticas pedagógicas que promovam o desenvolvimento de uma disposição reflexiva sobre os conhecimentos e os usos tecnológicos (LIGUORI, 2001 apud LITWIN, 2001, p. 85).
Acima de tudo, o professor deve considerar, segundo Saviani (1986), que os
conteúdos de aprendizagem a serem ensinados devem abranger os conceitos
científicos da cultura erudita e os conteúdos da prática social do aluno, em uma
perspectiva histórico-crítica.
4. DESENVOLVENDO O PROJETO: ARTICULANDO SABERES
O Projeto desenvolvido com dez professores do Ensino Médio do Colégio
Estadual Arnaldo Busato, apresenta a experiência de aplicabilidade de oficinas para
o uso das tecnologias da informação e comunicação na formação docente, que
ocorreram em cinco etapas do dia 01 a 29 de maio de 2009.
O material didático utilizado foi um Caderno Pedagógico, apresentado em III
Unidades, contendo vídeo, textos de apoio, sugestões de atividades e aplicabilidade
prática.
A metodologia proposta foi um material de apoio, intitulado “Passo-a-passo”,
que significa a visualização dos ambientes percorridos, bem como o
desenvolvimento de atividades.
As oficinas foram trabalhadas no Laboratório de Informática do referido
Colégio, equipado com o Programa Paraná Digital no sistema Linux, em que os
professores participantes puderam acompanhar e desenvolver as atividades. As
oficinas apresentadas desenvolveram-se em III Unidades, realizadas em cinco
etapas, a seguir:
4.1. UNIDADE 1: A FORMAÇÃO DOCENTE
A Unidade I teve como objetivos compreender o significado de “alfabetização
tecnológica” e suas implicações para o processo ensino-aprendizagem, bem como,
conhecer as duas abordagens na utilização do computador nas escolas: a
Abordagem Instrucionista e a Abordagem Construcionista.
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Assim, foi apresentado aos professores um vídeo intitulado “Metodologia X
Tecnologia”5, o qual descreve um método de ensino tradicional ao ensinar a
tabuada, e que mesmo com a introdução da tecnologia o método continuou o
mesmo.
Foi estudado também o texto “Professor, por que alfabetização tecnológica”
(SAMPAIO; LEITE, 2001), apresentando o conceito de “alfabetização tecnológica do
professor”, procurando encontrar alternativas para o uso das tecnologias na escola
de maneira crítica, reflexiva, contribuindo com o processo de ensino-aprendizagem.
4.2. UNIDADE 2: O LABORATÓRIO DO PROGRAMA PARANÁ DIGITAL
A oficina II foi apresentada aos professores o Programa Paraná Digital e os
seus aplicativos, visualizando os ambientes e desenvolvendo atividades práticas,
tais como:
− o Ambiente Paraná Digital;
− pesquisando figuras na Web;
− criando apresentações no BrOffice Impress;
− baixar e/ou converter vídeos educativos;
− utilizando o BrOffice Calc para criar cruzadinhas e caça-palavras.
Essa oficina foi bem prática, pois os professores desenvolveram as atividades
apresentadas no Caderno Pedagógico, intitulado “Passo-a-passo”, o qual significa a
visualização dos ambientes percorridos nos programas trabalhados.
4.3. UNIDADE 3: A TV PENDRIVE
Essa oficina fez com que os professores buscassem na TV Pendrive recursos
metodológicos como suporte à prática docente. Apresentou, também, as
especificações e características técnicas da TV como as entradas (cartão de
memória, máquinas fotográficas, filmadoras e pendrive). Explicou os formatos de
5 <http://br.youtube.com/results?search_query=metodologia+e+tecnologia&search_type=&aq=o>.
15
arquivo suportados pelo televisor (vídeo, áudio e imagem), e também a montagem e
desmontagem do pendrive no Laboratório Paraná Digital.
