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"Nunca fui ver Guerradas Estrelas. Por issodesta vez vou ver"Por Hank Stuever 11/12/2015 - 08:02
Aproxima-se o dia em que George Lucas se vaisentar numa sala de cinema e as palavras “A long
time ago, in a galaxy far, far away” surgirão no
ecrã. Nos créditos de O Despertar da Força, o seu
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Ah, sim. Estamos no rancho em Nicasio, Califórnia.
Sintam como passa ela por dentro de nós. Pelo portão, a
estrada, as colinas, as árvores, as vinhas. Por mim, porele, pela casa. Iluminados seres nós somos. Tudo isto foi
construído nos anos 80 com pilhas do dinheiro do
primeiro Guerra das Estrelas (/guerra-das-estrelas) ,
mas o edifício principal foi desenhado de forma a
parecer várias décadas mais antigo, mais grandioso,
vitoriano – uma imitação, resplandecendo ao sol do
condado de Marin.
Num pequeno corredor que parte do salão de entrada
estão duas discretas prateleiras tapadas com vidros e
que contêm aquilo que esperaríamos ver quando, ou se,
conseguíssemos passar pelos seguranças do Rancho
Skywalker: o punho do sabre de luz de Darth Vader, o
cálice sagrado de Indiana Jones, esse tipo de coisas. Os visitantes por vezes ficam desapontados por este local
não estar pejado de artefactos desse género.
Andava eu a bisbilhotar (admirando todas as outras
obras de arte, incluindo Shadow Artist , quadro de 1920
de Norman Rockwell), eis senão quando George Lucas,
o realizador e produtor de 71 anos, surge
silenciosamente, de ténis brancos e jeans descorados e
aquele impressionante penteado de cabelo grisalho à
Pompadour.
“Eu actuo na sombra”, explica Lucas, e nos dias que
correm ele está mais familiarizado com a escuridão do
espaço longínquo. “Assim que se sai do centro da acção
toda a gente se esquece de nós – e não há problema
nisso.”
nome não aparece. A sua criação tomou o seu
próprio caminho.
http://www.publico.pt/guerra-das-estrelas
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Neste momento em particular é estranho
ser o pai de Guerra das Estrelas. Um
olhar mais cuidadoso aos créditos de
Guerra das Estrelas: O Despertar da
Força, o sétimo episódio da saga –
realizado, ampliado e recarregado por J.J.
Abrams – permite-nos notar que o nomede Lucas não aparece em lugar algum, a
não ser que contemos com a palavra
“Lucasfilm”.
Após vender a Lucasfilm Ltd. à Disney, há
três anos, por uns inacreditáveis quatro
biliões de dólares norte-americanos (numnegócio que incluiu a cedência de Guerra
das Estrelas, Indiana Jones, enfim, tudo),
Lucas não teve qualquer ligação ao novo
filme, apesar de algumas notícias do início
do processo indicarem que teria um papel
de consultor. Lucas diz que a Disney
“decidiu que não gostava” das históriasque ele tinha esboçado para as sequelas.
Tornou-se claro para ele que a sua criação
ia tomar o seu próprio caminho, e ia fazê-
lo à velocidade da luz. A Disney está agora
a construir dois imensos parques
temáticos de diversões sobre a Guerra das
Estrelas e tem em desenvolvimento outros
projectos cinematográficos – para além dos episódios
VIII e IX.
“Eu diria que foi como um divórcio”, diz Lucas de forma
directa e sincera. Ele sempre soube que haveria de
chegar uma altura em que teria de se separar de Guerra
das Estrelas para que o franchise pudesse continuar esobreviver.
Lucas desejava umfilme que ensinasse às
crianças a ética docerto e do errado, dobem e do mal. “Queriaver se conseguia
influenciar as vidasdeles numa alturaparticular, em queestão vulneráveis. A
última vez quetínhamos feito issotinha sido com oswesterns”
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“Isso de andar a controlar o trabalho de outros é coisa
que não existe”, continua. “Ou se é um ditador ou não. E
trabalhar dessa maneira nunca resultaria, por isso
pensei ‘É melhor divorciar-me’. Sabia que não deveria
envolver-me. Só os iria martirizar. Ia-me martirizar.
Provavelmente iria estragar uma visão – o J.J. tem uma
visão, e é a visão dele.”
