O ENSINO DO ATLETISMO NA DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO
FÍSICA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Cláudia Berber1 Orlando Mendes Fogaça Júnior2
RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo geral elaborar uma possibilidade de sistematização do
ensino do conteúdo atletismo nas aulas de Educação Física, abordando especificamente as
provas olímpicas: corridas rasas de velocidade: 100 m, 200 m e 400 m; corridas rasas de
meio-fundo: 800 m e 1.500 m e fundo: 5.000 m, 10.000 m e a maratona – 42.195 m; salto
em distância e salto triplo, estando pautada na pedagogia histórico-crítica. O estudo enfocou
uma abordagem de cunho qualitativo, caracterizando-se como uma pesquisa-ação, a qual
teve como amostra uma turma de 6º Ano do Ensino Fundamental, de um colégio estadual
do município de Londrina, do Estado Paraná. A coleta de dados aconteceu mediante a
aplicação dos questionários (inicial e final) e também foi utilizado um diário para anotar os
principais aspectos ocorridos no desenvolvimento das aulas. Constatou-se ao longo do
processo pedagógico, a possibilidade de ensinar o conteúdo atletismo nas aulas de
Educação Física, mesmo com as adversidades existentes, ressaltando-se a importância da
metodologia de ensino utilizada, a qual possibilitou a aprendizagem do conteúdo de forma
mais significativa.
Palavras-chave: Educação Física; Atletismo; Conteúdo; Metodologia de Ensino.
1 INTRODUÇÃO
O atletismo é uma modalidade esportiva que em estudos históricos constata-se
que é uma das mais antigas da humanidade. É composto por provas diversificadas
classificadas em três grupos: corridas, saltos e arremessos/lançamentos, tendo o
mesmo um contexto histórico, social e cultural de grande dimensão.
1 Professora PDE de Educação Física do Estado do Paraná. E-mail: [email protected] 2 Professor Doutor do Curso de Educação Física da Universidade Estadual de Londrina. E-mail: [email protected]
O seu surgimento baseado nas ações motoras tidas como ações de base,
como: locomoção e preensão nos remetem à pré-história indicando o quanto estes
movimentos naturais são importantes para a nossa cultura. Tais movimentos
identificados no atletismo eram realizados como forma de sobrevivência pelo homem
primitivo e posteriormente os mesmos foram sendo aperfeiçoados para as várias
provas que compõem este esporte.
O ensino desta modalidade esportiva na escola representa um conhecimento
valioso na formação integral dos educandos, pois esta manifestação cultural é um
bem social que os estudantes precisam compreender para poder usufruir, seja
utilizando-a enquanto prática de atividade física, ou como um espetáculo a ser
assistido.
De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica da disciplina de
Educação Física, com referência ao conteúdo estruturante “Esportes”, o atletismo é
sugerido como conteúdo específico no 6º e 7º Ano do Ensino Fundamental e no
Ensino Médio (PARANÁ, 2008).
No entanto, no espaço escolar, ao planejar aulas sobre o atletismo, algumas
dificuldades começam a surgir devido a fatores como: a falta de materiais
pedagógicos e espaços apropriados para o seu desenvolvimento, predominância
nos esportes coletivos, rejeição por parte de alunos, entre outros, implicando, assim,
em desafios a serem vencidos para conseguir realizar um trabalho com qualidade.
Barroso (2014), Matthiesen (2010) e Kunz (2006), argumentam sobre a
importância da apropriação do conhecimento científico referente ao atletismo e
apontam possibilidades pedagógicas de ensino desse conteúdo na escola, de
maneira que haja apreensão e compreensão deste saber historicamente produzido
pela humanidade.
No contexto escolar, o trabalho pedagógico envolve múltiplas abrangências,
sendo necessário refletir sobre toda uma sociedade envolvida e a realidade
educacional de atuação, compreendendo as necessidades do ambiente de trabalho,
buscando a superação dos desafios encontrados, objetivando mudanças sociais.
Assim, para atender as exigências do meio educacional e social,
compreendemos a necessidade de estudos com aprofundamentos teórico-
metodológicos a respeito das perspectivas críticas da educação, uma vez que ao
longo da história da Educação Física, o conteúdo esporte se caracterizou por uma
prática pedagógica com enfoques tradicionais e tecnicistas.
Sabemos que é preciso articular conteúdo, objetivos e metodologia para que se
alcance resultados significativos no processo de ensino-aprendizagem. Sendo
assim, optamos nesse estudo pela pedagogia histórico-crítica, de modo a
ultrapassar paradigmas tradicionais, promovendo uma ressignificação sobre o
conteúdo atletismo, abordando este conhecimento de forma contextualizada e
reflexiva, respeitando as diferenças individuais, propiciando, assim, sentidos e
significados para os educandos.
A Secretaria de Estado da Educação do Paraná, destaca a importância da
contextualização dos conteúdos na elaboração do Plano de Trabalho Docente
(PTD), o qual estará articulado com a Proposta Pedagógica Curricular (PPC),
enfatizando que:
O plano é o lugar da criação pedagógica do professor, onde os conteúdos receberão abordagens contextualizadas histórica, social e politicamente, de modo que façam sentido para os alunos nas diversas realidades regionais, culturais e econômicas, contribuindo com sua formação cidadã (PARANÁ, 2008, p.83).
Dessa forma, este estudo teve como foco o ensino do atletismo nas aulas de
Educação Física, abordando especificamente as provas olímpicas: corridas rasas de
velocidade: 100 m, 200 m e 400 m; corridas rasas de meio-fundo: 800 m e 1.500 m;
corridas rasas de fundo: 5.000 m, 10.000 m e a maratona – 42.195 m; salto em
distância e salto triplo, tendo o embasamento da pedagogia histórico-crítica, a qual
tem como ponto de partida os saberes cotidianos dos alunos, instigando-os na
construção dos conhecimentos científicos, auxiliando na formação de cidadãos
críticos e autônomos, os quais possam intervir na sociedade e contribuir com
transformações.
Diante dessas considerações, esta pesquisa teve como objetivo geral elaborar
uma possibilidade de sistematização do ensino do atletismo nas aulas de Educação
Física. Os objetivos específicos foram: experimentar e compreender as diferentes
técnicas das provas olímpicas de corridas e saltos de forma consciente e crítica;
compreender os conhecimentos específicos acerca das provas olímpicas de corridas
e saltos do atletismo e verificar uma proposta inicial de sistematização deste
conteúdo para a disciplina de Educação Física.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 ATLETISMO NA ESCOLA
O atletismo é um esporte com provas de pista (corridas), de campo
(saltos e lançamentos), provas combinadas, como decatlo e heptatlo
(que reúnem provas de pista e de campo), o pedestrianismo (corridas
de rua, como a maratona), corridas em campo (cross country),
corridas em montanha, e marcha atlética (CONFEDERAÇÃO
BRASILEIRA DE ATLETISMO, 2016, p.1).
Segundo Darido e Souza (2007), a origem e o desenvolvimento inicial do
atletismo ocorreram na Grécia. O seu surgimento em meio a jovens gregos e
soldados tinha como finalidade o aperfeiçoamento das habilidades físicas e a
criação de competições. Durante séculos, o atletismo ficou limitado ao treinamento
de soldados, ressurgindo posteriormente como esporte nas Universidades Inglesas.
O atletismo é um esporte que sempre teve a sua importância no cenário
esportivo, principalmente nos Jogos Olímpicos. Durante a antiguidade atingiu o auge
da fama e continuou a ter prestígio nos Jogos Olímpicos da Era Moderna, seguindo
assim até os dias atuais como uma modalidade esportiva de grande expressão
nesse evento mundial.
Em se tratando do ensino do atletismo na escola, alguns fatores interferem no
seu desenvolvimento, como: a falta de materiais pedagógicos e de espaços
apropriados, a hegemonia nos esportes coletivos, rejeição por parte de alunos, entre
outros.
Matthiesen (2010, p.15) faz uma reflexão sobre o ensino do atletismo nas
escolas:
Atletismo se aprende na escola. Infelizmente – e é com muito pesar
que dizemos isso –, essa afirmação é passível de dúvidas, já que,
para o dissabor dos amantes desse esporte, entre as bolas que
rolam soltas e repetições infinitas de uma mesmice em termos de
atividades, o atletismo está longe de ser visualizado nas quadras
esportivas – quando elas existem –, entre outros espaços destinados
à realização das aulas de Educação Física nas escolas.
