NATALY GUERRA DE AZEVEDO PASCOAL
LEVANTAMENTO DA ICTIOFAUNA DAS POÇAS DE MARÉ DA PRAIA DE
FORNO DA CAL, ITAMARACÁ, PERNAMBUCO.
Monografia apresentada ao Programa de
Pós-graduação Lato Sensu – V Curso de
Especialização em Zoologia da UFRPE
como requisito para obtenção do título de
especialista em Zoologia.
RECIFE – PE
2008
3
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar ao meu Pai Do Céu, que me deu saúde e perseverança para
não desistir no meio do caminho.
Agradeço aos meus familiares pelo incentivo, carinho e muito amor,em especial
à meu pai Aurecy, minha irmã Izabelyta e minha tia Arleide.
Aos meus VERDADEIROS AMIGOS, por terem compartilhado momentos
incríveis desta caminhada tão prazerosa e inesquecível, transformando nossos
encontros em verdadeiras terapias.
Agradeço ainda a alguns componentes do laboratório de Ictiologia do
Departamento de Pesca da UFRPE, em especial a bióloga Elisabeth Cabral,
além da professora Ana Carla Asfora Al-Deir, pelo apoio, disponibilidade e
pelas informações que foram tão importantes.
Aos prestativos Pedrão e Neidinha do departamento de zoologia da UFRPE
que tão gentilmente me ajudaram na realização de algumas tarefas.
Ao Msc. Sérgio Catunda Marcelino pela orientação e serviços prestados.
Aos INIMIGOS E INVEJOSOS que por tentarem obstruir meus caminhos
apenas contribuíram para meu fortalecimento e crescimento.Lamento,mas eu
venci!
Enfim, a todos que me ajudaram a realizar este sonho, entre parentes,amigos e
funcionários.
4
SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS...............................................................................vi
LISTA DE TABELAS..............................................................................vii
RESUMO............................................................................................... .viii
ABSTRACT.............................................................................................ix
1-INTRODUÇÃO................................................................................1
2-OBJETIVOS....................................................................................3
2.1-Geral......................................................................................3
2.2-Específicos........................................................................... 3
3-ÁREA DE ESTUDO.........................................................................4
4-MATERIAL E MÉTODOS................................................................5
4.1-Em campo..............................................................................5
4.2-Em laboratório........................................................................5
4.3-Tratamento numérico.............................................................6
4.3.1-Abundância relativa......................................................6
4.3.2-Frequencia de ocorrência.............................................6
4.3.3-Classificação quanto a residência................................6
4.4-Tratamento estatístico............................................................6
4.4.1-Diversidade...................................................................6
4.4.2-Equitabilidade...............................................................6
5-RESULTADOS.................................................................................8
6-DISCUSSÃO...................................................................................14
7-CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................17
8- REFERÊNCIAS..............................................................................18
ANEXO...............................................................................................22
5
LISTA DE FIGURAS Figura 1. Vista parcial da praia de Forno da Cal.....................................4. Figura 2. Freqüência de ocorrência dos táxons.....................................11. Figura 3. Indica a densidade de peixes por meses de coleta................12. Figura 4. Representação dos índices de diversidade e equitabilidade nas poças entre os meses de coleta.......................................................................13. Figura 5. Distribuição vertical de algumas espécies de peixes intertidais observadas na praia de Forno Da Cal ,Itamaracá – Pernambuco.........13. Figura 6. Fotografia de banhistas utilizando as áreas das poças, conforme as setas indicam.........................................................................................15. Figura 7. Presença de lixo nas áreas das poças, deixado pelos banhistas que utilizam esta área como lazer................................................................15.
6
LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Lista taxonômica das espécies de peixes de poças de marés da praia de Forno da Cal..................................................................8. Tabela 2 - Abundância e frequência das espécies de peixes observadas nas poças, entre setembro de 2007 e maio de 2008........................10.