Até há poucas semanas, enquanto os fãs deliravam com
pequenos pedaços de informação e as apresentações de
O Despertar da Força, Lucas ainda não tinha visto o
filme. Nem um único fotograma.
Esperava vê-lo em breve aqui no rancho (“Tenho omelhor cinema do Mundo”, refere), talvez até na
companhia de Abrams e da directora da Lucasfilm Ltd.
Kathleen Kennedy (colaboradora de Lucas há muitos
anos), que veriam como ele veria o filme. O que
aconteceu?
“Agora tenho que enfrentar uma situação embaraçosa,e por mim tudo bem”, declara Lucas. Desenvolvendo a
metáfora, explica que é como quando um filho adulto se
casa. “Tenho que ir ao casamento. A minha ex-mulher
(//imagens9.publico.pt/imagens.aspx/1013509?tp=UH&db=IMAGENS)
SUNSET BOULEVARD/CORBIS
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vai estar lá, a minha actual mulher vai estar lá, por isso
vou ter que respirar fundo e portar-me bem e aguentar
e simplesmente desfrutar o momento, porque as coisas
são como são e foi uma decisão que tomei de forma
consciente.”
epifania
Sendo um miúdo que cresceu em Modesto (Califórnia),
George Walton Lucas Jr. era louco por carros e corridas,
e a escola secundária não lhe dizia nada, excepto
quando se desmontava motores de origem europeia nas
aulas de mecânica.
Todos os filmes que mais tarde escreveu, realizou e/ou
produziu celebraram e homenagearam a ideia do piloto
dotado e por vezes irresponsavelmente destemido. Isso
vê-se quando o jovem Robert Duvall, numa moto,
despista os andróides agentes da polícia no seu filme de
estreia, a elegante distopia de THX 1138 (de 1971), ouquando os adolescentes se aventuram em corridas
ilegais de drag cars no inesperado sucesso de 1973
American Graffiti , ou quando Han Solo se esgueira por
um campo de asteróides em O Império Contra-Ataca
(1980), ou quando Anakin Skywalker consegue
recuperar até à vitória numa corrida de naves em
Tatooine em A Ameaça Fantasma (1999). (Numdiálogo revelador em O Império Contra-Ataca, R2-D2
pergunta a Luke Skywalker se ele quer colocar o caça X-
Wing em piloto-automático durante a viagem para o
planeta de Yoda, Dagobah: “Não é preciso”, responde
Luke. “Gostava de manter o controlo manual durante
um bocado.”)
Após ter sofrido um grave acidente de viação aos 18
anos (foi abalroado lateralmente quando conduzia um
Fiat Bianchina amarelo), de repente teve uma epifania:
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“Percebi de que talvez devesse prosseguir os estudos.”
Inscreveu-se numa “community college” [institutos de
educação pós-secundária com entrada e preços
acessíveis] e depois para a faculdade de Cinema da
University of Southern California, onde, como muitos
outros nos anos 60, ficou obcecado com os filmes
experimentais.
Era praticamente impossível conseguir emprego na
indústria cinematográfica, recorda Lucas, pelo que ele e
o seu amigo Francis Ford Coppola formaram a sua
própria produtora, Zoetrope Studios, numa era em que
outros “jovens turcos” (Martin Scorsese, Steven
Spielberg, etc.) estavam empenhados em mudar osector para sempre.
Tendo hoje em conta mais de quarenta anos de
perspectiva e história do cinema, poderá ser difícil
imaginar o que teriam em comum Coppola e Lucas.
“Partilhávamos muitas ideias acerca de como a
indústria poderia ser diferente [e] funcionar de formadiferente, com vista ao objectivo de fazer filmes ‘mais
pessoais’”, relembra Coppola. “Quando vi os filmes que
ele tinha feito na universidade, fiquei imensamente
impressionado com o que aquele jovem tímido e
discreto conseguia fazer.”
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Após Coppola ter realizado O Padrinho e Lucas ter
dirigido THX 1138, ambos estavam ansiosos porcolaborar num filme acerca da Guerra do Vietname
(que acabaria por ser Apocalypse Now de Coppola),
mas Francis desafiou o seu amigo para que a seguir
fizesse uma comédia.