Barroso (2014) reconhece a importância do ensino de atletismo e manifesta
preocupação enfatizando que há professores que restringem o aprendizado dos
alunos às modalidades coletivas tradicionais e consequentemente estes ficam sem
conhecer tal esporte de forma adequada.
O autor acima citado ainda comenta sobre a dificuldade de ensinar o atletismo
em espaços limitados, mas argumenta que esse conhecimento deve ser viabilizado
para os educandos, uma vez que tal modalidade possui uma importância marcante
na cultura esportiva, oportunizando então a apropriação dos movimentos e a
compreensão dos seus significados, se adequando ao contexto de trabalho de cada
um.
Conforme Ferreira (2010), o esporte atletismo deve ser um dos primeiros a ser
ensinado, uma vez que este se fundamenta em movimentos naturais, como saltar,
correr e arremessar, servindo, dessa forma, de base para outras modalidades
esportivas no programa de ensino.
As habilidades motoras correr, saltar, arremessar/lançar e marchar estão
presentes em várias modalidades esportivas, sendo assim, o ensino do atletismo
poderá contribuir no aprendizado de outras manifestações da cultura corporal,
considerando no caso, que tais ações motoras já foram ensinadas e apreendidas
pelos educandos nas aulas de Educação Física. Além disso, tais movimentos se
apresentam nas mais diversas situações vividas no dia a dia, tornando, dessa forma,
relevante o seu aprendizado no ambiente escolar, de modo que esses
conhecimentos da cultura corporal poderão ser usados no cotidiano de cada pessoa.
A Secretaria de Estado da Educação do Paraná enfatiza que o ensino do
esporte nas aulas de Educação Física deve estar pautado numa compreensão
crítica, propiciando o aprendizado das técnicas, táticas, regras e abrangendo,
também, reflexões sobre as dimensões sociais, históricas e políticas do mesmo
(PARANÁ, 2008).
Kunz (2006) defende o ensino do esporte no contexto escolar em uma
perspectiva crítica, visando a formação de indivíduos emancipados. Para o autor,
cabe à escola tematizar o esporte enquanto saber escolar, tornando-o acessível a
todos os educandos, oportunizando a compreensão crítica do conhecimento técnico,
cultural e social do mesmo, em um processo de interação social e comunicação.
Em relação ao atletismo, o autor acima citado, relata que pela maneira
tradicional como esta modalidade esportiva é ensinada, é difícil atribuir a mesma
algum valor pedagógico-educacional. Sendo assim, são necessárias mudanças
didáticas no seu ensino, propiciando experiências práticas significativas, bem como
reflexões críticas e situações de diálogo nos estudos, ultrapassando os paradigmas
tradicionais.
Portanto, entende-se a importância do ensino do atletismo nas aulas de
Educação Física, de maneira que os educandos se apropriem criticamente deste
conteúdo, favorecendo a formação da cidadania.
2.2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL
O conhecimento histórico sobre a disciplina Educação Física no Brasil, nos faz
refletir sobre o seu desenvolvimento na escola, entendendo os mais diversos
significados que esta teve em diferentes momentos históricos e sua situação atual.
A trajetória histórica referente à Educação Física como componente curricular
obrigatório na escola brasileira, retrata momentos de instabilidade, evidenciando que
esta disciplina sempre esteve voltada para atender aos interesses da classe
dominante e do governo vigente.
De acordo com Soares et al. (1992), as origens da Educação Física no Brasil
foram marcadas pela influência das organizações sociais médicas e militares. O seu
início caracterizou-se pelos métodos ginásticos e instrutores físicos do exército
ministravam as aulas desta disciplina. Assim, a prática da Educação Física nas
escolas desenvolvia-se sob a forma de ginástica e tinha a finalidade de promover a
aptidão física e a disciplina moral dos indivíduos, de forma a prepará-los para
contribuir com o progresso do país. Nesse contexto, a Educação Física começa a
conquistar o seu espaço na instituição escolar, uma vez que tais argumentos
justificavam a sua presença neste ambiente.
Em 1854, mediante a expedição do “Regulamento da instrução primária e
secundária do Município da Corte”, a ginástica foi inserida nos currículos das
escolas públicas no ensino primário (MARINHO, [19--]).
A Educação Física começa a se estabelecer como disciplina no contexto
escolar em 1882, pois, segundo Castellani Filho (1994), no referido ano, Rui
Barbosa emitiu o parecer sobre o Projeto Número 224 denominado “Reforma do
ensino primário e várias instituições complementares da instrução pública”, o qual
tinha como proposta a inclusão da ginástica na escola com obrigatoriedade a ambos
os sexos.
As discussões sobre a regulamentação da disciplina Educação Física na
escola continuaram, e, em 1929, por meio de um anteprojeto de lei originário do
Ministério da Guerra, determinou-se a obrigatoriedade desta disciplina nos
estabelecimentos de ensino a partir dos 6 anos de idade, adotando-se o Método
Francês até que se criasse um método brasileiro (CANTARINO FILHO, 1982 apud
CASTELLANI FILHO, 1994).
Conforme as Diretrizes Curriculares da Educação Básica da disciplina de
Educação Física, com a popularização do esporte no final da década de 1930, este
se tornou um dos principais conteúdos desenvolvidos na escola. Nesse momento
visava-se a promoção de políticas nacionalistas, ocorrendo investimentos na área
esportiva para estimular o desenvolvimento dos esportes (PARANÁ, 2008).
Soares et al. (1992) acrescenta que após a Segunda Guerra Mundial, a
instituição esportiva teve um crescimento acelerado, fazendo com que o esporte
tivesse um desenvolvimento marcante no âmbito escolar.
Em se tratando de escola, novamente a Educação Física passa a assumir os
significados de outra vertente, no caso, a esportiva, deixando mais uma vez de
concretizar a sua verdadeira identidade, enquanto disciplina possuidora de um vasto
campo de conhecimento científico, servindo, assim, aos interesses das classes
dirigentes.
Na época da ditadura militar (1964-1985), Góis Júnior e Simões (2011),
enfatizam que a política governamental voltada para a Educação Física na escola,
tinha como foco a formação de atletas por meio de uma prática pedagógica
tecnicista.
Nesse período, a esportivização da Educação Física aconteceu com força total.
Esse processo alavancou devido à influência do Método Desportivo Generalizado,
introduzido no Brasil pelo francês Auguste Listello. Ainda, fatores como: a influência
americana no governo brasileiro e a ascensão dos esportes devido os Jogos
Olímpicos, também contribuíram para o fortalecimento da prática esportiva no
contexto escolar (GÓIS JÚNIOR; SIMÕES, 2011).
Então, o esporte passou a ser o conteúdo dominante nas aulas, o qual visava a
competição e o desempenho atlético dos alunos. Observa-se, ainda, a
predominância de algumas modalidades esportivas no contexto escolar, mas com
enfoques pedagógicos diferenciados ao que foi acima citado.
Segundo Castellani Filho (2002), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional – Lei nº 4.024 de 20 de dezembro de 1961, cita a obrigatoriedade da
prática da Educação Física no ensino primário e médio até a idade de 18 anos.
Em relação à Lei nº 5.692 de 11 de agosto de 1971, Castellani Filho (1994)
comenta que esta configurou um ensino tecnicista, o qual enfatizava princípios como
eficiência e produtividade. Dessa forma, a presença da Educação Física na escola
estava justificada, uma vez que contribuiria com a formação de mão de obra
fisicamente capacitada para assegurar o desenvolvimento do país.
Ainda, o mesmo autor acrescenta que o Decreto número 69.450/71, em seu
artigo 1º, refere-se à Educação Física como sendo atividade, caracterizando-a como
um fazer prático desvinculado de reflexões teóricas.
A Educação Física, atividade que por seus meios, processos e
técnicas, desperta, desenvolve e aprimora forças físicas, morais,
cívicas, psíquicas e sociais do educando, constitui um dos fatores
básicos para a conquista das finalidades da educação nacional
(BRASIL, 1971, p.1).
Góis Júnior e Simões (2011) relatam que nos anos de 1980 houve intensos
debates a respeito da Educação Física no contexto escolar, pois, com o fim da
ditadura militar, professores desta disciplina apresentaram propostas educacionais,
as quais teciam críticas a modelos anteriores.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9.394 de 20 de
dezembro de 1996, acarretou reflexões e mudanças para o sistema educacional
brasileiro, objetivando um ensino voltado para a transformação social, enfatizando a
importância de todas as disciplinas na formação integral dos educandos.
