O conceito de “natureza”:
A natureza de alguma coisa é aquilo que ela é.
Aquilo que surge, que se dá por nascimento.
A natureza é, por exemplo, a essência e as propriedadescaracterísticas de cada ser, a virtude e qualidade das coisas. (Dicionário da Língua Portuguesa – Porto Editora)
Como era Jesus na eternidade, qual era sua natureza?
Jesus é o eterno filho de Deus (eterno não é só o quenão tem fim, mas é também o que não teve começo), que assumiu a natureza humana para nossa redenção.
“Quando passamos a estudar a pessoa e a obra de Cristo, estamos bem no centro da teologia cristã”Millard Erickson
Jesus Cristo é a revelação final de Deus.
Aquele que quer conhecer qualquer tema da espiritualidade e devoção verdadeira deve conhecerJesus, em que toda plenitude da divindade habitacorporalmente.
“Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos home
ns, conforme os rudimentos do mundo e não segundoCristo; porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a
plenitude da Divindade”. Colossenses 2.8-9
Em Cristo, temos duas naturezas em uma só pessoa;
1 - Cristo é verdadeiramente Deus.2 - Cristo é verdadeiramente humano.3 - Cristo é uma só pessoa.
Há nele duas naturezas, divina e humana, naturezasdiferentes, mas “inconfundíveis e imutáveis, indivisíveis e inseparáveis”.
A NATUREZA DIVINA DE JESUS CRISTOO Evangelho de João é, sem dúvida, notório por suasreferencias a divindade de Jesus.Logo no inicio João expressa essa idéia:"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus,e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus.Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, s
em ele, nada do que foi feito se fez. A vida estava nelee a vida era a luz dos homens”. João 1.1-4
O livro de Hebreus é extremamente enfático a respeito da divindade de Jesus.“Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exatado seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas,”
Hebreus 1.3
O argumento aqui é que o Filho é superior aos anjos(1.4 - 2.9), a Moisés (3.1-6) e aos sumos sacerdotes(4.14-5.10).
Ele é superior porque não é meramente humano ouum anjo, mas por ser mais elevado, ou seja, Deus.
Em Colossenses 1.15-20, escreve que o Filho é a imagem do Deus invisível (v.15); é aquele em quem, por meio de quem, e para quem todas as coisassubsistem (vs. 16-17).
No versículo 19, Paulo leva a uma conclusão: “Porquefoi da vontade de Deus que nele habitasse toda a plenitude”.
O que é “natureza” humana?A natureza humana é o que nos torna distintamentehumanos.
A Bíblia ensina que os seres humanos foram criados"muito bons" por um Deus amoroso (Gênesis 1:31), mas que a bondade foi manchada pelo pecado de Adão e Eva.Posteriormente, toda a raça humana foi vítima da natureza do pecado.
A NATUREZA HUMANA DE JESUS CRISTO
1 - Se Jesus não tivesse assumido uma humanidade, não poderia haver salvação.
A validade e aplicação da obra realizada na cruzdependem da realidade de sua humanidade, assimcomo sua eficácia depende da genuinidade de suadivindade.
2 – Se Jesus não fosse um ser humano real, nãopoderia realizar o tipo de obra de intercessão.“Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornassesemelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pel
os pecados do povo.Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é pode
roso para socorrer os que são tentados”. Hebreus 2.17-18
3 - Jesus sendo humano foi tentado, então ele podecompreender e ajudar os homens em suas lutas."Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadece
r-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas,
à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confaidamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em
ocasião oportuna”. Hebreus 4.15-16
"A encarnação do Verbo não foi uma teofania. (manifestação de Deus aos homens)Foi sim uma forma humana definitiva e permanenteque o Verbo tomou para si.A encarnação lhe trouxe um corpo real que podia nãosomente ser visto e ouvido, mas também tocado, e que veio a ser passível de sofrimento, morte e ressurreição”. Heber Campos, A pessoa de Cristo; as duas naturezas do Redentor - pg. 77
“Veio para salvar a todos mediante a suapessoa, todos, digo, os que por sua obra, renascem em Deus, crianças, jovens e adultos. Eis porque passou por todas as idades, tornando-se criança com as crianças, santificando as crianças; com osjovens santificando os que tinham a mesmaidade, tornando-se ao mesmo tempo paraeles modelo de piedade, de justiça e de submissão;…
…da mesma forma se tornou adulto entre os adultos, para ser em tudo mestreperfeito, não somente quanto a exposiçãoda verdade, mas também sendo modelopara eles. E chegou até a morte por sero primogênito entre os mortos e ter a primazia em tudo, o iniciador da vida, anterior a todos procedendo a todos”.
