Neoliberalismo, globalização e a crise
socialista
Neoliberalismo
Para justificar essa nova fase da economia mundial, que se tornou
mais forte nos anos 80 após o colapso da URSS (União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas) e a abertura dos países comunistas, vem à tona o conceito de neoliberalismo, um discurso
econômico e político que indica uma economia com liberdade
absoluta de mercado e restrições a intervenções do Estado na
economia, sendo que este só poderia se manifestar quando fosse
imprescindível.
Duas personalidades políticas de países desenvolvidos foram
essenciais para a expansão do neoliberalismo: Ronald Reagan
(EUA) e Margaret Thatcher (Inglaterra). Após um primeiro momento de prática neoliberalista nestes países, seus fundamentos
começam a ser transferidos para a América Latina e a região
oriental da Europa. Um órgão importante neste processo foi o FMI -
Fundo Monetário Internacional -, levando o neoliberalismo a um
nível de hegemonia em escala global com suas pressões
econômicas.
Entre as principais características do neoliberalismo da época,
destacam-se a retração do Estado de Bem-Estar Social,
readaptação de direitos trabalhistas aos interesses empresariais, privatização de inúmeras empresas geridas pelo Estado e
desregulamentação de mercados. Até mesmo governos
historicamente reconhecidos por características de esquerda e
trabalhista, acabaram optando por receitas de cunho neoliberal.
Apesar da redução da inflação e dos gastos sociais, o desemprego
e a desigualdade social continuaram a crescer.
Globalização
Durante os anos 70 teve início um fenômeno chamado pelos
especialistas de Terceira Revolução Industrial. Nesse processo, a
informática tornou-se mais popular, além do impulso no que se refere ao desenvolvimento das comunicações e da
microeletrônica. Dentro deste panorama, as informações
começaram a ser difundidas de forma cada vez mais rápida por
meio de redes de computadores, fibra óptica e satélites ao redor
do planeta.
Não somente o setor da comunicação progrediu, assim como os
transportes. Com isso, empresas multinacionais expandiram-se por
vários lugares. Aproveitando-se das condições econômicas que outros países ofereciam, tais como impostos menores e grande
quantidade de mão de obra, essas empresas desenvolveram-se.
Desta forma, foi criado o conceito de globalização, que, segundo
o Dicionário Arlete, significa “processo que conduz a uma
integração cada vez mais estreita das economias e das
sociedades, especialmente no que diz respeito à produção e troca
de mercadorias e de informação”. Exemplos claros deste
fenômenos são as redes de fast-food norte-americanas espalhadas em países subdesenvolvidos da América Latina, a presença de
companhias de aviação de vários países ao redor do mundo e a inclusão de palavras estrangeiras em idiomas regionais.
A Crise Socialista
Quando a Segunda Guerra Mundial chegou ao fim, o mundo viu
nascer um novo conflito. Este seria travada entre os dois principais
vencedores da guerra, Estados Unidos e União Soviética. A diferença é que, a partir de então, a disputa seria baseada em
ideologia. Os Estados Unidos eram o país mais poderoso como
representante do sistema capitalista, enquanto a União Soviética
era a grande representante do socialismo. Ambos desfrutavam de
grande poderio militar e de prestígio por esmagar e derrotar as
tropas nazistas. É justamente por essa capacidade tão similar de
poderio militar que os dois países sabiam que não poderiam entrar
em conflito direto, sob o risco de destruição mútua. Essa nova fase da história mundial marcada por um conflito declarado, porém
impossibilitado de se tornar concreto em batalhas passou a ser chamada de Guerra Fria.
A União Soviética, por sua vez, era a grande representante do
sistema socialista. Possuía uma estrutura poderosa e uma grande
capacidade militar que rivalizava equitativamente com os Estados Unidos. A disputa ideológica constituía-se em grandes investimentos
para tentar angariar mais seguidores do sistema soviético no
mundo. Um dos grandes projetos que sofreram investimento
financeiro foi a corrida espacial, que rendeu muito prestígio aos
soviéticos. Foram eles que enviaram o primeiro ser vivo ao espaço –
a cadela Laika – e também os primeiros a fazer a primeira viagem
espacial tripulada por um homem. Durante as décadas de 1950 e
1960, a União Soviética conseguiu se equiparar aos Estados Unidos e, inclusive, apresentar momentos de superioridade, como os
exemplos da corrida espacial. Mas, a partir da década de 1970, a União Soviética apresentaria traços de crise que se tornariam cava
vez mais agudos até culminar em sua fragmentação.
A década de 1970 demonstrou ao mundo que a União Soviética já não era mais a grande rival dos Estados Unidos, sua capacidade já havia sido reduzida consideravelmente. Os sinais de esgotamento econômico começaram a aparecer e isso se tornou evidente com a divulgação de problemas graves, como a falta de alimentos. A partir daí, seguiram-se uma série de estratégias erradas que só piorariam sua situação. Logo depois, a União Soviética invadiria o Afeganistão, aumentando a crise. Esta se consolidava, pois a maior parte dos recursos estava sendo consumida pelo setor militar, a capacidade industrial – especialmente no que se refere aos bens de consumo – não dava conta de atender à população, população esta que não era consultada em momento algum e, por isso, perdia a atração pelo sistema. A falta de liberdade para expressão do povo refletia-se diretamente na produtividade do país, pois os indivíduos sentiam-se desmotivados com a realidade que viviam.
O acúmulo de problemas ao longo da década de 1970 estourou como uma bomba na década de 1980. A situação ficou ainda pior quando a população passou a ter extremas dificuldades para adquirir produtos básicos como pão ou vestimentas. Já estava muito claro que a capacidade da União Soviética de se contrapor aos Estados Unidos na Guerra Fria não era a mesma do final da Segunda Guerra Mundial. Em 1985, Mikhail Gorbatchev assume o poder na União Soviética e dedica-se a uma possível solução dos problemas. Para conseguir algum resultado, o líder soviético tenta conquistar sua população e lança dois projetos: a Perestroika e a Glasnost. O primeiro deles tratava-se de uma tentativa de restruturação econômica. Já o segundo, propunha a transparência política. A população, contudo, já estava saturada dos problemas e parte dela queria o fim por completo do regime socialista soviético. Essa falta de apoio de uma população desconfiada serviu para impossibilitar mais ainda a tentativa de reorganização.
A Crise Soviética se expandiu pelos países que integravam o bloco
socialista. A União Soviética estava saturada de problemas militares
e políticos. A população se rebelava em vários países pedindo democracia e o fim do sistema socialista. Assim foi que,
progressivamente, os países deixaram de integrar a União Soviética.
Sua completa fragmentação já não deixava dúvidas ou qualquer
esperança sobre seu futuro, a definitiva dissolução da mesma. No
auge da crise, vários países abandonaram a União Soviética. Na
Rússia, Boris Yeltsin assumiria o cargo de presidente, em 1991, e
decretaria o final da União Soviética, permitindo a criação de
novos países.
A Crise Soviética levou à dissolução da União Soviética e, por
consequência, ao término da Guerra Fria. Neste conflito, os Estados
Unidos consagraram-se como vencedores e o sistema capitalista tomou seu posto de liderança incontestada no mundo.
Prof. Altair Aguilar