1
VIII Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos
MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA EM MICROBACIAS:
ESTUDO DE CASO DA MICROBACIA MARACANÃ, SOMBRIO-SC.
Álvaro José Back1 & Sérgio Luiz Zampieri
2; Ivan Tadeu Baldissera
3; Francisco Deschamps
4;
Hamiltom Justino Vieira5
RESUMO: O componente monitoramento do Projeto Microbacias2 em Santa Catarina, tem como
objetivo disponibilizar as informações para o planejamento e a reorientação das ações do Projeto.
Neste trabalho avalia-se parte dos resultados do monitoramento dos parâmetros de qualidade da
água da rede hídrica realizado no período de novembro de 2004 a maio de 2008, na microbacia
Maracanã, localizada no município de Sombrio, SC. A microbacia com área aproximada de 24 km²
tem ocupação principal a agricultura com destaque para as lavouras de fumo e arroz
irrigado.Tomando como base a resolução 357/2005 do Conama para água de classe 2, observou-se
que na foz da bacia: 31,8 % das amostras apresentam teor de E. coli acima do limite máximo; 5%
das amostras apresentam pH abaixo do limite mínimo; 72,7% das amostras apresentavam teor de
fósforo acima do limite máximo; para turbidez, nitrato e nitrito todas amostras estão em
conformidade com a resolução. A concentração de sólidos totais média foi de 115 mg/L, sendo 78
% devido a sólidos dissolvidos e 21,2 % devido a sólidos solúveis.
ABSTRACT: The monitoring component of the Project Microbacias2 in Santa Catarina, aims to
make information available for planning and reorientation of the actions of the Project. In this work
it is evaluated part of the results of the monitoring of the parameters of quality of the water of the
hidric net accomplished in the period of November from 2004 to May of 2008, in microbasin-
Maracanã, located in the municipality of Sombrio, SC. The watershed, with approximate area of 24
km², has main occupation the agriculture with emphasis for the crops of tobacco and irrigated rice.
Taking as base the resolution 357/2005 of Conama for water of class 2, it was observed that in the
mouth of the basin: 31,8% of the samples present levels of E. coli above the maximum limit; 5% of
the samples present pH below the minimum limit, 72.7% of the samples showed levels of
phosphorus above the maximum limit, for turbidity, nitrate and nitrite all samples are in accordance
with the resolution. The average concentration of total solids was 115 mg/L, The average
concentration of total solids was of 115 mg / L, being 78% due to dissolved solids and 21,2% due to
soluble solids.
Palavras-chave: sedimentos; coliformes.
1 Pesquisador Epagri, E.E. Urussanga, [email protected]. 2 Pesquisador Epagri, EPAGRI/Ciram, [email protected] 3 Pesquisador Epagri, EPAGRI/Cepaf, [email protected]
4 Pesquisador Epagri, EPAGRI/ E.E. Itajaí, [email protected] 5 Pesquisador Epagri, EPAGRI/Ciram, [email protected]
2
VIII Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos
INTRODUÇÃO
O crescimento demográfico e as diversas pressões de uso e demanda dos recursos naturais,
acabaram contribuindo para a rápida degradação e redução da disponibilidade da água de qualidade.
Estes aspectos têm servido de alerta para que a sociedade discuta e busque as melhores condições
de sustentabilidade ambiental.
O uso inadequado do solo, associado a despreocupação das populações do meio rural em
relação a preservação da qualidade da água, acaba afetando negativamente as fontes e poços. Dessa
forma, comprometem as condições de saúde e qualidade de vida, pois via de regra, a água para
consumo e uso doméstico no meio rural tem origem nestes locais. Se no meio urbano, a
disponibilidade e a qualidade da água tratada e destinada ao consumo humano pode ser considerada
boa, o mesmo não ocorre no meio rural (Alves et al., 2002). Portanto, ações de extensão rural para o
treinamento das populações rurais em formas de preservação e manutenção da qualidade da água
são ainda necessárias. Isto ganha importância se considerar que o meio rural pode contribuir de
forma decisiva para a garantia de água para os centros urbanos.
As desigualdades na disponibilidade e distribuição da água de boa qualidade a população,
pode se constituir em discussão ética (Pontes e Schramm, 2004). Isto pode ser entendido,
considerando-se a água como um bem comum à sociedade, cabendo ao estado a responsabilidade de
garantir o acesso não somente a água potável, mas também ao saneamento básico. Este último
assume especial importância nos conglomerados urbanos, apresentando efeitos diretos tanto na
qualidade quanto na quantidade de água disponível para a população.