Irineu de Lion - “Adversus Haereses” (Contra as Heresias), II. 22.4,
Por sua desobediência, o primeiro Adão introduziu o pecado e a morte, mas, por sua obediência, o segundo Adão, Cristo, reintroduziou a graça e a vidaeterna aos redimidos por ele.
Adão em um ambiente perfeito e sem pecado pecou, mas Jesus em um contexto inóspito, dominado pelopecado,não pecou.
Jesus foi perfeitamente obediente.
O NASCIMENTO VIRGINAL E SUA NATUREZA HUMANA
O Filho eterno do Pai, a segunda pessoa da Trindade, não teve começo e não terá fim, mas o Filhoencarnado – o filho de Davi, o filho de Maria, o Messias – teve um começo no tempo e no espaço.
1) A Palavra eterna (João 1.1) é referida frequentemente como“Filho”; e neste sentido ele é o Filho eterno do Pai eterno. 2) Jesus Cristo, o filho de Davi e filho de Maria, que é o Deus-homem encarnado, é referido como o “Filho” de Deus; e nestesentido ele é o histórico e encarnado Filho do Pai, concebidopelo Espírito Santo e nascido de Maria (João 1.33-34, 49). 3) O Messias crucificado, assunto ao céu e exaltado, que reina, é também referido, de maneira distinta, como o “Filho” de Deus; e neste sentido ele é o ressurreto e triunfante Filho do Pai(Romanos 1.3-4; Hebreus 4.14).
O relato de Lucas sobre este milagre – O GRANDE MILAGRE, como C. S. Lewis o chamou – é fascinante.Lucas 1.26-35
A concepção de Jesus na virgem Maria foi singular na históriada humanidade.
A encarnação foi um evento milagroso que envolveu a uniãoentre divindade e humanidade.
O Espírito Santo realizou a concepção no interior de Maria semo envolvimento de qualquer pai humano, porém, ainda maisnotável, foi a união das naturezas divina e humana em Jesus, de tal modo que o ente gerado seria o filho de Maria (Lc 1.31) e o filho de “Davi, seu pai” (v. 32), enquanto seria também o “Filho do Altíssimo” (v. 32), o “Filho de Deus” (v. 35).
“Descerá sobre ti o Espirito Santo, e o poder do Altíssimo teenvolverá com a sua sombra; por isso, também o ente santoque há de nascer será chamado filho de Deus” Lucas 1.35
Assim como o primeiro Adão foi criado sem pecado, o segundo(novo) Adão, Jesus Cristo, também foi gerado pelo Espirito sempecado, marcando assim o surgimento da nova criação.
Assim a negação do nascimento virginal faz parte, tipicamente, da negação da divindade de Cristo.
A Natureza do “Autoesvaziamento" do Filho eternoVisto que a natureza divina em Jesus era eterna e infinita, enquanto a sua natureza humana era criada e finita, uma das questões é: Como estas duas naturezas podiam coexistir emuma única pessoa?
Jesus seria verdadeira e genuinamente humano se tivesse, emsua experiência humana, poder, conhecimento, sabedoria e presença espacial ilimitados?
"Tende em vós o mesmo sentimento que houvetambém em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em
forma de Deus, não julgou como usurpação o ser iguala Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a
forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si
mesmo se humilhou, tornando-se obediente até àmorte e morte de cruz.” Filipenses 2.5-8
1 – Paulo deixa claro que Jesus Cristo, como filhoeterno do Pai, é plenamente Deus.Paulo escreve que Cristo existia “em forma [morphe] de Deus” (v. 6), “a forma [morphe] de servo” (v. 7),“Jesus, sendo a “forma de Deus”, existe em suaprópria natureza como Deus, tendo a substânciainterior divina que somente Deus tem.
