GIOVANI FRASSON
O USO DE FERRAMENTAS GERENCIAIS NO AUXÍLIO À TOMADA DE DECISÃO
Monografia apresentada ao Curso de Ciências Contábeis, como requisito à obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.
Universidade do Sul de Santa Catarina
Orientadora Profª. Sônia Marcon
Tubarão, 2004
GIOVANI FRASSON
O USO DE FERRAMENTAS GERENCIAIS NO AUXÍLIO À TOMADA DE DECISÃO
Monografia apresentada ao Curso de Ciências Contábeis, como requisito à obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.
Universidade do Sul de Santa Catarina
Tubarão, 11 de dezembro de 2004.
___________________________________________Profª. Sônia Marcon
Universidade do Sul de Santa Catarina
___________________________________________Profª. Dilza Maria Goulart Tredezini Straioto
Universidade do Sul de Santa Catarina
___________________________________________Prof. Adriano Mattos Almeida
Universidade do Sul de Santa Catarina
DEDICATÓRIA
Para todos que de forma direta ou indireta
contribuíram para a consecução deste
trabalho.
"Nunca ande pelo caminho traçado, pois ele
conduz somente até onde os outros foram".
(Alexandre Graham Bell)
RESUMO
A necessidade de um embasamento técnico, por parte da administração, não é mais uma questão de opção. Com o aumento da quantidade e complexidade das operações, as empresas que não utilizarem a informação para auxiliar a tomada de decisão, colocarão em risco sua atuação futura. Esta ansiedade por um sistema dinâmico de informação que atenda às exigências do mercado atual, faz com que as empresas busquem, cada vez mais, ferramentas que as auxiliem em suas tomadas de decisão. A Contabilidade Gerencial vem preencher essa lacuna, produzindo informações objetivas, úteis e relevantes, fazendo com que as pessoas responsáveis por decisões na empresa estejam totalmente munidas de instrumentos gerenciais de controle e demonstrativos de tendências. O presente trabalho, visa elucidar, ao gestor, algumas ferramentas gerenciais que possam ser utilizadas como auxilio no processo de tomada decisão como: Análise de Custo/Volume/Lucro, Valor Econômico Adicionado e a Análise de Investimentos. Essas técnicas trazem uma visão mais clara da rentabilidade, do custo e da lucratividade de seus diversos produtos, serviços e clientes, bem como informações para melhorar a qualidade e eficiência das atividades que executam. Entretanto, apenas ter uma ferramenta gerencial não é o bastante para a empresa, é imprescindível a escolha e a compreensão de como funciona. Bem como, efetuar a aplicabilidade das ferramentas adequadas e ajustadas a cada âmbito empresarial, para enfrentar as intempéries.
Palavras-chave: Contabilidade Gerencial, Análise de Custo/Volume/Lucro, Valor Econômico Adicionado, Análise de Investimentos.
SUMÁRIO
LISTA DE QUADROS...........................................................................................................10
LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................11
LISTA DE TABELAS............................................................................................................12
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................12
1.1 Justificativa.........................................................................................................................14
1.2 Objetivos.............................................................................................................................15
1.2.1 Objetivo Geral..................................................................................................................15
1.2.2 Objetivos Específicos.......................................................................................................15
1.3 Estrutura do Trabalho.........................................................................................................16
2 CONTABILIDADE GERENCIAL....................................................................................17
2.1 Conceitos de Informação....................................................................................................19
2.2 Informações Gerenciais......................................................................................................21
2.3 Contabilidade Gerencial e Contabilidade Financeira.........................................................23
3 FERRAMENTAS GERENCIAIS......................................................................................29
3.1 Análise de Custo/Volume/Lucro.........................................................................................29
3.1.1 Margem de contribuição..................................................................................................32
3.1.1.1 Benefícios e Limitações da Margem de Contribuição..................................................35
3.1.2 Ponto de Equilíbrio..........................................................................................................36
3.1.2.1 Tipos de Ponto de Equilíbrio........................................................................................39
3.1.2.1.1 Ponto de Equilíbrio Contábil.....................................................................................40
3.1.2.1.2 Ponto de Equilíbrio Financeiro..................................................................................41
3.1.2.1.3 Ponto de Equilíbrio Econômico.................................................................................42
3.1.2.1.4 Ponto de Equilíbrio Mix.............................................................................................44
3.1.2.2 Benefícios do Ponto de Equilíbrio................................................................................45
3.1.2.3 Limitações do Ponto de Equilíbrio...............................................................................46
3.1.3 Margem de Segurança......................................................................................................47
3.2 Valor Econômico Adicionado (EVA).................................................................................49
3.2.1 Cálculo do EVA...............................................................................................................51
3.2.2 Benefícios e Limitações da utilização do EVA...............................................................54
3.3 Análise de Investimentos....................................................................................................57
3.3.1 Taxa Mínima de Atratividade (TMA)..............................................................................59
3.3.2 Métodos de Decisão da Análise de Investimentos...........................................................60
3.3.2.1 Método do Valor Anual Uniforme Equivalente (VAUE).............................................60
3.3.2.2 Método do Valor Presente Líquido (VPL)....................................................................62
3.3.2.2.1 Benefícios do Método do Valor Presente Líquido (VPL).........................................64
3.3.2.2.2 Limitações do Método do Valor Presente Líquido (VPL).........................................65
3.3.2.3 Método da Taxa Interna de Retorno.............................................................................66
3.3.2.3.1 Benefícios do Método da Taxa Interna de Retorno...................................................69
3.3.2.3.2 Limitações do Método da Taxa Interna de Retorno...................................................69
3.3.2.4 Alternativas com vidas diferentes.................................................................................70
4 EXEMPLOS PROPOSTOS PARA O USO DE FERRAMENTAS GERENCIAIS......72
4.1 Exemplo proposto para a Análise de Custo/Volume/Lucro...............................................73
4.2 Exemplo proposto para o Valor Econômico Adicionado...................................................76
4.3 Exemplo proposto para a Análise de Investimentos...........................................................77
4.3.1 Exemplo utilizando o Método do Valor Anual Uniforme Equivalente...........................78
4.3.2 Exemplo utilizando o Método do Valor Presente Líquido..............................................80
4.3.3 Exemplo utilizando o Método da Taxa Interna de Retorno.............................................81
5 CONCLUSÃO......................................................................................................................86
REFERÊNCIAS......................................................................................................................89
ANEXO....................................................................................................................................93
Anexo A – Tabelas Financeiras.............................................................................................94
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Dados, informação e conhecimento........................................................................20
Quadro 2 - Comparação entre a Contabilidade Gerencial e a Contabilidade Financeira.........26
Quadro 3 - Formulário para cálculo da margem de contribuição.............................................35
Quadro 4 – Procedimento para o cálculo da taxa interna de retorno........................................67
Quadro 5 – Fórmulas dos fatores das tabelas financeiras.........................................................78
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Representação gráfica de custos fixos e variáveis...................................................32
Figura 2 - Representação do ponto de equilíbrio......................................................................38
Figura 3 - Tipos de ponto de equilíbrio....................................................................................39
Figura 4 - Ações para aumento do EVA...................................................................................53
Figura 5 - Valor Anual Uniforme Equivalente.........................................................................61
Figura 6 - Valor Presente Líquido............................................................................................63
Figura 7 – Perfil do VPL...........................................................................................................64
Figura 8 – Perfil da taxa interna de retorno..............................................................................68
Figura 9 – Fluxo de caixa das alternativas................................................................................79
Figura 10 – Fluxo de caixa das alternativas..............................................................................80
Figura 11 – Fluxo de caixa das alternativas..............................................................................82
Figura 12 – Fluxo de caixa do projeto incremental (A – B).....................................................84
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Exemplo de dados para uso da análise de custo/volume/lucro...............................73
Tabela 2 – Cálculo da margem de contribuição.......................................................................73
Tabela 3 – Cálculo do ponto de equilíbrio por produto............................................................74
Tabela 4 – Tabulação dos resultados........................................................................................85
12
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, com os grandes avanços tecnológicos, em que o mercado mundial
passou a desconhecer fronteiras geográficas, o aumento da concorrência, a escassez de
recursos disponíveis, maior produtividade, qualidade e entre outros têm contribuído para as
constantes mudanças na gestão dos negócios. Com isso, acentua-se a necessidade de novas e
profundas revisões na aplicação da contabilidade e seu reencontro com seus objetivos e seu
principal usuário: o gestor da empresa. Esse suporte informativo deve impulsionar as ações
dos gestores para a otimização do resultado.
A necessidade de um embasamento técnico, por parte da administração, não é
mais uma questão de opção. Com o aumento da quantidade e complexidade das operações, as
empresas, que não utilizarem a informação para auxiliar a tomada de decisão, colocarão em
risco sua atuação futura. Ou seja, cada vez mais se fazem necessárias informações
tempestivas, racionais e acertadas no ambiente gerencial.
Esses fatores conduzem os gestores à necessidade de, rapidamente, adaptarem-se
às estruturas internas das suas empresas e a aperfeiçoarem os seus métodos de gestão global.
Somente o resultado suficiente, para repor todos os ativos consumidos no processo de
realização da suas atividades, é que garante o pressuposto de continuidade da empresa.
Essa deficiência é contundente, em função de que os dirigentes ou responsáveis
pela tomada de decisão serem pessoas, muitas vezes, menos esclarecidas, que desconhecem o
que são ferramentas gerenciais e, conseqüentemente, com pouca capacidade técnica ou
13
acadêmica para utilizar tais ferramentas adequadamente ou, em alguns casos, possuírem
alguém que lhes possa fornecer esse tipo de assessoria técnica.
É necessário abandonar a abordagem tradicional, que encara a fábrica apenas
como uma coleção de máquinas e de operações individuais. É fundamental a maximização do
desempenho e do controle empresarial. Exercendo um papel preponderante na empresa,
buscando auxilio nas informações geradas por ferramentas gerenciais para apoiar o
planejamento e controle de gestão.
Magalhães e Lunkes (2000, p. 19) relatam que:
as mudanças organizacionais, decorrentes dos diversos processos de desenvolvimento social, político, econômico, institucional e educacional, é que propiciam o aperfeiçoamento, a evolução e a criação de novos sistemas, e estes estão relacionados com as mais diversas atividades do conhecimento humano, especialmente com a contabilidade.
A Contabilidade Gerencial vem preencher essa lacuna, produzindo informações
objetivas, úteis e relevantes, fazendo com que as pessoas responsáveis por decisões na
empresa estejam totalmente munidas de instrumentos gerenciais de controle e demonstrativos
de tendências. Ou seja, as ferramentas desenvolvidas por esse ramo da contabilidade suprem a
gerência de dados sobre a situação, visando a melhor escolha dentre as alternativas existentes,
ela é a base de informações para a qualquer decisão da empresa.
A contabilidade gerencial é uma fonte rica em informações no processo de tomada
de decisão. No entanto, ela é facultativa, ou seja, pode ou não fazer parte da administração da
empresa. Outro ponto, é que as informações são importantes na medida em que os gestores
consigam identificar tanto as oportunidades quanto as ameaças que o ambiente oferece às
empresas.
O presente trabalho, visa elucidar ao gestor algumas ferramentas gerenciais que
possam ser utilizadas como auxilio no processo de tomada decisão como: Análise de
Custo/Volume/Lucro, Valor Econômico Adicionado e a Análise de Investimentos.
Enfim, o problema que, efetivamente, se apresenta é como auxiliar os gestores no
14
processo de tomada decisão?
1.1 Justificativa
Como pode ser observado no mercado atual e com base em pesquisas realizadas
por órgão de apoio à empresa, como o SEBRAE, a maioria das pequenas empresas tem um
ciclo de vida muito curto. Esse fato é conseqüência, não só da situação econômica na qual se
encontra o país, mas também da falta de um bom gerenciamento dos negócios.
Os órgãos responsáveis pelo financiamento dos pequenos empresários não
deveriam se preocupar apenas em conseguir volumes cada vez maiores de empréstimos, mas
também em como está sendo gerido esse dinheiro. O financiamento de cursos práticos sobre
contabilidade gerencial, entre outros, poderia minimizar essa mortalidade das pequenas
empresas, fazendo com que os empresários compreendam a sua importância e passem a
utilizá-la para a obtenção de melhores resultados.
O fato de a contabilidade estar presente no dia-a-dia das empresas, infelizmente,
não retrata sua utilização como auxilio à tomada de decisão. E sim, para simplesmente efetuar
os registros contábeis, com o intuito de atender ao fisco.
A contabilidade gerencial é parte fundamental da administração da empresa, tais
informações são de suma importância na medida em que auxiliam na tomada de decisões,
com a utilização de seus recursos, são previstos muitos problemas ou antecipar soluções.
Wernke (2001, p. 69) menciona que:
com a utilização da Tecnologia da Informação a Contabilidade, principalmente a Contabilidade Gerencial, passa a contar com uma fonte de informações curial e que, [corretamente] utilizada pode ser uma importante ferramenta de fortalecimento da importância da área contábil no meio empresarial.
Assim, a empresa terá condições consistentes para estabelecer preços a seus
produtos, consciente da margem de lucro que irá obter; receber do consumidor os valores que
15
realmente foram gastos para a produção do produto; verificar se suas mercadorias podem ser
vendidas a um preço igual ou abaixo de seus concorrentes; repassar ao consumidor os
impostos realmente devidos e determinar se seu capital de giro suporta o pedido de um cliente
e, assim, conhecer o montante de empréstimo que deverá ser feito a algum banco.
A questão facultativa da contabilidade gerencial faz com ela passe a existir na
empresa somente se houver pessoas que consigam implantar e traduzir os conceitos contábeis
em atuação prática.
Todas essas mudanças vivenciadas comprovam que se precisa de ferramentas
eficazes para corroborar as decisões frente ao mercado que aí está.
Este trabalho pretende discutir sobre o uso de algumas ferramentas, buscando na
literatura gerencial, que auxiliem os gestores a gerenciar mais adequadamente suas empresas.
1.2 Objetivos
Os objetivos deste trabalho foram divididos em objetivo geral e objetivos
específicos, conforme abordados a seguir.
1.2.1 Objetivo Geral
O objetivo geral deste trabalho é efetuar uma revisão da literatura acerca do tema
o uso de ferramentas gerenciais no auxilio a tomada de decisão.
1.2.2 Objetivos Específicos
De forma especifica esse trabalho pretende:
a) efetuar uma revisão bibliográfica acerca dos conceitos pertinentes ao tema de
16
estudo;
b) comentar as seguintes ferramentas gerenciais: análise de custo/volume/lucro,
valor econômico adicionado e análise de investimentos;
c) mostrar alguns exemplos de utilização dessas ferramentas gerenciais
propostas;
1.3 Estrutura do Trabalho
O trabalho está disposto em cinco capítulos. O capítulo inicial introduz ao tema da
pesquisa, o problema, a justificativa e objetivos.
No capítulo 2, comenta-se de uma forma geral sobre a contabilidade gerencial,
abordando seus conceitos fundamentais, bem como, um confronto entre a contabilidade
gerencial versus a contabilidade financeira.
No capítulo 3, são apresentadas as ferramentas gerenciais propostas para o auxílio
à tomada de decisão. São abordados seus conceitos, fórmulas, vantagens e limitações.
No capítulo 4, são elaborados exemplos de problemas fictícios, baseados na
literatura encontrada, dando soluções para esses e evidenciando informações que os gestores
possam utilizar como subsídio à tomada de decisão, através das ferramentas propostas.
No capítulo 5, constam as conclusões a respeito do trabalho realizado e
recomendações para futuras pesquisas.
17
2 CONTABILIDADE GERENCIAL
A Contabilidade Gerencial é voltada essencialmente aos usuários internos, como
apoio na tomada de decisão, gerando informações para atender as necessidades de cada
empresa. Parece clara a importância da contabilidade gerencial para a gestão de uma empresa,
mas o empresário parece não estar convencido da importância da administração contábil
como instrumento administrativo e, menos ainda, no processo decisório.
Essa não apreciação pelos proprietários-gerentes das funções e do processo de um
sistema eficaz de contabilidade, aduz Resnik (1991, p. 139), dá-se “não pelo desdém, mas
atribui a uma simples insensibilidade ao que eles não conhecem ou não se sentem à vontade”.
O mesmo autor (1991, p. 139) ainda comenta que “muitos empresários de
pequenas empresas ainda atribuem esta falta de interesse por se acharem envolvidos demais
com a área produtiva da empresa, não sobrando tempo para se dedicar aos relatórios
contábeis”.
