12
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................14
CAPÍTULO I ..........................................................................................................16
TERAPIA COMUNITÁRIA.....................................................................................16
1.1 Conceituando Terapia Comunitária .............................................................17
1.2 Como e quando surgiu ................................................................................17
1.3 Objetivos da Terapia Comunitária ...............................................................18
1.4 Quem pode ser terapeuta comunitário? ......................................................19
1.5 Público Alvo.................................................................................................19
1.6 Espaço adequado para uma Terapia Comunitária ......................................19
1.7 OS ALICERCES TEÓRICOS ......................................................................20
1.7.1 O Pensamento Sistêmico .........................................................................20
1.7.2 Teoria da Comunicação............................................................................20
1.7.4 Pedagogia de Paulo Freire .......................................................................21
1.7.5 Resiliência ................................................................................................22
1.8 As etapas da Terapia Comunitária ..............................................................23
1.8.1 Acolhimento..............................................................................................23
1.8.2 Escolha do Tema......................................................................................24
1.8.3 Contextualização ......................................................................................24
1.8.4 Problematização.......................................................................................24
1.8.5 Rituais de Agregação e Conotação positiva .............................................25
1.8.6 Tipos de avaliação....................................................................................25
1.9 Instrumentos para avaliar o impacto da Terapia Comunitária .....................25
1.10 Instrumentais .............................................................................................27
1.10.1 Música ....................................................................................................27
1.10.2 Danças circulares ...................................................................................28
CAPÍTULO II .........................................................................................................30
TERAPIA COMUNITÁRIA E SERVIÇO SOCIAL ..................................................30
2.1 Conceito de Serviço Social..........................................................................30
2.2 Semelhanças...............................................................................................31
13
2.3 Objetivos da Terapia Comunitária: semelhanças com o Serviço Social......33
2.4 Cultura .........................................................................................................35
2.5 Questão Social ............................................................................................37
2.6 Cidadania e Democracia .............................................................................39
2.7 Comunicação...............................................................................................39
2.9 Totalidade....................................................................................................41
2.10 Rede Social ...............................................................................................41
2.11 Paulo Freire ...............................................................................................43
CAPÍTULO III ........................................................................................................45
TERAPIA COMUNITÁRIA NA PRÁTICA ..............................................................45
3.1 Procedimentos metodológicos.....................................................................45
3.2 Instrumentais e técnicas..............................................................................46
3.3 Análise de Dados ........................................................................................52
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................57
APÊNDICES .........................................................................................................59
ANEXO .................................................................................................................61
14
INTRODUÇÃO
Atualmente as pessoas vivenciam um cotidiano tão hierárquico e rotineiro
que o stress do dia-a-dia e a luta pela sobrevivência faz com que as pessoas não
tenham tempo de falar e muito menos de ouvir, possuindo direitos apenas no
papel, fazendo com que sua cidadania se resuma apenas no ato de votar. Nesse
contexto surge a Terapia Comunitária, buscando resgatar o coletivo em uma
sociedade totalmente individualista. Realiza-se em um espaço público em que as
pessoas compartilham suas angústias e problemas, procurando juntas uma
solução.
Tem como mediador o terapeuta e é diferente de outros tipos de terapia
porque faz com que o indivíduo perceba sua singularidade, mas sem se esquecer
que vive em uma sociedade na qual muitas pessoas possuem os mesmos
problemas, por causa da estrutura capitalista e desigual em que vivem. Ou seja,
faz com que ele perceba que o problema está na sociedade e não nele.
Para melhor conceituá-la, o primeiro capítulo explicará o que é Terapia
Comunitária - que foi criada em 1987, no Ceará, pelo Dr Adalberto de Paula
Barreto - que terá seu histórico relatado também neste capítulo -; seus objetivos;
público alvo; onde ocorre; alicerces teóricos; e suas etapas.
Já o segundo capítulo tratará das semelhanças entre a Terapia
Comunitária e o Serviço Social: a herança cultural; o saber ouvir; se comunicar;
análise da experiência de vida de cada pessoa integrante do grupo; busca do
rompimento com o clientelismo e fazer com que se tornem co-autores das
decisões, cabendo ao profissional, mostrar caminhos sem tentar impor qual
devem seguir; promover cidadania e autonomia, mostrando aos cidadãos que
possuem direitos que devem ser garantidos.
Para a construção do terceiro capítulo, Terapia Comunitária na Prática,
escolhemos um Centro Médico do Grande ABC onde há terapia Comunitária,
utilizando como procedimento metodológico a pesquisa qualitativa, realizada em
dois momentos: 1º) participamos da Terapia Comunitária como participantes total,
15
observando os outros participantes da sessão e sentindo os efeitos causados pela
terapia; 2º) Entrevista semi estruturada com uma participante do grupo e com a
terapeuta (que também é Assistente Social).
Portanto, o que objetivamos com esse trabalho científico é esclarecer
algumas dúvidas em relação à Terapia Comunitária, que ainda é uma área de
prática profissional nova para o Serviço Social, mas que possui muitos conceitos
aprendidos em sala de aula. Por esse motivo queremos mostrar para os
Assistentes Sociais que este tipo de terapia não é algo que deve ser realizado
somente por psicólogos. Para tanto analisaremos a relação do Serviço Social com
a Terapia Comunitária na teoria e na prática.
16
CAPÍTULO I
TERAPIA COMUNITÁRIA
“Seja bem vindo olê rê ê,
Seja bem vindo olá rá á,
Paz e bem pra você,
Que veio participar”
Adalberto Barreto
Neste capítulo, iniciaremos com um breve relato sobre a concepção de
Terapia e seus diversos tipos, mas com ênfase na Terapia Comunitária.
Julgamos importante analisar a palavra Terapia que tem sua origem no grego
Therapeia e segundo o dicionário Aurélio significa “a parte da medicina que
estuda e põe em prática os meios adequados para aliviar ou curar os doentes”
(1993, p. 531). Destacaremos a seguir dois tipos de terapias:
• Terapia Ocupacional (TO) – Segundo COFFITO (Conselho Federal de
Fisioterapia e Terapia Ocupacional), a TO é voltada à prevenção e ao
tratamento de indivíduos de alterações cognitivas, afetivas, perceptivas e
psico-motoras, tendo como princípio que a vida é atividade.
17
• Terapia Familiar - Para Antonio Mourão Cavalcante, Professor Titular de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará
e Diretor do Centro de Estudos da Família:
“[...] no Brasil, a Terapia Familiar Sistêmica tem sido
difundida, como instrumento de abordagem terapêutica nos
conflitos conjugais e familiares. Ainda, na questão que
envolve o processo de autonomia da adolescência”. (2000)
Realizada esta breve conceituação, poderemos iniciar o histórico sobre a
Terapia Comunitária.
1.1 Conceituando Terapia Comunitária
A TERAPIA COMUNITÁRIA tem como princípio trabalhar com a dor da
comunidade, resgatando os indivíduos pertinentes a ela, no que diz respeito à
auto-estima, tomada de decisões ao compartilhar emoções. É um espaço
comunitário que procura partilhar as experiências de vida de forma Horizontal e
Circular. Assim, cada um torna-se terapeuta de si mesmo, a partir da escuta das
histórias de vida que são relatadas.
Segundo Dr. Adalberto de Paula Barreto (2005), criador da Terapia
Comunitária, os indivíduos tornam-se co-responsáveis na busca de soluções e
superações dos desafios do cotidiano, em um ambiente acolhedor e caloroso.
1.2 Como e quando surgiu
A Terapia Comunitária ou TC foi criada em 1987 pelo Dr. Adalberto
Barreto, nascido na cidade de Canindé, interior do Estado do Ceará (BR).
Formou-se em medicina pela Universidade Federal do Ceará (UFC), continuando
18
seus estudos em psiquiatria e antropologia na Europa. Como professor da
Universidade de Medicina, Dr. Barreto acreditava que era necessário sensibilizar
os futuros médicos quanto aos aspectos culturais da medicina e por outro lado, os
aspectos culturais das pessoas que mais tarde seriam recebidas em seus
consultórios e nos hospitais. Criaram a disciplina de Antropologia da Saúde,
ministrada na favela, fazendo com que os futuros médicos vivenciassem ao
mesmo tempo os diversos aspectos da doença e seu processo de cura. A partir
dessa experiência, desenvolveram um trabalho denominado O Projeto Quatro
Varas na Favela de Pirambu, em Fortaleza, com o objetivo de prevenção e de
cuidados psicológicos para os excluídos de nossa sociedade.
Durante o desenvolvimento do Projeto, detectaram que os indivíduos
estavam perdendo sua auto-estima, sua particularidade, tinham um cotidiano
sofrido. Então, criou a Terapia Comunitária, ou seja, TERAPIA porque significa
acolher, ser caloroso, servir, atender e COMUNIDADE porque são as pessoas ou
grupos de pessoas com condições de vida econômica, cultural, social, espiritual e
religiosa semelhantes em diferentes formas e níveis de viver essas condições. A
comunidade é heterogênea, pois existe muita diversidade dentro dela, porém, é
de fundamental importância que pessoas e grupos estejam sempre em interação
para que a comunidade possa se constituir. Faz com que quem freqüenta o grupo
tenha sentimento de pertença e identificação.
1.3 Objetivos da Terapia Comunitária
Tem como objetivos reforçar a dinâmica interna dos indivíduos fazendo
com que descubram seus valores e tornem-se menos dependentes; reforçar a
auto-estima tanto do individual como do coletivo; redescobrir suas capacidades e
se desenvolver como pessoa; valorizar o papel da família, assim como a relação
que ela desenvolve com o seu meio; suscitar em cada pessoa e grupo social seus
valores culturais; favorecer o desenvolvimento comunitário, restaurando o
fortalecimento dos laços sociais; promover e valorizar as instituições e práticas
culturais tradicionais; tornar possível a comunicação entre as diferentes formas do
“saber popular” e “saber científico”; estimular a participação como requisito
19
fundamental para dinamizar as relações sociais, através do diálogo e da reflexão.
Nos permite ir além do unitário para atingir o comunitário, pois, com a
globalização aumentaram os desafios da nossa sociedade, como as drogas, o
estresse, a violência, e a superação desses desafios não podem ser
responsabilidades exclusivas de um único indivíduo e sim de uma coletividade.
1.4 Quem pode ser terapeuta comunitário?
O terapeuta deve ser alguém já engajado em trabalho comunitário, estar
consciente de que seu trabalho não traz remuneração financeira, tem que ser
uma pessoa que possa orientar os participantes para que aliviem suas
ansiedades, as suas angústias, estresses e sofrimentos, também partilhem seus
recursos e suas descobertas através da troca de experiências na Terapia
Comunitária. Seu papel, não deve ser de especialista (psiquiatra, psicólogo), e
sim de quem trabalha com os sofrimentos das pessoas, possibilitando a
construção de uma rede de apoio e estimulando a partilha, o crescimento humano
e coletivo.