7
RESUMO
Poças de maré consistem em um ambiente que mantém trocas de
massa de água periodicamente durante as marés alta e baixa. Este ambiente
intertidal é de grande importância, não somente para as espécies de peixes,
mas para uma grande diversidade de vidas. A preservação deste ambiente se
deve ao fato dele proporcionar aos peixes um local utilizado como refúgio e
berçário, pois muitas espécies desovam e passam boa parte de sua fase inicial
nestas áreas. A presente pesquisa foi realizada entre setembro de 2007 e maio
de 2008 na praia de Forno da Cal, Itamaracá – PE, Brasil. Algumas espécies
foram capturadas com puçá de mão para identificação e outras apenas foram
visualisadas sem o sacrifício dos animais. Entre os 2.431 indivíduos
analisados, foram encontradas 16 famílias e 20 espécies. As famílias mais
especiosas foram representadas por Acanthuridae, Pomacentridae e
Tetraodontidae, cada uma com duas espécies e as demais com apenas uma.
Abudefduf saxatilis foi a espécie mais abundante nas poças (42,9%) seguida
por Haemulon parra (21,7%) e Bathygobius soporator (16,8 %).A classificação
ecológica das espécies quanto a ocupação nas poças seguiu o trabalho de
Vasconcelos-Filho & Oliveira (2000), onde a categoria que mais se destacou foi
o das espécies raras com 45%, seguida das espécies consideradas residentes
com 35%.Mais da metade (55%) das espécies estudadas neste trabalho já
haviam sido citadas em trabalhos anteriores feitos em ambientes estuarinos da
Ilha de Itamaracá. Isto indica uma influência considerável em relação as
espécies encontradas nas poças. A presença de lixo e do alto número de
visitantes que fazem uso das áreas estudadas mostrou que o local pode ficar
comprometido e colocar em risco a sobrevivência dos peixes.
Palavras -chave: Poças de maré, Forno da Cal, Ictiofauna.
8
ABSTRACT
Tidal Pools are an environment that maintains trade in body of water
regularly during the high and low tides. This intertidal environment is of great
importance not only for the fish species, but for a great diversity of life.The
environment preservation is because it gives fish a place used as a sanctuary
and nursery, because many species spawn and spend much of his early stage
in these areas.This search was conducted between September 2007 and May
2008 on the Forno da Cal beach in Itamaracá Island, Pernambuco, Brazil.
Some species were caught with fish traps for the identification and others
species were only seen, without animal’s sacrifice.Among the 2.431 individual
fishs tested, were found 16 families and 20 species. The families were
represented by more was the specious Acanthuridae, and Pomacentridae
Tetraodontidae, each one with two species and the others with only
one.Abudefduf saxatilis was the most abundant species in the puddles (42.9%)
followed by Haemulon parra (21.7%) and Bathygobius soporator (16.8%). The
ecological classification of species as the occupation in puddles followed the
work of Vasconcelos – Filho & Oliveira (2000), where the most stood out
category were that of rare species with 45%, followed by the species
considered residents with 35%.More than half (55%) of the species studied in
this work, had been cited in previous work done in estuarine environments in
Itamaracá island. this indicates a considerable influence on the species founded
in puddles.The presence of garbage and the high number of visitors who use
the areas studied, showed that the place maybe impaired and endanger the fish
survival.
Keywords: Tides pool, Forno da Cal beach, Ichtyofauna.
9
1 - Introdução
A importância de levantamentos ictiofaunísticos é apontar a diversidade
local, subsidiando possíveis comparações zoogeográficas e permitindo a
compreensão ao que se refere a interconectividade e interdependência entre
ecossistemas diversos (Joyeux et al., 2001;Robertson, 2001).
A ictiofauna marinha de Pernambuco é bastante estudada,
principalmente os Osteichthyes em áreas recifais e estuarinas, a exemplo das
pesquisas realizadas em Tamandaré (Ferreira et al., 1995), Canal de Santa
Cruz – Itapissuma (Guedes et al., 1998) e em Serrambi (Araújo et al., 2000).
Por outro lado, ambientes de poças de maré são numerosos e sua ictiofauna
totalmente desconhecida.