Para Gordo, Santos e Moreira (2014), diante do processo histórico da
Educação Física, avanços legais ocorreram com a promulgação da Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (LDBEN nº 9.394/96). Os autores explicam que esta
lei, após ter passado por modificações pelas Leis 10.328 de 12 de dezembro de
2001 e 10.793 de 01 de dezembro de 2003, trouxe na sua redação final que a
Educação Física é componente curricular obrigatório da Educação Básica e que a
mesma está integrada à proposta pedagógica da escola.
Ainda no campo da legislação educacional, na Resolução CEB nº 02, de 07 de
abril de 1998, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
Fundamental, no artigo 3º, a disciplina Educação Física é citada como área de
conhecimento (BRASIL, 1998).
2.3 PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA
A pedagogia histórico-crítica estabelece a relação entre educação e o meio
social, abrangendo todas as complexidades históricas, sociais, políticas e
econômicas, visando à formação de cidadãos críticos, conscientes e autônomos, os
quais possam contribuir com as transformações na sociedade.
Saviani (1999) descreveu teoricamente os cinco passos da pedagogia
histórico-crítica, os quais foram sistematizados de forma metodológica na proposta
didática de Gasparin (2012) e que serão utilizados nesta proposta de trabalho.
Gasparin (2012) descreve os cinco passos da Pedagogia Histórico-Crítica da
seguinte forma:
A Prática Social Inicial caracteriza-se como uma preparação do educando para
a construção dos saberes científicos, ou seja, é o primeiro contato com o conteúdo
sistematizado que será estudado. É feito um levantamento dos conhecimentos
prévios que os alunos possuem sobre o conteúdo.
Ao executar essa etapa, o professor terá condições de realizar um trabalho
mais adequado, pois, com base nos conhecimentos expressos pelo aluno, o
professor definirá o ponto inicial de sua ação pedagógica para a aprendizagem do
aluno, assim como o nível superior que este deverá atingir.
A Problematização é fundamental para a condução de todo o processo
pedagógico. Nesse momento, a prática social inicial é analisada, questionada, tendo
como referência o conteúdo e as exigências sociais de aplicação desse saber
científico. São levantadas questões desafiadoras que estimulam os educandos a
buscar o conhecimento.
São feitas reflexões sobre a importância da aprendizagem do conteúdo
proposto, levando em consideração as necessidades sociais atuais. Dessa forma, o
conteúdo estudado começa a ter significados e sentidos para os educandos.
É na fase de Instrumentalização que os conhecimentos científicos se
estruturam, para isso, o professor será o mediador, o qual organizará as ações
pedagógicas de forma metódica, favorecendo, assim, a apropriação dos conteúdos
científicos em várias dimensões.
A construção do conhecimento científico ocorre mediante uma comparação
intelectual entre os conhecimentos cotidianos e os conhecimentos científicos, tendo
o professor como mediador entre o educando e o objeto de conhecimento.
A Instrumentalização é o caminho pelo qual o conteúdo sistematizado é posto à disposição dos alunos para que o assimilem e o recriem e, ao incorporá-lo, transformem-no em instrumento de construção pessoal e profissional (GASPARIN, 2012, p.51).
Na Catarse o educando expressa a compreensão do conhecimento científico
adquirido, demonstrando assim o grau de assimilação alcançado no processo
pedagógico.
A manifestação do conhecimento assimilado poderá ocorrer em dois
momentos: 1) “elaboração teórica da nova síntese”: o aluno mostra a si próprio o
nível de aprendizagem atingido sobre o tema tratado; 2) “expressão prática da nova
síntese”: o educando demonstra de forma pública a apreensão do conteúdo
estudado, pela avaliação (GASPARIN, 2012, p. 130).
A Prática Social Final neste método de ensino-aprendizagem representa o
retorno à Prática Social Inicial, agora modificada pelos conhecimentos adquiridos.
A Prática Social Final é a confirmação de que aquilo que o educando
somente conseguia realizar com a ajuda dos outros agora o
consegue sozinho, ainda que trabalhando em grupo. É a expressão
mais forte de que de fato se apropriou do conteúdo, aprendeu, e por
isso sabe e aplica. É o novo uso social dos conteúdos científicos
aprendidos na escola (GASPARIN, 2012, p. 142).
3 METODOLOGIA
Em conformidade com as orientações do PDE – Programa de Desenvolvimento
Educacional, para que ocorresse a implementação do Projeto de Intervenção
Pedagógica na escola, seria necessário a permissão da Direção do colégio e
membros do Conselho Escolar. Sendo assim, realizou-se uma reunião nas
dependências do colégio, na qual os segmentos acima citados autorizaram o
desenvolvimento do mesmo.
Houve também uma reunião com os pais dos alunos da turma que foi feita a
implementação do projeto, de modo que estes tomaram conhecimento sobre o
mesmo e assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido autorizando a
participação dos estudantes na pesquisa.
A amostra para este estudo foi composta por uma turma de 6º Ano do Ensino
Fundamental (27 alunos), de um colégio estadual do município de Londrina, do
Estado Paraná.
A metodologia utilizada neste trabalho caracterizou-se como uma pesquisa-
ação, enfocando uma abordagem de cunho qualitativo.
A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica
que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação
ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os
pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do
problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo
(THIOLLENT, 2004, p. 14).
Para a coleta de dados, foram utilizados questionários estruturados com
perguntas abertas e fechadas, no início e final das aulas do projeto, possibilitando,
assim, a comparação entre os instrumentos. Os dados coletados nos questionários
foram interpretados de forma qualitativa, sendo que as respostas dos educandos
foram categorizadas de acordo com o conhecimento apresentado sobre a temática
abordada. Também foi utilizado um diário, registrando-se, então, os principais
aspectos ocorridos no desenvolvimento das aulas da unidade didática.
Para que não houvesse identificação dos alunos nos comentários desse
trabalho, foi feito um sorteio utilizando números do 1 até o 27, no qual cada
estudante recebeu um número, ficando, assim, estabelecido um número para cada
estudante da turma, por exemplo: aluno 1, aluno 2 e assim sucessivamente.
A implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica com o público-alvo,
ocorreu nos meses de fevereiro até julho do ano de 2017. Para o desenvolvimento
do projeto estavam previstas 32 horas-aula, no entanto, por razões pedagógicas
totalizou 34 horas-aula.
O trabalho pedagógico utilizando a unidade didática foi desenvolvido na
seguinte sequência:
Em um primeiro momento, foi aplicado um questionário inicial sobre o
atletismo, o qual foi composto por dez questões, incluindo oito fechadas e duas
abertas, sendo que este foi respondido por 24 alunos, porque dois alunos da turma
faltaram no dia que foi aplicado e um aluno veio transferido posteriormente de outra
escola. Na sequência, também houve a apresentação do Projeto de Intervenção
Pedagógica para a turma em questão.
Posteriormente, em um segundo momento, foram desenvolvidos os temas
referentes ao atletismo.
E, para finalizar, em um terceiro momento, foi aplicado um questionário final
sobre o conteúdo ensinado. Este questionário foi respondido por 27 alunos, tendo
este um total de oito questões, sendo cinco fechadas e três abertas.
4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Em cumprimento as exigências do PDE – Programa de Desenvolvimento
Educacional, houve a implementação da unidade didática, a qual está fundamentada
na pedagogia histórico-crítica, de modo que a seguir serão apresentadas algumas
reflexões sobre os passos metodológicos da mesma (Prática Social Inicial,
Problematização, Instrumentalização, Catarse e Prática Social Final) no
desenvolvimento das aulas.
Em um primeiro momento, representando a Prática Social Inicial da pedagogia
histórico-crítica, aplicou-se na 1ª aula um questionário inicial, o qual teve a finalidade
de fazer um diagnóstico sobre os conhecimentos prévios que os educandos
possuíam sobre o atletismo e o que gostariam de saber a mais a respeito do
conteúdo.
Neste instrumento, a primeira questão buscou investigar qual o entendimento
que os alunos tinham a respeito do atletismo enquanto conteúdo. Somente um aluno
respondeu que atletismo é ginástica, ou seja, evidenciou-se que o restante da turma
tinha a compreensão que o atletismo é esporte.
Gráfico 1 elaborado pela professora PDE
Na segunda questão, os estudantes podiam marcar mais de uma resposta para
relatar a forma como conheceram o atletismo ou se ainda não o conheciam. Sendo
assim, observa-se que as aulas de Educação Física foram a opção mais identificada
pelos alunos como meio de ter conhecido o atletismo, demonstrando que estes
sujeitos tiveram acesso a tal conteúdo na escola, no Ensino Fundamental – Anos
Iniciais.
