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SEMINRIO PRESBITERIANO RENOVADO DE CIANORTE
GRADUAO EM TEOLOGIA
QUAL O MODELO DE AO PASTORAL QUE
PREVALECER NA IGREJA DO SCULO 21?
Marcos Benedito Caldeira
Cianorte, Novembro de 2011
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SEMINRIO PRESBITERIANO RENOVADO DE CIANORTE
GRADUAO EM TEOLOGIA
QUAL O MODELO DE AO PASTORAL QUE PREVALECER NA
IGREJA DO SCULO 21?
Cianorte, Novembro 2011
Monografia apresentada ao Seminrio
Presbiteriano Renovado, sob as
orientaes do Pr. Antnio Carlos Paiva
como requisito do Curso Bacharel em
Teologia pelo Acadmico Marcos
Benedito Caldeira.
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DEDICATRIA
Dedico esta monografia quele que abaixo de Cristo me deu exemplo
sincero do que ser Pastor nos dias de hoje. Pr Antnio Carlos Paiva, que me
orientou detalhadamente sobre a deciso certa num momento crucial de minha vida
e ministrio.
Os fracos julgam, os fortes perdoam
Antnio Carlos Paiva
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AGRADECIMENTOS
Quero agradecer a Deus, em primeiro lugar pois nestes anos ele tem sido meu refgio e
fortaleza. A ele o meu louvor glria e honra, por ter me alcanado em Cristo Jesus e
comissionado ao ministrio.
Agradeo a minha esposa que foi e importantssima, em tudo que fao.
Agradeo a 1 Igreja Presbiteriana Renovada de Cianorte-Pr que muito me foi til, sendo meu
abrigo temporrio, e me recebendo em sua comunho.
Agradeo a Diretoria do Seminrio especialmente a seu corpo docente que acreditou em meu
potencial e em meu chamado ministerial.
Agradeo a Igreja Shekinah de Cianorte-Pr, e a pessoa de seu fundador Pastor Elias Silva, que
me enviou ao seminrio para crescer na graa e no conhecimento.
Agradeo ao Presbitrio de Maring e Cianorte pela oportunidade concedida junto a Igreja, e
o apoio espiritual e financeiro.
A todos amigos, parentes, que direta ou indiretamente estiveram me apoiando nestes anos de
profundo aprendizado.
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PREFCIO
A anlise panormica dos vrios sistemas de ao pastoral que, prometem
crescimento integral ou parcial nas igrejas evanglicas atualmente pode ser animadora mas
tambm frustrante e cansativa. A prtica pastoral sempre tem seu sistema pr-elaborado para
vrias situaes, que comumente afligem a liderana de uma igreja. Mesmo assim quando
aparecem solues inovadoras, de sucesso num determinado lugar, a tendncia seguir as
sugestes para anlise coerente de tal modelo de ao pastoral .
Qual seria ento o mais vivel modelo de ao pastoral a ser seguido como padro
prevalecente no sculo 21? Modelos eclesisticos pragmticos modernos prometem
acrescentar benefcios ao modelo pastoral tradicional, como sendo uma sada satisfatria.
Com resultados positivos e tambm frustraes nas aplicaes prticas, os mtodos de
pragmtica pastoral sempre se destacaram no decorrer dos sculos.
Assim maneira de desenvolver o trabalho eclesistico nas suas mais variadas formas,
ser o objetivo de anlise nesta monografia.
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RESUMO
Os modelos de prtica pastoral que envolvem um pouco do mundo corporativo, hoje so
imitados em todo o mundo, e levam o nome de igrejas de alto impacto por seguirem a risca
seus propsitos pr-definidos. Este modelo ficou bem conhecido atravs do livro de Rick
Warren uma Igreja com propsitos, que se prope a ser um tipo de franquia para igrejas que
querem crescer no mundo. claro que outros j usavam este sistema para alcanar os
desigrejados diz Linus Morris em seu livro intitulado Uma Igreja de Alto Impacto.
A exemplo do modelo G12, criado pelo pastor colombiano Czar Castellanos, que hoje tem
outro nome em alguns lugares do Brasil, trouxe pra seus adeptos uma soluo imediata, sendo
tambm esse uma ramificao do modelo de igrejas de alto impacto. Assim ainda surgiram os
apstolos da nova onda de uno proftica, frutos do movimento neo-pentecostal que tambm
so oriundos destes modelos que segundo eles podem ter todas as solues para a igreja
moderna .
Os pastores destes movimentos tem certa base bblica para fazer o seu trabalho eclesistico.
Por isso diversos modelos de trabalho pastoral, tem exercido em parte, uma boa influncia no
que tange ao discipulado e orao, que vem acompanhado de aconselhamento pessoal. Pois
muitas pessoas tem sido evangelizadas e treinadas para evangelizar outros. As igrejas
reformadas sofreram certo xodo devido a vrios movimentos de avivamentos. Mas os
princpios da reforma influenciam at hoje a igreja. Pois homens como Richard Baxter e
Alberto Barrientos, so alguns exemplos de que a ao pastoral deve sempre passar pelo crivo
da palavra de Deus. Suas sistemticas pastorais so atuais para um sadio desenvolvimento
eclesistico, to almejado por pastores do mundo todo. Enquanto o panorama geral de ao
pastoral no sculo 21,vem acompanhado no seu bojo de certa dose de pragmatismo, os
pastores tem um desafio muito grande em diferenciar, aquilo que d resultados e aquilo d
crescimento individual pra o rebanho do Senhor Jesus Cristo, que necessita de uma direo
bblica.
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SUMRIO
INTRODUO 8
1 QUAL O MODELO DE PRAGMTICA PASTORAL QUE PREVALECER NA
IGREJA DO SCULO 21? 10
1.1 DEFINIO E HISTRIA DA PRAGMTICA PASTORAL 10
1.2 DEFINIO DA FILOSOFIA DO PRAGMATISMO 11
1.3 SIGNIFICADO DE SER PRAGMTICO NO PRAGMATISMO 11
2 PRAGMTICA PASTORAL ATUAL VOLTADA PARA A DESCENTRALIZAO
PASTORAL E CRESCIMENTO DA IGREJA 12
2.1 NOMES DE SISTEMAS SIMILARES DA ATUALIDADE COMO ATUAO
PASTORAL NAS IGREJAS 12
2.2 DEFINIO DE PROPSITOS 13
2.3 OS QUATRO PILARES 14
2.4 GRUPOS PEQUENOS E CLULAS QUE SE MULTIPLICAM NA BUSCA DOS
DESIGREJADOS 14
2.5 MOVIMENTO NEO-PENTECOSTAL E SUA AO PASTORAL NO BRASIL 17
3 PRAGMTICA DE CRISTO O BOM PASTOR 19
3.1 EXEMPLO DOS APSTOLOS CHAMADOS POR JESUS CRISTO 20
3.2 PRAGMTICA DE PASTORES REFORMADOS: RICHARD BAXTER E ALBERTO
BARRIENTOS 22
3.3 PASTOR ALBERTO BARRIENTOS E SEU MODELO PARA O TRABALHO
PASTORAL 29
4 ASPECTOS DO PRAGMATISMO NA AO PASTORAL DO SCULO 21 36
4.1 TEOLOGIA PRAGMTICA PS-MODERNA 37
4.2 A IMPORTNCIA DA EFICINCIA PRAGMTICA 38
CONCLUSO 39
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 40
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INTRODUO
A Igreja de Cristo est vivendo hoje uma grande crise de identidade, devido ao seu
desenfreado esforo de viver uma experincia de trabalho eclesistico que, solucione os seus
problemas financeiros, espirituais, e numricos. As pessoas so importantes para a Igreja de
Cristo, e aqueles que so membros conhecedores da verdade no podem ser abandonados,
mas treinados. Pois sendo a seara ainda grande e os ceifeiros poucos, o trabalho pastoral
sempre vai visar na igreja, aqueles que precisam conhecer a verdade mas esto fora do corpo
de Cristo esperando ser alcanados. Tradicionalmente a palavra igreja vem do vocbulo
grego ekklesia, significa basicamente, chamados para fora. Refere-se a um grupo distinto,
selecionado ou tirado de algum lugar. No grego clssico ento a palavra era empregada para
indicar uma assembleia ou reunio convocada pelo arauto. Biblicamente ela o corpo de
Cristo, o povo de Deus, a noiva do Cordeiro, sendo que existem aproximadamente 96 ttulos
para a igreja no Novo Testamento. Uma igreja para ser significativa aos seus membros e as
pessoas que convivem com esses crentes precisam recuperar a razo de ser de sua existncia.
Recuperar o seu papel missionrio na sociedade. Qual o razo de ser de uma igreja?
Pensando nas lies deixadas pela Reforma podemos dizer que a razo primeira da existncia
da igreja o louvor e a glria de Deus. Uma igreja adora a Deus por aquilo que Ele e no
primariamente pelo que Ele faz. Os atributos de Deus so razes mais do que suficientes para
a adorao pessoal e comunitria.
A igreja existe para fazer o bem ou praticar boas aes no mundo. Atualmente os
crentes so ensinados como evangelizar usando tticas e tcnicas, mas o cristo tambm
precisa (re)descobrir que o seu papel no mundo fazer o bem a todos e faze-lo em nome de
Deus. Seja atravs de seu aprendizado para alcanar pessoas ou atravs de sua vida comum
que mostra a pessoa de Cristo.
O apstolo Paulo recomenda aos crentes da Galcia que faam o bem a todos, mas
especialmente aos da comunidade. A pragmtica pastoral pode levar a igreja a se estabelecer-
se na sociedade solidamente, pois hoje existem vrias formas de o pastor trabalhar no corpo
de Cristo, que podem contribuir significativamente, para que a identidade de Cristo aparea.
Em meio a opes e modismos, a pragmtica pastoral tem o desafio de fazer na igreja
um trabalho de destaque, para manifestao do reino de Deus. Muitos pastores tem desafiado
igrejas, para que adotem sistemas mais modernos na sua abordagem de trabalho, outros
continuam a seguir a metodoogia bsica dos reformadores, que so usadas em parte, at por
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alguns modelos pragmticos do movimento de crescimento de igrejas atuais. Assim definir
um modelo especfico de trabalho pastoral, quase impossvel no sculo vinte e um, mas
todos tem sua aplicao e valor individual.
A prtica pastoral obviamente deve ter seu fundamento na grande comisso dada pelo
Senhor Jesus que diz: Ide , portanto, fazei discpulos de todas as naes, batizando-as em
nome do pai, e do Filho, e do Esprito-Santo; ensinando-vos a guardar todas as coisas que vos
tenho ordenado. Qualquer sistema prtico na igreja deve visar dar glria Deus e aceitar toda
direo do Esprito Santo, exemplo esse seguido pelos apstolos de Cristo e pastores como
Richard Baxter, Alberto Barrientos , por muitos reformadores, e pastores do sculo passado
que queriam uma igreja bblica.
