Instituto Português de Naturologia
Visão Chinesa dos Fitofármacos Portugueses
João Filipe Pereira Duarte
Curso de Medicina Tradicional Chinesa
Director(a) de Departamento: Paula Cavalheiro
2011
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Instituto Português de Naturologia
Visão Chinesa dos Fitofármacos Portugueses
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Índice:
Agradecimentos......................................................................................................pág.5
Introdução...............................................................................................................pág.6
I) Ervas Picantes e Frescas que Eliminam Síndromes Superficiais (Xin Liang
Jie Biao Yao)..............................................................................................pág. 9
II) Ervas Diuréticas e Exsudativas que Drenam Humidade (Li Shui Shen
Shi Yao.......................................................................................................pág.14
III) Ervas que Limpam Calor e Toxinas (Qing Re Jie Du Yao).......................pág.17
IV) Ervas que Aquecem o Interior e Expulsam o Frio (Wen Li Yao)...............pág.21
V) Ervas que Aliviam a Estagnação Alimentar (Xiao Shi Yao).......................pág.25
VI) Substâncias Tônicas (Bu Xu Yao)..............................................................pág.31
1) Ervas que Regulam o Qi (Bu Qi Yao)...................................................pág.31
2) Ervas que Tonificam o Yang (Bu Yang Yao)........................................pág.34
VII) Ervas Adstringentes (Shou Se Yao)...........................................................pág.39
VIII) Ervas que Expelem Parasitas (Xie Xia Yao)..............................................pág.44
Conclusão..............................................................................................................pág.49
Bibliografia/ Webgrafia...........................................................................................pág.51
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Agradecimentos:
Aos meus pais João Duarte e Maria Pereira, pois sem eles nunca teria chegado
onde cheguei.
À minha companheira Leonor Amorim, por me ter apoiado e facilitado tempo
que me foi essencial para a criação deste trabalho.
A todos os professores em geral, por terem ao longo destes anos partilhado
muito do conhecimento que me foi realmente útil, para saber interpetar a informação
com que me fui debatendo.
À Prof.ª Ana Veloso, que me deu um incentivo adicional e um apoio
incondicional, para a realização deste trabalho.
À Natureza por me dar a paz interior necessária e todo o material de estudo
que analisei e utilizei.
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Introdução:
Este trabalho escrito de pesquisa, teve como origem, o meu interesse pessoal
e a minha crença, reforçada pela visão da Medicina Tradicional Chinesa, que fui
obtendo ao longo destes últimos quatro anos, de que as plantas, além dos animais e
minerais, são uma fonte incrível e vastíssima de propriedades curativas e medicinais.
Desde o ínicio da história da humanidade, que o nosso convívio e ligação com
os seres vegetais deste planeta, foi imprescíndivel e cooperante no nosso
desenvolvimento como espécie, havendo mesmo teorias de que os primeiros seres
com sistema nervoso central se deveu ao contacto com fitoquímicos.
Há um pequeno texto que foi criado de forma simples e humorística, que nos
demonstra essa co-existência e que pensei ser adequado para o trabalho.
«A evolução da medicina “moderna”:
“Há 8.000.000 de anos: Um chimpanzé para o outro (em „chimpanzês‟): «Dói-me a
barriga... ». Resposta do outro: «Toma, Chimpas, come estas ervas amargas!»
Há 5.000.000 de anos: «Toma, hominídio, come estas ervas amargas» (em
hominidês).
Há 2.500.000 de anos: «Toma, homo, come estas ervas amargas e deixa algumas
para os Leakeys as encontrem!» (em linguagem gestual humanóide).
Em 2.500 a.C.: «Toma, homem, come estas ervas amargas!» (em árabe, copta,
iraniano, hebreu, etc.)
Em 0 d.C.: «Nasceu o salvador! A fé pode salvar. Come estas ervas amargas (se a fé
te faltar).»
Em 1.200 d.C.: «Estas ervas amargas não são cristãs. Profere uma oração quando as
ingerires!»
Em 1.850 d.C.: «As orações são uma superstição. Toma, bebe esta poção amarga!»
Em 1.900 d.C.: «Esta poção amarga è óleo de cobra. Toma, ingere este comprimido
amargo!»
Em 1.950 d.C.: O comprimido amargo não faz nada. Toma este antibiótico amargo!»
Em 2.000 d.C.: «Esse antibiótico amargo è artificial, inefeciente e tóxico; além disso,
todos os micróbios lhe resistem e alguns até se alimentam dele (até de vancomicina).
Toma, ingere estas ervas amargas. E reza para que te façam bem.»”¹.
No decorrer deste curso de formação na área da Medicina Tradicional Chinesa,
fui-me apercebendo que a civilização Oriental desde muito cedo, mais propriamente
desde o período da Pré-dinastia Qin (até 221 a 206 a.C.), se dedicou e enfatizou esta
forma de conhecimento e a utiliza regularmente e activamente no seu quotidiano, ao
passo que na cultura Ocidental este conhecimento e esta ligação se foi
desvanescendo e esquecendo. Sendo assim pensei que seria interessante relacionar
ambos os conhecimentos e visões, e de certa forma relembrar essencialmente às
pessoas que habitam o nosso país, o “tesouro” fitoterapêutico, que se tem vindo a
esquecer e desvalorizar, e que nos foi dado pela natureza de forma livre e espontânea
para que nos possamos harmonizar e recuperar a homeostasia interna.
Pensa-se que actualmente, menos de 5% dos espécimes do mundo vegetal,
foram intensamente estudados, apesar de um quarto dos medicamentos utilizados
serem constituídos por plantas, e grande parte dos restantes, sintetisados
laboratorialmente baseados em substâncias presentes em plantas, como a conhecida
1 – Por Jim Duke, in “Herbal Antibiotics”.
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Aspirina cuja constituição è em grande parte de Sabugueiro-branco. Alguns
fitoquímicos ainda não conseguiram ainda assim ser sintetisados. Visto a Medicina
Tradicional Chinesa, defender uma visão holística do ser humano e da funcionalidade
do Universo de forma geral, penso que um grave erro tem sido cometido nas últimas
décadas, que tem provocado graves danos e desiquílibrios na harmonia do
ecossistema e na nossa saúde. Esse erro não è nada mais do que a destruição das
sinergias criadas pelos seres vivos, de forma natural e devido ao seu esforço
evolutivo, em prol da criação de monofármacos de específica acção e fácil
manuseamento. Ao desmanchar esta sinergia de constituintes, estamos não só a
tentar manusear os seres vivos de forma egoísta, como também a criar fármacos que
potenciaram uma evolução catastrófica nos microorganismos, no sentido de eles se
tornarem mais fortes e resistentes, e assim mais perigosos para a nossa saúde.
Enquanto que uma planta pode conter entre 200 a mais de 2000 compostos, a maioria
dos fármacos utilizados recentemente, baseiam-se num só composto ou numa
sinergia de 2 ou 3 compostos, o que permite uma maior facilidade de adaptação e
sobrevivência dos microorganismos a estes.
Existe uma frase marcante desta linha de pensamento, que de certa forma
resume esta visão, e que penso ser de interesse partilhar: “Subestimar o potencial
evolutivo dos organismos vivos è o mais grave dos erros cometidos por aqueles que
se socorrem de meios químicos para dominarem a Natureza.”¹.
Os factores fitoquímicos presentes nas plantas, já fazem parte da nossa
história evolutiva e estão presentes na nossa memória celular, sendo portanto de certa
forma parte de nós, ao passo que os monoquímicos criados recentemente ainda não
são conhecidos seus reais efeitos e repercursões. Mesmo os cientistas que têm criado
fármacos monoquímicos e extraido apenas um dos componentes de uma planta, com
a finalidade de o aplicar específicamente, têm vindo cada vez mais a criar sinergias
químicas com a intenção de combater de forma mais eficaz, doenças mais
problemáticas como a SIDA e vários tipos de cancro. Ainda há outro factor que nos
pode levar a repensar a nossa forma de agir actualmente, como o facto de que quase
sempre que um fitofármaco foi testado em comparação com um medicamento
sintético, a planta provou ser mais segura, suave e menos propensa a efeitos
secundários.
Como disse um dia Rig-Veda: “Enquanto caiam do céu, as plantas diziam:
„Qualquer ser vivo que invadámos, este não sofrerá nenhum dano.‟.”².
Quanto à Medicina Tradicional Chinesa em específico, este tema è muito mais
abrangente e relevante, e o seu estudo e catalogação muito superior, ao da Medicina
Ocidental. A sua importância è de tal forma elevada, que è das componentes mais
antigas e estudadas da Medicina Tradicional Chinesa e uma importante parte da
história e cultura da China, que foi outro factor deveras significativo para que um maior
interesse suscita-se da minha parte por este tema e fazendo-me questionar porque o
nosso país entre outros, não dá a devida importância a este assunto. Este tema è
denominado na M.T.C., de forma geral, como Materia Medica, Ben Cao, que consiste
no conjunto de todas as ervas ou subtâncias terapêuticas destinadas à fitoterapia
tradicional, tendo como objectivo reconhecer e esclarecer a natureza e as funções
destas e a sua aplicação clínica. Actualmente se denomina “Estudo das Ervas
Medicinais Chinesas” – Ben Cao Xue. Pelo que se sabe através dos contos populares
chineses, a Materia Medica Chinesa começou à muito tempo atrás com a prática de
1 – Por Marc Lappé, in “Herbal Antibiotics”.
2 – Por Rig-Veda, in “Herbal Antibiotics”.
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“provar cem tipos de ervas pela pessoa lendária de Shen Nong”, sendo isto um marco
histórico importante e demontrador de grande dedicação e sacrifício. A obra clássica
“Huai Nan Zhi”, que significa Cronologia de Huai Nan, no capítulo denominado
“Instruções para Serviços Médicos” refere: “foi o grande homem Shen Nong quem
ensinou a população a cultivar cereais... e foi ele quem provou os sabores dos 100
tipos de ervas medicinais... e por média em cada dia ficava intoxicado setenta vezes”.
A Matéria Médica Chinesa foi durante muito tempo baseada no empirismo
(conhecimento prático), mas cada dinastia contribui de forma diferente e singular para
o desenvolvimento e enriquecimento deste conhecimento. Óbvio è, que este
conhecimento compreende e utiliza as duas teorias base da M.T.C., denominadas a
teoria do Yin Yang e a teoria dos 5 movimentos, em que através da sua aplicação em
conjunto, vai determinando quais os sabores, naturezas, ZangFu em que actua,
elementos a que pertencem, as várias substâncias terapêuticas. Estas substâncias
também podem ser divídidas por categorias consoante as síndromes onde agem e se
encontram mais adequadas.
