MÉTODO SOCRÁTICO
O método socrático consiste numa prática muito famosa de Sócrates, o filósofo, em
que, utilizando um discurso caracterizado pelamaiêutica e pela ironia, levava o seu
interlocutor a entrar em contradição, tentando depois levá-lo a chegar à conclusão
de que o seu conhecimento é limitado.
É atribuído a Sócrates, o grande filósofo grego do século IVAEC/A.C., devido ao seu
uso constante, registrado nos livros dePlatão.
O Método Socrático é uma abordagem para geração e validação de idéias e
conceitos baseada em perguntas, respostas e mais perguntas.
Também conhecido como Maiêutica: "É o método que consiste em parir idéias
complexas a partir de perguntas simples e articuladas dentro dum contexto."
Sócrates nada de escrito deixou para que a posteridade pudesse conhecer seu
pensamento. O que se sabe a respeito dele vem de discípulos e admiradores, que o
exaltam (principalmente Platão e Xenofonte) ou de adversários, que o satirizam
(principalmente Aristófanes). Quem mais nos fala sobre ele é mesmo Platão, seu
discípulo, que narra os diálogos de seu mestre pelas ruas e praças de Atenas. É até
difícil distinguir o que é pensamento de Sócrates do que é teoria de Platão na boca
de Sócrates. Para ter mais segurança, é sempre bom comparar as diversas fontes
para se chegar pelo menos mais próximo do Sócrates histórico.
Sócrates era um homem público e simples. É assim que acontecem as narrativas de
Platão, nos diálogos cotidianos de seu mestre com interlocutores diversos. Como
Sócrates não cobrava por seu ofício, conversava com pessoas de qualquer classe
sócio-econômica. No entanto, não conversava sobre qualquer coisa, mas só sobre
um assunto sobre o qual quisesse demonstrar a ignorância do interlocutor a
respeito. Sua “filosofia de vida” é o que estava escrito no Oráculo de Delfos:
“Conhece-te a ti mesmo”. A partir daí, ele sempre confessava a própria ignorância:
“Só sei que nada sei”. Assim, confessando-se ignorante a respeito dos assuntos que
os outros se julgavam sábios, era ele mesmo, Sócrates o mais sábio, pois os outros,
julgando saber, na verdade não sabiam; ele, ao contrário, reconhecia isso.
Em seus diálogos, o reconhecimento da própria ignorância era parte essencial para
se chegar à apreensão da Idéia e à construção dos conceitos. Era necessário
mostrar a seus interlocutores o quanto estavam errados em seus “pré-conceitos” e
“pré-juízos”. Num primeiro momento, Sócrates fazia a sondagem daquilo que se
pretendia saber em relação ao assunto em questão. Através de perguntas Sócrates
conduzia o diálogo até o ponto em que o outro ficava embaraçado por ver seus
conceitos serem derrubados um a um. Essa é a ironia socrática, que Kierkergaard
reconhece ser mesmo Sócrates o iniciador na história do pensamento. Ao contrário
do conceito atual de ironia, na etimologia ela significa pergunta. Era justamente
isso que Sócrates fazia com o homem de Atenas.
A segunda etapa do método de Sócrates consiste na construção de conceitos novos
a partir das cinzas dos antigos que foram destruídos. É a maiêutica. Esse nome é
derivado e em homenagem à profissão de sua mãe, que era parteira. Sócrates
queria exatamente isto: que a alma de seus discípulos parisse as idéias, posto que
elas já estavam todas lá. Esse inatismo socrático se justifica na teoria da
reminiscência. Para Sócrates, a alma antes de encarnar estava em contemplação do
belo, do bem e da verdade suprema. Lá, no hiperurâneo, o mundo das idéias (ou
mundo inteligível) a alma já tinha o conhecimento perfeito. Para atingir esse
conhecimento aqui na terra era preciso superar os sentidos que nos sugerem
apenas o mundo sensível e fazer a alma recordar as idéias das quais já tinha
conhecimento no mundo das Idéias e nas encarnações anteriores. Assim, através de
seus diálogos mostrava a ignorância de seus interlocutores para em seguida
mostrar-lhes a verdade que pretendiam possuir. Isso era a filosofia para Sócrates.