Em tempos de ps-modernidade a criatividade pode as vezes sair dos parmetros
convencionais, mas nunca poder sair dos princpios doutrinrios estabelecidos na Bblia.
Este o maior desafio para a prtica pastoral, criatividade e zelo doutrinrio. Pois ambos so
importantes e no podem ser negligenciados pelo ministrio pastoral, e ainda devem ser
consideradas prioridades no sculo 21. Nesta monografia a proposta mostrar a viso de
alguns modelos eclesisticos, da pragmtica pastoral na Igreja de Cristo, que se destacam
agora e tambm os que se destacaram no passado, deixando suas marcas e exemplos para
glria de Deus, no decorrer dos sculos.
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1 QUAL O MODELO DE PRAGMTICA PASTORAL QUE PREVALECER NA
IGREJA DO SCULO 21?
A Igreja do sculo 21 precisa ser eficiente na sua ao pastoral em meio a sociedade
moderna. Alguns estudiosos dizem que vivemos numa era ps-denominacional e que agora
a vez dos movimentos alternativos. Alguns grupos se renem em galpes, fazem oraes,
cantam musicas evanglicas, pregam a Bblia, recolhem dzimo, promovem reunies de curas
e libertao e dizem que aquilo no igreja. A igreja, como ns a conhecemos, ter lugar na
nova sociedade que est sendo construda? As denominaes tero espao amanh? Qual
igreja ir sobreviver no futuro: a igreja alternativa ou a igreja tradicional?
1.1 DEFINIO E HISTRIA DA PRAGMTICA PASTORAL
Demstenes: Conhecimento comea com definio!
Pragmtica Pastoral a cincia que estuda de forma prtica a vida e o trabalho de um
pastor na Igreja local. Assim podemos afirmar que pragmtica pastoral tudo aquilo que diz
respeito prtica da Obra do Ministrio. Ela
como matria teolgica nasceu quase que por um descuido, segundo o pastor luterano Lothar
Carlos. No foi algo pensado ou elaborado, por isso depois de muito esforo e tempo ela
ganhou respeitabilidade teolgica, surgindo no sculo XIX para corrigir o distanciamento
entre o ensino teolgico e labor pastoral.
Foi neste sculo que a teologia na Alemanha ganhava espao nas universidades,
influenciada pelo iluminismo que ensinava que; a razo predomina sobre a f. Surge ento a
necessidade de se criar uma disciplina teolgica capaz de estabelecer, uma relao adequada
entre a teologia acadmica e a prtica da f. Assim nasceram os pilares da teologia prtica em
1810 na faculdade de teologia em Berlim na Alemanha. Convidou-se para implanta-la
Friedrich Schliermacher, telogo alemo considerado pai da teologia pastoral. Em sua
argumentao , disse que no haveria necessidade da criao dessa matria se no tivesse a
funo pastoral. Tambm apoiou sua idia, no fato de que a teologia protestante por
natureza prtica, e que o pastor s pastor com o andar junto do rebanho. Ento a pragmtica
pastoral a maneira de aproximar o mundo acadmico f na Igreja.
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1.2 DEFINIO DA FILOSOFIA DO PRAGMATISMO
O Pragmatismo constitui uma escola de filosofia, com origens nos Estados Unidos da
Amrica, desenvolvido por dois filsofos americanos: William James e John Dewey. Essa
escola caracterizada pela descrena no fatalismo e pela certeza de que s a ao humana,
movida pela inteligncia e pela energia, pode alterar os limites da condio humana. Este
paradigma filosfico caracteriza-se, pois, pela nfase dada s consequncias utilidade e
sentido prtico como componentes vitais da verdade.
O Pragmatismo aborda o conceito de que o sentido de tudo est na utilidade ou efeito
prtico que qualquer ato, objeto ou proposio possa ser capaz de gerar.
1.3 SIGNIFICADO DE SER PRAGMTICO NO PRAGMATISMO
Pragmtico o indivduo que busca resultados. As idias s tero valor se derem
resultados prticos. Uma pessoa pragmtica vive pela lgica de que os atos de qualquer
pessoa somente so verdadeiros se servem soluo imediata de seus problemas. Nesse caso,
toma-se a verdade pelo o que til naquele momento exato, sem consequncias. Podemos
ento dizer que uma pessoa pragmtica aquela que resolve as coisas de uma maneira gil,
que enxerga mais solues do que impedimentos. Ela mais direta no trato das coisas reais. A
pessoa pragmtica pode ter uma viso mais profunda, mais crtica da vida ou no. Ento
segundo o pragmatismo desde que determinada prtica esteja gerando resultados satisfatrios
e imediatos, ela pode ser considerada como digna de todo o crdito.
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2 PRAGMTICA PASTORAL ATUAL VOLTADA PARA A DESCENTRALIZAO
PASTORAL E CRESCIMENTO DA IGREJA
O crescimento da igreja hoje tem sido perseguido e ensinado por muitos pastores que,
na sua prtica mostram que o trabalho pastoral no pode ser desenvolvido por uma s pessoa.
Segundo o texto bblico da carta do apstolo Paulo aos Efsios capitulo 4, versos 15 e 16:
Seguindo a verdade em amor, cresamos em tudo naquele que a cabea,
Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxlio de
toda junta, segundo a justa cooperao de cada parte, efetua o seu prprio
aumento para a edificao de si mesmo em amor.
Isso nos mostra que uma igreja precisa de um programa pastoral elaborado a partir da
necessidade de treinar pessoas e leva-las a uma vida frutfera dentro e fora da igreja.
Pois cada parte fazendo sua cooperao devidamente orientada, desenvolver o
trabalho pastoral descentralizado, fazendo com que cada individuo tenha utilidade na sua
responsabilidade de expandir o reino de Deus como igreja de Cristo. O objetivo o
crescimento integral; que orgnico, diaconal, conceitual e numrico da igreja como
resultado da gerao de cristos produtivos. Baseado neste conceito ao pastoral ps-
moderna acredita que o cuidado pastoral deve ser descentralizado para o bem do crescimento
da Igreja.
2.1 NOMES DE SISTEMAS SIMILARES DA ATUALIDADE COMO ATUAO
PASTORAL NAS IGREJAS
Por haver diversidade de lugares e pessoas, a atuao pastoral tem sado dos modelos
tradicionais e adquirido nomenclaturas que definem seu trabalho. Assim surgiram igrejas com
propsitos especficos no seu sistema eclesistico, tais como: Movimento do G-12, conhecido
no Brasil por multiplicar cada grupo em 12 atravs de grupos pequenos conhecidos como
clulas. A Igreja do Evangelho Pleno, pastoreada por Paul Young Cho, segue tambm um
modelo celular; assim como a Igreja com Propsitos, liderada por Rick Warren pastor da
saddleback Valley community Church, uma Igreja Batista na cidade de Lake Forest, no
condado de Orange no estado da Califrnia nos Estados Unidos e conhecida no mundo todo;
na mesma linha de pensamento a Igreja de Linus Morris, denominada uma Igreja de Alto
Impacto, que fornece base no livro que leva o mesmo nome, fruto de vinte anos de pesquisa
e a implantao da igreja Crossroads em Genebra na Suia, e tambm a Crossroads em
Amsterd na Holanda, de onde veio a publicao do livro Uma Igreja de Alto Impacto. O
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alicerce desses sistemas so similares em muitos aspectos pois querem mostrar como iniciar
uma igreja e mant-la crescendo. Igrejas no Brasil como a Renascer, Sara Nossa Terra, o Mir,
so oriundos desses modelos importados para o Brasil.
2.2 DEFINIO DE PROPSITOS 1
Assim segundo o modelo de descentralizao pastoral, a prtica eclesistica comea
ser definida para que a igreja seja centrada no propsito. O argumento para isso que muitas
igrejas no mundo ocidental perderam seu senso de propsito, e a razo foi o afastamento da
autoridade da Bblia. Igrejas que abandonam a autoridade da Bblia perdem sua razo de
existir. Portanto, a perda do propsito faz com que a igreja perca sua vitalidade e, muitas
vezes deixa de existir se acomodando somente ao clima cultural. A igreja deixa de capacitar
seus membros a viverem com propsitos em um mundo sem propsitos. O membro de igreja
comum tem muito pouco senso de misso no mundo. As pessoas creem em Deus, sustentam a
instituio da igreja e participam de suas atividades mas no acreditam que foram escolhidas
para ser sal, luz e fermento do mundo, mostrando assim a perca do seu senso de misso. Uma
ao pastoral que faz a igreja ficar voltada para si mesma pergunta: Que atividades devemos
adotar que se encaixem com nossa atual estrutura e organizao? Em contraste com isso, a
igreja centrada no propsito governada pela pergunta: Que estrutura melhor nos capacitar a
atingirmos nossos propsitos?
Uma declarao de propsito unifica os membros da igreja, motiva-os, orienta-os e
gera poder e energia para impulsiona-los. A primeira tarefa da liderana pastoral deixar
claros e claramente comunicados o propsito e a viso da igreja. Uma declarao de
propsitos no apenas um alvo que se espera alcanar; a razo da igreja existir e o alicerce
de um ministrio saudvel. Quando igrejas deixam de ser centradas no propsito reduzem seu
foco a meras pessoas, programas, propriedades ou problemas. Ento a pergunta mais
importante segundo a ao pastoral que leva a igreja a ser centrada nos propsitos no : O
que as pessoas querem? Mas: O que Cristo quer que acontea na vida das pessoas? Somente
quando as pessoas assumirem como seu, o propsito de Cristo para igreja, o ministrio dessa
igreja estar de acordo com a sua vontade.
1 O conceito Com Propsitos foi adotado por Rick Warren como sua marca registrada.
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2.3 OS QUATRO PILARES
Biblicamente, quatro pilares ou atividades se destacam como o propsito de Cristo
para a sua igreja: adorao, comunho, educao e evangelizao. Esta a base para descobrir
o propsito da igreja segundo Linus Morris. Nas Escrituras, o propsito mais abrangente da
igreja glorificar a Deus, por isso, cada uma dessas caractersticas ser honrada em uma
igreja que glorifica a Deus. um erro presumir que a membresia ou a equipe pastoral
entendam um propsito no formulado para a sua igreja. O propsito da igreja precisa ser
significativo e desafiador para moderna cultura ocidental.
