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MDIAS SOCIAIS NAS BIBLIOTECAS UNIVERSITRIASBRASILEIRAS
Alberto Calil Junior
Resumo: Apresenta os resultados da primeira etapa da pesquisa sobre o uso e asapropriaes das mdias sociais pelas bibliotecas brasileiras que consistiu naidentificao dos ambientes virtuais das bibliotecas das universidades federais do
pas e no mapeamento da adoo das mdias sociais pelas mesmas. Identifica asferramentas colaborativas utilizadas por estas bibliotecas e apresenta analisequantitativa em torno da presena dessas ferramentas nos ambientes virtuais das
bibliotecas. Conclui que o uso das mdias sociais nas bibliotecas analisadas ainda percentualmente baixo, mas que h a necessidade de estudos qualitativos sobre aconstruo de ambientes virtuais pelas bibliotecas universitrias e sobre os usos eapropriaes das mdias sociais por parte dessas mesmas bibliotecas.
Palavras-Chave: Mdias Sociais. Ferramentas Colaborativas. Biblioteca 2.0. Web2.0. Ciberespao.
1 INTRODUO
A noo de Biblioteca 2.0 foi veiculada pela primeira vez emsetembro de 2005, por Michael Casey (2006) em uma postagem emseu blog, intitulado Library Crunch. Casey foi o primeiro a falar emBiblioteca 2.0 e seu post ultrapassou os limites da biblioblogoesfera,- ou seja, do conjunto de blogs temticos que versam sobre aBiblioteconomia (BARROS, 2009), passando a ser objeto dosdebates acadmicos, de artigos e livros da rea de Biblioteconomia ede Cincia da Informao, assim como do universo de funcionrios eusurios de bibliotecas.
Segundo Elizabeth Black (2007) o termo foi criado parapermitir a aplicao das noes e consequentes modificaespromovidas pela web 2.0 no universo das bibliotecas. Desde ento, oque se tem observado , de um lado, a crescente presena das
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bibliotecas no ciberespao e, de outro, a apropriao de algumas daschamadas ferramentas da web 2.0, tanto por parte das bibliotecas,quanto na literatura especializada. Conforme aponta Campos (2007,p.2), em comunicao apresentada no VIII ENANCIB,
recentemente, tem havido uma discusso intensasobre a Web 2.0 que se reflete, em proporo, naBiblioteca 2.0. Mquinas de busca na Web,admitindo-se seus resultados como uma medidarelativa e parcial de popularidade ou atualidade,retornam mais de 676.000.000 de pginas emlngua inglesa para o primeiro termo e quase
2.300.000 para o segundo.
A emergncia de categorias como Web 2.0 e Biblioteca 2.0 apenas mais um dos reflexos da chamada Sociedade da Informao.Desde a passagem do sculo XX para o sculo XXI, temos assistidoa penetrao das tecnologias da informao e da comunicao emnosso cotidiano. A internet, a cibercultura e o ciberespao tecnologias que favorecem um estado quase permanente de conexo -podem ser tomadas como alguns dos smbolos desse incio de sculo.No interior deste contexto, a chamada Web 2.0, bem como as mdiassociais1 tornam-se categorias cada vez mais nomeadas e conhecidaspelos diversos atores ligados ao universo das unidades deinformao.
Em se tratando do caso brasileiro, possvel notar quepaulatinamente, ao menos para determinadas camadas da sociedade -
em particular as mais bem favorecidas socio-economicamente -, as
1Tambm chamadas de ferramentas colaborativas, as mdias sociais de acordo
com Raquel Recuero compreendem um fenmeno complexo, que abarca oconjunto de novas tecnologias de comunicao mais
participativas, mais rpidas e mais populares e as apropriaes sociais que foram eque so geradas emtorno dessas ferramentas (BAMBRILLA, 2011).
