EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA
CENTRO DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DO OESTE - CPAO
RELATÓRIO PARCIAL DE AUXÍLIO Á PESQUISA
Projeto Agrisus No: 769/2011
Título: PRODUTIVIDADE DE SOJA EM SUCESSÃO DE CULTURAS
Coordenador: Gessí Ceccon
Instituição: Embrapa Agropecuária Oeste
Endereço: BR 163, km 253,6 Caixa postal 661
CEP: 79.804-970, Cidade: Dourados, MS
Fone: (67) 3416 9745, Fax: (67) 3416 9721 Cel.: (67) 8139 5039
e-mail: [email protected]
Local da Pesquisa: Dourados, MS, 28 de junho de 2012
Valor financiado pela Fundação Agrisus: R$ 25.000,00
Vigência do Projeto: 04/01/11 a 24/05/2013.
2
SUMÁRIO página
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................ 3
2 OBJETIVOS ................................................................................................................... 3
3 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................... 3
4 METODOLOGIA ............................................................................................................. 5
4.1 Local, metodologia de trabalho ................................................................................ 5
4.2 Implantação das culturas de outono-inverno ............................................................ 5
4.3 Avaliações nas culturas de outono-inverno ............................................................... 6
4.4 Presença animal na braquiária e no consórcio ......................................................... 6
4.5 Plantas infestantes ................................................................................................... 7
4.6 Avaliação dos resíduos vegetais ............................................................................... 7
4.7 Implantação da Soja ................................................................................................. 7
4.8 Avaliações na soja .................................................................................................... 7
4.9 Avaliações no solo .................................................................................................... 7
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 8
5.1 Outono-inverno ......................................................................................................... 8
5.1.1 Milho safrinha ..................................................................................................... 8
5.1.2 Presença animal ............................................................................................... 10
5.1.3 Plantas infestantes ........................................................................................... 11
5.1.4 Resíduos vegetais ............................................................................................ 13
5.2 Soja Safra 2011/12 ................................................................................................. 14
5.3 Água no Solo .......................................................................................................... 17
5.4 Resistência do solo à penetração ........................................................................... 19
6 CONCLUSÕES ............................................................................................................ 22
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 22
8 PUBLICAÇÕES CONTENDO APOIO DA FUNDAÇÃO AGRISUS ............................... 25
3
1 INTRODUÇÃO
A agricultura e a pecuária são as duas principais atividades econômicas da
região Centro-Oeste, porém, na maioria dos casos são desenvolvidas separadamente.
Na pecuária predomina a criação extensiva de animais de corte e na agricultura
predomina a soja no verão e o milho no outono-inverno, ambos com baixos índices de
desempenho.
O consórcio de milho safrinha com espécies forrageiras é importante alternativa
para aumentar o aporte de resíduos na superfície do solo e proporcionar maior retorno
econômico na sucessão soja-milho safrinha, sem reduções significativas no rendimento
de grãos do milho. Essa modalidade de consórcio tem sido adotada por agricultores
interessados em produzir palha para melhorar as condições de cultivo em plantio direto.
O Feijão caupi é importante espécie nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.
Encontra-se em franca expansão na região Centro-Oeste, que pela rusticidade e
comportamento de adubo verde pode se confirmar como opção de cultivo em Mato
Grosso do Sul.
Desta forma, a avaliação do desempenho da cultura da soja na sucessão de
culturas proporciona a criação de informações técnicas que servem de auxílio ao
produtor rural sobre as melhores técnicas para incrementos no desempenho produtivo e
financeiro de sua propriedade garantindo a sobrevivência numa atividade tão competitiva
como a produção agropecuária.
2 OBJETIVOS
Avaliar o desempenho da soja em sucessão de cultivo com milho, Brachiaria
ruziziensis, milho consorciado com B. ruziziensis e Feijão caupi no outono-inverno.
Avaliar propriedades físicas e químicas do solo em sistemas de cultivo com
aplicação de calcário na superfície.
Realizar análise econômica dos diferentes sistemas de cultivo.
3 REVISÃO DA LITERATURA
O crescimento anual da população mundial está estimado em 80 milhões de
pessoas, o que aumenta a demanda por alimentos em curto prazo. Em função disto, a
necessidade de intensificação da produção agrícola tem que ser uma realidade. Por isso,
torna-se fundamental manejar adequadamente áreas que estão sofrendo problemas de
degradação (LOPES et al., 1999 citado por ZANINE et al., 2006).
Sabe-se que a agricultura e a pecuária são as duas principais atividades
econômicas da região Centro-Oeste, porém, na maioria dos casos são desenvolvidas
4
separadamente. Na pecuária há predomínio na criação extensiva de animais de corte e
enquanto na agricultura o cultivo da soja no verão e o milho no outono-inverno são os
mais comuns, ambos com baixos índices de desempenho em virtude da sucessão de
culturas.
Diversas pesquisas indicam que a implantação do sistema de integração
Lavoura Pecuária (ILP) tem se tornado uma alternativa de aumento de produtividade
para a agricultura e pecuária ao mesmo tempo em que ajuda a recuperação de áreas
degradadas.
As áreas de pecuária herdam como benefícios a facilidade e redução de custos
na recuperação da pastagem, entre outros diversos benefícios (KICHEL; MIRANDA;
ZIMMER, 1999 e MELLO et al., 2004). Já a agricultura tem como principal benefício a
produção de palha para cobertura do solo. Nesse sistema, apenas parte da forragem é
consumida pelos animais, sobrando um excedente para a cobertura do solo. Estes
resíduos permitem recuperar os teores de matéria orgânica do solo próximo ao original
(JANTALIA et al., 2006).
Além da matéria orgânica, os resíduos vegetais são indispensáveis para
aumentar o tamanho e a estabilidade dos agregados, favorecendo o controle da erosão
(SALTON et al., 2005). Outro aspecto importante dos resíduos da pastagem é o controle
de plantas daninhas. Cobucci et al. (1999) observaram considerável redução de
Euphorbia heterophylla, Amaranthus hybridus e Digitaria horizontalis em área de feijão
cultivado em sucessão ao consórcio de soja e braquiária.