5. ANÁLISE E CONTEXTUALIZAÇÃO DOS DADOS: FORMAÇÃO DE
PROFESSORES PARA AS TICs - alguns resultados refletidos
5.1 ENTREVISTA COM PROFESSORES PARA A AVALIAÇÃO DO PROCESSO
Antes da realização das oficinas foi entregue para dez docentes uma
entrevista para avaliar a formação continuada que os mesmo obtiveram em relação
ao Programa Paraná Digital e o uso da TV Pendrive. A entrevista continha questões
de respostas abertas e semi-abertas. Os entrevistados são referidos como P1; P2;
P...n.
A primeira referiu-se a situação profissional e constatou-se que todos os
participantes são do Quadro Próprio do Magistério e sua experiência ultrapassava
10 anos de docência, conforme Gráfico 1, a seguir:
100%
0% 0%
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
Per
cent
uais
de
Inci
dênc
ia
1
Quadro Próprio do Magistério (QPM). Professor PSS Outro vínculo
Gráfico 1: Incidência quanto à situação profissional do professor Fonte: Entrevista com participantes do projeto, 2009.
No segundo questionamento, referente ao uso do computador na
preparação das aulas, são mostradas as incidências quanto ao uso da internet
pelos professores na web no Gráfico 2.
16
0%26%
31%17%
26%
Não uso o computador para preparar as minhas aulasElaboração de textos, provasPesquisa na Internet de assuntos da minha disciplinaApresentação de audiovisuais (PowerPoint, etc.).Outra situação
Gráfico 2: Uso do computador pelos professores Fonte: Entrevista com participantes do projeto, 2009.
Verifica-se que a maioria das respostas destinou-se a pesquisa via internet de
assuntos referentes à disciplina do professor com aproximadamente 31%;
elaboração de textos e provas, com 26%; e, apresentação de audiovisuais, com 17%
de respostas. Os participantes também declararam que utilizam o computador para
“Apresentação de trabalhos realizados pelos alunos” (P7); “Produção de
transparências” (P9); “Cursos ofertados pela SEED como o Grupo de Trabalho em
Rede – GTR.” (P2).
Praticamente todos os participantes (80%) confirmaram a realização de
capacitação ofertada pela Coordenação Regional de Tecnologia da Educação –
CRTE, quanto ao uso do Laboratório Paraná Digital e TV Pendrive, conforme pode
ser visto no Gráfico 3:
80%
20%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Per
cent
uais
de
Inci
dênc
ia
Sim Não
Gráfico 3: Professores que realizaram capacitação quanto ao uso do Laboratório Paraná Digital e
Pendrive Fonte: Entrevista com participantes do projeto, 2009.
17
Entrevistados sobre a capacitação ofertada pelo CRTE, sendo suficiente
para o conhecimento quanto às novas tecnologias disponíveis na escola, 90% afirma
que não foi suficiente, argumentando que: “Foi pouco tempo” (P2); “Não houve uma
apreensão do conhecimento necessário para a utilização do computador do PR.
Digital” (P5); “Horário inadequado” (P10); “Foi insuficiente no sentido do curto
espaço de tempo para muita informação” (P3); “Pouco tempo de capacitação” (P4);
“Faltou pessoal para repassar a capacitação, poucos computadores para muitos
professores utilizarem no mesmo horário” (P1).
Os dados coletados são mostrados no Gráfico 4, a seguir.
10%
90%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
Per
cent
ual d
e In
cidê
ncia
Sim Não
Gráfico 4: Suficiência da capacitação ofertada pelo CRTE Fonte: Entrevista com participantes do projeto, 2009.
Quando entrevistados se desejavam receber mais capacitação para a
efetivação no uso das tecnologias, 100% dos professores responderam que sim.
Os dados coletados são mostrados no Gráfico 5, a seguir:
18
100%
0%
0%
10%
20%
30%40%
50%
60%
70%
80%
90%100%
Per
cent
uais
de
Inci
dênc
ia
Sim Não
Gráfico 5: Incidência quanto a receber mais capacitação para a efetivação no uso de tecnologias Fonte: Entrevista com participantes do projeto, 2009.