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condies de possibilidades para a participao na Sociedade daInformao vm sendo postas. De fato, no possvel falar emincluso digital (SORJ, 2008), contudo so identificadas mudanasque visam favorecer o acesso ao ciberesespao e as prticas sociaisprprias da cibercultura. No que se refere ao acesso internet nopas, dados apresentados pelo Comit Gestor da Internet no BrasilCGI.br (COMIT, 2011) assinalam que, entre os anos de 2009 e2010, houve um aumento na proporo de domiclios brasileiros comcomputador de 32% para 35% e que, no mesmo perodo, a proporode lares conectados internet passou de 24% para 27%. J emrelao ao nmero de brasileiros que acessam a internet, a Pesquisa
Nacional por Amostra de Domiclios de 2011 (COMIT, 2011)assinala que no ano de 2011, 77,7 milhes de pessoas de 10 anos oumais de idade declararam ter utilizado a internet sinalizando umaumento de 14,7% em relao ao ano de 2009 e correspondendo a46,5% da populao2, o que denota um constante crescimento noquantitativo da populao com acesso ao conjunto de informaesque circula no ciberespao.
Paralelamente, torna-se importante considerar o potencial
oferecido pelo ciberespao para a criao e manuteno de espaosde interlocuo entre as bibliotecas e seus usurios. Em pesquisasobre as bibliotecas das Instituies de Ensino Superior presentes naweb (GOMES, PRUDNCIO, CONCEIO, 2010) as autoras, aoconsiderar os ambientes virtuais de bibliotecas universitrias comodispositivos facilitadores de aes voltadas mediao e apropriaoda informao, assinalam que tais ambientes representam um
espao intensificador do processo de comunicao entre os usurios e
2Interessante anotar que em relao ao nmero de brasileiros com acesso internet
h uma pequena variao nos dados apresentados por diferentes institutos eorganizaes. Enquanto o IBGE afirma que somos 77,7 milhes de brasileiroscom o referido acesso, o Instituto IBOPE NIELSEN assinala que em setembro de2012, oBrasil possua 83,4 milnhes de internautas. Para efeitos dessa pesquisaestamos considerando os dados oficiais do governo brasileiro.
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da prpria biblioteca com os mesmos (GOMES, PRUDENCIO,
CONCEIO, 2010). Admitindo-se que a internet e as tecnologias aela relacionadas vm afetando o nosso cotidiano de maneirasignificativa, urge refletir sobre os possveis efeitos destas sobre ouniverso das bibliotecas. Nesta perspectiva, o questionamento emtorno da relao que as bibliotecas, os bibliotecrios que nelas atuame todos os atores que de alguma forma esto a elas ligados, vmestabelecendo com o ciberespao e com as referidas ferramentas seapresenta como importante campo de investigao. Assim, comoprimeira etapa de uma pesquisa, cujo objeto est situado nociberespao e cujo objetivo analisar os usos e apropriaes das
ferramentas colaborativas pelas bibliotecas, optou-se por realizar ummapeamento dos ambientes virtuais das bibliotecas e da adoo dasferramentas colaborativas pelas mesmas. Para tal, houve anecessidade de efetuar recortes no campo emprico. Em um primeiromomento, por tipo de bibliotecas, a saber: bibliotecas pblicas,bibliotecas especializadas, bibliotecas universitrias, bibliotecasescolares e bibliotecas comunitrias. E em cada tipo, por regiogeogrfica.
Neste contexto, alguns dos atores do mundo acadmico estoentre aqueles que mais circulam no ciberespao, que vem se tornandoum dos mais importantes, se no o principal, lcus de produo,circulao e disseminao da informao. E, ao acompanhar essaocupao do ciberespao por parte desses atores, possvel afirmarque entre as bibliotecas brasileiras, as universitrias vm sedestacando no uso das ferramentas colaborativas. Dessa forma,
optamos por iniciar o mapeamento pelas bibliotecas universitrias.Na realizao do mapeamento tomamos por base a metodologia e osresultados da pesquisa Mediao para leitura e escrita nas atividades
das bibliotecas das universidades pblicas brasileiras que realizou
um levantamento exaustivo das universidades pblicas federais e
estaduais, dos seus stios e dos demais dispositivos de comunicaodireta utilizados pelas bibliotecas universitrias dessas IES
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brasileiras.(GOMES, PRUDENCIO, CONCEIO, 2010, p. 147).No que concerne a produo cientfica sobre a Biblioteca 2.0
e sobre a adoo de mdias sociais nos ambientes informacionais, emdezembro de 2011, realizou-se um levantamento bibliogrfico nosperidicos da rea de Biblioteconomia e Cincia da informao quepossuam Qualistotalizando 15 ttulos. Esse levantamento apontoupara um crescimento no nmero de artigos publicados sobre o temanos anos de 2010 e 2011. Enquanto que de 2005 at 2008 forampublicados 12 artigos, esse nmero cresce para 29 se considerarmosos anos de 2009 a 2011. Apesar do baixo nmero de reflexes sobreo tema, possvel apontar para a relevncia do mesmo, tendo em
vista a crescente presena dos brasileiros no ciberespao e a adesodos mesmos s mdias sociais3.Aps um primeiro recorte do universo a ser investigado,
procedemos a identificao das universidades do pas. Para tal, foramrealizadas visitas ao ambiente virtual do Ministrio da Educao,onde obtivemos acesso as informaes sobre o quantitativo deinstituies de ensino superior no pas, separadas por regies. Dentreestas, optou-se por selecionar as universidades pblicas federais4.