“Nada é igual a Deus, exceto Deus!”
Cristo é “a expressão exata” da natureza de Deus (Hebreus 1.3).“Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exatado seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas,” Hebreus 1.3
2 - Visto que Cristo é plenamente Deus, ele não podecessar de ser Deus.“Cristo, sendo plenamente Deus, possuindo a própria
natureza de Deus e sendo plenamente igual a Deus, em todos os aspectos, não insistiu em se prender a todos os privilégios e benefícios de sua posição de igualdade com Deus (o Pai) e, por meio disso, nãorecusou a aceitar sua vinda como homem.”
Como Cristo se esvazia para se tornar homem-servo?Cristo se esvaziou assumindo a forma de servo. Sim, ele se esvazia por assumir; se esvazia por acrescentar.Cristo Jesus, existindo e permanecendo plenamente quemele é como Deus, aceita sua chamada divina para vir aomundo e cumprir a missão que o Pai lhe designou.Paulo explica - “Sendo rico, [ele] se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos” II Corintios 8.9
A OBEDIENCIA DO FILHO ETERNO COMO HOMEMDepois de explicar o próprio autoesvaziamento, Paulo escreve: “Reconhecido em figura humana, a si mesmose humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (vs. 7-8)
As palavras de Jesus registradas em João 6.38: “Porque eu desci do céu, não para fazer a minhaprópria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou”.
Este Filho eterno, que existia em substância de Deus e era totalmente igual a Deus, assumiu a nossa naturezahumana precisamente para que experimentasse o sofrimento, a aflição, a rejeição, a crucificação e a morte que experimentou, tudo isso porque o Pai o enviara para cumprir sua missão salvadora e redentora.
Que grande Salvador é nosso Senhor Jesus Cristo!
Quão admirável foi sua obediência e quão grande foi o seu amor!
Que apreciemos cada dia a beleza e a agonia desteFilho eterno, que se tornou o Filho encarnado – e fez isso com o propósito de sofrer a morte para a nossasalvação e redenção.
APLICAÇÕES PARA NÓS1 - A doutrina do nascimento virginal é a afirmação da natureza sobrenatural da salvação, que ocorre semqualquer intervenção humana.
Se hoje somos salvos, somos por que o Pai, enviou o Filho e que por intermédio do Espirito Santo nos da a salvação sem qualquer participação nossa.
2 - A resposta de nosso coração a pessoa de Cristo.Não podemos minimizar a magnitude do que Jesus fez, se deixarmos de perceber o tipo de obediênciaque ele prestou e a extensão a que se dispôs a ir paragarantir o cumprimento da vontade de seu Pai.Que nossa mente receba maior compreensão, paraque nosso coração seja cheio de afeições maisprofundas sobra a Encarnação de Deus.
3) Devemos reconhecer o imperativo inicial de Paulo, ele nos chama à ação.Nunca devemos esquecer que este admirável retratoda humilhação de Cristo, é dado para ilustrar o que elemanda os crentes fazerem.“Tende em vós o mesmo sentimento que houvetambém em Cristo Jesus”
4 - Devemos adorar a Cristo, Deus.Devemos dobrar nossos joelhos e adorar a Cristo Jesus, comofizeram os magos.“Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação;” Colossenses 1.15.Eternamente divino, revelando a graça e a verdade da Trindadea nós.Em sua natureza humana, Jesus nos mostra como viver.No poder do Espirito, a imagem de Deus, com a qual fomoscriados, e é renovada dia a dia, por isso somos chamados a segui-lo e imitá-lo.
5 - Atentem! este é o sinal :No cocho em fraldas, muito malDeitado está o que mantémO céu e a terra, e os sustém.
6 - Ó vinde todos jubilarCom os pastores adorarOlhai o que Deus Pai nos deuO bem-amado Filho seu.
Martinho Lutero – Natal de 1535 – “para meus filhos”
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