O estudo da Materia Medica envolve os seguintes sub-ramos: - Botânica sobre
Plantas Medicinais; Identificação de Substâncias Medicinais Chinesas; Identificação de
Substâncias Medicinais tóxicas; Preparações das Substâncias Medicinais Chinesas;
Química das Substâncias Medicinais Chinesas; Fórmulas e Estratégias das
Substâncias Medicinais Chinesas; Produção Frmacêutica dos Remédios Patenteados
Tradicionais; Farmacologia das Substâncias Medicinais Chinesas, etc. Nas obras
clássicas as variedades registadas são mais de 3.000, e hoje em dia já existem mais
de 12.888.
Visto isto, podemos fácilmente compreender a disparidade de interesse e
dedicação, em relação a este tipo de conhecimento e forma de observá-lo, entre a
nossa cultura e a cultura chinesa, mas também perceber que è tanto o que nos une
como o que nos separa... A Natureza... A forma como a vemos e o modo em como
vivemos com ela.
“Cada árvore, cada rebento e erva, indo até à relva e aos musgos,
concordaram em fornecer um remédio para algumas das doenças da humanidade, e
cada uma delas disse: „Vou aparecer para ajudar o Homem sempre que ele de mim
sentir necessidade‟.”¹.
1 – Ensinamento da Nação Cherokee.
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I. Ervas Picantes e Frescas que Eliminam Síndromes Superficiais (Xin Liang
Jie Biao Yao) – São substâncias para eliminar síndromes superficiais (Jie Biao
Yao) através da dispersão de factores patogênicos superficiais (Biao Xie) e
eliminando assim síndromes da superfície corporal (Biao Sheng).
Características:
Natureza fresca e sabor picante.
Funções: Estimular a difusão para dispersar Vento-Calor; ligeiramente
antipirética devido a uma acção sudorífera moderada.
Adaptabilidade: Síndromes da superfície causados por Vanto-Calor externo,
acompanhados de síntomas como febre alta, ligeira aversão ao frio, boca
ligeiramente seca, mas com faringe seca, sem ou com sudorese, saburra da
língua fina e amarela, pulso superficial e rápido.
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Hortelã-Pimenta
Nome Latin: Mentha x piperita L.
Família Botânica: Lamiáceas (Labiadas).
Nomes Vulgares: Hortelã-apimentada; hortelã-das-damas; hortelã-de-água-de-cheiro.
Habitat e Distribuição: Planta herbácea vivaz, cultivada na Europa, Ásia e América do
Norte por via vegetativa, devido a ser um híbrido estável e infecundo, apesar disso as
suas espécies base, são nativas da Europa..
Partes Utilizadas: Folhas e óleo essencial.
Constituintes: Óleo essencial (0,5 a 4%) que segundo a F.P. VII, para as folhas
inteiras, deve ter o conteúdo mínimo de 12 mg/Kg e para as folhas secas cortadas, 9
mg/Kg. Os principais constituintes do óleo essencial são: mentol (35 a 45%) e seus
estéres dos ácidos acético e isovalérico, mentona (10 a 30%), e em menores
quantidades, isomentona, mentofurano, cineol, limoneno, mentona, mentilacetato,
camfeno, piperitona, carvona e pulegona. Flavonóides sob a forma livre (flavonas
fortemente metoxiladas) e de heterósidos de apigenina, luteolina e eriodictiol. Taninos
(6 a 12%), triterpenos (ácido ursólico e oleanólico), resinas, ácidos fenólicos (p-
cumárico, fenílico, cafeico, clorogénico, rosmarínico), constituintes amargos.
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Farmacologia e Actividade Biológica: È anti-séptica, tranquilizante suave, analgésica
(sobretudo a nível local e das mucosas do aparelho digestivo), antitússica, mucolítica,
expectorante e descongestionante das vias respiratórias pelo óleo essencial. Os
polifenóis têm acção espasmolítica e carminativa. Pelos constituintes amargos tem
acção digestiva e eupéptica.
Usos Etnomédicos e Médicos: - Folhas: Disquinesia hepatobiliar. Problemas
dispépticos (flatulência, naúseas e vómitos). Infecções respiratórias; - Óleo essencial:
gripe, tosse e bronquite. Inflamações orofaringeas. Dispepsias. Disquinesia
hepatobiliar. Externamente em mialgias.
Principais Indicações: Perturbações do fígado e vesícula biliar; flatulência; cólon
irritável; profilaxia de infecções em particular das vias respiratórias; colite; infecções;
inflamação intestinal; síndrome dos intestinos irritados; falta de apetite; inflamação da
membrana mucosa; dores musculares; dores nevrálgicas; inflamação oral; inflamação
da garganta. Tosse, bronquite, faringite e rino-sinusite (uso externo).
Usos Aprovados pela Comissão Europeia: - Folhas: perturbações digestivas que
beneficiem de acção espasmolítica sobre a musculatura lisa, efeito colerético e
carminativo; - Óleo essencial: internamente nas cólicas gastrintestinais, em situação
de cólon irritável, catarro do aparelho respiratório e inflamação da mucosa oral.
Externamente em mialgias e neuralgias.
Contra-indicações: Não prescrever óleo essencial puro durante a gravidez, na
aleitação, a crianças menores de 6 anos, a doentes com dispepsias hipersecretoras,
em doenças intestinais graves e doenças neurológicas.
Efeitos Secundários e Toxicidade: O óleo essencial deve ser administrado
internamente em cápsulas, com revestimento entérico, para não causar pirose. Em
pessoas sensíveis, pode originar nervosismo, insónias e dermatites de contacto. O
óleo essencial, por inalação, pode causar espasmos da laringe e dos brônquios,
sobretudo em crianças. Recomenda-se praticar com o óleo essencial o teste de
tolerância antes da aplicação em inalações (inalar durante 15 segundos e aguardar 30
minutos).
Observações: A hortelã-pimenta è um híbrido triplo: Mentha longifolia x M. Rotundifolia
(M. Piperita) x M. Aquatica.
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Formas de Administração e Posologia: Uso interno (Dose média diária, 6 a 9 g de
fármacos ou de preparação com conteúdo equivalente; Infusão: uma colher de
sobremesa por chávena, 2 a 3 chávenas por dia ou 1,5 a 3 g de folhas em 150 ml de
água, 3 vezes por dia. As pessoas nervosas, com tendência a insónia, devem tomar a
infusão mais díluida; Tintura (1:5): 50 gotas, 1 a 3 vezes por dia ou 2 a 3 ml, 3 vezes
por dia; Óleo essencial: 1 a 3 gotas numa chávena de infusão, sobre um torrão de
açucar ou em solução alcoólica ou oleosa, 2 ou 3 vezes por dia (dose média diária 2 a
9 gotas); Cápsulas: com 25 a 50 mg de óleo essencial, 1 a 2 vezes por dia;
Supositórios: com 0,1 a 0,4 g de óleo essencial por supositório: 2 ou 3 vezes por dia;
Inalações: secas ou húmidas (5 a 10 gotas de óleo essencial em meio litro de água
quente); Aerossol: 1 a 2 g de óleo essencial para 50 ml de diluente); Uso externo
(Liniamento: com 1 a 5% de óleo essencial; Cataplasma: Óleo essencial diluído em
álcool, esfregar nas temporas para cefaleias.).
M.T.C.
Nome Chinês: Bo He.
Sabor: Xin (Picante).
Natureza: Liang (Fresca).
ZangFu: Fei (Pulmão) e Gan (Fígado).
Elemento: Madeira e Metal.
Acções: Dispersa Vento-Calor; Clareia a cabeça e os olhos e benefícia a garganta;
Apresenta efeito antibiótico e diaforético; Equilibra a relação Metal-Madeira;
Harmoniza o elemento Madeira; Favorece o suave fluxo de Qi do Fígado e desfazer a
estagnação da depressão (Gan Yu); Benefícia os olhos e diminui a lactação; Eliminar
síndrome superficial e promover a eclosão do sarampo; Eliminar a humidade de verão
e dissipar odores.
Indicações: Sindrome de invasão de Vento-Calor externo; Irritação da garganta após o
stress; na estagnação crónica de Qi do Fígado; Cefaleia e irritação dos olhos devido a
Fogo do Fígado; Desarmonia do Fígado, Baço-Pâncreas e Intestino Grosso; Eliminar a
humidade de verão e dissipar odores:
No caso de Calor-Humidade (de verão) e dos odores acumulados no interior do
corpo causem vertigem, enjoo, dor abdominal e diarreia, combina-se Huo Xiang
(Herba Agastaches seu Pogostemi), Pei Lan (Herba Eupatorii Fortunei) e Bai Bian
Dou (vagem branca), etc;
Suavizar o Fígado e desfazer a estagnação da depressão (Gan Yu):
No caso de haver plenitude toráxica devido a estgnação de Qi do Fígado
(depressão) e entorpecimento na região dos hipocôndrios, combina-se com Dang
Gui (Radix Angelicae Sinensis), Bai Shao (Radix Paeoniae Alba), Chai Hu (Radix
Bupleuri), etc.
Eliminar síndrome superficial e promover a eclosão do sarampo:
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No caso de o sarampo estar em período de encubação ou mal desenvolvido,
combina-se com Jing Jie (Herba Schizonepetae), Niu Bang Zi, Lian Qiao (Fructus
Forsythiae), etc;
No caso de comichão cáusada por rubéola, combina-se com Chan Tui
(Periostracum Cicadae Suspensae), espiga da Jing Jie, Di Fu Zi (Fructus Kochiae),
Niu Bang Zi (Fructus Arctii), etc.
Enfraquecer e dispersar o Vento-Calor, clarear a cabeça e a visão:
No início de doença febril ou gripe, com sintomas de febre alta, pouca aversão ao
frio, cefaleia, boca ligeiramente seca, língua vermelha com saburra fina e branca
ou fina e amarela, pulso superficial e rápido), combina-se com Jing Ye, Yin Hua,
Lian Qiao (Fructus Forsythiae), etc;
No caso de cefaleia e olhos vermelhos por invasão de Vento-Calor em ascensão,
combina-se com Sang Ye (Folium Mori Albae), Ju Hua (Flos Chrysanthemi), Man
Jing Zi (Fructus Viticis);
No caso de Fogo subindo excessivamente afectando agredindo a faringe criando
inchaço doloroso, combina-se com Gui Zhi (Ramulus Cinnamomi), Sheng Gan
Cao, Niu Bang Zi (Fructus Arctii), etc.
Sintomas: Febre, cefaleia, tosse, irritação na garganta, olhos vermelhos, opressão
toráxica, dor nos flancos, instabilidade emocional e problemas ginecológicos.
Contra-indicações: Nas síndromes de Defeciência; Na defeciência de Yin com sinais
de Calor (Falso Calor), pois aumenta a Secura (caso se use utilizar ervas que
tonificam o Yin); Diminui a lactação.