Caracteriza-se uma poça de maré como sendo um ambiente que
mantém relações de troca de massa de água periodicamente pela ação do
ciclo de marés, estes ciclos controlam as condições de stresse físico das poças
promovendo variações na insolação, temperatura, oxigênio dissolvido e
batimento das ondas (Brow & Mclachlan, 1990, Nascimento et al., 1997). A
complexidade de uma poça de maré pode proporcionar alta diversidade e
riqueza de espécies devido à oferta de microhabitats como: fenda nas rochas,
sedimentos arenosos, dentro de esponjas e banco de algas (Livingston, 1982;
Herler et al., 1999; Rocha et al., 2000; Ferreira et al., 2001).
As áreas de poça são de grande importância, pois servem como área de
berçário, refúgio, moradia temporária ou permanente para algumas espécies de
peixes e como sítios de reprodução (Morin, 1986; Brow & Mclachlan, 1990).
Contudo, o conhecimento destas comunidades permite o manejo sustentado de
populações e o monitoramento de atividades antrópicas (Pereira & Soares-
Gomes, 2002).
Estudos da ictiocenose de poças de marés têm enfocado três pontos: a
avaliação biológica e estrutura e gradiente latitudinal das comunidades,
(Zacharias & Roff, 2001). Entetanto, no Brasil, estes estudos ainda são
escassos, destacando-se os estudos de levantamento da ictiofauna das poças
de Salvador e cidades adjacentes na Bahia (Almeida, 1973, 1983); diversidade
da ictiofauna das poças da praia de Cabo Branco na Paraíba (Rosa et al.,
1997); lista de espécies, hábito alimentar e morfologia do trato digestório, e
10
análise comparativa das assembléias de poças de marés no ceará (Araújo et
al., 2000; Feitosa & Araújo, 2002); diversidade e sazonalidade na ictiofauna de
poças de marés em Santa Catarina (Barreiros et al., 2004) ; peixes intertidais
da ilha do Maranhão (Pascoal, 2006); censo visual por alunos de biologia e
distribuição espacial de acanturídeos em Pernambuco (Araújo et al., 2005 a,b).
Sendo assim, este trabalho teve como objetivo realizar o estudo da
comunidade de peixes intertidais na praia de Forno da Cal – Itamaracá,
Pernambuco, descrevendo a ictiocenose das poças de maré, através da
análise quali-quantitativa da composição e diagnosticar pela diversidade de
espécies as interferências de atividades antrópicas.
11
2 - Objetivos 2.1 – Objetivo geral
Descrever a ictiocenose das poças de maré na praia de Forno da Cal –
Itamaracá, Pernambuco.
2.2 – Objetivos específicos 2.2.1 - Descrever quali-quantitativamente a composição da comunidade em
poças de maré.
12
3 – Área de estudo A praia de Forno da Cal está posicionada na coordenada geográfica de
latitude 07º47'01’’S e longitude 34º50'03’’W, estando inserida na Ilha de
Itamaracá localizada no litoral Norte do Estado de Pernambuco, Região
Metropolitana, tendo o turismo como sua atividade econômica mais forte. Uma
das principais praias da Ilha, pois recebe uma grande quantidade de turistas
todos os anos, atraídos pelas belezas naturais de seus recifes e pela
proximidade da capital, estando há 55 km do Recife e os acessos podem ser
feitos pela PE-35, BR-101, PE-15 e PE-01.
A praia de Forno da Cal é constituída por uma pequena faixa de recifes
de formação arenítica com cobertura orgânica do tipo franja de
aproximadamente 1,5km paralelo a da praia; aonde são formadas poças de
marés durante a baixa-mar. As poças possuem formatos irregulares com
comprimento máximo de 25 centímetros e profundidade máxima de 0,5 metros
nas marés baixas (0,0 m) (Figura 1).
Figura 1 – Mapa do posicionamento a ilha de
Itamaracá (PE), seguido do detalhe da praia Forno da Cal (extraído e
modificado de Medeiros & Kjerfve, 1993).
13
4 – Material e Métodos 4.1 – Atividade em campo As coletas foram feitas mensalmente de setembro de 2007 a maio de
2008 durante o período diurno e no regime de baixa-mar das poças. A
metodologia inicial utilizada foi a captura através de puçá de mão para os
espécimes facilmente visualizados e no uso de uma solução alcoólica (50%) de
mentol como anestésico a fim de capturar os exemplares espeleofílicos
(camuflados) e crípticos (escondidos nas locas). A partir do mês de janeiro foi
adotado o censo visual, com finalidade de diminuir o sacrifício das espécies já
identificadas anteriormente e capturando apenas os exemplares duvidosos e
ainda não identificados.