Lucas aceitou o repto e fez American Graffiti , um filme
sincero e sentido, vagamente baseado nas suas própriasexperiências, acerca de um jovem (Richard Dreyfuss)
que conduz o seu carro pelas ruas de Modesto uma
última noite antes de, em princípio, se ir embora para a
universidade.
Nas salas de cinema, American Graffiti fez recuar o
tempo apenas uma década, mas para os espectadores
que tinham assistido e sentido o tumulto do final dos
anos 60, American Graffiti dava a sensação de que já
tinha passado um século. A banda sonora, um duplo
álbum recheado com clássicos do início da década de
60, vendeu milhões de exemplares.
Vivemos num tempo de constantes revisitações e
reminiscências (está toda a gente numa onda dos anos
80 – até O Despertar da Força joga com a nostalgia,
com Han Solo septuagenário e Chewbacca com pêlos
brancos). Mas a nostalgia nunca foi realmente o seu
objectivo, contrapõe Lucas. As suas disciplinas favoritas
na universidade eram Psicologia, Antropologia e
Sociologia – e ainda o são. Pensou o seu filme quase
como um documentário, ume elegia a coisas como DJ
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Lucas vendeu a Lucasfilm Ltd. à Disney, há três anos, por quatro biliões dedólares (negócio que incluiu a cedência de Guerra das Estrelas, IndianaJones, enfim, tudo), e não teve qualquer ligação ao novo filme MARCBAPTISTE/WASHINGTON POST
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numa altura muito particular, em que estão muito
vulneráveis”, recorda, “e fornecer-lhes as coisas que
sempre demos às crianças ao longo da História. A
última vez que tínhamos feito isso tinha sido com os
westerns. E assim que os westerns desapareceram, não
havia qualquer veículo para dizer ‘Não se mata pessoas
pelas costas” e coisas desse género.”
Mas acima de tudo queria fazer “um filme a sério. Tudo
o que fizera até então tinha sido de baixo orçamento, a
despachar, filmado no meio da rua. Nunca tinha feito
nada num estúdio de gravação. Queria construir
cenários... trabalhar com cenógrafos e directores de
fotografia e… tudo isso.”
Segundo conta a lenda de Guerra das Estrelas, Lucas e
toda a gente na Fox se prepararam para o falhanço do
filme. Tinha custado cerca de 11 milhões de dólares; o
estúdio já estava com graves problemas financeiros. A
estreia teve lugar na quarta-feira anterior ao fim-de-
semana do feriado do Dia dos Veteranos de 1977, em 32salas.
Tem idade suficiente para se lembrar? Tem a sorte de se
lembrar?
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SUNSET BOULEVARD/CORBIS
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Não das reposições, não das repetições nos canais de TV
por cabo, nem das milhentas vezes que todos vimos em
ecrãs tão grandes como um IMAX ou tão pequenos
como o de um iPhone, mas sim da primeiríssima vez
que passou nos cinemas de duas salas ou nos drive-ins.
As palavras a espalharem-se por um campo de estrelas,
a câmara baixa em panorâmica para o planeta deserto,o couraçado imperial parece que desce quase até tocar
nas nossas cabeças com os seus canhões de “laser” a
disparar contra o cruzador da princesa Leia.
Ficámos com a cabeça a andar à roda. Saltemos agora
para o hiperespaço, avançando e esbatendo a história,
essencialmente porque já a conhecemos de cor.
Após Guerra das Estrelas, o blockbuster tornou-se
numa significativa exportação dos Estados Unidos. Os
artistas e os técnicos que trabalhavam para as empresas
de efeitos especiais e bandas sonoras de Lucas
melhoraram sistematicamente a experiência de ir ao
cinema, não apenas nos gigantes do Verão mas em todaa linha – na forma como todos os filmes ficaram mais
limados, na maneira como as salas de cinema rugiam e
ecoavam. O laborioso trabalho de stop-motion e de
modelos deu lugar a imagens geradas por computador.
Quando Spielberg fez Parque Jurássico em 1993, isso
assinalou a Lucas que as ferramentas digitais estavam
preparadas para enfrentar a épica história anterior aGuerra das Estrelas, acerca da queda dos nobres
cavaleiros Jedis e da ascensão do maléfico Império
Galáctico.
Ou, como diz Lucas: “Haveria finalmente maneira de
colocar o Yoda a lutar com uma espada?”
Havia, mas tal significou abrir a caixa de Pandora.