Para que se escolha um terapeuta, é necessário fazer uma palestra de
sensibilização aberta ao público da TC, em que esclareçam às dúvidas,
apresentem qual o papel do terapeuta e o referencial teórico.
1.5 Público Alvo
A todas as pessoas que vivenciam algum tipo de crise, sofrimento ou
angústias, ou então, para as pessoas que estão sentindo–se estáveis e querem
ser colaboradores dos companheiros.
1.6 Espaço adequado para uma Terapia Comunitária
20
A Terapia Comunitária ocorre sempre num espaço público numa
abordagem grupal, mas que valoriza o indivíduo na sua singularidade e inserção
familiar, procurando fazer com que ele aprenda a dominar esse espaço público.
Esse espaço público seria, segundo Alba Tereza Barroso Castro (1999) -
professora assistente da Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro (UERJ) - em seu artigo “espaço público e cidadania: uma
introdução ao pensamento de Hannah Arendt”, um espaço político em que os
indivíduos teriam liberdade de expor-se, procurando chegar a um senso comum
para a construção de um mundo comum através da discussão de assuntos
considerados importantes para o coletivo, podendo manifestar a sua singularidade
e pluralidade de idéias que são de fundamental importância para as decisões que
serão tomadas em conjunto.
1.7 OS ALICERCES TEÓRICOS
Para que possa ser aplicada, é preciso que cada terapeuta entenda quais
são os cinco eixos teóricos que compõem a Terapia Comunitária, a saber:
1.7.1 O Pensamento Sistêmico
Barreto (2005) afirma que as crises e os problemas só podem ser
resolvidos e entendidos, quando os percebemos como partes integradas de uma
rede complexa, cheia de ramificações, que envolve tanto os aspectos biológicos
(corpo) como o psicológico (mente) e a sociedade. Devemos entender que tudo
está ligado, somos um todo, em que cada parte influencia e interfere na outra
parte. Só assim, passaremos a vivenciar a noção de co-responsabilidade.
1.7.2 Teoria da Comunicação
21
A Teoria da Comunicação, para o autor, é o elemento que une os
indivíduos, a família e a sociedade, nos fazendo entender que todo
comportamento e ato humano seja ele verbal ou não, individual ou grupal, tem
valor de comunicação, ou seja, todo tipo de comunicação entre as pessoas deve
ser levado em consideração por indicar a busca do ser humano em ser
reconhecido como sujeito e cidadão que está inserido na sociedade.
1.7.3 Antropologia Cultural
Uma ciência que nos chama a atenção para a importância cultural, um
conjunto de realizações de um povo ou de grupos sociais, o referencial de como
cada um do grupo se baseia para pensar, avaliar e discernir valores e fazer suas
opções no cotidiano.
Para Barreto (2005, pág XXII) “a cultura é um elemento de referência
fundamental na construção de nossa identidade pessoal e grupal, interferindo de
forma direta, na definição do quem sou eu, quem somos nós”.
1.7.4 Pedagogia de Paulo Freire
Paulo Freire, educador brasileiro que se destacou mundialmente por seu
trabalho em relação à educação popular - com finalidade de politizar o povo
brasileiro e ensinar os excluídos a ler e escrever, sempre procurando não deixar
que os mesmos repetissem frases, palavras e sílabas que eram alienantes e
alienavam - tem muita importância e ganha destaque na Terapia Comunitária.
Criou um estudo conhecido como “Método Paulo Freire”, que visa fazer com que
o homem ou mulher perceba-se como fazedores de cultura, seres políticos que
tenham uma visão de totalidade não só da linguagem, como também do mundo.
A Pedagogia idealizada por Paulo Freire, definida como Pedagogia
Libertadora, chama a atenção para a análise crítica da realidade em que “a
palavra ajuda o homem a tornar-se sujeito/ ator de sua própria história” (FREIRE
apud GUIMARÃES, 2006, p. 36).
22
Para o autor, caso a prática educativa não possibilite ao educador e ao
educando assumirem-se como seres que pensam, criam, têm emoções, ou seja,
seres sociais, acabam-se gerando um ato de controle e de dominação.
Segundo Barreto (2005), outro aspecto importante na teoria de Paulo Freire
é associação entre teoria e realidade porque os educandos precisam de um
espaço para expressar os problemas vivenciados em diferentes contextos
(família, escola, comunidade) que devem ser analisados porque são histórias de
vida e a história de vida também deve ser percebida como fonte de saber
ajudando e estimulando que tanto professores como alunos “assumam-se como
sujeitos sócios – histórico - culturais” (BARRETO, 2005, p. XXIV) , ou seja,
entendam que sua história, cultura e vivência social estão interligadas.
1.7.5 Resiliência
Resiliência é quando o indivíduo é capaz de vencer as dificuldades com
seu esforço, construindo-se de maneira positiva frente a obstáculos. Barreto
(2005) aponta a resiliência como a própria história pessoal e familiar de cada
participante, sendo uma fonte importante do conhecimento, uma vez que:
“[...] as crises, sofrimentos e vitórias de cada um, expostas no
grupo, são utilizados como matéria-prima em um trabalho de
criação gradual de consciência social para que os indivíduos
descubram as implicações sociais da gênese da miséria e do
sofrimento humano”. (BARRETO, 2005, p. 25).
As experiências vivenciadas pelos participantes da TC podem ter soluções
diferentes, uma vez que os problemas enfrentados são semelhantes, mas as
estratégias que cada um dos participantes encontra para enfrentá-los são
diferentes e, muitas vezes, ainda são insuficientes na resolução desses
problemas.
23
Portanto, o terapeuta comunitário pratica intervenções do tipo saúde mental
comunitária, intervindo nas diferentes relações humanas, incluindo o coletivo,
como vizinhos, famílias, amigos, apoiando as famílias mais vulneráveis da
comunidade a solucionar suas crises.
1.8 As etapas da Terapia Comunitária
A Terapia Comunitária pode ser aplicada em qualquer espaço, por
exemplo, filas de esperas de postos de saúde, igreja, escola, favela, hospital.
Após escolher o lugar, junto à liderança, deve-se divulgar o dia e hora utilizando
os meios de comunicação daquela comunidade. A partir disso, desenvolvem-se
seis etapas, vejamos:
1.8.1 Acolhimento
Dirigido pelo co-terapeuta que deve deixar os participantes à vontade,
iniciando com uma música conhecida, de preferência infantil e alegre, assim
contribui para que as pessoas “quebrem o gelo” e criem um clima de grupo. O co-
terapeuta é responsável por acolher, dar as boas vindas, perguntar quem é
aniversariante do mês e canta os parabéns (gesto de valorização e celebração
pela vida).
Depois dá as seguintes informações para o sucesso da terapia:
“Estamos reunidos aqui para participarmos da nossa terapia
comunitária. A terapia comunitária é um espaço onde a
comunidade se reúne para falar de seus problemas, de suas
dificuldades e de suas realizações. A comunidade tem problemas,
mas também tem suas soluções, desde que nós nos reunamos
para escutar uns aos outros. Cada um tem um saber, seja
construído pela experiência de vida ou vindo dos antepassados. É
disto que a terapia comunitária se constitui. A qualidade da
24
sessão da terapia comunitária será proporcional à qualidade da
escuta. Mas, para que a terapia possa acontecer, é necessário
seguirmos algumas regras”. (BARRETO, 2005, p. 63)
O silêncio é a regra principal. Enquanto uma pessoa fala os outros devem
ouvi-lo; devem falar somente de sua própria experiência; quem está no grupo não
está lá para dar conselhos ou ainda julgar o outro; entre uma fala e outra, quando
um participante se emociona, o outro pode interromper a reunião e começar a
cantar uma música como forma de acolhê-lo; e por último respeitar a história de
cada um.
1.8.2 Escolha do Tema
Começa a partir do momento em que os participantes estão à vontade. O
terapeuta pode iniciar com um provérbio. Neste momento, os participantes
começam a falar sobre suas preocupações, sofrimentos, após as apresentações,
o terapeuta faz uma pequena síntese da fala de cada um, perguntando se
concordam com o que ele escreveu. Frente a isso, é o momento de votar sobre o
tema que será discutido naquela sessão.
1.8.3 Contextualização
Escolhido o tema, o terapeuta e a comunidade começam a fazer perguntas
para o protagonista da história, permitindo entender melhor o problema em seu
contexto global. Ao responder a essas perguntas, o protagonista apresenta
elementos que permitem conhecer melhor a sua história.
1.8.4 Problematização
Agora é a hora da pessoa que apresentou o problema ficar em silêncio, e o
terapeuta faz uma pergunta para estimular a reflexão do grupo. Esta pergunta é
25
chamada de MOTE, ou seja, é o tema escolhido que permite a cada um rever
seus preconceitos, seus esquemas mentais e reconstruir a realidade. Enquanto
as pessoas vão respondendo os motes, o terapeuta vai anotando as colocações
mais importantes para poder finalizar a terapia.
1.8.5 Rituais de Agregação e Conotação positiva
O término da terapia trata-se de reconhecer, valorizar e agradecer o
esforço e a coragem de cada um. O co-terapeuta pede para que as pessoas se
levantem, façam um círculo com as mãos no ombro do outro e se balancem, isso
faz com o que o grupo se sinta coeso e unido. Sugere uma música e ao final pede
para que cada participante diga ao protagonista da história, o que mais lhes tocou
ou algo que tenham admirado nela.
1.8.6 Tipos de avaliação
Este é o momento de avaliar o desenvolvimento da terapia considerando
as diferentes etapas, chamada de avaliação externa.
1.9 Instrumentos para avaliar o impacto da Terapia Comunitária
Desenvolvida em 27 Estados do Brasil, e com cerca de 7.500 terapeutas
formados, fica claro como a terapia tem tido resultado nas famílias, pessoas e
comunidades. Porém, é necessário fazer uma avaliação consistente para
verificarmos de fato o impacto produzido nas comunidades onde é aplicada, com
intuito de possibilitar aos terapeutas comunitários uma reflexão sobre seu
trabalho. Avalia-se o impacto individual e coletivo e para tal, são usados quatros
indicadores de Saúde Comunitária a saber:
1. Vínculos (Quantidade e Qualidade)
26
Vínculo é tudo aquilo que liga os homens entre si, com as suas
crenças, aos seus valores, ou seja, a sua cultura. Com este questionário
podemos perceber como são os vínculos das pessoas que nos trazem
suas tristezas, alegrias e angústias. Encontramos três tipos de vínculos:
a) vínculos saudáveis - são aqueles que nos trazem felicidade e confiança,
reforçando a identidade pessoal e cultural;
b) vínculos frágeis - são aqueles que nos deixam desconfortáveis, fazendo
com que a confiança fique abalada e aos poucos nos fazem perder a auto-
estima;
c) vínculos de risco - são aqueles que infernizam nossa vida, abalando
nosso relacionamento com os outros, prejudicando nossa saúde.