Para esses empresários, as funções contábeis são tidas como não produtivas,
subestimando sua contribuição ao desempenho administrativo e seus reflexos na eficiência
produtiva.
Ao mencionar o desafio com que a contabilidade vem se deparando, Iudícibus
(apud WERNKE, BORNIA, 2001, p. 64) “ratifica a posição defendida, de que ela vem se
esforçando a fim de que o Sistema de Informações Contábeis possa divulgar as informações
realmente relevantes para os tomadores de decisão, e sustenta que normalmente o Sistema de
18
Informação Contábil está enfatizado com relação ao passado e não focalizado para o futuro”.
Para que essa última hipótese venha a ocorrer, Iudícibus (1988, p. 7) salienta que
não se deve “ter receio de lidar com o julgamento, com o potencial e com o que é intangível,
em lugar do verificável, realizado e tangível”.
O desenvolvimento tecnológico, o crescimento das organizações e a
complexidade do ambiente econômico têm dificultado o entendimento e a gestão dos
negócios. Essa complexidade do ambiente empresarial relata Souza, Lisboa e Rocha (2003, p.
41), “traz maiores necessidades e exigências quanto ao gerenciamento, particularmente nos
procedimentos de planejamento, execução e controle operacional”. O processo de geração de
informações gerenciais precisa estar apto a atender as demandas de informações que
viabilizem, para a empresa, a manutenção da competitividade no novo ambiente.
Dentro desse contexto, Haberkorn (1999, p. 5) comenta que “a concorrência é
mundial, mesmo se a empresa vende e produz um item em uma cidade remota do interior.
Logo, sua gerência tem de ser tão eficiente quanto a mais eficiente empresa de seu setor”.
A conseqüência natural desse processo é a necessidade, cada vez maior, de
informações que auxiliem os administradores nas tomadas de decisões. Como apoio às
necessidades impostas por essas mudanças, a contabilidade gerencial vem se confirmando
como um destacado alimentador das informações utilizadas como suporte à tomada de
decisão. Corroborando tal entendimento, Atkinson et al (2000, p. 36) afirmam que “a
informação gerencial contábil é uma das fontes informacionais primárias para a tomada de
decisão e controle nas empresas”.
Iudícibus (1995, p.21) defende que “a contabilidade tem como objetivo fornecer
informações econômicas para os vários usuários, de forma que propiciem decisões racionais”.
Portanto, para a contabilidade alcançar seu objetivo maior, prestar informação útil
e a tempo, é necessário utilizar um mecanismo que a maioria dos autores entende como
contabilidade gerencial, ou contabilidade decisorial, ou contabilidade para tomada de decisão,
19
ou, ainda, contabilidade interna, e não ficar vinculado apenas a contabilidade financeira.
2.1 Conceitos de Informação
Em um ambiente de negócios, que requerem flexibilidade, o processo de tomada
de decisão necessita rapidez, disponibilidade e acesso a informações. Isto facilita a leitura do
contexto. Desta forma, as alternativas para definir uma estratégia de ação serão melhor
fundamentadas e terão maiores probabilidades de êxito.
Para um correto entendimento sobre a informação, Davenport e Prusak (1998,
p.18) ressaltam a “importância de se compreender o significado e a utilização feita para dado,
informação e conhecimento”.
Diante desses conceitos inerentes a formulação do conceito de informação, Stair
(1996, p.4) menciona, que “existe uma grande confusão entre os termos dados e informação.
Dados são apresentados como fontes primárias de informação. Ao processo de definição e
organização das relações entre os dados podemos chamar de informação”.
Já Oliveira (1992, p. 34) afirma que:
qualquer elemento identificável em sua forma bruta que por si só não conduz a uma compreensão de um determinado fato ou situação. A maior dificuldade para o ser humano está em a partir desses dados, e com o auxílio de metodologias transformá-los em informação.
Como visto, dados isolados não representam informação. É necessário que algum
processo seja executado, onde o conjunto de dados é fornecido como elemento de entrada
para, a partir dos dados, resultar em informação.
Nesse sentido, Almeida (apud BEUREN, MARTINS, 2001, p. 8) menciona “a
existência de uma relação íntima entre informação e decisão, visto que decisões são tomadas
no presente sobre eventos que se concretizarão no futuro”.
O mesmo autor (2001, p. 8) afirma que:
20
o conceito de informação está vinculado a uma mudança de estado a respeito do evento. Assim, a informação configura-se como um conhecimento disponível, para uso imediato, que permite orientar a ação. Para criar uma informação pela relação estabelecida entre dados, exige-se conhecimento.
De acordo com Alter (1992, p. 81), o conhecimento “é a combinação de instintos,
idéias, regras e procedimentos que guiam ações e decisões”.
Ainda nesse sentido, Alter (apud BEUREN, MARTINS, 2001, p. 8) explicam
“que dados são formatados, filtrados e manipulados para criar informação. A conversão de
dados em informação é baseada em conhecimento acumulado sobre como formatar, filtrar e
manipular dados para serem úteis em uma situação”.
Para diferenciar com mais clareza dado, informação e conhecimento, o Quadro 1
demonstra de uma forma simples estes conceitos.
DADO INFORMAÇÃO CONHECIMENTO
Simples observações sobre o estado do mundo.
Dados dotados de relevância e propósitos
Informação valiosa do homem. Compreende, reflexão, síntese e contexto.
- Facilmente estruturado - Requer análise - Difícil estruturação- Facilmente obtido por máquinas
- Exige consenso sobre o significado
- Difícil captura em máquinas
- Frequentemente quantificado
- Exige a intervenção humana
- Frequentemente tácito
- Facilmente transferível Difícil transferênciaQuadro 1 - Dados, informação e conhecimento.Fonte: Davenport e Prusak (1998, p. 18).
A informação vem assumindo o papel do combustível que impulsiona as
organizações nos próximos tempos, onde sobreviverão aqueles que melhor fizerem uso desse
bem que passa a fazer parte do ativo das organizações. Apregoam McGree e Prusak (1994, p.
3) que “[...] nos últimos 25 anos, o mundo industrializado vem enfrentando a transição de uma
economia industrial para uma economia de informação, e nas próximas décadas a informação,
mais do que a terra ou o capital, será a força motriz na criação de riquezas e prosperidade”.
Nessa mesma acepção, França e Lima (apud WERNKE, 2001, p. 70) consideram
21
que:
[...] a informação é, sem dúvidas, um dos principais ativos de uma empresa, por ser um fator de diferenciação na formação da vantagem competitiva e da alavancagem de resultados positivos. Constitui-se de um produto acabado, pronto para ser consumido de forma útil e capaz de proporcionar o retorno necessário à satisfação dos objetivos estabelecidos.
Sem dúvida, as vantagens de se ter informação como um alicerce para a tomada
de decisão são inúmeras. O fornecimento possibilita visualizar a real situação da organização
dentro do mercado em que está inserido, permite o planejamento de novas estratégias de ação,
identifica os pontos fortes e fracos da organização e armazena informações sobre a
concorrência e as necessidades dos consumidores. Nesse contexto, inserem-se as informações
de cunho gerencial, abordadas a seguir.
2.2 Informações Gerenciais
As empresas, em busca de continuidade, do crescimento ou da expansão de suas
atividades, desejam informações precisas. Para serem administradas eficazmente, elas
necessitam, além de outros fatores externos, de um sistema de geração de informações
internas.
Nesse sentido, Kaplan e Cooper (apud WERNKE, 2001, p. 70) mencionam que:
[...] os gerentes desejam informações precisas e adequadas sobre custos para tomar decisões estratégicas e conseguir aprimoramentos operacionais. Assim, os gerentes têm segurança quando tomam decisões ou executam qualquer atividade somente se municiados de informações consistentes.
A demanda pela informação gerencial está intrínseca nos mais variados segmentos
comerciais, independentemente do porte ou ramo de atividade executada. As empresas que
estão munidas de informações gerenciais efetivas podem criar valores consideráveis,
fornecendo informações a tempo e precisas sobre as atividades requeridas, tornando-se mais
competitivas, flexíveis e adaptáveis às mudanças. Várias decisões relacionadas à atividade,
22
processos, unidades operacionais, produtos, serviços e clientes da empresa, como por
exemplo, o custo calculado de um produto, de uma atividade, ou de um departamento, relativo
a um período de tempo recente, tais decisões requerem certeza do responsável pela escolha
das alternativas que se apresentam, quanto aos resultados.
O que se observa na grande maioria das organizações, é em razão, principalmente,
da influência fiscal, a ocorrência de distorções relevantes nas informações contábeis. As
demonstrações contábeis legais tornaram-se de difícil entendimento e de pouca utilidade, o
que leva a contabilidade a imagem de algo que existe somente para o atendimento do fisco,
ficando relegada ao segundo plano o atendimento às necessidades da gestão dos negócios.
Neste sentido, Padoveze (1997, p. 35) enfatiza que o que pode ser observado,
constantemente “é a construção de sistemas de informação contábil voltados basicamente para
a escrituração e registro contábil e contabilidade financeira”.
Visando, cada vez mais, contribuir para o alcance da eficácia na condução dos
negócios, necessita a Contabilidade Gerencial do constante desenvolvimento de instrumentos
que assegurem o cumprimento de sua missão informativa.
É evidente que a qualidade da informação irá determinar a qualidade da decisão
tomada. No caso específico da informação de cunho gerencial, para o Conselho Regional de
Contabilidade de São Paulo (1997, p.27) essa deve ser simultaneamente:
a) confiável: os dados utilizados devem ser aceitos por todos dentro da organização; b) fornecida em tempo hábil: a informação gerencial só se justifica se permitir uma tomada de decisão e isso só é viável dentro de prazos aceitáveis, ou seja, tempestivamente;c) relevante: fatos e detalhes irrelevantes podem ser suprimidos quando o uso da informação não depender deles;d) comparáveis: possibilitar a comparação de resultados reais com previstos, ou ainda, resultados de um período com outros, tornando as decisões mais seguras.
O processo gerador das informações gerenciais deve ser construído para atender
às necessidades específicas de informação de cada empresa, ou seja, pode ser totalmente
diferente de empresa para empresa.
Na obra do CRCSP (1997, p. 16) considera-se que:
23
o aspecto mais importante a ser observado é que, [apesar das características que a informação gerencial deve contemplar], cada empresa deve determinar o que lhe interessa e a partir daí descobrir qual a maneira mais rápida e fácil de obter as informações gerenciais para a tomada de decisões.
As informações geradas devem estar em consonância com o padrão utilizado
pelos gestores, estruturadas com base na análise dos modelos de decisão e mensuração
empregados.
Nesse mesmo entendimento, Beuren (apud WERNKE, 2001, p. 71) relata que
“[...] os gestores necessitam de informações que estejam em consonância com seus modelos.
Assim, o modelo de informação deve ser estruturado com base na análise dos modelos de
decisão e mensuração empregados”.
Sem dúvida há um reconhecimento crescente de que a informação, como qualquer
outro recurso organizacional, financeiro, material e humano, é um recurso que necessita ser
gerenciado para ajudar as organizações a melhorar sua produtividade, competitividade e
performance geral.
2.3 Contabilidade Gerencial e Contabilidade Financeira
No âmbito dos segmentos da ciência contábil, a contabilidade gerencial é, hoje, o
que maior concentra esforços de pesquisa em todo o mundo. Apesar disso, um grande número
de pesquisadores aceitam o fato de que a contabilidade gerencial não possui uma teoria
unificada. Acreditam que não passa de uma compilação de técnicas adotadas de outras
disciplinas correlatas.
A maior parte dos temas da disciplina de contabilidade gerencial, expõe Padoveze
(1997, p. 27), “são tomados de outras disciplinas das áreas de ciências contábeis ou
administração financeira”. Dessa forma, fica claro que a contabilidade gerencial deve utilizar-
se das técnicas já desenvolvidas por outras disciplinas, porque nelas o estudo específico é
mais aprofundado.
24
O objetivo da contabilidade gerencial é enfocar todos os temas escolhidos dessas
disciplinas no processo de administração e no processo integrado de tomada de decisões.
Apesar de utilizar-se de assuntos de outras disciplinas, ela se caracteriza por ser uma área
contábil autônoma, pelo tratamento dado à informação contábil.
Atkinson (2000, p. 67) menciona o conceito de contabilidade gerencial definido
pelo Instituto de Contadores Gerenciais (Institute of Management Accounting)1 “como o
processo de identificação, mensuração, acumulação, análise, preparação, interpretação e
comunicação de informações financeiras usadas pela administração para planejar, avaliar e
controlar dentro de uma empresa e assegurar uso apropriado e responsável de seus recursos”.
A ela pode ser caracterizada, superficialmente, segundo Iudícibus (1998, p. 15),
como:
um enfoque especial conferido a várias técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos e tratados na contabilidade financeira, na contabilidade de custos, na análise financeira e de balanços etc., colocados numa perspectiva diferente, num grau de detalhe mais analítico ou numa forma de apresentação e classificação diferenciada, de maneira a auxiliar os gerentes das entidades em seu processo decisório.
Considerado por muitos como um dos precursores da disciplina de contabilidade
gerencial, Anthony (1979, p. 17) é bastante sintético em sua caracterização da disciplina: “a
contabilidade gerencial, [...], preocupa-se com a informação contábil útil à administração”.
Portando, de maneira geral, Iudícibus (1986, p. 16) afirma “que todo
procedimento, técnica, informação ou relatório contábil, feitos sob medida para que a
administração os utilize na tomada de decisões entre alternativas conflitantes, ou na avaliação
de desempenho, recai na contabilidade gerencial”.
Todas essas informações geradas, tanto pela contabilidade financeira como a
contabilidade gerencial, devem estar dispostas de modo que os usuários possam utilizá-las e
compreendê-las. A informação busca suprir os anseios demandados de acordo com as
1 Statements on Management Accounting 1A, “Definition of Management Accounting” (National Association of Accountants. Mar. 1981). The Institute of Management Accountants é a sociedade professional norte-americana de praticantes e acadêmicos que estão interessados no desenho e na operação de sistemas de contabilidade gerencial empresas.
25
necessidades contextuais de seus usuários.
A contabilidade gerencial e a financeira atendem a usuários distintos, pois a
primeira enfatiza o preparo de relatórios de uma empresa para atender a usuários internos e na
segunda, esses relatórios são preparados para atender a usuários externos.
Neste entendimento, Atkinson (2000, p.37) comenta que “a contabilidade
gerencial deve fornecer informações econômicas para a clientela interna:
operadores/funcionários, gerentes intermediários e executivos seniores”.
Em contraste com a contabilidade gerencial, a contabilidade financeira argúi
Atkinson (2000, p.37), “lida com a elaboração e a comunicação de informações econômicas
de uma empresa dirigida a uma clientela externa: acionistas, credores (bancos, debenturistas e
fornecedores), entidades reguladoras e autoridades governamentais tributárias”.
O processo de elaboração desses relatórios pela contabilidade financeira sofrem
grande influência por parte de autoridades que estabelecem padrões, regulamentadoras e
fiscais. Segundo Anthony (1979, p. 17), “as técnicas, os regulamentos e as convenções
segundo os quais os dados contábeis são coletados refletem, em grau considerável, as
exigências desses terceiros”.
O Quadro 2 fornece uma visão das características das contabilidades financeira e
gerencial e ilustra os contrastes existentes entre elas.
(continua)Fator Contabilidade Financeira Contabilidade Gerencial
Usuário dos relatórios Externos e internos InternosObjetivo dos relatórios Facilitar a análise financeira
para as necessidades dos usuários externos.
Objetivo especial de facilitar o planejamento, controle, avaliação de desempenho e tomada de decisão internamente.
(conclusão)Fator Contabilidade Financeira Contabilidade Gerencial
26
Forma dos relatórios Balanço Patrimonial, Demonstração de Resultados, Demonstração das Origens e Aplicação de Recursos e Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido.
Orçamentos, contabilidade por responsabilidade, relatórios de desempenho, relatórios de custo, relatórios especiais não rotineiros para facilitar a tomada de decisão.
Freqüência dos relatórios Anual, trimestral e ocasionalmente mensal.
Quando necessário pela administração.
Custos ou valores utilizados Primariamente históricos (passado).
Históricos e esperados (previstos).
Bases de mensuração usadas para quantificar os dados.
Moeda corrente. Várias bases (moeda corrente, moeda estrangeira – moeda forte, medidas físicas, índices etc.