Assim, durante o ano de 2011, realizamos o mapeamento dosambientes virtuais das bibliotecas de universidades pblicas do pas.
A partir da identificao das universidades foram localizados,visitados e analisados os seus ambientes virtuais visando verificar a
3Na estratgia de busca utilizada optouse pela busca no campo de assunto e/ou
palavras-chaves por termos diretamente relacionados ao tema, a saber: Biblioteca2.0, Web 2.0, Ferramentas Colaborativas e mdias sociais.4O Ministrio da Educao estabelece uma classificao para as
Instituies de Ensino Superior. Alm das Universidades
podemos encontrar: Centros Universitrios, Faculdades e
Institutos Federais de Ensino Superior; cada classe sendo
subdivida por pblicas (federais, estaduais e municipais) e
privadas. (BRASIL, 2010; BRASIL, 2011)
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presena da biblioteca ou da rede de bibliotecas nesses ambientes.Como ato contnuo, realizamos visitas aos stios das bibliotecasuniversitrias com o intuito de atender aos objetivos dessa primeiraetapa da pesquisa: o mapeamento da adoo das mdias sociais porparte dessas bibliotecas5.
Nesta perspectiva, o presente artigo tem por objetivoapresentar o mapeamento da adoo dessas mdias pelas bibliotecasdas universidades federais do pas, como parte integrante da primeiraetapa do projeto de pesquisa Bibliotecas e bibliotecrios no
ciberespao: a construo da Biblioteca 2.0 que visa investigar os
usos e apropriaes de mdias sociais pelas bibliotecas brasileiras.
2 WEB 2.0 E BIBLIOTECA 2.0: A CONFORMAO DENOVOS HORIZONTES?
Nos ltimos anos, os debates sobre a Web 2.0, a Biblioteca 2.0e o uso das mdias sociais pelas bibliotecas tm sido recorrentes entrebibliotecrios e cientistas da informao, apesar da relativa novidadedo tema. A aproximao com as tecnologias da informao e da
comunicao - TICs, em particular aquelas reunidas na internet, nose constitui em uma singularidade das bibliotecas. Na teoria socialcontempornea possvel encontrar a afirmao de que atualmenteestaramos testemunhando e participando de um momento de grandestransformaes societrias, cuja principal caracterstica seria aintroduo, em larga escala, das TICs no cotidiano, com destaquepara aquelas relacionadas comunicao mediada por computadores,
5A cada visita realizada foram capturadas as pginas dos ambientes virtuais das
universidades e respectivas bibliotecas, e armazenadas para futuras anlises, tantoquantitativas quanto qualitativas. Em se tratando de uma pesquisa em ambientesvirtuais ressalta-se a importncia da captura das pginas visitadas, tendo em vista acaracterstica dinmica desses ambientes, ou seja, um ambiente virtual visitado emum determinado momento pode ser parcial ou totalmente modificado no momentoseguinte. Para maiores detalhes sobre a etnografia nos ambientes virtuais verCALIL JUNIOR, 2009; AMARAL, FRAGOSO, RECUERO, 2011.)
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em particular a internet. Manuell Castells (1999), por exemplo,afirma que estamos presenciando a conformao de uma novaestrutura social fortemente marcada pela presena e pelofuncionamento de um sistema de redes interligadas e que tais redesesto relacionadas a um novo modelo de desenvolvimento surgido apartir de uma reestruturao do sistema capitalista, cuja principalcaracterstica seria o compartilhamento de informaes processadasatravs da linguagem digital (CASTELLS, 1999).