2. Auto-estima
A auto-estima é a chave de tudo para que possamos sair de certas
situações que às vezes parecem não ter solução. Ela nos conduz a
felicidade quando acreditamos em nós, ficando mais confiantes, seguros e
persistentes na busca do nosso sucesso. O sofrimento é visto como uma
sina, tudo se torna ameaçador quando não acreditamos em nosso
potencial.
A base da auto-estima está nas relações familiares, adubadas de
amor, respeito, valorização do ser, consolidando-se mediante relações
sociais saudáveis. Porém, quando o indivíduo convive em um clima de
humilhações, exposição do ridículo, perde-se a auto-estima.
3. Avaliação da rede apoio social
É importante que os participantes da Terapia se beneficiem da rede
de apoio médico-psico-social formal e informal, e que todo
encaminhamento dado depois de cada terapia seja acompanhado para que
a TC promova inclusão social.
27
4. Avaliação do impacto no plano coletivo
Para que seja feita uma avaliação no plano macro, é importante que
se faça um diagnóstico comunitário da comunidade antes de iniciar a
terapia, sendo assim, após algum tempo teremos dados para uma análise
comparativa.
1.10 Instrumentais
A Terapia Comunitária possui instrumentais tais como: a música, que pode
ser utilizada em todas as etapas da reunião; e as danças circulares que podem
ser utilizadas na abertura ou no final de cada reunião. Para melhor esclarecimento
segue abaixo a explicação de cada um deles.
1.10.1 Música
A música é um instrumental muito importante para a Terapia Comunitária e
pode ser utilizada para:
“[...] acolher no grupo, aquecimento (colocar em situação de fala)
acolher a dor, celebrar a alegria, catalisar as falas do grupo,
função de continência, função de espelho, estimular a capacidade
de resiliência, resignificação e propiciará sensação de
pertencimento e inclusão no grupo e na comunidade” (FIX,
LEITE & GALVANI, 2005).
A cultura popular brasileira tem muitas expressões folclóricas e dentre elas
a música, provérbios, e ditados populares e representam o povo e sua história.
Essas músicas, se utilizadas durante a realização da terapia, devem estar de
acordo com a história contada no momento com intuito de trazer uma conotação
positiva porque a música pode fazer com que haja uma “mudança no ângulo de
visão, e elementos novos poderão ser utilizados” (FIX, LEITE & GALVANI, 2005)
pela pessoa que estava contado sua história.
28
Em seu artigo “Algumas reflexões sobre a inserção da música nos
encontros de Terapia Comunitária no CEAF -Centro de Estudos e Assistência à
Família”, retratam a importância em ressaltar a música como função de
espelhamento porque faz com que o indivíduo reconheça–se e possa ajudar na
organização do mundo da fala e da auto-imagem de quem está relatando seu
sofrimento.
1.10.2 Danças circulares
Como no final de cada reunião as pessoas do grupo ficam abraçadas
formando um círculo, acreditamos que seria interessante a utilização de danças
circulares nesses momentos porque faz com que as pessoas sintam–se
interligadas e unidas.
Mas o que são danças circulares?
Danças circulares são danças de roda que estão presentes em antigas
tradições de vários povos do mundo, se destinando a pessoas de todas as idades
de maneira lúdica e instrutiva; curativa e divertida; procuram promover a paz; e
não são utilizadas em competições.
As danças circulares abrangem danças de várias origens, dentre quais
podemos destacar: a dança da paz universal, danças circulares sagradas,
brincadeiras cantadas, danças indígenas ou étnicas e cirandas.
• Dança da Paz Universal – criadas pelo mestre sufi Samuel Lewis, fundador
da Ordem Sufi Islâmica Ruhaniat Society, celebram o sagrado do Hinduísmo,
Zoroastrismo, Budismo, Judaísmo, Cristianismo, Sikhismo, Islamismo, danças
em Aramaico, Nativas Americanas, Nativa do Oriente Médio, Celtas, Nativas
Africanas e da Tradição da Grande Mãe, tendo o intuito de unir essa
diversidade procurando criar paz interior e afirmação da Unidade.
29
• Danças Circulares Sagradas – nasceu por volta da década de 70 através da
coleta de danças folclóricas feita pelo alemão Bernhard Wosie. São danças
folclóricas de todos os povos, tradicionais ou contemporâneas, tendo como
característica a Universalidade abrangendo danças de todos lugares e todas
as épocas.
• Brincadeiras Cantadas – são brincadeiras que fundem musicalidade,
dramatização, mímica, jogos e dança, integrando cantigas próprias das
crianças e por elas cantadas, visando contribuir para melhorar aspectos
importantes para o crescimento das crianças, entre elas o desenvolvimento da
coordenação sensório – motora, favorecer a socialização e incentivar tradições
folclóricas.
• Danças Indígenas – é uma das maiores expressões espiritualidade para os
índios.
• Ciranda – dança típica das praias que surgiu no litoral norte de Pernambuco.
Muitos acreditam que a ciranda é brincadeira de roda para crianças, porém, no
Nordeste é conhecida como uma dança de roda de adultos.
É uma dança comunitária que não tem um número limite de participantes,
portanto, todos podem participar independente de idade, sexo, cor, condição
social ou econômica dos participantes. Se o tamanho do grupo começar a
dificultar os movimentos da roda, forma – se uma roda menor no interior da
maior.
Diante das informações expostas acima, faz-se necessário abordar as
semelhanças entre Serviço Social e Terapia Comunitária no próximo capítulo.
30
CAPÍTULO II
TERAPIA COMUNITÁRIA E SERVIÇO SOCIAL
“(...) não há ignorantes absolutos, nem
sábios absolutos: há homens que em
comunhão buscam saber mais”.
Paulo Freire
Este capítulo trará a concepção do Serviço Social e tentará uma
aproximação com a Terapia Comunitária, porém, para tanto, é necessário,
primeiramente uma breve conceituação do que é Serviço Social.
2.1 Conceito de Serviço Social
Serviço Social é a profissão de caráter interventivo nas diversas relações
sociais que tem como objeto a questão social, que está presente na contradição
capital X trabalho e é representada em suas diversas expressões. Segundo
Marilda Vilela Iamamoto, Assistente Social formada na Universidade Federal de
Juiz de Fora em 1971 e atualmente professora titular da Universidade Estadual do
Rio de Janeiro, e Raul de Carvalho:
“[...] a questão social não é senão as expressões do processo de
formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso
no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento
como classe por parte do empresariado e do Estado. É a
31
manifestação no cotidiano da vida social, da contradição entre o
proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de
intervenção mais além da caridade e repressão” (CARVALHO &
IAMAMOTO apud MACHADO, 1999 p. 42).
Ao Assistente Social, segundo Iamamoto (1988), cabe a defesa dos direitos
sociais, da cidadania, democracia e emancipação dos sujeitos sociais,
comprometimento que deve ser assumido por ser o projeto político profissional
materializado no Código de Ética.
2.2 Semelhanças
O Serviço Social e a Terapia Comunitária têm muito mais em comum do
que imaginamos. Nos grupos de terapia são utilizados, na prática, conceitos que
aprendemos no curso de Serviço Social, profissão que exige escuta técnica para
entender o que o usuário está dizendo, e muita observação porque, muitas vezes,
por gestos e expressão corporal, percebemos o que o usuário está tentando dizer.
Saber perguntar e mostrar caminhos sem interferir ou aconselhar, também é
necessário nessa profissão, cabendo ao Assistente Social utilizar corretamente
essas técnicas no atendimento individual ou coletivo, o que na Terapia
Comunitária, também é necessário porque enquanto o indivíduo apresenta sua
história de vida, o terapeuta deve manter a escuta técnica e observação apurada,
permitindo que o outro relate suas dúvidas, suas verdades e motivações; sempre
procurando entender à problemática apresentada e depois discutir com o grupo
para que juntos mostrem caminhos e possíveis soluções para que quem
apresentou a situação – problema possa escolher qual melhor caminho a seguir.
A Terapia Comunitária procura fazer com que o grupo perceba que seus
problemas não são somente seus, mas sim de várias pessoas e que o motivo
deste fato acontecer é a estruturação da sociedade em que vivem, onde tudo gira
em torno do capital e do poder. Procura também fazê-los “romper com o
clientelismo para chegarem à cidadania” (BARRETO, 2005, p. 60), e, ter um
“projeto profissional comprometido com a defesa dos direitos sociais”
32
(IAMAMOTO,1988, p.113), promover cidadania e democracia é um dos preceitos
do Serviço Social. Todos têm os mesmos direitos perante a Lei e devem ser
tratados com eqüidade, não com atitudes paternalistas ou assistencialistas. As
pessoas devem ter seus direitos garantidos e colocados em prática, porém, isso
não acontece, porque alguns dos direitos escritos na Constituição de 1988 não
saíram do papel, cabendo ao povo lutar para que se concretizem. Ao Serviço
Social fazer com que as pessoas comecem a perceber esses fatos. E a Terapia
Comunitária vem para ajudar nessa luta, mediante reflexão das situações vividas
pelo grupo que são causadas, em algumas vezes, pela não concretização dos
direitos da população.
Muitas pessoas que freqüentam a Terapia Comunitária necessitam
compartilhar as angústias de seu cotidiano para que uma seja eleita para todos
ouvirem juntos e buscarem uma solução, o que faz, muitas vezes, com que
percebam que seu problema é semelhante ao de outras pessoas, e que, apesar
de cada um possuir sua singularidade e história de vida, também fazem parte do
coletivo que os levam a ter problemas comuns por causa da estrutura de
sociedade em que vivem. E no Serviço Social a abordagem desempenhada pelo
Assistente Social é exatamente como na Terapia Comunitária: fazer o usuário
refletir que o problema que vive não é por sua culpa, ou somente seu, mas sim de
várias pessoas e que a causa está na sociedade em que está inserido.
Podemos apontar outro fato em comum entre Terapia Comunitária e
Serviço Social: os dois devem respeitar os valores e autonomia dos seres
humanos como princípio. Afinal é necessário que as pessoas percebam que sua
cultura, seu saber tem valor e sintam que são capazes de conduzir sua vida e
seus problemas por si próprias, sem que sejam vistos como coitados ou que o
profissional coloque-se na postura de salvador, que quer resolver tudo pelo
semelhante. Essa atitude de salvador é parecida com que, no Serviço Social, é
denominado atitude paternalista, realizada por alguns profissionais que na sua
visão entendem que o usuário não é capaz de refletir nem tão pouco de buscar a
sua emancipação, portanto, os Assistentes Sociais têm que fazê-lo por ele.