Gráfico 2 elaborado pela professora PDE
A terceira questão teve como foco identificar as provas dessa modalidade
esportiva que os alunos vivenciaram na escola. Para tanto, os educandos podiam
dar mais de uma resposta conforme a sua vivência e, então, observa-se que apenas
um dos estudantes não havia estudado tais provas do atletismo, os demais
estudaram algumas destas, tendo ênfase as corridas.
Gráfico 3 elaborado pela professora PDE
Na quarta questão, os educandos podiam marcar mais de uma resposta para
identificar a forma como estudaram o atletismo na escola antes do 6º Ano do Ensino
Fundamental. A forma mais citada correspondeu as vivências práticas, seguido de
aulas com explicações teóricas e posteriormente, por meio de vídeos. Assim,
possibilitaram-se reflexões sobre os encaminhamentos pedagógicos no ensino do
conteúdo no projeto.
Gráfico 4 elaborado pela professora PDE
Na unidade didática havia o encaminhamento pedagógico para visitar a pista
de atletismo da UEL, portanto, para fins de planejamento, tornou-se importante
verificar se os alunos já estiveram em uma pista de atletismo (quinta questão). A
maioria respondeu que não.
Gráfico 5 elaborado pela professora PDE
A sexta questão teve como finalidade investigar se os estudantes conseguiam
relacionar os movimentos que ocorrem no atletismo nas suas atividades diárias.
Embora a maioria tenha afirmado que sim, ou seja, que realizam movimentos do
atletismo nas atividades cotidianas, nota-se a dificuldade dos demais em estabelecer
essa relação.
Gráfico 6 elaborado pela professora PDE
Na sequência, foi colocada uma questão aberta (sétima), a qual buscou
verificar os movimentos que ocorrem no atletismo que são identificados pelos
estudantes nas suas atividades diárias, possibilitando, dessa maneira, o
entendimento da importância desse aprendizado na sua vivência cotidiana. Seis
alunos responderam que não realizam tais movimentos nas suas atividades diárias e
quatro não souberam responder. Já metade da turma mencionou a ação motora
correr, quatro identificaram o movimento saltar e somente um identificou o gesto
motor arremessar. Alguns demonstraram a falta de compreensão sobre esse
assunto ao dar respostas como: aluno 2: “Jogar futsal”; aluno 6: “Jogar futebol todos
os dias”.
A oitava questão indagava se os educandos consideravam importante ter aulas
sobre o conteúdo atletismo na disciplina Educação Física. Apenas dois estudantes
responderam que não sabiam, ficando clara a percepção dos demais sobre a
importância desse aprendizado.
Gráfico 7 elaborado pela professora PDE
Quando questionados na nona questão se gostariam aprender o conteúdo
atletismo na escola, a maioria respondeu que sim, identificando, assim, o interesse
sobre a aprendizagem deste conteúdo.
Gráfico 8 elaborado pela professora PDE
Conforme a proposta de ensino-aprendizagem da pedagogia histórico-crítica é
importante que se busque investigar o que os alunos também gostariam de aprender
sobre o conteúdo que será estudado. Sendo assim, a décima questão teve como
objetivo verificar o que os educandos gostariam de aprender sobre o atletismo nas
aulas de Educação Física. Um total de oito alunos respondeu que ainda não sabiam.
Alguns confundiram o atletismo com outros esportes, exemplos: aluno 6: “Natação”;
aluna 24: “Do basquete”; aluno 2: “Sobre futsal”. Já outras respostas se referiram ao
atletismo: aluna 10: “Tudo sobre o atletismo”; aluna 7: “Saltos”.
Ainda em um primeiro momento, na 2ª aula houve a explanação do Projeto de
Intervenção Pedagógica na escola, objetivando-se a socialização deste,
promovendo assim o envolvimento dos educandos na construção do conhecimento.
Na Prática Social Inicial, tendo como base o questionário respondido na
primeira aula, ainda foram feitos alguns questionamentos para ampliar a
contextualização do tema.
A questão norteadora da Problematização foi: por que estudar o atletismo?
Algumas falas foram: aluno 19: “Para exercitar o corpo”; aluno 16: “Para saber mais”.
Na Instrumentalização foi comentado o conteúdo, os objetivos referentes ao
projeto e houve a exibição de um vídeo, o qual apresentou as provas do atletismo.
A Catarse aconteceu mediante as discussões, momento em que os educandos
começaram a perceber a apropriação do conteúdo.
A Prática Social Final se manifestou pelos comentários, observando-se o
interesse dos estudantes em aprender mais sobre o atletismo.
Posteriormente, em um segundo momento, foram desenvolvidos os temas:
TEMA 1: ORIGEM E HISTÓRIA DO ATLETISMO
A 3ª aula teve como objetivo propiciar a compreensão sobre a origem e os
principais fatos históricos do atletismo, afim de promover uma contextualização
histórica desse esporte.
Na Prática Social Inicial foram realizados os questionamentos: o que é
atletismo? Algumas respostas estabeleceram relação com a modalidade esportiva
estudada, exemplos: aluna 24: “Esporte tipo olímpico”; aluna 7: “Vários jogos,
corridas, saltos e dardo”. Na questão: onde surgiu o atletismo? Foram citadas
localidades variadas e um aluno mencionou a Grécia. A pergunta seguinte foi a
respeito do conhecimento que os estudantes tinham sobre a história do atletismo no
mundo e no Brasil. Em relação ao mundo, algumas falas foram: aluno 16: “Usain
Bolt” e aluno 8: “História do atletismo”; com referência ao Brasil, não houve
comentários. A outra questão indagava se houve mudanças no atletismo no decorrer
dos anos. Alguns alunos responderam que não e a maioria disse que sim.
Na Problematização refletiu-se sobre a importância histórica do atletismo na
sociedade. Algumas respostas se relacionaram ao aspecto saúde e ao
conhecimento sobre a origem do esporte.
Em relação à Instrumentalização, estava planejado que os alunos fariam uma
pesquisa no laboratório de informática sobre a origem e história do atletismo, mas
devido a um número insuficiente de computadores, estes foram orientados a fazê-la
em casa. Após isso, dando sequência a aula, passou-se um vídeo referente ao tema
e foram feitas algumas reflexões.
A Catarse ocorreu pelas reflexões e também pela produção da pesquisa, de
modo que os estudantes começaram a perceber a apropriação do conteúdo. Após a
correção da pesquisa, houve a mediação pedagógica da professora, motivando os
estudantes a pesquisarem mais sobre o tema e orientando-os na reelaboração do
trabalho para atingir totalmente os objetivos.
A Prática Social Final foi caracterizada pela atitude de alguns alunos na
reelaboração da pesquisa, demonstrando, dessa forma, interesse na construção do
conhecimento científico sobre o atletismo.
TEMA 2: CONHECENDO O ATLETISMO
O objetivo da 4ª aula era que os estudantes vivenciassem os movimentos
identificados no esporte atletismo e relacionassem estes com as atividades
realizadas no dia a dia.
Na Prática Social Inicial foram feitos três questionamentos, sendo estes: quais
movimentos acontecem no esporte atletismo? Os alunos falaram os movimentos:
correr e saltar. Em quais atividades diárias as pessoas realizam esses movimentos?
Alguns estudantes citaram atividades cotidianas envolvendo a corrida e o salto.
Quais as diferentes formas de correr, saltar e arremessar/lançar? Não houve
resposta específica sobre a questão, sendo que, algumas destas foram: aluno 21:
“Brincar de esconde-esconde”; aluna 24: “Basquete”.
A aula foi problematizada com duas questões citadas a seguir: qual a
importância em aprender esses movimentos? Algumas falas foram: aluna 24: “Correr
para pegar o ônibus”; aluno 15: “Para usar no dia a dia”. De que maneira podemos
estar aprendendo as diferentes formas de correr, saltar e arremessar/lançar? As
respostas indicaram pelas aulas de Educação Física e também em momentos de
lazer.
Na Instrumentalização os alunos foram divididos em quatro grupos, sendo que,
dois grupos elaboraram uma atividade prática envolvendo a corrida e os outros dois,
enfocando o salto. Houve a experimentação prática dessas atividades e foram feitas
reflexões.