Lucas poderia não estar preparado para o nível de
antecipação e fervorosa devoção que aguardava as
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prequelas – os rumores online (as notas de produção do
secretíssimo estúdio de filmagens de A Ameaça
Fantasma estavam a aparecer nos primeiros blogues da
Internet), os fãs ansiosos, o som dos críticos de cinema
a afiarem as suas facas.
O seu primeiro passo foi fazer uma revisãodigital dos antigos filmes da trilogia
Guerra das Estrelas e voltar a passá-los
nas salas de cinema em 1997. Defende
ferrenhamente o direito de um artista
regressar aos seus trabalhos anteriores e
reformulá-los, razão pela qual a Lucasfilm
limpou as linhas mate visíveis nas batalhas espaciais da trilogia original e
acrescentou mais criaturas e humanóides
nas cenas de multidão. Foi como levar um
carro remodelado para dar uma volta.
Também regressou a algumas cenas que
sempre o haviam incomodado,particularmente no filme de 1977: quando
Han Solo (Harrison Ford) é ameaçado por
Greedo, um caçador de recompensas que
trabalhava para o gangster viscoso Jabba
the Hutt, Han alcança a sua pistola de
raios e atinge Greedo de surpresa por
baixo de uma mesa de um bar.
Na nova versão, é Greedo que dispara primeiro, uma
fracção de segundo antes. Fãs profundamente ofendidos
consideraram isto como um sacrilégio; Lucas
provavelmente continuará a defender a sua opção até à
morte. Quando Han disparou primeiro, explica, foi
contra os princípios de Guerra das Estrelas.
Nunca consegui ver anave espacial aaparecer por cima [em1977]. Nunca passei poressa experiência pelaqual toda a gentepassou. Nunca fui ver‘Guerra das Estrelas’.Por isso, desta vez vouverGEORGE LUCAS
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“Han Solo ia casar com a princesa Leia, e aí olhamos
para trás e pensamos “Será que ele deve ser um
assassino a sangue-frio?’”, questiona Lucas. “Porque eu
estava a pensar a nível de mitos – ele deveria ser um
cowboy, ele deveria o John Wayne? E concluí: ‘Yeah, ele
vai ser o John Wayne.’ E quando tu és o John Wayne
não disparas contra ninguém [primeiro] – deixas queeles disparem o primeiro tiro. É uma realidade
mitológica a que espero que a nossa sociedade preste
atenção.”
As suas prequelas de Guerra das Estrelas estrearam-se
entre 1999 e 2005. Eram grandiosas e tecnicamente
impressionantes (e em conjunto obtiveram 2,5 milmilhões de dólares de receitas de vendas de bilhetes),
mas muitos consideraram-nas como desprovidas de
alma, ritmo e espectacularidade.
A reacção negativa dos fãs foi grande. Num episódio da
série cómica de sucesso da CBS A Teoria do Big Bang,
Raj recomenda ver Guerra das Estrelas naquilo a quechama “a ordem Machete” (episódios IV e V, seguidos
pelo II e pelo III como sendo lições de História, e depois
o VI), de forma a evitar as indignidades de A Ameaça
Fantasma. Em 2010 foi até feito um documentário com
o nome de The People vs. George Lucas [O Estado
Acusa George Lucas].
Para sermos justos com Lucas, é verdade que ele nunca
respondeu às provocações, mas mantém-se uma
perturbação na Força. Num recente programa Jimmy
Kimmel Live!, o anfitrião, em tom provocatório,
perguntou ao seu convidado Harrison Ford: “De quem
gostas mais, do George Lucas ou do J. J. Abrams?” A
plateia começou aos gritos. Ford fez uma pausa,mostrou algum desconforto, e respondeu: “O George
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tem sido impecável comigo. Foi o criador dos primeiros
capítulos da minha vida e deu-me a oportunidade de
efectivamente ter uma vida maravilhosa.”
Em parte para não ter de ler tudo o que de mal se disse
e escreveu sobre ele e os seus filmes, Lucas afirma que
tem evitado conscienciosamente a Internet desde 2000– no Facebook, no Twitter, até nos emails. Mas isso não
significa que ele evite as pessoas.