O Projeto Microbacias2 que está sendo conduzido no Estado de Santa Catarina, e tem como
prioridade: a redução da pobreza rural; e a melhoria e a gestão dos recursos naturais. Neste enfoque,
a renda e o sustento das famílias rurais mais pobres tendem a melhorar segundo o Banco Mundial
(2002), na medida em que efetivamente: (i) realmente haja esforços por parte do Governo para
integrar a sustentabilidade ambiental e social às estratégias de desenvolvimento e à redução da
pobreza; (ii) que seja intensificada a governança local e a participação comunitária na tomada de
decisões; (iii) que ocorra a reversão da degradação do solo e a melhoria da proteção dos recursos
naturais no âmbito estadual; e (iv) na consolidação de oportunidades para seja gerada renda e
possibilidades de sustento para as famílias dos pobres rurais (Banco Mundial, 2002).
Um dos focos prioritários deste projeto é a melhoraria e a gestão dos recursos naturais. Neste
contexto a reversão da degradação do solo e a melhoria da proteção dos recursos naturais,
notadamente a água. No Projeto Microbacias2 foi previsto o monitoramento socioeconômico e
3
VIII Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos
ambiental de sete microbacias representativas das regiões hidrográficas do Estado de Santa Catarina
(SC). Os critérios utilizados para selecionar as microbacias trabalhadas foram: (i) o grau de
contaminação das águas por agrotóxicos e/ou dejetos suínos; (ii) o nível de pobreza das
comunidades rurais; (iii) a forma e utilização da água para abastecimento; e (iv) o índice de
intensidade de uso da terra (erosão).
Este trabalho tem como objetivo analisar os dados de qualidade da água e de sólidos em
suspensão da microbacia Maracanã, localizada no município de Sombrio, sul de Santa Catarina.
MATERIAL E MÉTODOS
A microbacia Maracanã está localizada no município de Sombrio, tem como principal rio o
Córrego Garuva com uma área de drenagem de aproximadamente 24 km², sua foz é no Rio da Lage,
principal rio da Bacia hidrográfica do Rio Mampituba (Figura 1). O perímetro da microbacia é de
28,55 km, classificada segundo critério de Strahler como bacia de 4°ordem. O comprimento do rio
principal de 7,6 km e o comprimento total dos cursos da água é de 56,2 km. O coeficiente de
compacidade Kc é de 1,63 e a densidade de drenagem de 2,34 km/km². A altitude máxima da bacia
é de 340 metros e atitude mínima de 9 metros.
Na microbacia existem 120 propriedades rurais, com 139 famílias de produtores. Na produção
agrícola destacam-se as principais atividades, que são: (i) fumo (1.707 ha); arroz irrigado (1.290
ha); milho (700 ha); mandioca (200 ha); e feijão (170 ha). Em relação aos cultivos permanentes as
principais atividades são: (i) banana (400 ha); e (ii) maracujá (50 ha). Na pecuária o plantel de
frango totaliza (240.000 aves); bovinos (5.600 cabeças); e suínos (1.080 cabeças).
O clima da região, segundo classificação de Koeppen é mesotermico úmido, com verões
quentes (Cfa). A temperatura média anual está na faixa de 17,0 a 19,3°C, com as máximas variando
de 23,4 a 25,9°C e as mínimas de 12,0 a 15,1°C. A precipitação total anual varia entre 1220 a 1660
mm e a evapotranspiração média anual varia de 800 a 1000 mm (Pandolfo et al., 2002).
Os parâmetros analisados nestas amostras foram os seguintes: coliformes fecais, temperatura;
oxigênio dissolvido; turbidez, pH; nitrato; nitrito; fósforo total; determinação de sólidos suspensos.
Os métodos analíticos utilizados na análise dos parâmetros em estudo estão baseados nas descrições
da Standard Methods (20ª edição) e, em manuais da Cetesb. Os coliformes são determinados por
método enzimático (Colilert) para a detecção e quantificação simultâneas de coliformes
termotorerantes (E. coli) e totais. Pela natureza desses parâmetros, as medições de temperatura, pH,
e oxigênio dissolvido foram realizados no momento da coleta das amostras. Estas medidas foram
4
VIII Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos
determinadas com uma multissonda de campo da marca Orion modelo 1230. Para as demais
determinações, as amostras foram transportadas para o laboratório de análise de águas da Estação
Experimental de Urussanga, da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa
Catarina (Epagri).