Dosagem: 1,5 a 6 g ou 6 a 9 g. Adicionar 5 minutos antes de retirar do lume, e não
reaquecer o restante. Deve-se controlar devidamente a dosagem visto ser uma
substância muito leve e cozinhar pelo mesmo motivo, num período inferior a 3
minutos.
Precauções: Não utilizar no caso de Wei Qi debelitado e suor espontâneo.
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II. Ervas Diuréticas e Exsudativas que Drenam Humidade (Li Shui Shen Shi
Yao) – São substâncias que facilitam a diurese e eliminam Humidade,
tranformam a humidade acumulada ou limpam urina turva. Algumas têm a
capacidade de limpar o Calor e drenar a Humidade.
Características:
Na sua grande parte têm sabor Doce e natureza Fria, e algumas sabor Amargo
e natureza Fria.
Funções: Podem aumentar o volume urinário, facilitar a diurese e eliminar água
e Humidade, sendo indicadas para retenção de líquidos e Humidade,
síndrome de Humidade-Calor e todas as patologias envolventes destes
factores.
Adaptabilidade: As substâncias Doces e levemente Frias são denominadas de
“Drogas brandas que promovem a diurese”; as substâncias Amargas e Frias
são denominadas por sua vez por “substâncias que purgam o Calor e
promovem a diurese”; estas substâncias devem ser prescritas de forma
selectiva e acompanhadas de outras complementares, consoante a pessoa
e o síndrome em questão.
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Malva
Nome Latin: Malva sylvestris L.; M. Verticillata; Abutilon theophrasti; A. Avicennae; ou
outra das suas variedades cultivadas.
Família Botânica: Malváceas.
Nomes Vulgares: Malva-comum, malva-das-boticas, malva-maior, malva-selvagem,
malva-silvestre, malva-grande, malva-verde.
Habitat e Distribuição: Planta bienal, originária da Europa e Ásia, está naturalizada na
América e Austrália. Encontra-se com facilidade em caminhos, lixeiras, solos ricos em
azoto no Continente e Madeira.
Partes Utilizadas: Flores e folhas.
Constituintes: Mucilagem, cerca de 10% nas folhas que por hidrólise origina arabinose,
ramnose, glucose e ácido galacturónico, podendo atingir 15% nas flores,
antocianósidos (7%) (malvósido e malvina), taninos, flavonóides sulfatados, ácidos
fenólicos, proteínas, ácidos graxos, sacarose, glicose, maltose, amido e sais minerais.
Farmacologia e Actividade Biológica: Pelas mucilagens è protector das mucosas e tem
acção emoliente, mucolítica e laxante. Os antocianósidos e os flavonóides são
responsáveis pela acção anti-inflamatória.
Usos Etnomédicos e Médicos: Usada tanto na obstipação como na diarreia. Gastrites.
Úlcera péptica. Inflamações orofaríngeas. Asma, bronquite, gripe e resfriados.
Externamente em infecções cutâneas da cavidade bucal e de outras mucosas.
Principais Indicações: Como emoliente e anti-inflamatório nas perturbações
respiratórias e gastrointestinais em uso interno. Externamente na inflamação de pele e
mucosas.
Usos Aprovados pela Comissão Europeia: Irritações da mucosa orofaríngea
associadas a tosse seca e irritativa, tanto para as flores como para as folhas.
Contra-indicações: Não são conhecidas.
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Efeitos Secundários e Toxicidade: Não são conhecidos.
Observações: São mais utilizadas as flores provenientes da malva-da-mauritânia (M.
Sylvestris var. Mauritanica), pois tem por flor maior quantidade de pétalas.
Formas de Administração e Posologia: Uso interno (Dose média diária, 5 g de folhas
ou flores. Infusão: 1 a 2 colheres de sobremesa por chávena, 3 vezes ao dia; Xarope
com 5% de extracto fluído: 1 a 3 colheres por dia.); Uso externo (Cozimento a 5%).
M.T.C.
Nome Chinês: Dong Kui Zi.
Sabor: Gan (Doce).
Natureza: Han (Fria).
ZangFu: Pang Guang (Bexiga), Da Chang (Intestino Grosso) e Xiao Chang (Intestino
Delgado).
Elemento: Fogo e Água.
Acções: Elimina o Calor e drena a Humidade; Humedece os intestinos e estimula o
peristaltismo; Benefícia a lactação e as glândulas mamárias.
Indicações: Nos padrões de Calor-Humidade obstruindo a Bexiga; Na constipação
devido a Calor e defeciência de fluidos no intestino; Na lactação insufeciente e no
abcesso mamário.
Sintomas: Disúria, polaciúria, hematúria, litíase renal, lactação defeciente, mastite e
constipação.
Contra-indicações: Na diarreia por defeciência do Baço-Pâncreas; Na gravidez (usar
cuidadosamente pois è fortemente drenante); Nos padrões de Frio-Humidade
(combinar com ervas de natureza Morna).
Dosagem: 6 a 12 g.
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III. Ervas que Limpam Calor e Toxinas (Qing Re Jie Du Yao) – São substâncias
antipiréticas e antivenenosas, pois são capazes de eliminar todos os tipos de
Calor tóxico ou Fogo tóxico. São consideradas antibióticos naturais.
Características:
Natureza Fria, algumas de natureza levemente Fria e raras excepções de
natureza Neutra, de sabor Amargo e simultaneamente Doce ou Salgado.
Funções: Eliminar Calor e eliminar toxinas.
Adaptabilidade: Síndromes de Calor tóxico, como furúnculos, úlceras, nódulos,
etc, e outras patologias agudas causadas por Calor tóxico. È necessário
aplicar as substâncias de acordo com as suas propriedades e o local do
organismo onde se pretende a acção.
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Dente-de-leão
Nome Latin: Taraxacum officinale Weber
Familía Botânica: Asteráceas (Compostas).
Nomes Vulgares: Amor-dos-homens; leituga; coroa-de-monge; táraxaco; serralha;
frango.
Habitat e Distribuição: Planta herbácea vivaz do hemisfério setentrional e aclimatada
na América do Sul, em prados, pastos e terrenos baldios. Por toda a Europa e Médio
oriente. Encontra-se nos lameiros, sitíos húmidos, campos cultivados, hosrtas e jardins
do Continente e Regiões Autónomas.
Partes Utilizadas: Raízes, flores e folhas.
Constituintes: - Raízes: constituintes amargos (germacranólidos e o taraxacósido, um
derivado do ácido p-hidroxifenilacético); polifenóis (fitosteróis, flavonóides derivados da
apigenina e da luteolina); triterpenos (taraxasterol arnidol, faridol, β-amirina); inulina,
colina, pectina e mucilagem (cerca de 1,1%); sais minerais, podendo o conteúdo em
potássio atingir os 4,4%. – Folhas: flavonóides; constituintes amargos; sais minerais,
em maior quantidade que nas raizes.
Farmacologia e Actividade Biológica: Os constituintes amargos são responsáveis pela
acção estimulante do apetite; os polifenóis conferem propriedades colerética e
diuréticas, sendo esta acção reforçada pelos sais. A inulina tem uma acção laxante
suave. Os efeitos benéficos do fármaco obtêm-se com o seu emprego durante pelo
menos quatro a seis semanas. A raízes em relação às folhas também têm actividade
colerética, mas de menor grau.
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Usos Etnomédicos e Médicos: - Raizes: disquinesia hepatobiliar. Estados que
beneficiam com a diurese (afecções genitourinárias, gota, obesidade acompanhada de
retenção de liquídos). – Folhas: Perda de apetite, dispepsias hiposecretoras. A planta
tem sido utilizada no tratamento de fundo de doenças cutâneas.
Principais Indicações: Disfunção hepatobiliar; infecções urinárias; litíase renal e
vesical; pedras na bexiga; bronquite; flatulência; indigestão; pedras nos rins; falta de
apetite; pneumonia; infecções no tracto urinário.
Usos Aprovados pela Comissão Europeia: - Raízes: alterações no fluxo biliar,
estimulação da diurese, perda do apetite e dispepsia. – Folhas: perda de apetite,
dispepsia (enfartamento e flatulência).
Contra-indicações: Obstrução das vias biliares, mais no caso de uso das raízes. Em
caso de cálculos biliares, o fármaco só deverá ser usado sobre controlo médico.
Efeitos Secundários e Toxicidade: Internamente, devido ao seu conteúdo em
substâncias amargas, pode causar hiperacidez e azia em pessoas sensiveis, podendo
este efeito ser diminuído ao se associar alteia.
Precauções: Deve ter-se em conta a acção diurética da raíz, particularmente em
doentes que tomam cardiotónicos ou com hipertensão, pois pode haver
descompensações. Pode produzir dermatites ou perturbações gástricas. Não utilizar
esta planta, caso tenham sido aplicados herbicidas.
Formas de Admnistração e Posologia: Uso interno (Cozimento (raizes e folhas): 3 a 4g
por chávena, 3 chávenas por dia antes das refeições; Tintura (1:10): 50 a 100 gotas, 1
a 2 vezes por dia; Extracto seco (5:1): 0,5 a 2g por dia; Cápsulas: 515mg, 3 vezes ao
dia; Folhas secas: 14g em infusão, uma vez por dia.); Uso externo (Cataplasma: 30g
de raiz em 2 a 3 copos de água, e ferver até que se evapore cerca de metade da
água).
M.T.C.
Nome Chinês: Pu Gong Ying.
Sabor: Ku (Amarga) e Gan (Doce).
Natureza: Han (Fria).
ZangFu: Gan (Fígado) e Wei (Estômago).
Elemento: Madeira e Terra.
Acções: Elimina Calor tóxico; Reduz abcessos e dissipa nódulos; Promove a lactação;
Elimina o Calor-Humidade; Favorece a diurese.
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Indicações: No Calor do Fígado; Problemas dérmicos, preparar na forma de banho;
Nos abcessos intestinais; Na insufeciência da lactação; No Calor-Humidade do Jiao
Médio; Eleminar Calor tóxico;
No caso de úlceras e tumores, combina-se com Zi Hua Di Ding (Herba Violae),
Jin Yin Hua (Flos Lonicerae);
No caso de mastite, em fase inicial, acompanhado de inchaço e dor, pode-se
usar sozinha, ou combinada com Gua Lou (Fructus Trichosanthis), Qing Pi
(Pericarpium Citri Reticulatae Viride), etc;
No caso de apendicite aguda, combinar com Da Huang (Radix et Rhizoma
Rhei), etc;
No caso de abcesso pulmonar, combinar com Yu Xing Cao (Hou Ttuyniae
Cordatae), Lu Gen (Rhizoma Phragmitis Communis);
No caso de processo inflamatório da garganta, combinar com Ban Lan Gen,
Xuan Shen;
No caso de inchaço vermelho e dor nos olhos, combina-se com Ju Hua, Long
Dan Cao, Huang Qin (Radix Scutellariae);
Favorecer a diurese:
No caso de icterícia por calor-Humidade, combina-se com Yin Chen;
No caso de diurese com dor, combinar com Jin Qian Cao (Herba Glechomae
Longitubae) e Bai Mao Gen (Rhizoma Imperatae).