No mundo real, as pessoas reconhecem-no (nos lugares
mais banais, a ver um filme no cinema com a sua
mulher, ou a apresentar-se para fazer parte do júri num
tribunal, ou entrando acidentalmente no campo de
visão de alguém que estava a filmar um vídeo para o
YouTube sobre um reactor de sal fundido) e continuam
a expressar os seus sentimentos. Não para o importunar
sobre Jar Jar Binks (para que serviria isso agora?), mas
sim para lhe dizerem que já foram crianças. Para lhe
dizerem o que Guerra das Estrelas significou para eles
e o que significa para os seus filhos e para os seus netoshoje. É uma história que nunca se cansa de ouvir.
Agora está a viver sua própria sequela, os anos de Yoda.
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LUCASFILM/SUNSET BOULEVARD/CORBIS
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Em 2013, Lucas casou com Mellody Hobson (de 46
anos), executiva em bancos de investimento e activista
pela diversidade no trabalho e que também preside ao
conselho de administração da Dreamworks Animation.
Num intervalo da sessão de fotografias, com orgulho
pega no seu telemóvel para nos mostrar imagens da sua
filha de 2 anos, Everest, e sem inibições descreve ospormenores do processo de gravidez numa barriga de
aluguer que a gerou. (Após o divórcio da sua primeira
mulher em 1983, Lucas criou três filhos, hoje já adultos
– dois deles foram adoptados por ele enquanto pai
solteiro.)
Lucas prometeu publicamente que iria doar quase todaa sua fortuna, estimada em 5 biliões de dólares; muito
do seu trabalho de solidariedade realiza-se na área da
educação, com significativas doações para a faculdade
de Cinema da University of Southern California e para
as Laboratory Schools da Universidade de Chicago.
Acima de tudo, tem dedicado a sua energia ao MuseuLucas de Artes Narrativas, em Chicago, para cuja
construção já terá, segundo algumas estimativas,
contribuído com 300 milhões de dólares, mais 400
milhões de dólares para a dotação permanente.
O museu irá expor exemplos de artes populares e
narrativas do século XX – em formato papel, película eaté digital. Irá incluir alguns objectos de Guerra das
Estrelas e de outros filmes históricos, mas irá também
incorporar obras de artistas como Maxfield Parrish e
Norman Rockwell (na realidade, entre os dois, Lucas e
Spielberg são donos de quase todos os quadros de
Rockwell) e outros cujas obras foram desprezadas pelos
críticos de arte tradicionais por terem falta deprofundidade intelectual.
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“Para mim, a arte é comunicar emoções – apenas isso”,
afirma Lucas. “A arte é isso. Se não for comunicar
emoções e for apenas um exercício intelectual, então é
apenas um mapa de estradas. Ou é apenas uma planta
de um edifício, não é o edifício em si.”
“O que a arte tem de espectacular é quenos dá um sentimento acerca de alguma
coisa, ficamos com conhecimentos sobre
alguma coisa, mas não sabemos por que
razão. É muito difícil descrever a Capela
Sistina. ‘Fez-me experimentar
sentimentos e pensamentos espirituais
que nunca tinha experimentado antes.’‘Bem, o que é que queres dizer com isso?’
‘Não sei o que é que quis dizer – vais ter
de ir lá tu mesmo e ver.’ Guerra das
Estrelas era assim. As pessoas não
conseguiam descrevê-la, estavam sempre
a dizer ‘tens que ir ver, tens que ir ver,
tens que ir ver’. É como agora aquele
[musical de êxito da Broadway]
‘Hamilton’ – tens que ir ver. Por quê?... É
muito difícil tentar descrever coisas deste
género.”
Depois de se ter oferecido para construir o
museu na cidade onde reside, SãoFrancisco, Lucas cansou-se de lutar contra
os que se opunham tanto à sua
sensibilidade arquitectónica como à
localização proposta. Em Chicago está a
enfrentar uma batalha semelhante – os
críticos de arte e de arquitectura
desconfiam do projecto e da sua
localização na marginal do lago, tão
amada pela cidade. Um vereador municipal comparou o
projecto do arquitecto chinês Ma Yasong para o museu
O que a arte deespectacular é que nosdá um sentimentoacerca de algumacoisa, ficamos comconhecimentos sobrealguma coisa, mas nãosabemos por querazão. É muito difícildescrever a CapelaSistina. Guerra das
Estrelas era assim. Aspessoas nãoconseguiam descrevê-la
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