Figura 1. Localização da área de estudo
As coletas de sedimentos em suspensão foram realizadas conforme descrito por Carvalho et
al. (2000) e Back (2006) utilizando-se o amostrador DH48, sendo o método de integração vertical
usando amostragem por igual o incremento de largura. A determinação dos sólidos totais foi
realizada por secagem.
O monitoramento da vazão foi realizado com a instalação de uma estação fluviométrica com
réguas linimétricas e um sensor de nível acoplado a um sistema de armazenamento e transmissão de
dados, com registros em intervalos de quinze minutos. Com a curva chave ajustada foram
convertidos os dados da nível em vazão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 2 estão representados os valores de E. coli nas amostras de água. As bactérias do
grupo coliforme indicam a presença de contaminação fecal, onde o grupo é composto pelos gêneros
5
VIII Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos
Klebsiella, Escherichia, Serratia, Erwenia e Enterobacteria. A presença de coliformes
termotolerantes na água é um indicativo que mostra a contaminação dos recursos hídricos por
esgotos, possibilitando a presença de patogênicos, mostrando a probabilidade de existência de
pessoas doentes ou portadoras no meio da população doenças de veiculação hídrica, tais como febre
tifóide, febre paratifóide, disenteria bacilar e cólera (CETESB, 2000, Amaral et al., 2003,Alexandre,
2007). Observa-se que na nascente 96,6 % das amostras apresentam valores de E. coli abaixo do
limite estabelecido na resolução 357/05. Já no ponto monitorado na foz da bacia estes o valor médio
é de 2311 NMP/100 ml, e 31,8 % das amostras apresentam valores de coliformes superiores ao
limite estabelecido pela resolução. Também foi observado que os maiores valores de coliformes
ocorreram em épocas com maior precipitação, que causam o escoamento e carreamento de matéria
orgânica para os corpos hídricos.
Figura 2. E. coli nas amostras de água na microbacia Maracanã, Sombrio-SC.
Estes resultados apresentados refletem apenas o estado de saneamento da área rural, que pode
afetar inclusive a qualidade da água destinada ao consumo humano. Sabe-se também que as maiores
contribuições de coliformes termotolerantes na microbacia, advém da criação animal, além da falta
de saneamento das residências. Desse modo, a deposição de dejetos animais de forma inadequada,
resulta em movimentação de parte destes compostos para os rios por ocasião das chuvas. Embora
6
VIII Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos
seja um problema difícil de solucionar, algumas ações para ordenar melhor o manejo de dejetos
animais podem resultar na diminuição da concentração de coliformes na água de escoamento
superficial. Isto poderá auxiliar na redução dos riscos de contaminação das fontes de água para
consumo humano, impedindo que a água possa servir de veículo de disseminação de patógenos que
podem comprometer a saúde da população rural (Amaral et al., 2003).
A temperatura das amostras de água variou entre 11,0 °C e 26,7°C (Figura 3), refletindo as
caraterísticas climáticas da região. Segundo Richter (1991), a temperatura da água tem importância
por sua influência sobre as outras propriedades, como: acelera reações químicas, reduz a
solubilidade dos gases, acentua a sensação de sabor e odor. A temperatura é um fator que
influencia quase todos os processos físicos, químicos e biológicos na água.
Figura 3. Temperautra das amostras de água na microbacia Maracanã, Sombrio-SC.
As variações de temperatura são partes do regime climático, copos de águas apresentam
variações sazonais e diurnas, bem como a estratificação vertical. A temperatura é influenciada por
fatores tais como latitude, altitude, estações do ano, período do dia, taxa de fluxo e profundidade.
(CETESB, 2007). No mesmo sentindo CETESB (2007) relata que os organismos aquáticos
possuem limites de tolerância térmica superior e inferior, temperaturas ótimas para o crescimento,
temperaturas preferidas em gradientes térmicos e limitações de temperatura para migração da
desova e incubação do ovo. EPAGRI (2005) ressalta que os organismos aquáticos suportam
determinadas temperaturas, mas quando as oscilações forem ultrapassadas venha acarretar a morte
7
VIII Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos
dos organismos aquáticos. Em relação ao parâmetro temperatura da água não existem limites
estabelecidos pela legislação em vigor, tanto para a água de consumo humano e, igualmente para a
rede hídrica.