O consórcio de milho safrinha com espécies forrageiras é uma importante
alternativa para manter o rendimento de grãos de milho, sem reduções significativas
(CECCON, 2008), aumentar o aporte de resíduos na superfície do solo e proporcionar
maior retorno econômico na sucessão soja-milho safrinha (CECCON, 2007). Essa
modalidade de consórcio tem sido adotada, principalmente por agricultores interessados
em produzir palha em sistema plantio direto (COCAMAR, 2008).
O Feijão caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp.) é importante espécie nas regiões
Norte e Nordeste do Brasil, pela sua importância na alimentação básica da população
dessas regiões. É uma espécie que fixa nitrogênio da atmosfera, possui crescimento
rápido, possibilitando boa cobertura do solo, e melhorias na fertilidade do solo (FREIRE
FILHO et al., 2005), encontra-se em franca expansão na região Centro-Oeste, e pela
rusticidade, ciclo curto, comportamento de adubo verde, pode se constituir em importante
espécie para cultivo no outono-inverno em Mato Grosso do Sul, com genótipos
adaptados para a região (CECCON et al., 2009a).
A adoção de um sistema produção acontecerá quando ele apresentar maior
retorno econômico ao agricultor. Fernandez (1992) realizou análise física e econômica de
5
sete sistemas de rotações de culturas-pastagens com diferentes intensidades de uso
agrícola-pecuário. Cardoso et al. (1992) avaliaram técnica e economicamente o efeito
residual da adubação verde em sistemas de cultivo e Ceccon (2007) avaliou a viabilidade
econômica de consórcio na sucessão soja-milho safrinha. Canziani e Guimarães (2007)
observaram pequena diferença na lucratividade média das culturas de inverno,
pastagem, trigo e milho, porém com maior estabilidade produtiva quando associadas à
lavoura e pecuária.
Com isso, avaliações agroeconômicas regionalizadas de sistemas de produção
contribuem mais para o desenvolvimento da agricultura, economia, ciência e tecnologia,
sendo pertinente comparar o desempenho das principais culturas em uso na região para
compor sistemas de produção.
4 METODOLOGIA
4.1 Local, metodologia de trabalho
O experimento está sendo realizado na área experimental da Embrapa
Agropecuária Oeste, em Dourados, MS, localizada nas coordenadas 22°13' S e 54°48' W
a 400 m de altitude, em solo Latossolo Vermelho Distroférrico, textura argilosa.
O delineamento experimental é em blocos ao acaso com quatro repetições em
parcelas de 10 x 50 m. A soja foi cultivada no verão, após os tratamentos de outono-
inverno: 1) milho solteiro, 2) milho consorciado com B. ruziziensis, 3) B. ruziziensis
solteira e 4) Feijão caupi.
4.2 Implantação das culturas de outono-inverno
As espécies foram implantadas mecanicamente, no dia 09 de março de 2011.
Utilizou-se os híbridos BRS 1010, BRS 3035 e AG 9010, semeado em linhas espaçadas
de 0,90 m, com população de 45 mil plantas por hectare, tanto no tratamento solteiro
quanto em consórcio. A B. ruziziensis, no tratamento consórcio foi semeada nas linhas
intercalares às linhas do milho, com população de 20 plantas m-2, e no tratamento
solteiro em linhas de 0,45 m com população de 40 plantas m-2. No tratamento Feijão
caupi utilizou-se a cultivar BRS Guariba, em linhas de 0,5 m, com população de 20
plantas m-2.
A adubação e tratos culturais serão realizados de acordo com análise de solo e
com as recomendações técnicas de cada cultura.
O regime pluviométrico e a temperatura máxima e mínima foram obtidos na
estação meteorológica automática da Embrapa Agropecuária Oeste, localizada a
aproximadamente 400 m do experimento, estando representados na Figura 1.
6
0
50
100
150
200
250
mar
/11
abr/11
mai/11
jun/11
jul/1
1
ago/11
set/1
1
out/1
1
nov/11
dez/11
jan/12
fev/12
Pre
cip
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)
0
5
10
15
20
25
30
35
Te
mp
era
tura
(ºC
)
Precipitação TMAX TMIN
Figura 1. Precipitação pluviométrica, mensal, e temperaturas máximas e mínimas médias no período de março de 2011 a fevereiro de 2012.
4.3 Avaliações nas culturas de outono-inverno
Na maturação das culturas avaliou-se o rendimento de massa seca das plantas,
altura de plantas, de inserção de espigas, índice de clorofila nas folhas, rendimento de
grãos e umidade de colheita do milho e rendimento de grãos de Feijão caupi, em duas
linhas de 5,0 m, para incluir no cálculo da produção de grãos e de resíduos vegetais, que
serão utilizados para análise econômica das sucessões de cultivo. A massa verde foi
seca em estufa de circulação forçada de ar a 6 ºC por 72 horas para determinação da
massa seca.
4.4 Presença animal na braquiária e no consórcio
Quando as plantas de B. ruziziensis solteira atingiram 0,5 - 0,6 m de altura foram
colocados dois animais, de aproximadamente 130 kg, mantidos durante 5 a 7 dias em
cada parcela e rotacionando nas quatro repetições, de acordo com a capacidade de
suporte da pastagem. No consórcio os animais foram colocados a pastejar após a
colheita do milho, apenas uma vez, pela baixa disponibilidade de ferragem, com a
mesma lotação, para retirar parte dos resíduos de milho e de braquiária. Registrou-se a
data, o peso de forragem e de animal na entrada e saída da área, com o objetivo de
utilizar os valores no cálculo de ganho de peso animal e na análise das sucessões de
culturas.
7
4.5 Plantas infestantes
Após a colheita das espécies de outono-inverno e durante o período inicial da
soja foi realizada a identificação das principais espécies de plantas infestantes.
4.6 Avaliação dos resíduos vegetais
Durante a colheita do milho foi avaliada a produtividade de massa das espécies,
e antes da semeadura da soja foi realizada a coleta dos resíduos totais na superfície do
solo, incluindo a massa das plantas cultivadas e infestantes.
