O familiar como cuidador
da pessoa com depressão
Maria de Fátima Marques
Orientador Prof. Doutor Manuel Lopes
III Congresso Internacional da SPESMDa Investigação à Prática Clinica Em Saúde MentalUniversidade Católica Portuguesa – Campus Foz, Porto10 a 12 de OUTUBRO de 2012
algumas notas…
*diminuição de prazer
*apatia e perda de interesse em atividades quotidianas,
*desesperança,
*insónia,
*anorexia,
*ideação suicida,
*ansiedade, 2
*tristeza
depressão
transtorno do
estado de humor (ICD10)
altera por completo
o quotidiano da
pessoa
é altamente incapacitant
e
grande
problema de
saúde pública
deteriora a qualidade de vida
algumas notas…
depressão
18,4 milhões de europeus sofrem de depressão (EAAD, 2012)
7,9% da população tem perturbações
depressivas (Caldas de Almeida, 2010)
entre setembro 2009 e agosto 2010 foram vendidos em
Portugal 6.885 milhões de caixas de antidepressivos e
estabilizadores do humor (IMS Health )
de janeiro a agosto 2012 venderam-se 4.970.062 unidades
de antidepressivos
um aumento de 7,1% (329 mil) no consumo de antidepressivos
face a igual período de 2011
Portugal
é o país europeu com maior taxa
de depressão e o segundo maior do
mundo (Vice-presidente SPPSM,
2011)
1 em cada 4 portugueses já teve depressão (SPPSM,
2012) (IMS Health )
algumas notas…
f a m í l i a
sistema de seres humanos em
interação mútua
depressão
ocorre desorganização inicial…
mudanças de papéis
dificuldades para fazer frente à nova situação
é esperado que os familiares sejam
parceiros de cuidados
(re)adequação e (re)aprendizagem de modo a que um ou mais familiares se
tornem cuidadores
a exigência do papel de
cuidador é desconhecida
como é que o familiar cuida da pessoa com depressão?
objetivos
- descrever as estratégias utilizadas pelo familiar, para cuidar da pessoa com depressão
- caraterizar a depressão na perspetiva do familiar e do doente
desenho de natureza qualitativa e indutiva
seleção de participantes por
amostra não probabilística intencional
8 pacientes 8 familias
20 participantes
-dois polos das
consultas externas do
Departamento de
Psiquiatria e Saúde
Mental – Hospital de
Évora
-em duas cidades
diferentes
- fevereiro a julho 2009
Grounded Theory
critérios de inclusão no estudo
adultos e/ou idosos com diagnóstico clínico de
reação depressiva breve ou prolongada (ICD-9)
habitar com familiares
ter capacidade cognitiva que permita a recolha de
informação
concordar em participar no estudo de forma voluntaria
(doente e família )
a colheita de dados
registos médicos de consulta para obter o
diagnóstico médico
entrevistas narrativas semiestruturadas
entrevistas gravadas em gravador de áudio
e transcritas por mimentrevistas
em casa das famílias
20 participantes
8 familias
recurso ao NVivo 8
resultados – codificação axial
1ª narrativa da doença
inicio identificado pelo familiar
e pelo doente
causas só são
identificadas pelo doente
manifestações
familiar comportamentos
agressivos, isolamento, desinvestimento e
passividade
doente exteriorizações
somáticas, perda de vontade, tristeza,
medo e isolamento
resultados – codificação axial
1ª narrativa da doença
características da depressão
familiar coisa má porque destrói
a relação dentro da família;
manipuladora porque é uma forma do doente conseguir o que quer
doente doença da cabeça;
não se vê mas sente-se; é
inconstante; muda a pessoa
resultados – codificação axial
2ª estratégias de cuidadosdo familiar
fuga está menos tempo em
casa para evitar discussões; aumenta o
consumo de álcool como escapatória
indiferença ignora os comportamentos do doente para não entrar
em desacordo com ele
conflito exige que o doente faça
atividades e por isso raramente participa nas
tarefas domésticas; culpa o doente pela instabilidade familiar para o ajudar a ter consciência do seu
comportamento
chantagem recusa o convívio social se o doente
não o acompanhar (vou
se tu fores)
não envolvência não participa nas consultas
médicas para não perturbar e para que o doente se sinta mais à
vontade
discussão…
De alguma forma, os familiares mudam para dar resposta às
necessidades do doente e o papel de cuidador constrói-se cada
dia na interação entre as pessoas que coabitam.
O cuidado adquire características particulares,
de conteúdo desadequado à situação de saúde.
Tudo o que o familiar faz, tem como intenção ajudar o doente a
melhorar e a vencer a sua depressão, através de um modo
diferente de cuidar; mas as estratégias utilizadas levam a um
maior isolamento.
O doente sente-se incompreendido, mal aceite e não cuidado
discussão…
Algumas vezes, o familiar tem um sentimento de culpa,
não como consequência de ter feito algo de mal,
mas por ter tido um comportamento mais duro com o doente
e não saber se isso é correto…
o familiar vive assim sentimentos de inadequação frente a
uma nova situação…
Tal facto, parece sugerir que a experiência de passagem a
cuidador: resulta num mal estar subjetivo,
num comportamento desadequado e
num mal estar das relações interpessoais.
discussão…
Os familiares vivem o processo de cuidar com muita
instabilidade e dúvida é certo o que faço?
É preciso conhecer a família e os seus elementos cuidadores,
qual o seu potencial para cuidar, como o fazem e as suas
necessidades.
Assim, os enfermeiros podem:
- ajudar os familiares cuidadores
- definir estratégias conjuntas
- e levar a cabo intervenções que ajudem a cuidar de quem
cuida
O familiar como cuidador da pessoa com
depressão
Obrigado!
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