33
2.3 Objetivos da Terapia Comunitária: semelhanças com o Serviço Social
Os objetivos da Terapia Comunitária que, segundo Barreto (2005) procuram
ampliar seu ângulo de ação para que haja uma mudança de olhar, também têm
alguns pontos em comum com o Serviço Social e serão destacados a seguir:
1. Ir além do unitário para atingir o comunitário porque, com a globalização, a
sociedade em que vivemos atualmente passa a ter um aumento de problemas
que devem ser superados pela coletividade e não somente por um indivíduo,
um líder ou um especialista. Pelo fato dos problemas serem da comunidade e
não apenas de uma única pessoa, é que a própria comunidade dispõe
também de soluções.
Neste objetivo, percebe-se que o olhar da totalidade é fato importante
porque, além do problema individual é necessário analisar o contexto em que se
insere esse indivíduo que deve superar seus problemas no coletivo, pois, muitas
vezes, o problema de um é o problema de vários.
2. Sair da dependência para a autonomia e a co-responsabilidade procurando
estimular o crescimento pessoal e desenvolvimento familiar e comunitário,
porque a dependência atrapalha esse crescimento e desenvolvimento. E se a
comunidade solucionar seus problemas, há o reforço da autoconfiança.
Defender a autonomia é um dos objetivos do Serviço Social porque o
usuário deve ser interrogado sobre o que pensa de seu problema, afinal, o
Assistente Social apenas aponta caminhos.
3. Ver além da carência para ressaltar a competência em que a comunidade deve
valorizar o sofrimento vivenciado como grande fonte geradora de competência,
utilizado como uma forma de reconhecimento do saber adquirido com a vida.
Ressaltar a competência e potencial é necessário para a não utilização de
atitudes paternalistas de quem acredita na falta de capacidade do usuário, pois,
como está descrito na alínea a) do artigo 6º do Código de Ética Profissional dos
34
Assistentes Sociais “é vedado ao Assistente Social: exercer sua autoridade de
maneira a limitar ou cercear o direito do usuário de participar e decidir livremente
sobre seus interesses”.
4. Sair da verticalidade para a horizontalidade para que se acolha, reconheça e dê
o apoio necessário a quem vive situações de sofrimento, proporcionando maior
humanização nas relações.
O que se entende por horizontalidade é que não há relações de
subordinação onde alguns mandam enquanto outros obedecem, ou seja, há uma
descentralização do poder, diferindo, portanto da verticalidade em que há
concentração de poder.
Portanto, ao ler este objetivo, observa-se que na Terapia não deve haver
os que mandam e os que obedecem, assim como o Assistente Social não deve se
considerar acima dos usuários por ter um grau de instrução e de conhecimento
científico, porque todas as pessoas possuem conhecimentos originados da
herança cultural.
5. Da descrença da capacidade do outro, passar a acreditar no potencial de cada
um deixando de querer que o outro aceite nossas decisões para percebermos e
estarmos a serviço das competências dos outros.
Nesta mudança percebe-se algo em comum com o que se discute no
Serviço Social: o entendimento de que o homem tem potencial e autonomia, que
devem ser reconhecidos, defendidos e garantidos pelo Assistente Social.
6. Ir além do privado para o público, pois a reflexão dos problemas sociais que
atingem os indivíduos sai do campo particular para a partilha pública, coletiva e
comunitária, encontrando juntos a solução dos problemas de maneira interativa,
identificando-se com os outros no compartilhamento dos sofrimentos,
respeitando às diferenças.
35
Portanto, as pessoas devem unir-se enquanto classe e refletir que o
problema de um, pode ser o problema de vários como conseqüência do
tipo de sociedade em que vivem.
7. Romper com o clientelismo para chegarmos à cidadania através do indivíduo
que deixa de ser objeto passivo para se tornar um parceiro ativo e sujeito de
sua história que não deve pedir nada como favor ou caridade e sim porque lhe
é de direito.
O clientelismo gera troca de favores, e a cidadania, que também é
defendida pelo Serviço Social, são os direitos que os cidadãos têm em participar
das decisões do que é público e que deve, se necessário, ser instituída pelo
Assistente Social.
8. Romper com o modelo que concentra informação para fazê-la circular
resgatando o capital sócio-cultural do grupo para que este seja colocado como
co-autor das decisões e das políticas públicas.
O Serviço Social também valoriza o resgate do capital sócio-cultural que é:
“[...] um meio solidário e cooperativo que reúne forças e
capacidades coletivas na busca contínua por melhorias locais,
bem como acionando os demais capitais (econômico, humano,
natural, psicossocial, etc.) como elementos fundamentais
congruentes que podem impulsionar e direcionar o
desenvolvimento endógeno de uma comunidade” (MARIANI &
OLIVEIRA, 2004, p. 7).
2.4 Cultura
Nos grupos de Terapia Comunitária é importante que a diversidade cultural
seja valorizada porque a cultura é “a expressão de valores” e “de um modo
particular de vida, de um povo, numa determinada época” (FALEROS, 1996, p.
34), fazendo com que pensamentos e “comportamentos dos homens uns em
36
relação aos outros” sejam compreendidos (FALEIROS, 1996, p. 34). Além de
respeitar a diversidade cultural, o homem deve, lembra Barreto (2005), identificar-
se com os valores culturais de seu grupo para poder construir sua identidade. É
essa identidade e diversidade cultural que o Assistente Social deve saber
respeitar, sempre buscando analisar o quanto são importantes e influenciam a
vida de uma pessoa, pois a cultura tem métodos que geram habilidades e
competências.
Todas as pessoas têm sua cultura, denominado de herança cultural porque
foi ensinada pelos antepassados e repassada por várias gerações. Respeitar a
diversidade cultural é o primeiro passo para o entendimento das diferenças,
principalmente quando há o entendimento de que existem várias culturas em um
único país, e que essa diversidade cultural, “faz a grandeza deste país”
(BARRETO, 2005, p. 59). Ter consciência de sua cultura faz com que o homem
perceba que tem uma história de vida que é importante, devendo ser analisada e
valorizada pelos outros e por si mesmo porque tudo em que acredita, por mais
que não admita, advém de sua herança cultural.
Portanto, por mais que uma pessoa não saiba ler e utilizar a linguagem
escrita, ela sempre terá algo a ensinar, e deve valorizar esse fato porque há
várias formas de se expressar sabedoria e cultura: fala, gestos, teatro, música,
dança e expressão corporal. Por isso todos devem respeitar as diferentes formas
do saber, afinal, quem ensina pode ter muito a aprender assim como quem
aprende, também pode ter muito a ensinar, ou, como afirma Paulo Freire:
“A auto-suficiência é incompatível com o diálogo. Os homens que
não têm humildade, ou a perdem, não podem se aproximar do
povo. Não podem ser seus companheiros de pronúncia do mundo.
Se alguém não é capaz de sentir-se tão homem quanto aos
outros, é que lhe falta ainda muito que caminhar, para chegar ao
lugar de encontro com eles. Nesse lugar de encontro, não há
ignorantes absolutos, nem sábios absolutos: há homens que em
comunhão buscam saber mais”. (FREIRE apud BARRETO,
2005, p. XXIII):
37
Barreto (2005), na sua obra, faz um resgate histórico das raízes culturais
dos brasileiros; relata a cultura indígena mostrando o quanto alguns aspectos
desta cultura ainda influencia nosso cotidiano nos dias de hoje e que palavras
como: mandioca, tapera, maloca, tatu, jacaré, guaraná, entre outras expressões
da língua Tupi, fazem parte do nosso vocabulário atualmente. O saber indígena
da época do descobrimento era um saber aprendido no coletivo, sem o uso de
escrita ou leitura, mas eram saberes tão importantes quanto o saber ler e
escrever. O coletivo é muito valorizado entre os indígenas e o problema de um
componente da tribo, é o problema de todos, que deve ser resolvido por todos.
Esse interesse coletivo é como na Terapia Comunitária em que o problema de um
é compartilhado com todos para que juntos achem uma solução.
Outro fato importante na cultura indígena é a maneira que os índios Kaiapó
têm para demonstrar quanto o diálogo e o saber ouvir são importantes na vida de
um homem e de seu grupo social: utilizam uma rodela de madeira fixada no lábio
inferior e nas orelhas para poderem falar e ouvir melhor. Com isso, pretendem
ressaltar as partes do corpo mais importantes na resolução de conflitos. Como
dito anteriormente, a escuta apurada e o saber dialogar também é muito
importante no Serviço Social, porém são utilizados para mediar conflitos, sejam
eles entre familiares, indivíduo ou grupo e Estado, operário e patrão.
Diversas culturas são lembradas no livro, tais como: a do negro, do
europeu e do oriental, afinal o brasileiro é a mistura de várias raças e culturas e
por isso mesmo é que deve respeitar a cultura dos outros, porque nossa cultura é
a mistura de várias culturas.
Refletir e analisar o assunto cultura nos faz entender o pensamento do
autor ilustrado muito bem na frase: “cada um é rico naquilo que o outro é pobre”
(2005, p. 52).
2.5 Questão Social
38
As pessoas que freqüentam a Terapia Comunitária, em sua grande
maioria, apresentam problemas que são decorrentes da manifestação da questão
social e são representadas nas suas diversas expressões, tais como: miséria,
desemprego, exclusão, precarização do trabalho, da saúde, da habitação, no
saneamento básico, da educação, a alimentação insuficiente, violência, conflitos
familiares, situação do idoso, da criança e adolescente, preconceito,
discriminação e dependência química.
Os participantes do grupo que vive uma ou várias dessas expressões
sociais, procuram a Terapia Comunitária para expor o seu problema e ver se
consegue uma solução. É como se o grupo fosse um lugar de “grito de quem quer
ser ouvido” em que todos são acolhidos e identificam outras pessoas com
problemas semelhantes e juntos procuram encontrar uma solução.
Muitas vezes os participantes do grupo, conforme a terapia avança,
percebem que o problema não é isolado e o enxergam como fazendo parte de um
todo. Isso faz com que reflitam que devem organizar-se para reivindicar melhorias
para os governantes, como por exemplo: problema com o esgoto ou mais
segurança em determinado bairro. Essa reflexão dar-se-á pelo fato de que, como
dito anteriormente, os participantes percebem que o problema não está neles,
mas na estrutura de sociedade em que vivem que é totalmente injusta e desigual,
com uma lógica de mercado em que tudo gira em torno do capital e do poder,
fazendo com que o homem seja reconhecido e admirado pelo que tem e não pelo
que é. Então, quem não tem nem capital e nem poder tornar-se excluído e
marginalizado perante a sociedade.
O terapeuta comunitário também deve apontar caso uma situação relatada
não seja a única na comunidade, mostrando que o descaso das autoridades é
preocupante em relação à situação, para que lutem para as autoridades
passarem a se preocupar com a situação apresentada, com intuito de que os
integrantes do grupo se percebam como cidadãos.