Sintomas: Olhos irritados e vermelhos, náuseas, vómitos, anorexia, diarreia pastosa,
dor e ardor no estômago, nódulos duros e dolorosos ao toque, abcessos intestinais e
disfunção urinária.
Contra-indicações: Em doses elevadas pode criar diarreia.
Dosagem: 9 a 30 g. Na aplicação externa deve ser bem avaliada, no caso em
específico.
Precauções: Dose excessiva provoca acção laxante.
21
IV. Ervas que Aquecem o Interior e Expulsam o Frio (Wen Li Yao) – Aquecem o
Jiao Médio, fortalecem a função do Baço e do estômago, expelem o frio e
aliviam a dor, podendo também aquecer, revitalizar e restaurar o Yang.
Características:
Natureza geralmente Quente e sabor Picante.
Funções. Podem actuar em invasão de Frio, estagnando o Yang Qi do Baço e
estômago, com sintomas de Frio e dor epigástrica e abdominal, vômito e
diarreia; ou em caso de Yang Qi debelitado e excessiva acumulação de Frio
interno, com grande aversão ao Frio, membros frios, palidez, diurese
exagerada com clareamento da urina, lingua pálida com saburra branca,
pulso profundo e tenso; ou colapso do Yang devido a sudorese profusa, com
sintomas de membros frios e pulso debilitado e profundo.
Adaptabilidade: Estas substâncias podem ser combinadas com outras,
consoante o estado em concreto do paciente de forma a equilibrar o
tratamento, sem que haja o aparecimento de sintomas adicionais
indesejados.
22
Funcho
Nome Latin: Foeniculum vulgare Miller subsp. Vulgare e subsp. Piperitum (Ucria) P.
Cout.; dulcis (Miller) Thellung.
Familía Botânica: Apiáceas (Umbelíferas).
Nomes Vulgares: Fiolho; funcho-púrpura; erva-doce (piperitum).
Habitat e Distribuição: Nativo da região mediterrânica, em terrenos baldios, nas
bermas dos caminhos. A variedade amarga è espontânea no Norte e Centro do
Continente. A variedade doce è cultivada em todo o mundo.
Partes Utilizadas: Frutos, algumas vezes as raízes e as folhas da variedade amarga.
Da variedade doce só os frutos.
Constituintes: - Frutos: fitosteróis (β-sitoserol, estigmasterol), cumarinas, óleo
essencial (2 a 6%), na variedade vulgare (funcho amargo) (4 a 5%) e na variedade
dulcis (funcho doce) (2,5 a 3%), com 80% de anetol, estragol (5%), α-pineno,
limoneno, mirceno, fenchona, canfeno, sabineno, β-mirceno, β-pineno, α-felandreno,
¥-terpineno, óleo gordo (9 a 13%): pilissacáridos, proteínas. Para funcho amargo,
indica que deve conter, no minímo, 40ml/Kg de óleo essencial, calculado em relação à
planta seca, e no minímo 60% de anetol e 15% de fenchona. Para o funcho doce o
teor em óleo essencial deve ser, no minímo, de 80% de anetol. Folhas: flavonóides,
vestigios de óleo essencial. Raízes: cumarinas (umbeliferona, bergapteno), sais
minerais, vestigios de óleo essencial.
23
Farmacologia e Actividade Biológica: - Frutos: relaxam os esfinctéres e diminuem os
espasmos do tracto gastrintestinal. Acção expectorante e anti-séptica. Tem actividade
estrogénica e galactogénica. Em doses elevadas consideram-se emenogogos. –
Folhas: acção cicatrizante e anti-séptica. – Raízes: acção diurética.
Usos Etnomédicos e Médicos: Os frutos têm sido utilizados como carminativos e
eupépticos, nas cólicas abdominais e disquinesia biliar; como expectorantes e anti-
espasmódicos, na brônquite e asma brônquica; ainda aplicados em situações de
amenorreia, dismenorreia e perturbações associadas ao climatério, devido aos
fitosteróis. Externamente, os frutos e as folhas têm aplicação nas inflamações das
mucosas nomeadamente oculares e da orofaringe. A raiz pela sua acção diurética, è
útil em situação de edemas, hipertensão arterial, afecções geniturinárias e certos
reumatismos.
Principais Indicações: Flatulência; tosse; gastrite; indigestão; inflamação intestinal;
inflamação da membrana mucosa; doenças respiratórias; bronquite.
Usos Aprovados pela Comissão Europeia: Sementes e óleo essencial: dispepsias
leves, cólicas gastrintestinais, flatulência. Catarro das vias respiratórias superiores.
Contra-indicações: Síndromes com hiperestrogenismo.
Efeitos Secundários e Toxicidade: Os frutos, em doses elevadas, devido à
neurotoxicidade do anetol pode originar efeito convulsivante. Pode originar muito
raramente asma alérgica e as mulheres grávidas ou em aleitamento devem evitar
consumi-lo.
Observações: Usar preferencialmente o funcho doce, pois a variedade amarga è mais
tóxica, por ter maior quantidade de fenchona no óleo essencial.
Formas de Admnistração e Posologia: Uso interno (Frutos - Dose média diária, 1 a 3g;
Infusão: 1g por chávena, infundir 10min. Uma chávena depois das refeições.; Tintura
(1:10): 50gotas, 1 a 2 vezes por dia; Extracto seco (5:1): 0,3 a 2g por dia; Pó: 1 a 4g
por dia, em cápsulas de 300 a 500mg; Óleo essencial: 1 a 3 gotas, 2 ou 3 vezes por
dia, no máximo durante 2 semanas; Raiz – Cozimento: 25g/L, ferver durante 10min., 3
chávenas ao dia; Infusão: 20 g/L, uma chávena depois das principais refeições.); Uso
externo (Cataplasma de folhas recentes.).
M.T.C.
Nome Chinês: Xiao Hui Xiang.
Sabor: Xin (Picante).
Natureza: Wen (Morna).
ZangFu: Gan (Fígado), Shen (Rim), Pi (Baço-Pâncreas) e Wei (Estômago).
24
Elemento: Madeira e Terra.
Acções: Promove o suave fluxo do Qi; Antiespasmódica, antifúngica e
hepatoregeneradora; Aquece os canais e expulsa o Frio e pára a dor:
No caso de hérnia, devido a estagnação do Fígado, por Frio, combinar com
Rou Gui (Cortex Cinnamomi Cassiae) e Wu Yao (fórmula Nuan Gan Jian);
Regula o Qi e harmoniza o Estômago:
No caso de Frio no Estômago, exprimindo-se com vômito com dor, distensão
epigástrica e anorexia, combinar com Gan Jiang (Rhizoma Zingiberis
Officinalis) e Mu Xiang.
Indicações: Na estagnação por frio do canal do Fígado; Na estagnação do Qi do
Fígado e do Estômago.
Sintomas: Dor e distensão abdominal devido ao frio, frio no estômago, indigestão,
anorexia, hepatomegalia e lingua púrpura e saburra branca.
Contra-indicações: Na defeciência de Yin, com sinais de Calor e na gravidez.
Dosagem: 1,5 a 4,5 g.
25
V. Ervas que Aliviam a Estagnação Alimentar (Xiao Shi Yao) – Substâncias que
facilitam a digestão e removem estagnação alimentar, como sintomas de
distensão e plenitude epigástrica e abdominal, eructação, regurgitação ácida,
náusea, vômitos, desordens de defecação, dispepsia e apetite reduzido devido a
defeciência de Baço e Estômago.
Características:
Natureza geralmente Morna, por vezes Neutra ou levemente morna, com sabor
Doce ou acompanhado de Picante ou Amargo.
Funções: Activam a circulação do Qi, removendo estagnações e melhorando
assim a digestão.
Adaptabilidade: Em caso de estagnação alimentar acompanhada de
constipação, estas substâncias podem ser combinadas com substâncias
purgativas; nos casos de dispepsia por defeciência de Baço e Estômago,
podem ser associadas a substâncias tónicas de Baço e Estômago; já no
caso de sintomas resultantes de Frio, podem ser combinadas com
substâncias que aquecem o interior; por fim nos casos em que existe
afecção da digestão por Humidade, deve-se acompanhar de substâncias
que eliminem a Humidade.
26
Rábano
Nome Latin: Raphanus sativus L. var. niger (Mill.) Kerner.
Família Botânica: Brassicáceas (Crucíferas).
Nomes Vulgares: Rabão; nabo-chinês.
Habitat e Distribuição: Planta anual, de origem incerta, muito cultivada em Portugal e
em outras regiões de clima temperado.
Partes Utilizadas: Raízes.
Constituintes: Heterósidos sulfurados (glucosinolatos), um dos glucosinolatos
denominado “glucobrassicina” è hidrolisado pela mirosinase em isotiocianato de 3-
metil-indol, outros heterósidos libertam isotiacianato de alilom que vai fazer parte do
óleo essencial; óleo essencial com compostos sulfurados; glúcidos; aminoácidos;
antocianósidos; vitaminas; ácido erúcico; ácido óleico; ácido linoleico; glicerol sinapato;
rafanina.
Farmacologia e Actividade Biológica: Actividade colorética, colagoga e hepática.
Aumenta o peristaltismo intestinal. Os produtos voláteis de enxofre são
antimicrobianos e rubefacientes. Acção antiviral.
Usos Etnomédicos e Médicos: Disquinesia hepatobiliar. Perda de apetite. Obstipação,
meteorismo e flatulência. Afecções brônquicas com tosse irritativa. Externamente em
neuralgias e dores musculares.
Principais Indicações: Como colerético, colagogo e hepatoprotector; na prevenção de
litíase e suas complicações.
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Usos Aprovados pela Comissão Europeia: Problemas dispépticos, especialmente
relacionados com disquinesia biliar. Afecções brônquicas.
Contra-indicações: Gastrites, úlceras gastroduodenais e hipotiroidismo.
Precauções: A administração de grandes quantidades de suco de raiz recente irrita o
tracto gastrointestinal devido aos compostos sulfurados. Pelo efeito colagogo, pode
originar c+olicas em doentes com cáclculos na vesícula biliar.
Observações: Também é usado o rabanete (R. Sativus L. var. radicula Pers.) com as
mesmas finalidades.
Formas de Administração e Posologia: Uso interno (Suco recente: 50 a 100 ml
adoçado com mel; meia colher de sopa várias vezes por dia, durante 3 dias;
Nebulização (1:35): 50 mg por gélula, 3 a 6 gélulas por dia; Tintura a 10%: 40 gotas, 3
vezes por dia; Extracto fluído (1:1): 2 a 6 g por dia, antes das refeições; Xarope com
5% de extracto fluido: 3 a 6 colheres de sopa por dia.).