Restrições nas informações fornecidas
Princípios Contábeis Geralmente Aceitos.
Nenhuma restrição, exceto as determinadas pela administração.
Arcabouço teórico e técnico Ciências Contábeis Utilização pesada de outras disciplinas, estatística, pesquisa operacional e comportamento organizacional.
Características da informação Deve ser objetiva (sem víeis), verificável, relevante e a tempo.
Deve ser relevante e a tempo podendo ser subjetiva, possuindo menos verificabilidade e menos precisão.
Perspectivas dos relatórios Orientação histórica Orientada para o futuro para facilitar o planejamento, controle e avaliação de desempenho antes do fato (para impor metas), acoplada com uma orientação histórica para avaliar os resultados reais (para o controle posterior do fato).
Quadro 2 - Comparação entre a Contabilidade Gerencial e a Contabilidade Financeira.Fonte: Padoveze (1997, p. 26 – 27).
Visto os conceitos da contabilidade financeira e gerencial, e analisando onde elas
se contrastam, ainda restam dúvidas onde termina a contabilidade financeira e onde se inicia a
contabilidade gerencial.
Iudícibus (1986, p. 16) alega que:
o ponto de “ruptura” entre os dois grandes ramos da contabilidade não é tão fácil de ser discernido. Certos relatórios, cúlpula do processo contábil-financeiro, tais como o Balanço Patrimonial, a Demonstração de Resultado e a [Demonstração das
27
Origens e Aplicações de recursos], representam, de certa forma, a fronteira entre a contabilidade financeira e gerencial.
Entretanto, não se pode afirmar, salienta Iudícibus (1986, p. 16), que esses
relatórios “apenas por serem o último degrau [...] do processo de contabilidade financeira, e
por servirem preponderantemente aos interessados externos à empresa [...], não sejam
importantes, pelo menos como ponto de partida, para a contabilidade gerencial [...].
A análise financeira e a de balanços, por exemplo, podem servir tanto para o
emprestador de dinheiro na avaliação da segurança do retorno do empréstimo como para a
gerência na avaliação de tendências da empresa, ou seja, utilizar-se-ão de índices calculados
da mesma forma, com ênfases diferenciadas.
A contabilidade financeira tem várias limitações passíveis de serem supridas pela
contabilidade gerencial, contudo, é imprescindível frisar que elas se complementam, logo, se
torna difícil determinar onde termina a contabilidade financeira e onde inicia a contabilidade
gerencial.
Os gestores devem ter consciência dos benefícios que as informações de apoio à
tomada de decisão podem trazer para as organizações. Essas, informações quando elaboradas
de maneira adequada, possibilitam segurança para as pessoas que tomam decisões. A
informação utilizada de forma eficiente é um fator de diferenciação para as organizações.
Essas precisam ser cada vez mais ágeis diante das mudanças e da utilização de ferramentas
gerenciais, que auxiliem na tomada de decisão e permitem rapidez, confiabilidade e segurança
para enfrentarem novos desafios. Isso pode ser a diferença entre o fracasso e o sucesso de uma
organização.
Visando, cada vez mais, contribuir para o alcance da eficácia na condução dos
negócios, necessita a Contabilidade Gerencial do constante desenvolvimento de instrumentos
que assegurem o cumprimento de sua missão informativa.
No próximo capítulo, serão apresentadas algumas ferramentas gerencias utilizadas
28
para gerar informações, que auxiliem os gestores em suas tomadas de decisões. Serão
abordados conceitos, fórmulas de cálculo e vantagens e desvantagens proporcionadas pela
utilização dessas ferramentas.
29
3 FERRAMENTAS GERENCIAIS
Neste capítulo, busca-se pesquisar na literatura existente, complementada por
artigos publicados e sites na Internet, uma fundamentação teórica sobre aspectos inerentes,
bem como, conceitos que concernem ao tema apresentado.
Envolve os conceitos de algumas das principais ferramentas gerenciais como:
análise de custo/volume/lucro, valor econômico adicionado e análise de investimentos.
Inicialmente, será comentada a análise de custo/volume/lucro, uma ferramenta que
pode fornecer relevantes subsídios quanto aos impactos causados por alterações dos custos de
produção, dos preços de comercialização e do volume produzido na rentabilidade do
investimento realizado.
3.1 Análise de Custo/Volume/Lucro
A análise de custo/volume/lucro consiste em comparar os diversos resultados que
podem ser apresentados por um empreendimento. Demonstra que os vários níveis de
produção, dentro do limite de capacidade, devem ser analisados e comparados para ser
detectada a melhor alternativa ou o que for mais conveniente.
Em sua obra, o CRCSP (1997, p.55) relata que a análise de custo/volume/lucro
“estuda as inter-relações entre quatro fatores: custo, receita, volume e lucro. Está análise pode
estabelecer os efeitos da mudança de um ou mais desses fatores sobre os outros e suas inter-
30
relações”.
O conceito da análise de custo/volume/lucro é definido por Wernke (2001, p. 41)
como sendo “modelos que visam demonstrar de forma gráfica ou matemática, as inter-
relações existentes entre as vendas, os custos (fixos ou variáveis), o nível de atividade
desenvolvido e o lucro alcançado ou desejado”.
Já o conceito da análise de custo/volume/lucro, na visão de Crepaldi (1998, p.
145), “é um instrumento utilizado para projetar o lucro que seria obtido em diversos níveis
possíveis de produção e vendas, bem como para analisar o impacto sobre o lucro de
modificações no preço de venda, nos custos ou em ambos”.
Essa ferramenta consiste em um conjunto de procedimentos que visa
consubstanciar a tomada de decisão. Provendo os gestores com análise referente ao
comportamento das receitas e dos custos totais com o lucro operacional e os relaciona com
qualquer variação no processo produtivo ou no comportamento das vendas, tendo esse o
objetivo de simplificar os padrões do comportamento do custo versus receita.
“A análise do custo/volume/lucro (CVL) propicia uma ampla visão financeira do
processo de planejamento” (HORNGREN, FOSTER, DATAR, 1997, p. 44).
O estudo dessa ferramenta leva a respostas, comenta Wernke (2001, p. 41),
relacionadas ao que acontecerá com o lucro da empresa se ocorrer: “a) aumento ou
diminuição do custo (variável ou fixo); b) diminuição ou aumento do volume de vendas; e c)
redução ou majoração dos preços de venda”.
Warren, Reeve e Fess (2001, p. 96), ainda, comentam que “é a análise de custo-
volume-lucro que fornece ao administrador, informações úteis para a tomada de decisões,
pode, por exemplo, ser usada para ajustar preços de venda, selecionar o mix de produtos para
venda, escolher estratégias de marketing e analisar os efeitos dos custos sobre os lucros”.
Essas decisões, com base em informações oriundas da análise de
custo/volume/lucro, atendem a necessidades de curto prazo, pois os custos são separados em
31
fixos e variáveis, já que a longo prazo, todos os custos são variáveis.
Nesse sentido Martins (2000, p. 269) elucida que “não existe custo ou despesa
eternamente fixos, são, isso sim, fixos dentro de certos limites de oscilação da atividade a que
se referem, sendo que, após tais limites, aumentam, mas não de forma exatamente
proporcional, tendendo a subir em degraus”.
Não obstante, um custo fixo pode ser fixo em relação ao volume, todavia pode se
alterar no tempo. O salário do gerente, por exemplo, não varia conforme a variabilidade da
produção, mas varia se houver um reajuste salarial. Nesse caso, o volume produzido não teve
relação direta com a variação do salário do gerente, mas o objeto da produção (produto
acabado) sofre conseqüências desse aumento, levando sobre si a parcela cabível, sob pena de
provocar perda no retorno do capital investido.
Como pré-requisito, para a análise de custo/volume/lucro é necessário, a
compreensão dos conceitos básicos relacionados a essa ferramenta, como o conceito de custos
e sua classificação quanto ao volume produzido. No que diz respeito ao conceito de custos,
Martins (1996, p. 24) expressa que são “gastos relativos a bens ou serviços utilizados na
produção de outros bens ou serviços”.
Seguindo esse raciocínio, Wernke (2001, p. 12) aduz que “no caso industrial, são
fatores utilizados na produção, como matérias-primas, salários e encargos sociais dos
operários da fábrica, depreciação das máquinas, dos móveis e das ferramentas utilizadas no
processo produtivo”.
A classificação dos custos, considerando sua relação com o volume de produção,
divide-os em custos fixos e custos variáveis.
Em sua obra Martins (1996, p. 50) sintetiza que:
custos fixos e variáveis são uma classificação que não leva em consideração o produto, e sim o relacionamento entre o valor total do custo num período e o volume de produção. Fixos são os que num período têm seu montante fixado não em função de oscilações na atividade, e variáveis os que têm seu valor determinado em função dessa oscilação.
32
Ainda, conceituando essa segregação dos custos, Bornia (2002, p. 42) observa que
os “custos fixos são aqueles que independem do nível de atividade da empresa no curto prazo,
ou seja, não variam com alterações no volume de produção, como salário do gerente, por
exemplo”. Já os custos variáveis, ao contrário, “[...] variam de acordo com os volumes das
atividades” (LEONE, 1997, p. 53).
A figura 1 possibilita um melhor entendimento da diferença existente entre os
custos fixos e os custos variáveis.
Figura 1 - Representação gráfica de custos fixos e variáveisFonte: Wernke (2001, p. 15).
Visto que a análise de custo/volume/lucro é uma ferramenta da área de custos que
pode ser utilizada nas decisões gerenciais, para analisar de forma eficaz essa relação, devem-
se compreender outros conceitos que servem de base para este estudo, tais como: margem de
contribuição, ponto de equilíbrio e margem de segurança, que são comentados a seguir.
3.1.1 Margem de contribuição
A margem de contribuição é uma medida indicativa de resultado, que se preocupa
apenas com os gastos variáveis da empresa. Assim, é uma interpretação do resultado diferente
daquelas observadas na demonstração do resultado, mas é uma forma importante de se
interpretar a contribuição de cada produto ao resultado final.
Unidades
Custos Fixos ($)
($)
Unidades
Custos variáveis ($)($)
33
A definição dada a esse componente da análise de custo/volume/lucro por Martins
(1996, p. 195) é que a margem de contribuição por unidade é “a diferença entre a receita e o
custo variável de cada produto; é o valor que cada unidade efetivamente traz à empresa de
sobra entre sua receita e o custo que de fato provocou e lhe pode ser imputado sem erro”. Ou
seja, é a diferença entre a receita total e o custo variável total, ou ainda, é a parcela da receita
destinada à cobertura dos custos e despesas fixas. Quanto maior, melhor o resultado da
empresa.
Com isso, pode-se avaliar o quanto cada produto vendido pode contribuir para
cobertura do custo fixo e geração de lucro no processo de comercialização. A margem de
contribuição total do produto pode ser obtida pela multiplicação da margem de contribuição
unitária, pela sua quantidade vendida e, depois, somada à margem de contribuição total de
cada produto para conhecer a margem de contribuição da empresa.
Definindo, ainda, a margem de contribuição Figueiredo e Caggiano (1993, p.
118), expõem que “a margem de contribuição é outro conceito importante na análise
custo/volume/lucro e é calculada deduzindo-se das receitas os custos variáveis”.
Bornia (2002, p. 72) comenta em sua obra que:
a margem de contribuição relaciona-se diretamente com o custo, volume, lucro e ampara quase todas as aplicações de custos para decisão e redunda-se no montante das vendas diminuído dos custos variáveis. Analogamente, é o preço de venda menos os custos variáveis do produto, representando a parcela do preço de venda que resta para cobertura dos custos fixos e geração do lucro por produto vendido.
A margem de contribuição “pode ser expressa como um valor absoluto total, um
valor absoluto unitário e uma percentagem” (HORNGREN, 1985, p. 31).
Essa margem, em percentual, nada mais é do que sua representatividade em
relação ao preço de venda praticado. Esse obtido deverá cobrir o percentual do custo fixo total
em relação à receita total do período e atender ao percentual pretendido para geração do lucro.
Bornia (2002, p. 72) menciona que:
a razão de contribuição é a margem de contribuição dividida pelas vendas, ou a margem de contribuição unitária dividida pelo preço de venda. Em termos
34
percentuais representa a parcela com que cada unidade monetária obtida com a venda dos produtos contribui para cobrir os custos fixos e formar o lucro.
Essa ferramenta tem um conceito de assimilação e entendimento até certo ponto
facilitados. Mesmos gestores com pouco conhecimento sobre a contabilidade de custos,
facilmente compreendem o potencial informativo gerado pela margem de contribuição.
Entretanto, a bibliografia disponível volta-se, essencialmente, para o aspecto industrial da sua
utilização. Cabe então, adaptá-la às necessidades da área comercial, para que utilize-a como
fonte de informações para administração de suas empresas.
A margem de contribuição tem um valor muito significativo para uma empresa,
em que após seu conhecimento, tem-se em mãos dados que, convenientemente, manipulados,
fornece múltiplas informações caracterizadamente úteis para gestão empresarial.
Corroborando quanto à necessidade do conhecimento da margem de contribuição,
Perez Junior, Oliveira e Costa (1999, p. 190) afirmam que a “margem de contribuição é um
conceito de extrema importância [...] para a tomada de decisões gerenciais [...]”.
A margem de contribuição pode ser calculada de acordo com o formulário
apresentado no quadro 3.
(continua)Mercadoria/produto:Linha ou grupo:Referência/tipo/tamanho:Fornecedor:(1) Preço de venda unitário (de mercado ou de tabela)(2) Custo unitário de compra2
(+) Custo unitário na fatura(-) Descontos na fatura(+) Fretes/seguros/outros(-) Impostos recuperáveis (ICMS-comércio e ICMS-IPI-indústria)(+) Impostos não recuperáveis (IPI-comércio)(+/-) Outros(3) Despesas variáveis de venda (percentuais incidentes sobre o preço de venda)(-) ICMS(-) Cofins(-) IPI
2 . No caso industrial, somar todas as matérias-primas utilizadas na fabricação do produto.
35
(conclusão)(-) CSL/IRPJ(-) PIS(-) Simples(-) Comissões s/ vendas(-) Outros percentuais sobre preço de venda(4) Mão-de-obra direta (por unidade produzida)(5 = 1 – 2 – 3 – 4) Margem de contribuição unitária ($)(6) Margem de contribuição percentual ([(5)/(1)] x 100)Quadro 3 - Formulário para cálculo da margem de contribuição.Fonte: Wernke (2001, p. 42-43).
O mesmo autor (2001, p. 43), acima referenciado, mostra que para efetuar o
cálculo da margem de contribuição através do formulário proposto, basta seguir as seguintes
etapas:
a) no item (1), anotar o preço de venda a vista da mercadoria que vem sendo praticado pela empresa;b) para o item (2), coletar os dados das notas fiscais de compra ou documentos anexos (conhecimento de frete etc). No caso industrial, somar todas as matérias-primas utilizadas na fabricação do produto;c) para determinar o valor do item (3), verificar quais tributos que incidem sobre o faturamento. Normalmente são IPI (indústria), ICMS, PIS e Cofins. Se for microempresa, pode ser somente o Simples. Com as alíquotas (percentuais) dos tributos e dos demais itens coletados, calcular o valor ($) multiplicando-as pelo preço de venda (item 1);d) no item (4), no caso industrial, se for possível determinar um valor de mão-de-obra por unidade fabricada ou comprada, registrar tal valor;e) o valor a constar do item (5), obtém-se ao subtrair do valor registrado no item (1) “Preço de venda”, dos valores dos itens (2) “Custo unitário de compra”, (3) “Despesas variáveis de venda” e (4) “Mão-de-obra direta por unidade”, apurando a margem de contribuição em $;f) para o tem (6), calcular quanto por cento representa a margem de contribuição em $ (5) do preço de venda (1).