A Catarse ocorreu pela demonstração das atividades práticas, de modo que os
educandos conseguiram empregar nestas, as ações motoras: correr e saltar. E
também pelas reflexões, observando-se um avanço na compreensão das questões
realizadas no início da aula, pois, ao perguntar: quais movimentos acontecem no
esporte atletismo? Além dos movimentos: correr e saltar, o gesto motor lançar
também foi falado. Em quais atividades diárias as pessoas realizam esses
movimentos? Vários alunos falaram, de modo que as respostas estabeleceram
relações com os movimentos do dia a dia. Quais as diferentes formas de correr,
saltar e arremessar/lançar? Alguns educandos comentaram outras formas que não
haviam sido faladas no início da aula, por exemplo: aluna 10: “Correr de frente, lado
e costas” e acrescentou: “Saltar de lado”.
Na Prática Social Final os alunos demonstraram interesse na aprendizagem do
conteúdo, propondo que em outras aulas fizéssemos atividades que sugeriram.
Na 5ª aula objetivou-se propiciar o conhecimento sobre a pista e as provas
olímpicas do atletismo, analisando-se as mudanças ocorridas ao longo dos anos.
Na Prática Social Inicial houve o questionamento sobre o que os estudantes
sabiam sobre a pista de atletismo. Algumas respostas se referiram a um local onde
são praticadas corridas e acontecem competições. Na sequência, indagou-se a
respeito das provas olímpicas do atletismo que os estudantes conheciam, e,
também, sobre as provas desse esporte que assistiram nas Olimpíadas de 2016. Em
ambas as questões, alguns educandos confundiram o atletismo com outras
modalidades esportivas.
Na Problematização houve a discussão sobre as questões: por que é
importante aprender sobre a pista e as provas olímpicas do atletismo? Algumas
respostas foram: aluno 23: “Para saber praticar” e aluno 1: “Para ficar atento”. Houve
mudanças na pista e nas provas olímpicas do atletismo no decorrer dos anos? A
maioria dos educandos disse que sim, sendo que, nesse momento alguns fizeram
comentários sobre um vídeo assistido no início do projeto.
Na fase de Instrumentalização, após a explicação de um texto, os educandos
formularam verbalmente algumas questões, as quais foram compartilhadas no
quadro. Em razão da falta de tempo, o vídeo planejado foi passado na aula seguinte.
A Catarse aconteceu mediante os questionamentos, momento em que os
educandos expressaram os conhecimentos adquiridos sobre o atletismo.
A Prática Social Final se manifestou pelos comentários, observando-se o
interesse dos estudantes em aprender mais sobre essa modalidade esportiva.
TEMA 3: CORRIDAS DO ATLETISMO
O trabalho pedagógico envolvendo a 6ª, 7ª e 8ª aulas, objetivou a
compreensão da técnica básica e das regras básicas das corridas rasas de
velocidade e também de alguns aspectos históricos, propiciando reflexões sobre as
mudanças ocorridas no decorrer dos tempos.
Na Prática Social Inicial os estudantes foram levados a refletir sobre as
questões: qual a diferença entre andar e correr? Pelas falas, a ação motora correr,
foi relacionada à questão de rapidez, por exemplo: aluno 8: “Andar é devagar e
correr é rápido”. Quais os movimentos básicos que acontecem nas corridas rasas de
velocidade? Houve falas como: aluno 1: “Movimento das pernas e braços”, e
acrescentou: “Largada”; aluno 4: “Esforço físico”. Também se indagou sobre as
regras que conheciam sobre essas corridas. O aluno 1 respondeu: “Seguir na raia”,
e acrescentou: “Não trapacear”. Ao questionar sobre os aspectos históricos que
conheciam sobre as corridas rasas de velocidade, as duas respostas obtidas se
referiram ao atleta Usain Bolt.
Na Problematização as questões reflexivas foram: houve mudanças em relação
às técnicas e regras das corridas rasas de velocidade no decorrer dos anos?
Somente uma aluna disse que não. Qual é a importância dessas mudanças para o
esporte atletismo? Houve comentários referentes a questão de melhorar a técnica e
a velocidade.
A Instrumentalização se desenvolveu mediante estudo de texto, atividades
escritas e exibição de vídeos.
A utilização do recurso tecnológico (vídeos) propiciou uma dinamicidade na
aula, despertando bastante interesse e atenção por parte dos estudantes,
impactando positivamente na aprendizagem.
A Catarse ocorreu por meio das questões orais e escritas, momento em que os
educandos fizeram a síntese do conteúdo ao confrontar os conhecimentos
cotidianos com os conhecimentos científicos. Nas reflexões realizadas, é possível
observar um avanço no aprendizado, pois, ao questionar: quais os movimentos
básicos que acontecem nas corridas rasas de velocidade? Algumas respostas
foram: aluno 23: “É importante os movimentos dos braços”; aluno 3: “Tem um
momento que os dois pés saem do chão”; aluna 25: “Braços em 90 graus”. Que
regras conhecem sobre essas corridas? Algumas falas foram: aluno 16: “Usa bloco
de partida”; aluno 27: “Não pode sair antes do tiro de largada”; aluna 10: “Tem que
correr na raia”.
A Prática Social Final se manifestou pelos comentários, observando-se o
interesse dos educandos em aprender mais sobre o atletismo.
Na 9ª e 10ª aulas objetivou-se a vivência de atividades que predominassem o
tempo de reação e os deslocamentos com velocidade, de modo que os estudantes
compreendessem a importância dessas capacidades motoras no aprendizado das
corridas rasas de velocidade.
As questões referentes à Prática Social Inicial foram: o que são corridas rasas
de velocidade? Houve respostas como: aluno 16: “É uma corrida rasa”; aluna 26:
“Correr de um lugar para outro”. É importante reagir rapidamente na saída das
corridas rasas de velocidade? Por quê? Todos os alunos responderam que é
importante e alguns apresentaram argumentos voltados para a questão de alcançar
a vitória na corrida e a rapidez no reflexo. É importante manter um ritmo nas corridas
rasas de velocidade? Por quê? O aluno 16 respondeu: “É importante porque se
perde a corrida se não tiver o ritmo”.
Ao problematizar a aula com a questão: de que forma podemos realizar as
atividades propostas nas aulas tendo um melhor desempenho? O aluno 1
respondeu: “Praticando, se dedicando”; de modo que o debate se ampliou,
ocorrendo a concordância dos demais.
Na Instrumentalização houve a experimentação prática de atividades e foram
feitas reflexões.
A Catarse aconteceu mediante as discussões, momento em que os alunos
perceberam a importância do tempo de reação e do ritmo na corrida.
A Prática Social Final se manifestou pelos comentários, observando-se o
interesse dos estudantes em aprender mais sobre o esporte atletismo.
O conjunto das aulas (11ª, 12ª e 13ª), teve como objetivo propiciar a vivência
da saída baixa, possibilitando a compreensão da importância desta nas corridas
rasas de velocidade.
A seguir, estão colocados os questionamentos e algumas falas da Prática
Social Inicial: o que é saída baixa? Aluno 16: “Se prepara para a corrida”; aluno 4:
“Abaixado, com duas mãos e dois pés no chão”; aluna 25: “Pés no suporte”. Quem
já viu algum atleta executando a saída baixa? Dezoito educandos falaram que viram
pela televisão. Em que provas do atletismo é executada a saída baixa? Algumas
falas foram: aluna 7: “Corrida”; aluno 8: “Corrida de velocidade” e o aluno 1
exemplificou as provas estudadas no projeto: “100 m, 200 m e 400 m”.
Na Problematização os estudantes foram levados a refletir sobre a importância
da aprendizagem referente a saída baixa. Algumas respostas enfocaram a tomada
de impulso e a saída mais rápida.
A Instrumentalização se concretizou pela experimentação prática de atividades.
Foi levado o bloco de partida para que os estudantes vivenciassem a saída baixa
utilizando-o, despertando assim bastante interesse, de modo que alguns solicitaram
outras repetições na atividade.
A Catarse ocorreu no momento em que os estudantes manifestaram o
conhecimento construído. Nas reflexões feitas, ao perguntar se foi difícil fazer a
saída baixa, alguns disseram que sim e outros disseram que não. Em relação a
identificação da perna de impulsão, apenas um aluno disse que ainda estava com
dúvida, mas posteriormente foi esclarecido. Sobre a questão de executar a saída
baixa usando o bloco de partida, só quatro educandos disseram que não gostaram.
A Prática Social Final foi percebida pelo interesse dos estudantes em vivenciar
na prática a corrida rasa de velocidade.
O objetivo da 14ª, 15ª e 16ª aulas foi possibilitar a vivência e compreensão das
corridas rasas de velocidade, considerando os seus aspectos técnicos básicos e as
regras básicas, despertando o gosto pelo aprendizado.
A Prática Social Inicial se caracterizou pelos questionamentos: quem já
participou de corridas em competições? Doze educandos responderam que sim.