O telogo John Stott, em uma exegese de Atos 2:42-47, alistou as quatro
caractersticas primarias de uma igreja viva:
Adorao que expresse a realidade do Deus vivo e celebre alegremente a
vitria de Cristo sobre o pecado e a morte; Pregao e ensino que exponham
fielmente a Palavra de Deus e a relacionem s questes prementes de nossa
poca e s necessidades prementes das pessoas; Relacionamentos de cuidado
e apoio entre indivduos, tanto em nvel vertical quanto horizontal; Um
alcance da comunidade circunvizinha que demonstre imaginao, compaixo
e sensibilidade.
Uma declarao de propsito da igreja claramente formulada, relevante e desafiadora
permite que tanto a liderana quanto a membresia facilmente desenvolvam estratgias e
planos que realizem eficazmente seu propsito. Para isso, ela precisa ser especifica em cada
uma das nfases objetivadas pela ao pastoral na igreja que se prope a optar pela
descentralizao pastoral.
2.4 GRUPOS PEQUENOS E CLULAS QUE SE MULTIPLICAM NA BUSCA DOS
DESIGREJADOS
A viso de ao pastoral de um pastor mdio manter o seu estado atual, ou, na
melhor das hipteses, encher seu santurio. O pastor que tem a viso de alcanar a cidade far
isso implantando ou desenvolvendo em toda a cidade outras igrejas cujos membros sero
mobilizados a compartilhar a sua f, e participar de ministrios de pequenos grupos. A razo
para isso funcionar est na compreenso da diversidade de uma cidade. Em 1800, apenas
2,4% da populao mundial viviam em cidades. Por volta do ano 2025, no entanto, 60% dos 8
bilhes de habitantes do planeta provavelmente vivero em cidades. medida que grandes
massas de pessoas transferem sua residncia para as cidades. A misso da igreja de alcanar
os desigrejados se transforma num desafio cada vez maior. Pois, uma cultura comum deu
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lugar a mltiplas subculturas, que tem interesses e contexto de vida muito diferentes. Cidades
so sociedades pluralistas, com enormes multides de pessoas, culturas e lnguas, que vivem
em grande proximidade mesmo com diferentes estilos e contexto de vida.
O fenmeno mundial da internacionalizao deixou sua marca em todas as grandes
cidades do ocidente. Oslo, na Noruega, tem entre seus habitantes 116 grupos nacionais
diferentes. Os 11 milhes de habitantes de Paris inclui 1 milho de imigrantes. Amsterd, com
800 mil habitantes, tem 115 nacionalidades diferentes, incluindo 44 bairros tnicos diferentes.
As chamadas minorias compem juntas a maioria da populao em 25 cidades dos Estados
Unidos. Temos Los Angeles como o mais notvel exemplo na atualidade de
internacionalizao, pois esta enorme cidade j tem mais moradores de ascendncia mexicana
do que qualquer outra cidade fora do Mxico, mais coreanos que qualquer cidade fora da
sia, e mais filipinos que qualquer outra cidade das Filipinas. Reunidas as minorias perfazem
a maioria da populao: 33% so latinos, 15% so negros e 10% so de origem asitica,
caucasianos correspondem a apenas 41% da populao. O Los Angeles Times predisse que
Los Angeles ser o caldeiro tnico da Amrica no sculo XXI.
Ento a necessidade de penetrar os subgrupos da cidade com o amor de Deus torna-se
extremamente vivel atravs de pequenos grupos. Sempre tomando o cuidado para a igreja
no se transformar em outra subcultura. Pois subculturas eclesisticas desenvolvem
vocabulrios, estilos de vesturios e padres de condutas peculiares que distinguem seus
membros das subculturas que as cercam. Expectativas superficiais de igrejas voltadas para si
mesmas podem fazer com que os cristos confundam escolhas culturais com normas bblicas.
So muitos os cristos que esto de tal modo envolvidos com atividades crists que perderam
contato com os nos-cristos sua volta.
A ministrao por meio de grupos-clulas pode ser um meio para fazer uma igreja
crescer. Os 750 mil, membros da Igreja do Evangelho Pleno Yoido, divididos em mais de 75
mil grupos-clula, causaram um verdadeiro impacto na populosa cidade de Seul, na Coria do
Sul. Alguns crticos se mantem cticos quanto aos resultados da estratgia dos grupos-celula
na cultura do grupo ocidental dizendo que o sucesso desses grupos era devido a fatores
culturais peculiares da Coria. Mas em Portland e Londres, as clulas funcionam tambm. A
cidade de Portland, estado de Oregon, conhecida como a cidade mais desigrejada dos
Estados Unidos. Nesta cidade, a Igreja Comunitria New Hope, pastoreada por Dale
Galloway, que tinha uma viso para atrair milhares de desigrejados conseguiu atingir mais de
6 mil membros nos chamados grupos de cuidado amoroso, adaptados da estratgia de
grupos-clula da igreja de Young Cho. Tambm em Londres, na Inglaterra, a Comunho
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Crist Ichtus adotou uma estratgia de grupos-clula que comeou em 1974, e empregou o
padro do tabuleiro de xadrez, deliberadamente formando clulas em bairros escolhidos da
cidade, e depois desafiando cada uma dessas clulas a penetrar os bairros ela adjacentes.
Esses grupos se renem semanalmente em congregaes, e todos os grupos-clulas se renem
mensalmente para uma grande celebrao. Quando da ultima contagem, a Comunho Crist
Ichtus tinha 200 grupos-clula compondo 32 congregaes em Londres, usando esta simples
estratgia.
Assim os grupos-clula seriam absolutamente essenciais para o crescimento de uma
igreja que quer alcanar a cidade. O principio organizacional bsico nestas igrejas que seus
membros participem de grupos-clula. Baseando-se no principio de que a comunho crist
bsica ocorre no contexto do grupo pequeno. Em vez de ter pequenos grupos para
complementar o ministrio ao grupo maior, este complementa o ministrio a grupos
pequenos. Assim, a igreja estruturada em clulas uma maneira de saturar as diversas
subculturas e redes de relacionamentos de uma cidade. Os grupos-clula tornam-se o melhor
ambiente para fazer discpulos devido a intimidade e confiana de um grupo pequeno, dando
infraestrutura que promove maturidade, cuidado, discipulado, transformao e a necessidade
de prestao de contas na vida do crente. Nesse contexto, as pessoas podem descobrir a f,
crescerem e tornarem-se indivduos compromissados com o corpo de Cristo e o mundo. A
equipe pastoral numa igreja que cresce por clulas, fica reduzida em sua capacidade de
oferecer o cuidado pastoral imediato.
Uma estrutura descentralizada de cuidado se faz necessria para garantir que as
necessidades de todos sejam atendidas. O papel da equipe pastoral deveria mudar: em lugar de
serem provedores de cuidado pastoral, passariam a ser capacitadores de leigos que supram o
cuidado pastoral que a igreja necessita. O cuidado pastoral leigo oferecido a medida que
membros usam seus dons para ministrarem uns aos outros. Necessidades mais srias de
aconselhamento devem ser encaminhadas a conselheiros cristos profissionais, enquanto as
outras podem ser supridas por meio de grupos-clulas. O lideres de um grupo-clula tem um
processo gradativo de aprendizado, e com o passar do tempo, sua eficcia como lideres ir
aumentar.
Quando a igreja estruturada em clulas, ela organiza todos os seus ministrios com
base no principio de multiplicao de clulas. Objetivo de um grupo-clula no informao
bblica, mas transformao de vidas, por isso, a edificao, o evangelismo, o desenvolvimento
da liderana e a multiplicao so 4 objetivos no negociveis de um grupo-clula.
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2.5 MOVIMENTO NEO-PENTECOSTAL E SUA AO PASTORAL NO BRASIL
Os dissidentes do movimento de avivamento denominado pentecostal, formaram no
Brasil, a igreja neo-pentecostal. Teve seu inico no final da dcada de 70 mas adquiriu uma
amplitude maior a partir dos anos 80. Devem ser destacados aqui que, os dois principais
movimentos de expresso neo-pentecostal so: A igreja Universal do Reino de Deus e a Igreja
Internacional da Graa alm de outras novas que tem surgido no cenrio nacional; a Igreja
mundial do poder de Deus e a Igreja Assemblia de Deus vitria em Cristo, so as mais
recentes em evidncia. Nesse novo contexto a realidade que, a percepo do neo-
pentecostalismo no se restringe a um movimento denominacional especfico de um
determinado grupo. H varias igrejas ou comunidades, tais como existem tambm
presbiterianos, batistas convencionais, neo-pentecostais. De modo geral uma de suas marcas
a teologia da prosperidade, a idia de que Deus est muito interessado em que todos os que
esto em aliana com Ele recebam bastante bens materiais e recursos neste mundo. No sendo
isso s uma questo de desejo de Deus, mas uma promessa, e se uma pessoa no tem estes
recursos geralmente est em falta ou em pecado. Existe no movimento neo-pentecostal uma
espcie de simplificao teolgica, deixando sua crena mais inteligvel, por exemplo: neste
movimento todos os males tem ao direta do diabo, em alguns casos indireta, que as vezes
mostra a causa de um maleficio como sendo uma maldio hereditria.
Os lderes neo-pentecostais, trouxeram junto com seu trabalho pastoral
extremamente prtico novos ttulos, pastores tornaram-se, bispos e at apstolos. Sua ao
pastoral nem sempre inclui sistemas pr-definidos de clulas ou propsitos, o que prevalece
a viso incontestvel de tais lderes.
A prpria palavra pastor substituda por lder, mostra o quanto cada vez menos fala-se
em formao pastoral e mais em formao de lderes. Curiosamente , lder no uma
palavra que aparece na Bblia para descrever aquele que serve a Deus na igreja. Tambm no
aparece na longa histria de vinte sculos de vocao pastoral. No foi usada para descrever
nenhum dos santos ou mrtires que dedicaram a vida a Cristo. Trata-se de uma expresso
relativamente ps-moderna, o que no a torna necessariamente incorreta e inaproveitvel. No
entanto, ela traz consigo um novo conceito, uma nova forma de descrever e compreender a
tarefa pastoral.
A expresso pastor ou sacerdote teolgica e biblicamente mais bem definida.
Embora, suas imagens sejam emprestadas da vida rural ou dos ritos pagos, ajustam-se bem
ao propsito bblico do chamado divino. A expresso lder, porm, tem sua definio mais
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claramente determinada pelo mercado e pelo contexto secular. Ao identificar o pastor como
lder, imediatamente as imagens que surgem no so as do Salmo 23 ou das tarefas
sacerdotais de Aro no templo, mas as imagens do executivo, do administrador, do
empresrio; imagens de um profissional.