3.1.1.1 Benefícios e Limitações da Margem de Contribuição
O conhecimento da margem de contribuição possibilita inúmeras análises com o
intuito de redução dos custos, bem como, estratégias relacionadas ao incremento de
quantidade de vendas e redução dos preços unitários dos produtos ou mercadorias. Mas sua
utilização traz vantagens e desvantagens, como ressalta Wernke (2001, p.44) quando diz:
36
entre as vantagens e desvantagens do conhecimento das margens de contribuições (em $ e em percentual) das divisões ( ou setores/ departamentos comerciais), linhas de produção (ou linhas de comercialização) e de produção (ou de mercadorias), podem ser listadas as seguintes:a) é um instrumento para avaliar a viabilidade de aceitação de pedidos em condições especiais. Por exemplo: Quando existem restrições de matéria –prima ou horas de trabalho disponíveis ou por preços e quantidades diferentes dos praticados;b) ajudam a administração a decidir que produtos devem ser merecer maior esforço de venda ou colocados em planos secundários ou simplesmente tolerados pelos benefícios de venda que possam trazer a outros produtos;c) são essenciais para auxiliar os administradores a decidirem se um segmento produtivo (ou de comercialização) deve ser abandonado ou não;d) Podem ser usadas para avaliar alternativas quanto a redução de preços, descontos especiais, campanhas publicitárias e de uso de prêmios para aumentar o volume de vendas. As decisões desse tipo são determinadas por uma comparação de custos adicionais, visando ao aumento da receita de venda. Quanto maior for o índice da margem de contribuição, melhor é a oportunidade de promover vendas. Quanto mais baixo o índice, maior será o aumento do volume de vendas necessárias para recuperar os compromissos de promover vendas adicionais;e) a margem de contribuição auxilia os gerentes a entenderem a relação entre custos, volume, preços e lucros, fundamentando tecnicamente as decisões de venda;f) basear o cálculo dos preços de venda somente com dados da margem de contribuição pode resultar em valores que não cubram todos os custos necessários para manter as atividades em longo prazo;g) é útil para as tomadas de decisões a curto prazo, mas pode levar o administrador a menosprezar a importância dos custos fixos.
Outro componente da análise de custo/volume/lucro, cujo conhecimento é de
fundamental importância, é o ponto de equilíbrio, que será abordado a seguir.
3.1.2 Ponto de Equilíbrio
Outro conceito de contabilidade gerencial aplicável às empresas, como suporte às
necessidades informativas, é o ponto de equilíbrio. É uma ferramenta que fornece ao gestor, o
nível de vendas, em reais ou unidades, para que os custos e despesas sejam cobertos em sua
totalidade. Nesse ponto, é produzido pela empresa apenas a quantidade de produtos
necessários para gerar uma receita que cubra os custos totais. É o local onde não há lucro nem
prejuízo, que pode ser chamada uma zona neutra, em que se apura o mínimo que as vendas
podem chegar, sem que a empresa incorra em prejuízo.
Também encontrado na literatura com outras denominações, como cita Sá (1994,
p. 358), o “ponto de equilíbrio é o mesmo que Ponto Crítico, Ponto de Interseção de Vendas,
37
Ponto Morto das Vendas [...]”.
Conceituando o ponto de equilíbrio, Padoveze (1997, p. 269) diz que é “o ponto
em que o total da margem de contribuição da quantidade vendida/produzida se iguala aos
custos e despesas fixas”.
Sobre a óptica de Martins (1996, p. 273), “o ponto de equilíbrio [...] nasce da
conjugação dos custos totais com as receitas totais”.
Na definição de Perez Junior, Pestana e Franco (1997, p. 133), “o ponto de
equilíbrio (break-even-point) corresponde a um volume de produção (ou atividade) em que o
lucro operacional é nulo, ou seja, em que as receitas e despesas operacionais se igualam”.
Conforme Nakagawa (1976, p. 67), o ponto de equilíbrio ou ponto de ruptura:
[...] serve para indicar o patamar, acima do qual, a empresa deve operar para não ter prejuízo. Espera-se que cada unidade de produto vendido proporcione um excesso de receita em relação ao seu custo variável, trazendo uma contribuição para os custos fixos e o lucro. No ponto de ruptura o lucro é zero, isto é, a contribuição marginal é igual aos custos fixos. Se o real volume de vendas for maior do que o volume de vendas no ponto de ruptura, haverá lucro.
A necessidade de se saber a quantidade mínima que deve ser comercializada para
poder equilibrar os custos, o caixa e a atividade econômica da organização, é fundamental
para a própria sobrevivência da mesma.
O gráfico da figura 2 expressa o ponto de equilíbrio. As linhas tracejadas
evidenciam, que para atingir o ponto de equilíbrio, é necessário vender duas unidades ou
faturar $ 20. Vendendo mais que duas unidades, a empresa passa a ter lucro. Ao contrário,
vendendo menos, o resultado será prejuízo.
38
Figura 2 - Representação do ponto de equilíbrio.Fonte: Wernke (2001, p. 49).
O conhecimento do ponto de equilíbrio fornece dados que, em determinados
momentos, podem garantir a sobrevivência da empresa. Essa necessidade informativa é
facilmente visualizada em várias etapas de um ciclo empresarial como, por exemplo, na
manutenção do produto por certo período de alta competitividade, mas sem entrar em
prejuízo, estabelecendo como limite de preços o custo total mais as despesas totais daquele
produto.
No entanto, os pequenos empresários, na sua maioria, não conhecem essas formas
de apuração de custos e desconhecem o ponto de equilíbrio. Nesse ponto, cabe o papel do
profissional contábil de orientar as etapas da implantação e nas interpretações das mesmas.
O conhecimento, do ponto de equilíbrio, pode ser dentro do próprio negócio,
durante um processo de fabricação ou na empresa como um todo.
No estudo do ponto de equilíbrio, podem ser encontradas algumas variantes que
ocasionam tipos de pontos de equilíbrio distintos. A seguir são citados os tipos mais
($) Vendas
Unidades0 1 2 3
30
20
10
Área de prejuizo
Custos fixos
Custo totais (variáveis + fixos)
Receitas totais
Ponto de equilíbrio
Área de lucro
39
importantes de ponto de equilíbrio encontrados na literatura.
3.1.2.1 Tipos de Ponto de Equilíbrio
De acordo com as necessidades informativas das empresas ou dos gestores,
fazem-se necessárias algumas adaptações no ponto de equilíbrio que suprem as informações
gerenciais não possuídas.
Essas adaptações ou variantes do ponto de equilíbrio, cita Wernke (2001, p. 50),
“são elaboradas com retirada de alguns fatores (custo e despesas) da fórmula de cálculo, com
a introdução do valor de lucro que se pretende atingir ou pela inserção de pagamentos a serem
efetuados no período analisado”.
Dependendo das necessidades informativas e das variações efetuadas na fórmula
de cálculo, o ponto de equilíbrio recebe denominações distintas, como mostra a figura 3.
Figura 3 - Tipos de ponto de equilíbrio.Fonte: Wernke (2001, p. 50).
Nas diversas situações, pode-se calcular o ponto de equilíbrio em unidades físicas,
buscando a informação de quantas é preciso vender para o alcance do equilíbrio e, também,
em unidades monetárias para se conhecer o montante das vendas que possa equilibrar as
receitas totais e as despesas, mais os custos totais. A seguir, são apresentados os tipos de
ponto de equilíbrio, mencionando seus conceitos e fórmulas.
Ponto de equilíbrio contábil
Ponto de equilíbrio econômicoPonto de equilíbrio financeiro
40
3.1.2.1.1 Ponto de Equilíbrio Contábil
Nessa avaliação, a receita total da empresa deverá atingir um nível em que os
custos totais possam ser totalmente cobertos pelas vendas, definindo, assim, o nível de
atividades necessárias para a continuidade do negócio, mesmo que seja com a ausência do
lucro.
O ponto de equilíbrio contábil “é definido como nível de atividades necessárias
para recuperar todas as despesas e custos de uma empresa” (OLIVEIRA e PEREZ JUNIOR,
2000, p. 211).
Para o cálculo do ponto de equilíbrio em unidades, Santos (1995, p.67) determina
a seguinte fórmula:
Já, quanto à definição do ponto de equilíbrio contábil em valor, Wernke (2001, p.
51) menciona que esse “representa qual o valor mínimo (em $) que deve ser vendido para que
a empresa não tenha prejuízo nem lucro”.
Para o cálculo do ponto de equilíbrio contábil, em valor, não são mais utilizados
os custos e despesas variáveis nem preço de venda por unidade, e sim, a relação percentual
entre ambos. Nesse sentido, comenta Martins (1996, p. 183) que o ponto de equilíbrio
contábil em valor “é então calculado pela divisão dos valores fixos pela margem de
contribuição, e essa em porcentagem sobre as vendas [...]”.
O ponto de equilíbrio contábil em valor, segundo Bernardi (1996, p. 164), pode
ser obtido através da seguinte fórmula:
41
Nessa classificação de ponto de equilíbrio, calculam-se quantas unidades físicas
ou monetárias, no caso do ponto de equilíbrio expresso em valor, deverão ser produzidas para
que a empresa não incorra em lucro nem prejuízo. Com isso, os produtos fabricados deverão,
através de suas margens de contribuição, cobrir os custos fixos da empresa.
3.1.2.1.2 Ponto de Equilíbrio Financeiro
No ponto de equilíbrio financeiro, calcula-se o volume de vendas suficiente para
que a empresa honre seus compromissos financeiros. A validade da informação decorre do
fato de que há custos e despesas provisionados, que não representem desembolso imediato,
como também, ativos que serão amortizados e a saída do caixa já tenha ocorrido. Assim, esses
custos podem ser classificados como custos fixos, sem, contudo, terem como contrapartida
uma saída de caixa.
O ponto de equilíbrio financeiro leva em conta, segundo Wernke (2001, p. 52), “o
nível de atividades (quer em unidades, quer em valor monetário) suficiente para pagar os
custos e despesas variáveis, os custos fixos (exceto a depreciação) e outras dívidas que a
empresa tenha que saldar no período como empréstimos e financiamentos bancários”.
“Muitas vezes, para avaliação de desempenho, para certas decisões de
investimentos, para planejamento e outras decisões de curto prazo, o contador deve preparar a
análise do Ponto de Equilíbrio, levando em consideração apenas os aspectos financeiros”
(LEONE, 2000, p. 441).
A fórmula para o cálculo do ponto de equilíbrio financeiro, em unidades,
conforme Wernke (2001, p.52), é a seguinte:
42
Ao se considerar o equilíbrio financeiro, subtraem-se dos custos fixos, os custos
não desembolsados, trazendo o ponto de equilíbrio a uma quantidade ou valor de vendas
menores. Todavia, se a empresa tiver pagando parcelas de empréstimos ou financiamentos,
pode-se adicionar ao custo fixo esse valor das parcelas. O equilíbrio da empresa é considerado
no ponto em que a receita das vendas seja suficiente para cobrir os custos e despesas
variáveis, mais os custos e despesas fixas desembolsáveis no período.
Assim, através da análise do ponto de equilíbrio contábil, uma empresa pode estar
operando com prejuízo, sem, contudo, estar afetada financeiramente, apresentando condições
de liquidar seus compromissos. Ou seja, no ponto de equilíbrio financeiro, o lucro auferido é
suficiente para cobrir todos os custos, exceto os que não representam saída de dinheiro do
caixa.
3.1.2.1.3 Ponto de Equilíbrio Econômico
Ao aplicar seus recursos em um empreendimento, o investidor não visa alcançar
único e exclusivamente o equilíbrio entre os custos e as receitas totais. Ele deseja que os
recursos empregados sejam remunerados. É a recompensa pela abstinência de não ter havido
o consumo do capital investido, pelo contrário, não haveria finalidade econômica para a figura
do investimento. Desse modo, a empresa não deve ter como parâmetro o ponto de equilíbrio
contábil. Faz-se necessário empregar o ponto de equilíbrio econômico, devido sua
pressuposição em incluir a variável de lucro, objetivando a remuneração do investidor. Assim,
as empresas podem atingir seu objetivo primordial de alcançar um resultado que, além de
cobrir os custos e despesas totais, remunerem o capital empregado pelos investidores.
43
O ponto de equilíbrio econômico se dá no momento em que “são também
incluídos nos custos e despesas fixos todos os custos de oportunidade referentes ao capital
próprio, ao possível aluguel das edificações e a outros itens do gênero” (BORNIA, 2002, p.
79). Ao se considerar que a empresa está equilibrando as receitas totais com os custos e as
despesas totais, sob o ponto de vista contábil, admite-se, ainda, que economicamente essa está
perdendo.
Levando-se em conta o custo de oportunidade que é “o quanto a empresa
sacrificou em termos de remuneração por ter aplicado seus recursos numa alternativa ao invés
de outra” (MARTINS, 2000, p. 250), as atividades da empresa devem proporcionar uma
receita que venha cobrir, além dos custos e despesas fixos, valores que estaria deixando de
ganhar, se não estivesse empatando seu capital ou disponibilizando seus bens e recursos para
o exercício da atividade proposta pela empresa.
Pode-se, ainda, considerar como custo de oportunidade, o salário e benefícios que
uma pessoa deixa de ganhar trabalhando de empregado para dedicar seu trabalho a um
negócio próprio. Nesse caso, além das receitas totais cobrirem as despesas e custos fixos terá
que cobrir, também, o salário e benefícios que essa pessoa deixou de receber em substituição
do emprego pelo negócio.
O ponto de equilíbrio econômico, para Santos (2000, p. 176), “é aquele em que as
receitas totais são iguais aos custos totais acrescidos de um lucro mínimo de retorno do capital
investido”. Ou seja, corresponde ao ponto onde as receitas equilibram os custos e despesas e,
gere um excedente operacional equivalente à remuneração dos recursos próprios aplicados.
O ponto de equilíbrio econômico, relata Wernke (2001, p. 53) que “distingue-se das demais
fórmulas de ponto de equilíbrio por incluir a variável “Lucro Desejado”, é calculado
conforme a fórmula a seguir”:
44
3.1.2.1.4 Ponto de Equilíbrio Mix
Quando se trata de uma empresa que comercializa mais de um produto, existe a
necessidade de algumas modificações nas fórmulas tradicionais, pois as apresentadas para o
cálculo do ponto de equilíbrio contábil, econômico ou financeiro se limitam a calcular de
apenas um produto. Como a maioria das empresas comercializa uma gama de produtos, essas
fórmulas têm suas aplicabilidades restritas a poucas situações.
Essa dificuldade se dá devido à diversidade de produtos com volume e margens de
contribuição diferentes. Nesse contexto, Santos (apud WERNKE, 2001, p. 54) defende que:
[...] o princípio básico para se chegar ao “ponto de equilíbrio” de produtos com margens de contribuição diferentes não varia muito das fórmulas tradicionais. Apenas é mais trabalhoso pelas ponderações que devem ser efetuadas entre os vários produtos com volume e margens de contribuição diferentes.
Para o cálculo do ponto de equilíbrio, em unidades, para um mix de produtos
ofertados, Santos (1990, p. 165) apresenta a seguinte fórmula:
Onde:
= somatório
MCUi = margem de contribuição unitária
Xi = volume previsto de venda por produto
45
Já, para obter-se o ponto de equilíbrio em valor mix , o mesmo autor (1995, p. 74)
apresenta a seguinte fórmula:
Onde:
= somatório
Pi = preço de venda unitário por produto
Qi = volume previsto por produto
PMCi = proporção da margem de contribuição por produto
Outra forma de calcular o ponto de equilíbrio mix em valor, ressalta Wernke
(2001, p. 55), consiste em “[...] multiplicar o ponto de equilíbrio mix em unidades de cada
produto pelo respectivo preço de venda”.
O cálculo do ponto de equilíbrio não modifica o nível de atividades da empresa,
mas oferece informações para uma tomada de decisão. O uso do ponto de equilíbrio contábil,
financeiro e econômico é estabelecido conforme à necessidade do momento.
Enfocam-se, a seguir, os benefícios proporcionados pela utilização do ponto de
equilíbrio.
3.1.2.2 Benefícios do Ponto de Equilíbrio
A análise e utilização das informações oriundas do ponto de equilíbrio geram aos
gestores diversos subsídios para o auxílio à tomada de decisão. Nesse contexto, a ferramenta
46
de ponto de equilíbrio destaca-se pela sua simplicidade em evidenciar o comportamento do
resultado em relação ao quadro de custos, possibilitando assim, a feitura de simulações.
As informações de utilidade gerencial proporcionada pelo ponto de equilíbrio,
conforme Wernke (2001, p. 55), atendem as decisões empresariais relacionadas com:
a) alteração no mix de vendas, tendo em vista o comportamento do mercado;b) alteração de políticas de vendas com relação a lançamentos de novos produtos;c) definição do mix de produtos, do nível de produção e preço do produto;d) responde a perguntas que exigem respostas rápidas, tais como:> quantas unidades de produto devem ser vendidas para se obter determinado montante de lucro?> qual a influência de um desconto promocional nos preços de venda?> que acontecerá com o ponto de equilíbrio se determinada matéria-prima aumentar 20% e não tiver condições de ser repassada aos preços dos produtos?> um aumento nos custos fixos (por exemplo: salários) terá qual influência no resultado da empresa?e) útil ao planejamento e controle de vendas e de resultados etc.