Essa nova estrutura seria a cibercultura, ou seja, uma novaconfigurao sociotcnica onde haver modelos tribais associados
s tecnologias digitais, opondo-se ao individualismo da cultura do
impresso, moderna e tecnocrtica (LEMOS, 2008, p.72). Nessecontexto, a internet emerge como sendo mais do que uma inovaotecnolgica; ela se constitui em um novo tipo de tecnologia, aquelaque nos leva a digitalizar e conectar toda a realidade que estiver aonosso alcance (DREYFUS, 2001), promovendo, assim, novas formasde sociabilidade.
Produto da segunda metade do sculo XX, a internet surgepara o grande pblico em finais da dcada de 1980. De acordo com
Pierre Levy (2000), foi por essa poca que as grandes metrpoles eos campi americanos viram nascer "um movimento scio-cultural"que espontnea e imprevisivelmente "imps um novo curso aodesenvolvimento tcnico-econmico" configurando a "infra-estruturado ciberespao, novo espao de sociabilidade, de organizao, detransao, mas tambm novo mercado da informao e doconhecimento" (LEVY, 2000, p.32). Nesta perspectiva, a internet
tem sido considerada como o grande marco da ltima revoluoassistida pela humanidade, a revoluo da informao e paramuitos vem se constituindo como o tecido de nossas vidas
(CASTELLS, 2003). Comparada, em sua magnitude stransformaes operadas pela Revoluo Industrial, a revoluopropiciada pela disseminao dos computadores pessoais e dainternet produz profundas modificaes que perpassam todas as
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esferas da vida do homem, indo desde a organizao poltica eeconmica organizao do dia-a-dia e da subjetividade(ZAREMBA, 2006).
A partir de meados da dcada passada, surge uma novacategoria para assinalar as mudanas que a internet traz para a vidasocial, em particular nos modelos de comunicao e negcios - a web2.0 ou web social (ANTOUN, 2008, O`REILLY, 2005a, CAMPOS,2007, MANESS, 2007, PELTIER-DAVIS, 2009). De acordo comManess (2007), a noo foi primeiro comunicada, conceitualizada e
tornada popular por Tim OReilley e Dale Dougherty (...) para
descrever as tendncias e modelos de negcios que sobreviveram ao
crash do setor de tecnologia dos anos 90 (MANESS, 2007) e quetinham por caracterstica comum o fato de serem colaborativas. ParaTim OReilly, a noo de web 2.0 estaria relacionada a utilizao darede (internet) como uma plataforma de conexo entre diversosdispositivos e aplicaes web 2.0 so aquelas que aproveitam ao
mximo as vantagens da plataforma como ligao entre essesdispositivos (OREILLY, 2005b) (traduo nossa).
nesse contexto, o da possibilidade de pensar a web (e dela
ser utilizada) como plataforma, que surgem as mdias sociais ouferramentas colaborativas. Segundo a narrativa predominante, estasferramentas facilitam a colaborao e a comunicao entre osusurios, estimulam a participao e a criao de contedos, epossibilitam o surgimento e a disseminao das redes sociais nainternet. Tais ferramentas vm sendo consideravelmente utilizadas.Conforme Peltier-Davis a incorporao das tecnologias da web 2.0
est em alta entre os usurios dos stios de redes sociais tais como oYoutube, Delicious, MySpace, Facebook, Second Life,LibraryThing, Ning, Flickr, Twitter, Meebo, WorldCat.org, dentreoutros (PELTIER-DAVIS, 2009, p.18, traduo nossa).
Ainda de acordo com Peltier-Davis (2009), blogs, wikis,RSS, folksonomias, podcasts, sites de redes sociais, streaming deudio e vdeo estariam entre as principais ferramentas que serviriam
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de base para a conformao da web 2.0 e consequentemente daBiblioteca 2.0.
O debate sobre a Biblioteca 2.0 e sua realidade estgeralmente relacionado noo de Web 2.0. As primeiras definiessurgem em alguns blogs de bibliotecrios norte-americanos, tendocomo ponto de partida o j citado blog de Michael Casey. De acordocom Maness (2007), a partir do post de Casey, a biblioblogoesferafoi tomada por uma explorao conceitual do que Biblioteca 2.0
pode significar (MANESS, 2007, p.44), instalando-se, ento, umacontrovrsia em torno da definio e da importncia do tema.
