O profissional da informação na sociedade O profissional da informação na sociedade do conhecimento: mediadores e do conhecimento: mediadores e
interagentes?interagentes?
Regina Celia Baptista [email protected]
Estamos em plena era digital...
A mensagem é a mensagem.... (CASTELLS, 1997)A mensagem é a mensagem.... (CASTELLS, 1997)
• Redes digitais de comunicação, interligam o mundo e as pessoas e possibilitam o acesso simultâneo a diversas mensagens individualizadas, utilizando diferentes meios – a interatividade potencializa a
audiência.
• As práticas atuais de gestão vão ao encontro da multidisciplinaridade, da flexibilidade, da velocid ade, da
precisão e da pontualidade da informação.
• Estamos em um “novo paradigma digital” fundamentado em uma “cultura digital”, termos
emergentes que vêm sendo apropriados por diferentes setores e que incorpora perspectivas diversas sobre o impacto das TIC e da conexão em rede na sociedade.
Informação na sociedade da informaçãoInformação na sociedade da informação• O fluxo de informação, presente na
sociedade da informação, advém, em grande parte,da emergência e da centralidade das
tecnologias de informação e comunicação –TIC - no processo de produção e
desenvolvimento.
• As práticas sociais e culturais sofreram mudanças em decorrência desse processo, fazendo surgir, portanto, novas exigências e
desafios para a sociedade.
• Tal realidade coloca em discussão as novas relações sociais e as experiências virtuais emergentes, fazendo com que a sociedade
busque realizar uma prática interdisciplinar, capaz de ampliar o escopo de atuação.
• Conseguimos identificar exigências e apontar problemas, porém, o trabalho de
construção das soluções ideais ainda está por ser executado.
Economia do conhecimento
• Vivemos em uma economia onde a única certeza é a incerteza, sendo
o conhecimento a única fonte mais confiável para a
competitividade.
• O conhecimento não deve ser interpretado como uma questão
apenas de processamento da informação nas organizações.
• Depende de insights, intuições e de ideais tácitos e da
subjetividade das pessoas, onde o elemento crítico é o
comprometimento pessoal e o senso de identidade com a sociedade contemporânea.
Papel estratégico da informação...Papel estratégico da informação...
• A informação tem um papel estratégico que não ocorre pela informação em si
mesma e sim pelo seu conteúdo estratégico.
• O conteúdo estratégico não se manifesta espontaneamente porque é apenas o
objeto de um processo.
• A informação enquanto processo exige a mediação e da interação humanas, pressupondo recursos intelectuais (memória, imaginação, percepção e raciocínio) organizados em torno de
metodologias que objetivam a identificação dos conteúdos estratégicos.
Uma perspectiva diferente...Uma perspectiva diferente...
• Migramos da função de “carregar informações em quantidade” para a
“necessidade de técnicas de comunicação para filtrar, navegar no saber e pensar juntos, em lugar de
carregar consigo grandes massas de informação” (LÉVY, 1999).
• O que importa é que as informações transitem, cresçam e aperfeiçoem-se
na interconexão humana e sejam colocadas à disposição no momento certo, às pessoas certas, na medida
adequada para ajudá-las na compreensão da realidade e na
solução de questões específicas.
Concepções da informação
RECURSO
MERCADORIA
PERCEPÇÃO DEPADRÕES
FORÇA SOCIAL
CriadoresProcessadores
Usuários Cadeia deProdução
ValorEconômico
RecebeEfeitos
e Impactos
Poder eContexto
Produz Efeitose
Impactos
Fluxo e
Uso
Informação e conhecimentoInformação e conhecimento
INFORMAÇÃO CONHECIMENTO
Conjunto de dados que se transformam em
conhecimento por meio da individualidade do
sujeito histórico ativo e pode ser compartilhado
coletivamente
Referências a atividades cognitivas posteriores do
sujeito histórico ativo individualmente, sendo restrito a ele e diferente
para cada indivíduo.
Produtor situa-se em umcontexto histórico-social e éafetado por diversos fatores
e os afeta também
Produto éprocessado
e disseminado coletivamente
Produto éIndividual e
único.
A gestão da informação na era digital: um espectro. ..A gestão da informação na era digital: um espectro. ..
“A informação precisa ser considerada como sendo estruturas significantes com a
competência de gerar conhecimento no indivíduo, em seu grupo, ou na sociedade [...]
Fica estabelecida uma relação entre a informação e o conhecimento que só se realiza se a
informação é percebida e aceita como tal, colocando o indivíduo em um estágio melhor”.
(BARRETO, 2006).
Algumas tendências...
Existência de uma arquitetura de informaçãoarquitetura de informação que tenha novas linguagens e categorizações para
identificar e obter perfís e competências.
Oferta de uma arquitetura tecnológicaarquitetura tecnológica mais social, aberta, flexível e que atenda às necessidades
individuais e coletivas.
Criação de uma arquitetura de aplicaçõesarquitetura de aplicações orientada para a solução de problemas
e a representação do conhecimento.