O ponto de equilíbrio, consiste num dos parâmetros mais utilizados nas
organizações para avaliação da viabilidade de projetos, empreendimentos, produtos, etc.
Contudo, o ponto de equilíbrio apresenta algumas limitações que serão abordadas
na seqüência.
3.1.2.3 Limitações do Ponto de Equilíbrio
Ao utilizar o ponto de equilíbrio no suporte à tomada de decisão, os gestores
devem atentar para algumas limitações. Santos (apud WERNKE, 2001, p. 56) ao comentar as
limitações, relata que devem ser levados em consideração os seguintes pontos:
a) variação de um componente: considerar mudança no preço sem a influência nos demais componentes; na realidade, quando muda um componente, muda outro;b) custos fixos e variáveis: geralmente, o comportamento do custo fixo não é tão constante como mostra o gráfico do ponto de equilíbrio, e o custo variável tem certos aspectos que não variam sempre proporcionalmente ao volume;c) análise estatística: as dificuldades existentes na montagem dos dados para a análise não levam em consideração todo o dinamismo envolvido nas empresas e no dia-a-dia dos negócios. A própria inflação é um fator de difícil controle dentro da análise, porque influencia completamente toda a evolução dos dados.
Sua aplicação exige rigor na classificação dos custos em fixos e variáveis. A
47
análise limita-se a uma faixa efetiva de volume, em que os custos, despesas e receitas
comportam-se de forma linear. Segundo Leone (2000, p. 55), “[...] essa prática constitui uma
suposição que limita o alcance dos resultados da análise; entretanto, ela vai conferir ao
instrumento qualidades de simplicidade e de mais rápido entendimento”. Embora se admita
uma relação linear entre receitas e custos, a realidade, muitas vezes, diz o contrário.
Devido há algumas fragilidades encontradas na análise, e também, como qualquer
outra ferramenta, os parâmetros encontrados não são absolutos. Para decisões mais seguras,
cabe ponderar acerca de conclusões com base no ponto de equilíbrio. Fazendo-se necessário o
uso de outros instrumentos de análise.
Não há como definir um ponto de equilíbrio ideal, mas quanto menor for esse
valor, menor será a quantidade que a empresa necessita vender, para que haja cobertura dos
custos totais. E, também, maior será sua margem de segurança.
Cabe aos gestores ponderar sobre os benefícios e limitações apresentados em cada
caso, sobre sua utilização ou não no auxilio à tomada de decisão.
A seguir, será abordado o último conceito em que se abrange a análise
custo/volume/lucro, a margem de segurança.
3.1.3 Margem de Segurança
Ao trabalhar com base na incerteza, buscando prever e simular oscilações nos
cenários da empresa, que influenciarão no lucro, as perspectivas dos gestores se ampliam
sobremaneira. Um dos instrumentos utilizados, nessa análise, é o estudo da margem de
segurança. Entende-se por isso a quantidade que a empresa pode deixar de produzir para não
entrar na faixa de prejuízo. Matematicamente, é a diferença entre o volume atual e a
quantidade no ponto de equilíbrio. “A margem de segurança é o excesso das vendas orçadas
(ou vendas reais) sobre o volume de vendas no ponto de equilíbrio” (GARRION e NOREEN,
48
2000, p.171).
Seguindo essa mesma linha, Padoveze (1997, p. 274) comenta que “margem de
segurança pode ser definida como o volume de vendas que excede às vendas calculadas no
ponto de equilíbrio. O volume de vendas excedente para analisar a margem de segurança pode
ser tanto o valor das vendas orçadas como o valor real das vendas”.
A margem de segurança é vista, segundo Crepaldi (1998, p. 129), como “um
indicador de risco que aponta a quantidade a que as vendas podem cair antes de se ter
prejuízo”.
Nos estudos sobre o ponto de equilíbrio, Leone (1997, p. 354) retrata que margem
de segurança é:
[...] a diferença entre o que a empresa pode produzir e comercializar, em termos de quantidade de produtos, e a quantidade apresentada no ponto de equilíbrio. Chama-se margem de segurança porque mostra o espaço que a empresa tem para fazer lucros após atingir o ponto de equilíbrio.
De acordo com Wernke (2001, p. 62), a margem de segurança pode ser expressa e
calculada “quantitativamente, em unidades físicas ou monetárias, ou sob a forma percentual.
Para obtenção da margem de segurança podem ser utilizadas as seguintes fórmulas”:
Essa margem, quando expressa em percentual, é a mais interessante, pois fornece
informações mais fáceis de serem usadas pelos gestores.
Existem diversas formas de se efetuar a medição do desempenho das
49
organizações, pois elas necessitam de um sistema financeiro confiável, que possa ser
entendido e interpretado por todos em uma organização. No capítulo seguinte, será abordada
outra ferramenta de gestão, o valor econômico adicionado – EVA, de extrema necessidade,
que agrega e mensura a criação de valor a qualquer tipo de negócio, auxiliando na tomada de
novas decisões e definição de estratégias.
3.2 Valor Econômico Adicionado (EVA)
Devido às transformações rápidas pelas quais as empresas vêm passando e, por
conseguinte, a busca de resultados rápidos, a palavra valor vem sendo divulgada e buscada
com uma veemência muito forte.
O ato de o gestor administrar uma empresa, visando sua continuidade e remunerar
o capital de terceiros, não é tarefa fácil, tampouco, voltada à simplicidade. Existe a
necessidade de ultrapassar barreiras e quebrar paradigmas.
O retorno sobre o capital de um acionista tem que estar em crescimento, buscando
superar o custo de oportunidade do capital empregado. Cabe, assim, ao gestor pesquisar
alternativas ou ferramentas que auxiliem o crescimento de seu negócio, estimulando os
acionistas, sócios ou proprietários.
Dentre as ferramentas de mensuração de resultados conhecidas no âmbito das
ramificações da contabilidade, surgida na década de 90, está o Valor Econômico Adicionado,
conhecido comumente como EVA.
A Stern Stewart & Co, detentora da marca EVA, (apud CARVALHO, 1999, p. 4)
conceitua-a como sendo “[...] uma medida de performance financeira que captura, mais que
qualquer outra, o verdadeiro lucro econômico da empresa. É também a medida de
performance mais diretamente relacionada com a criação de riqueza do acionista durante todo
o tempo”.
50
O EVA traduz um resultado que indica se a empresa está obtendo retorno maior
que o custo do capital empregado aos seus recursos utilizados.
Outro conceito, formulado por Rosenburg (2002, p.85), define o EVA como:
[...] uma métrica de desempenho criada pela consultoria americana Stern Stewart. Em linhas gerais, o EVA é igual ao lucro líquido menos o custo do capital do acionista. Serve para indicar se a remuneração do dinheiro aplicado pelo dono no negócio foi superior ao patamar mínimo exigido por ele – definido em razão do risco do negócio e de quanto ele poderia ganhar se colocasse o dinheiro em outro investimento. Um EVA positivo mostra que a empresa gerou riqueza. Negativo, que ela destruiu.
O EVA distingue-se das demais medidas financeiras por utilizar o conceito de
custo de capital ou custo de oportunidade na avaliação do resultado das empresas,
principalmente, nos demonstrativos contábeis externos, exigidos pela contabilidade
financeira, tributária e societária. Considera-se como custo de capital, segundo Martins (1990,
p. 208), “o quanto a empresa sacrificou em termos de remuneração por ter aplicado seus
recursos numa alternativa ao invés de em outra”.
Todavia, alguns autores enfatizam, que tal ferramenta não traz uma novidade
conceitual, apenas trata de uma nova roupagem de conceitos já disseminados na literatura há
alguns anos. Nesse sentido, censurando tal feito, Anthony e Govindarajan (2002, p.319)
relatam que o EVA pode ser considerado um “[...] exemplo de como uma empresa pode tomar
um conceito já descrito neste e em outros textos durante anos, dar-lhe um outro nome e
registrar esse nome como marca de propriedade".
O fato de o EVA não ser um algo totalmente inédito, é confirmado até mesmo
pelo vice-presidente da empresa de consultoria que o criou e o patenteou e considera que esse
padrão:
aritmeticamente, é o lucro operacional após pagamento de impostos menos o encargo sobre o capital, apropriado tanto para endividamento quanto para o capital acionário. O que resta é o valor em dólares pelo qual o lucro excede ou deixa de alcançar o custo do capital utilizado para realizar aquele lucro. Este número é o que os economistas denominam lucro residual, que significa exatamente aquilo que implica: é o resíduo que sobra depois de todos os custos terem sido cobertos. Economistas também se referem a isto como lucro econômico ou aluguel econômico. Nós o chamamos de EVA [...]”. (EHBAR, 1999, p. 2).
51
De fato, conseguir um retorno maior do que o custo de capital, não é uma
consignação tampouco nova, porém, em muitos casos, passa despercebida. Isso pode ocorrer
devido ao grande número de atribuições, hoje, impostas aos gestores.
O fato de a empresa estar auferindo lucro, em seu exercício social, não está
relacionado diretamente a que essa tenha originado riqueza ou remunerado o capital investido
por seus acionistas. Nesse sentido, Wernke (2001, p. 103) enfatiza “que não é suficiente a
empresa apenas apresentar lucros fantásticos, se o capital aplicado para chegar aos resultados
for muito maior.[...]. Isso porque lucros podem ser gerados em condições ruinosas do
patrimônio e sem condições de continuidade”.
Assim, pode-se evidenciar a importância do EVA, devido a maioria das operações
realizadas pelas empresas, por não se ter idéia qual ou quanto valor agregado é originado.
Utilizando-se dessa ferramenta, o gestor é capaz de avaliar se a empresa é capaz de produzir
um retorno acima do exigido pelo mercado, atingindo o seu objetivo de aumentar seu próprio
valor ou a seus acionistas.
3.2.1 Cálculo do EVA
Para efetuar o cálculo do EVA, faz-se necessário, dentre as principais premissas, o
conhecimento do custo total de capital da empresa (WACC)3, embora seja por meio de
capitais de terceiros empregados em seu negócio e, também, através de capital próprio.
Apesar das despesas financeiras, atribuídas as captações de recursos de terceiros,
serem registradas e reconhecidas na demonstração do resultado do exercício, caberá efetuar o
cálculo referente ao custo do capital próprio que não se encontra efetivado nessa.
O cálculo do WACC “é obtido pelo custo de cada fonte de financiamento (própria
ou de terceiros) ponderado pela participação do respectivo capital no total do investimento
3 WACC (Weighted Average Cost of Capital).
52
realizado (fixo e giro)”(WERNKE, 2001, p. 104). Ainda, segundo o mesmo autor, o custo do
capital pode ser obtido através da seguinte formula:
Ou seja, a fórmula retrata uma média ponderada das taxas sobre recursos captados
de terceiros e da taxa de retorno desejada pelos acionistas. Aplicadas sobre o capital total,
abrange o capital próprio e o captado de terceiros.
Após conhecido o custo do capital, o valor econômico adicionado pode ser
computado, subtraindo tal custo do lucro líquido depois dos impostos, como mostra a fórmula
sugerida por Atkinson et al (2000, p. 649):
Através do resultado encontrado pela fórmula acima, o gestor pode saber se a
empresa está gerando ou não valor econômico agregado. O valor positivo resultante significa
que a empresa está criando valor, gerando retorno superior ao custo de oportunidade do
investimento. Caso contrário, se o resultado for negativo, ocorre a destruição do patrimônio
dos acionistas.
O EVA vem sendo, também, adotado como um sistema amplo de gestão de
empresas, baseado no conceito de valor econômico agregado, como relatam Assaf Neto,
Kassai e Kassai (2002, p. 61). Os mesmos autores (2002, p. 61), ainda, listam quatro
abordagens distintas para o cálculo do EVA, a saber:
> EVA – formulação contábil do LL: cálculo do EVA deduzindo-se do lucro líquido (LL) o montante relativo à remuneração do capital próprio. Isso é possível pelo fato de já estar computada no LL a remuneração do capital de terceiros.> EVA – formulação contábil do LO: cálculo do EVA deduzindo-se do lucro operacional (NOPLAT) as parcelas de remuneração do capital de terceiros e do capital próprio.
53
> EVA – formulação financeira do RROI: cálculo do EVA aplicando-se o percentual do residual return on investiment (RROI) sobre o montante dos investimentos (total capital).> EVA – formulação financeira do WACC: cálculo tradicional do EVA deduzindo-se do lucro operacional (NOPLAT) a parcela resultante do weight average cost of capital (WACC) sobre o montante dos investimentos (total capital).
Atkinson et al (2000, p. 649) comentam “[...] que o valor econômico adicionado
avalia a receita relativa ao nível de investimento requerido para ganhar aquela receita. [...] o
valor econômico adicionado não motiva os gerentes a rejeitar investimentos que possam
ganhar mais que seu custo de capital”.
A algumas medidas que podem ser empregadas no intuito de aumentar o EVA,
como demonstra a figura 4.
Figura 4 - Ações para aumento do EVAFonte: Wernke (2001, p. 105).
Na seqüência, são evidenciadas algumas vantagens e limitações relativas ao
emprego do EVA.
Ações para aumentar o Valor Econômico Agregado
Tentar lucrar mais sem usar mais capital:Geralmente esta alternativa está associada à redução de custos e corte de gastos. É importante lembrar que existem diversas formas de elevar o faturamento, explorando-se oportunidades de mercado e as necessidades dos clientes.
Usar menos capital nas operações: neste caso, a empresa deve centrar ações na revisão dos processos e das despesas e custos atrelados a eles.
Investir capital em projetos de retorno elevado: a utilização de todo ou parte do capital deve ser extremamente criteriosa, de maneira que somente se busque selecionar e investir em projetos de alto retorno.
54
3.2.2 Benefícios e Limitações da utilização do EVA
Como toda ferramenta gerencial, em maior ou menor grau, sua utilização leva a
obtenção de benefícios, como também, tem suas limitações. O mesmo ocorre com EVA,
como demonstra este tópico.
Com a utilização do EVA, permite ao gestor verificar se os projetos postos em
práticas estão produzindo valor adicionado para a empresa, ou destruindo o capital dos sócios.
Wernke (2001, p. 106) expõe que “o custo do capital empregado aparece nas despesas com
juros da empresa, mas o custo do patrimônio líquido (um capital extremamente caro) com o
qual os acionistas contribuíram normalmente não é evidenciado em nenhum demonstrativo
financeiro”. Assim, o EVA vem elucidar aos gestores se os recursos empregados são
suficientes para pagar o custo do capital aplicado e agregar valor ao investimento.
Ao ser citada como exemplo de empresa que adotou o EVA, como um indicador
financeiro, a SPX Corporation (apud ATKINSON et al, 2000, p. 650) relaciona as seguintes
razões em adotar tal ferramenta:
trata os interesses dos acionistas e da administração da mesma maneira, encorajando o pessoal [...] a pensar e agir como donos; é facilmente compreendido e aplicado; ajusta-se aos esforços para melhorias operacionais, porque sucesso requer melhoria contínua do EVA; correlaciona-se mais fortemente ao valor de mercado que qualquer outra medida de desempenho operacional; une-se diretamente às expectativas do investidor através das melhorias objetivadas pelo EVA; enfoca o desempenho a longo prazo usando um banco de bônus e objetivos predeterminados de melhoria; fornece uma linguagem comum para medida de desempenho, apoio à decisão, compensação e comunicação.
Trata-se de um cálculo financeiro bastante simples, que possibilita a visualização
dos investimentos que trazem mais retorno. Mas, por sua forma de cálculo simplificada, não
quer dizer que se pode fundamentar decisões complexas do tipo: viabilidade de fusões,
incorporações, aquisições, cisões, etc. Enfim, o EVA, dentro do contexto financeiro, torna-se
um instrumento de suma importância para a gestão dos negócios e elaboração de estratégias
55
empresarias.
Outro ponto observado por Wanderley et al (apud WERNKE, CLÁUDIO, 2003,
p. 37) é “que o EVA reduz a falha da contabilidade financeira de calcular os lucros da
empresa sem identificar o custo de oportunidade do capital como uma despesa econômica”.
