MTE - Revisão da NR-15
Audiência Pública
FUNDACENTRO
São Paulo, SP
13 de fevereiro de 2014
Abordagens para avaliação do calor em
em diferentes países
Berenice I. F. Goelzer
Problema do Calor no Trabalho
Diferentes abordagens, mas todos reconhecem:
Calor é um risco sério e pode matar
Relatório de 2008 do CDC: 423 mortes por exposição ocupacional
a calor (16% na agricultura) no período 1992-2006.
A grande importância da:
prevenção primária, quando possível
aclimatização, práticas de trabalho e hidratação
Todos enfatizam necessidade de estudar cada caso,
pois pessoas reagem de forma diferente
Os fatores que influenciam a sobrecarga térmica são tantos que seria
muito difícil ter um sistema que levasse a conclusões perfeitas
Berenice Goelzer
Na verdade, tanto :
as tabelas para taxas de metabolismo, como
as curvas de resposta fisiológica às diferentes combinações
de parâmetros ambientais,
que levam à interpretação dos índices,
são aproximações que devem ser utilizadas com
bom senso profissional
Problemas além dos efeitos agudos:
efeitos em longo prazo
efeitos mentais
exposição simultânea a outros fatores de risco,
inclusive agentes químicos
Berenice Goelzer
ISO
Membros de 164 países (em 2012):
normas baseadas em consenso - comitês técnicos com
participantes representando diferentes grupos de atores
(governo, universidades, ONGs, indústria, etc.).
Normas relacionadas com Calor no contexto ocupacional:
ISO 7243 (1989): Hot environments - Estimation of heat
stress on working man, based on the WBGT-index
(wet bulb globe temperature)
em maio 2014 será discutida sua 3a edição
Berenice Goelzer
ISO
ISO 7933 (2004): Ergonomics of the thermal environment - Analytical
determination and interpretation of heat stress using calculation of
the predicted heat strain
(PHS = “Prognóstico de Sobrecarga Fisiológica por Calor”)
A 7933 anterior (1989) utilizava “Required Sweat Rate”
ISO 8996 (revisada em 2004): Ergonomics of the thermal environment
– Determination of metabolic heat (utiliza watt/m2)
ISO 9920 (2007): Ergonomics of the thermal environment --
Estimation of thermal insulation and water vapour resistance of a
clothing ensemble
Métodos para estimar as características térmicas
(resistência para perdas de calor, por trocas ou evaporação)
para conjuntos de roupas
ISO 15265 (2004) - Ergonomics of the thermal environment –
Risk assessment strategy for the prevention of stress or discomfort
in thermal working conditions
Descreve uma estratégia (em 3 etapas) para avaliar
(não necessariamente por método quantitativo)
e interpretar o risco de problemas (limitações fisiológicas,
ou desconforto) ao trabalhar em certo ambiente térmico.
Esta Norma é orientada principalmente para prevenção e/ou controle
de problemas de conforto térmico no trabalho
Baseia-se no Método SOBANE do Prof Malchaire Berenice Goelzer
ABU DHABI
HAAD = Health Authority Abu Dhabi
Administração de Meio Ambiente, Saúde e Segurança
Programa Calor – 5 anos - recentemente regulamento oficial
Website: www.haad.ae/safety-in-heat
Trabalho em calor: Abu Dhabi tem requisitos legais específicos
incluindo medições – usam o Índice TWL (em watts/m2)
Resto do UAE não tem requisitos específicos para
Trabalho em Calor a não ser:
- repouso entre 12:30-15:00, para qualquer trabalho ao ar livre
nos meses de Verão (Junho-Setembro)
independentemente das condições ambientais.
Berenice Goelzer
The Safety in the Heat program was developed in response to
extreme heat stress conditions experienced by workers in
the United Arab Emirates and other Middle Eastern countries
Summer: ambient air temperatures often reach 45°C and higher
Comprehensive, multimedia, economical education and awareness program
targeting 465 companies employing 814 996 heat-exposed workers
Feedback from program participants indicated a high level of satisfaction.
Results: marked reduction in heat related illness over a period of 2 years
One company reported a 79.5% decrease in cases
(15.3 vs 1.16 cases per 1000 workers)
Another: 50% reduction in serious cases
Am J Public Health. 2011;101:395–398
Berenice Goelzer
TWL (Thermal Work Limit)
Desenvolvido na Austrália para Minas
e validado para as condições do Golfo durante 2 anos.