Foram anotados todos os itens que podem influenciar na análise econômica
para realizá-la de acordo com Richetti e Ceccon (2010), com adaptações, na
comparação entre os sistemas de cultivo.
4.7 Implantação da Soja
No final de outubro realizou-se a dessecação das plantas remanescentes,
utilizando herbicida glyphosate na dose de 1,08 kg ha-1 de equivalente ácido.
Semeou-se 7 cultivares de soja (BRS 284; BMX Turbo RR; BRS 295 RR; BRS
316 RR; NA 5909 RG; NK 7059 RR; e BMX Potência RR) no primeiro decêndio
novembro, em linhas espaçadas 0,45 m com população de 30 plantas m-2.
4.8 Avaliações na soja
Avaliou-se o índice relativo de clorofila nos estádios vegetativo (V3) e
reprodutivo (R1) para identificar possíveis efeitos dos cultivos anteriores, utilizando o
aparelho Clorofilog (FALKER, 2012a).
No estádio R1, coletou-se folhas de soja que foram encaminhadas ao
laboratório para determinação da composição química, de acordo com Silva (1999).
Avaliou-se ainda a altura de plantas, peso seco de folhas, hastes e total, porcentagem de
folhas e hastes, índice de área foliar, razão de área foliar.
Na maturação da soja avaliou-se ainda o rendimento de grãos e massa de cem
grãos, colhendo as plantas de duas linhas de 5,0 m.
4.9 Avaliações no solo
A umidade do solo na camada 0 a 0,2 m, e a temperatura na superfície do solo
foram avaliadas periodicamente durante a condução do experimento, utilizando medidor
eletrônico de umidade do solo (FALKER, 2010b).
A resistência do solo à penetração foi realizada em três etapas, sendo próximo à
semeadura da soja (17/10/2011), no florescimento (17/02/12) e no dia da colheita
8
(18/03/12). Nesta última época, a leitura foi realizada em solo com e sem passagem de
rodado da colhedeira. As avaliações foram realizadas com medidor eletrônico de
compactação da marca Falker, modelo PLG1020 (FALKER, 2012c), até 0,4 m de
profundidade.
No segundo ano serão coletadas amostras de solo nas camadas de 0 a 0,1 m e
0,1 a 0,2 m, 0,2 a 0,3 m e 0,3 a 0,4 m para avaliar a composição química (SILVA, 1999).
Serão abertas trincheiras para coletar amostras de solo nas mesmas camadas e
determinar a densidade, umidade volumétrica e porosidade do solo, com metodologia
descrita por Claessen (1997).
Nessas mesmas trincheiras e respectivas camadas será avaliado o crescimento
de raízes da soja, de acordo com Tavares Filho et al. (1999).
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Outono-inverno
5.1.1 Milho safrinha
Verificou-se interação significativa entre híbridos e modalidades de cultivo, para
a maioria das variáveis. Enquanto que para umidade de grãos na colheita e número de
grãos por espiga houve efeito de modalidade de cultivo e de cultivares, para o número de
grãos por espiga, somente de modalidade de cultivo.
O híbrido BRS 1010 apresentou melhor rendimento de grãos no espaçamento
reduzido, enquanto que não foi observada diferença nos demais genótipos, semelhante
aos resultados apresentados por Borghi & Crusciol (2007). Este rendimento
provavelmente esteja relacionado com a melhora das condições físicas promovida pela
palha produzida pela braquiária do ano anterior. O melhor desempenho foi verificado no
híbrido AG 9010 (Tabela 1). Possivelmente por apresentar ciclo superprecoce e ter
completado seu ciclo antes da estiagem verificada no mês de junho.
Os rendimentos de massa seca de milho e massa seca total apresentaram
resultados semelhantes. A cultivar AG 9010 não apresentou diferenças significativas
entre os sistemas, já para o híbrido BRS 1010 o maior rendimento foi observado no
cultivo solteiro, em espaçamento de 0,45 m. Na cultivar BRS 3035 o sistema de cultivo
solteiro 0,45 m alcançou maior rendimento do que o sistema consorciado, este por sua
vez não diferiu do sistema solteiro com espaçamento 0,90 m (Tabela 1).
O índice de clorofila total foi maior nas folhas do híbrido AG 9010, nos dois
tratamentos de espaçamento 0,90 m, porém sem diferir dos demais híbridos no
espaçamento reduzido. No entanto, este híbrido apresentou menor índice no
espaçamento reduzido, enquanto que o híbrido BRS 1010 apresentou maior valor,
9
provavelmente pela menor luminosidade no menor espaçamento (Tabela 1),
corroborando com os dados apresentados por Kappes et al. (2011).
Tabela 1. Características e desempenho de cultivares de milho safrinha em cultivo solteiro e consorciado com B. ruziziensis, em Dourados, MS, 2011.
Rendimento de grãos (kg ha-¹)
Sistema BRS 3035 AG 9010 BRS 1010
Consórcio 5.186 a B 7.235 a A 4.673 b B
Solteiro 90 5.482 a B 7.037 a A 5.175 b B
Solteiro 45 5.555 a B 6.912 a A 5.978 a B
Rendimento de massa seca de milho (kg ha-¹)
Consórcio 4.853 b A 5.592 A A 5.063 b A
Solteiro 90 6.493 ab A 5.331 A A 5.527 b A
Solteiro 45 7.828 a A 5.490 A B 9.562 a A
Rendimento de massa seca total (kg ha-¹)
Consórcio 5.568 b A 6.514 a A 5.848 b A
Solteiro 90 6.493 ab A 5.331 a A 5.527 b A
Solteiro 45 7.828 a A 5.490 a B 9.562 a A
Clorofila total (índice)
Consórcio 45,1 a B 57,9 a A 40,2 b B
Solteiro 90 44,9 a B 56,9 a A 40,7 b B
Solteiro 45 48,2 a A 50,3 b A 50,6 a A
Altura de plantas de milho (m)
Consórcio 2,12 b B 2,03 ab C 2,18 a A
Solteiro 90 2,23 a A 2,00 b B 2,20 a A
Solteiro 45 2,27 a A 2,07 a B 2,22 a A
Médias seguidas da mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna em cada variável, não diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. C.V.: Rendimento de grãos - 7,1%; Massa seca de milho - 18,8%; Massa seca total - 18,2%; Clorofila - 7,3%; e Altura de plantas - 1,8%.