39
2.6 Cidadania e Democracia
Cidadania origina-se do latim civitas que quer dizer cidade. Segundo Dalmo
Dallari, professor titular e orientador de pós-graduação da Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo:
“A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a
possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de
seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou
excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa
posição de inferioridade dentro do grupo social” (1998, p. 14).
Democracia, palavra originada do grego demos que quer dizer povo, é o
governo em que a responsabilidade cívica é exercida por todos cidadãos seja de
maneira direta ou indireta.
Porém, cidadania e democracia não devem se resumir apenas no ato de
eleger um representante de quatro em quatro anos, mas também que os cidadãos
tenham liberdade de expressão, direitos garantidos em lei e na prática, e não
troca de favor ou caridade. Essa busca pela cidadania é defendida tanto pelo
Serviço Social – que a defende por ser um comprometimento do projeto
profissional - quanto pela Terapia Comunitária e, no caso desta última, este fato
fica claro quando Barreto (2005, p. 53) diz que:
“[...] é importante que o que nos une na terapia é o forte
desejo de, juntos, buscarmos soluções para nossos
problemas, consolidarmos os vínculos interpessoais,
resgatarmos a capacidade terapêutica do grupo e mobilizá-
lo na construção da cidadania”.
2.7 Comunicação
40
Saber comunicar-se e entender o que alguém quer comunicar é muito
importante, tanto na Terapia Comunitária, quanto no Serviço Social. É necessário
que entendam que todo comportamento - fala, escrita, gestos e atitudes - é
comunicação que podem se manifestar de forma inconsciente e não intencional.
Por isso é tão necessário que, em uma entrevista ou terapia em grupo, técnicas
como a escuta apurada e observação de gestos seja utilizada para melhor
compreensão do que as pessoas querem dizer, porque muitas vezes alguém diz
algo e seus gestos contradizem o que foi dito, cabendo ao entrevistador/terapeuta
tentar entender a situação, sabendo formular perguntas para entender o que de
fato a pessoa quer expressar.
A estrutura de sociedade em que vivemos atualmente é totalmente
conflituosa e individualista voltada para obtenção de lucros, acumulação de
capital, esquecendo-se o valor do coletivo. As pessoas não têm tempo de ouvir ou
serem ouvidas por causa da constante e sacrificante luta pela sobrevivência. A
Terapia Comunitária, através dos grupos, resgata o sentido do coletivo e entende
a necessidade que as pessoas têm de falar sobre seus problemas, porque a
comunicação é importante para o ser humano e como diz o provérbio “quando a
boca cala, os órgãos falam, quando a boca fala, os órgãos saram” (BARRETO,
2005, p. 65).
Expor o seu problema, suas preocupações do cotidiano sabendo que não
será julgado principalmente porque pode não ser o único que possui esse
problema e por alguém já haver passado por uma situação semelhante, mas
conseguiu resolvê-la, traz esperanças para este indivíduo que se sente acolhido
pelo grupo, afinal, a Terapia Comunitária acontece em um espaço público onde
um grupo se reúne, procurando resgatar o coletivo, a cidadania das pessoas do
grupo por meio de técnicas de comunicação, socialização da informação e não da
fofoca, que pode dificultar o crescimento coletivo.
2.8 Cotidiano
41
O cotidiano - que é a categoria do Serviço Social que procura entender
como analisar a importância do dia-a-dia do usuário - também pode ser utilizado
pelo terapeuta comunitário como instrumental de análise e observação das
pessoas que freqüentam o grupo de terapia comunitária, pois, é na análise desse
cotidiano que descobre alguns fatos da vida dos participantes do grupo,
principalmente da pessoa que teve seu problema escolhido para análise.
2.9 Totalidade
Tanto o terapeuta comunitário quanto o Assistente Social devem observar
o indivíduo em sua totalidade e não como um ser fragmentado que é analisado
somente em suas necessidades. Observar e analisar os indivíduos em sua
totalidade é respeitar sua história de vida. Porém, a análise dessa totalidade não
deve ser focada apenas em um indivíduo; deve também ser disseminada para o
grupo procurando perceber como está essa comunidade que faz a terapia, quais
os problemas que enfrenta e incentivar o grupo de que são capazes de mudar
essa história.
2.10 Rede Social
A rede social pode ser definida como “um conjunto de relações
interpessoais a partir das quais uma pessoa mantém a própria identidade social”
(SOARES, 2004, p.31) e é importante para o Serviço Social porque pode ser
utilizada como instrumento no cotidiano do Assistente Social, e para Terapia
Comunitária a rede social também tem sua importância porque:
“[...] a Terapia Comunitária se propõe ser um instrumento de
aquecimento e de fortalecimento das relações humanas, na
construção de redes de apoio social, em um mundo cada vez
mais individualista, privatizado e conflitivo”. (BARRETO,2005,
p.36)
42
Segundo Maria Luisa Pereira Ventura Soares (2004) - Assistente Social e
Diretora Executiva do Centro de Recuperação e Educação Nutricional - a rede
social pode ser: primária ou secundária formal, informal, do terceiro setor, de
mercado e mista, se originando dos bens que nela circulam, sejam eles dinheiro,
reciprocidade ou direito. Abaixo explicaremos sucintamente cada uma delas para
melhor entendimento, a saber:
• Rede primária – são formadas por relacionamentos entre parentes, vizinhos,
colegas de trabalho e tem origem na reciprocidade.
• Rede secundária formal – é caracterizada pela troca fundada no direito,
principalmente o direito à cidadania. Quem presta serviço a essas redes são
as instituições públicas.
• Rede secundária informal – constituída a partir da rede primária porque um
grupo organiza um auxílio ou um serviço se houver alguma necessidade ou
dificuldade em comum nos membros da rede. Não há circulação de dinheiro,
pois o vínculo é fundado na troca de serviços e solidariedade. Esse tipo de
rede existe enquanto durar o problema enfrentado.
• Redes secundárias do terceiro setor – são constituídas por organizações da
sociedade civil e apesar de prestarem serviços, não visam lucro. As
cooperativas sociais, fundações, associações e organizações são redes do
terceiro setor que têm como características o direito e a solidariedade.
• Redes secundárias de mercado – tem sua existência estritamente ligada ao
dinheiro e ao lucro.
• Rede secundária mista – é aquela que presta serviço garantindo o direito,
mas o faz em troca de pagamento.
A rede social é muito importante porque toda a pessoa a possui, apesar de
“muitas vezes se sentir isolada por ser excluída socialmente e não consegue
43
perceber os vínculos que possui e que pode dar suporte e ajudá-la a superar suas
dificuldades” (SOARES, 2004, p.33) e por ter uma abordagem em “que atua-se
com a pessoa que traz a demanda e com as pessoas que são significativas para
a solução do problema” (Idem, p.35)
2.11 Paulo Freire
Os ensinamentos, ou melhor, o Método de Paulo Freire são muito
importantes para o Serviço Social e auxilia no entendimento sobre alguns
aspectos da realidade social. Diante de um Brasil que ainda reproduzia a
submissão das classes dominadas que eram impedidos de ser, saber, ter e poder,
Freire defendia a educação como um ato político e o saber popular, propondo a
superação dessa submissão e apontando para um mundo de possibilidades,
sempre pregando a necessidade do povo ser estimulado a participar da vida
pública e do todo social.
Em Pedagogia da Autonomia, sua última obra publicada em vida, discute
sobre ética universal do ser humano e neste contexto cita a ética que condena a
exploração do trabalho; fala sobre a necessidade de se respeitar à identidade
cultural dos educandos, e nisto se assemelha com o Serviço Social que também
deve respeitar a identidade cultural de seus usuários que por vezes também são
educandos. Diz também que os professores devem respeitar os saberes dos
educandos, aconselhando que discutam os problemas sociais com os quais
sofrem as comunidades carentes e a desigualdade em que vivem, e reflete sobre
a questão da mudança, dizendo que são difíceis, porém possíveis, contudo:
“Não se trata obviamente de impor à população expoliada e
sofrida que se rebele, que se mobilize, que se organize para
defender-se, vale dizer, para mudar o mundo. Trata-se, na
verdade, não importa se trabalhamos com alfabetização, com
saúde, com evangelização ou com todas elas, de
simultaneamente com trabalho específico de cada um desses
campos desafiar os grupos populares para que percebam, em
termos críticos, a violência e a profunda injustiça que caracterizam
44
sua situação concreta. Mais ainda, que a situação concreta não é
destino certo ou vontade de Deus, algo que não pode ser
mudado” (FREIRE, 1996, p.31).
Percebe-se, na fala supra citada que o autor procura ensinar
conscientizando as pessoas de que a mudança é possível, desafiando aos grupos
populares a perceberem criticamente o quanto sofrem com a profunda injustiça e
que isso não deve ser visto como vontade de Deus ou como algo que não pode
ser mudado, ou seja, assim como é pregado pelo Serviço Social, Freire rompe
com a visão messiânica e fatalista sobre a realidade dos oprimidos.
45
CAPÍTULO III
TERAPIA COMUNITÁRIA NA PRÁTICA
“Quando a boca cala,
O corpo fala,
Quando a boca fala,
O corpo sara.”
Adalberto Barreto
Para realizarmos a pesquisa a campo escolhemos um Centro Médico do
Grande ABC em que são realizadas sessões de Terapia Comunitária todas as
quintas-feiras a partir das duas horas da tarde, porque a Assistente Social que é a
terapeuta deste grupo foi supervisora de estágio de uma das componentes do
grupo, motivo que facilitou nossa aproximação com os participantes da terapia e a
coleta de dados para podermos alcançar o objetivo deste trabalho: analisar a
relação do Serviço Social com a Terapia Comunitária na teoria e na prática.
3.1 Procedimentos metodológicos
Para iniciarmos a pesquisa a campo optamos fazer uma abordagem
qualitativa pela complexidade do tema analisado, por tratar-se de algo que mexe
com a emoção das pessoas. Para tanto, é preciso esclarecer que:
46
“a pesquisa qualitativa responde a questões muito
particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com o
nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja,
ela trabalha com o universo de significados, motivos,
aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a
um espaço mais profundo de relações, dos processos e dos
fenômenos que não podem ser reduzidos à
operacionalização de variações” (MINAYO, DESLANDES,
NETO e GOMES, 2001, p. 21 e 22).
Esta pesquisa foi realizada em 26 de Julho de 2007 para que o grupo
pudesse participar, observar e analisar como funciona a Terapia Comunitária na
prática. Neste dia, a terapia contou com a presença de uma terapeuta corporal
que fez a abertura e o encerramento da sessão.
3.2 Instrumentais e técnicas
A pesquisa foi dividida em dois momentos:
1º) o grupo participou da Terapia Comunitária para observar como esta é
realizada na prática e qual a reação e sentimentos dos participantes;
2º) realização de entrevista com uma participante da terapia e com a
terapeuta.