4.2 - Em laboratório
Os exemplares capturados foram levados ao laboratório de zoologia e
ictiologia da UFRPE e fixados em solução de formalina a 10% e preservados
em solução 70% alcoólica (Souza & Aurichio, 2002) e encontram-se na coleção
de peixes do Departamento de Zoologia da Universidade Federal Rural de
Pernambuco. Os mesmos foram analisados sob microscópio estereoscópio e a
identificação foi feita com o auxílio das literaturas especializadas de Cervigón et
al. (1993), Fisher (1978), Froese e Pauly (2005) e Nelson (1994).
14
4.3 - Tratamento numérico
4.3.1 - Abundância relativa
Ar = NIT x 100 / Nt, onde:
Ar – abundância relativa;
NIT – número de indivíduos de cada táxon na amostra; e
Nt – somatório de todos os indivíduos capturados.
4.3.2 - Freqüência de ocorrência
Fo = NA x 100 / NAT, onde:
Fo – freqüência de ocorrência (%);
NA – número de amostras onde a espécie ocorre;
NAT – número total de amostragem.
4.3.3 - Cálculo da constância de ocorrência/residência – (Índice de Dajoz,
1978):
>50% - constante; (residentes)
25 a 50% - acessória; (visitantes)
<25% - acidental. (raras)
4.4 – Tratamento estatístico
4.4.1 - Diversidade (H’) (Shannon, 1948)
H’= - Σ (ni/N) x log2 (ni/N), onde:
ni = número de indivíduos na i-nésima espécie;
N = número total de indivíduos.
4.4.2 - Equitabilidade
E = H’/Hmáx, onde:
Hmáx = log r
r = riqueza
15
Para fins comparativos da diversidade, foram consideradas as seguintes
categorias segundo Valentin et al., (1991), como: alta = valores maiores que 3
bits./org.; média, entre 2,0 e 3,0; baixa, entre 1,0 e 2,0 e muito baixa <1,0. Para
a equitabilidade, os valores variam entre 0 e 1, sendo que para valores
superiores a 0,5 é considerado que os indivíduos estão bem distribuídos na
comunidade.
16
5 – Resultados
Nesta pesquisa um total de 2.431 indivíduos foram analisados, entre
capturas e observações visuais, sendo eles pertencentes a 16 famílias e 20
espécies (anexo), como representado na tabela 1.
Tabela 1 – Lista taxonômica das espécies de peixes de poças de marés na praia de Forno da Cal em Itamaracá.
Classe Osteichthyes
Ordem Anguilliformes
Família Muraenidae
Gymnothorax funebris Ranzani, 1839 – Moréia Verde
Ordem Perciformes
Família Centropomidae
Centropomus parallelus Poey, 1860 - Robalo
Família Serranidae
Epinephelus adscensionis (Osbeck, 1765) - Garoupa
Família Lutjanidae
Lutjanus griseus (Linnaeus, 1758) – Dentão
Família Gerreidae
Eucinostomus argenteus Baird & Girard, 1855 - Carapicu
Família Haemulidae
Haemulon parra (Desmarest, 1823) – Cambuba
Família Scianidae
Equetus acuminatus (Bloch & Schneider, 1801) – Listrado
Família Chaetodontidae
Chaetodon ocellatus Bloch, 1787 - Borboleta
17
Família Pomacanthidae
Pomacanthus paru (Bloch, 1787) - Paru
Família Pomacentridae
Abudefduf saxatilis (Linnaeus, 1758) - Sargentinho
Stegastes fuscus (Cuvier, 1830) - Donzela
Famíla Sacriade
Sparisoma viride (Non Bonnaterre, 1788)– Budião batata
Famíla Labrisomidae
Labrisomus nuchipinnis (Quoy & Gaimard, 1824) – Quatro olhos
Família Bleniidae
Hypleurochilus fissicornis (Quoy & Gaimard, 1824)- Macaco
Família Gobiidae
Bathygobius soporator (Valenciennes, 1837)–Mororó
Família Acanthuridae Acanthurus bahianus Castelnau, 1855 – Caraúna Acanthurus chirurgus (Bloch, 1787) – Sangrador ou Caraúna Ordem Tetraodontiformes
Família Tetraodontidae
Sphoeroides greeleyi Gilbert, 1900 - Baiacu
Sphoeroides testudineus (Linnaeus, 1758) – Baiacu
Família Diodontidae
Diodon holocanthus Linnaeus, 1758 – Baiacu de espinho
As famílias mais especiosas foram representadas por Acanthuridae,
Pomacentridae e Tetraodontidae, cada uma com duas espécies e as demais
com apenas uma.