Essa nova imagem do lder vem corrompendo a vocao. Os pastores continuam
fazendo o seu trabalho. Pregam todos os domingos em seus plpitos, aconselham, visitam,
oram, ensinam a Biblia, mas a vocao vem sendo lenta e sutilmente substituda por outro
paradigma, um modelo de liderana que, de forma imperceptvel, negam o chamado de Cristo.
Os lideres esto mais ocupados e preocupados com estruturas eclesisticas,
crescimento estatstico, ferramentas tecnolgicas, e funcionalidade. Essas so realidades que
no podemos negar, mas que no se constituem na vocao. O apstolo Paulo afirma em sua
carta aos Glatas: ...meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores do parto, at ser Cristo
formado em vs. Para ele o que mais importava no era a funcionalidade de seu ministrio, o
sucesso de sua carreira, a eficincia de seu apostolado, mas Cristo, a imagem de Cristo sendo
refletida na vida de seus filhos e filhas na f. Assim algumas das igrejas do sculo XXI
refletem mais as estruturas eficientes do mercado e menos a glria da imagem de Deus em
Cristo. No entanto, as ovelhas de Jesus clamam cada vez mais por um trabalho pastoral, de
pastores com tempo e compaixo para ouvir o clamor de suas almas cansadas, aflitas,
confusas em busca de orientao, maturidade e transformao.
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3 PRAGMTICA DE CRISTO O BOM PASTOR
Os quatro evangelhos apresentam um registro autntico da vida, das palavras e do
ministrio de Cristo. Cada um dos evangelistas retrata Cristo com presciso, mas de acordo
com o seu prprio propsito e inteno dentro de seu prprio padro de referncia e plano,
sem contradizer, destruir ou minimizar os arranjos de seu co-autor. O ministrio de Jesus
Cristo na terra estava voltado principalmente para seu povo. A sua compaixo missionria
tornou o seu ministrio pastoral surpreendente. Ele se destaca como pastor e missionrio
ideal, o Apstolo de Deus.
Marcos foi o primeiro a escrever o seu relato, sua maneira histrica de apresentao
essencial. J que conheceu pessoalmente Cristo e acompanhou Pedro em suas jornadas,
Marcos escreve como um judeu repleto de Cristo. Ele apresenta Cristo como profeta de Deus
e servo de Jeov. Todo o seu retrato consiste no profeta de Deus divulgando a mensagem de
Deus, e o servo de Jeov sempre ativo, cumprindo a vontade e o propsito de Deus, ele
resume isso atravs de uma citao do Mestre: Porque o Filho do homem tambm no veio
para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos. Mc 10:45. O
ministrio pastoral de Jesus mostra neste evangelho seu trabalho prtico e urgente. O ponto
central de sua proclamao era o Reino de Deus: Veio Jesus para a Galilia, pregando o
evangelho do Reino de Deus, e dizendo: O tempo est cumprido, e o Reino de Deus est
prximo. Arrependei-vos e crede no evangelho. Mc 1:14-15
Podemos perguntar: Porque a prtica pastoral de Jesus comeava com o anncio do
Evangelho do Reino de Deus? A resposta clara que, a eficincia do ministrio pastoral de
Jesus diante de Deus e dos homens, dependia dessa mensagem, pois se o filho do homem veio
para servir e resgatar atravs de sua vida, sua mensagem no poderia ser outra. Pois s este
reino poderia colocar o domnio de Deus no corao do homem; ele urgente, atual, moral,
espiritual. Desta maneira este domnio passa para igreja, sendo Cristo o Senhor soberano
sobre ela, e assim mostrar o domnio de Deus tambm no mundo.
Jesus mostra que o evangelho do reino deve ser pregado a todas as naes. A igreja
deve ser constituda de indivduos de todas as etnias, pois a presena do Evangelho neste
mundo consiste no julgamento, enriquecimento e na modificao da ordem social. Ele
altamente social no seu impacto geral, controlando todas as relaes de acordo com a vontade
e os propsitos de Deus. Cristo o bom pastor repetidamente adverte o homem para, unir-se,
receber, sentar e comer no reino de Deus, que no apenas dos judeus mas tambm das
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naes. A ao pastoral de Jesus inclua milagres, discipulado para transformar o carter, e o
comissionamento para o ministrio cristo.
O ministrio pastoral de Cristo, refletia o propsito de Deus e a sua compaixo por
todas as classes de pessoas; leprosos, chefes da guarda romana, pescadores, vivas, crianas,
cobradores de impostos, aleijados, cegos, famlias como a de Lzaro, e todos que o
procurassem. Ele define a veracidade disso no Evangelho de Joo 10.1-18:
(...) na verdade, na verdade vos digo que aquele que no entra pela porta no
curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, ladro e salteador. Aquele,
porm, que entra pela porta o pastor das ovelhas. A este o porteiro abre, e as
ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome s suas ovelhas, e as traz para
fora. E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o
seguem, porque conhecem a sua voz. Mas de modo nenhum seguiro o
estranho, antes fugiro dele, porque no conhecem a voz dos estranhos. Jesus
disse-lhes esta parbola; mas eles no entenderam o que era que lhes dizia.
Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo que eu
sou a porta das ovelhas. Todos quantos vieram antes de mim so ladres e
salteadores; mas as ovelhas no os ouviram. Eu sou a porta; se algum entrar
por mim, salvar-se-, e entrar, e sair, e achar pastagens. O ladro no vem
seno a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham
com abundncia.
Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor d a sua vida pelas ovelhas.
Mas o mercenrio, e o que no pastor, de quem no so as ovelhas, v vir o
lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa as ovelhas.
Ora, o mercenrio foge, porque mercenrio, e no tem cuidado das ovelhas.
Eu sou o bom Pastor, e conheo as minhas ovelhas, e das minhas sou
conhecido. Assim como o Pai me conhece a mim, tambm eu conheo o Pai,
e dou a minha vida pelas ovelhas. Ainda tenho outras ovelhas que no so
deste aprisco; tambm me convm agregar estas, e elas ouviro a minha voz,
e haver um rebanho e um Pastor. Por isto o Pai me ama, porque dou a
minha vida para tornar a tom-la. Ningum a tira de mim, mas eu de mim
mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tom-la. Este
mandamento recebi de meu Pai.
3.1 EXEMPLO DOS APSTOLOS CHAMADOS POR JESUS CRISTO
Os apstolos foram alguns dos discpulos que testemunharam toda a obra do
ministrio desenvolvido por Jesus. Eles em particular foram discipulados para realizar nos
detalhes toda a prtica pastoral de Cristo. Chamados pra dar continuidade e desenvolvimento
do reino de Deus na terra, receberam do mestre aps sua ressurreio, as seguintes
orientaes:
(...) E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.
Quem crer e for batizado ser salvo; mas quem no crer ser condenado. E
estes sinais seguiro aos que crerem: Em meu nome expulsaro os demnios;
falaro novas lnguas; Pegaro nas serpentes; e, se beberem alguma coisa
mortfera, no lhes far dano algum; e poro as mos sobre os enfermos, e os
curaro. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no cu, e
assentou-se direita de Deus. E eles, tendo partido, pregaram por todas as
partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais
que se seguiram. Amm (Marcos, 16.15-20).
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Estas so as direes prticas de Jesus aos seus discpulos, que envolveriam, diretrizes
especficas pra o cumprimento do trabalho pastoral segundo a sua vontade, para todas as
pocas. Eles deveriam ir por todo o mundo levando a mensagem do Evangelho. Limitaes
geogrficas no podiam impedi-los de cumprir a comisso dada por Jesus, pois toda criatura
que ouvisse e acreditasse, seria salvo da condenao iminente oriunda do julgamento do
Senhor sobre esta terra.
A batalha espiritual estava envolvida nas orientaes, pois pessoas possessas foram
libertas por ele, e agora seriam libertas atravs dos discpulos em seu nome. Os sinais tais
como, o falar novas lnguas, e curar enfermos pela imposio das mos, seria uma prtica
natural na ao pastoral dos apstolos como confirmao da pregao do evangelho.
(...) E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente no
mesmo lugar; E de repente veio do cu um som, como de um vento veemente
e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas
por eles lnguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada
um deles. E todos foram cheios do Esprito Santo, e comearam a falar
noutras lnguas, conforme o Esprito Santo lhes concedia que falassem
(Atos 2.1-4).
O aspecto fundamental como resposta ao derramamento do Esprito Santo, era a
pregao do testemunho da ressurreio de Cristo, que causava o efeito para a deciso das
pessoas, pelo Evangelho
(...) Homens irmos, seja-me lcito dizer-vos livremente acerca do patriarca
Davi, que ele morreu e foi sepultado, e entre ns est at hoje a sua sepultura.
Sendo, pois, ele profeta, e sabendo que Deus lhe havia prometido com
juramento que do fruto de seus lombos, segundo a carne, levantaria o Cristo,
para o assentar sobre o seu trono, Nesta previso, disse da ressurreio de
Cristo, que a sua alma no foi deixada no inferno, nem a sua carne viu a
corrupo.
Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos ns somos testemunhas.
De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a
promessa do Esprito Santo, derramou isto que vs agora vedes e ouvis.
Porque Davi no subiu aos cus, mas ele prprio diz: Disse o SENHOR ao
meu Senhor: Assenta-te minha direita, at que ponha os teus inimigos por
escabelo de teus ps. Saiba, pois, com certeza toda a casa de Israel que a esse
Jesus, a quem vs crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.
E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu corao, e
perguntaram a Pedro e aos demais apstolos: Que faremos, homens irmos?
E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vs seja batizado em nome
de Jesus Cristo, para perdo dos pecados; e recebereis o dom do Esprito
Santo; Porque a promessa vos diz respeito a vs, a vossos filhos, e a todos os
que esto longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar. E com muitas
outras palavras isto testificava, e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta
gerao perversa. De sorte que foram batizados os que de bom grado
receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase trs mil almas
(Atos 2.29-41).
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A Igreja de Cristo agora estabelecida de crentes na mensagem do evangelho, tinha
suas caractersticas fundamentadas no trabalho pastoral dos apstolos. Ela dedicava-se a
quatro coisas: o ensino apostlico, a comunho, o partir do po e a comunho.
(...) E perseveravam na doutrina dos apstolos, e na comunho, e no partir
do po, e nas oraes. Em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e
sinais se faziam pelos apstolos. E todos os que criam estavam juntos, e
tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com
todos, segundo cada um havia de mister. E, perseverando unnimes todos os
dias no templo, e partindo o po em casa, comiam juntos com alegria e
singeleza de corao, louvando a Deus, e caindo na graa de todo o povo. E
todos os dias acrescentava o Senhor igreja aqueles que se haviam de salvar
(Atos 2.42-47).