Para alguns autores, tais controvrsias estariam fundadas na
tentativa de acomodar as modificaes que chegam com a chamadaWeb 2.0 para os servios das bibliotecas e unidades de informao(BLACK, 2007); (MANESS, 2007); (BOXEN, 2008) Porm, apesardessa controvrsia inicial, pode-se afirmar que o entendimento dabiblioteca 2.0 como um modelo para os servios de bibliotecas que
incentiva mudanas constantes e intencionais e que convida o usurioa colaborar ativamente com a biblioteca (...)(CASEY;SAVASTINUK, 2006, p.40, traduo nossa) passou a ser
predominante nos artigos que versam sobre o tema na literatura darea. Ken Chad e Paul Miller (2005), em texto que analisam onascimento da noo de Library 2.0, estabelecem quatro princpiosna tentativa de compreender a questo, a saber:
1) A Biblioteca 2.0 est em todos os lugares, ou seja, podeser acessada de qualquer lugar do planeta;
2) A Biblioteca 2.0 no possui fronteiras. Para os autores abiblioteca deve estar no centro dos processos dedemocratizao da informao, possibilitando o livre acesso;
3) A Biblioteca 2.0 possibilita a criao de uma cultura daparticipao, essencialmente colaborativa;
4) A Biblioteca 2.0 estabelece novas formas de relao entre
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as bibliotecas e seus parceiros, no que se refere ao uso dastecnologias.
No caso brasileiro, conforme vimos, o debate sobre o tema naliteratura das reas de Biblioteconomia e Cincia da Informaoainda no encontra ressonncia. Contudo, ao voltarmos o nosso olharpara o universo das bibliotecas e demais unidades de informao, possvel perceber uma tentativa inicial de aproximao e deutilizao destas ferramentas como dispositivos potencializadores damediao entre as bibliotecas e seus usurios, ao menos no queconcerne ao discurso. O uso de determinadas mdias sociais, como
por exemplo o Twitter e o Facebook, vm crescendo entre osbrasileiros, dentre os quais esto includos bibliotecrios e usuriosdas diversas unidades de informao. A noo da web comoplataforma e a adoo das mdias sociais tm surgido, nos ltimosanos, como a grande novidade para bibliotecas e bibliotecrios que,aos poucos, se aproximam e se apropriam destas ferramentas. Nesseparticular, conforme j colocado, as bibliotecas universitrias se
destacam. Diante desse quadro possvel formularmos algumasquestes: As bibliotecas universitrias brasileiras vm utilizando asmdias sociais? Em que medida esse uso ocorre? Quais bibliotecas asutilizam? Que ferramentas so utilizadas? De que forma?
3 MAPEAMENTO DAS MDIAS SOCIAIS NASBIBLIOTECAS UNIVERSITRIAS
Apresentamos a seguir o mapeamento dos ambientes virtuaisdas universidades federais do pas, bem como de suas respectivasbibliotecas. O levantamento de informaes foi guiado por algunsquestionamentos que acabaram por balizar a anlise e a apresentaodos dados. Em primeiro lugar, considerou-se necessrio saber aquantidade de universidades federais em cada uma das regies, bemcomo o nmero de bibliotecas por universidade. Nesse particular, o
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mapeamento confirmou quase que totalmente os dados apresentadospela pesquisa supracitada de Gomes, Prudncio e Conceio (2010)6.
Tabela 1: Bibliotecas Universitrias por regio
Regio Universidades Federais Bibliotecas
Centro-oeste 5 27
Nordeste 14 147
Norte 8 70
Sudeste 19 170
Sul 11 107Total 57 521
Fonte: CALIL JUNIOR, A.; ALMENDRA, G.; VAZ, P. (2012a) ; CALILJUNIOR, A.; CAPELLO, S.; SANTOS, R. (2012b)
Na unanimidade dos ambientes virtuais das universidadesvisitadas, observou-se a presena de links para os ambientes virtuaisdas respectivas bibliotecas. No entanto, essa unanimidade nogarante a visibilidade das bibliotecas nesses ambientes. Em algunscasos o link para o ambiente virtual da biblioteca est visvel, comoocorre no ambiente virtual da Universidade Federal do ABC
6 Em relao ao nmero de universidades federais os dados diferem apenas naregio sul, tendo em vista a criao de duas novas universidades. J quanto ao
quantitativo de bibliotecas por universidades nas regies nordeste e norte
encontramos um nmero maior do que na pesquisa supracitada, enquanto nas
regies sudeste, sul e centro-oeste o nmero de bibliotecas encontrado no
nosso levantamento foi menor.