O EVA pode ser utilizado, também, como uma base de cálculo para distribuir
bônus a gerentes, funcionários e diretores, objetivando melhores performances com o intuito
de alcançar os objetivos dos acionistas. Nesse sentido, Blatt (2000, p. 144) comenta que “o
assunto às vezes é levado tão a sério que subsidiárias assinam um contrato de desempenho
com a matriz. Nele, o presidente da filial compromete-se a criar valor para a empresa. O
contrato é revisto todos os anos”.
O mesmo autor (2000, p. 151) ressalta, ainda, que há uma relação entre o mercado
de ações e as variações do EVA, “já se percebe a correlação íntima entre o crescimento do
EVA (criação de valor) e a valorização das respectivas ações nas bolsas de valores”.
No que tange as ponderações a serem consideradas pelos gestores, a fim de não
criar falsas expectativas na geração de subsídios atrelados a esse instrumento, Lopo et al
(2001, p.247) tecem algumas críticas relacionadas às versões de cálculo mais simplificadas do
EVA como: “a) apesar de reconhecer a inadequação dos resultados contábeis tradicionais para
a mensuração do valor do empreendimento, o modelo limita-se a ajustá-los globalmente, em
vez de tratar as informações à medida que ocorrem os eventos; b) a base de resultados globais
da empresa impede a identificação da contribuição gerada por área”.
Ainda, como limitações imputadas ao EVA, Saurin, Mussi e Cordioli (2000, p.
19) enfatizam outros cinco aspectos críticos relacionados à utilização desse indicador
financeiro, que são:
> [...] dificuldade em determinar o capital investido, ou seja, todo o dinheiro aplicado em ativos, estoques, contas a receber e caixa, e, sem isso, as empresas não conseguem alcançar os benefícios do EVA;> [...] o EVA tem como base a apuração do valor agregado de riqueza para o acionista em um determinado período, portanto constitui-se em essência num indicador de curto prazo, omitindo-se de considerar as perspectivas futuras do
56
negocio e da empresa. Ou seja, a simples verificação de que a empresa agregou riqueza em determinado período não significa que a empresa agregará em futuros períodos;> outro aspecto crítico na utilização do EVA está no fato de que esse instrumento pode inibir investimentos de grande montante e de maior prazo de maturação. A diferença entre o retorno do capital empregado e o custo de capital, quando levada ao extremo, pode desestimular que se efetuem investimentos de retorno à médio e longo prazo, que têm impactos futuros marcantes, mas que no curto prazo podem reduzir o EVA;> outra crítica ao EVA, muito pertinente, refere-se ao critério de avaliação do capital empregado. Deve ser este mensurado a custo histórico ou a valores de mercado? O modelo do EVA propõe a utilização do custo histórico como a base para a avaliação do capital investido. Entretanto, alguns críticos ponderam que o melhor indicador deve ser o valor de mercado;> o EVA também se demonstra limitado como indicador para empresas concentradas em capital intelectual. É notório que os negócios possuem, hoje, um perfil bastante diferenciado do passado, com indústrias cada vez mais intensivas em capital intelectual. Essa incompatibilidade entre a prática e os relatórios contábeis produzidos provoca distorções como são observados os fenômenos patrimoniais pela Contabilidade. Ocorre que o EVA baseados nos tradicionais relatórios contábeis acaba negligenciando essa mudança, ignorando a relevância do capital intelectual.
Como pode ser observado, quanto à lista de ponderações, não chegam a ser uma
barreira impeditiva para sua utilização como um indicador de valor, buscando a essência da
palavra limitações, porque não está ligada diretamente a uma conseqüência técnica de sua
aplicação e, sim, a forma como o gestor vai utilizar.
O EVA tem como proposto básico identificar na empresa, quais são os ativos que
têm seu valor maior do que o capital investido e, por conseguinte, realizar para os demais
ativos, um planejamento estratégico com o intuito de maximizar o retorno referente ao capital
utilizado pelos mesmos.
Com a implantação do EVA, como medida de desempenho, pode levar a empresa
a uma série de mudanças, como enumeram Saurin, Mussi e Cordioli (2000, p. 19-20):
maior conscientização da gerência quanto ao valor do capital que é por eles gerido, principalmente do valor associado ao patrimônio líquido; gestão mais empreendedora, principalmente no que tange a busca de formas alternativas (e eliminação/remoção de antigas barreiras mentais) de se aumentar o valor da companhia, porém alicerçada sob um planejamento mais detalhado, onde os resultados potenciais já foram simulados e refletidos nos valores futuros do EVA; fim das discussões sobre parâmetros mais adequados para se medir a performance da companhia ou unidade de negócio, sempre comparados contra resultados setoriais e não contra valores oferecidos pelo mercado na aplicação do capital envolvido. Desta forma, muitas empresas que apresentam os melhores indicadores do setor, ainda podem ter que realizar mais esforços para atingir os valores de rentabilidade oferecidos pelo mercado e assim um EVA positivo; possibilidade de desdobramento do EVA, um indicador principalmente financeiro, em indicadores de gestão de unidades de negócios (ex.: vendas, custos,
57
etc.) e associar a estes, indicadores de desempenho operacional (ex.: margem de vendas dos produtos, porcentagem de refugo de produtos etc).
Outro problema também encontrado nas organizações está relacionado a decisões
tomadas, relativas à avaliação de alternativas de investimentos como: comprar novos
equipamentos, instalar uma nova fábrica, comprar um veículo a prazo ou a vista, etc. Ou seja,
buscar dentre as alternativas apresentadas, a mais adequada, analisada de acordo com os
critérios financeiros dispostos.
Assim, no item seguinte apresenta-se alguns métodos determinísticos de Análise
de Investimentos, utilizados para apoiar uma tomada de decisão entre as alternativas de
investimentos.
3.3 Análise de Investimentos
Deparando-se com a escolha de alternativas de investimento, o gestor fica sempre
diante de um dilema, o de decidir se deve ou não investir, observando qual a melhor
alternativa. Existindo, ainda, outras variáveis a serem levadas em consideração como o quanto
e como investir seus recursos, para que sua decisão seja a mais saudável possível para a
empresa. Não é raro deparar-se com empresas que tomam decisões sem levar em conta o
custo do capital empregado. Somente um estudo econômico pode evidenciar tecnicamente
correto a viabilidade de um projeto, ou que a escolha realizada pelos gestores venha recair
sobre a melhor alternativa disponível.
Para auxiliar os gestores, nesse árduo processo de tomada de decisão, do ponto de
vista econômico e financeiro, pode-se utilizar os métodos encontrados na engenharia
econômica que, conforme De Francisco (1985, p. 197), “dá-se o nome de engenharia
econômica ao conjunto de métodos utilizados nas análises de investimentos e das técnicas
empregadas na escolha da melhor alternativa”.
58
O capital gerido pelos gestores, podem ser da própria empresa, de terceiros ou de
entidades governamentais, devem ser empregados de forma que sejam remunerados de acordo
com as expectativas de seus acionistas. Antonik (2004, p. 74) ressalta que “empresas sérias,
que não podem correr riscos e comprometer os investimentos de seus acionistas, não fazem
operações desequilibradas e raras vezes assumem condições de risco de ambientes
econômicos instáveis”.
Ao se tomar uma decisão acerca da implantação de um projeto, há alguns critérios
que devem ser considerados, como expõe Casarotto Filho e Kopittke (2000, p. 105): “-
critérios econômicos: rentabilidade do investimento, - critérios financeiros: disponibilidades
de recursos e - critérios imponderáveis: fatores não conversíveis em dinheiro”.
Pode ser observado, assim, que uma análise econômico-financeira por si só pode
não ser suficiente para subsidiar o gestor em seu processo de tomada de decisão. Existem,
também, fatores não quantificáveis como regras, objetivos e políticas adotadas pela empresa.
Alguns princípios básicos devem ser considerados ao se fazer um adequado
estudo econômico, como relatam Casarotto Filho e Kopittke (2000, p. 105):
a) deve haver alternativas de investimento. É infrutífero calcular se é vantajoso comprar um carro a vista se não há condições de conseguir dinheiro para tal;b) as alternativas devem ser expressas em dinheiro. Não é possível comparar diretamente 300 horas/mensais de mão-de-obra com 500 Kwh de energia. Convertendo os dados em termos monetários, teremos um denominador comum muito prático. Alguns dados, entretanto, são difíceis de se converter em dinheiro. Exemplos que ocorrem frequentemente nos casos reais são: boa vontade de um fornecedor, boa imagem da empresa ou status. São os chamados fatores imponderáveis, que são reservados para a tomada de decisão juntamente com os fatores ponderáveis;c) só as diferenças entre as alternativas são relevantes. Numa análise para decidir sobre o tipo de motor a comprar não é relevante saber o consumo de energia dos mesmos se ele for idêntico para ambos;d) sempre serão considerados os juros sobre o capital empregado. Sempre existem oportunidades de empregar dinheiro de maneira que ele renda alguma coisa. Ao se aplicar o capital em um projeto devemos ter certeza de ser esta a maneira mais rendosa de utiliza-lo;e) nos estudos econômicos, o passado geralmente não é considerado. Interessa o presente e o futuro. A afirmação “não posso estimar este carro por menos de UM 30.000,00 porque gastei isto com ele na oficina” não faz sentido. O que interessa é o valo de mercado do carro.
Ao se analisar alternativas para investimentos, considerando o valor do dinheiro
59
no tempo, há um conceito inerente à análise de investimentos que se faz necessário seu
conhecimento, que é a Taxa Mínima de Atratividade (TMA) como aborda o item a seguir.
3.3.1 Taxa Mínima de Atratividade (TMA)
Ao se analisar alternativas de investimentos, o gestor deve levar em consideração
de estar perdendo a remuneração do mesmo capital empregado em outra proposta de
investimento. Assim, esse fato demonstra a necessidade de se considerar uma taxa de juros ao
efetuar uma análise entre opções de investimentos.
A taxa mínima de atratividade na engenharia econômica é aquela que motiva o
investidor em optar ou não por um determinado projeto. Segundo Casarotto Filho e Kopittke
(2000, p. 108), “a nova proposta para ser atrativa deve render, no mínimo, a taxa de juros
equivalente à rentabilidade das aplicações corrente e de pouco risco".
A taxa mínima de atratividade poderia ser sintetizada como sendo a partir da qual
o investidor julga estar auferindo ganhos financeiros. O grande dilema fica por conta de qual
taxa de juros deve ser utilizada como parâmetro para analisar se a proposta de investimento é
atrativa ou não.
Pamplona e Montevechi (1999, p. 25) comentam que, para alguns autores “[...] a
taxa de juros a ser usada pela engenharia econômica é a taxa de juros equivalente à maior
rentabilidade das aplicações correntes e de pouco risco. Uma proposta de investimento, para
ser atrativa, deve render, no mínimo, esta taxa de juros”.
Sobre a escolha da taxa de juros a ser utilizada, Casarotto Filho e Kopittke (2000,
p. 109) definem algumas hipóteses como segue:
para pessoas físicas, no caso do Brasil, é comum a Taxa Mínima de Atratividade ser igual à rentabilidade da caderneta de poupança. Para as empresas, a determinação TMA é mais complexa e depende do prazo ou da importância estratégica das alternativas.Para investimentos de curtíssimo prazo, como por exemplo, comprar hoje uma matéria-prima com desconto ou daqui a cinco dias sem desconto, pode ser utilizada
60
como TMA a taxa de remuneração de títulos bancários de curto prazo como CDB’s.Em investimentos que envolvem o médio prazo (até seis meses), pode-se considerar como TMA a média ponderada dos rendimentos das contas do capital giro, como, por exemplo, aplicações de caixa, valorização dos estoques ou taxa de juros embutidas em vendas a prazo.Já em investimentos de longo prazo, a TMA passa a ser uma meta estratégica. Por exemplo, a empresa que tem como objetivo crescer seu patrimônio líquido em 10% a.a., e ainda possui uma política de distribuição de dividendos da ordem de 1/3 de seus lucros, deverá fixar como TMA estratégica a taxa de 15% a.a. Assim, poderá distribuir 5% como dividendos e reinvestir os 10% restantes.Já para empresas financeiras pode-se considerar a TMA como sendo a taxa a partir da qual elas passam a ter lucro financeiro. Elas captam recursos a determinada taxa, reaplicando com certa margem (SPREAD). A taxa de captação poderia ser considerada como a Taxa Mínima de Atratividade de um banco.
Ao se deparar com oportunidades de investimentos, o gestor estará sempre em um
dilema, que é o de investir ou não, observando qual o melhor alternativa. Para auxiliar nesse
processo de tomada de decisão, serão abordados no item seguinte, três métodos básicos da
análise de investimentos, o Método do Valor Anual Uniforme Equivalente (VAUE), Método
do Valor Presente Líquido (VPL) e o Método da Taxa Interna de Retorno (TIR).
3.3.2 Métodos de Decisão da Análise de Investimentos
Este item aborda os três métodos exatos da análise de investimentos, ou seja, o
Método do Valor Anual Uniforme Equivalente, Método do Valor Presente Líquido e o
Método da Taxa Interna de Retorno.
Esses métodos são equivalentes e indicam a mesma alternativa de investimento se
devidamente aplicados. Existem algumas vantagens e desvantagens a serem consideradas,
como também, a adaptabilidade de cada método a determinado tipo de problema.
3.3.2.1 Método do Valor Anual Uniforme Equivalente (VAUE)
Esse método consiste em achar uma série uniforme equivalente, aplicando a taxa
mínima de atratividade ao fluxo de caixa do investimento.
61
No entender de Pamplona e Montevechi (1999, p. 27), “este método caracteriza-se
pela transformação de todos os fluxos de caixa do projeto considerado, numa série uniforme
de pagamentos, indicando desta forma o valor do benefício líquido, por período, oferecido
pela alternativa de investimento”.
A idéia do método do valor anual uniforme equivalente é mostrada na figura 5.
Figura 5 - Valor Anual Uniforme Equivalente Fonte: Pamplona e Montevechi (1999, p. 27).
Na visão de Casarotto Filho e Kopittke (2000, p. 107), nesse método “acha-se a
série uniforme equivalente a todos os custos e receitas para cada projeto utilizando-se a TMA.
O melhor projeto é aquele que tiver o maior saldo positivo”.
Ainda, segundo o mesmo autor (2000, p. 116), “este método é adequado em
análises que envolvam atividades operacionais da empresa, com investimentos que
Fluxo dado
1 2 3 4
0
n
n 1 2 3 4
0
Fluxo equivalente
Fluxo previsto obter
62
normalmente possam repetir-se”.
Como os resultados apurados pelas empresas normalmente tem um período anual,
o método do valor anual uniforme equivalente ao padronizar os resultados dos investimentos,
tornará os dados mais palpáveis ao gestor no processo de tomada de decisão.
Esse método é usualmente utilizado para determinar a vida econômica de veículos
e equipamentos em geral, tem uma grande vantagem que consiste no fato de que as análises
feitas, considerando projetos com vidas diferenciadas, não seja necessária a repetição desses
até que se chegue a um horizonte de planejamento comum. Ou seja, o método do valor anual
uniforme equivalente já considera implicitamente o horizonte de planejamento.
3.3.2.2 Método do Valor Presente Líquido (VPL)
O método do Valor Presente Líquido é um método considerado exato, que se
encaixa no conceito abordado pela matemática financeira que é o de equivalência.
Esse método tem a mesma simplicidade quanto o do valor anual uniforme
equivalente e consiste em trazer a uma data de referência, comumente escolhida a data zero,
os valores de benefícios e de custos, obtidos a partir de um determinado fluxo de caixa, após
escolhida a taxa mínima de atratividade, é calculado a diferença entre eles.
A característica essencial do método do valor presente líquido, conforme
Pamplona e Montevechi (1999, p. 25), dá-se “pela transferência para o instante presente de
todas as variações de caixa esperadas, descontadas à taxa mínima de atratividade. Em outras
palavras, seria o transporte para a data zero de um diagrama de fluxos de caixa, de todos os
recebimentos e desembolsos esperados, descontados à taxa de juros considerada”.
Nesse método, é levado em consideração o valor temporal dos recursos
financeiros investidos, em que é medido o saldo atual gerado pelo projeto, após descontar o
investimento realizado e os juros gerados pelo projeto após sua realização.
63
A idéia do método do valor presente líquido é mostrada esquematicamente na
figura 6, a seguir.
Figura 6 - Valor Presente Líquido Fonte: Pamplona e Montevechi (1999, p. 25).