A filosofia é, pois, mais que uma doutrina. É um guia e caminha certo para se sair
da ignorância e do erro. É a luz para mostrar as coisas como o são, para abrir os
olhos do “sábio” ao Bem, ao Belo, à Verdade. Considerando, assim, a ignorância
como vício e o conhecimento como virtude, pode-se acusar de intelectualista a
ética socrática. Entretanto, deve-se ter em mente que Sócrates amava sua cidade e
queria era preparar seus discípulos para a vida da Pólis na política. Não queria
formar homens sábios segundo o conceito sofista, mas filósofos que realmente
fosse capazes de bem conduzir a própria vida e a vida da pólis.
CONCLUSÃO
Ao se analisar mais de perto e com um olhar mais acurado a obra de Sócrates – se e
que se pode chamá-la obra – pode-se perceber que o que Sócrates queria para si e
para seus discípulos e interlocutores diversos era a descoberta da Verdade. Não
possuí-la e agir como se a possuísse, pretendendo saber o que não se sabe era
ignorância. A filosofia vinha, então, para reparar o vício da ignorância e, assim,
restabelecer à alma da pessoa a virtude que contemplava antes, recordando-lhe a
ciência, que é justamente o conhecimento da Verdade, saindo das trevas da
caverna do erro e da presunção.
Isso não deixou se incomodar muita gente. Pois, ensinando isso aos jovens,
Sócrates foi acusado de corromper a juventude, pois contrariava a orDem vigente.
Ele era, aliás, uma contradição para a sociedade de sua época, a começar por sua
aparência física que ia bem de encontro ao ideal de beleza apolínica. Entretanto,
mesmo condenado injustamente, ele manteve-se coerente e fiel: a si, as suas
idéias, a seus discípulos e mesmo à sua cidade, que tanto amava.
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SÓCRATES
Sócrates, em grego antigo Σωκράτης [Sōkrátēs], (470 a.C. — 399 a.C.) foi
um filósofo ateniense e um dos mais importantes ícones da
tradição filosófica ocidental e um dos fundadores da atual FilosofiaOcidental. As
fontes mais importantes de informações sobre Sócrates
são Platão, Xenofonte e Aristóteles (Alguns historiadores afirmam só se poder falar
de Sócrates como um personagem de Platão, por ele nunca ter deixado nada
escrito de sua própria autoria.). Os diálogos de Platão retratam Sócrates como
mestre que se recusa a ter discípulos, e um homem piedoso que foi executado por
impiedade. Sócrates não valorizava os prazeres dos sentidos, todavia se escalava o
belo entre as maiores virtudes, junto ao bom e ao justo. Dedicava-se ao parto das
idéias (Fedro) dos cidadãos de Atenas, mas era indiferente em relação a seus
próprios filhos.
O julgamento e a execução de Sócrates são eventos centrais da obra de Platão
(Apologia e Críton). Sócrates admitiu que poderia ter evitado sua condenação
(beber o veneno chamado cicuta) se tivesse desistido da vida justa. Mesmo depois
de sua condenação, ele poderia ter evitado sua morte se tivesse escapado com a
ajuda de amigos. A razão para sua cooperação com a justiça da Polis e com seus
próprios valores mostra uma valiosa faceta de sua filosofia, em especial aquela que
é descrita nos diálogos com Críton.
Detalhes sobre a vida de Sócrates derivam de três fontes contemporâneas: os
diálogos de Platão, as peças de Aristófanes e os diálogos de Xenofonte. Não há
evidência de que Sócrates tenha ele mesmo publicado alguma obra. As obras
de Aristófanes retratam Sócrates como um personagem cômico e sua
representação não deve ser levada ao pé da letra.
Sócrates casou-se com Xântipe, que era bem mais jovem que ele, e teve três filhos:
Lamprocles, Sophroniscus e Menexenus. Seu amigo Críton criticou-o por ter
abandonado seus filhos quando ele se recusou a tentar escapar antes de sua
execução, mostrando que ele (assim como seus outros discípulos), parece não ter
entendido a mensagem que Sócrates tenta passar sobre a morte (diálogo Fédon),
antes de ser executado.