Quais são os gestos característicos das corridas rasas de velocidade? As respostas
apontaram a utilização do bloco de partida e ser veloz. Na sequência, indagou-se
sobre o conhecimento que os estudantes tinham sobre a técnica e as regras das
corridas rasas de velocidade. Algumas falas foram: aluno 21: “Passos largos”; aluna
25: “A pista é livre”; aluna 24: “Não pode cortar caminho”.
Na Problematização os educandos foram conduzidos a refletir sobre a
importância da aprendizagem referentes às técnicas e regras das corridas rasas de
velocidade. As respostas enfatizaram a importância desse aprendizado no sentido
de ter conhecimento sobre a execução da técnica.
O encaminhamento pedagógico na fase de Instrumentalização se realizou com
a experimentação prática de atividades.
A Catarse ocorreu no momento em que os educandos manifestaram a
apropriação sintética do conteúdo. Nas reflexões feitas, nota-se um avanço na
aprendizagem, pois, ao perguntar: o que vocês sabem sobre a técnica e as regras
das corridas rasas de velocidade? Algumas falas foram: aluno 23: “Corrida rasa não
tem obstáculo”; aluna 25: “Braços em 90 graus”; aluno 16: “Utiliza bloco de partida”;
aluno 3: “A corrida é feita na raia”; aluno 23: “Saída baixa: joelho e mãos no chão” e
acrescentou os comandos de saída: “Às suas marcas; prontos” e a aluna 7
completou: “Dá o tiro de largada”.
A Prática Social Final foi percebida pelo interesse dos estudantes em aprender
mais sobre o atletismo e participar de competição fora do contexto escolar.
Como forma de acompanhar a aprendizagem dos educandos, na 17ª aula foi
realizado um trabalho de pesquisa em sala de aula.
Ao desenvolver a Prática Social Inicial questionando o que havia sido estudado
no projeto, os estudantes elencaram tudo o que tinham estudado até aquele
momento.
Na Problematização foi perguntado de que forma poderiam ter um bom
desempenho no trabalho. Uma das respostas indicou a necessidade de fazê-lo com
atenção.
Na Instrumentalização, após algumas orientações, os educandos fizeram o
trabalho de pesquisa utilizando o caderno (portfólio).
A Catarse aconteceu no momento em que os educandos demonstraram a
apropriação dos conhecimentos científicos, mediante o trabalho escrito. Após a
correção dos trabalhos, houve a mediação pedagógica da professora, motivando e
orientando os estudantes na reelaboração do trabalho, com a finalidade de alcançar
totalmente os objetivos.
A Prática Social Final foi caracterizada pela atitude de alguns educandos ao
reelaborar o trabalho, elevando assim o nível de conhecimento.
Na 18ª e 19ª aulas objetivou-se possibilitar o conhecimento sobre os aspectos
históricos, as características básicas e regras básicas das corridas rasas de meio-
fundo e fundo, estabelecendo-se uma comparação entre estas corridas.
Na Prática Social Inicial os estudantes foram levados a refletir sobre a definição
de corridas rasas de meio-fundo e fundo e o que conheciam sobre essas corridas.
Vinte e dois alunos alegaram não ter conhecimento sobre elas; outros responderam
tratar-se de corridas mais longas e sem obstáculos. A outra questão foi referente as
regras que conheciam sobre essas corridas. Algumas respostas foram: Aluno 23:
“Não pode fazer saída falsa”; aluno 8: “Não usa bloco de partida”. Na sequência,
indagou-se também sobre os aspectos históricos que os estudantes conheciam
sobre essas corridas. Uma aluna comentou que houve evolução nas corridas; outros
disseram que não tinham conhecimento sobre esse assunto. Quem já ouviu falar em
resistência aeróbia e anaeróbia? O aluno 4 respondeu: “Aeróbia alto e anaeróbia
baixo esforço”.
Na Problematização foram utilizadas três questões reflexivas, sendo estas:
quais as semelhanças e diferenças que existe entre as corridas rasas de meio-fundo
e fundo? As respostas obtidas foram: aluna 25: “A pista” e o aluno 4 mencionou:
“Meio-fundo é média e fundo é grande”. Qual a importância histórica das corridas
rasas de meio-fundo e fundo? Uma aluna comentou que é importante para ter
conhecimento. Na sequência, perguntou-se: considerando que essas corridas
requerem um espaço amplo e que temos um espaço limitado na escola, como
faremos para desenvolvê-las da melhor forma possível? A discussão se ampliou a
partir das seguintes falas: aluna 25: “Dar voltas a mais” e aluno 4: “Correr várias
vezes”.
Em relação à Instrumentalização, houve estudo de texto, atividades escritas e
exibição de vídeos.
A Catarse ocorreu por meio da linguagem oral e escrita, de modo que os
educandos expressaram o conhecimento adquirido.
A Prática Social Final foi percebida pelo interesse dos educandos na realização
das vivências práticas destas corridas.
Os objetivos da 20ª e 21ª aulas foram possibilitar a aprendizagem básica dos
movimentos e regras das corridas rasas de meio-fundo e fundo, e também refletir
sobre a importância do ritmo nestas corridas.
Os questionamentos realizados na Prática Social Inicial foram: quais os
movimentos básicos que acontecem nas corridas rasas de meio-fundo e fundo?
Algumas falas enfocaram a execução da saída alta, a distância a ser percorrida e o
ritmo. A pergunta seguinte foi: é importante controlar o ritmo nestas corridas? A
maioria disse que sim. Também se indagou sobre as regras que os estudantes
conheciam sobre essas corridas. Algumas respostas foram: aluna 25: “Não corre em
raia”; aluno 16: “Não tem bloco de saída”.
Na Problematização foram feitas as seguintes questões reflexivas: será que é
fácil ou difícil realizar as corridas rasas de meio-fundo e fundo? A maioria respondeu
que é difícil e alguns relacionaram essa dificuldade com a distância a percorrer e a
técnica. Na sequência, indagou-se a respeito da superação das dificuldades ao
executar essas corridas. A discussão teve como ponto central a necessidade de
praticá-las.
A Instrumentalização se concretizou pela experimentação prática de atividades,
realizando-se reflexões.
Nesse contexto, vale ressaltar que, no processo de construção do
conhecimento, a mediação pedagógica é extremamente importante para que os
estudantes alcancem êxito na aprendizagem, sendo assim, ao perceber que o
interesse de alguns educandos havia diminuído comparando-se com as aulas sobre
as corridas rasas de velocidade, estimulei bastante a realização das atividades.
A Catarse ocorreu mediante as discussões, momento em que os educandos
manifestaram a apreensão dos conhecimentos sobre essas corridas, percebendo a
importância do ritmo. Na reflexão sobre a primeira atividade prática da unidade
didática (corrida contra o relógio), alguns estudantes disseram que se cansaram
depressa porque fizeram muito rápido. Já na segunda vez que fizeram a mesma
atividade, houve comentários que se cansaram menos porque controlaram o ritmo.
A Prática Social Final se manifestou pelos comentários, observando-se o
interesse dos educandos em participar de competição fora do contexto escolar.
TEMA 4: SALTOS DO ATLETISMO
O objetivo da 22ª e 23ª aulas foi possibilitar a compreensão sobre as
características básicas das técnicas do salto em distância, as regras básicas e
também alguns aspectos históricos, refletindo a respeito das mudanças ocorridas ao
longo dos anos.
Na Prática Social Inicial foram realizadas as questões: quem já participou de
competição de salto? Nove estudantes responderam que sim. Quais os movimentos
básicos que acontecem no salto em distância? Os educandos mencionaram a
corrida, a impulsão e o salto. A questão seguinte foi sobre as regras que conheciam
sobre essa prova olímpica. Alguns educandos comentaram os conhecimentos
cotidianos que tinham sobre o assunto, sendo que, um deles se referiu a situação de
não poder executar o impulso além da linha de impulsão. A outra questão foi
referente aos aspectos históricos que conheciam sobre o salto em distância. O aluno
15 falou: “Usavam bastão na mão”.
A Problematização envolveu as questões: é importante aprender saltar? Por
quê? Alguns estudantes disseram que é importante e apresentaram justificativas
referentes a competições e situações diárias. Também se indagou sobre a
importância do salto em distância no atletismo e uma aluna comentou que a
importância se refere à questão de ter oportunidades no esporte.
A Instrumentalização foi desenvolvida mediante estudo de texto, atividades
escritas, exibição de vídeos e também foi feito um jogo com questões sobre o salto
em distância, sendo que este despertou muita empolgação entre os estudantes.