O ministrio apostlico no poderia ser diferente do ensinamento do mestre, por isso a
compaixo pelos homens estava neles tambm.
(...) e Pedro e Joo subiam juntos ao templo hora da orao, a nona.
E era trazido um homem que desde o ventre de sua me era coxo, o
qual todos os dias punham porta do templo, chamada Formosa, para
pedir esmola aos que entravam. O qual, vendo a Pedro e a Joo que
iam entrando no templo, pediu que lhe dessem uma esmola. Pedro,
com Joo, fitando os olhos nele, disse: Olha para ns. E olhou para
eles, esperando receber deles alguma coisa. E disse Pedro: No tenho
prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus
Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda. E, tomando-o pela mo direita,
o levantou, e logo os seus ps e artelhos se firmaram. E, saltando ele,
ps-se em p, e andou, e entrou com eles no templo, andando, e
saltando, e louvando a Deus. Todo o povo o viu andar e louvar a
Deus Atos 3.1-9
O exemplo da ao pastoral dos apstolos aps as orientaes de Cristo, mostra
evidentemente a prtica da f obediente. Tambm pode-se descrever como consequncia do
derramamento do Esprito-Santo, um ministrio frutfero da pregao do evangelho e cura. A
descrio da igreja, na sua adorao, comunho, aprendizado e exaltao a Deus, um
modelo bblico irrefutvel de autoridade crist. A doutrina apostlica era essencial para a
comunidade do Novo Testamento e indispensvel para a sade e vigor da comunidade da f
hoje.
3.2 PRAGMTICA DE PASTORES REFORMADOS: RICHARD BAXTER E ALBERTO
BARRIENTOS
Richard Baxter (1615-1691), o mais destacado pastor, evangelista e escritor de temas
prticos e devocionais produzido pelo puritanismo. Viveu num perodo da histria da
Inglaterra caracterizado igualmente por destruio e criatividade. Embora ordenado episcopal,
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rejeitou amargurado a posio que a igreja anglicana tomou por ocasio do restabelecimento
da monarquia na Inglaterra e na esccia, de que a ordenao episcopal essencial para a
prtica do ministrio cristo. Consequentemente, junto com cerca de mil e oitocentos
dissedentes, ele se tornou um no conformista, e foi expulso do ministrio em kiddermister,
onde trabalhara catorze anos. Baxter foi para Londres, pra continuar pregando, e ali foi preso,
quando estava com setenta anos de idade; esteve preso durante vinte e um meses. Moreeu
cinco anos depois. Uns 135 artigos de sua lavra foram publicados durante sua vida, e 5 obras
pstumas foram impressas posteriormente.
Era um grande homem; grande bastante para ter e reconhecer grandes falhas e grandes
erros. Brilhante, de larga cultura, com surpreendente capacidade de anlise instantnea,
argumento e apelo, Baxter podia embaraar os seus oponentes em debates pblicos. No
entanto, nem sempre utilizou seus grandes dons da melhor forma. Na teologia, por exemplo,
Baxter elaborou um caminho intermedirio e ecltico entre as doutrinas da graa reformada,
arminiana e romana. Ele era um conservador puritano, mantinha tal estranha construo
legalista tanto como enfoque essencial do evangelho puritano e do Novo Testamento quanto
como terreno comum para as contendas sobre graa das quais se ocupavam as teologas
trinitarianas de seus dias. Foi dito, muitas vezes por ele e com justia, que qualquer cristo
que creia que sem Cristo os homens estaro perdidos, e que ame seriamente a seu prximo,
no poder descansar, sabendo que as pessoas a seu redor esto a caminho do inferno. Ele se
dispor sem descanso grande misso da vida, a de converter as pessoas.
Qualquer crente que no tenha tal disposio solapar a credibilidade de sua f, pois se
ele mesmo no consegue tomar a ordem de Jesus a srio, como direo para a vida, por que
outra pessoa o levaria a srio? Baxter expe isto com fora. Ele tem um amor apaixonado de
um cristo sincero, honesto, sem rodeios, que pensa e fala com perfeita objetividade a respeito
dos perdidos, insistindo que deveramos aceitar desconforto, pobreza, trabalho duro e perda de
ganhos materiais, caso pudssemos salvar algumas almas, dando-nos exemplo vvido cm sua
prpria pessoa, sobre os desdobramentos de tal disposio. Sua principal contribuio para o
desenvolvimento dos ideais puritanos para o ministrio foi a de melhorar a prtica da
instruo e orientao personalizada pessoal foi ,um mtodo simples de educao escolar
como ingrediente permanente no cuidado pastoral de todas as idades. Foi tal preocupao com
o discipulado que trouxe luz o livro conhecido no Brasil como: O Pastor Aprovado lanado
em sua reedio, como o Manual Pastoral de Discipulado Cristo.
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A instruo e orientao pessoal e o aconselhamento, alm do sermo e depois dele,
so deveres de todo pastor, pois constituem os recursos mais racionais, os melhores meios
para atingir o fim desejado. Era assim nos dias de Baxter. No seria assim em nossos dias?
O Pastor Baxter confronta o pastor moderno com, pelo menos, as seguintes perguntas:
(1) creio no evangelho que Baxter cria (e Whitefield e Spurgeon e Paulo)? (2) Compartilho a
viso de Baxter, acerca da necessidade essencial da converso? (3) Sou to autntico como
deveria ser, permitindo que tal viso das coisas forme minha vida e obra? (4) Sou to objetivo
como deveria ser quanto escolha dos meios para o fim que desejo e para o qual fui
chamado? (5) Disponho-me, como Baxter, a buscar a melhor maneira para criar situaes nas
quais possa conversar com as pessoas, de maneira familiar e com regularidade, sobre suas
vidas espirituais? A maneira adequada para realizar tal tarefa nos dias de hoje ter de ser
considerada em termos das circunstncias que se nos apresentam, muito diferentes das que
Baxter conhecia e descrevia, mas a pergunta de Baxter continua sendo pertinente: no
deveramos exercitar a comunho pessoal como uma prtica sempre necessria? Se ele nos
convencer de tal necessidade, certamente acharemos uma maneira de adequar a prtica
nossa situao presente - onde houver vontade, haver um modo de agir!
Ento o argumento de sua prtica pastoral segue-se em sua prpria descrio:
Asseguro que no obedeo ao conselho da carne; mas, antes, que me
desagrado tanto quanto desagrado a outros,e preferiria a paz e a calma do
silncio se isso pudesse ser conciliado com o meu dever e o bem-estar das
Igrejas. O que me fora, porm, a necessidade das almas dos homens e o meu
desejo de sua salvao; a prosperidade da Igreja que me fora a esse tipo de
audcia e atrevimento. Quem h que, tendo sua prpria lngua poder cal-la,
quando seu uso for para a honra de Deus, o bem-estar da Igreja e a felicidade
eterna de tantas almas?
Por isso dever inquestionvel dos ministros em geral, que se
disponham tarefa de instruir e orientar individualmente, a todos aqueles que
so entregues ao seu cuidado. Os senhores poderiam imaginar uma sabedoria
santa que negasse a validade desta proposio? O zelo por Deus, o prazer no
seu servio ou amor s almas dos homens negariam sua significncia?
Os princpios da religio e as questes necessrias para a salvao
precisam ser substancialmente ensinados s pessoas ,da maneira mais
edificante e proveitosa . A entrevista pessoal, o exame do corao e a
instruo pessoal tm excelentes vantagens para o bem das pessoas .
recomendada pelas Escrituras e pela prtica dos servos de Cristo, aprovada
por homens piedosos de todos os tempos sem contradio. No h dvida de
que devamos cumprir esse grande dever para com todas as pessoas, ou para
quantas ns pudermos, pois nosso amor e cuidado devem acolher a todos.
Ser sinal de pobre desempenho do dever, se, havendo em sua
congregao quinhentas ou mil pessoas ignorantes em questes de f,os
senhores falarem apenas de vez em quando com alguns deles e deixar o
restante na ignorncia, quando est ao seu alcance ajud-lo.Certamente, uma
tarefa to grande quanto esta tomar parte considervelde seu tempo. certo
tambm que todos os deveres, medida do possvel,deveriam ser realizados
em sua ordem e tempo.
Dadas estas razes, por amor de Cristo e sua Igreja, e das
almas imortais dos homens, imploro aos fiis ministros de Cristo que se
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disponham pronta e efetivamente a esta obra. Sejam unnimes no pleno
desempenho do trabalho, a fim de conquistar a aquiescncia e prontido do
povo. Os ministros piedosos tm conscincia do seu dever para com Deus.
Assim, Baxter faz trs pedidos especiais aos pastores para desenvolverem sua ao
pastoral com eficincia na Igreja: a pregao deve ser preparada com seriedade e prudncia;
no se deve desprezar o exerccio da disciplina; e a unidade da Igreja deve ser promovida na
verdade.
1- Pregar com preparo e prudncia em nome de Jesus e por amor s almas dos filhos de
Deus, para no negligenciar esta obra, mas trabalhar com vigor e com todas as foras do
ser, sabedores de que esta sua grande e grave tarefa. Pois se os ministros no forem
realmente respeitados como homens de Deus, as congregaes tendero a despreza-los e
a competir com eles em vez de aprender em submisso Palavra de Deus.
2- Exercer a disciplina se quiserem prestar contas favorveis ao Supremo Pastor, no sendo
infiis na casa de Deus, tambm no sejam remissos no zelo como se a disciplina fosse
coisa desnecessria. No negligenciem a exortao da disciplina, pois o problema da
carne est ligado sua omisso como triste sinal de hipocrisia. Os deveres mais custosos
so, geralmente, os mais compensadores; podem estar certos de que Cristo j pagou e que
suportar o preo.
3- Promover unidade entre si mesmos e entre as igrejas de Cristo para que todos os fiis
ministros de Cristo, sem delongas, unam-se e associem-se para a promoo uns dos
outros e da obra do Senhor, e para manter a unidade e a concrdia nas igrejas. No
negligenciar as reunies fraternas nem as desperdiar sem nenhum proveito; antes,
melhorem suas condies para a edificao da Igreja e para o desempenho efetivo da
obra.
A prtica pastoral de Baxter incluia tambm um cuidado prprio especial. Os pastores
deveriam estar atentos para que o trabalho da graa salvadora fosse plenamente realizado em
suas prprias almas. Pra que no estivessem vazios da mesma graa salvadora de Deus que
ofereciam a outros, e nem ficassem alheios operao efetiva do evangelho que pregam, para
que, enquanto proclamassem ao mundo a necessidade de um Salvador, seu prprio corao
no fosse negligenciado, e acabassem perdendo o interesse no prprio Senhor e em sua obra.