Eis o nosso tempo...
E a atuação dos bibliotecários...
• Desempenho de atividades em unidades de informação, desde as
denominadas bibliotecas, centros de documentação / informação, redes de bibliotecas, sistemas de informação e
bases de dados, até as bibliotecas digitais e virtuais, entre outras, bem como no gerenciamento de meios
eletrônicos de comunicação: correio eletrônico (“e-mail”), listas de
discussão, salas virtuais (”chats”), “newsgroups”, blogs, facebook, twitter , teleconferências e outros
recursos.
Bibliotecários passam a serBibliotecários passam a ser
mediadores e interagentesmediadores e interagentes
nesse cenário.nesse cenário.
Mediadores e interagentes?Mediadores e interagentes?
• Assumir o papel de mediador e interagente na sociedade da informação significa :
• Investir na criação de competências suficientemente amplas que lhes permitam aplicar criativamente as novas mídias, seja em usos simples e rotineiros, sejam em aplicações mais sofisticadas.
• Trata-se também de “aprender a aprender”, de modo a serem capazes de lidar positivamente com a contínua e acelerada transformação da base tecnológica, acessar a informação de forma inteligente e contribuir com a construção do conhecimento.
Mediação nas bibliotecas: primórdios...Mediação nas bibliotecas: primórdios...
• Paul Otlet (1934) já indicava que a função do bibli otecário era “organizar e administrar uma biblioteca”, sendo ele uma mistura de educador, de trabalhador intelectual e manual, d e gestor e de organizador.
• Seu objetivo central deveria ser de “dar a conhecer as possibilidades do livro” mediante motivação:
•• Intelectual Intelectual – considerando-se que o livro e a biblioteca pertence m ao mundo da ciência, da estética, da moral e do esp iritual.
•• TécnicaTécnica – conseguir que qualquer operação ocorra com os melhores procedimentos, os melhores materiais, os m elhores
instrumentos e as melhores pessoas.•• SocialSocial – demonstrar preocupação em ser útil ao maior número de
pessoas e trabalhar sempre para o progresso da soci edade.
• Ser um “servidor dos servidores da ciência”, atuand o namediação do movimento universalmediação do movimento universal em prol das bibliotecas para o
alcance do progresso geral da humanidade, por assum ir sua missão de “assistência ao leitor e ao pesquisador”.
Mediação: um processo...
• A mediação é considerada como um processo de interl ocução ou interação entre os membros de uma comunidade, pe lo qual se estabelecem laços de sociabilidade.
• A linguagem e a ação comum são os fatores privilegi ados de mediação em informação.
• Apresenta uma tipologia própria:
InstitucionalCorresponde às instituições
culturais como as bibliotecas, sendo exercida por
bibliotecários e partilhada com outros profissionais.
Distribuída ou Partilhada
Ocorre em serviços em mídia digital que
pertencem a entidades coletivas ou indivíduos em que os mediadores localizam, selecionam
e disponibilizam conteúdos interativos.
CumulativaNovas soluções e produtos
que se inovam e expandem com as TIC traz consigo a figura dousuário-produtor e isso requermediação de um interagente
idêntico ou similar.
Desagregação e colaboração: um novo espectro
• Redução de conteúdo e instituições para unidades
pequenas de uso e interação.
• Usuários desejam o acesso a micro-conteúdos.
• Ferramentas de comunicação síncrona, blogs, software open source são utilizados em larga escala como manifestações de
colaboração.
• Mais do que conectarconectar--sese o importante é contextualizarcontextualizar--sese.
Mediação: processo colaborativo...
• O bibliotecário mediador e interagente caracteriza- se pela escolha direta de repertórios e conteúdos, uma marca própria deixada na elaboração de
metadados, com a preocupação com o excesso de infor mação e que o usuário não consiga acessar e utilizar a informação de form a inteligente.
• É importante a colaboração do bibliotecário em cená rio de information overload que vivenciamos ser principalmente um educador no s entido de
propiciar o desenvolvimento da competência em infor mação,competência em informação, entendida como o conjunto de competências críticas (cognitivas) do s usuários na busca, na
avaliação e no uso da informação disponível.
Esse processo requer profissionais dotados de múlti plos perfis, apostando Esse processo requer profissionais dotados de múlti plos perfis, apostando em praticar uma mediação da informação de acordo co m uma lógica em praticar uma mediação da informação de acordo co m uma lógica
relacional onde relacional onde tempo, espaço e transaçõestempo, espaço e transações devem permitir ter a devem permitir ter a informação ao alcance dos dedos, porém, abrangendo o coletivo de uma informação ao alcance dos dedos, porém, abrangendo o coletivo de uma
sociedade.sociedade.
Algumas tendências que afetam o futuro dos bibliotecários...
• Reorientação dos serviços para just-for-you
• Novos setores e usuários da informação –nativos digitais
• Expansão de trabalho e aprendizagem colaborativa
• Expansão da procura pelo desenvolvimento da competência em informação
• Necessidade de serviços para usuários/produtores de informação remotos e à distância
• Entre outras...