Sugeriram que se oportunizasse mais capacitação: “Com certeza. Para
agilizar o processo de construção de apresentações no PowerPoint; melhorar a
habilidade com o uso das tecnologias e trabalhar com vídeos (montar)” (P9); “Com
certeza as capacitações se fazem necessárias para efetivarmos com segurança o
uso das tecnologias no nosso dia-a-dia escolar” (P7); “Com certeza as capacitações
se fazem necessárias para efetivarmos com segurança o uso das tecnologias no
nosso dia-a-dia” (P3).
Em relação a TV Pendrive, quando os participantes foram entrevistados
sobre suas expectativas, todos foram unânimes que o seu uso irá contribuir
significativamente na melhoria do ensino-aprendizagem. Os argumentos foram os
seguintes: “Aulas expositivas atraem mais a atenção do aluno e melhora o
desenvolvimento da aula” (P4); “Facilitar e aprimorar minhas aulas e torná-las
agradáveis” (P6); “Ela vem a ser mais um recurso metodológico, pois muitos alunos
gravam vendo. E esta traz essa possibilidade” (P7); “Atender as necessidades
básicas para os conteúdos; Conectar o vídeo, utilizar a TV Pendrive” (P9); “As
tecnologias possibilitam o acesso aos mais variados conteúdos, de formas também
variadas o que possibilita uma apresentação mais rica do conteúdo pelo professor”
(P3). No Gráfico 6 são mostrados os resultados dessa questão.
19
100%
0%
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%P
erce
ntua
is d
e In
cidê
ncia
São positivas, pois essatecnologia irá contribuir com a
aprendizagem dos alunos
Não percebo em que poderáauxiliar a sua utilização
Gráfico 6: Incidência quanto às expectativas dos professores com relação à TV Pendrive Fonte: Entrevista com participantes do projeto, 2009.
Finalmente, quando entrevistados em relação ao obstáculo mais difícil de
ultrapassar em relação a integração das TICs no ensino e aprendizagem, 50%
responderam que faltam recursos humanos específicos para o apoio do professor
face às suas dúvidas de informática; 19% acham que falta mais informação
específica para a integração das TICs junto aos alunos; 25% sentem falta de
motivação dos professores. Os índices são mostrados no Gráfico 7.
50%
19%
25%
6%
Falta de recursos humanos específ icos para apoio do professor face às suas dúvidas deinformáticaFalta de mais formação específ ica para a integração das TICs junto aos alunos
Falta de motivação dos professores
Gráfico 7: Incidência quanto às expectativas dos professores com relação à TV Pendrive Fonte: Entrevista com participantes do projeto, 2009.
Na alternativa “Outros”, o professor P9 respondeu que: “Muitas vezes não
utilizo vídeos educativos na TV Pendrive nas aulas por não ter quem auxilie, pois a
20
turma se dispersa e há perda de tempo. Falta na escola um auxiliar no trabalho com
as TICs” (P9).
5.2 AVALIAÇÃO DAS OFICINAS
Após a implementação do projeto na escola por meio do Caderno
Pedagógico, foi aplicado aos professores participantes uma avaliação das oficinas.
A primeira questão perguntava ao professor se o curso atingiu seus
objetivos, os quais 100% responderam que sim, justificando que: “[...] pois eu
precisava aprender a utilizar a TV Pendrive” (P1); “[...] pois pude aperfeiçoar meus
conhecimentos em relação as TICs” (P6);”Foi muito produtivo, pois aprendi e quando
aluno aprende, pode-se dizer que a professora atingiu seus objetivos” (P3); Atendeu
plenamente, pois além da prática, foi fornecido material para estudo” (P4). Os dados
são mostrados no Gráfico 8:
100%
0%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Per
cent
uais
de
Inci
dênc
ia
Sim Não
Gráfico 8: Incidência quanto ao atendimento dos objetivos do curso Fonte: Entrevista com participantes do projeto, 2009.