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Figura 1: Portal da UFABC
Fonte: http://www.ufabc.edu.br
Contudo, essa centralidade nem sempre se materializa. Muitasvezes o link para a Biblioteca ou para o Sistema / Rede de bibliotecasest em local de difcil visualizao, o que pode afastar potenciaisusurios. De acordo com Sibilia (2003 apud RECUERO, 2009) para
que os sujeitos existam no ciberespao preciso que os mesmossejam vistos, pois, no ciberespao opera o imperativo davisibilidade. E se considerarmos o ciberespao como um dosprincipais lcus de circulao da informao na atualidade, torna-senecessrio que as bibliotecas estejam atentas para garantirvisibilidade na principal porta de entrada das universidades.
Aps a identificao da presena das bibliotecas nas pginas
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das universidades, verificou-se a existncia dos ambientes virtuaisdas referidas bibliotecas. Constatou-se em todas as regies do pasque o nmero de ambientes virtuais no correspondia ao nmero debibliotecas. Interessante observar que em relao existncia deambientes virtuais de bibliotecas, o mapeamento realizado corroboraa anlise realizada por Gomes, Prudncio e Conceio (2010) queafirmam haver um maior investimento do Governo Federal, em setratando do nmero de universidades, nas regies sul e sudeste. Noque se refere ao nmero de bibliotecas universitrias com ambientesvirtuais, as referidas regies se destacam.
Tabela 2: Ambientes virtuais de bibliotecasRegio Bibliotecas Existncia deambientes virtuais
Centro-oeste 27 18
Norte 70 25
Nordeste 147 54
Sudeste 170 172
Sul 107 146
TOTAL 521 415
Fonte: CALIL JUNIOR, A.; ALMENDRA, G.; VAZ, P. (2012a) ; CALILJUNIOR, A.; CAPELLO, S.; SANTOS, R. (2012b)
Nota-se tambm uma dissonncia entre o nmero debibliotecas e a quantidade de ambientes virtuais dessas bibliotecas.Uma das possibilidades levantadas na investigao que taldiscrepncia pode ocorrer em virtude de que no caso de algumasredes ou sistemas de bibliotecas, compostos de vrias bibliotecassetoriais, todas as bibliotecas que fazem parte do sistema / rede soreunidas em apenas um ambiente virtual. Nesse sentido, trssituaes se configuraram, quanto aos ambientes de bibliotecas no
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ciberespao:
1. Ambientes virtuais que trazem informaes factuaissobre a biblioteca contendo informaes sobre osistema / rede de bibliotecas e as respectivasbibliotecas setoriais, que aqui estamos chamando deambientes virtuais estticos;
2. Ambientes virtuais que alm de conterem informaesfactuais so atualizados constantemente com notciassobre a biblioteca e de interesse dos usurios, etambm com outros recursos, como streaming medias
que garantem dinamicidade ao ambiente virtual,chamados aqui de ambientes virtuais dinmicos ouinterativos;
3. Ambientes virtuais que oferecem recursos quepossibilitam a interloculao do usurio com abiblioteca, levando-os a participar e a colaborar nasatividades desta, bem como no prprio ambientevirtual; chamados aqui de ambientes virtuais
participativos ou cooperativos.