Não se sabe ao certo qual o trabalho de Sócrates, se é que houve outro além da
Filosofia. De acordo com algumas fontes, Sócrates aprendeu a profissão de oleiro
com seu pai. Na obra de Xenofonte, Sócrates aparece declarando que se dedicava
àquilo que ele considerava a arte ou ocupação mais importante: maiêutica, o parto
das idéias. Platão afirma que Sócrates não recebia pagamento por suas aulas. Sua
pobreza era prova de que não era um sofista.
Várias fontes, inclusive os diálogos de Platão, mencionam que Sócrates tinha
servido ao exército em várias batalhas. Na Apologia, Sócrates compara seu período
no serviço militar a seus problemas no tribunal, e diz que qualquer pessoa no júri
que imagine que ele deveria se retirar da filosofia deveria também imaginar que os
soldados devessem bater em retirada quando era provável que pudessem morrer
em uma batalha.
Algumas curiosidades: Sócrates costumava caminhar descalço e não tinha o hábito
de tomar banho. Em certas ocasiões, parava o que quer que estivesse fazendo,
ficando imóvel por horas, meditando sobre algum problema. Certa vez o fez
descalço sobre a neve, segundo os escritos de Platão, o que demonstra o caráter
legendário da figura Socrática.
Idéias filosóficas
As crenças de Sócrates, em comparação às de Platão, são difíceis de discernir. Há
poucas diferenças entre as duas idéias filosóficas. Conseqüentemente, diferenciar
as crenças filosóficas de Sócrates, Platão e Xenofonte é uma tarefa difícil e deve-se
sempre lembrar que o que é atribuído a Sócrates pode refletir o pensamento dos
outros autores.
Se algo pode ser dito sobre as idéias de Sócrates, é que ele foi moralmente,
intelectualmente e filosoficamente diferente de seus contemporâneos atenienses.
Quando estava sendo julgado por heresia e por corromper a juventude, usou seu
método de elenchospara demonstrar as crenças errôneas de seus julgadores.
Sócrates acredita na imortalidade da alma e que teria recebido, em um certo
momento de sua vida, uma missão especial do deus Apolo Apologia, a defesa
do logos apolíneo "conhece-te a ti mesmo". Sócrates também duvidava da idéia
sofista de que a arete (virtude) podia ser ensinada. Acreditava que a excelência
moral é uma questão de inspiração e não de parentesco, pois pais moralmente
perfeitos não tinham filhos semelhantes a eles. Isso talvez tenha sido a causa de
não ter se importado muito com o futuro de seus próprios filhos. Sócrates
freqüentemente diz que suas idéias não são próprias, mas de seus mestres, entre
eles Pródico e Anaxágoras de Clazômenas.
Conhecimento
Sócrates sempre dizia que sua sabedoria era limitada a sua própria ignorância (Só
sei que nada sei.). Ele acreditava que os atos errados eram conseqüência da própria
ignorância. Nunca proclamou ser sábio.
Virtude
Sócrates acreditava que o melhor modo para as pessoas viverem era se
concentrando no próprio desenvolvimento ao invés de buscar a riqueza material.
Convidava outros a se concentrarem na amizade e em um sentido de comunidade,
pois acreditava que esse era o melhor modo de se crescer como uma população.
Suas ações são provas disso: ao fim de sua vida, aceitou sua sentença de morte
quando todos acreditavam que fugiria de Atenas, pois acreditava que não podia
fugir de sua comunidade. Acreditava que os seres humanos possuíam certas
virtudes, tanto filosóficas quanto intelectuais. Dizia que a virtude era a mais
importante de todas as coisas. Política
Diz-se que Sócrates acreditava que as idéias pertenciam a um mundo que somente
os sábios conseguiam entender, fazendo com que o filósofo se tornasse o perfeito
governante para um Estado. Se opunha à democracia aristocrática que era
praticada em Atenasdurante sua época. Acreditava que a perfeita república deveria
ser governada por filósofos. Acreditava também que os tiranos eram até mesmo
mais legítimos que a democracia.