Bibliotecários como mediadores...Bibliotecários como mediadores...
• Devem continuar a cumprir sua missão – encontrar a informação para uso profissional e social, tratá-la para aumentar a sua
qualidade, geri-la, torná-la facilmente acessível e transmiti-la aos usuários/cidadãos.
• Os meios para o cumprimento dessa missão é que evoluem muito rapidamente, obrigando os bibliotecários a assumir novas
atividades e a desenvolver competências, cujas fronteiras não estão muito bem definidas e suas terminologias nem sempre
estão bem determinadas.
Desenvolvimento de competências dos bibliotecários...
• Por um longo período prevaleceu o saber-fazer sobre o saber-ser .
• O processo de desenvolvimento de competências basei a-se em habilidades e aptidões que envolvem todas as dimensões das pessoas.
• A ênfase é oferecida à capacidade crítica e de aut onomia, no espírito de iniciativa com audácia, na responsab ilidade e na flexibilidade em face da mudança e do inusitad o, além de uma visão empreendedora.
• Isso implica em rupturas tanto na dinâmica interna dos espaços institucionais como também na própria dinâm ica dos espaços sociais.
Domínios de competências dos bibliotecários... (INCITE, 2005)
• Grupo I – Informação• Considerado o “coração da profissão”, agrupa domínios de competências que qualquer
bibliotecário deve possuir, em maior ou menor nível e em condições de trabalho diversas.
• Grupo T – Tecnologias• Compreende domínios de competências que não têm em comum apenas assegurar
uma função essencial, mas utilizar os mesmos instrumentos materiais e intelectuais mediados pelas tecnologias emergentes.
• Grupo C – Comunicação• Considera que as noções de informação e comunicação são interdependentes e os
meios utilizados são complementares.• Grupo M – Gestão (Management)
• Entendido como sendo a necessidade da informação ser gerida e que as exigências dessa gestão têm repercussões sobre a qualidade da informação que se quer transmitir e sobre os meios de transmissão.
• Grupo S – Outros Saberes• São as competências complementares que permitem ao bibliotecário ser conhecedor e
versado sobre outros temas/áreas.
Níveis dos domínios de competências...
• Sensibilização
• Conhecimento de práticas
• Domínio de ferramentas
• Domínio da metodologia
Algumas competências pessoais...
• Procurar desafios e capitalizar novas oportunidades .• Ter visão sistêmica.
• Comunicar efetivamente.• Apresentar idéias de forma clara e negociar de form a
ética e convincente.• Estabelecer parcerias e alianças.
• Construir ambiente de respeito mútuo e de valorização da diversidade.
• Aplicar uma abordagem de equipe, reconhecendo o equilíbrio da colaboração e liderança.
• Assumir desafios e riscos calculados.• Planejar, estabelecendo prioridades e focando-se no
que for considerado como sendo crítico.• Planejar a carreira profissional.
• Pensar de forma criativa e inovadora.• Reconhecer o valor das redes profissionais.
• Equilibrar o trabalho, a família e as obrigações comunitárias.
• Permanecer flexível e positivo em tempos de mudanças permanentes e ágeis.
Como desenvolver esse perfil?
“ [...] Em meio ao mundo fascinante que se vislumbra no horizonte, no qual os indivíduos terão acesso a todas as informações que necessitem realmente [...] é também um mundo de características algo assustadoras, na medida
em que dele ainda não se conhecem nitidamente os contornos ou o quanto o novo ambiente representará em
termos de ampliação da liberdade de opções[...]” (VERGUEIRO, 1997).
REFERÊNCIAS
BARRETO, A. de A. Os destinos da ciência da informação. Ciência daInformação , Brasília, v.35, n.1, p.45-56, jan./abr. 2006.DRABENSTOTT, K. M.; BURMAN, C. M.; MACEDO, N. D. de. Revisão analítica da biblioteca do futuro. Ciência da Informação , Brasília, v.26 ,n.2 , 1997 Disponível em: http://revista.ibict.br/index.php/ciinf/article/view/401/360Acesso em: 2 out. 2009.EUROPEAN COUNCIL OF INFORMATION ASSOCIATION (ECIA). Euro-referencial I-D : competências e aptidões dos profissionais europeus de informação-documentação. Lisboa: INCITE, 2005. v.1.ZAVAZONI, R. ; COHN, S. Cultura digital.br . Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2009.VERGUEIRO, W. de C. S. O futuro das bibliotecas e o desenvolvimento de coleções : perspectivas de atuação para uma realidade em efervescência. Perspectivas em Ciência da Informação , Belo Horizonte, v.2, n.1, p.93-107, jul./dez. 1997.
Mensagem final...Mensagem final...
“Onde quer que você veja um negócio de sucesso, pode acreditar que ali houve, um dia, uma decisão corajosa”.
(Peter Drucker)
Muito Obrigada.
Top Related