A altura de plantas foi maior no espaçamento reduzido, sem diferir no BRS
1010, e sem diferir do AG 9010 e BRS 3035 no cultivo consorciado e depois no cultivo
solteiro, em espaçamento 0,90 m entre linhas. Tsumanuma (2004) não verificou
diferença para altura de plantas.
A umidade de grãos do híbrido BRS 1010 foi superior aos demais,
considerando-se que a colheita foi realizada na mesma data e que o ciclo da cultivar é
precoce normal, enquanto nas demais é superprecoce; este resultado encontra-se dentro
do esperado. Quanto a altura de inserção de espiga, as cultivares BRS 1010 e BRS 3035
foram superiores a AG 9010 (Tabela 2).
Comparando as modalidades de cultivo observou-se que o milho solteiro, no
espaçamento 0,90 m, apresentou maior número de grãos por espigas que o cultivo
consorciado, que por sua vez teve maior valor que o cultivo solteiro, no espaçamento de
10
0,45 m. Contudo, Tsumanuma (2004), no consórcio com B. brizantha, não encontrou
diferenças significativas para esta variável.
A umidade de grãos e altura de inserção de espigas foi maior no cultivo solteiro
a 0,45 m entre linhas, permitindo afirmar que a variação ocorreu em função do
espaçamento e não da presença da B. ruziziensis cultivada na linha intercalar, conforme
apresentado por Ceccon et al. (2009b).
Tabela 2. Características de cultivares de milho safrinha em cultivo solteiro e consorciado com B. ruziziensis, em Dourados, MS, 2011.
Cultivares Umidade
(%)
Altura de
espigas (m) Sistema
Grãos
espiga-1
Umidade
(%)
Altura de
espigas (m)
BRS 3035 21,7 b 1,16 a Consórcio 384,8 b 23,5 b 1,05 b
AG 9010 21,5 b 0,93 b Solteiro 90 429,8 a 23,3 b 1,08 b
BRS 1010 28,6 a 1,17 a Solteiro 45 329,5 c 25,3 a 1,14 a
Média 23,9 1,09 381,3 24,0 1,09
C.V. (%) 5,0 5,4 8,8 5,0 5,4 Médias seguidas da mesma letra na coluna, não diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
5.1.2 Presença animal
Na área cultivada com braquiária solteira foram introduzidos duas novilhas, com
10 meses de idade, para pastejo, em uma área de 2 mil m² dividida em 4 piquetes, em 5
de maio de 2011 permanecendo por 22 dias, momento em que a pastagem apresentava
altura média de 0,2 m, com tempo de permanência de aproximadamente 5 dias em cada
piquete.
Os animais tiveram peso inicial total de 439 kg, equivalente a 4,9 UA ha-1. No
momento da saída, 22 dias após a entrada, os animais apresentavam peso total de 462
kg ha-1, equivalente a um rendimento de 0,52 kg cabeça
-1 dia
-1. Neste primeiro período o
ganho total dos animais foi de 23 kg, equivalente a 115 kg ha-1
ou 7,67 arrobas.
Na reentrada, em 30 de setembro de 2011, os animais apresentaram peso total
de 564 kg, equivalente a 6,25 UA ha-1
, onde permaneceram por 14 dias atingindo peso
final de 576 kg, 6,4 UA ha-1. Neste período o ganho de peso diário foi de 0,435 kg
cabeça-1 dia
-1 alcançando ganho total de 12 kg, equivalente a 60 kg ha
-1 ou 4 @.
O ganho de peso total dos animais foi de 35 kg (175 kg ha-1), durante os 36 dias
que permaneceram pastejando na área, o que representa um ganho diário de 0,486 kg
cabeça-1, superior ao apresentado por Semmelmann et al. (2001) que foi de 0,204 kg
durante o período seco com novilhas de idade e pesos equivalentes aos deste trabalho,
em pastagem de B. brizantha.
11
A taxa de lotação média foi de 5,0 e 6,3 UA ha-1, respectivamente para o
primeiro e segundo período de pastejo dos animais, superior a média nacional (0,99 UA
ha-1).
5.1.3 Plantas infestantes
A parte aérea da braquiária é a grande responsável pela inibição do crescimento
de plantas infestantes na área (GIMENES, 2007), enquanto o sistema radicular pode
atuar nos atributos físicos e físico-hídricos do solo (CECCON et al., 2009b). Em área de
Integração Lavoura-Pecuária, estas vantagens proporcionadas pelas gramíneas são
muito proveitosas quando a agricultura retornar à área, sendo que a manutenção da
palhada da braquiária na superfície do solo é um dos fatores que contribui para a baixa
infestação por plantas daninhas na cultura implantada após a pastagem, pelo efeito
direto de sombreamento (SILVA et al., 2007).
Algumas plantas também são capazes de produzir substâncias químicas que
são depositadas no solo pelas raízes (quando elas ainda estão vivas), ou diretamente
pela decomposição da palha se estas plantas forem controladas química ou
mecanicamente. Essas substâncias são chamadas de alelopáticas, e sua função é
exatamente inibir o crescimento de outras plantas ao redor da planta que as produz. A
braquiária produz o ácido aconítico na parte aérea da planta, que comprovadamente
reduz o crescimento de outras espécies de plantas ao ser liberado no solo através de
suas raízes (VOLL et al., 2005; 2009; 2010).