Diálogos
Os diálogos socráticos são uma série de diálogos escritos por Platão eXenofonte na
forma de debates entre Sócrates e outras pessoas de sua época; ou mesmo
debates entre Sócrates e seus seguidores (como Fédon). A Apologia de Sócrates é
um monólogo, agrupado junto com os diálogos. A Apologia (no direito grego, uma
defesa) é um registro do discurso que Sócrates proferiu em seu julgamento. A
maioria dos diálogos aplica o método socrático.
A República
Apologia de Sócrates
Críton
Fédon
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OS FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS
Os filósofos pré-socráticos são, como sugere o nome, os filósofos anteriores
a Sócrates ( ou anteriores a Platão, já que alguns filósofos afirmam só poder falar de
Sócrates, por ele nunca ter deixando nada escrito de sua autoria, como um
personagem de Platão).
Essa divisão acontece devido ao objeto da filosofia destes filósofos e da novidade
introduzida por Sócrates. Temporalmente, os Sofistassão anteriores a Sócrates, pois
já havia sofistas antes de Sócrates, contemporâneos a ele e posteriores. Mas o
pensamento deles situa-se em uma categoria própria em certas vezes, e
relacionados a Sócrates noutras vezes. Isso porque o pensamento de ambos
(sofistas e Sócrates) chega a tocar-se muitas vezes; suas diferenças consistem em
questões de conduta (os sofistas cobravam por seu ensinamento, por exemplo) e
algumas posições (os sofistas eram, no mais das vezes, relativistas, por exemplo).
Mas ambos representam uma certa ruptura com os pré-socráticos, que são também
chamados de filósofos da physis.
Tais filósofos, considerados pioneiros da filosofia ocidental, buscavam um princípio,
a arché, que deveria ser um princípio presente em todos os momentos da
existência de tudo. Essa arché deveria estar no início, no desenvolvimento e no fim
de tudo.
São chamados "da physis" porque suas investigações giravam sempre em torno do
mundo material, físico; embora não poucas vezes o arché fosse algo não-físico,
como os números, para os pitagóricos, ou o a-peiron (uma "coisa" incriada e sem
um começo), paraAnaximandro.
Os principais filósofos pré-socráticos (e suas escolas) foram:
Escola Jônica : Tales de Mileto, Anaximenes de Mileto ,Anaximandro de
Mileto e Heráclito de Êfeso;
Escola Itálica : Pitágoras de Samos, Filolau de Crotona eÁrquitas de Tarento;
Escola Eleata : Parmênides de Eléia e Zenão de Eléia.
Escola da Pluraridade : Empédocles de Agrigento, Anaxágorasde
Clazômena, Leucipo de Abdera e Demócrito de Abdera.
E S C O L A J Ô N I C A
Tales de Mileto(624-548 a.C.)
Primeiro filósofo Milesiano. Tales foi comerciante de sal, azeite e oliva e enriqueceu
como proprietário de prensas de azeitona durante uma safra promissora. Sabe-se
que Tales previu um eclipse ocorrido em 585 a.C. De suas idéias quase nada é
conhecido. Aristóteles o chama de fundador da filosofia, e lembra que a sua
doutrina baseia-se na água como o elemento primordial de todas as coisas (physis,
fonte originária, gênese), e que para suportar as transformações e permanecer
inalterada, a água deveria ser um elemento eterno.
Atribui-se a Tales a afirmação de que "todas as coisas estão cheias de deuses", o
que talvez pode ser associado à idéia de que o imã tem vida, porque move o ferro.
Essa afirmação representa não um retorno a concepções míticas, mas
simplesmente a idéia de que o universo é dotado de animação, de que a matéria é
viva (hilozoísmo). Além disso, elaborou uma teoria para explicar as inundações do
Nilo, e atribui-se a Tales a solução de diversos problemas geométricos
(exemplo: teorema de Pitágoras). Tales viajou por várias regiões, inclusive o Egito,
onde, segundo consta, calculou a altura de uma pirâmide a partir da proporção
entre sua própria altura e o comprimento de sua sombra: essa proporção é a
mesma que existe entre a altura da pirâmide e o comprimento da sombra desta.