M.T.C.
Nome Chinês: Lai Fu Zi.
Sabor: Xin (Picante) e Gan (Doce).
Natureza: Ping (Neutra).
ZangFu: Fei (Pulmão), Pi (Baço-Pâncreas) e Wei (Estômago).
Elemento: Terra e Metal.
Acções. Reduz a estagnação e transforma a acumulação; Faz descender o Qi do
Pulmão, reduz Fleuma e alivia dispeneia; Antimicrobiana e antifúngica.
Indicações: Na congestão do Qi do Pulmão; Na congestão do Qi do Fígado; Nos
padrões de estagnação alimentar:
No caso de plenitude e distensão gástrica e abdominal, regurgitação ácida, dor
abdominal, diarreia e tenesmo, combinar com Shan Zha (Fructus Crataegi),
Shen Qu (Massa fermentata), Chen Pi (Pericarpium citri reticulatae), (fórmula
Bao He Wan);
Faz descender o Qi do Pulmão, reduz Fleuma:
No caso de manifestação de tosse com catarro profuso ou asma, combinar
com Bai Jie Zi e Su Zi (Fructus Perillae), (fórmula San Zi Yang Qing Tang).
Sintomas: Regurgitação ácida, distensão abdominal, tosse, dispneia, saburra espessa
na língua, diarreia com restos de alimentos mal digerisos e plenitude toráxica.
Contra-indicações: Na defeciência de Qi, usar com precaução.
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Dosagem: 6 a 12 g, em decocção; usada crua, para a estagnação alimentar; tostada,
para fazer descender o Qi do Pulmão.
Observações: Esta erva também fortalece a circulação do Qi e è indicado para
distensão e plenitude devido a estagnação do Qi, essencialmente quando devido a
retenção de alimentos. È útil na supressão de inversão do Qi do Pulmão e a eliminar
Fleuma turva, como também quando o Qi do Pulmão se encontra obstruido por
Fleuma e não consegue assim descender, provocando tosse dispneica e
expectoração.
29
Cevada
Nome Latin: Hordeum vulgare L.
Família Botânica: Poáceas (Gramíneas).
Nomes Vulgares: Cevada.
Habitat e Distribuição: È cultivada em regiões temperadas de todo o Mundo.
Partes Utilizadas: Sementes, depois de descascadas; Malte, após germinação das
sementes; Óleo dos embriões das sementes.
Constituintes: Sementes: proteínas, glúcidos (mono, oligo e polissacáridos,
principalmente, amido com cerca de 50%), óleo gordo (2%), vitaminas do complexo B,
vestigíos de alcalóides (hordenina e gramina), sais minerais e aminoácidos.; Malte:
enzimas (amilase, invertase, pepticlase e lipase), aminoácidos, dextrina, fosfolipideos,
maltose, glucose, vitamina B, proteínas, glúcidos, óleo gordo, vitaminas e sais
minerais.; Óleo dos embriões: ácidos gordos insaturados e saturados, fitosteróis e
tocoferóis.
Farmacologia e Actividade Biológica: A cevada è altamente nutritiva. Tem acção
emoliente. O malte pela riqueza enzimática, facilita a digestão. O óleo è
hipolipemiante.
Usos Etnomédicos e Médicos: Internamente a farinha das sementes è usada em
diarreias e nas colites em geral, externamente em cataplasma para reduzir a
inflamação em feridas, edemas e mialgias. O malte, em problemas digestivos. O óleo,
nas hiperlipidemias.
30
Principais Indicações: Na convalescença, como reforço alimentar (malte), nas
diarreias, e doenças inflamatórias do estômago e intestinos.
Contra-indicações: Não são conhecidas.
Efeitos Secundários e Toxicidade: Não são conhecidas.
Observações: Também são usadas as sementes da cevada-dística (H. Distichon L.)
com as mesmas finalidades.
Formas de Administração e Posologia: Uso interno (Cozimento: 20 a 50 g de
sementes num litro de água. Tomar durante o dia; Malte: 5 a 20 g por dia em cápsulas
ou pó.); Uso externo: Cataplasma: farinha de sementes diluída em água quente, ferver
e aplicar.).
M.T.C
Nome Chinês: Mai Ya.
Sabor: Gan (Doce).
Natureza: Ping (Neutra).
ZangFu: Gan (Fígado), Pi (Baço) e Wei (Estômago).
Elemento: Terra e Madeira.
Acções: Reduz a estagnação e fortalece o estõmago; Inibe a lactação; Promove o
suave fluxo de Qi do Fígado; Harmoniza as outras ervas da prescrição.
Indicações: Na estagnação alimentar; Na defeciência de Qi do Baço-Pâncreas.
Sintomas: Digestão lenta, mastite por estagnação de leite nas mamas, galactorreia,
gosto amargo na boca, eructação e suspiros.
Contra-indicações: Durante a amamentação (pois inibe a lactação); Não usar por
tempo prolongado (pode lesar os rins).
Dosagem: 6 a 15 g, directamente, em pó; 12 a 30 g, em decocção, acima de 60 g,
para inibir a lactação; usado cru, para estagnação alimentar; tostado, è indicado para
tratar a mastite e promover o fluxo do Qi do fígado e fortalece o Baço-Pâncreas e inibe
a lactação; em pó, favorece a digestão de grãos.
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VI. Substâncias Tônicas (Bu Xu Yao) – Substâncias que tonificam o Qi, nutrem o
sangue (Xue), nutrem o Yin e tonificam o Yang, como fortalecem a resistência
corporal e tratam síndromes de defeciência, sendo conhecidas por substâncias
tônicas.Deve-se tomar precauções na aplicação destas substâncias visto poder
causar, no caso de excessivo factor patogénico, o agravamento do Qi perverso e
agravar a doença.
1) Ervas que Regulam o Qi (Bu Qi Yao) – São substâncias tónicas de Qi,
utilizadas para tratar síndromes de defeciência de Qi, normalmente aplicadas
em defeciência do Qi do Baço e Pulmão, como também na defeciência de Qi
do Fígado.
Características:
Natureza geralmente Morna, podendo ser também Neutra
ocasionalmente, com sabor essencialmente Doce, mas também Amargo,
por vezes.
Funções: Fortalecer a actividade do Qi essencialmente do Baço e
Pulmão; tratar síndromes de defeciência de Qi.
Adaptabilidade: Quando a defeciência de Qi for acompanhada por
defeciência de Yin ou Yang, podem ser acompanhadas de substâncias
tônicas de Yin ou Yang. Visto o Qi ser o “mestre do sangue (Xue)”
apoiando a sua geração e circulação, estas substâncias podem também
ser aplicadas em fases agudas de severas hemorragias para prevenir o
colapso e parar o sangramento.
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Limoeiro
Nome Latin: Citrus Limon (L.) Burman fil.
Familia Botânica: Rutáceas
Nomes Vulgares: Limoeiro-azedo-de-valência; limão-verdadeiro; limoeiro-bravo.
Habitat e Distribuição: Árvore muito cultivada em regiões temperadas.
Partes Utilizadas: Pericarpo e suco.
Constituintes: Pericarpo: óleo essencial (dipenteno (70%), α-pineno, β-pineno, citral,
citronelal, terpineol, canfeno, felandreno); cumarinas (limetina, bergamotina);
citroflavonóides (neo-hesperidósidos, rutinósidos); carotenóides; mucilagen; oxalato de
cálcio; pectinas; citropteno; diostamina; hesperidina. O óleo essencial deve conter não
menos de 2,2% p/p e no máximo, 4,5% p/p de compostos carbonílicos, calculados em
citral. Suco: pectinas, ácidos orgânicos (ascórbico, citríco, málico), flavonóides e
açúcares.
Farmacologia e Actividade Biológica: - Pericarpo: Pelo óleo essencial è anti-séptico,
eupéptico, diurético pela presença de flavonóides (citroflavonóides) que, além disso,
têm actividade venotónica. As pectinas têm um efeito antidiarreico e protector da
mucosa gastrointestinal.
Usos Etnomédicos e Médicos: - Pericarpo: varizes, flebites e como vermífugo. - Suco:
em gripe, convalescença, falta de apetite e prevenção do escorbuto. – Topicamente:
em aftas, estomatites e outras inflamações orofaríngeas.
Principais Indicações: Como fonte de vitamina C e flavonóides, para aumentar a
resistência às infecções. Na fragilidade vascular.
Contra-indicações: Não são conhecidas.
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Efeitos Secundários e Toxicidade. È relativamente frequente o aparecimento de
dermatites de contacto em padeiros e pasteleiros, produzido pelo de óleo essencial
como aromatizante.
Formas de Administração e Posologia: Uso interno (Infusão: pericarpo de meio limão
por chávena, 3 chávenas por dia, antes das refeições; Óleo essencial: 2 a 3 gotas, 2
vezes por dia em infusões, sobre um torrão de açúcar ou em solução alcoólica; ou
cápsulas de óleo essencial a 25 e a 50 mg, 1 a 4 vezes ao dia; Tintura (1/10): 50 a 100
gotas,2 a 3 vezes por dia; Suco de 1 limão: muito usado por naturistas em tratamentos
descontínuos; Cozimento: casca de 3 limões para 1 copo de água, em jejum, usado
como vermífugo; Limonada: suco de 1 limão, uma colher de café de bicabornato de
sódio e uma pitada de sal, num copo de água açucarada, como bebida antipirética ou
em caso de gastroentrites.); Uso externo (suco puro ou diluído a 10%)
M.T.C.
Nome Chinês: Fo Shou.
Sabor: Xin (Picante) e Ku (Amargo).
Natureza: Wei Wen (Levemente Morna).
ZangFu: Gan (Fígado), Fei (Pulmão), Wei (Estômago) e Pi (Baço).
Elemento: Madeira e Terra.
Acções: Regula o fluxo de Qi do Fígado; Harmoniza o Estômago e fortalece o Baço-
Pâncreas; Drena a Humidade e transforma a Fleuma; Anti-inflamatório, sudorífico e
antigripal.
Indicações: Nos padrões de estagnação de Qi do Fígado; Na desarmonia entre Fígado
e Estômago; Na estagnação de Qi do tórax (Jiao Superior); Na defeciência de Qi do
Estômago; Na gota (reduz o edema e a inflamação).
Sintomas: Digestão lenta, frio no estômago, plenitude abdominal, tosse, dispeneia,
anorexia, regurgitação, suspiros, dificuldade de respirar profundamente e dor
irradiando para as costas.
Contra-indicações: Na defeciência de Qi com sinais de Calor.
Dosagem: 3 a 9 g, em decocção; a flor è indicada na obstrução do Pulmão por
Fleuma, na dose de 3 a 12 g, em decocção.