Tabela 3: Tipologia dos ambientes de bibliotecas no ciberespao
Regio Ambientesestticos
Ambientesinterativos
Ambientesparticipativos
Centro-oeste 8 3 7
Nordeste 29 32 15Norte 12 6 1Sudeste 104 28 67
Sul 64 33 44Total 217 102 133
Fonte: CALIL JUNIOR, A.; ALMENDRA, G.; VAZ, P. (2012a) ; CALILJUNIOR, A.; CAPELLO, S.; SANTOS, R. (2012b)
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A literatura da rea ao fazer meno a caractersticas dosambientes virtuais de bibliotecas tende a utilizar os qualificativos 1.0e 2.0. Dessa forma, ambientes 2.0 seriam ambientes virtuais nosquais o movimento, a cooperao e a interlocuo so ascaractersticas principais, ambientes colaborativos por excelncia.Contudo, preferimos no utilizar a referida nomenclatura porconsiderar que no o simples uso de determinados artefatos quetransforma um ambiente virtual em um espao de interlocuo e decolaborao. Gomes, Prudncio e Conceio, na pesquisasupracitada, afirmam que, apesar do crescimento nos ltimos anos
dos sites de bibliotecas universitrias, tais ambientes virtuais novm sendo utilizados como espaos de interlocuo. Conforme asautoras,
as bibliotecas das universidades pblicas federais eestaduais vm subutilizando a web no estabelecimentoda interlocuo direta com os usurios, deixando decumprir de maneira satisfatria sua misso de
proporcionar o acesso informao para seu uso e
apropriao (GOMES, PRUDNCIO, CONCEIO,2010).
Apenas a partir do mapeamento realizado nesta investigao,no possvel corroborar (ou no corroborar) as afirmaes de queos ambientes virtuais de bibliotecas no se constituem em espaos deinterlocuo - para tal seria necessrio um estudo sobre os usos eapropriaes de tais ambientes. Contudo, em termos quantitativos, possvel constatar que os nmeros de ambientes estticos (que nofavorecem a interlocuo, a participao e a colaborao) aindapredominam entre as bibliotecas universitrias.
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J, no que se refere adoo de mdias sociais pelasbibliotecas aqui investigadas, foi possvel verificar que quanto quantidade, paulatinamente, as bibliotecas das universidades federaisvm incorporando algumas dessas ferramentas aos seus ambientes
virtuais.
Tabela 4: Uso de mdias sociais
Regies Bibliotecas Uso de mdias sociais
Centro-oeste 31 8
Norte 66 3
Nordeste 103 7Sudeste 169 83
Sul 116 39
TOTAL 485 226
Fonte: CALIL JUNIOR, A.; ALMENDRA, G.; VAZ, P. (2012a) ; CALILJUNIOR, A.; CAPELLO, S.; SANTOS, R. (2012b)
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Tal como ocorre nos ambientes virtuais, uma vez mais asbibliotecas das regies sul e sudeste se destacam quanto utilizaode mdias sociais.
A constatao de que parte das bibliotecas est utilizando taisferramentas aponta para a necessidade da realizao de anlises sobreos referidos usos. Nesse sentido, surge outro questionamento: quaisferramentas vm sendo utilizadas por estas bibliotecas?
Tabela 8: Ferramentas ColaborativasFerramentas colaborativas Bibliotecas que utilizam
Twitter 58
Facebook 29
Blog 23
Orkut 6
Chat 4
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Ferramentas colaborativas Bibliotecas que utilizam
Delicious 1
M 2
Google + 2
LinkedIn 1
MSN 1
Servio de referncia virtual 1
Formspring 1
Fonte: CALIL JUNIOR, A.; ALMENDRA, G.; VAZ, P. (2012a) ; CALILJUNIOR, A.; CAPELLO, S.; SANTOS, R. (2012b)
A partir do mapeamento foi possvel constatar que 46,5%das bibliotecas de universidades federais fazem uso de algum tipo demdia social e que, da mesma forma que ocorre na populao maisampla, as ferramentas de redes sociais na internet, com destaque parao Facebook e para o Twitter, seguidos pelos blogs so as maisutilizadas por estas bibliotecas.
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Contudo, apesar da presena dessas ferramentas no cotidianodas bibliotecas investigadas, nota-se a quase inexistncia dasferramentas de mensagens sncronas e de chats dentre estas, o queaponta na direo de um paradoxo: de um lado, o uso crescente das
mdias sociais que favorecem tanto a interlocuo quanto aparticipao dos usurios nos ambientes das bibliotecas, tais como oTwitter e o Facebook e de outro a quase inexistncia da oferta dosServios de Referncias Virtuais por parte dessas bibliotecas; o quesinaliza para a necessidade de estudos qualitativos sobre quais so osusos e as apropriaes que bibliotecas e seus usurios vm fazendodos ambientes virtuais de bibliotecas e das ferramentas colaborativas.