18
Abudefduf saxatilis foi a espécie mais abundante nas poças (42,9%)
seguida por Haemulon parra (21,7%) e Bathygobius soporator (16,8 %) (Tabela
2 e figura 2).
Espécies de Gerreidae, comumente observadas nas poças, foram de
difícil identificação visual quanto a nível de espécie, e foram registradas apenas
quanto a família.
A classificação ecológica das espécies quanto à ocupação nas poças
seguiu o trabalho de Vasconcelos-Filho & Oliveira (2000), onde a categoria que
mais se destacou foi das espécies raras com 45%, seguida das espécies
consideradas residentes com 35%.
Tabela 2 – Abundância e freqüência das espécies de peixes observadas nas poças, entre setembro de 2007 e maio de 2008 Legenda: AA - Abundância absoluta, A% - Abundância relativa, FA – Freqüência. absoluta, F% - Freqüência relativa, CE – Classificação ecológica.
Em todos os meses de coleta a espécie A. saxatilis apresentou a maior
abundância, sendo apenas ultrapassado por B. soporator apenas no mês de
novembro.
FORNO DA CAL Espécie AA A% FA F% CE A. saxatilis 1.043 42,9 9 100,00 Residente A. bahianus 18 0,74 3 33,00 Visitante A. chirurgus 3 0,12 2 22,22 Raro B. soporator 410 16,8 9 100,00 Residente C. parallelus 2 0,08 2 22,00 Raro C. ocellatus 5 0,20 2 22,22 Raro D. holocanthus 1 0,04 1 11,11 Raro E. adscensionis 3 0,12 1 11,11 Raro E. acuminatus 8 0,32 5 55,56 Residente Gerreidae sp. 134 5,51 8 88,89 Residente G. funebris 1 0,04 1 11,11 Raro H. parra 529 21,7 9 100,00 Residente H. fissicornis 6 0,24 4 44,44 Visitante L. nuchipinnis 5 0,20 4 44,44 Visitante L. griséus 18 0,74 2 22,22 Raro P. paru 3 0,12 2 22,22 Raro S. viride 15 0,61 4 44,44 Visitante S. greeley 32 1,31 8 88,89 Residente S. testudineus 2 0,08 2 22,22 Visitante S fuscus 193 7,93 9 100,00 Residente Total 2.431
19
Freqüencia de ocorrência< 25% = Espécies Raras
25 < 50% = Espécies Visitantes> 50% = Espécies Residentes
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Abudefduf saxatilis
Bathygobius soporator
Haemulon parra
Stegastes fuscus
Gerreide (spp.)
Sphoeroides greeley
Equetus acuminatus
Hypleurochilus fissicornis
Labrisomus nuchipinnis
Sparissoma viride
Acanthurus bahianus
Acanthurus chirurgus
Centropomus parallelus
Chaetodon ocellatus
Lutjanus griseus
Pomacanthus paru
Sphoeroides testudineus
Diodon holocanthus
Ephinephelus adscensionis
Gymnothorax funebris
Táxons
Freqüencia de ocorrência (%)
Figura 2 – Freqüência de ocorrência dos táxons.
Na abundância mensal das famílias, Pomacentridae se destaca em
todos os meses, seguida da Haemulidae e Gobiidae. (Figura 3)
20
Figura 3 – Indica a densidade de peixes por meses de coleta.