34
2) Ervas que Tonificam o Yang (Bu Yang Yao) – Substâncias que tonificam o
Yang e são utilizadas em síndromes de defeciência de Yang, principalmente
na defeciência de Yang do Rim.
Características:
De natureza Morna e Quente e de sabor Doce e Picante, geralmente.
Funções: São particularmente importantes na tonificação de Yang do
Rim; defeciência de Rim e Baço, provocando diarreia; dispeneia por
defeciência, devido a fraca recepção de Qi pelo Rim.
Adaptabilidade: O síndrome de defeciência de Yang, manifesta-se por
aversão ao Frio, extremidades frias, fraqueza, dor fria na região lombar e
joelhos, impotência, esterelidade, saburra da língua branca, pulso
profundo, respiração ofegante e diarreia. No caso de defeciência de Yin e
Yang simultâneamente, substâncias nutritivas do Yin podem ser aplicadas
simultaneamente. Ter cuidado para não lesar o yin e acender o fogo,
sendo portanto contraindicadas isoladamente, no caso de defeciência de
Yin e Calor excessivo (Fogo).
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Nogueira
Nome Latin: Juglans regia L.
Familía Botânica: Juglandáceas.
Nomes Vulgares: Nogueira-comum; nogueira-da-índia, nogueira-do-ceilão.
Habitat e Distribuição: Árvore do Nordeste da europa e Ásia, crescendo dos Balcãs até
ao Norte da China. Muito cultivada em Portugal.
Partes Utilizadas: Folhas, óleo dos cotilédones. Raramente o pericarpo dos frutos.
Constituintes: Folhas: naftoquinonas (juglona, glicósido de hidrojuglona); taninos
(cerca de 10%), tipo gálhico e elágico; inositol; derivados flavónicos (hiperósido,
heterósidos do campferol e da quercitina); ácidos fenólicos e seus estéres (cafeico,
gállhico, neoclorogénico); vestigios de óleo essencial. Óleo dos cotilédones: glicéridos
dos ácidos oleico, linoleico, linolénico e outros, e com insaponificável rico em
fitosteróis e tocoferóis. Pericarpo: ácidos fenólicos; taninos; naftoquinonas
(hidrojuglona); vitamina B2.
Farmacologia e Actividade Biológica: Os taninos são responsáveis pelas propriedades
anti-sépticas, assim como as naftoquinonas que também actuam como eupépticas,
anti-helmínticas, fungicidas e queratolíticas. A juglona è ligeiramente hipoglicemiante.
Os flavonóides têm uma acção diurética e venotónica. O óleo essencial è emoliente.
Usos Etnomédicos e Médicos: Folhas: diarreias, dispepsias hipossecretoras e na
transpiração excessiva. Em afecções cutâneas (chagas, feridas e úlceras), infecções
orofaríngeas e leucorreias (uso externo). Na psoríase, pela acção queratolítica da
juglona, bem como pela acção anti-séptica, reforçada pelos taninos. Óleo dos
cotilédones: como emoliente e em queimaduras.
Principais Indicações: Externamente, inflamações cutâneas; psoríase; doenças
fúngicas; diaforese excessiva dos pés e mãos. Internamente, como anti-helmíntico.
Usos aprovados pela Comissão Europeia: Inflamações cutâneas e transpiração
excessiva.
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Contra-indicações: As preparações de nogueira são incompativeis com sais de ferro,
devido aos taninos. Também pelos taninos pode haver irritação da mucosa gástrica.
Não usar quando existem gastrites e úlceras gastroduodenais.
Efeitos Secundários e Toxicidade: Não são conhecidos.
Precauções: Quando prescrito a diabéticos, ter em conta o controlo da glicémia e o
possivel ajuste da dose de insulina ou de antidiabéticos orais.
Formas de Administração e Posologia: Uso interno (Infusão (folhas): 5 g por chávena,
3 ou mais chávenas por dia, em jejum ou entre refeições; Tintura de folhas (1:10): 50 a
100 gotas por dia, 1 a 2 vezes por dia.); Uso externo (Cozimento (folhas e pericarpo):
30 a 50 g/L.).
M.T.C.
Nome Chinês: Hu Tao Ren.
Sabor: Gan (Doce).
Natureza: Wen (Morna).
ZangFu: Shen (Rim), Da Chang (Intestino Grosso) e Fei (Pulmão).
Elemento: Água e Metal.
Acções: Tonifica o Yang do Rim; Aquece o Pulmão; Humedece os intestinos; Favorece
a recepção do Qi do Pulmão, pelo Rim; Faz desecender o Qi turvo.
Indicações: Na defeciência de Yang do Rim; Na dificuldade do Rim, em receber o Qi
do Pulmão; Nos padrões de Calor nos intestinos, com injúria dos fluidos orgânicos.
Sintomas: Lombalgia, frio nas extremidades, espermatorreia, incontinência urinária,
fraqueza nos joelhos, letargia, dispneia, constipação nos idosos e pulso fino.
Contra-indicações: Nos padrões de Fleuma-Calor; Na defeciência de Yin com sinais
de Calor; na diarreia com defeciência do Baço-Pâncreas (pois este faz descender o Qi
turvo, agravando a diarreia).
Dosagem: 9 a 39 g, em decocção.
37
Feno-grego
Nome Latin: Trigonella foenum-graecum L.
Família Botânica: Fabáceas (Leguminosas).
Nomes Vulgares: Alfarva, alforva, alforvas, caroba, fenacho, garoba, alforfas, alforgas,
hervinha.
Habitat e Distribuição: Planta herbácea anual nativa do Norte de África e da zona
oriental mediterrânica, também cresce em terrenos incultos do Sul da Europa.
Encontra-se facilmente em searas e terrenos incultos de Portugal. È muito cultivada
como planta forraginosa.
Partes Utilizadas: Sementes maduras.
Constituintes: Glúcidos (50%), especialmente mucilagens (25 a 45%) de
galactomananas; um constituinte amargo; no albúmen, prótidos (25%); compostos de
fósforo orgânicos (lecitina, fitina); colina; gentianina; carpaína; trigonelina; disogenina;
yarnogenina; gitogenina; tigogenina; orientina; quercetina; luteolina; vitamina B1;
saponósidos esteroídicos (6%): fitosteróis (sitosterol); (heterósidos furostanólicos);
flavonóides (vitexina, orientina, saponaretina); ésteres de ácidos gordos (8%);
vestigíos de cumarinas; sais de ferro e de manganésio; vestigíos de um alcalóide
(trigonelina), a betaína do ácido N-metil-nicotínico; vestigíos de óleo essencial
(0,015%) com uma furanona a que se atribui o odor desagradável.
Farmacologia e Actividade Biológica: Laxante pelas mucilagens. Tónico amargo com
efeito aperitivo e digestivo. Antianémico, hipoglicimiante suave, hipolipemiante,
galactogénico. Anti-inflamatório e levemente anti-séptico.
Usos Etnomédicos e Médicos: Anorexia, perda de peso. Perturbações metabólicas
como diabetes e hipelipidémias. Como digestivo e suavizante nas gastrites. Emoliente
na tosse e bronquite. Em uso tópico nas inflamações da pele, acne, eczema,
abcessos, furúnculos e nas faringites.
Principais Indicações: Como hipolipemiante; na diabetes mellitus; dermatite;
indigestão; inflamação; falta de apetite. Devido à acção emoliente, na tosse produtiva.
38
Usos Aprovados pela Comissão Europeia: Perda de apetite. Externamente,
inflamações da pele.
Contra-indicações: Gravidez, por terem sido descritos efeitos oxitócicos in vivo. Não
usar durante a aleitação, por causa dos constituintes amargos.
Efeitos Secundários e Toxicicdade: Possíveis efeitos oxitócicos ou dermatite de
contacto por uso abusivo.
Precauções: Ao reduzir a absorção intestinal de glúcidos, será necessário controlar a
glicémia para ajustar as doses de insulina nos doentes com diabetes insulino-
dependentes.
Formas de Administração e Posologia: Uso interno (Dose média diária 6 g. Cozimento:
ferver uma colher de sopa de sementes em 400 ml de água. Beber pela manhã em
jejum. Tomar de forma descontínua (semanas alternadas); Pó: 1 colher de café ou 1
cápsula de 500 mg, antes de cada refeição; Extracto fluído (1:1): 1 colher de café, em
jejum, ou 30 a 60 gotas, 2 vezes por dia; Extracto seco (5:1): 150 a 300 mg por dia.);
Uso externo (Cozimento: 50g/ 250ml; Emplastro: pó misturado em óleo vegetal).
M.T.C.
Nome Chinês: Hu Lu Ba.
Sabor: Ku (Amargo).
Natureza: Wen (Morna).
ZangFu: Shen (Rim) e Gan (Fígado).
Elemento: Água.
Acções: Aquece e tonifica o Yang do Rim; Dispersa o Frio-Humidade e alivia a dor;
Promove a circulação do Qi; Promove a lactação.
Indicações: Na defeciência de yang do Rim; Nos padrões de Frio-Humidade; Na
estagnação do Qi; Na lactação defeciente.
Sintomas: Dor e distensão abdominal, toráxica e pélvica, desordens herniais, fraqueza
lombar, edema de membros inferiores, hérnia inguinal, dor e frio nos intestinos,
lactação defeciente, dismenorreia e espermatorreia.
Contra-indicações: Nos padrões de Calor-Humidade; Na defeciência de yin, com sinais
de Calor; Na gravidez.
Dosagem: 3 a 9 , em decocção.
39
VII. Ervas Adstringentes (Shou Se Yao) – São substâncias ácidas, que cessam a
sudorese, retêm diarreia, controlam a essência, seguram a urina e param
leucorreia, sangramento e tosse. São utilizadas nos casos de fraqueza por
doenças crónicas ou factor antipatogênico fraco com sintomas essencialmente
de suor espontâneo, suor nocturno, diarreia crônica, disentria crônica,
ejaculação precoce, polução nocturna, enurese, urinação exagerada, tosse
crônica e asma, ou sangramento uterino, leucorreia e prolapso uterino ou retal.
Características:
Natureza geralmente Neutra, podendo por vezes ser Fresca ou Morna, e
geralmente sabor Ácido, acompanhado por vezes de Doce.
Funções: Aliviam sintomatologias; enfraquecem factor antipatogênico.
Adaptabilidade: No caso de tratar a rama (sintomas) e a raiz (causa)
simultaneamente, aplicar substâncias tonificantes juntamente. Este tipo de
substâncias não deve ser aplicada enquanto os factores patogênicos se
encontrarem superficiais, ou quando houver acumulação de Humidade ou
Calor interno.
40
Romãzeira
Nome Latin: Punica granatum L.
Família Botânica: Punicáceas.
Nomes Vulgares: Romeira.