Considerando de maneira simples, a sinceridade de sua f. Muitos poderiam estar advertindo a
outros acerca do perigo de caminhar para o lugar de tormento enquanto eles mesmos correm
para a perdio.
"Muitos, naquele dia, ho de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, no
temos ns profetizado em teu nome, e em teu nome no expelimos demnios,
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e em teu nome no fizemos muitos milagres? Ento, lhes direi
explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a
iniqidade" (Mt 7.22,23).
Por isso no decorrer do trabalho pastoral era essencial que, os pastores considerassem
muitos motivos para cuidar de si mesmos no seu labor, tais quais o cu para ganhar ou perder,
e a realidade de levar almas a felicidade ou tristeza eterna. E a lembrana diria que suas
aes tem consequncias eternas.
Quanto aos mtodos, existe a necessidade de entender que o sucesso do trabalho
pastoral depende da graa e da beno do Senhor. Deus prometeu aos seus servos fiis que
estar com eles, e que por o seu Esprito sobre eles e a Sua Palavra em sua boca, pois este o
mtodo normal de Deus. Sendo que a vontade de Deus que cada igreja tenha seus prprios
pastores, e que todos os discpulos de Cristo reconheam os que trabalham entre eles e vos
presidem no Senhor e os admoestam (1tessalonicences 5:12). A Igreja universal de Cristo
consiste necessariamente de igrejas particulares guiadas por seus prprios supervisores. Todo
cristo deve ser membro de uma das Igrejas, exceto aqueles que, por razes especiais, no
podem unir-se ao corpo de crentes. E, havendo-lhes, por comum consentimento, eleito
ancios em cada igreja (Atos 14:23;cf Tito 1:5).
Pois o cuidado do rebanho tarefa do pastor e se d no contexto da igreja. O tamanho
do rebanho deve ser determinado pelo nmero de pastores. No podero ser pastoreados
todos, se no houver suficientes pastores na igreja, ou se a congregao no for pequena o
suficiente para possibilitar o cuidado pastoral de cada membro. Deus no impe
impossibilidades naturais. Pois a natureza da obra pastoral tal, que deve ser realizada
pessoalmente pelo pastor. Sucede que em alguns casos pastores podem ter igrejas maiores que
a sua capacidade de ao e, assim, no lhes possvel cuidar bem do rebanho todo. Nesses
casos o pastor acaba s se encarregando de fazer bem feito aquilo que estiver ao seu alcance.
Baxter d uma definio clara da grande responsabilidade que , cuidar do rebanho de
Cristo. O pastor deve ter em mente segundo ele que; o fim principal do trabalho pastoral, deve
estar ligado ao supremo propsito de nossa vida, agradar e glorificar a Deus. E tambm
estimular a santificao e a santa obedincia do povo de Deus que est ao seu encargo.
Promovendo a unidade, a ordem ,a beleza ,e o poder, a preservao e o progresso do povo de
Deus , tendo tudo isso como maior tarefa que mostra a correta adorao a Deus. O ministrio
pastoral segundo ele ,tem carter espiritual, pois no trata de coisas vis e transitrias, j que a
primeira ocupao pastoral ; revelar aos homens a felicidade ou o bem principal que s pode
ser o bem supremo. Tornando os homens cintes do Deus que os fez; Ele a fonte da sua bem-
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aventurana. Devendo abrir-lhes os tesouros da Sua bondade e falar-lhes da glria que h em
Sua presena, Glria que todo povo de Deus desfrutar. E assim fixar seus coraes
sinceramente em Deus e nos Cus, considerando isso a parte mais importante do ministrio
pastoral,e tudo mais se seguir naturalmente.
A segunda ocupao pastoral seria familiarizar os homens com meios certos pelos
quais alcanar esse fim, e ajuda-los a usar esses meios. O pastor no seu cuidado pastoral, deve
mostrar os perigos do pecado e quanto dano ele j fez aos homens. Depois, deve descerrar-
lhes o grande mistrio da redeno: a Pessoa, a natureza, a encarnao, a perfeio, a vida, os
milagres, os sofrimentos, a morte, o sepultamento, a ressurreio. A ascenso, a glorificao,
o domnio e a intercesso do bendito filho de Deus. Ajudando-os a saber o significado das
Suas promessas, as condies a ns impostas e os deveres que nos mandou cumprir. Alm
disso adverti-los dos tormentos eternos com os quais Ele ameaa os que no se arrependem e
negligenciam a sua graa.
Estes so deveres espirituais que os pastores em sua ao pastoral tem de pr diante
dos homens. Ento o trabalho pastoral deve ensinar o quanto puder da Palavra e das obras de
Deus, pois todos os cristos so discpulos ou alunos de Cristo, e a Igreja a sua escola, tendo
a Bblia como Seu livro texto. A preocupao do cuidado pastoral deve ser por toda a
comunidade da igreja, buscando conhecer completamente a cada pessoa ou ovelha que faz
parte do rebanho. O prprio Cristo, o grande e bom Pastor toma conta de cada um
individualmente. O evangelista Lucas mostra que Ele deixa no deserto as noventa e nove e
vai aps a perdida, at que venha ach-la(15:4). Cristo nos conta que h alegria no cu por
um pecador que se arrepende(15:7).
Os profetas, igualmente muitas vezes foram enviados a indivduos. Ezequiel era uma
atalaia a postos com relao a indivduos. Ele foi enviado a dizer ao mpio:certamente
morrers(Ezequiel 33:14). Semelhantemente , Paulo ensinava publicamente, e de casa em
casa. Ele tambm admoestava a todo homem e ensinava a todo homem em toda
sabedoria, para apresentar todo homem perfeito em Jesus Cristo (Colossenses 1:28).
Assim tambm Cristo expunha as suas parbolas aos doze, parte. Os pastores sejam eles de
que sculo forem, tero de dar contas de sua vigilncia sobre as almas de todos aqueles que
esto no dever de obedece-los.
Baxter d muita nfase a um dos aspectos da obra do ministrio pastoral, que a
pregao pblica da palavra de Deus, sendo esta uma atividade prpria para o ministro que
pastor de igreja. Pregar ao mundo incrdulo noutras culturas onde outras crenas uma tarefa
parte, mas a pregao dirigida a igreja local o papel do pastor. Um outro aspecto do
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ministrio pastoral a ministrao das ordenanas do Batismo e da Ceia do Senhor. Segundo
ele o trabalho de um ministro da palavra vai alm desses aspectos, pois o pastor pode fazer a
direo do culto pblico, conduzindo o povo nas oraes e nos louvores ao Senhor.
As famlias por desempenharam um papel fundamental na igreja, e na sociedade.
Devem ser alvo de dedicao e cuidado especial no labor eclesistico. Se todo o trabalho for
lanado unicamente sobre o pastor, como a igreja pode providenciar o avivamento de um
rebanho inteiro? Os chefes de famlia devem fazer a sua parte sob orientao pastoral para
que, se alguma coisa boa for iniciada pelo ministrio pastoral, esta no seja dificultada, por
serem as famlias descuidadas, sem orao e mundanas. O ministrio com famlias deve ser
bem eficiente, e elaborado para que, o chefe da famlia venha orar e ler as escrituras em seu
lar diariamente.
A prtica pastoral envolve tambm nessa linha de pensamento puritano traada pelo
pastor Richard Baxter; um interesse pelos pobres e fiis, a visitao aos enfermos seguida de
uma ateno especial aos moribundos. Pois quando o homem est quase no fim da sua
jornada, e o prximo passo o levar para o cu ou o inferno, esse o tempo de prestar ajuda o
quanto puder. Ele tambm bem enftico quanto a disciplina eclesistica na forma de
repreenso pblica exercida pelo ministrio pastoral. Que seria to somente persuadir as
pessoas a encontrarem modos de expressar o seu arrependimento, orando por elas,
restaurando os penitentes, e excluindo e evitando os impenitentes. Os pastores deveriam
manter sua fidelidade na disciplina, pois encontram muita oposio nesta rea do ministrio, e
lembrar que aqueles que so contra a disciplina, so contra o ministrio pastoral. Ser contra
o ministrio pastoral ser contra a igreja; e ser contra a igreja ser contra Cristo (Richard
Baxter).
Embora esteja fora da capacidade pastoral transformar uma corao carnal, sem a
operao da graa eficaz do Esprito-santo, comum Deus agir empregando meios. Deus
abenoa a diligncia nos bons esforos dos Seus servos, j que o bem-estar da Igreja depende
da direo e do sucesso da ao pastoral. Por isso todos os homens que tem o privilgio desta
incumbncia devem; levar a srio seu ministrio, meditando com o corao diante de Deus.
Homens de orao que procuram animar e ensinar um por um no rebanho. Selecionando
doutrinas importantes amplitude da f, sempre aplicando a verdade de maneira pessoal e
amigvel. As pessoas precisam perceber que o pastor demonstra sensibilidade para com eles,
tratando cada qual como pessoa nica, e sensveis as suas necessidades. O objeto do servio
pastoral a Igreja de Deus, esta santificada pelo Esprito Santo, unida a Cristo e declarada
Seu corpo mstico. aquela que os anjos anelam pescrutar e qual atendem como espritos
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ministradores. Deus que por seu Santo Esprito, faz homens supervisores de sua obra, tendo
o cargo de administrar a prpria famlia de Deus.
A prtica pastoral do sculo 21 pode com certeza seguir o modelo mostrado pelo
pastor Richard Baxter, e defendido no seu livro o Pastor Aprovado, pois seus princpios
bblicos podem revitalizar todo o trabalho pastoral de uma Igreja.
3.3 PASTOR ALBERTO BARRIENTOS E SEU MODELO PARA O TRABALHO
PASTORAL
Alberto Barrientos pastor h mais de vinte e cinco anos, j trabalhou em diversos
pases da Amrica Latina, tais como Peru, Colombia, Costa Rica e Paraguai. Convertido aos
18 anos e tendo uma experincia profunda com o Espirito Santo foi chamado por Deus dois
anos depois para o ministrio pastoral. Quando comeou a trabalhar na igreja por volta de
1954, comeou a pensar naquilo que aprendeu no seminrio como algo muito bom, mas no
muito adequado situao rural na qual ele foi pastor durante vrios anos. Aquilo que ele
tinha aprendido servia para assumir um plpito, mas no para satisfazer outras necessidades
que surgiam no caminho. Ento a medida que a Palavra de Deus ia guiando seu corao e
pensamento mostrava-lhe coisas novas, que o fazia perceber as necessidades reais do
pastorado.