Nas representações de diversidade, é claro o baixo índice durante os
meses de dezembro e janeiro, pois são meses de férias o que provoca um
aumento de número de turista nas áreas das poças comprometendo a
qualidade deste ambiente e consequentemente a permanência dos peixes.
Ainda se observa o maior registro de diversidade de peixes nos meses
de novembro e fevereiro, onde os números apontaram um ambiente com baixo
e médio impacto ambiental respectivamente. Em relação à distribuição ou
equitabilidade, o maior índice foi para o mês de novembro, atingindo o maior
pico, sendo considerado como tendo boa distribuição (Figura 4). A distribuição
vertical de algumas espécies encontradas pode ser vista na figura 5.
0
1
2
3
4
5
6
setembro outubro novembro dezembro janeiro fevereiro março abril maio 2007 2008
Meses de coleta
Acanthuridae Blenniidae Centropomidae Chaetodontidae Diodontidae Gerreidae Gobiidae Haemulidae Labrisomidae Lutjanidae Muraenidae Pomacentridae Scaridae Sciaenidae Serranidae Tetraodontidae
21
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
setembro outubro novembro dezembro janeiro fevereiro março abril maio
2007 2008
Meses
Div
ers
idade (bits/
peix
e)
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
Equitabili
dade
Diversidade (H')
Equitabilidade (J')
Figura 4 – Representação dos índices de diversidade e equitabilidade nas poças entre os meses de coleta.
Figura 5 – Distribuição vertical de algumas espécies de peixes intertidais observadas na praia de Forno Da Cal ,Itamaracá – Pernambuco.
Legenda: 1) S. greeley; 2) S. testudineus; 3) A. saxatilis; 4) H. parra; 5) C. parallelus; 6) S.
viride; 7) P. paru; 8) E. acuminatus; 9) L. griseus; 10) G. funebris; 11) L. nuchipinnis; 12) E.
argenteus; 13) S. fuscus; 14) B. soporator; 15) D. holocanthus.
22
6 - Discussão
A composição da ictiofauna intertidal da praia de Forno da Cal
apresentou um alto índice de diversidade, assim como estudos feitos no estado
do Ceará por Araújo et al, 2000. Exemplares de B. soporator foram
representativamente visualizados em todas as coletas, o que sugere uma
espécie residente de poças de maré, pois apresenta uma morfologia
considerada como uma adaptação, apresentando o corpo deprimido, suas
nadadeiras pélvicas modificadas em uma ventosa que se adere ao substrato
para evitar que seja arrastado pelo batimento das ondas e, ainda possuem
pequeno porte que os habilitam a se brigarem em pequenas fendas nas rochas
(Menezes & Figueiredo, 1985). Além do B. soporator o L. nuchipinnis também é
considerada uma espécie capacitada a ocupar locais onde o risco de serem
carregados pelas ondas é reduzido (Horn & Gibson, 1988)
Todas as espécies capturadas encontravam-se em estado juvenil
indicando que as poças funcionam como berçário para variadas espécies de
peixes e muitas de importância comercial ou ecológica, além de servir como
locais de recrutamento para determinadas espécie, a exemplo do A. saxatilis
(Pascoal, 2006). A maioria dos indivíduos juvenis utilizam as poças a fim de
obter refúgio,proteção contra predadores e alimento, no entanto algumas vezes
isso se torna perigoso, pois o esvaziamento das poças, os decorrentes
aumento da temperatura e ainda o alto número de turistas e ou visitantes
nestas áreas pode afetar os indivíduos levando a morte, já que foram
constatados a presença de peixes mortos em determinados pontos de
coleta.Também foi observado a presença constante de lixo deixado pelos
freqüentadores da praia (figuras 5 e 6).
Outro fator relevante que afeta a qualidade de vida dos peixes neste
ambiente intertidal é a presença de predadores terrestres que se fazem
presente nos arredores das poças (Gibson & Yoshiyama,1999), comumente
observam-se as investidas das garças e alguns maçaricos.
23
Figura 6 – Fotografia de banhistas utilizando as áreas das poças, conforme as setas Indicam.
Figura 7 – Presença de lixo nas áreas das poças, deixado pelos banhistas que utilizam esta área como lazer.