No primeiro momento da pesquisa, o grupo decidiu fazer a pesquisa como
participante total “em que o observador não revela ao grupo sua verdadeira
identidade de pesquisador nem o propósito do estudo” (LUDEKC e ANDRÉ, 1986,
p.28), buscando tornar-se um membro do grupo para que consiga se aproximar o
máximo possível da “perspectiva dos participantes” (idem). E no papel
participante total, pudemos observar a importância do falar e de sentir-se
47
pertencente a um grupo; o companheirismo e solidariedade que os participantes
têm uns com os outros.
Percebemos também como é importante seguir corretamente as fases da
Terapia Comunitária porque é realmente necessário um acolhimento que deixe as
pessoas à vontade: uma música ou até mesmo uma dinâmica de grupo, como
pudemos observar e participar durante a pesquisa. A escolha do tema surge das
colocações feitas pelos participantes, portanto, é preciso que o grupo preste
atenção no que cada um fala e tenha a sensibilidade de perceber quem necessita
ser o protagonista da sessão; a contextualização do problema; o mote, que fará o
grupo refletir sobre o tema escolhido e sobre si próprio; e o encerramento, em que
todos se abraçam, formando uma teia e falam algo positivo para o protagonista da
sessão.
Após participarmos da terapia, realizamos as entrevistas com a participante
da terapia e com a terapeuta.
A entrevista com Sra Amélia Lopes Ferraz Sudré, participante da terapia,
foi realizada em dia 26 de Julho de 2007 e fizemos as seguintes questões:
1) Como o senhor (a) ficou sabendo da Terapia Comunitária o que o (a) levou a
procurá-la?
“Fui passar em uma consulta, cheguei dez minutos atrasada
e o médico não quis me atender. Achei um desaforo, pois às
vezes os médicos também atrasam e os pacientes precisam
esperar. Por causa desse nervoso passei mal, a pressão
ficou alta e o médico acabou me atendendo e pedindo para
me medicarem. Porém, continuei passando mal e precisei ir
para um pronto socorro, onde tive um começo de infarto e fui
transferida para o Hospital do convênio onde fiquei por cinco
dias e fui encaminhada para um programa do convênio. Lá,
passei em entrevista com a Assistente Social Danile - com
quem conversei muito sobre meus problemas - e esta me
48
convidou a participar da Terapia Comunitária e na outra
semana participei do grupo de terapia”.
2) Após participar da terapia, mudou alguma coisa em sua vida?
“Depois de ter participado do grupo e conversado com a
Assistente Social, até sonhei, algo que não conseguia fazer
a algum tempo por causa de alguns problemas. No grupo de
terapia, aprendi a me valorizar e percebi que há pessoas
com problemas piores que os meus”.
A entrevista com Sra. Danile Azevedo Amorese Costa, Assistente Social e
terapeuta em formação, foi realizada em 07 de Agosto de 2007 e fizemos as
seguintes questões:
1) Diante da sua experiência e seus conhecimentos, no que a Terapia
Comunitária contribui para o Serviço Social? E para você?
“Bom, a Terapia Comunitária, contribui muito para o Serviço
Social, para minha atuação profissional e, na verdade eu vejo a
Terapia Comunitária como uma continuação do Serviço Social.
Acredito que todos os conceitos da Terapia que são trabalhados
no paciente, no usuário, enfim, a teoria do Serviço Social que, ‘tá’
sendo, de alguma forma praticada. E, sendo profissional de
Serviço Social, ajuda muito mais a questão da Terapia
Comunitária porque a gente já tem essa base de conhecer o todo,
da escuta, de ver o outro realmente como um todo, então uma
coisa agregou a outra, mas a minha prática profissional
realmente... enriqueceu muito por saber e por conseguir trabalhar
na prática tudo aquilo que eu penso que é realmente o Serviço
Social, com a questão da ajuda.
Pra mim é maravilhoso, a cada sessão de terapia eu me
transformo um pouco. É uma experiência muito rica estar junto
49
com as pessoas e poder realmente trocar, compartilhar, então,
não é só para elas o efeito terapêutico, pra mim também e... pra
mim como pessoa, eu... me conheço muito mais hoje. Então, por
trabalhar com outras pessoas a gente precisa ter esse
reconhecimento de si. Sempre fui uma pessoa assim, de buscar
um auto - conhecimento, mas isso agora fica muito mais forte por
tentar fazer isso pelo outro. Então hoje eu sou uma pessoa, que
me conheço muito mais hoje do que quando eu não fazia Terapia
Comunitária”.
2) Comente sobre as transformações mais marcantes que percebeu com o
decorrer das sessões de Terapia Comunitária.
“Todas as sessões, elas são muito... eu saio surpresa de todas
elas, têm algumas que óbvio que são pesadas pelos problemas
que são trazidos pelos participantes, mas a gente vê na ‘carinha’,
né?, porque o corpo fala também, vem no corpo, as pessoas
entram tensas, quando o tema daquela pessoa em especial é
escolhido e a gente trabalha com aquele tema a pessoa sai muito
mais leve, pertencendo de um grupo, pertencendo de algo como
se fosse uma família e ela se sente realmente acolhida. E o
processo terapêutico, nem eu tinha dimensão de quanto é
importante a Terapia Comunitária no decorrer, por exemplo,
aquela pessoa que vem toda semana, e as pessoas têm
melhorado muito da questão da ansiedade, é... buscado
realmente soluções estruturais, então eu tenho conseguido com
as terapias evidenciar o salto qualitativo. ‘Tá’ ajudando também
muito no tratamento, os pacientes que fazem parte da Terapia
Comunitária, que são pacientes, familiares, cuidadores. Alguns
apresentam doenças crônicas ou outros são cuidadores, e isso
tem ajudado muito no tratamento em geral. Então eu ‘tô’ vendo
realmente muita conseqüência positiva, como eu falei, um salto
realmente qualitativo no decorrer das terapias e todo participante
da terapia sempre volta na outra. E eles se sentem realmente
como se fosse uma família, é muito gostoso. E a cada grupo, a
cada terapia, há algo novo que acontece que a gente não sabe o
50
que vai acontecer no decorrer da terapia, mas que tem tido um
efeito terapêutico fantástico que nem eu tinha dimensão. O fato
das pessoas se sentirem assim, acolhidas e ‘nossa, quando eu
precisar chorar vai ter alguém que vai me apoiar’, porque até com
as dinâmicas que a gente faz no final de as pessoas mexerem e
sentirem o balanço da roda, é justamente para sentir ‘na hora que
eu tiver caindo, vai ter alguém para poder me apoiar’, e é
exatamente isso que elas sentem, se sentem acolhidas. É
maravilhoso. E depois quando as pessoas voltam, por exemplo,
aquelas pessoas que tiveram o tema escolhido, elas... elas voltam
diferentes, elas voltam muito... eu não sei explicar, mas a
aparência modifica, aquele olhar... aquela coisa tensa, fica algo
mais solto. É, a dimensão da Terapia Comunitária é muito grande,
muito grande”.
3) Durante a Terapia, são contadas diversas experiências, mas apenas uma é
escolhida pelo grupo. Se você percebe que um relato que não foi escolhido pelo
grupo é mais urgente, porém, você não pode interferir na escolha do grupo, o que
faz para ajudar essa pessoa?
“Geralmente, é... o que acontece, a sintonia do grupo é tanta, que
as pessoas, no momento da roda, quando elas expõem o
problema, elas sentem que o problema do outro é mais urgente.
Então têm muitas pessoas que colocam algumas coisas que
quando ouvem uma outra pessoa falar uma coisa que é um pouco
mais urgente, que precisa ser trabalhada, elas se comovem
totalmente, elas se doam para aquele problema e elas mesmas
dizem que ‘olha, o meu problema tá ruim, mas o dela tá muito pior
que o meu’. Então o sentimento de sinergia, comunhão,
solidariedade também é despertado no grupo, elas se percebem.
A sintonia é muito grande. E tudo isso por conta do início, da
sensibilização, as pessoas se sentem realmente acolhidas. Agora,
quando existe algum outro problema, algum outro tema, urgente
também, que tem essa necessidade de escolha, de ser
trabalhado, no final da terapia eu chamo a pessoa, então a
pessoa vem e discute um pouquinho, mas na verdade isso nunca
51
aconteceu, isso pode acontecer, de chamar a pessoa e falar um
pouco mais a respeito do problema, mas... todas as pessoas que
estão na terapia, todos os problemas que são trazidos, elas são
beneficiadas também com a reflexão do grupo, porque... a gente
tenta lançar um mote que contemple tudo. Às vezes, isso vai do
terapeuta, às vezes têm problemas que são trazidos, que a gente
identifica o que é aquele problema, com a restituição, quando a
pessoa traz a escolha do tema, e a gente tenta fazer do mote, que
é a alma da terapia, um mote específico, geral, que contemple
aquele problema daquela pessoa também, ou seja, o problema
dela não está sendo ali falado, discutido um pouco mais, mas ‘tá’
sendo trabalhado também porque ao mesmo tempo ela traz
alguma reflexão, alguma... alguma coisa que ela tenha passado,
que ela superou aquele problema, que aí depois ela entende,
‘olha se você pode resolver assim o seu problema, eu também
resolvi um problema meu assim, então vou resolver meu problema
dessa forma’. Tudo depende muito do mote que você lança e toda
a reflexão do grupo contempla a todo mundo. Então talvez eu não
falei um tema mais voltado pro meu, mas eu fui contemplada com
aquela reflexão porque eu me senti útil de também poder ajudar
outra pessoa e só o fato de a gente refletir em uma coisa, já traz
uma reflexão pra mim daquilo que eu ‘tô’ vivendo, daquilo que eu
tô precisando trabalhar, então... às vezes o mote, quando eu
lanço, geralmente eu tenho feito dessa forma, quando tenho
problema que são urgentes. Tudo depende do terapeuta perceber
o outro. A gente tenta contemplar com o mote... todos. A pessoa,
sem perceber, foi trabalhada também. Às vezes tem aquele caso
que a gente vê que precisava falar, independente disso, aí eu
procuro às vezes ou marcar tratamento individual, mas às vezes
eu prefiro até acompanhar com a Terapia Comunitária mesmo,
porque tem pessoas que chegam aqui de forma muito fechada,
que não conseguem falar sobre o problema, conseguem falar,
porque todos eles se colocam, mas ele não consegue falar do
problema mesmo, porque não está entendendo o que está
acontecendo; então entra de forma muito tímida, então, por
exemplo, começa a falar, ‘porque eu fiquei preocupado com o
avião da TAM que caiu’, na outra terapia: ‘ah! Eu tô chateado
52
porque minha família está desestruturada’, na outra terapia: ‘eu tô
muito preocupado com a minha questão emocional porque eu
percebi que meu problema é realmente emocional, não tenho
problema nenhum de doença’. Então, a pessoa vai crescendo, ela
vai conseguindo trazer coisas pra gente. Então, voltando pra
pergunta... nunca aconteceu isso porque todas pessoas são
contempladas, mas caso não for e eu achar que tem mais
necessidade de ser trabalhado, dependendo do caso, ou eu vou
pedir pra vir conversar, no atendimento individual mesmo, ou
então vou trabalhando na terapia”.