Na Figura 4 são representados os valores de oxigênio dissolvido, onde observa-se que apenas
9,1% das nas amostras da nascente encontram-se abaixo do limite mínimo estabelecido pela
resolução, enquanto que tdas as amostras da foz apresentaram valores de oxigênio dissolvido acima
do limite mínimo. O oxigênio dissolvido é essencial para a sobrevivência dos organismos aquáticos
aeróbicos, dependendo da quantidade de oxigênio dissolvido e o tipo de matéria orgânica instável
que está presente na água. O oxigênio dissolvido também é essencial para a manutenção de
processos autodepuração em sistemas aquáticos naturais e estação de tratamentos de esgotos. Os
níveis de oxigênio dissolvido também indicam a capacidade do corpo da água natural manter a vida
aquática. Também é importante destacar que existe uma relação inversa do teor de oxigênio
dissolvido com a atitude e temperatura, em temperaturas mais elevadas ou em altitudes maiores a
concentração de oxigênio dissolvido na água é menor.
Figura 4. Oxigênio dissolvido das amostras de água na microbacia Maracanã, Sombrio-SC.
Na Figura 5 estão representados os valores de turbidez, onde observa-se que em geral os
valores de turbidez estão muito abaixo do limite máximo estabelecido pela legislação, sendo o valor
médio para o ponto localizado na nascente de 9,0 NTU e na foz de 27,8 NTU. Destaca-e também
8
VIII Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos
um valor de 124,7 NTU observado na nascente, que pode ter causado pela erosão em função das
fortes chuvas ocorridas. A turbidez representa o grau de interferência com a passagem da luz
através da água, conferindo uma aparência turva à mesma (Sperling, 1996). Segundo Macedo
(2004), as partículas constituídas por plâncton, bactérias, argilas, silte em suspensão fontes de
poluição que lançam material fino entre outros acabam aumentando a turbidez e reduzindo a zona
eufótica, onde é nesta zona de luz que ocorre a fotossíntese. A turbidez pode ter origem natural ou
antrópica, quando de origem natural não apresenta problemas sanitários diretos, mas causa efeitos
estéticos indesejáveis. Na área em estudo destacam-se erosões das áreas agrícolas e em especial o
cultivo do arroz irrigado, que se não conduzido de forma adequada pode causar o aumento da
turbidez nas águas.
Figura 5. Turbidez das amostras de água na microbacia Maracanã, Sombrio-SC.
Os valores de pH, variaram entre 5,6 a 7,3, com média de 6,4 para a nascente e 6,5 para as
amostras da foz (Figura 6). Observa-as ainda que menos de 5 % das amostras tem valor de pH
abaixo do limite mínimo estabelecido pela legislação. Alexandre (2007), comenta que a variação
do pH está ligada pela ação antropogênica através dos despejos domésticos e industriais, e a ação
natural, como por exemplos a fotossíntese, dissolução de rochas e oxidação de matéria orgânica.
9
VIII Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos
CETESB (2007) comenta que a influência do pH sobre os ecossistemas aquáticos naturais dá-se
diretamente devido a seus efeitos sobre a fisiologia das diversas espécies. O efeito indireto é um
fator importante onde às condições de pH contribuem para a precipitação de elementos tóxicos
como metais pesados e exercer efeitos a solubilidade de nutrientes dificultado a descontaminação.
Alterações bruscas do pH da água podem acarretar no desaparecimento de espécies endêmicas
naquele ambiente, além disso a variação da faixa recomendada pode alterar o sabor da água e
muitos casos contribuírem para a corrosão dos sistemas de distribuição de água.
Os efeitos de variação de pH podem trazer sérios problemas ambientais, como até a morte da
biota dos recursos hídricos. Alexandre (2007) aponta como efeitos da pH na faixa de 6,5 a 7,0:
redução de reprodução de alguns crustáceos; freqüência de desova e número de ovos de algumas
espécies de peixes; comunidade de plâncton, plantas superiores e invertebrados (exceto crustáceos)
não são afetados; metais pesados ou cianetos não provocam efeitos letais. Para a faixa de pH de 6,0
a 6,5: comunidade de plâncton e plantas aquáticas superiores relativamente normais. Aumento na
freqüência de fungos, redução na taxa de reprodução de micro e macro crustáceos. E para a faixa de
pH de 5,5 a 6,0: taxas de crescimento e desova de peixes reduzidas, apenas pequenas populações.