Baseado no trabalho que pode ser realizado,
em certo ambiente, sem aumento de temperatura interna
Parâmetros: WB, DB, GT e Var
Usam instrumentos que já dão resultado em TWL (em watts/m2)
Ou fazem as medições dos parâmetros separadamente e
calculam com algoritmo
Há um calculador disponível na Internet
Berenice Goelzer
Algoritmo – determinam zonas,
com requisitos específicos para cada zona para
controlar/reduzir a exposição – “Code of Practice”
Berenice Goelzer
Importante
Tratam extensivamente da prevenção
Ambiental
Práticas de trabalho, incluindo ritmo
Pessoais
Incluem recomendações detalhadas para
intervenções preventivas, para
os empregadores e os trabalhadores – com detalhes sobre
práticas de trabalho, ingestão de líquidos, etc. (inclusive uma
chart para urina)
Berenice Goelzer
Bélgica
Não tem legislação específica para Calor
Porém os livretos SOBANE do Prof. Malchaire,
preparados com o apoio da EU,
são distribuídos gratuitamente para as empresas
e seu uso encorajado.
Metodologia SOBANE aceita
avaliações qualitativas para riscos óbvios,
enfatizando medidas preventivas a serem tomadas,
principalmente melhorias técnicas
Berenice Goelzer
Em casos de problemas mais complicados,
geralmente depois que recursos de melhorias foram esgotados
e ainda há problemas - análise usando então um Índice
mais refinado: PHS ISO 7933 (2004)
“Prognóstico de Sobrecarga Fisiológica por Calor”
O livreto SOBANE sobre Calor foi traduzido para o português –
disponível online:
http://www.deparisnet.be/chaleur/SOBANEpt/Malchaire_brochure_
Calor_portuguese_6-4-11.pdf
Mais fácil - Google: sobane malchaire calor
Berenice Goelzer
Holanda
Não há Limite de Exposição Ocupacional para Calor
a nível nacional -
usam os valores de referência da ISO 7243: 1989
O “Health Council of the Netherlands” preparou estudo
sobre “Calor no Ambiente de Trabalho”
(para Minister of Social Affairs and Employment, 2008)
O comité concluiu que não há, por enquanto, evidência
científica para mudar os valores de referência da ISO
(apesar de que isto seria necessário)
Porém expressaram preocupações.
Berenice Goelzer
Entre as seguintes preocupações mencionadas:
A maioria dos índices conhecidos baseia-se na prevenção de
condições agudas como. P. ex.:
síncope
exaustão pelo calor
choque térmico
ou seja, efeitos em curto prazo
e relacionados com temperatura interna.
Existem poucos estudos e pouca consideração para outros
efeitos, como:
efeitos mentais (reduzida vigilância, desempenho,
atos inseguros)
efeitos em longo prazo
Berenice Goelzer
“The risk of developing cancer after heat exposure has also
been given little research attention. In a patient/control study
carried out in Malaysia, a link was found between the
prevalence of nasopharyngeal carcinoma and occupational
exposure to ‘industrial heat’. Because of the absence of
quantitative data on this heat and the combined exposure to
toxic substances the Committee is of the opinion that the
results of this research are difficult to interpret.”
http://www.gezondheidsraad.nl/sites/default/files/HeatStressw
orkplace200824E.pdf
Google: Heat Stress Workplace Health Council Netherlands
Berenice Goelzer
Inglaterra
usam Índice WBGT de acôrdo com ISO 7243
Berenice Goelzer
Metabolic rate, M WBGT Reference value
Metabolic Rate
class
Related to a unit skin
surface area
W/m-2
Total
(for a mean skin
surface area of
1.8m2)
W
Person
acclimatised to heat
°C
Person not acclimatised to heat
°C
0 (resting) M≤65 M≤117 33 32
1 65<M≤130 117<M≤234 30 29
2 130<M≤200 234<M≤360 28 26
3 200<M≤260 360<M≤468
No sensible air
movement
25
Sensible Air
movement
26
No sensible air
movement
22
Sensible air
movement
23
4 M>260 M>468 23 25 18 20
UK: o Índice WBGT é o mais aceito e
amplamente utilizado para avaliar HS no trabalho –
Norma: British Standard BS EN 27243.
Usam as tabelas da ISO 8996 para taxa metabólica, tanto por
movimentos como por ocupação (menos precisa).
Segundo os inglêses, o IBUTG foi um “compromise”
entre algo preciso e algo factível na indústria.
A BS EN ISO 27423 não tem correções no IBUTG para
diferentes tipos de roupas protetoras (como a ACGIH).
Quando a roupa não é a padrão (indicada no índice)
aconselham consultar um especialista
Berenice Goelzer
A interpretação através do IBUTG é considerada uma
estimativa quanto à existência de problema.
Quando os valores de referencia são ultrapassados, entra
em cena a BS EN 12515 – com um índice mais refinado, mas
ainda mencionam o “Required Sweat Rate” e, de acôrdo com
a ISO, este agora deve ser o PHS (“Predicted Heat Strain”).
Entretanto, Inglaterra - HSE recomendações bem práticas,
colocando avaliação quantitativa na perspectiva certa.