Habitat e Distribuição: Árvore nativa do Sudoeste da Ásia, aclimatada na Europa e
América do Sul onde se cultiva. Muito cultivada em Portugal.
Partes Utilizadas: Casca da raiz e do fruto, algumas vezes do tronco.
Constituintes: Casca da raiz e do tronco: taninos (25 a 28%), principalmente
galhotaninos em parte combinada com alcalóides; alcalóides (0,4 a 0,9%) derivados
da piperidina (peletierinas) e de estrutura bicíclica (pseudopeletierina);
proantocianinas; sais minerais. Casca dos frutos: menor em teor de taninos, presença
de alcalóides, antocianinas, peletierino, isoquercitina, inulina, manitol, ácido málico e
oxalato de cálcio.
Farmacologia e Actividade Biológica: Casca da raiz e do tronco: acção na helmintíase
(ténia) e na amibíase intestinal; Casca dos frutos: na diarreia e ulcerações das
mucosas, pela acção adstringente e hemostática dos taninos.
Usos Etnomédicos e Médicos: Casca da raiz e do tronco: como anti-helmíntico.
Diarreias.; Casca dos frutos: nas diarreias.; Uso tópico: ulcerações orofaríngeas e
inflamações cutâneo-mucosas.
Principais Indicações: Diarreia e disentria; parasitas intestinais. Externamente, nas
hemorróidas e inflamações da orofaringe.
Contra-indicações: Gravidez, aleitação, crianças com idade inferior a 6 anos. Gastrites,
úlcera gastroduodenal, pois os taninos podem irritar a mucosa gástrica. Este efeito
secundário pode ser atenuado ao se associar a fármacos com mucilagens, como a
alteia.
41
Efeitos Secundários e Toxicidade: Os cozimentos provocam, por vezes, cólicas,
vómitos, diarreia, devido ao elevado conteúdo de taninos e alcalóides. Acima de 80 g,
já produz efeitos tóxicos.
Precauções: O uso como tenífugo, só sob controlo médico.
Formas de Administração e Posologia: Uso interno (Cozimento para eliminar
platelmintes e ténia (casca da raiz ou do tronco): 25 partes de pó e 150 partes de
água. Ferver por 30 minutos. Tomar o líquido em jejum, 60 ml por 4 vezes com
intervalos de 2 horas, tomando um laxante antes e depois do tratamento; Cozimento
(casca dos frutos): 30 g/L, 3 ou 4 chávenas por dia.). Uso externo (Cozimento (casca
dos frutos): 60 g/L.). Em inflamações orofaríngeas è útil chupar a casca do fruto no
início da inflamação.
M.T.C.
Nome Chinês: Shi Liu Pi.
Sabor: Xian (Salgado); adstringente.
Natureza: Wen (Morna); tóxica.
ZangFu: Shen (Rim), Da Chang (Intestino Grosso) e Wei (Estômago).
Elemento: Água e Terra.
Acções: Consolida o Qi e a Essência; Consolida o Qi do Rim; Expele parasitas; Nutre
o Yin e a Essência.
Indicações: Na defeciência de Qi e da Essência; Na defeciência de Yin do Rim; Na
defeciência de Qi do Baço-Pâncreas; Na parasitose intestinal.
Sintomas: Diarreia crónica, disentria, prolapso do recto, espermatorreia, ejaculação
precoce, leucorreia e parasitose intestinal.
Contra-indicações: Nos padrões de Excesso; Nos estágios iniciais da diarreia.
Dosagem: 3 a 9 g, em decocção.
Nota: Não deve ser usada misturada com óleos para expelir parasitas, para evitar a
absorção da toxina presente. Isto se aplica principalmente ao Córtex Punicae granati
(Shi Liu Gen Pi); Doses altas podem causar cefaleias, mídriase, vômito, diarreia e
morte; A Shi Liu Pi, tem acção semelhante a Shi Liu Gen Pi (Cortex Punica granatum).
42
Trigo
Nome Latin: Triticum sativum L. sin. Triticum aestivum L.
Família Botânica: Poáceas (Gramíneas).
Nomes Vulgares: Trigo-duro.
Habitat e Distribuição: Herbácea anual, muito cultivada nas regiões temperadas e em
Portugal, no Centro e Sul.
Partes Utilizadas: Fruto (farinha, farelo (fragmentos do epicarpo) e óleo dos embriões).
Constituintes: Farinha: amido, substâncias proteicas (glúten), glucolípidos, fosfolípidos
e sais minerais.; Farelo: substâncias celulósicas e hemicelulósicas, amido, arginina,
sitosterol, vitamina do complexo B, inositofosfato de cálcio e mágnésio.; Óleo de
embriões: glicéridos, esteróis (2,5 a 3%), vitamina E (tocoferóis), fosfolípidos (9 a
10%).
Farmacologia e Actividade Biológica: Farinha: acção nutritiva e externamente
emoliente; Farelo: acção laxativa e hipoglicemiante, hipocolesteremiante. Aumenta a
eliminação fecal do cálcio; Óleo dos embriões: acção vitamínica e hipolipedemiante.
Usos Etnomédicos e Médicos: Farinha: analéptica e obstipante (não cozida).
Externamente como emoliente.; Farelo: na obstipação e diverticulose intestinal. Em
curas de emagrecimento. Na litíase cálcica; hiperlipidemias; diabetes.; Óleo dos
embriões: arteriosclerose e hiperlipedemias.
Principais Indicações: Arteriosclerose, hipercolesterolémia, particularmente para o óleo
dos embriões.
Contra-indicações: Intolerância ao gl+uten (parte proteica da farinha).
Efeitos Secundários e Toxicidade: Não são conhecidos.
Precauções: Em doentes diabéticos, ajustar a dose de insulina ou de antidiabéticos
orais durante o uso da farinha.
43
Observações: O óleo de embriões deve ser obtido a frio e não ser refinado.
Formas de Administração e Posologia: Uso interno (Farelo: 4 a 5 g, 2 vezes por dia,
acompanhado de abundantes liquídos.; Óleo de embriõoes: 1 a 3 colheres de
sobremesa por dia, ou cápsulas de 250 mg, 4 vezes por dia.); Uso externo (Farinha:
em emplastros aplicados em quente.).
M.T.C.
Nome Chinês: Fu Xiao Mai.
Sabor: Gan (Doce) e Xian (Salgado).
Natureza: Liang (Fresca).
ZangFu: Xin (Coração).
Elemento: Fogo.
Acções: Consolida a Essência e cessa a sudorese; Nutre e tonifica o Yin; Nutre o
Coração e acalma a mente; Sedativa e anticonvulsiva; Tonificar o Qi e limpar o Calor,
parar a sudorese.
Indicações: Na defeciência da essência do Rim; Na defeciência de Yin e Wei Qi;
Harmoniza o Zong Qi e acalma a mente; Tonificar o Qi e limpar o Calor, parar a
sudorese:
No caso de debilidade corporal, manifestando-se por suor espontâneo ou suor
nocturno, combinar com Mu Li (Concha Ostreae), Huang Qi (Radix Astragali) e Ma
Huang (Herba Ephedrae), (fórmula Mu Li San).
Sintomas: Sudorese espontânea, sudorese nocturna, palpitações, insónia, irritabilidade
e instabilidade emocional.
Contra-indicações: Nos padrões de Frio-Humidade.
Dosagem: 9 a 15 g; tostar para cessar a sudorese e direccionar para o Pulmão;
cozinhar com sal para reter os fluidos e a Essência; usar crua para acalmar a mente.
44
VIII. Ervas que Expelem Parasitas (Xie Xia Yao) – São todas as substâncias que
podem provocar diarreia ou humedecer o intestino grosso com a finalidade de
estimular a evacuação e assim eliminar parasitas ou substâncias tóxicas. Estas
substâncias podem ser catárticas, ou seja, têm acção purgativa forte e
geralmente são de natureza Fria; podem ser lubrificantes e laxativas,
constituídas por ricas substâncias oleosas e lubrificantes, sendo laxativos
moderados; ou drásticas, geralmente ervas tóxicas e energeticamente irritativas
do canal digestivo, agindo através da provocação de uma diarreia muito
energética.
Características:
Natureza geralmente Fria ou Neutra, apesar de que no caso da substâncias
drásticas poderem ser de natureza Quente e tóxicas; e de sabor geralmente
Amargo, ou por vezes Picante ou Doce.
Funções: Provocar diarreia e estimular evacuação dos nocivos acumulados
no estômago e intestinos; purgar e eliminar Fogo, através da drenagem;
produzir diurese e reduzir edema, através da expulsão de água estagnada
no sistema digestivo ou de Humidade excessiva.
Adaptabilidade: Pode-se no entanto consoante a aplicação em específico,
aplicar outras substâncias combinadas, com o intuito de dispersar a
superficie simultaneamente, tonificar a insufeciência com o objectivo de
apoiar a energia vital ou em pacientes debelitados por doenças crónicas
pela mesma razão. Não utilizar em gestantes pré-parto.
45
Alho
Nome Latin: Allium sativum L.
Nomes Vulgares: Alho-comum; alho-hortense; alho-ordinário; alho-vulgar.
Habitat e Distribuição: Planta bolbosa perene, nativa na Europa e possivelmente
originária da Àsia Central e Ocidental, è cultivada em todo o mundo.
Partes Utilizadas: Bolbos e folhas.
Constituintes: Contém aliinas (sulfóxidos de alquilcisteina), que após hidrólise, pela
aliinase, origina vários produtos voláteis odoriferos (alicina, que predomina, e
sulfuretos sóluveis em água). Fructosanas (cerca de 75%), açucares redutores (15%),
compostos tiociânicos (tiocianato de alilo), sais minerais, saponina e vestigios de
vitaminas (A, complexo B e C). Citral, geraniol, linalool, felandreno e s-metil-1-cisteína-
sulfóxido. O alho em pó, produto liofilizado ou seco a temperatura inferior a 65ºC que
deve conter, no minímo, 0,45% de alicina, calculada em relação ao fármaco seco.
Farmacologia e Actividade Biológica: Os compostos sulfurados, principalmente os
sóluveis na água são responsáveis pela diminuição da agregação plaquetária e
aumento da actividade fibrinolítica. Efeitos hipoglicimiantes. Reduz o nível de
colesterol. Propriedades anti-sépticas, fungicidas e antivirais. Acção diurética,
principalmente derivado das fructosanas.
Usos Etnomédicos e Médicos: Antibacteriano e antimicótico. Arteriosclerose,
hiperlipidemias, prevenção de tromboembolias. Afecções urinárias, pela acção
diurética e antibacteriana. Gripe, sinusite, bronquite e outras afecções respiratórias.
Micoses.
46
Principais Indicações: Terapia de suporte na hipertensão arterial. e
hipercolesterolemia; como preventivo de alterações vasculares ligadas ao processo de
envelhecimento; anti-infeccioso em situações gripais acompanhadas de tosse,
bronquite e faringite; pé de atleta; endurecimento das artérias; doenças cardíacas;
triglicéridos elevados; claudicação intermitente; doença de Raynaud.