Os tratamentos com braquiária, solteira ou consorciada com milho, tiveram ao
redor de 20% da área coberta por plantas daninhas, enquanto milho solteiro e feijão
caupi tiveram 42% de infestação (Figura 2). O número de plantas infestantes, de maneira
geral seguiu a mesma tendência da área coberta por estas plantas, mas a braquiária
solteira foi mais eficiente que o consórcio milho braquiária em inibir a emergência de
plantas infestantes. Provavelmente isto se relaciona com a densidade da forrageira: no
consórcio a densidade foi de 20 plantas/m2 enquanto a área com braquiária solteira foi
semeada com 40 plantas/m2 para compensar a ausência do milho. Isso mostra que o
milho solteiro, mesmo com porte alto, não produz palha suficiente para manter uma
cobertura de inverno que seja eficiente em inibir a proliferação de plantas infestantes. No
feijão caupi o número de plantas daninhas foi semelhante ao milho solteiro. No entanto,
como a palhada resultante do feijão caupi degrada-se rapidamente, a cobertura
proporcionada ao final do inverno é reduzida, resultando em maior massa seca das
plantas infestantes, inclusive na comparação com o milho solteiro.
Se por um lado a ocorrência de plantas daninhas na área (infestação
12
instantânea) foi menor na avaliação após dois anos de diferentes coberturas de inverno,
por outro, a análise fitossociológica não indicou diferenças entre as áreas em níveis
consideráveis. Por exemplo, a área de braquiária solteira (T1) apresentou 13 espécies
infestantes, enquanto a área de milho solteiro (T3) apresentou 11. Esta semelhança
também foi mostrada pelo coeficiente de similaridade de Sørensen, que compara as
áreas em termos de igualdade ou não de espécies ocorrentes (Tabela 3). Qualquer valor
deste coeficiente acima de 0,40 indica que as áreas ainda são muito parecidas quanto à
composição de espécies infestantes (não se considera o número de plantas que
apareceram, somente o número de espécies). O número de plantas infestantes, no
entanto, foi completamente diferente (Figura 2).
T1 T2 T3 T4
0
20
40
60
80
100
Área coberta (%)
Plantas daninhas m-2
Massa seca (g m-2)
Figura 2. Área coberta por plantas daninhas (%), número de plantas de espécies daninhas por m
2 e massa seca por m
2 acumulada pela comunidade infestante, em
função da presença de diferentes coberturas vegetais na entressafra. Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados, MS, 2011. (T1: palha de B. ruziziensis; T2: palha do consórcio B. ruziziensis + milho; T3: palha de milho; e T4: palha de feijão caupi).
Tabela 3. Coeficientes de similaridade de Sørensen quanto à composição da flora de plantas infestantes em áreas submetidas a diferentes coberturas de inverno por dois anos consecutivos. Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS, 2011.
B. ruziziensis Consórcio Milho Feijão Caupi
B. ruziziensis ● 0,53 0,58 0,64
Consórcio ● ● 0,59 0,67
Milho ● ● ● 0,70
Feijão Caupi ● ● ● ●
NOTA: valores acima de 0,40 indicam que as áreas não diferem quanto à composição da comunidade infestante. Este coeficiente não considera o nível de infestação, somente as espécies presentes.
13
Em resumo, após dois anos com distintas coberturas de inverno, já foram
observadas diferenças na infestação de plantas daninhas no início do cultivo da soja,
mas as espécies infestantes ocorrentes continuam as mesmas (Figura 2, Tabela 3). Em
um sistema integrado de cultivo, deve-se considerar que o mesmo deverá ser conduzido
por vários anos até que os impactos positivos na redução da comunidade infestante se
reflitam no banco de sementes do solo e sejam duradouros.
5.1.4 Resíduos Vegetais
O rendimento de massa seca total (RMST) representa os restos culturais que
permaneceram no solo após a colheita das culturas, e de acordo com a tabela 4,
encontram-se em maior quantidade no consórcio milho braquiária do que no caupi e na
braquiária solteira. O menor RMST da braquiária é justificado pela presença dos animais
em pastejo que foi mantido até o fim do mês de setembro. O RMST de feijão caupi
encontrado, 4,2 t ha-1, é semelhante ao apresentado por Alvarenga et al. (1995), 4,1 t ha
-
1.
O RMST no pré-plantio da soja (Tabela 4), três meses após a colheita em
outubro de 2011, foi maior no cultivo consorciado e no milho solteiro do que no feijão
caupi. Esta superioridade pode ser atribuída à maior relação C/N das gramíneas que
reduz a velocidade de decomposição dos restos culturais, permanecendo na superfície
do solo por longo período.
Kliemann et al. (2006), estudando a taxa de decomposição de resíduos de
espécies de cobertura, afirmam que resíduos do consórcio milho braquiária são mais
persistentes no solo. Aita e Giacomini (2003) explicam que a velocidade de
decomposição dos resíduos culturais e a liberação de nitrogênio de plantas de cobertura
de solo se comporta de maneira inversa as relações C/N e lignina/N total, e diretamente
proporcional à concentração de N total na fitomassa e de N e C na fração solúvel em
água. Esta afirmação está de acordo com os RMSRes encontrados onde cultivou-se
feijão caupi, que por apresentar relação C/N de 32,2 (ALVARENGA et al., 1995), teve
sua decomposição mais acelerada.
14
Tabela 4. Rendimento de massa seca total (RMST, em kg ha-1), após a colheita das
culturas de outono-inverno, e rendimento de massa seca de resíduo (RMSRes, em kg ha
-1) e total (RMST, em kg ha
-1) no pré-plantio da cultura da soja, 2011.
Modalidade Colheita Pré-plantio
RMST¹ RMSRes² RMST³
B. ruziziensis 1.874,3 c 1.760,6 b 3.277,6 ab
Consórcio 8.492,0 a 2.822,5 ab 4.053,1 a
Milho 7.041,6 ab 3.652,8 a 3.652,8 a
Feijão Caupi 4.227,2 bc 1.775,6 b 1.775,6 b
Média 5.408,8 2.745,3 3.661,2
C.v.(%) 25,6 26,3 25,8
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não se diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ¹Matéria seca produzida pelos cultivos de outono-inverno; ²Restos culturais das modalidades de sucessão de outono-inverno; ³Soma do RMSRes e da braquiária no cultivo de B. ruziziensis solteira e consorciada com milho.
5.2 Soja Safra 2011/12
Os resultados da análise de variância indicaram interação significativa entre os
tratamentos para altura de plantas, porcentagem de folhas e hastes, e índice de área
foliar (Tabela 5). Para peso seco de folhas, hastes e total, razão de área foliar,
rendimento de grãos e massa de cem grãos verificou-se efeitos individuais dos
tratamentos.