A Catarse ocorreu por meio da linguagem oral e escrita, momento em que os
alunos manifestaram a apropriação dos conhecimentos científicos.
A Prática Social Final foi percebida pelo interesse dos estudantes em aprender
mais sobre o salto em distância.
O objetivo da 24ª e 25ª aulas foi propiciar a vivência e compreensão do salto
em distância (movimentos e regras básicas).
Na Prática Social Inicial foram feitos os questionamentos: quais os movimentos
básicos que acontecem nos saltos em distância? Algumas falas foram: aluno 6:
“Correr, impulsão e passada no ar”; aluna 25: “Técnicas: grupado e arco”, de modo
que esta mencionou duas técnicas estudadas na aula anterior. A pergunta seguinte
foi sobre as regras que os estudantes conheciam sobre essa prova olímpica.
Algumas respostas foram: aluno 16: “Não pode passar da linha de impulsão”; aluna
14: “É usada uma perna na impulsão”.
As questões reflexivas utilizadas na Problematização foram: será que é fácil ou
difícil fazer o salto em distância? Por quê? Quinze estudantes responderam que é
difícil e alguns alegaram que a dificuldade está relacionada a uma boa velocidade e
a impulsão. Como superar as dificuldades encontradas? As respostas indicaram a
necessidade de vivenciá-lo na prática, ampliando-se, assim, a discussão sobre o
local que seria feito o mesmo.
O encaminhamento pedagógico na fase de Instrumentalização se realizou com
a experimentação de atividades práticas. As atividades envolvendo situações
desafiadoras despertaram muita empolgação por parte dos estudantes.
A Catarse aconteceu durante as discussões, momento em que os estudantes
expressaram avanços na aprendizagem. Ao questionar a respeito dos movimentos
básicos do salto em distância, os estudantes fizeram comentários sobre as
características das fases do salto e também citaram os estilos técnicos. Ao perguntar
sobre as regras e aspectos históricos, houve respostas como: aluna 10: “Não pode
pisar além da tábua de impulsão”; aluna 25: “O salto é medido a partir do toque mais
próximo na areia até a tábua”; aluno 16: “Antigamente usavam halteres de pedra nas
mãos”.
A Prática Social Final se manifestou pelo interesse dos alunos em vivenciar o
salto em distância na escola e também na pista de atletismo.
O objetivo da 26ª aula foi propiciar a vivência e compreensão do salto triplo
(movimentos e regras básicas), estabelecendo-se comparações com o salto em
distância.
Na Prática Social Inicial foram feitos os questionamentos: conforme as aulas
realizadas sobre o salto em distância, como este salto foi executado? Algumas
respostas foram: aluno 19: “Corria e pulava com o pé direito fazendo movimento dos
braços”; em seguida, o aluno 27 falou: “Ou pular com o pé esquerdo”. Nesse
momento se ampliou a discussão a respeito do pé de impulsão utilizado no salto.
Quais os movimentos básicos que acontecem no salto triplo? Apenas cinco alunos
disseram que ouviram falar em salto triplo e um deles comentou que esse salto tem
como característica a passagem por três etapas. Questionou-se também sobre as
regras que os estudantes conheciam sobre essa prova olímpica. O aluno 8
respondeu: “Saltar três vezes”.
As questões reflexivas utilizadas na Problematização foram: será que o salto
triplo é mais fácil ou mais difícil do que o salto em distância? Os estudantes
responderam que não sabiam. Será que é fácil ou difícil fazer o salto triplo? Por
quê? Novamente responderam que não sabiam, alegando ainda não ter estudado
esse tipo de salto. Também se indagou sobre como superar as dificuldades ao
executar o salto triplo. As respostas apontaram a necessidade de praticá-lo.
Na Instrumentalização foram realizadas atividades práticas, encaminhando-se
reflexões no desenvolvimento destas.
A Catarse ocorreu no momento em que os educandos demonstraram a
apropriação dos conhecimentos científicos, mediante as discussões realizadas.
A Prática Social Final se manifestou pelos comentários, observando-se o
interesse dos estudantes em aprender mais sobre o salto triplo.
Na 27ª aula objetivou-se possibilitar o conhecimento básico sobre a técnica e
regras do salto triplo, estabelecendo-se comparações com o salto em distância e
também propiciar a compreensão sobre alguns aspectos históricos, refletindo a
respeito das mudanças ocorridas ao longo dos anos.
As questões reflexivas da Prática Social Inicial foram: o que vocês aprenderam
sobre o salto em distância nas aulas anteriores? As respostas apontaram os
movimentos: correr, tomar impulsão e saltar tentando alcançar a maior distância
possível. O que é salto triplo? A aluna 7 respondeu: “Dar três saltos”. Que regras
vocês conhecem sobre o salto triplo? Os estudantes ficaram pensativos e um deles
comentou sobre o número de tentativas ao executar a prova. Que aspectos
históricos vocês conhecem sobre o salto triplo? Os educandos disseram que não
tinham conhecimento sobre esse assunto.
A Problematização envolveu as questões: é importante aprender saltar de
forma diferente? Por quê? Algumas falas foram: aluno 21: “Sim, pela utilidade” e
acrescentou: “Por exemplo: se precisar saltar um muro”; aluno 8: “Para aprender
novos tipos de saltos”. Quais as semelhanças e diferenças que existe entre o salto
em distância e o salto triplo? O aluno 1 respondeu: “A semelhança é pular em
distância e a diferença é que no salto em distância pula uma vez e no salto triplo
pula três vezes”, e, assim, se ampliou o debate.
A Instrumentalização ocorreu da seguinte forma: na aula anterior os estudantes
haviam levado um texto e atividades como tarefa para estudar em casa. Nessa aula
(27ª), houve a explicação desse texto, a correção das atividades e a exibição de um
vídeo.
A Catarse aconteceu por meio das questões orais e escritas, de modo que os
estudantes expressaram o conhecimento construído.
A Prática Social Final se manifestou pelos comentários, observando-se o
interesse dos educandos em aprender mais sobre o salto triplo.
O objetivo da 28ª e 29ª aula foi propiciar a vivência e compreensão do salto
triplo (movimentos e regras básicas), estabelecendo-se comparações com o salto
em distância.
Na Prática Social Inicial foram feitos dois questionamentos, sendo estes: quais
os movimentos básicos que acontecem no salto triplo? Entre as respostas obtidas,
citam-se: aluno 1: “Pular três vezes”; aluna 14: “Esquerda-esquerda-direita, ou
direita-direita-esquerda”. Que regras vocês conhecem sobre essa prova olímpica?
Algumas falas foram: aluna 10: “Não saltar após a tábua de impulsão”; aluna 25: “É
regra fazer os três impulsos”.
As questões reflexivas utilizadas na Problematização foram: será que o salto
triplo é mais fácil ou mais difícil do que o salto em distância? A maioria respondeu
que o salto triplo é mais difícil. Será que é fácil ou difícil fazer o salto triplo? Por quê?
A maioria respondeu que é difícil e a aluna 10 falou: “É difícil porque tem que
coordenar direita-direita-esquerda ou esquerda-esquerda-direita”. A questão
seguinte foi referente a superação das dificuldades na execução do salto triplo, de
modo que a discussão enfatizou a necessidade de praticá-lo.
O encaminhamento pedagógico na fase de Instrumentalização se realizou com
a vivência de atividades práticas e foram feitas reflexões.
A Catarse aconteceu mediante as discussões, momento em que se ampliou
entre os estudantes, a compreensão dos conhecimentos científicos.
A Prática Social Final foi percebida pelo interesse dos estudantes em vivenciar
o salto triplo na pista de atletismo.
TEMA 5: VISITA À PISTA DE ATLETISMO DA UEL
Devido à pista de atletismo da UEL estar em reforma, não foi possível a
realização do trabalho pedagógico que estava planejado na mesma, no entanto,
como alternativa pedagógica visitamos um projeto de atletismo, no Estádio do Café.
Sendo assim, os objetivos das aulas 30ª, 31ª, 32ª e 33ª foram: Oportunizar o
conhecimento sobre os implementos oficiais do atletismo e o local onde são
realizadas as competições e também propiciar a experimentação prática das provas
olímpicas estudadas nas aulas de Educação Física, possibilitando reflexões sobre
essas vivências.