Poucas espécies podem resistir a este intervalo. Populações de moluscos significantemente
reduzidos. Redução do processo de decomposição pelas bactérias do solo e da água.
Figura 6. pH das amostras de água na microbacia Maracanã, Sombrio-SC.
10
VIII Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos
Os valores de fósforo nas amostras de água mostram que 43,2 % e 72,7 % das amostras da
nascente e foz, respectivamente, se encontram acima do limite estabelecido pela legislação, sendo
que os valores variam entre 0,0 e 1,6 mg/L. O fósforo chega às águas de superfície através de várias
fontes naturais, como fontes pontuais e difusas, porém de origem antropogênica. Está presente nas
fezes, é utilizado em adubos na forma de combinações inorgânicas, além de alguns pesticidas na
forma de organofosforado (EPAGRI, 2005). Segundo Macedo (2004), o fósforo pode causar
impacto ambiental ao solo e a água quando usado em excesso, o fósforo associado a outros
elementos químicos acabam contribuindo nos processos de eutrofização do manancial.De acordo
com Cetesb (2007), o fósforo nas águas naturais é decorrente das descargas de esgotos sanitários,
detergentes, efluentes industriais de industriais de fertilizantes, pesticidas, químicas em geral,
conservas alimentícias, abatedouros, frigoríficos e laticínios.
Figura 7. Fósforo nas amostras de água na microbacia Maracanã, Sombrio-SC.
Os valores de nitrito (Figura 8) obtidos nas amostra apresentam valores médios de 0,004
mg/L e 0,020 mg/L para amostras coletadas na nascente e foz, respectivamente. O valor mais alto
encontrado foi de 0,1 mg/L representado somente 10% do valor máximo permitido pela legislação
(Figura 8). O nitrito (NO2-) é um ânion do ácido nitroso, onde compostos de nitrito são bastante
solúveis em água, é um intermediário natural na oxidação do amônio para o nitrato. Normalmente
11
VIII Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos
este composto é oxidado imediatamente para nitrato, estando a concentração desse intermediário em
valores mínimos (cerca de 0,02 mg/L N-NO2-) e não influenciando na qualidade da água. Elevando
a concentração de NH4+
ou valores elevados de pH e temperatura, a nitrificação pode ocorrer a uma
velocidade alta e elevando concentrações de nitrito tóxico para os peixes (EPAGRI, 2005). O
nitrito, assim como suas fontes, são de compostos ricos em nitrogênio com utilização expressiva
na agricultura, usado tanto na forma natural (adubos orgânicos) e na forma sintética (adubos
nitrogenados). A adubação realizada em excesso acaba sendo carreada nos corpos hídricos aumento
os teores, levando ao desencadeamento no processo de eutrofização, associados com outros
elementos presentes como o fósforo (CETESB, 2007).
Para nitrato (Figura 9) foram obtidos os valores médios de 0,76 mg/L e 1,44 mg/L para os
pontos de nascente e foz, respectivamente. O valor máximo obtido foi de 4,12 mg/L, sendo todas
amostra dentro do limite máximo estabelecido pela legislação.
Figura 8. Concentração de nitrito das amostras de água na microbacia Maracanã, Sombrio-SC.
12
VIII Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos
Figura 9. Concentração de nitrato das amostras de água na microbacia Maracanã, Sombrio-SC.
Na Figura 10 estão indiados os valores de concentração de sedimentos em suspensão nas
amostras da foz da microbacia do Maracanã, onde observa-se que a concetração de sólidos totais
varia de 67 a 209 mg/L, com média de 115,1 mg/L. Nos sólidos suspensos estão incluídos a argila
originada da erosão do solo e manejo de água na lavoura de arroz, que apresenta grande
variabilidade em função da época do ano e da distribuição das chuvas. Em média 78,8 % dos
sólidos totais são devido aos sólidos dissolvidos e 21,2 % devido aos sólidos soluveis. Com os
dados de vazão obteve-se a decarga sólida da microbacia (Figura 11), com valores médios de 7,86
t/dia atingido picos de 49,5 t/dia.