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5 CONSIDERAES FINAIS
Os dados aqui apresentados so parte do projeto de pesquisa
que visa investigar a noo de Biblioteca 2.0, bem como os usos eapropriaes que as bibliotecas brasileiras vm fazendo das mdiassociais. Nessa primeira etapa da pesquisa foram realizados osmapeamentos dos ambientes virtuais das bibliotecas dasuniversidades federais brasileiras separados por regio geogrfica. Apartir desses mapeamentos constata-se que a construo deambientes virtuais por parte das bibliotecas universitrias das regies
analisadas j uma realidade. A internet e o ciberespao j so partedo cotidiano dos brasileiros e, consequentemente, vem se tornando oprincipal lcus para a busca e recuperao da informao. Conformecolocado, j somos cerca de 80 milhes de brasileiros acessando ainternet, acesso este que cresce a cada nova divulgao de dadosestatsticos sobre o tema e, em um universo cuja organizao,disseminao e o acesso informao so os principais motes, taisdados no podem ser ignorados por seus atores.
Em relao s mdias sociais, constata-se que nas regiesanalisadas, estas ainda no fazem parte da paisagem das bibliotecas,considerando-se o baixo percentual de bibliotecas que as utilizam.Contudo, tanto no que se refere construo dos ambientes virtuais,quanto aos efeitos da presena das ferramentas colaborativas nasbibliotecas para os servios realizados por estas quer sejamvoltados para a organizao da informao quer para o atendimentodas demandas informacionais dos usurios aponta-se para anecessidade de estudos qualitativos. Nesse sentido, para alm desaber se as bibliotecas universitrias esto presentes no ciberespaoou se utilizam as mdias sociais, necessrio o desenvolvimento depesquisas que visem investigar quais tem sido os usos e asapropriaes que bibliotecas e demais equipamentos informacionaisvm fazendo dessas ferramentas e dos ambientes virtuais.
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p. 209-228.7 AGRADECIMENTOS
1- Projeto contou com o auxlio instalao da FAPERJ2Agradeo aos bolsistas de Iniciao Cientfica (IC/UNIRIO)Gabriela Almendra, Priscila Vaz, Rick Santos e Soraia Capello pelo
http://oreilly.com/pub/a/web2/archive/what-is-web-20.html?page=1http://oreilly.com/pub/a/web2/archive/what-is-web-20.html?page=1http://radar.oreilly.com/archives/2005/10/web-20-compact-definition.htmlhttp://radar.oreilly.com/archives/2005/10/web-20-compact-definition.htmlhttp://radar.oreilly.com/archives/2005/10/web-20-compact-definition.htmlhttp://www.ufc.br/http://www.ufc.br/http://www.ufc.br/http://www.ufc.br/http://radar.oreilly.com/archives/2005/10/web-20-compact-definition.htmlhttp://radar.oreilly.com/archives/2005/10/web-20-compact-definition.htmlhttp://oreilly.com/pub/a/web2/archive/what-is-web-20.html?page=1http://oreilly.com/pub/a/web2/archive/what-is-web-20.html?page=17/23/2019 Mdias Sociais MDIAS SOCIAIS NAS BIBLIOTECAS UNIVERSITRIAS BRASILEIRAS
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levantamento e coleta de parte dos dados.
SOCIAL MEDIAS IN BRAZI L I AN UNI VERSI TY LI BRARIES
Abstract: This paper presents the results of the first stage of the research onthe uses and appropriation of social medias by Brazilian libraries, which
consisted in: identification of the virtual websites of the public universitylibraries and mapping the adoption of the social medias by these libraries.
This research identifies the social medias used by these libraries andpresents quantitative analysis about the adoption of these medias by theuniversity libraries. It reaches the conclusion that the use of the social
medias is still quantitatively low in the university libraries analyzed.
Moreover, it states that some qualitative studies are needed to understandthe craft of virtual websites by universities libraries and also the uses andappropriation of social medias by these libraries.
Keywords: Social Media. Library 2.0. Web 2.0. Cyberspace.
Alberto Calil Junior
Professor Adjunto do Programa de Ps-Graduao emBiblioteconomia (PPGB/UNIRIO) e da Escola de Biblioteconomiada UNIRIOE-mail:[email protected]
Submisso: 05-11-2012Aceito: 04-05-2013
mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]Top Related