De maneira geral, a maior altura de plantas foi verificada no cultivo de soja sobre
cobertura de feijão caupi, independente da cultivar. Por pertencer a família Fabaceae, o
feijão caupi contribui com a introdução de até 68 kg ha-1 de N no solo (CASTRO et al.,
2004) através da fixação biológica de nitrogênio. Outro fato que justifica a maior altura de
plantas está na velocidade de decomposição dos restos culturais, devido a relação C/N
de 32,2 (ALVARENGA et al., 1995), disponibilizando rapidamente maior quantidade de
nutrientes que as demais culturas estudadas.
No cultivo de milho solteiro e consorciado com braquiária verificou-se a maior
altura de plantas foi alcançada pela cultivar BMX Potência RR, sobre feijão caupi
destacaram-se as cultivares NK 7059 RR, BRS 295 RR e BRS 319 RR. Quando
cultivados após B. ruziziensis não foram verificadas diferenças significativas entre as
cultivares estudadas para altura de plantas, porcentagem de folhas e hastes e índice de
área foliar.
A cultivar BMX Potência RR destacou-se na porcentagem de hastes, na
sucessão ao milho solteiro ou consorciado com B. ruziziensis, e índice de área foliar,
após milho solteiro. Entretanto, para porcentagem de folhas o desempenho da cultivar foi
inferior às cultivares BRS 284 (45% no cultivo consorciado e 42,9% sob feijão caupi),
15
BMX Turbo RR (45,7% e 45,6% nos cultivos após milho solteiro e consorciado,
respectivamente) e NA 5909 RG (44,9% após o consórcio).
O maior índice de área foliar foi alcançado pela cultivar BMX Potência RR (5,1),
seguido por NK 7059 RR (3,9) e NA 5909 RG (3,3) cultivadas após milho solteiro. Nas
demais modalidades de cultivos não foram verificadas diferenças entre as cultivares. O
maior índice de área foliar da cultivar NA 5909 RG foi alcançado quando cultivada sobre
feijão caupi, possivelmente em virtude da maior capacidade de resposta à disponibilidade
de nutrientes pela decomposição dos restos culturais.
Analisando PSF, PSH e PST (Tabela 6) verifica-se que os melhores
desempenhos são atribuídos a cultivar BMX Turbo RR, respectivamente 5,5, 7,0 e 12,6 g
planta-1. A RAF, que indica a área foliar necessária para planta produzir um grama de
matéria seca, pode ser utilizada como indicador de eficiência fotossintética da planta
(BENINCASA, 2003). Neste contexto, as cultivares BRS 284 (120,8), BMX Potência RR
(120,8) e BMX Turbo RR (120,9) foram mais eficiente fotossinteticamente na produção
de matéria seca total que BRS 316 RR (132,9), BRS 295 RR (136,1) e NA 5909 RR
(138,4).
O maior rendimento de grãos foi apresentado pelas cultivares BRS 284 e NK
7059 RR (2.828,2 kg ha-1 e 2.636,2 kg ha
-1, respectivamente), e a maior massa de cem
grãos pela cultivar BMX Turbo RR (18 g). Para modalidade de cultivo verificou-se baixa
significância (20%) no rendimento de grãos de soja (Tabela 6), entretanto os a maior
produtividade foi alcançada no cultivo da soja após o consórcio milho braquiária, superior
em 9,6% a modalidade de B. ruziziensis solteira. Esta superioridade pode estar
associada ao maior rendimento de massa seca (Tabela 4) do consórcio (4 Mg ha-1),
resultando em maiores benefícios à qualidade do solo.
Em área cultivada com braquiária, solteira ou consorciada com milho, foram
verificados os maiores índices de clorofila total (Tabela 6) nas cultivares de soja, do que
quando cultivadas após feijão caupi, possivelmente exigindo maior eficiência na captação
e dissipação de energia para o fotossistema em virtude da menor porcentagem de folhas
(Tabela 5). No cultivo consorciado verificou-se ainda maior RAF (136,1) que, associado
ao índice de clorofila total, evidencia a menor eficiência das plantas nesta modalidade de
sucessão.
16
Tabela 5. Altura de plantas e porcentagem de folhas e hastes de cultivares de soja no estágio R1, conduzidas sob diferentes coberturas de solo na safra 2011/12.
B. ruziziensis Consórcio Milho Feijão Caupi
Cultivar Altura de Plantas (m)
BRS 284 0,52 a A 0,50 ab A 0,51 ab A 0,57 abc A
BMX Turbo RR 0,46 a AB 0,39 d B 0,42 c B 0,51 bc A
BRS 295 RR 0,50 a B 0,41 cd C 0,43 bc BC 0,63 a A
BRS 316 RR 0,53 a B 0,49 abc B 0,50 abc B 0,61 a A
NA 5909 RG 0,45 a A 0,43 bcd A 0,42 c A 0,49 c A
NK 7059 RR 0,48 a B 0,48 abc B 0,49 abc B 0,60 a A
BMX Potência RR 0,49 a B 0,52 a AB 0,53 a AB 0,58 ab A
Porcentagem de Folhas
BRS 284 42,0 a B 45,0 a A 43,5 ab AB 42,9 a AB
BMX Turbo RR 42,6 a B 45,7 a A 45,6 a A 42,7 ab B
BRS 295 RR 41,4 a AB 43,7 ab A 43,7 ab A 42,7 cd B
BRS 316 RR 43,2 a A 44,6 ab A 44,2 ab A 42,3 abc A
NA 5909 RG 43,0 a A 44,9 a A 44,2 ab A 38,2 d B
NK 7059 RR 44,5 a A 43,1 ab AB 43,4 ab AB 41,2 abcd B
BMX Potência RR 42,8 a A 41,7 b AB 42,2 b AB 39,7 bcd B
Porcentagem de Hastes
BRS 284 58,0 a A 55,0 b B 56,6 ab AB 57,1 d AB
BMX Turbo RR 57,4 a A 54,3 b B 54,4 b B 57,3 cd A
BRS 295 RR 58,6 a AB 56,3 ab B 56,3 ab B 60,8 bc A
BRS 316 RR 56,8 a A 55,4 ab A 55,8 ab A 57,7 bcd A
NA 5909 RG 57,0 a B 55,1 b B 55,9 ab B 61,9 a A
NK 7059 RR 55,5 a B 56,9 ab AB 56,6 ab AB 58,8 abcd A
BMX Potência RR 57,3 a B 58,3 a AB 57,8 a AB 60,3 abc A
Índice de Área Foliar
BRS 284 2,9 a A 2,5 a A 2,6 b A 3,0 a A
BMX Turbo RR 2,6 a A 2,6 a A 2,4 b A 2,9 a A
BRS 295 RR 3,2 a A 3,7 a A 2,7 b A 3,1 a A
BRS 316 RR 2,6 a A 3,8 a A 2,4 b A 3,1 a A
NA 5909 RG 2,9 a B 3,6 a AB 3,3 ab AB 4,6 a A
NK 7059 RR 3,0 a A 3,5 a A 3,9 ab A 3,4 a A
BMX Potência RR 2,3 a B 3,3 a B 5,1 a A 3,1 a B
Médias seguidas de mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna em cada variável, não se diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. C. V. (%): Altura de Plantas – 8,18; Porcentagem de Folhas – 3,42; Porcentagem de Hastes – 2,57; Índice de Área Foliar – 26,8.