Usos Aprovados pela Comissão Europeia: Arteriosclerose, hipertensão e reduzir niveís
de colesterol.
Contra-indicações: Hemorragias activas, pré e pós-operatórias, trombocitopenia,
tratamento com anticoagulantes.
Efeitos Secundários e Toxicidade: O consumo exagerado pode produzir irritações
gastrintestinais, naúseas, diarreia, azia, flatulência, tonturas, arrotos, cefaleia, suores
profusos e reacções alérgicas. Por via externa pode produzir dermatites de contacto.
Formas de Admnistração e Posologia: Uso interno (Cru: 2 a 5 dentes por dia; Pó: 1 a
3g por dia em cápsulas de 300 a 500mg; Tintura (1:5): 20 gotas, 2 a 3 vezes ao dia;
Extracto seco (5:1): 100 a 200mg, 1 a 2 vezes ao dia.); Uso externo (Óleo essencial a
1%, em solução oleosa ou alcoólica; Óvulos vaginais (candidiase vaginal), 500mg de
extracto seco por óvulo, 1 óvulo por noite.
M.T.C.
Nome Chinês: Da Suan.
Sabor: Xin (Picante).
Natureza: Wen (Morna).
ZangFu: Da Chang (Intestino Grosso), Fei (Pulmão), Wei (Estômago) e Pi (Baço).
Elemento: Metal e Madeira.
Acções: Expele parasitas (anti-helmíntica); Elimina toxinas; Resolve a intoxicação por
ingestão de frutos do mar.
Indicações: Na parasitose intestinal; intoxicação por frutos do mar; prevenção da
influenza.
Sintomas: Diversos tipos de parasitas, diarreia, disenteria, tosse, gripe, intoxicação
alimentar por ingestão de frutos do mar e abcessos intestinais.
Contra-indicações: Na deficiência de Yin, com sinais de Calor; Esta erva è irritante da
pele, e não deve ser usada por um longo período, mesmo topicamente sobre a pele,
em pacientes com lesões na boca, lingua ou garganta; As aplicações tópicas na região
perianal ou edemas, são contra-indicados na gravidez.
Dosagem: 6 a 15 g ou 3 a 5 dentes, na decocção.
47
Cenoura
Nome Latin: Daucus carota L. subsp. sativus.
Família Botânica: Apiáceas (Umbelíferas).
Nomes Vulgares: Cenoura-brava, para a D. Carota L. subsp. maximus.
Habitat e Distribuição: Planta bienal originária da Europa, Ásia Ocidental e África
Setentrional, cresce em terrenos semi-secos. È frequente em quase todo o país em
terrenos cultivados, incultos e sebes. Muito cultivada nas diferentes variedades.
Partes Utilizadas: Raízes, sementes (frutos), por vezes as folhas.
Constituintes: Raízes: mucilagens, pectinas, carotenos (provitamina A), glúcidos (oses
simples, sacarose), vitaminas (C, B1, B2), carpesialactona, carabrona, valina, ácido
óleico, estigmasterol, asarona, asaraldeído, bisaboleno, daucol, carotol e proteínas.
Sementes: óleo essencial (0,66 a 1,65%), com pinenos, limoneno, carotol, daucol,
ácido isobutírico, furanocumarinas; óleo gordo e glúcidos.
Farmacologia e Actividade Biológica: - Raízes: acção diurética, vitamínica, obstipante,
emoliente e cicatrizante. – Sementes: aumentam as secreções, acção vermicida,
galactogénea e anti-séptica intestinal. – Folhas: acção diurética.
Usos Etnomédicos e Médicos: - Raízes: inflamações geniturinárias, astenia, diarreia,
inflamações gástricas, dermatoses e perturbações visuais. – Sementes. Astenia,
flatulência, vermífugo e galactagogo. – Óleo essencial das sementes: na oxiuríase e
como bactericida moderado. – Folhas: em inflamações geniturinárias. Externamente a
polpa da raiz è usada em queimaduras e inflamações dérmicas.
48
Principais Indicações. Enterite; perturbações visuais; dermatoses (desidrose, ictiose,
psoríase).
Contra-indicações: As sementes e o óleo essencial, não devem ser usados por
grávidas.
Efeitos Secundários e Toxicidade: Não são conhecidos, excepto para o óleo essencial
que pode ser abortivo.
Precauções: Não são conhecidas para uma administração apropriada.
Formas de Administração e Posologia: Uso interno (Infusão (sementes): 1 colher de
café por chávena, 3 chávenas ao dia; Suco: 50 a 500 ml por dia. Para as crianças
pode ser diluído num pouco de água ou leite; Cozimento: 500 g de cenouras em 1 litro
de água, triturar e juntar uma colher de café com sal e água até completar 1 litro.
Tomar durante 2 a 3 dias, enquanto dure a diarreia, sem outro alimento.
M.T.C.
Nome Chinês: He Shi.
Sabor: Ku (Amargo).
Natureza: Ping (Neutra), levemente tóxica).
ZangFu: Gan (Fígado).
Elemento: Madeira.
Acções: Antiparasitária.
Indicações: Na parositose intestinal.
Sintomas: Dor abdominal, diarreia e vómito.
Contra-indicações: Pacientes debilitados; gravidez; pode produzir tonturas, tínidos e
dor abdominal.
Dosagem: 6 a 12 g, em decocção, pílulas ou em pó.
49
Conclusão:
Após a realização deste trabalho de pesquisa e da comparação e análise de
diversas fontes distintas, de vários autores e diferentes perspectivas, em relação aos
fitofármacos, foi-me possível concluir que apesar da vastidão de estudos e
informações e das diferenças culturais existentes, todas elas acabam por demonstrar
grande importância, relativamente ao uso deste meio, para a obtenção da
homeostasia corporal e mental e como forma de combater a doença, quando esta se
instala. Também me foi possível compreender, que esta forma de conhecimento vem
sido aperfeiçoada ao longo da história das diversas culturas, e apesar de ter passado
por períodos de desleixo, tem ultimamente voltado a ser um tema de elevado interesse
e respeito. Penso que apesar de a nossa ligação com o meio envolvente, incluindo
espécies autocnes e factores ambientais, se ter tornado frágil e quase insignificante
nos últimos tempos, por qualquer motivo está novamente a ser-lhe dado o devido
respeito e dedicação. Talvez por nos termos afastado demasiado do que somos e do
que nos constitui realmente, esta necessidade tenha voltado a estar em voga... talvez
sintamos que algo nos está a faltar.
Apesar de o meu interesse relactivamente a este assunto, ter sido sempre
activo, na realização deste trabalho, apercebi-me que a vastidão de espécies e
utilidades destas, è de tal forma vasto que seria necessário um trabalho e dedicação
de uma vida, ou mais, para que pudesse realmente compreender e relacionar todo
este conhecimento. Ao mesmo tempo que esta ideia possa tornar este trabalho
fatigante e diminuir o interesse relactivamente a este assunto, por outro lado faz-me
acreditar ainda mais que esta forma de terapia è de tal forma imensa que possa
ajudar-nos a resolver quase todos os nosso desiquílibrios, e perceber a dimensão da
nossa ignorância em relação ao que nos rodeia desde o início dos nossos tempos.
Sonhamos ir ao espaço... Desejamos conhecer o fundo dos oceanos... Tentámos
controlar os factores climatéricos e biológicos... E no entanto esquecemos e
desvalorizamos o que nos rodeia de forma mais directa e nos demonstrou diversas
vezes ser uma fonte de conhecimento quase inesgotável.
Pessoalmente o mundo da fitoterapia maravilha-me e dá-me forças para
acreditar que o que buscamos, quase sempre está de tal forma ao nosso alcance, que
deixamos de acreditar que possa lá estar.
Temos evoluído a tecnologia e os fármacos sintéticos de tal forma nos últimos
anos, e mesmo assim ainda não fomos capazes de compreender muitos dos nossos
desiquílibrios e como curá-los. Os fármacos que temos criado têm demonstrado
resultados avassaladores na nossa homeostasia, e efeitos secundários indesejáveis,
mas no entanto continuamos a insistir por esse caminho. Respeito todas as
perspectivas existentes, mas no entanto questiono-me se neste momento isto não
será mais uma questão de ego e orgulho... Se não será apenas mais uma
manisfestação do Homem, em tentar provar a si mesmo que consegue controlar o que
quer que seja e que não está dependente de nada, a não ser dele mesmo.
Acredito que esta forma de pensamento, está a alterar-se lentamente e que
não tardará muito até que a humanidade sinta que a nossa salvação está em
voltarmos à raíz da nossa natureza.
A Medicina Tradicional Chinesa, è uma visão que entre outras defende a noção
holistica, e visto dar tamanha importância ao uso destas substâncias naturais, à tão
50
longo período, penso que será porque se apercebeu desde muito cedo da sua
utilidade e importância. Não será à toa portanto, que se dedicam ao seu estudo à mais
de 2.000 anos, e relatam e catalogam milhares de espécies e suas acções medicinais.
Na nossa cultura, apesar de este conhecimento não ser tão aprofundado e
registado, não significa que não tenha nunca sido valorizado e aplicado, pois existem
centenas das conhecidas “mezinhas”, algumas registadas, que nos acompanham e
auxiliam ao longo do tempo, e muitas vezes provaram ser úteis em casos
aparentemente sem solução. Apenas sinto pena por não possuirmos mais informação
registada acerca das espécies do nosso país e pessoas a defendê-las e utilizá-las.
Seja como for, este trabalho foi feito com a intenção de esclarecer as pessoas
em relação a este tema, e dar-lhes a noção de que è um conhecimento que nos
acompanha à centenas de anos e nos auxiliou muitas vezes, quando nada mais nos
poderia ajudar ou quando as posses económicas não eram sufecientes para “comprar
a saúde”. Também muitas vezes parece nos termos esquecido que a alimentação è a
mais básica e activa forma de manutenção da homeostasia. Os alimentos que
ingerimos podem além de nos satisfazer a fome, harmonizar nosso interior e dar-nos
prazer a ingeri-los simultaneamente.
Tento com isto então, sensibilizar as pessoas para o que as rodeia, e para que
deem o devido valor e protecção, ao que as acompanha e beneficia ao longo da
história, sem nenhum custo ou exigência, a não ser respeito. Peço que se dediquem
ao meio que as envolve e o respeitem como a elas mesmas, e que aprendam a retirar
partido desta relação, sem causar dano a nenhuma das partes. A Natureza oferece-
nos o que necessitamos, apenas nos exigindo respeito.
51
Bibliografia:
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Brasileiras. São Paulo, Brasil. Ícone Editora LTDA.
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Ícone Editora LTDA.
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