Berenice Goelzer
HSE - Avaliação de Problema de Calor
1. Identificar o risco
observando
verificando se há/houve problemas com os trabalhadores
verificando se houve aumento de acidentes
nos meses mais quentes?
ouvindo os trabalhadores – eles conhecem seu trabalho
2. Decidir se pode haver dano e como
3. Avaliar risco e decidir se as medidas preventivas existentes
são adequadas ou se deve ser melhoradas/implementadas
Planejamento e formação são indispensáveis
Berenice Goelzer
Considerar:
precisa trabalhar no calor ?
pode haver alguma mudança?
pode o ambiente ser controlado?
EPI ajudaria?
o ritmo de trabalho pode ser alterado ? etc.
Avaliar e interpretar resultados, usando os seguintes
métodos:
Identificação básica de risco
Avaliação qualitativa com “Checklists” para Observação
Avaliação quantitativa usando o IBUTG
Berenice Goelzer
Preparar lista de ações:
O risco pode ser eliminado?
Se não, como pode ser reduzido?
Lista de medidas:
ambientais
organização do trabalho, rotação
aclimatização
EPI
controle médico, etc.
4. Relatórios e registros
5. Revisão
Berenice Goelzer
USA - OSHA
Não tem regulamento específico para risco de calor
Apoiam-se na Cláusula Geral do “Occupational Safety and
Health Act” (1970), que requer que os empregadores devem
oferecer "…um local de trabalho isento de riscos
reconhecidos que podem causar morte ou sério dano."
(muito antigo !)
OSHA tem usado esta cláusula para dar multas para
empregadores que permitiram trabalhadores serem expostos
a risco potencial sério resultante de trabalho em ambiente
excessivamente quente.
Para avaliações quantitativas usam o IBUTG.
Berenice Goelzer
OSHA
Porém OSHA tem muitos Guidelines e folhetos
inclusive sobre o Calor,
sempre enfatizando a Prevenção
Um deles inicia:
“HEAT ILLNESS CAN BE DEADLY. Every year,
thousands of workers become sick from exposure
to heat, and some even die. These illnesses and
deaths are preventable.”
Berenice Goelzer
ACGIH – todos conhecem - muito usado no mundo inteiro
considera o IBUTG como instrumento para
uma análise simplificada, sendo que,
para situações mais complicadas, que requerem
uma análise detalhada,
recomenda o uso de índice mais preciso:
o PHS (Predicted Heat Strain – ISO 7933:2004)
“Prognóstico de Sobrecarga Fisiológica por Calor”
recomenda ajuste no IBUTG conforme o tipo de roupa
Berenice Goelzer
NIOSH
O NIOSH “Criteria” existente para Calor data de 1986
Porém, estão revisando: audiência pública hoje para discutir o
documento de base para o novo
“Criteria for a Recommended Standard: Occupational Exposure to
Heat and Hot Environments (Revised Criteria 2013)”
Além de detalhes sobre mecanismos de ação do calor,
consequências da exposição (com muitos estudos de casos),
avaliação (seguem a ACGIH com o IBUTG), também especificam todos
os tipos de medidas preventivas
e atuação em situações de emergência.
Recomendam que o tipo de roupa seja levado em consideração.
Berenice Goelzer
África do Sul
Código de Prática para Mineração
“Guideline for the Compilation of a Mandatory Code of Practice for an
Occupational Health Programme (Occupational Hygiene and Medical
Surveillance)”, mas é diretriz, não uma lei
Não obedecer a diretriz não é uma quebra da lei MHSA,
mas a diretriz deve ser implementada.
Dept Mines e Energia requer que empregadores garantam local de
trabalho saudável e seguro para proteger trabalhadores e qualquer
pessoa que possa ser afetada pelas atividades da mina.
Berenice Goelzer
A legislação é mais geral e são fornecidos
“Codes of Practice” (COP) para riscos específicos
Entretanto, um aspecto positivo é que a lei requer que
empregadores identifiquem riscos, e os avaliem com
o objetivo de eliminá-los
No caso do calor:
“um risco apreciável e que deve ser resolvido com estratégias
que envolvam controles de engenharia no meio ambiente,
administrativos e pessoais”.
Berenice Goelzer
A perspectiva fundamental é que o controle de qualquer fonte
de risco, através de medidas de engenharia, representa a
principal estratégia, sendo a proteção individual a alternativa
menos indicada.
Programa de Higiene Ocupacional:
• Step 1 Avaliação (pode ser qualitativa) do Risco e Controle
• Step 2 Categorização dos Ambientes Térmicos
• Step 3 Management do Estresse Térmico
• Step 4 Metodologia para medições
• Step 5 Monitorização
• Step 6 Relatórios e Registros
Berenice Goelzer
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