O valor presente líquido no entender de Monteiro (2003, p. 30), “é a diferença
entre o valor presente das entradas e saídas de caixa presentes e futuras, descontadas a taxa de
juros (taxa de desconto)”.
O valor presente líquido, expresso em unidades monetárias, é interpretado da
seguinte maneira, como expõe Correa (2002, p. 30):
a) quando o valor presente líquido for maior do que zero, indica que os valores referentes as entradas são maiores que os referentes às saídas, portanto, este é um bom projeto e que pode ser aceito;b) quando o valor presente líquido for igual a zero, indica que os valores referentes às entradas são iguais aos referentes às saídas, portanto, deve-se analisar se os riscos envolvidos no projeto compensam;c) quando o valor presente líquido for menor do que zero, indica que os valores referentes às entradas, são menores que os referentes às saídas, portanto, o projeto não é bom e não deve ser aceito.
0
Fluxo dado
1 2 3 4
0
n
n 1 2 3 4
Fluxo equivalente
Fluxo previsto obter
VPL
64
A figura 7 mostra o perfil do valor presente líquido de acordo com o que foi dito
anteriormente.
Figura 7 – Perfil do VPLFonte: Souza (1999, p. 67).
Através da figura anteriormente apresentada, pode-se evidenciar a relação inversa
entre o valor presente líquido e a taxa mínima de atratividade, ou seja, quanto maior for a taxa
mínima de atratividade, menor será o valor presente líquido encontrado.
3.3.2.2.1 Benefícios do Método do Valor Presente Líquido (VPL)
O método do valor presente líquido é bastante difundido, como suporte às
decisões de investimento, devido sua praticidade de elaboração e critérios claros e objetivos.
Conforme Monteiro (2003, p. 31), sua utilização apresenta algumas vantagens,
160
140
120
100
80
60
40
20
0
-20 5% 10% 15% 20% 25% 30%
VPLVPL
Taxa
65
que são:
a) ao contrário da taxa média de retorno contábil, o método do VPL usa fluxos de caixa ao invés de lucros líquidos, incluindo a depreciação como fonte de recursos. Esta característica torna a abordagem do VPL consistente com a teoria financeira moderna;b) o VPL, ao contrário da taxa média de retorno e do payback simples reconhece o valor do dinheiro no tempo;c) ao aceitar projetos com VPL positivos, a empresa também aumentará o seu valor (visando a maximização da riqueza dos acionistas) e não correrá o risco de aceitar um projeto com retorno negativo, num projeto onde existam múltiplas taxas internas de retorno;d) na comparação entre dois projetos de investimentos, o método do VPL permite que seja encontrada uma taxa de desconto ajustada ao risco de cada projeto, eliminando o problema de comparação entre projetos com perfis de risco diferenciados;e) na escolha entre dois projetos de investimentos mutuamente excludentes (ou independentes), nos quais distintas taxas de desconto podem inverter a ordem de preferência entre os projetos, o método do VPL é sempre o mais adequado, pois evita que decisões erradas sejam tomadas com base na TIR individual dos projetos.
Como vantagem do método do valor presente líquido, Correa (2002, p. 32)
relaciona ainda, que “o método pode ser aplicado a fluxos de caixa que contenham mais de
uma variação de sinal, tanto de entrada, como de saída”.
Portanto, fica evidente que num cenário onde a flexibilidade gerencia ainda é
pouca, o método do valor presente líquido apresenta-se consistente com o objetivo da empresa
de maximizar o retorno ao investimento do acionista.
3.3.2.2.2 Limitações do Método do Valor Presente Líquido (VPL)
Na abordagem do método do valor presente líquido, como qualquer outro método,
o gestor deve levar em consideração seus pontos considerado críticos.
Algumas desvantagens, com relação à utilização desse método, são citadas na
obra de Monteiro (2003, p. 32), como segue:
o ponto crítico da abordagem do VPL está na decisão de qual taxa de desconto utilizar. As taxas de desconto são influenciadas pelo nível de risco e duração do projeto, e tendem a subir acompanhando taxas de juros e inflação.Outra limitação da abordagem do VPL reside na necessidade de se assumir que a administração é capaz de fazer previsões dos fluxos de caixa dos anos futuros, e que as premissas adotadas permanecerão estáticas durante todo o projeto, sem qualquer intervenção dos gerentes em caso de resultados inesperados e desfavoráveis.No mundo corporativo real, quanto mais distante for o horizonte de tempo, maiores
66
serão as incertezas e mais imprecisas serão as previsões de fluxo de caixa, uma vez que estes fluxos são diretamente influenciados pelas vendas futuras, custos em geral (mão-de-obra, materiais, custos indiretos de fabricação), taxas de juros, políticas governamentais, aspectos climáticos, mudanças demográficas, políticas internacionais, gostos dos consumidores, novas tecnologias, e assim por diante.Desta forma, no método VPL, erros na previsão de fluxos de caixa podem levar à aceitação de um projeto que deveria ser rejeitado ou vice-versa. Além disso, apesar da estimativa de taxas de juros futuras ser tanto difícil como incerta, a premissa adotada pelo método de que a taxa de desconto é a mesma durante todo o projeto pode não ser realista. Esta situação, inclusive, também ocorre nos métodos da TIR e do payback ajustado, que partem do mesmo pressuposto básico.
Constata-se, assim, que o método do valor presente líquido possui limitações que
devem ser consideradas pelos gestores ao utilizá-lo, como subsídio na tomada de decisões.
Deve-se analisar os prós e contras, evidenciando a conveniência de usufruir ou não desse
método na tomada de decisão.
3.3.2.3 Método da Taxa Interna de Retorno
Uma terceira forma de analisar a viabilidade de aplicação, em um determinado
investimento, é a utilização do método da taxa interna de retorno.
Esse método é considerado exato e, também, enquadra-se no princípio de
equivalência, abordado pela matemática financeira.
É um método cotidianamente utilizado pelos gestores como apoio a tomada de
decisão, mas que, ao contrário do método do valor presente líquido, é um pouco mais
complicado de se obter.
O método da taxa interna de retorno é definido, segundo Souza (1999, p, 66),
como sendo “a taxa que torna o valor presente líquido (VPL) de um fluxo de caixa igual a
zero”.
Na análise de investimentos, explica Monteiro (2003, p. 29), “costuma-se
comparar a TIR do projeto em questão à taxa mínima ou a taxa desejada de retorno, que deve
ser menor do que a TIR. As empresas determinam suas taxas mínimas de retorno com base
67
em seus custos de financiamento e no risco do projeto”.
Como o método do valor presente líquido, o método da taxa interna de retorno
leva em consideração o valor do dinheiro no tempo, e, portanto, trata-se de uma clara
evolução perante a taxa média de retorno contábil e da regra do payback simples.
Um procedimento genérico e simples, para o cálculo da taxa interna de retorno, é
descrito por Souza (1999, p. 67), como mostra o quadro a seguir:
1. Arbitrar um valor para i e calcular o VPL. Um bom ponto de partida, quando disponível, é utilizar i = TMA.
2. Se VPL = 0, então i = TIR e o problema estará solucionado.Se VPL > 0, então aumentar o valor de i e ir para o passo 3.Se VPL < 0, então diminuir o valor de i e ir para o passo 3.
3. Recalcular o VPL. Se VPL mudou de sinal, ir para o passo 4, caso contrário voltar para o passo 2.
4. Encontradas as taxas i e i+ que tornam, respectivamente, VPL < 0 e VPL > 0 sabe-se com certeza que a taxa procurada estará entre i- e i+. Para melhorar a informação, pode-se ir, utilizando-se o conceito de ponto médio das taxas, aproximando i- de i+. Quando a diferença entre as taxas já estiver menor do que 2, pode-se acelerar o resultado utilizando-se interpolação linear.
Quadro 4 – Procedimento para o cálculo da taxa interna de retorno.Fonte: Souza (1999, p. 68).
Ao se proceder a uma análise de investimento, com base no método da taxa
interna de retorno, a melhor alternativa, do ponto de vista desse método, é a que tiver a maior
taxa de retorno, sendo encontrada, deverá sempre ser superior a taxa mínima de atratividade.
Assim, a interpretação para se tomar uma decisão com base no método da TIR,
conforme elucida Correa (2002, p. 34), deve ser a seguinte:
a) se a taxa interna de retorno é maior do que a taxa mínima de atratividade. Isso indica que os valores referentes às entradas são maiores que os valores referentes às saídas, então, o projeto deve ser aceito;b) se a taxa interna de retorno é igual à taxa mínima de atratividade. Isso indica que os valores referentes às entradas, são iguais aos valores referentes às saídas, então, deve-se avaliar se os riscos envolvidos no projeto são compensatórios;c) se a taxa interna de retorno for menor do que a taxa mínima de atratividade. Isso indica que os valores referentes às entradas, são menores do que os valores referentes às saídas, então, deve-se recusar o projeto.
68
A figura 8 mostra o perfil da taxa interna de retorno e, conforme foi dito, esta taxa
indica o ponto em que o valor presente líquido do projeto é igual a zero.
Figura 8 – Perfil da taxa interna de retorno.Fonte: Ross, Westerfild e Jordan (1998, p. 175).
A obtenção de altas taxas de retorno são resultantes, segundo Correa (2002, p.
35), “[...] de investimentos que tenham em seu fluxo zero, o sinal negativo e nos demais
fluxos o sinal positivo, sem que ocorram alterações neste últimos”.
A utilização prática do método da taxa interna de retorno, conforme comenta
Casarotto Filho e Kopittke (2000, p. 133), “dá-se normalmente em projetos de implantação ou
expansão industrial como comparação com os índices normais do setor a que o projeto se
referir”.
Os mesmos autores (2000, p. 133) ressaltam, ainda, que no Brasil, junto as
maiores empresas“[...] apesar das dificuldades citadas, o método da TIR é o mais utilizado.
Isto se deve provavelmente ao fato de que seu resultado é bem mais palpável ou “falante” do
5 10 15 20 25 30
20
15
10
5
0
-5
-10
-15
VPL > 0
VPL < 0
r (%)
VPL (R$)
TIR = 13, 1%
69
que os métodos do VPL ou VAUE”.
3.3.2.3.1 Benefícios do Método da Taxa Interna de Retorno
Como um método muito popular na área de análise de investimentos, que
possibilita a comparabilidade entre projetos distintos, o método da taxa interna de retorno
apresenta algumas vantagens, como descreve Correa (2002, p35): “a) é de fácil e, portanto,
assimilável, a sua visualização, após obtido o resultado, por este ser expresso em percentuais;
b) leva em consideração o valor do dinheiro no tempo”.
Apesar de um pouco mais trabalhoso, esse método é bastante intuitivo, devido sua
forma de apresentação em percentual e amplamente utilizado como ferramenta de apoio a
tomada de decisão.
3.3.2.3.2 Limitações do Método da Taxa Interna de Retorno
Restrições a esse instrumento da análise de investimentos devem ser levadas em
consideração em sua utilização. Uma análise de projetos, realizada puramente pelo método da
taxa interna de retorno, pode levar a resultados não realistas.
Como limitações, podem-se citar, conforme Correa (2002, p. 35), as que são
visualizadas a seguir:
a) o cálculo da taxa interna de retorno é calculado por interatividade, ou seja, por tentativa e erro, o que torna-o muito difícil de ser calculado manualmente. Atualmente, este cálculo pode ser feito por calculadoras ou planilhas eletrônicas, com resultados confiáveis;b) o resultado não é consistente em análises onde o fluxo de caixa, ocorrem diversas trocas de sinal;c) o resultado é consistente em análises onde o primeiro seja negativo, indicando saídas;d) o método supõe que os saldos serão reaplicados à mesma taxa do investimento, o que na prática nem sempre ocorre.
Um outro problema, quanto à utilização do método da taxa interna de retorno,
70
abordado por Casarotto Filho e Kopittke (2000, p. 133), é possível “[...] ocorrer algumas
situações de difícil solução, como é o caso dos fluxos de caixa que não admitem TIR no
campo real ou que admitem TIRs múltiplas”.
Nestes casos, a dificuldade de optar por uma taxa a ser comparada com a taxa
mínima, agrega limitações ao método.
3.3.2.4 Alternativas com vidas diferentes
Os métodos do valor presente líquido e da taxa interna de retorno, citados nos
itens anteriores, foram delineados para comparar projetos com horizontes de planejamento
iguais.
Ao tomar decisões sobre qual projeto deve ser escolhido, o gestor vai se deparar
com propostas cujos horizontes de planejamento são diferentes. Cotidianamente, pode-se
afirmar que projetos que tenham vidas iguais são muito mais uma exceção do que regra.
Desse modo, ao se analisar projetos utilizando o método do valor presente líquido
ou o método da taxa interna de retorno, em casos de projetos que não tenham repetições, ou
seja, que são considerados isoladamente, simplesmente calculam-se os valores presentes
líquidos, considerando que a diferença de duração dos projetos seja aplicada à taxa mínima de
atratividade.
Mas, se os projetos analisados tiverem vidas diferentes e puderem ser renovados
nas mesmas condições atuais, Casarotto Filho e Kopittke (2000, p. 119) mencionam que
“deverá ser considerado como horizonte de planejamento o mínimo múltiplo comum da
duração dos mesmos. Em outras palavras, deve-se supor que os projetos sejam repetidos até
que se chegue a um horizonte de planejamento comum”.
Nesse mesmo sentido, Souza (1999, p.75) comenta que:
se se pretende continuar no mesmo ramo de atividade, é plausível imaginar que, se a opção recair no projeto com menor N, então, ao término desse projeto, o decisor
71
deverá se deparar com decisão similar. Neste caso, é realístico fixar um horizonte de análise idêntico para ambos os projetos. Isso pode ser feito replicando-se os projetos até o mínimo comum de suas vidas.
Portando, quando se efetuar a análise entre projetos, que apresentam vidas
diferentes, requer que as alternativas dispostas sejam levadas para um mesmo horizonte
comum de planejamento. Desse jeito, as alternativas são comparadas em uma mesma base
temporal.
No capítulo a seguir, são evidenciados alguns exemplos de cálculos, utilizando-se
as ferramentas anteriormente citadas, bem como, exemplos de informações que possam ser
obtidas através das soluções encontradas com base nessas ferramentas.
72
4 EXEMPLOS PROPOSTOS PARA O USO DE FERRAMENTAS GERENCIAIS
Neste capítulo, são exemplificadas algumas situações encontradas
frequentemente, que geram incertezas acerca das decisões a serem tomadas. São utilizadas as
ferramentas descritas anteriormente, para gerar possíveis respostas aos problemas
encontrados.
Em virtude de diversos fatores como concorrência acirrada, globalização,
mudanças na economia, etc., cresce a busca constante de mecanismos, sistemas e
procedimentos que contribuem para que as decisões sejam cada vez mais concisas e saudáveis
para a gestão dos negócios.
A utilização dessas ferramentas, assim, almeja fornecer aos gestores meios que
tornem flexíveis e corretas as decisões a serem tomadas.
Assim, o capítulo demonstra situações fictícias, baseados na literatura encontrada,
dando soluções para esses problemas e evidenciando informações que os gestores possam
utilizar como subsídio à tomada de decisão, utilizando-se das ferramentas de Análise de
Custo/Volume/Lucro, do Valor Econômico Adicionado e da Análise de Investimentos.
As ferramentas, aqui bordadas, não se limitam apenas a exemplos hipotéticos,
podem ser utilizadas em qualquer segmento de mercado, desde que adaptadas a cada
realidade.
No item a seguir, são abordados exemplos para a ferramenta de Análise de
Custo/Volume/Lucro.
73
4.1 Exemplo proposto para a Análise de Custo/Volume/Lucro
Considerando os dados, relacionados na tabela 1, é calculado a Margem de
Contribuição, Ponto de Equilíbrio e a Margem de Segurança.
Tabela 1 - Exemplo de dados para uso da análise de custo/volume/lucro.
Produto A B
Preço de venda unitário ($) 1.000 2.000Matéria-prima/unidade ($) 500 1.500
Comissão sobre vendas ($) 20 50
Impostos sobre vendas ($) 200 350
Quantidade vendida 2.000 3.000
Vendas Totais ($) 8.000.000
Custos fixos 584.800
Obs: para efeito de simplificação, os valores relativos à comissão e impostos já estão em $.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2004.
A tabela 2 demonstra o cálculo da margem de contribuição unitária em valor e em
percentual, de acordo com os dados da tabela 1.
Tabela 2 – Cálculo da margem de contribuição.