Ao desenvolver a Prática Social Inicial, os educandos participaram ativamente
das discussões e foram feitos os seguintes questionamentos: quais são as provas
olímpicas do atletismo? Os estudantes citaram diversas provas olímpicas. Que
provas olímpicas foram estudadas durante o Projeto de Intervenção Pedagógica na
escola? Os educandos falaram todas as provas estudadas. Quais os locais
específicos de cada prova olímpica? A aluna 25 respondeu: “Corridas é na pista,
onde tem raias” e o aluno 27 mencionou: “Saltos e arremessos é na grama”. Quais
os implementos usados nas provas olímpicas? Só o disco não foi citado pelos
estudantes.
A questão norteadora da Problematização foi: qual a importância em conhecer
a pista e os implementos do atletismo para que haja uma aprendizagem
significativa? Algumas falas foram: aluno 6: “Para estudar”; aluna 25: “Para aprender
como se faz”.
Na fase de Instrumentalização, os estudantes conheceram os locais e
implementos das provas do atletismo, observaram atletas executando provas
olímpicas desta modalidade esportiva e vivenciaram na prática algumas delas.
A Catarse ocorreu no momento em que os alunos manifestaram a apropriação
dos saberes científicos referentes ao atletismo. Mediante as discussões, verificou-se
um avanço na compreensão do conteúdo e a satisfação dos estudantes na
realização dessa atividade extraclasse.
A Prática Social Final se manifestou pelos comentários, percebendo-se o
interesse dos estudantes em aprender mais sobre o atletismo.
Em um terceiro momento, na 34ª aula houve a finalização desse estudo,
aplicando-se o questionário final, ocasião em que se verificou a Catarse final, de
modo que esta representou o ápice do trabalho pedagógico realizado.
A primeira questão teve como foco verificar qual o entendimento que os alunos
passaram a ter sobre o atletismo enquanto conteúdo após a implementação do
projeto. Não houve diferença significativa em relação ao questionário inicial, pois
somente um aluno respondeu que atletismo é luta, ou seja, já havia ficado evidente
que o restante da turma tinha a compreensão que o atletismo é esporte.
Gráfico 9 elaborado pela professora PDE
Na segunda questão, os alunos podiam marcar mais de uma resposta para
identificar as provas olímpicas do atletismo que estudaram e vivenciaram nas aulas
do Projeto de Intervenção Pedagógica desenvolvido na escola. As provas do
atletismo mais identificadas pelos estudantes corresponderam aquelas que foram
ensinadas nas aulas, ou seja, corridas rasas de: velocidade, meio-fundo e fundo;
saltos: em distância e triplo.
Gráfico 10 elaborado pela professora PDE
Na terceira questão, foi solicitado que os alunos respondessem se realizavam
movimentos que ocorrem no atletismo nas atividades diárias. Dezoito alunos
afirmaram que sim, no entanto, nove responderam que não, de modo que estes
ainda demonstraram a falta de compreensão sobre esse assunto.
Gráfico 11 elaborado pela professora PDE
Na sequência, foi colocada uma questão aberta (quarta), a qual solicitou que os
estudantes identificassem os movimentos que ocorrem no atletismo nas atividades
que realizam no dia a dia. Embora dois alunos não tenham respondido a questão e
sete colocaram que não realizam tais movimentos nas suas atividades diárias, ao
comparar com as respostas do questionário inicial, observa-se um avanço na
compreensão desse assunto, pois a maioria conseguiu identificar a corrida, oito
alunos citaram os saltos e dois citaram a ação motora arremessar.
Na quinta questão, os alunos tinham que responder se consideravam
importante ter aulas sobre o conteúdo atletismo na disciplina Educação Física.
Assim como no questionário inicial, novamente ficou evidente a identificação da
importância desse conteúdo, uma vez que apenas três alunos responderam de
forma negativa.
Gráfico 12 elaborado pela professora PDE
Na sexta questão, foi solicitado que os alunos justificassem a resposta dada na
questão anterior (número 5). Dos três estudantes que responderam não, as
justificativas foram: aluna 18: “Não. Porque eu não gosto”; já os alunos (13 e 8)
colocaram que não consideram tão importante. Os demais apresentaram respostas,
como: aluna 5: “É importante ter aulas de atletismo para sabermos mais sobre
atletismo”; aluna 24: “Porque podemos usar movimentos do atletismo no nosso dia a
dia”.
A sétima questão indagava se os alunos gostaram de aprender o conteúdo
atletismo na escola. A grande maioria respondeu que sim, demonstrando o gosto
pelo conteúdo estudado.
Gráfico 13 elaborado pela professora PDE
Na oitava questão, perguntava-se o que os alunos mais gostaram de aprender
sobre o atletismo nas aulas do projeto na escola. Apenas um aluno não citou
nenhuma das provas do atletismo e outro colocou uma prova que não foi vivenciada
no projeto. Os demais exemplificaram as provas do atletismo estudadas, sendo que
a maioria classificou as corridas rasas de velocidade como a prova que mais
gostaram, depois o salto triplo foi a mais citada.
Mediante as análises e reflexões realizadas ao longo da intervenção
pedagógica, constatou-se que os estudantes se apropriaram do conhecimento
científico referente ao conteúdo atletismo, ressaltando a importância do processo
ensino-aprendizagem estar pautado em uma perspectiva crítica.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na contemporaneidade uma educação transformadora se faz necessária para
atender as exigências educacionais e sociais atuais.
Sendo assim, nesse estudo discutiram-se as barreiras existentes no ensino do
conteúdo atletismo no ambiente escolar e as possibilidades pedagógicas de ensiná-
lo com qualidade, utilizando procedimentos metodológicos que ultrapassassem as
dimensões tradicionais do ensino.
Partindo dessas considerações, a pesquisa teve como objetivo geral a
elaboração de uma possibilidade de sistematização do ensino do atletismo nas aulas
de Educação Física, estando fundamentada na pedagogia histórico-crítica.
Nesse sentido, mediante a proposta de sistematização do ensino do atletismo
que foi implementada, constatou-se ao longo do processo pedagógico, a
possibilidade de ensinar o conteúdo atletismo nas aulas de Educação Física na
escola, mesmo com as adversidades existentes, uma vez que as aulas tiveram como
foco o conhecimento das provas olímpicas do atletismo (corridas rasas de
velocidade: 100 m, 200 m e 400 m; corridas rasas de meio-fundo: 800 m e 1.500 m e
fundo: 5.000 m, 10.000 m e a maratona – 42.195 m; salto em distância e salto triplo)
e não o rendimento destas.
A condução do processo ensino-aprendizagem partindo do conhecimento
cotidiano dos educandos, instigando-os a atuar ativamente nas aulas, por meio de
explicações, análises e buscando soluções para as situações problematizadoras,
possibilitou a aprendizagem do conteúdo de forma mais significativa.
A proposta metodológica adotada propiciou o planejamento metódico das
ações pedagógicas, promovendo a contextualização do conteúdo, possibilitando
mais envolvimento dos educandos no processo de construção do conhecimento
científico, levando-os a se perceberem enquanto sujeitos históricos, que podem
interferir no meio social e promover mudanças.
No desenvolvimento do método dialético: prática-teoria-prática, buscou-se uma
prática pedagógica dinâmica, encaminhando o ensino do atletismo com situações
desafiadoras, despertando nos educandos mais interesse pela aprendizagem do
conteúdo e, consequentemente, resultando em uma participação mais ativa nas
aulas, de modo que o interesse ultrapassou os limites da escola e duas alunas se
integraram em treinamento dessa modalidade esportiva fora do ambiente escolar,
incorporando, assim, esse aprendizado em sua realidade vivida.
No encaminhamento pedagógico das aulas aconteceu a superação de
dificuldades como: a falta de materiais pedagógicos e espaços apropriados para o
desenvolvimento do conteúdo, viabilizando-se, dessa forma, o conhecimento
científico referente ao atletismo aos estudantes, tendo em vista a importância desse
aprendizado na sua formação.
Por razões pedagógicas, ocorreram algumas mudanças nas aulas planejadas
na unidade didática, sendo importante salientar, que o ensino do conteúdo neste
método, demanda mais tempo devido as reflexões, de modo que houve atividades
práticas e vídeos que não foram desenvolvidos nas aulas.
Este estudo traz como reflexão a importância do ensino do atletismo estar
pautado em uma perspectiva crítica, a qual propiciou a ressignificação desse
conteúdo, possibilitando a construção do conhecimento em múltiplas dimensões, de
modo que o processo educativo passou a ter mais significado e sentido para os
sujeitos envolvidos.
Sugere-se que outros estudos sejam realizados aprofundando o referencial
teórico-metodológico acerca do atletismo na escola.
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