17
Tabela 6. Peso seco de folhas (PSF, em g planta-1), de Hastes (PSH, em g planta
-1) e
total (PST, em g planta-1), e Razão de área foliar (RAF), no estágio R1, rendimento de
grãos (RG, em kg ha-1) e massa de cem grãos (P100, em g) conduzidas sob diferentes
coberturas de solo na safra 2011/12.
Cultivar PSF PSH PST RAF RG P100
BRS 284 4,6 ab 6,0 ab 10,6 ab 120,8 c 2.828,2 a 11,7 c
BMX Turbo RR 5,5 a 7,0 a 12,6 a 120,9 c 2.523,5 ab 18,0 a
BRS 295 RR 4,6 ab 6,5 ab 11,1 ab 136,1 ab 2.021,3 c 10,2 d
BRS 316 RR 4,1 b 5,2 b 9,2 b 132,9 ab 1.931,0 c 10,7 cd
NA 5909 RG 3,8 b 5,3 b 9,0 b 138,4 a 2.458,7 ab 13,4 b
NK 7059 RR 4,8 ab 6,4 ab 11,2 ab 127,3 bc 2.725,5 a 13,7 b
BMX Potência RR 4,1 b 5,8 ab 9,8 b 120,8 c 2.298,2 bc 10,1 d
Média 4,5 6,0 10,5 128,2 2.398,1 12,5
C.V.(%) 23,4 25,3 24,3 7,2 16,3 8,7
Cobertura CloT PSH RAF RG P100
B. ruziziensis 54,1 a 5,5 b 127,2 bc 2.278,8 a 12,2 b
Consórcio 53,5 a 5,8 ab 136,1 a 2.497,3 a 12,3 b
Milho 53,0 ab 5,9 ab 128,2 b 2.384,3 a 12,2 b
Feijão Caupi 51,0 b 6,8 a 121,2 c 2.431,9 a 13,5 a
Média 52,9 6,0 128,2 2.398,1 12,5
C.V.(%) 6,5 25,3 7,2 16,3 8,7
Médias seguidas de mesma letra, na coluna em cada variável, não se diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
5.3 Água no Solo
A umidade no solo apresentou comportamento variável em função da
precipitação que antecedeu ao monitoramento. Diante disto, nas figuras 3, 4 e 5 estão
representados os teores de água do solo em função de cada cobertura, associado a
precipitação dos últimos três dias que antecederam a leitura. Desta forma, verificou-se
que, de maneira geral, no cultivo de outono-inverno verificou-se maiores oscilações na
cultura do milho, possivelmente esteja associado ao estádio de desenvolvimento da
cultura que, nos estádios iniciais em virtude da pouca cobertura do solo apresenta menor
capacidade de manutenção de água no solo. Com o desenvolvimento da cultura e o
aumento do docel da planta há maior proteção do solo dificultando a perda de água. Com
o secamento das folhas e a exposição do solo a umidade passa novamente a apresentar
maiores oscilações pela baixa cobertura visto as folhas da cultura secarem e
permanecerem na planta.
No cultivo de feijão caupi, o rápido crescimento da espécie minimiza a
18
evaporação da água pela radiação direta, e ao final do ciclo as folhas secas depositam-
se sobre o solo mantendo a cobertura e, consequentemente, a umidade. Já para o
consórcio milho braquiária, em virtude da presença da B. ruziziensis aumentando a
cobertura do solo, há menor evaporação da água resultando em menores variações na
umidade do solo mesmo com a secagem das folhas do milho na proximidade da colheita.
No cultivo da soja na safra 2011/12 (Figura 4), verificou-se aumento no teor de
água do solo após as chuvas. Na ausência de chuva a soja cultivada após milho solteiro
tiveram maior disponibilidade de água no solo, seguido pela cobertura de B. ruziziensis.
O solo onde foi cultivado feijão caupi esteve mais exposto a oscilações da umidade,
possivelmente em virtude da baixa disponibilidade de resíduos.
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28-abr
5-mai
12-m
ai
19-m
ai
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ai
2-jun
9-jun
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n
23-ju
n
30-ju
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l
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l
21-ju
l
28-ju
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Pre
cip
itaçã
o (m
m)
Precipitação Caupí Milho Solteiro Consórcio B. ruziziensis
Figura 3. Precipitação pluviométrica e umidade do solo no cultivo de consórcio milho braquiária, milho solteiro, B. ruziziensis e feijão caupi no período de abril a julho de 2011, Dourados-MS.