Cálculo da Margem de Contribuição A B
(1) Preço de venda unitário 1.000 2.000(2) Custo unitário de Compra (500) (1.500)
(3) Despesas variáveis de venda
- Impostos sobre vendas (200) (350)
- Comissão sobre vendas (20) (50)
(4 = 1-2-3) Margem de contribuição unitária ($) 280 100
(5) Margem de contribuição em percentual ([(4)/(1)] x 100) 28% 5%
Fonte: Elaborado pelo autor, 2004.
Cálculo do ponto de equilíbrio mix em unidades.
74
Após, encontrado o ponto de equilíbrio total em unidades, calcula-se quanto desse
total refere-se aos produtos individualmente, de acordo com o percentual que representa a
quantidade vendida de cada produto do volume total vendido.
Para o cálculo do ponto de equilíbrio em valor, basta multiplicar o ponto de
equilíbrio mix em unidades de cada produto pelo respectivo preço de venda. Como mostra a
seguir a tabela 3.
Tabela 3 – Cálculo do ponto de equilíbrio por produto.
Ponto de Equilíbrio mix A B
(1) Ponto de equilíbrio mix total (unidades) 3.400(2) Percentual em relação as vendas 40% 60%
(3) Composição do ponto de equilíbrio mix ((1) x (2)) 1.360 2.040
(4) Preço de venda 1.000 2.000
(5 = ((3) x (4))) Ponto de equilíbrio mix em valor 1.360.000 4.080.000
Fonte: Elaborado pelo autor, 2004.
75
Cálculo da margem de segurança em valor, em unidades e em percentual, de
acordo com os dados da tabela 1.
Analisando os resultados encontrados com análise de custo/volume/lucro, o gestor
tem como determinar quais mercadorias são mais rentáveis, como mostra o exemplo, que a
empresa vem trabalhando com o produto A, que gera para empresa uma margem de
contribuição de 28%, enquanto o produto B traz para a empresa 5%. Assim, o gestor tem
subsídios para a escolha, no caso de estratégias de vendas como: venda casada, associando a
mercadoria com melhor margem de contribuição a outra com margem de contribuição menor.
Tem como definir quais mercadorias podem ser colocadas em oferta, ou terão seus preços
alterados e, ainda, aceitar ou rejeitar venda em quantidade superior que a normal, porém, com
preço inferior ao de lista.
Observando os resultados do ponto de equilíbrio, a empresa vem conseguindo
superar seus custos, cujas vendas alcançam 5.000 unidades produzidas e vendidas, superando,
assim, seu ponto de equilíbrio de 3.400 unidades. Gerando, portanto, uma segurança para a
empresa de 1.600 unidades.
76
4.2 Exemplo proposto para o Valor Econômico Adicionado
Considerando que uma empresa possui capital total (passivos mais patrimônio
líquido) de $ 400.000, formados por 30% de capital emprestado a juros de mercado (por
exemplo, a 40% real ao ano) e os 70% restantes são referentes ao patrimônio líquido da
empresa, com taxa de retorno esperada pelos acionistas de 30% ao ano. Assumindo que o
lucro líquido, após o pagamento dos impostos (imposto de renda e contribuição social sobre o
lucro líquido), seja de $ 150.000.
Solução:
Como passo inicial, é calculado o custo do capital, através da média ponderada
das taxas sobre recursos captados de terceiros e da taxa de retorno desejada pelos acionistas,
aplicadas sobre o capital total que abrange o capital próprio e o captado de terceiros.
Capital total = Passivos + Patrimônio Líquido = $ 400.000
Após conhecido o custo do capital, o valor econômico adicionado pode ser
computado, subtraindo tal custo do lucro líquido depois dos impostos.
Como pode ser observado, o valor resultante foi positivo, o que significa que a
empresa gerou valor econômico adicionado de $ 18.000. Gerando assim, retorno superior ao
77
custo de oportunidade do investimento.
4.3 Exemplo proposto para a Análise de Investimentos
Para cálculo ou transformação dos exemplos dispostos a seguir, é utilizada a
notação internacional, bem como, fatores de multiplicação, já tabulados conforme anexo A.
As notações internacionais utilizadas, como as devidas fórmulas para se achar os
fatores multiplicadores tabulados, estão resumidas, conforme exposto no quadro 5.
(continua)
PAGAMENTO SIMPLESNOTAÇÃO
INTERNACIONALFÓRMULA
1. Achar F dado P (F/P; i; n)
2. Achar P dado F (P/F; i; n)
SÉRIE UNIFORME
1. Achar F dado A (F/A; i; n)
2. Achar P dado A (P/A; i; n)
3. Achar A dado F (A/F; i; n)
4. Achar A dado P (A/P; i; n)
SÉRIE GRADIENTE
1. Achar A dado G (A/G; i; n)
(conclusão)2. Achar P dado G (P/G; i; n)
Quadro 5 – Fórmulas dos fatores das tabelas financeiras.
78
Fonte: Casarotto Filho e Kopittke (2000, p. 408).
4.3.1 Exemplo utilizando o Método do Valor Anual Uniforme Equivalente
Supondo que uma empresa dispõe de UM 30.000 e possua duas alternativas de
investimento em um tipo de equipamento industrial:
a) equipamento de Marca A: exige um investimento inicial de UM 26.000 e
proporciona um saldo líquido anual de UM 8.000 por sete anos.
b) equipamento de Marca B: investimento inicial de UM 30.000 e saldo líquido de
UM 11.000 por sete anos.
Qual a alternativa mais econômica, sabendo que a taxa mínima de atratividade da
empresa é de 30% ao ano, utilizando o método do valor anual uniforme equivalente?
Solução:
Representação do fluxo de caixa das alternativas de investimento, como mostra a
figura 9.
79
Figura 9 – Fluxo de caixa das alternativas.Fonte: Elaborado pelo autor, 2004.
Considerando-se para o cálculo o desembolso de dinheiro como sendo negativo e
as entradas como positivas, o valor anual uniforme equivalente da alternativa de investimento
A e demonstrado abaixo:
Cálculo da alternativa de investimento B, considerando o mesmo critério de
sinais, utilizado na alternativa A, é demonstrado abaixo:
1 7
0
26.000
13.000A
1 7
0
30.000
12.000B
TMA = 30% a.a.
80
Analisando os valores, tanto a alternativa A, quanto a B, são economicamente
viáveis, pois o capital empregado rende 30% a.a., mais um saldo líquido de UM 3.721,29 para
a alternativa A e UM 1.293,79, para a alternativa B.
Entretanto, utilizando o método do valor anual uniforme equivalente, o gestor
pode constatar que a alternativa A é mais viável do que a alternativa B, pois apresenta um
valor anual uniforme equivalente maior.
4.3.2 Exemplo utilizando o Método do Valor Presente Líquido
Supondo que uma empresa tem caixa UM 300.000 e conta com duas alternativas
para a aquisição de uma máquina a ser utilizada em seu processo produtivo, como demonstra
a figura 10. Sua TMA é de 20% aa.. Qual a melhor alternativa utilizando o método do valor
presente líquido?
Figura 10 – Fluxo de caixa das alternativas.Fonte: Elaborado pelo autor, 2004.
TMA = 20% a.a.
1 2 3 4
0
300.000
120.000A 120.000 120.000 120.000
1 2 3 4
0
280.000
105.000B 105.000 105.000 105.000
81
Calculando as alternativas dispostas, utilizando o método do valor presente
líquido, temos:
Analisando as duas alternativas, a alternativa A é a mais vantajosa, pois oferece
maior valor presente líquido para o investidor, remunerando, assim, o capital investido acima
do esperado pelos investidores. Ou ainda, que se poderia gastar mais UM 10.648,20 como
investimento no início do primeiro período e, mesmo assim, os ganhos remunerariam o
investimento em 20%. Já, a alternativa B, como que se chegou a uma solução negativa para o
VPL, no valor de – 8.182,83, é uma opção pior do que não investir, ou seja, os ganhos não
cobrem a taxa de aplicação esperada.
4.3.3 Exemplo utilizando o Método da Taxa Interna de Retorno
Supondo que uma empresa disponha de duas alternativas para introduzir uma
linha de fabricação para um dos componentes de seu principal produto, a alternativa A é para
implantação de um processo totalmente automatizado que exigirá um investimento de UM
260.000 e resultará em saldos anuais de UM 66.844,04, durante cinco anos. A alternativa B é
82
para implantação semi-automatizado, exigindo um investimento mais baixo, no valor de UM
160.000, e proporcionará saldos anuais de UM 43.291,25, também durante cinco anos. A
TMA adotada pela empresa é de 6% ao ano.
Utilizando-se do método da taxa interna de retorna, qual a melhor alternativa?
Solução:
Os fluxos de caixa das alternativas, citadas acima, são demonstrados de acordo
com a figura 11, a seguir:
Figura 11 – Fluxo de caixa das alternativas.Fonte: Elaborado pelo autor, 2004.
Como passo inicial para o cálculo da taxa interna de retorno, é arbitrar um valor
para i e calcular o VPL, como mostra o procedimento do quadro 4, citado anteriormente.
TMA = 6% a.a.
1 2 3 4 5
0
260.000
66.844,04A
1 2 3 4 5
0
160.000
43.291,25B 43.291,25 43.291,25 43.291,25 43.291,25
66.844,04 66.844,04 66.844,04 66.844,04
83
Como a TMA é mencionada no problema, essa será utilizada como ponto de partida para i.
Depois de encontrado o intervalo que se encontra a taxa de retorno (entre 8% e
10%), que tornam, respectivamente, VPL < 0 e VPL> 0 pode-se acelerar o resultado,
utilizando-se interpolação linear.
Efetuando os mesmo procedimentos para o projeto B, é obtido o seguinte
intervalo onde se encontra a taxa de retorno:
Acelerando o resultado através da interpolação linear, tem-se o seguinte resultado
84
para a alternativa B:
Aplicando UM 260.000 na alternativa A equivale a aplicar UM 160.000 em B e a
diferença de UM 100.000, deverá ser aplicada a uma taxa de, no mínimo, igual à TMA, que é
a melhor opção do investidor. O que é chamado de investimento incremental (A – B).
Nesse caso, se faz necessário achar o TIR do investimento incremental, conforme
os cálculos a seguir.
Solução:
O fluxo de caixa do investimento incremental (A – B) é demonstrado conforme a
figura 12, a seguir:
Figura 12 – Fluxo de caixa do projeto incremental (A – B).Fonte: Elaborado pelo autor, 2004.
Efetuando os mesmo procedimentos para o projeto para o investimento
incremental, é obtido o seguinte intervalo, no qual se encontra a taxa de retorno:
TMA = 6% a.a.
1 2 3 4 5
0
100.000
23.552,79
Investimento incremental (A-B)
23.552,79 23.552,79 23.552,79 23.552,79
85
Acelerando o resultado através da interpolação linear, tem-se o seguinte resultado
para a o investimento incremental (A – B):
Tabela 4 – Tabulação dos resultados.
Ano A B (A – B)
Investimento Inicial 0 -260.000 -160.000 -100.000
Economia Anual 1 A 5 66.844,04 43.291,25 23.552,79
TIR - 9% 11% 5,71%
Fonte: Elaborado pelo autor, 2004.
Analisando as soluções encontradas, investimento mais vantajoso, portanto, seria
o B, pois para equivaler ao projeto A, a empresa teria que aplicar a diferença (A – B) num
investimento que rendesse no mínimo 5,71%. Como se supõe que ela possui a alternativa de
aplicar a diferença à TMA de 6%, verifica-se facilmente que ela opte por B.
86
5 CONCLUSÃO
Com um mercado mostrando-se cada vez mais competitivo e até mesmo hostil, e
o concorrente pode estar localizado do outro lado do mundo e, ainda, contar com tecnologia
avançada, qualidade superior e com custos mais baixos, as empresas estão percebendo que o
sucesso ou fracasso depende cada vez mais de como elas gerenciam e usam as informações.
As organizações para sobreviverem nesse contexto, necessitam de informações precisas,
confiáveis e tempestivas para tomadas de decisões, com o intuito de se tornarem mais
eficientes e eficazes na busca de maior produtividade e utilização adequada dos recursos
disponíveis dentro do seu segmento de atuação.
Diante dessa realidade, as empresas, seja ela pequena, média ou grande, carecem
de ferramentas eficientes, que dêem ao gestor respostas para as dúvidas encontradas no
âmbito empresarial, auxiliando, assim, no processo de gestão dos negócios.
Mesmo as empresas obtendo um controle pouco ou muito formalizado, esse é
extremamente fundamental para assegurar que o desempenho de suas atividades saia
conforme o desejo de seus gestores e acionistas, e contribua para a consecução das estratégias
empresariais e dê aos gestores subsídios no processo de tomada de decisão.
As mudanças vêm direcionando caminhos aos quais as empresas tentam
acompanhar para não se tornarem invisíveis no mercado. Essas afetam a maneira como as
empresas realizam sua gestão, desde o processo de tomada de decisão até a tecnologia
empregada.
87
Administrar uma empresa, trata-se de guiá-la por caminhos cheios de obstáculos,
em que o gestor precisa tomar decisões a cada instante. E o diferencial de uma para outra
figura no domínio que o gestor tem quanto às ferramentas gerenciais, utilizadas como
instrumento para guiá-lo.
Entretanto, apenas ter uma ferramenta gerencial não é o bastante para a empresa, é
imprescindível a escolha e a compreensão de como ela funciona.
Uma história citada por Prado (2001, p. 1), exemplifica bem esta situação.
Um típico lorde inglês, com cartola, fraque e bengala sai para sua caminhada diária quando começa a baixar um intenso nevoeiro. Sem se importar muito o lorde continua o seu passeio, pois é um caminho que ele conhece e domina muito bem. Já caminhava há mais de trinta minutos quando percebeu que não conseguia mais ver nem um palmo a frente de seu nariz. Pensou, pensou, e concluiu: Conheço cada rua, cada prédio, cada obstáculo e tenho um bom senso de direção, assim continuou a andar, até que o fog tornou-se tão espesso que não dava para seguir em frente. Novamente o lorde começou a conjeturar sobre que ferramentas tinha a sua disposição para continuar. Concluiu que a bengala que carregava era um ótimo instrumento, dito e feito, assim procedeu. Colocava a bengala a frente e tocava, estando livre seguia. A certa altura ele tocou com a bengala a frente e nada, tocou a direita, nada, tocou a esquerda e nada, resolveu voltar e tocou atrás, também nada. O lorde ficou aturdido e na sua cabeça começou a passar mil hipóteses: Onde será que estou? Será que existe um abismo em minha volta? O que eu posso fazer nesta situação? E lá ficou o nosso lorde inerte por horas a fio até que o nevoeiro passou e então ele pode perceber que sua bengala havia quebrado.
Através dessa história, pode-se ter uma idéia de como se sente grande parte dos
gestores frente à competitividade encontrada no dia-a-dia, onde, junto ao conhecimento
exigido, faz-se necessário ter as ferramentas adequadas e ajustadas a cada âmbito empresarial,
para enfrentar as intempéries.
A gestão da empresa, sem qualquer embasamento técnico ou de forma
inadequada, pode conduzir a informações enganosas cujos reflexos só venham a ser
detectados após haver perda de competitividade e lucratividade. Uma grande parte dos
gestores tomam suas decisões, até mesmo baseado em situações ou experiências passadas, que
não expressam mais a realidade presente.
Cabe ao gestor a necessidade de conhecer todo o sistema empresarial e adotar
instrumentos que lhe indique como está a empresa a cada momento, prevendo ou simulando
88
mudanças para a elaboração antecipada de suas estratégias, e dê meios para ajustar o
andamento com agilidade e eficácia.
A utilização das ferramentas, conforme proposto neste trabalho, pode ser capaz de
auxiliar sobremaneira a gestão dos negócios, levando-se em conta a fundamentação teórica,
haja vista a eficiência e facilidade de aplicação encontrada durante o estudo.
Entretanto, as ferramentas gerenciais não podem construir-se em um instrumento
burocrático, que tenha um fim em si mesmo. Mas ao contrário, deve ser um instrumento de
gestão, ou seja, auxiliar o gestor em suas atividades operativas.
Para estudos vindouros, sugere-se a pesquisa de outras ferramentas gerenciais que
maximizem o desempenho e o controle empresarial, pois as empresas estão expostas a um
mercado que exige ações rápidas e eficazes.
Outra possibilidade é a elaboração de planilhas para as ferramentas propostas, a
fim de que as informações sejam obtidas de forma mais ágil e precisa.
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