Questionados quanto à abordagem prática, se a mesma foi suficiente, 90%
responderam que sim; as incidências de respostas a essa questão são mostradas
no Gráfico 9.
21
90%
10%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
Per
cent
uais
de
Inci
dênc
ia
Sim Não
Gráfico 9: Suficiência da abordagem prática do curso Fonte: Entrevista com participantes do projeto, 2009.
Foi complementado quanto à abordagem prática que: “Foi suficiente em
partes, pois quanto mais estudarmos, mais percebemos que é infinita as opções do
uso das tecnologias” (P2).
Em relação ao material didático utilizando (Caderno Pedagógico), 100%
dos professores ficaram satisfeitos, pois: “O material explica passo-a-passo para o
professor e nós precisamos disso, uma vez que alguns ou muitos de nós não somos
a geração acostumada com as tecnologias” (P1); “Com certeza, pois estava
detalhado no Caderno Pedagógico, e mais o CD que foi entregue” (P2); “As
apostilas com descrição detalhada para a realização prática, contribuíram para o
trabalho posterior possível de ser realizado” (P4). O percentual de confirmação é
mostrado no Gráfico 10.
22
100%
0%
0%10%
20%30%40%50%
60%70%80%
90%100%
Per
cent
uais
de
ncid
ênci
a
Sim Não
Gráfico 10: Satisfação quanto ao material didático utilizado Fonte: Entrevista com participantes do projeto, 2009.
Em relação ao aproveitamento das oficinas, todos foram unânimes em
responder que foi muito satisfatório, justificando que: “Pude preparar e aprender a
elaborar aulas e a manusear a tecnologia do computador e da TV Pendrive” (P1);
“Quando se fala em trabalhar com a mídia, computador, internet, o tempo voa, mas
a professora soube organizar bem as atividades, satisfazendo todas as nossas
necessidades de aprendizagem” (P3); ”Gostei muito, foi dinâmico, prazeroso e de
grande importância para a produção de material na montagem das aulas” (P4).
Os percentuais de confirmação constam no Gráfico 11, a seguir:
100%
0%
0%10%
20%30%40%50%
60%70%80%
90%100%
Per
cent
uais
de
ncid
ênci
a
Sim Não
Gráfico 11: Percentual de aproveitamento das oficinas pelos professores Fonte: Entrevista com participantes do projeto, 2009.
23
Quanto à aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos durante as
oficinas, os professores responderam que: “Sim, é um recurso essencial para as
minhas aulas e precisamos inserir a escola nos meios tecnológicos” (P1); “Sem
dúvida, hoje mais do que nunca se faz necessário aplicar essas técnicas para uma
melhor dinâmica em sala envolvendo mais os alunos” (P2); “Esse curso veio
solidificar a necessidade de se utilizar as tecnologias como mais um recurso para a
melhoria do processo ensino-aprendizagem” (P7).
Finalmente, os professores participantes apontaram pontos positivos e
negativos das oficinas. Pontos positivos:
− o conhecimento apreendido;
− a possibilidade de melhora nas aulas com o uso das TICs;
− a disponibilidade da Professora PDE em ofertar aos professores as
oficinas;
− melhoria do ensino-aprendizagem utilizando as TICs.
Quanto aos pontos negativos:
− o projeto deveria ser oferecido a todos os professores, pois muitos
encontram dificuldades no uso das TICs;
− deveria ser um trabalho contínuo.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse trabalho contribuiu para que os professores refletissem sobre o uso
pedagógico das TICs no processo de ensino-aprendizagem, haja vista as políticas
públicas do Estado do Paraná frente as tecnologias oferecidas nas escolas, como o
Laboratório Paraná Digital e seus aplicativos, bem como a TV Pendrive.
O Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE oportuniza ao professor
uma formação continuada sólida, contribuindo com seus pares através do Grupo de
Trabalho em Rede – GTR, além da Implementação do Material Didático-Pedagógico
na escola.
24
Ao ministrar o curso, em conversas informais, foram constatados alguns
problemas na implementação de novas perspectivas de ensino e aprendizagem
incorporando as TICs, referindo-se à própria organização da escola:
− restrições no uso do Laboratório de Informática;
− aulas de 50 minutos, consideradas insuficientes para uma apresentação
de qualidade do assunto apresentado pelo professor;
− números de alunos em sala de aula (40 alunos, no mínimo);
− falta de motivação dos professores;
− a tecnofobia6 apresentada por alguns professores;
− possibilidade de formação permanente do professor.
Sabe-se que o processo é longo e que é necessário que os professores
estejam em constante processo de aprendizagem, e que os incômodos previstos
hoje, não sejam tropeços para o avanço da tecnologia no processo ensino-
aprendizagem.
Como Pedagoga da escola, percebo que há muito que fazer para a
apropriação das tecnologias pelos professores, pois a urgência se deve não apenas
no sentido de preparar os indivíduos para usá-las, mas principalmente, para
prepará-los como leitores críticos e escritores conscientes das mídias que servem de
suporte a essas tecnologias. Nesse sentido o professor deve ter o papel de
mediador no processo de ensino e aprendizagem, criando novos ambientes de
aprendizagens. E a Equipe Pedagógica precisa essa atenta a esta necessidade,
oportunizando momentos para a elaboração de planos de aula que contemplem o
uso das TICs, levando o professor a perceber que há diferentes estilos de
aprendizagem e que podem se expressar usando a tecnologia, em especial, a mídia.
Como diz Gadotti, “o professor deixará de ser um lecionador para ser um
organizador do conhecimento e da aprendizagem (...) um mediador do
conhecimento, um aprendiz permanente, um construtor de sentidos, um cooperador,
e sobretudo, um organizador de aprendizagem” (2002, p. 32).
Ressalta-se portanto, que a formação docente deve ser uma política pública
permanente, pois são muitas as possibilidades no uso pedagógico das TICs, além
da complexidade que é a utilização do computador no processo ensino e 6 Sintomas de ansiedade e inferioridade perante o grupo social quando da necessidade de se utilizar alta tecnologia (VEIGA NETO, 1998).
25
aprendizagem, como uma ferramenta pedagógica, a qual deve ser utilizada
efetivamente na melhoria do ensino.
7. REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Maria Elizabeth de. Informática e formação de professores. Brasília: MEC, 2000 (vol. 1 e 2).
ALONSO, Myrtes, et al. Formação de gestores para utilização de tecnologias de informação e comunicação. São Paulo: Takano, 2002.
BETTEGA, Maria Helena. Educação continuada na era digital. São Paulo: Cortez, 2004.
CAPRON, Harriet L.; JOHNSON, J. A. Introdução à informática. 8. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2004.
DEMO, Pedro. Formação permanente e tecnologias educacionais. Rio de Janeiro: Vozes, 2006.
FERNANDES, Antônio Luiz (et al). Introdução à tecnologia da informação. Rio de Janeiro: Ed. Senac Nacional, 1998.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 31. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
GADOTTI, Moacir. A boniteza de um sonho: aprender e ensinar com sentido. abceducatio. ano III, n. 17, p. 30-33, 2002.
LITWIN, Edith. (Org.). Tecnologia Educacional: políticas, histórias e propostas. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.
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MORAN, José Manuel. As múltiplas formas do aprender. Atividades & Experiências, São Paulo, jul. 2005. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/prof/moran/positivo.pdf>. Acesso em: 03 jul. 2008.
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26
OROFINO, Maria Isabel. Mídias e mediação escolar: pedagogia dos meios, participação e visibilidade. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2005.
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27
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VIGOTSKI, Lev Semenovich. A formação social da mente. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
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