19
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10-nov
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8-dez
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22-dez
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5-jan
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19-jan
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2-fev
9-fev
16-fev
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m)
Precipitação Ruziziensis Consórcio Milho Caupi
Figura 4. Precitação pluviométrica e umidade do solo no cultivo de soja após consórcio milho braquiária, milho solteiro, B. ruziziensis e feijão caupi na safra 2011/12, Dourados-MS.
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10-mai
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22-mai
26-mai
30-mai
3-jun
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11-jun
15-jun
19-jun
23-jun
Um
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0
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(mm
)
Precipitação Ruziziensis Consórcio Milho Caupi
Figura 5. Precipitação pluviométrica e umidade do solo no cultivo de consórcio milho braquiária, milho solteiro, B. ruziziensis e feijão caupi no período de outono-inverno de 2012, Dourados-MS.
5.4 Resistência do solo à penetração
Na avaliação realizada após o cultivo da soja a análise de variância indicou
efeito de coberturas e profundidades, mas não indicou efeito de rodado de colhedeira.
Possivelmente por possuir rodado largo a colhedeira tem boa distribuição de energia na
20
superfície do solo minimizando seus efeitos na compactação, além da baixa umidade no
solo (22,1%).
Na análise realizada abrangendo todo o período de cultivo da soja, verificou-se
interação entre épocas e coberturas e entre épocas e profundidades.
No período da semeadura da soja o solo apresentou a maior resistência à
penetração, independente do tipo de cobertura, sem diferença entre as avaliações
realizadas na floração e na colheita. Isso pode estar relacionado com a baixa umidade do
solo nessa época (17,3%). Assim como na análise das profundidades, exceto na camada
0 a 0,05 m, verificou-se o mesmo comportamento, ou seja, com maior resistência
durante a semeadura da soja (Tabela 7).
Na comparação entre as coberturas, verificou-se que o solo com braquiária e
com milho apresentou a menor resistência por ocasião da semeadura. No entanto, nas
avaliações realizadas na floração e na colheita da soja as menores resistências foram
observadas no solo após o cultivo consorciado, sem diferir do cultivo com milho safrinha.
Mesmo com interação significativa entre épocas de cultivo e profundidade,
verifica-se que os maiores valores de resistência estavam na camada 0,20 a 0,25 m,
camadas, sem diferir das camadas de 0,10 a 0,30 m.
Na colheita da soja (Figura 6) verificou-se maior compactação do solo do sobre
os restos culturais de braquiária solteira e de feijão-caupi, sendo superiores ao milho
solteiro e consorciado com braquiária. Esta variação pode ser atribuída ao menor
acúmulo de massa pelo feijão-caupi e pela presença de animais para pastejo na
braquiária durante os meses de maio e setembro de 2011. Outro fator que justifica a
maior compactação do solo com resíduos de feijão-caupi está na baixa relação carbono
nitrogênio da cultura, acelerando a decomposição dos restos culturais, corroborado por
Silva et al. (2011). A menor compactação do solo no sistema consorciado pode estar
relacionada ao crescimento da forrageira após a colheita do milho safrinha.
Nesse período o solo apresenta-se relativamente seco na superfície, enquanto
que a umidade é maior no perfil, devido à menor disponibilidade de chuva. Segundo
Chioderoli et al. (2012), é devido a decomposição do sistema radicular da braquiária que,
em virtude da competição com a cultura produtora de grãos, aprofunda seu sistema
radicular e, com o passar dos anos e os processos de decomposição, aumentam o
aporte de material orgânico e a formação de bioporos nas camadas mais profundas.
Segundo Ceccon et al. (2011) o rendimento de massa seca total no cultivo
consorciado é superior ao cultivo de braquiária solteira, justificando a menor
compactação do solo pelo efeito de amortecimento promovido pela massa acumulada na
superfície e pela adição de matéria orgânica. Silva et al. (2011) afirmam que a presença
de palha na superfície do solo superior a 4 Mg ha-1 resulta em dissipação da energia de
21
compactação e menor densidade na camada de 0 a 0,05 m, quando comparada com
solo sem presença de palha.
Tabela 7. Resistência do solo à penetração (MPa) após a colheita da soja sob diferentes culturas antecessoras, em Dourados, MS, 2012.
Épocas de avaliação
Cobertura 5.4.1.1.1 Semeadura Floração Na colheita
Braquiária 2,06 b A 1,65 a B 1,55 a B
Consórcio 2,30 a A 1,33 b B 1,36 b B
Milho 2,00 b A 1,45 ab B 1,48 ab B
Caupi 2,27 a A 1,60 a B 1,63 a B
Média 2,16 1,51 1,51
Profundidade
0,00 a 0,05 0,31 e A 0,26 d A 0,15 e A
0,05 a 0,10 1,95 d A 1,34 c B 1,15 d B
0,10 a 0,15 2,60 ab A 1,74 ab B 1,74 abc B
0,15 a 0,20 2,63 ab A 1,77 ab B 1,91 ab B
0,20 a 0, 25 2,75 a A 1,90 a B 2,02 a B
0,25 a 0,30 2,64 ab A 1,85 a B 1,92 ab B
0,30 a 0,35 2,36 bc A 1,70 ab B 1,68 cd B
0,35 a 0,40 2,03 cd A 1,50 bc B 1,48 bc B
Média 2,16 1,51 1,51
Médias seguidas de letras iguais, maiúscula na linha e minúsculas na coluna em cada variável, não se diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. C.V. 22,4%.
22
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0 0,5 1 1,5 2 2,5
Resistência do Solo (MPa)
Pro
fun
did
ad
e (
m)
B. ruziziensis Consórcio Milho Caupi
Figura 6. Resistência do solo à penetração (MPa) no perfil do solo na colheita da soja cultivada após diferentes culturas de outono-inverno. Dourados, MS 2012.
6 CONCLUSÕES
O cultivo de B. ruziziensis solteira e em consórcio com milho safrinha diminuem a
incidência de plantas daninhas.
Cultivo consorciado de milho safrinha com braquiária proporciona menor variação
de umidade e resistência do solo a penetração, no entanto o feijão-caupi proporcionou
maior índice de clorofila nas folhas e maior massa de cem grãos da soja.
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Dourados, MS, 27 de junho de 2012
Gessí Ceccon
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