3.3 Análise de Dados
Ao analisarmos as respostas das entrevistadas percebemos que o
participante da Terapia Comunitária, ao ouvir os depoimentos e contribuir com a
sua história de vida, resgata sentimentos que estavam adormecidos, aumenta sua
auto-estima, a empatia, doação e solidariedade com o outro ao refletirem que
outras pessoas estão com problemas iguais ou maiores que o dele - neste
momento começa a perceber a importância do coletivo - e encontra melhor
solução para seus desafios comprovando o que diz Barreto “quando a boca cala,
o corpo fala, quando a boca fala, o corpo sara” (2005, p.65), principalmente
quando Sra Amélia diz que até sonhou, algo que não fazia há algum tempo.
Analisando a fala da terapeuta observamos que durante cada sessão ela
faz uma auto-avaliação, pois há troca de conhecimentos porque “o terapeuta
comunitário deve sempre ter uma visão e compreender que não está lá somente
para realizar uma tarefa para os outros, mas, sobretudo para si mesmo”
(BARRETO, 2005, p. XXV).
Destaca a importância dos conhecimentos adquiridos com o Serviço Social
que podem ser utilizados durante a terapia: o saber ouvir, saber perguntar,
analisar profundamente a linguagem falada e a linguagem corporal do usuário,
sua história individual e coletiva, procurando mostrar caminhos para que ele
decida o melhor a seguir; portanto “o terapeuta precisa estar comprometido com o
53
processo de crescimento das pessoas e da comunidade e, por isso, deve fazer
alianças com as pessoas envolvidas com as diversas atividades” (BARRETO,
2005, P.65) sempre procurando “ver além do dedo que aponta a estrela” (idem, p.
65). Essas ações destacadas pela terapeuta são mediações, que, para o Serviço
Social “[...] são categorias instrumentais através das quais se processa a
operacionalização da ação profissional” (MARTINELLI apud FAUSTINI, VILLAR &
WEIZENMANN, 2007, p. 3) e esta operacionalização se dá “[...] através do
conjunto de instrumentos, recursos, técnicas e estratégias” (idem) utilizadas pelo
profissional; o que se assemelha com que Barreto fala sobre a mediação do
terapeuta que
“(...) é aquele que respeita os valores e a autonomia do outro e
tem consciência do valor de escutar mais do que falar (...)
acompanha de perto as mudanças mentais que ocorrem
impulsionadas pela própria dinâmica da vida e ajuda as pessoas
atualizarem suas fichas mentais” (2005, p. 126).
As transformações que ocorrem com os participantes da terapia que se
expressam, acontece gradativamente e pode ser percebida a cada sessão até
mesmo através da fisionomia: “Ninguém nasce feito. “Vamos nos fazendo aos
poucos, na prática social de que tomamos parte” (FREIRE apud BARRETO, 2005
p. XXIV).
Na última fala da terapeuta fica claro que é importante contemplar a todos
os participantes da terapia através do mote, ou seja, a pergunta chave que irá
fazer com que reflitam sobre o problema do protagonista da sessão e sobre seus
próprios problemas porque o mote “promove a reflexão coletiva capaz de trazer à
tona os elementos fundamentais que permitam a cada um rever os seus
esquemas mentais, seus preconceitos e reconstruir a realidade”. (BARRETO,
2005, p. 78).
Esses dados mostram que a Terapia Comunitária realmente é um
importante meio de comunicação e de obtenção de informações que procura,
como idealizado por Freire, criar possibilidades e fortalecer o coletivo na
54
construção de caminhos para a resolução de um determinado problema, e,
portanto, pode ser utilizada como um instrumento para o Assistente Social no
atendimento de grupo, assim como alguns instrumentais do Assistente Social
podem ser utilizados durante a terapia, porque é necessário que “o terapeuta
apóie o dinamismo interno do grupo, para que este descubra seus valores, suas
potencialidades, e torne-se mais autônomo e menos dependente” (BARRETO,
2005, p. 49), fazendo com que os participantes da terapia se percebam como
cidadãos de direito.
55
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao finalizarmos este trabalho acadêmico constatamos que a Terapia
Comunitária funciona e é muito importante para quem dela participa, pois, como
pudemos verificar em nossa pesquisa de campo, quando um participante está
angustiado com algum problema de seu cotidiano e compartilha com o grupo,
percebe-se o alívio em seu semblante, afinal falar sobre o que o que angustia e
ouvir a reflexão do outro sobre seu problema, o ajuda na escolha do melhor
caminho a seguir.
A Terapia Comunitária não é espaço para conselhos, nem para fofocas, é
um espaço em que podemos encontrar diversas expressões da questão social,
valorizando a importância da comunidade na busca de melhorias para um todo,
analisando o cotidiano de cada um e suas relações sociais.
Esses fatores supracitados nos levam a acreditar que a Terapia
Comunitária é um instrumental importante para o Serviço Social, assim como o
profissional Assistente Social pode contribuir muito com a Terapia Comunitária.
Contudo, no decorrer do trabalho, observamos que o que diferencia a
Terapia Comunitária de outras terapias, como por exemplo, a terapia individual -
espaço onde o paciente relata seus anseios e recebe orientações de como agir
frente aos problemas apresentados - é o fato dela não ser aplicada com um olhar
clínico, pois o terapeuta comunitário deve ter clareza de seu papel de mediador
da terapia, não utilizando–se de sua formação profissional, por isso que pode ser
realizada por profissionais de diversas áreas.
Percebemos, mediante comentários de colegas de sala e outros profissionais
Assistentes Sociais, que a Terapia Comunitária não é benquista pela categoria,
por ser denominada Terapia e entenderem que estamos invadindo a prática
profissional dos psicólogos. Porém com este trabalho queremos romper com esse
estigma, mostrando que a Terapia Comunitária é uma área de atuação nova para
o Serviço Social, podendo ser realizada na Instituição em que trabalha, ou outros
locais públicos.
56
Concluindo, esta pesquisa nos fez perceber que devemos ampliar nossa visão
sobre as relações sociais do cotidiano, permitir mudanças, evitar pré-conceitos, e
entender que quando as pessoas trabalham em comunidade, e adquirem
consciência crítica, resulta na melhoria da qualidade de vida individual e coletiva.
57
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARAL, Viviane. Disponível em:
<http://www.mapadoterceirosetor.org.br/adm/download/redes.pdf> Acesso em: 09
maio 2007.
ARAÚJO, Rachel C. NASCIMENTO, Célia R. SOARES, Maria L. P. Ventura
Abordagem Social. 2ª edição, São Paulo, 2004.
BARRETO, Adalberto de Paula Terapia Comunitária passo a passo, São Paulo.
gráfica LCR (2005)
CALADO, Alder Júlio Ferreira. Fafica. Disponível em:
<http://www.paulofreire.ufpb.br/paulofreire/Files/livros/Calado-Paulo_Freire-
sua_visao_de_mundo_de_homem_e_de_sociedade.pdf> Acesso em: 16 agosto
2007.
CASTRO, Alba Tereza Barroso de. Espaço público e cidadania: uma introdução
pensamento de Hannah Arendt In Serviço Social e Sociedade nº 59. São Paulo.
Cortez Editora (1999) p. 11
DALLARI, Dalmo. Disponível em:
<http://www.dhnet.org.br/direitos/sos/textos/deveres.htm> Acesso em: 09 maio
2007.
FALEIROS, Vicente de Paula Serviço Social: questões presentes para o futuro In
Serviço Social e Sociedade nº 50, São Paulo. Cortez Editora (1996) pp 147. 157
FAUSTINI,Márcia S. Arruda, VILLAR,Véra Lúcia C. , WEIZENMANN,Martha
Helena.
Disponível em:
<http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fass/article/view/1054/831>
Acesso em: 15 setembro 2007.
58
FIX, Sílvia A. Barretto. GALVANI, Cecília. LEITE, Maria de Salete Vianna.
Terapia Comunitária no CEAF (Centro de Estudos e Assistência à Família).
Disponível em: http://www.abratecom.org.br/artigo_detalhe.asp?art_ID=13"
Acesso em: 16 maio 2007.
IAMAMOTO, Marilda Vilela Trabalho e Serviço Social. O redimensionamento da
profissão ante as transformações societárias recentes In Serviço Social na
Contemporaneidade: Trabalho e formação profissional (1988), pp; 83. 148
LARA, Larissa Michele. PIMENTEL, Giuliano G. de Assis. RIBEIRO, Deiva M. D.
Ribeiro. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd81/brincad.htm> Acesso
em:17 maio 2007.
MACHADO, Ednéia Maria. Disponível em:
<http://www.ssrevista.uel.br/c_v2n1_quest.htm> Acesso em 09 maio 2007.
MARIANI, Milton Augusto Pasquatto. OLIVEIRA, Anelize Oliveira. Universidade
Católica Dom Bosco. Disponível em:
<http://www.ucdb.br/coloquio/arquivos/anelize.pdf > Acesso em :14 junho 2007.
59
APÊNDICES
60
ROTEIRO PARA ENTREVISTA
� Perguntas para o usuário da Terapia Comunitária
1) Como o senhor (a) ficou sabendo da Terapia Comunitária o que o (a)
levou a procurá-la?
2) Após participar da terapia, mudou alguma coisa em sua vida?
� Perguntas para o Terapeuta:
1) Diante da sua experiência e seus conhecimentos, no que a Terapia
Comunitária contribui para o Serviço Social? E para você?
2) Comente sobre as transformações mais marcantes que percebeu com o
decorrer das sessões de Terapia Comunitária.
3) Durante a Terapia, são contados diversas experiências, mas apenas
uma é escolhida pelo grupo. Se você percebe que um relato que não foi
escolhido pelo grupo é mais urgente, porém, você não pode interferir na
escolha do grupo, o que faz para ajudar essa pessoa?
61
ANEXO
62
Locais de Terapia Comunitária em São Paulo e Santo André*
Santo André SANTO ANDRÉ (SP) US cidade São Jorge
Av. São Paulo, 800
Santo André SANTO ANDRÉ- (SP) _CREM
Rua Bethânia, s/nº Parque Novo Oratório
Santo André Santo André (SP) _Unidade de Saúde Dr. Moyses Fucs
Rua Alexandreta, 180 Jd. Santo Antonio
Santo André SANTO ANDRÉ (SP) US Parque Miami -PSF
Estrada do Pedroso, 5151. Parque Miami
Santo André SANTO ANDRÉ (SP) _ Núcleo Habitacional Capuava
Capela São Thiago- Parque Capuava
Santo André SANTO ANDRÉ- (SP) _ Unidade Utinga PACS
Alameda México, S/Nº
Santo André SANTO ANDRÉ- (SP) __Centro de Especialidades II
Praça Waldemar Soares, s/nº Parque das Nações.