13
VIII Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos
Figura 10. Concentração de sólidos nas amostras de água na microbacia Maracanã, Sombrio-SC.
Figura 11. Descarga sólida da microbacia Maracanã, Sombrio-SC.
14
VIII Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos
CONCLUSÕES
Pode-se observar que nas amostras da rede de drenagem, os parâmetros que comprometem a
qualidade da água segundo a resolução CONAMA 357/2005, são basicamente coliformes, fósforo.
A concentração de sedimentos em suspensão média foi de 115,1 mg/L gerando a descarga sólida
média de 7,86 t/dia.
BIBLIOGRAFIA
ALEXANDRE, N. Z. (2007). Indicadores de qualidade das águas de abastecimento, residuais e
receptoras. parâmetros físicos, químicos e bacteriológicos. Criciúma: Unesc, Departamento:
Engenharia Ambiental disciplina: Indicadores de Qualidade Ambiental. 23 f. (Apostila).
ALVES, N. C., ODORIZZI, A.C. E; GOULART, F. C. (2002). Análise microbiológica de águas
minerais e de água potável de abastecimento, Marília, SP. Revista Saúde Pública, v.36(6):749-51.
AMARAL, L. A. ; NADER FILHO, A.; ROSSI JUNIOR, O. D, FERREIRA, F. L. A. E; BARROS,
L. S. S. (2003). Água de consumo humano como fator de risco à saúde em propriedades rurais.
Revista Saúde Pública, v.37(4):510-514.
BACK, A. J. Medidas de vazão com molinete hidrométrico e coleta de sedimentos em suspensão.
Florianópolis, Epagri. 2006.
BANCO MUNDIAL. (2002) . Declaração de factibilidade do projeto para projeto de gestão dos
recursos naturais e redução da pobreza rural. Documento do Relatório No:23299 –BR. 34p.
CARVALHO, N. O.; FILIZOLA JUNIOR, N. P.; SANTOS, P. M. C.; LIMA, J. E. F. W. Guia de
práticas sedimentométricas. Brasília: ANEEL. 2000. 154p.
CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Variáveis de qualidade das águas
qualidade das águas. (2007). Disponível na Internet no endereço: <http://www.cetesb.sp.
gov.br/Agua/rios/variaveis.asp>. Acessado em 04 de Setembro de 2007.
CETESB, São Paulo - Relatório de qualidade das águas interiores do estado de São Paulo. 2002 /
CETESB. -São Paulo: CETESB, 2003. Disponível no http://www.cetesb.sp.gov.br/Agua/rios/
padroes.asp.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA. Resolução Nº 357, de 17 de
março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizesambientais para o seu
15
VIII Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos
enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá
outras providências. Brasília: Diário Oficial da República Federativa do Brasil.
EPAGRI - Empresa de Pesquisa Agropecuária e Desenvolvimento Rural.(2005). Relatório Síntese -
Qualidade de água para consumo humano e rede hídrica. Projeto Microbacia 2. Florianópolis, 77
p.
MACÊDO, J. A. B.(2004). Águas & Águas. 2. ed. atual e rev São Paulo: Varela. 977 p.
PANDOLFO, C., BRAGA, H. J., SILVA JÚNIOR, V.P., et alii. (2002). Atlas climatológico digital
do Estado de Santa Catarina. Florianópolis: Epagri. CD-Rom.
PONTES, C. A. A.; SCHRAMM, F. R. Bioética da proteção e papel do Estado: problemas morais no
acesso desigual à água potável. Cadernos de Saúde Pública. Rio de Janeiro, 2004, v. 20, n. 5, p. 1319-1327.
RICHTER, C A.; AZEVEDO NETTO, J. M. (1991). Tratamento de água: tecnologia atualizada.
São Paulo: Edgard Blücher, 332 p
SANTOS, I. ; FILL, H. D.; SUGAI, M. R. V. B.; BUBA, H. KISHI, R. T; MARONE, E.
LAUTERT, L.F. (2001). Hidrometria aplicada. Curitiba: Instituto de Tecnologia para o
Desenvolvimento, 772p.
SPERLING, E. V. (1996). Mechanisms of eutrophication in tropical lakes. Environmental
pollution. 6 p.
Top Related