Ele passou a ter uma viso clara que crescia a cada dia, mostrando solues para as
tarefas que se agigantavam no ministrio, que as vezes pareciam no ter repostas. Aps
pastorear em vrios pases da Amrica Latina, teve oportunidade de conhecer o ministrio de
evangelismo em profundidade. Graas a complementao que esta experincia o trouxe, ao
dilogo com inmeros pastores, ao estudo e reflexo sobre o assunto, concretizou-se em sua
mente uma idia que vinha tomando forma ha vrios anos. Consistia no seguinte: a
evangelizao deve partir da prpria igreja, portanto, a evangelizao um assunto
fundamentalmente ligado a ao pastoral.
Assim, segundo Barrientos, ainda que os mtodos e os evangelistas ajudem, a real
expanso do evangelho ocorre a partir da prpria igreja. Percebeu que para dar
evangelizao um lugar central na vida da igreja, outras coisas seriam necessrias entre elas,
dar ao Esprito Santo devido lugar (2Co 3.17). Alm disso ampliar a viso do trabalho
pastoral, trazendo uma abordagem mais adequada dele, pois a tarefa suprema que Deus tem
dado a Igreja a evangelizao. Isto para ele, poderia dar um impulso muito grande para
revolucionar a Igreja nos anos que antecedem a volta de Jesus.
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Necessariamente, o pastorado atravs da evangelizao experimentaria uma
transformao baseada nos princpios do novo testamento. As caractersticas dos povos latino-
americanos no qual foi pastor, o fez crer que as novas abordagens seriam sucesso entre eles.
Pois a situao que vivam as igrejas na dcada de 50 de forma geral, amarradas a formas de
trabalho bem conhecidas, uteis no passado, mas carentes de renovao e mudana; a
preocupao das instituies teolgicas umas, de formar telogos; outras, pregadores
esquecendo-se que sem pastores bem formados o trabalho da igreja no avanar muito.
Tambm havia, o perigo de uma religiosidade popular e fcil, disfarada de cristianismo,
ameaando influenciar a Igreja Evanglica naquela poca a medida que crescia.
Barrientos na sua abordagem, procura no compartilhar novidades, mas experincias
slidas, sabendo ele que surgiriam outros rumos, estes seriam os melhores ele disse: quando igrejas, pastores, seminrios, institutos bblicos e misses
perceberem que esta a hora da igreja afro-latina, consequentemente, hora
da grande tarefa pastoral. O futuro est aberto para ser enfrentado com f,
esperana, inteligncia e uma energia jamais empregada antes. Jesus o
Senhor nos cus e na terra. E Ele o cabea da Igreja. Em seu nome faremos
proezas.
Em suas pressuposies teolgicas, ele declara que a autoridade do trabalho pastoral
no procede de uma tradio religiosa ou cultural, mas est fundamentada na Palavra de Deus,
com valores permanentes e universais tendo trs enunciados bsicos:
1- a existncia de um Deus; que criou os cus e a terra. Criou o homem e a mulher. Estes
foram separados pelo pecado que entrou no mundo, mas no deixou Deus distante, nem
fez com que Ele se desinteressasse por sua obra, e muito menos se esquecesse dela. Com
certeza, apesar do pecado, Deus continua presente no mundo. A obra suprema de Deus, a
redeno do mundo por meio de seu Filho, o Verbo que se fez carne, humilhou-se e
entregou-se pelos pecadores mostra que Deus tambm est ativo no mundo. O trabalho
pastoral est no plano de Deus para a humanidade cada. No tem sua origem nos
programas humanos, mas nos programas divinos. Por isso, a obra pastoral na igreja,
acima de tudo, o sentir de Deus, fazer a correta obra de Deus, pois Ele abenoa o que
lhe pertence.
2- a existncia de um povo escolhido por Deus; mesmo tendo anjos, Deus depende de seu
povo que comprou com o sangue do Cordeiro (1Pe 2.9-10). O plano de Deus vai sendo
realizado em estreita colaborao entre Ele e seus redimidos. Jesus disse uma certa vez
que se estes se calassem as pedras clamariam. Deus chamou o seu povo de:
testemunhas, sal e luz do mundo, embaixadores, pacificadores, raa
escolhida, sacerdotes do rei, nao santa e muitos outros qualificativos. O mais
significativo de tudo isso no que Deus queira exaltar o ego dos que creem, mas faz-
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los entender que pelo relacionamento que adquiriram com Ele tm uma funo especifica
a cumprir. O povo de Deus no vive somente para crer. Cre e vive para servir. (Efsios
2.10). O pastorado , ento, visto como um empreendimento de implicaes eternas, em
que Deus e o ser humano sofrem e se alegram juntos, trabalham ombro a ombro. E nele,
Deus e seus herdeiros triunfaram e desfrutaram eternamente.
3- na tarefa que ambos esto executando; o povo de Deus necessita de direo, por ser a sua
tarefa muito grande para no se perder, o mundo pode fazer com que percam de vista seus
objetivos principais. Por isso, o Esprito Santo que o guia do povo de Deus distribui
dons a cada um. Tambm da ministrios Igreja, como os apstolos, os profetas, os
evangelistas, os pastores e os mestres, esses do direo ao povo. Se Jesus o cabea da
Igreja, e esta o seu corpo, o ministrio pastoral vem a constituir o pescoo. o vinculo
entre Jesus e seu povo afim de que marchem e trabalhem juntos, pois Deus quer que seu
povo cresa em numero atravs do arrependimento e f em Jesus, para que a viso
apocalptica de uma multido incalculvel seja uma realidade. Ele igualmente quer que
essas pessoas no somente creiam e se salvem, mas ele quer igualmente que se formem a
imagem de seu Filho e aprendam a edificar e a sobreedificar o edifcio de Deus. E quer
que seu povo aprenda a ser verdadeira luminria no mundo. E, inclusive Deus quer que
seu povo se prepare agora para servir no reino vindouro de Jesus. A obra pastoral se
fundamenta, tambm, nesta terceira verdade. necessrio guiar o povo de Deus nestes
pastos.
O pastor Alberto Barrientos, segue o exemplo de Efsios 4.11-12 que : preparar o
povo de Deus para o servio cristo. Assim, seus pilares do trabalho pastoral so: motivar,
orientar, treinar, mobilizar o corpo de Cristo, tirando a sobrecarga central da figura do pastor.
Pois para ele o modelo bblico ensinar os irmos a fazer a obra de Deus, devendo ser este
um objetivo fundamental do trabalho pastoral. A ao pastoral que parte do Novo Testamento
de conjunto, onde toda a igreja est includa. Para ele, o caminho pastoral pelo qual muitos
tem optado de pregar e visitar o caminho do menor esforo. Deus chama os pastores a
mobilizar seu povo para fazer dele uma verdadeira comunidade pastoral.
O trabalho pastoral no s converter pessoas e todo o trabalho que isso envolve, mas
apresentar ao Senhor pessoas maduras, adultas na f, perfeitos em Cristo Jesus, pois a igreja
local jamais pode ser vista como um aglomerado de pessoas que se renem para louvar a
Deus e ouvir sua Palavra. A igreja um grupo humano especial, com certos tipos de
relacionamento, objetivos comuns dados por Deus, como por exemplo a evangelizao, a
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adorao, a ajuda mtua e outros. Jesus preparou e reuniu seus discpulos durante trs anos
mostrando a necessidade de aperfeioamentos dos crentes.
Pois era preciso todos conhecerem a mensagem fundamental do evangelho, e assim
serem treinados para realizar uma boa evangelizao, evangelizao segundo Barrientos
envolve quatro elementos: proclamar o evangelho, fazer discpulos, enviar missionrios e
formar novas igrejas. Se cada igreja pudesse iniciar apenas uma igreja a cada dois anos, isto
implicaria que em poucos anos os pases poderiam ter um testemunho presente em todos os
recantos. Sendo isto que o Senhor Jesus almeja, evangelizao deve ser feita com o srio
programa de formao inicial para todo o recm convertido. Pois a terra se encher do
conhecimento da gloria do Senhor, como as guas cobre o mar (Hc 2:14).
Sua metodologia pastoral para proclamao do evangelho exige movimento do templo
em direo ao lado de fora, como foi proposto por ele mostrar mtodos j usados e slidos,
tais como: a proclamao atravs do rdio, com um programa curto de 3 a 5 minutos na lngua
local. A proclamao pelas casas por ser um trabalho que visa toda a comunidade prxima a
igreja. Isso relevante, porque h muitssimas pessoas que jmais chegam a um templo para
ouvir a palavra de Deus, por isso que a igreja deve ir at elas.
As campanhas so uma das formas mais conhecidas pelos pastores e igrejas de
anunciar o evangelho, segundo Barrientos para que sejam eficientes, as campanhas devem
incluir no apenas a pregao da Palavra de Deus, mas tambm a oportunidade para que Deus
cure os enfermos, liberte os possesos e faa outras coisas. Assim, ela deveria ser precedida
sempre por um programa de visitao de casa em casa antes e aps a campanha, pois o
interesse das pessoas aumenta, mas no entendem em o que significa professar em Jesus. Com
ajuda e orientao, podem dar o passo para a converso definitiva. Neste caso, o trabalho
pastoral deve conter um plano simples para atender os convertidos. O pastor chama e
seleciona, um grupo de acordo com a situao e a viso que tem. Pode ser quatro, oito, doze
ou 20 irmos. Comee a treinar este grupo para atender aos neo convertidos. Sendo esta uma
tarefa que deve iniciada de seis a doze meses antes da campanha. O grupo deve ser motivado
para a tarefa, orientado sobre o que faro e o que ensinaro. Deve-se orar com este grupo e
ministrar-lhe a Palavra e o Esprito. Assim, se cada irmo treinado se responsabiliza por no
mais que trs pessoas recm convertidas, fcil atende-las. Se forem doze irmos treinados, e
cada um atender de trs a cinco pessoas, podero atender de trinta e seis a sessenta novos
irmos. Concluindo que, com o tempo, aumenta o numero de irmos, e estes so treinados
melhor para este trabalho, em um perodo de trs a cinco anos, a igreja pode ter um ministrio
permanente para enfrentar uma grande colheita.
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H tambm, em sua metodologia, proclamao atravs de clulas, sendo um meio
muito eficaz de evangelizao para desenvolvimento de grupos em escritrios, centros de
trabalho, de estudo, sempre tendo para cada lugar um tipo de estratgia especifica.