Santo André SANTO ANDRÉ- (SP)_US Recreio da Borda do Campo
Rua Caturrita, 576
Santo André Unidade Básica de Saúde
Estrada do Pedroso, 5151 - Pq Miami - Sto André/SP
Santo André-SP Santo André-(SP) US Vila Linda-PSF
Rua Ingá, (Esquina c/ a Rua Embaré) Vila Linda
São Paulo CEAF - Centro de Estudos e Assistência às Famílias
R. Japuanga, 235, sub-solo do mirante da Pça Waldir Azevedo, altura do
número 1.800 da R.Cerro Corá Alto da Lapa
São Paulo AE Dr. Geraldo da Silva
Associação Educaional, Cultural e Esportivo Americanópolis - Av.
Muzambinho, 221 - Jabaquara / Albergue Abeal - Av. Armando Arruda
Pereira, 1392 - Jabaquara
São Paulo AE Jardim São Carlos
Rua Maculu, 35 - Guaianases
São Paulo Associação Amigos da Vila Gumercindo
Bairro Vila Gumercindo
São Paulo CAPS AD Casa Azul e AMORA
63
R. Lino Pinto dos Santos, 230 - Pirituba
São Paulo CAPS Sapopemba
Rua João Lopes de Lima
São Paulo CAPS Sapopemba PSF Juta I
São Paulo Casa da Mulher Lilith -V. Alpina
Rua Savigni, 230 Vila Alpina Cep 03203-030
São Paulo CECCO Raul Seixas / UBS Jardim São Pedro
Casa de Cultura - R. Murmúrios da tarde, 211 - conj. José Bonifácio -
Itaquera
São Paulo CTA Henfil
R. Líbero Badaró, XX (confirmar número) - Sé
São Paulo ECCO – Espaço Comunitário COMENIUS
R. Otávio de Morais Lopes, 370 – Jd. Sarah – Rio Pequeno
São Paulo Horizonte Azul – Clube da Terceira Idade
Av. Presidente Altino, 1.313 - Jaquaré
São Paulo Hospital Soares Hungria- PS de Pirituba
Pirituba
São Paulo Igreja Nsra de Fátima Salão Paroquial Sumaré - SP
Av. Dr Arnaldo, 1831
São Paulo Igreja S.Francisco de Salles
Bairro Vila Gumercindo
São Paulo Iguaçu PSF
Av. Oratório, não dá pra ler o número
São Paulo Ipiranga - Paróquia Santa Cândida
Av. Dr. Ricardo Jafet, 769 - Ipiranga
São Paulo Jd. Iva
Sociedade Amigos da Vila Rica - R. João Batista Lima, 47 - Sapopemba
São Paulo Jd. Souza - Igreja de São Francisco
Rua Marinho Jacob Kramer nº379 Salão Paroquial Bairro Jardim Souza
Sub Pefeitura M'Boi Mirim
São Paulo Projeto Esperança – Pensionato masculino de portadores de HIV
R. Álvaro Osório de Almeida, 315 - Vila Universitária – Butantã
São Paulo PSF Elba
R. Andréia Martini, 25 - Vila Prudente
São Paulo PSF JD. Eucaliptos – Unidade de Saúde
64
Rua Poema das Américas, 12
São Paulo PSF Jd. Sapopemba comunidade Bom Pastor
São Paulo PSF Profeta Jeremias
Igreja Santa Rita R. Profeta Jeremias, s/n - Cidade Tiradentes
São Paulo PSF Reunidas II Av. Estrada da Casa Grande 1558
São Paulo Qualis Madalena
Comunidade de Reconciliação - R. Vatapá, 41 - Sapopemba
São Paulo Serviço Social Batuíra Liberdade - SP
Rua Espírita, 222 Liberdade
São Paulo SP -PSF Jd Elba
Rua Gregório Feber, 66 segundas 14 h Rua Andréa Martinez, 64 quintas
14 h
São Paulo SP-PSF Mascarenhas de Morais UBS Mascarenhas
Rua Sargento Rodrigues Lourenço Pinto, 116
São Paulo UBS A E Carvalho
R. Japani, 07 - Penha
São Paulo UBS Adão Manoel da Silva
Associação de Bairro. R. Adão Manoel da Silva (ao lado da UBS)- São
Miguel Paulista
São Paulo UBS Alm. Delamare
UBS Alm. Delamare - Ipiranga / Escola Péricles Eugênio da Silva Ramos
/ Centro Esportivo Filipo Nunes / Salão de Festas Cond. Monte Verde BI
01 - R. Freire Brayner, 120 - Ipiranga
São Paulo UBS Arthur Alvim
R.Henrique Jacobs, 269 - Penha
São Paulo UBS Belém
R. José Alves de Oliveira, 256 - Mooca
São Paulo UBS Chácara Inglesa
R. da Ligação, 95 - Pirituba
São Paulo UBS Cidade Tiradentes
R. dos Texteis, 512 - Cidade Tiradentes
São Paulo UBS Conquista I
Escola Roque Spencer - Trav. Chalona s/n - São Mateus
São Paulo UBS Conquista II
Comunidade Imaculada Conceição R. Vereda Tropical s/n São Mateus
65
São Paulo UBS Costa Melo
R.Luis Asson, 165 Ermelino Matarazzo
São Paulo UBS Dr Thérsio Ventura
Igreja São José do Limoeiro. R. Hamilton Regis s/n - São Miguel Paulista
São Paulo UBS Elísio Teixeira Leite
Telecentro Taipas - Pirituba
São Paulo UBS Jardim Aurora
R. Cláudio da Costa, s/n - Guaianases
São Paulo UBS Jardim Boa Vista
Rua Cândido Fontoura, 620 - Jardim Boa Vista
São Paulo UBS Jd Keralux
- R.Lucas Gonçalves, 13 - Ermelino Matarazzo - Igreja Brasil para Cristo
- R. Arlindo Betio, s/n - Ermelino Matarazzo
São Paulo UBS Jd Seckler
Igreja São Bernardo - R. Carlos Liviero - Ipiranga / Igreja Sagrado
Coração / UBS Eduardo - R. Reschilian
São Paulo UBS Jd Sinhá
Sociedade Amigos de Bairro - R. Jim Clarck, 10C - Sapopemba
São Paulo UBS Jd. Campinas
R. das Olêiades, s/n - Parelheiros
São Paulo UBS Jd. Cidade Pirituba
R. Hermina Fidelis, 269 - Pirituba
São Paulo UBS Jd. Mirmo
R. Juvenal Hudson Ferreira, 13 - Capela do Socorro
São Paulo UBS Jd. República
Av. Gonçalo de Paiva Gomes, 285 - Capela do Socorro
São Paulo UBS Jd. Três Corações
CÉU Três Lagos
São Paulo UBS Jordanópolis
R. Manoel Leitoso, XX (confirmar número) - Capela do Socorro
São Paulo UBS Madalena
Av, Paulo Colombo Pereira de Queiroz, 470 - Vl Prudente
São Paulo UBS Mascarenhas de Moraes
R. Sargento Edgard Pinto, 116 - Vl Prudente
São Paulo UBS Nitro Operária
66
Igreja Imaculada Conceição. Pça Alberto Moreira s/n - São Miguel
Paulista
São Paulo UBS Nossa Sra. do Brasil
R. Rocha, 209 - Sé
São Paulo UBS Padre Manoel da Nóbrega
R. Pde Fsco Toledo, 545 - Penha
São Paulo UBS Paranaguá
CATEM - Sociedade Amigos de Bairro R. Viteria Simiato, 120 - Ermelino
Matarazzo
São Paulo UBS Pari
R. das Olarias, 503 - Mooca
São Paulo UBS Santa Luzia
OFIDES - R.José de Luís de Lima, 136 - Guaianases Associação Santa
Luiza - R. da Boa Visão, 31 - Guaianases
São Paulo UBS Santa Maria
R. Embirataí, 201 - Itaquera / Comunidade Nossa Senhora de Fátima -
R.Henrique Schering, 638 - Itaquera /Favela do Jd formiga - R.Eurides
Formiga, 259 - Itaquera
São Paulo UBS Santo Estevão
Igreja Santo Estevão - R. Charlim, XX Itaquera
São Paulo UBS Sta Catarina
Sociedade Amigos Vl Sta Catarina - R. Belfort Duarte, 237 - Jabaquara /
R. Belmiro Zanetti Esteves, 181 - Jabaquara
São Paulo UBS Teotônio Vilela
Comunidade Católica Cristo Salvador - Av. Arquiteto Vila Novas Artigas,
1007 - Sapopemba
São Paulo UBS União de Vila Nova
R. Grazieli Baldanik Gomes, 36 - São Miguel Paulista
São Paulo UBS Varginha
R. Henrique Muzzio, XX - Capela do Socorro
São Paulo UBS Vila Cisper
Igreja (confirmar endereço) Bairro Ermelino Matarazzo
São Paulo UBS Vila formosa / UBS Vila Antonieta
Pça Marques de Nazaré, 111 - Aricanduva
São Paulo UBS Vila Maggi
67
R. Conde Monfevone, 40 - Pirituba
São Paulo UBS Villa Lobo
R.Coelho de Castro, 95 - Penha
São Paulo UBS Vl. Mangalot
R. Joaquim de Oliveira Freitas, 1397 - Pirituba
São Paulo UBSF 9 de Julho
R. Frutuoso Nunes, 27 - São Mateus
São Paulo UBSF Dom Angélico
R.Manoel de Oliveira Ramos, 01 Salão Comunitário - Cidade Tiradentes
São Paulo UBSF Parque Novo MundoI
Rua Benedita Dornelas Claro, 451 - Vl Maria
São Paulo UBSF/CDHU Palanque
Av. Racheb Choffi, 7.800 - São Mateus
São Paulo Unidade Básica de Saúde
Av. Edú Chaves, 1197 - Parque Edú Chaves - região do Jaçanâ
São Paulo USF Brás
União Espirita - R. Brigadeiro Machado, 269 - Mooca
São Paulo Vila Nova Jaguaré - Grupo I
Rua Bartolomeu da Ribeira,33 Vila Nova Jaguaré Núcleo Sócio
Educativo Santa Cruz da Igreja de São José
São Paulo Vila Nova Jaguaré - Grupo II
São Paulo - Capital PROJEPSI - Projeto de Epilepsia e Psiquiatria do IPq HC FMUSP
Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas da FMUSP Rua Dr
Enéias de Carvalho s/ nº Pinheiros
SP SP-PSF Sinhá Sede do Santa Cruz FC
Rua João Cresini, 246
Disponível em:<http://www.abratecom.org.br/tcnobrasil.asp?UF=SP#tabela> Acesso em: 19 novembro 2007.
*Única cidade do Grande ABC encontrada no site supracitado.
Top Related