24
O Índice de diversidade pode estar ligado à complexidade estrutural das
poças da Praia de Forno da Cal, pois nelas é comum observar grande
quantidade de galerias interligando as poças, condição que incrementa mais
sua complexidade. A presença de poças de fundo arenoso beneficia espécies
como a G. funebris que se enterram para se esquivar de possíveis predadores
(Rosa et al, 1997).
Sobre a distribuição podemos afirmar que o alto índice citado para o mês
de janeiro, considerado período de férias, aponta como causa o uso dessas
poças por turistas como área de lazer, podendo deste modo obrigar os peixes a
procurar outras poças havendo uma melhor distribuição espacial.
Das espécies capturadas, todas são citadas ao longo da costa brasileira
e consideradas espécies tropicais. A Ictiofauna intertidal tem apresentado sua
composição influenciada pelos ambientes estuarinos adjacentes, onde 55%
das espécies das poças aqui estudadas já tinham sido registradas em estudos
de comunidades de peixes estuarinos na Ilha de Itamaracá, mais
especificamente no Canal de Santa Cruz (Vasconcelos Filho et al, 1994, 1999;
Eskinazi, 1972 & Almeida et al, 1998).
Como hábito alimentar as espécies encontradas se classificam em
herbívoras, onívoras e carnívoras. As famílias Acanthuridae e Tetraodontidae
se destacaram por apresentar duas espécies cada, isso se deve ao fato de que
os indivíduos destas famílias se alimentam de algas, além da espécie
Sparisoma viride que é considerada herbívora raspadora, pois retiram do
substrato coberto por algas fragmentos calcários dos recifes (Feitosa et al,
2002) como encontrados nas poças da praia estudada.
25
7 – Considerações finais ● A Ictiofauna intertidal da praia de Forno da Cal foi composta por 16 famílias e
20 espécies onde 75% delas são citadas para o mesmo estudo feito no estado
do Ceará indicando uma boa distribuição zoogeográfica;
● As famílias Acanthuridae, Pomacentridae e Tetraodontidae foram as mais
especiosas com duas espécies cada, isso ocorreu devido à oferta de alimento,
salientando a presença de bancos de algas nas poças no qual as espécies
destas famílias se alimentam;
● A espécie Abudefduf saxatilis foi mais abundante nas poças, pois a
habilidade de se manter nestas áreas se deve a sua estrutura física, possuindo
um perfil achatado, além do uso das poças como locais de recrutamento;
● Quanto à permanência dos peixes nas poças a dominância foi das espécies
raras, indicando que elas utilizam as poças apenas para algum estágio de seu
ciclo biológico, seja para fins reprodutivos ou apenas para alimentação;
● A Ictiofauna das poças sofre influência do ambiente estuarino do Canal de
Santa Cruz, pois mais da metade (55%) das espécies capturadas nas poças já
haviam sido citadas anteriormente;
● A presença de lixo e o grande número de visitantes (banhistas e pescadores)
nesses locais, revelam alto grau de resistência dos táxons encontrados nas
poças de maré, pondo em risco a sobrevivência dos organismos neste tipo de
ambiente. Corroborado por menor diversidade em períodos de férias;
● O monitoramento destes ambientes deve ser feito periodicamente visando
obter informações sobre a diversidade da ictiofauna, assim como programas de
educação ambiental, salientando a importância das poças de maré para
manutenção das espécies.
26
8 - Referências ALMEIDA, V. G. (1973), New records of tidepool fishes from Brazil. Papéis Avulsos Zool., 26 : (14), 187-191.
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Centropomus parallelus Poey, 1860
Epinephelus adscensionis (Osbeck, 1765)
Bathygobius soporator Valenciennes, 1837)
Chaetodon ocellatus Bloch, 1787
Equetus acuminatus (Bloch & Schneider, 1801)
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Pomacanthus paru (Bloch, 1787)
Stegastes fuscus (Cuvier, 1830)
Hypleurochilus fissicornis (Quoy & Gaimard, 1824)
Labrisomus nuchipinnis (Quoy & Gaimard, 1824)
Sparisoma viride (non Bonnaterre, 1788)
Diodon holocanthus Linnaeus, 1758
Gymnothorax funebris Ranzani, 1839
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