Sua viso com respeito a evangelizao desenvolveu-se devido ao fato de que, o
mtodo de ao pastoral de usar apenas o sermo proclamado no domingo pra instruo da
igreja. Tende a produzir uma Igreja de ouvintes passivos, com a sensao que no h nada a
ser feito alm de escutar a palavra de Deus. Esta uma das razes porque h tantas pessoas
nas igrejas que, ainda que queiram fazer algo pelo Senhor no podem faz-lo. O ensinamento
a base de sermes apenas informativo, ele no forma o homem ou a mulher para os
propsitos de Deus. Diante disso, faz-se necessria uma reflexo sria e honesta sobre essa
difundida prtica pastoral, no para que seja eliminada mas para que seja colocada no lugar
certo, e, ao mesmo tempo para que se busquem outros meios melhores para indispensvel
formao pessoal, que levar a igreja a ter uma evangelizao eficiente.
Para isso, o trabalho pastoral deve envolver pastor e igreja juntos, se desejam cumprir
uma misso mais ampla devem fazer mudanas em seu estilo de vida e de programao. O
estilo tradicional, base unicamente de cultos devocionais, cultos evangelsticos, cultos de
orao e cultos de estudo bblico muito pobre para mobilizar uma igreja. Talvez seja por
isso, que h tanto pastor e tanta igreja que, dentro de um modelo tradicional de programao
sentem como se estivessem girando toda a vida em um mesmo circulo. E tambm percebem
que h muitas ideias mas no podem ser realizadas.
Assim, para ele , a formao e avano do povo de Deus precisaria combinar o culto
com programas definidos de trabalho, uma idia seria intercalar as reunies, dedicando uma
ou duas noites por semana para cultos congregacionais, e empregar o restante do tempo para
as classes de discipulado, classes de treinamento profissional, seminrios breves e avaliao
peridicas de atividades. Pois esta forma de trabalho permitiria desenvolver um tipo de vida
eclesistica mais equilibrada, onde adora-se ao Senhor, aumenta-se a comunho uns com os
outros, e ao mesmo tempo prepara-se a igreja para servir.
O modelo pastoral com base em um conceito mais amplo e mais bblico que o
tradicional, segundo Barrientos, um modelo com base em mltiplas funes. No somente
pensando em um s pastor, mas um corpo de pastores. Isto permite que as diferentes tarefas
sejam repartidas entre todos e que estes possa atender melhor a igreja. Para Barrientos, esta
a proposta de um tipo de pastoral congregacional (Ef. 4:11-16), que estabelece que o
ministrio pastoral ensina o restante dos santos a fazerem a obra do ministrio. Esta
abordagem pastoral requer maior compreenso do que a funo organizacional, mas da maior
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solidez igreja, e maiores possibilidades de ao. E os irmos percebem que a igreja no
uma loja de materiais de construo, mas que, so pedras vivas e construtores ativos do
corpo de Cristo sabendo individualmente desempenhar seu cargo. claro que mudanas
produzem resistncia, por isso ela deve ser feita no poder do Esprito Santo. Devendo-se orar
e jejuar para que Deus abra as mentes, tire os obstculos e de a devida disposio aos irmos.
Assim, quando o pastor receber uma viso de Deus, a transmisso sbia vai contagiar os
irmos.
Alberto Barrientos conclui com alguns conselhos pastorais, que mostram sua viso
interna de trabalho pastoral e alternativas para que a igreja consiga desenvolver uma
evangelizao eficiente. Segundo ele, no se pode fazer tudo de uma vez. Mas pode-se fazer o
seguinte:
*analisar todo o contedo de seu livro que leva o ttulo Trabalho
pastoral princpios e alternativas.
*ver as necessidades de seu prprio trabalho.
*ver as necessidades da igreja.
*fazer uma lista das coisas que queira compreender tanto da prpria
vida pastoral e lar como na da igreja.
*escolher entre essas coisas as que acredita serem mais urgentes e
necessrias. E tambm as de mais fcil e rpida realizao. E prop-las como
objetivos imediatos.
* comear a dar passos firmes em direo queles objetivos
relacionados vida particular e familiar. Se necessrio, fazer correes no
trajeto, mas no deixar que o medo, o cansao ou o costume de antes
detenham a marcha.
*comear a orar, planejar e encher a mente e o corao daqueles
objetivos relacionados igreja. At que o prprio pastor esteja convencido e
sinta que Deus est com ele em tais propsitos, no deve pr-se a caminho
nem public-los. Mas quando vir que o quadro est claro para ele mesmo,
ento que comece com a igreja.
Barrientos orienta por fim sempre buscar o conselho e a experincia de outros lderes e
outros livros. E, depois, como se a igreja fosse um grande barco, lana-la lentamente com
muita segurana, em direo ao novo horizonte.
Assim Tanto Baxter como Barrientos tem pontos de vista semelhantes em relao a
ao pastoral interna, como sendo a instruo como essncia da edificao da igreja. Para
Baxter, o plpito existia essencialmente para exposio da Palavra de Deus, mas considerava
primordial o ensino individual de casa em casa. Enquanto que Barrientos busca tirar essa
centralidade do plpito e visitao de instruo pastoral como modelo nico a ser seguido.
So semelhantes nas suas abordagens pessoais, mesmo sendo um de origem inglesa, e
o outro de origem latino-americana com uma diferena de quase 300 anos de idade. A
comparao da pragmtica pastoral deles aqui proposta, mostra que atualmente muitos
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modelos eclesisticos so frutos dessas idias, mas que tomaram no sculo XXI algumas
roupagens que em si no so to prejudiciais ao trabalho de Deus nas igrejas.
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4 ASPECTOS DO PRAGMATISMO NA AO PASTORAL DO SCULO 21
No tempo presente o pragmatismo de longe um dos comportamentos mais em voga
no ambiente social. Nesse contexto, a idia de que os resultados, a praticidade, a utilidade e a
funcionabilidade so os melhores indicadores da verdade, e, consequentemente, da melhor
maneira de se viver, esto a nortear o cotidiano das pessoas. Para exemplificar, em Cartas de
um diabo a seu aprendiz, de C. S. Lewis, o diabo instrutor Fitafuso, aconselha seu sobrinho e
aprendiz Vermebile, sobre como afastar uma pessoa da verdade do evangelho. Na primeira
epstola, Fitafuso desenvolve a idia de que os humanos so mais propensos a aceitar
pensamentos que tenham aplicao prtica em suas vidas, ao invs de avaliar a validade das
mesmas.
Ele escreve: Parta do princpio que sua vtima j se acostumou desde criana a ter
uma dzia de filosofias diferentes danando em sua cabea. Ele no usa o critrio de
verdadeiro ou falso para conferir cada doutrina que lhe aparea (seja do Inimigo ou
nossa). Ao invs disso, ele verifica se a doutrina Acadmica ou Prtica, Antiquada ou
Atual, Aceitvel ou Cruel. O jargo e a expresso feita (e no o argumento lgico) so
seus melhores aliados para mant-lo longe da Igreja. No perca tempo tentando lev-lo a
concluir que o Materialismo seja verdadeiro (sabemos que no ). Faa-o pensar que ele
Forte, Violento ou Corajoso ou ainda, que a Filosofia do Futuro! Este o tipo de coisas que
lhe despertaro a ateno.
Francis Schaeffer, tambm, em 1976, quando escreveu How Should We Then Live
(Como Viveremos?), chegou a afirmar que o pragmatismo era o pensamento dominante na
poca. Segundo ele, tanto nos assuntos internacionais quanto no que diz respeito ao lar, o
critrio mais amplamente aceito a convenincia manter-se a paz pessoal e a prosperidade
do momento a qualquer preo.
Identicamente, o ingls John Stott afirma que no mundo moderno multiplicaram-se os
pragmticos, para os quais a primeira pergunta acerca de qualquer idia no : verdade?,
mas sim: Ser que funciona?. Assim, possvel perceber as garras dessa doutrina sendo
cravadas nas polticas pblicas, na economia, na educao e at mesmo nas discusses
judiciais. O iderio pragmtico pode ser vislumbrado quando se coloca em debate assuntos
como o aborto, drogas, pesquisas de clulas tronco, entre outros. Geralmente, quando esses
assuntos so discutidos, a anlise gira em torno dos benefcios imediatos que tais prticas
podem trazer.
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4.1 TEOLOGIA PRAGMTICA PS-MODERNA
No mbito teolgico o pragmatismo tambm vem ganhando espao. Em A Seduo
das Novas Teologias, Silas Daniel descreve a forma como vrios princpios da ps-
modernidade esto invadindo as igrejas e afetando negativamente a Teologia. Ele cita um
srie de vertentes teolgicas que foram criadas exatamente para atender as demandas do nosso
tempo. Em suas palavras, entorpecidos por essas falsas necessidades que nos so impostas,
muitos cristos no Ocidente esto flexibilizando sua f, mudando sua mentalidade em relao
Bblia, Igreja e Deus, e isso, infelizmente, j est acontecendo tambm no Brasil.
Esses cristos, cujo nmero cresce cada vez mais, so os seguidores do que
denominamos teologias ps-modernas, que nada mais so do que tentativas de adaptar o
evangelho a essas ditas demandas, ou seja, aos princpios da ps-modernidade.Na esteira
desse raciocnio, outra espcie de demanda da gerao atual pode ser vista na busca do
homem por algo espiritual que funcione e lhe traga benefcios imediatos. O pensamento
religioso vigente funda-se na idia de que para ser vlida uma crena necessita
invariavelmente ser prtica, til e que atenda todas as suas expectativas. Infelizmente, com o
propsito de atender essa falsa necessidade muitos ministrios cristos acabaram por se curvar
ao anseio social, adotando o que podemos chamar de teologia pragmtica, recheada de
discursos e mtodos orientados fundamentalmente para os resultados e para a felicidade
imediata.
Noutros termos, muitos ministrios evanglicos enveredaram-se pelo caminho das
estratgias de mercado para arrebanhar mais seguidores, ou aderiram ao movimento chamado
a igreja ao gosto do fregus. Esta idia tem invadido muitas denominaes evanglicas,
propondo evangelizar atravs da aplicao das ltimas tcnicas de marketing voltadas para os
consumidores espirituais, enfatizando os benefcios temporais de ser cristo e colocando a
pessoa do consumidor como seu principal ponto de interesse, cuja abordagem centra-se na
gratificao imediata, nas bnos terrenas e no sentir-se bem consigo mesmo. Nesse
compasso, as assim chamadas megaigrejas adicionam salas de boliche, quadras de basquete,
sales de ginstica, auditrios para concertos e produes teatrais e franquias do McDonalds
tudo para agradar os seus clientes.
Com isso, na liderana aparecem novos profetas/ungidos/visionrios. Administradores
de igre
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