Esse cálculo exprime o que, na geometria, até hoje se conhece como teorema de
Tales.
Tales foi um dos filósofos que acreditava que as coisas têm por trás de si um
princípio físico, material, chamado arqué. Para Tales, o arqué seria a água. Tales
observou que o calor necessita de água, que o morto resseca, que a natureza é
úmida, que os germens são úmidos, que os alimentos contêm seiva, e concluiu que
o princípio de tudo era a água. Com essa afirmação deduz-se que a existência
singular não possui autonomia alguma, apenas algo acidental, uma modificação. A
existência singular é passageira, modifica-se. A água é um momento no todo em
geral, um elemento. Tales com essa afirmação queria descobrir um elemento físico
que fosse constante em todas as coisas. Algo que fosse o princípio unificador de
todos os seres.
Principais fragmentos:
“... a água é o princípio de todas as coisas...”.
“... todas as coisas estão cheias de deuses...”.
“... a pedra magnética possui um poder porque move o ferro..."
Anaximandro de Mileto(611-547 a.C.)
Milesiano. Para ele a Physis era o apeiron (o ilimitado ou o indeterminado).
Anaximandro viveu em Mileto no século VI a.C.. Foi discípulo e sucessor de Tales.
Anaximandro achava que nosso mundo seria apenas um entre uma infinidade de
mundos que evoluiriam e se dissolveriam em algo que ele chamou de ilimitado ou
infinito. Não é fácil explicar o que ele queria dizer com isso, mas parece claro que
Anaximandro não estava pensando em uma substância conhecida, tal como Tales
concebeu. Talvez tenha querido dizer que a substância que gera todas as coisas
deveria ser algo diferente das coisas criadas. Uma vez que todas as coisas criadas
são limitadas, aquilo que vem antes ou depois delas teria de ser ilimitado.
E evidente que esse elemento básico não poderia ser algo tão comum como a água.
Anaximandro recusa-se a ver a origem do real em um elemento particular; todas as
coisas são limitadas, e o limitado não pode ser, sem injustiça, a origem das coisas.
Do ilimitado surgem inúmeros mundos, e estabelece-se a multiplicidade; a gênese
das coisas a partir do ilimitado é explicada através da separação dos contrários em
conseqüência do movimento eterno. Para Anaximandro o princípio das coisas - o
arqué - não era algo visível; era uma substância etérea, infinita. Chamou a essa
substância de apeíron (indeterminado, infinito). O apeíron seria uma “massa
geradora” dos seres, contendo em si todos os elementos contrários. Anaximandro
tinha um argumento contra Tales: o ar é frio, a água é úmida, e o fogo é quente, e
essas coisas são antagônicas entre si, portanto um o elemento primordial não
poderia ser um dos elementos visíveis, teria que ser um elemento neutro, que está
presente em tudo, mas está invisível.
Esse filósofo foi o iniciador da astronomia grega. Foi o primeiro a formular o
conceito de uma lei universal presidindo o processo cósmico totalmente. De acordo
com ele para que o vir-a-ser não cesse, o ser originário tem de ser indeterminado.
Estando, assim, acima do vir-a-ser e garantindo, por isso, a eternidade e o curso do
vir-a-ser. O seu fragmento refere-se a uma unidade primordial, da qual nascem
todas as coisas e à qual retornam todas as coisas. Anaximandro recusa-se a ver a
origem do real em um elemento particular. Do ilimitado surgem inúmeros mundos,
e estabelece-se a multiplicidade; a gênese das coisas a partir do ilimitado é
explicada através da separação dos contrários em conseqüência do movimento
eterno.
Principais fragmentos:
“... o ilimitado é eterno...”
“... o ilimitado é imortal e indissolúvel...”
Anaxímenes de Mileto(588-524 a.C.)
O terceiro filósofo de Mileto foi Anaxímenes (c. 570—526 a.C.). Ele pensava que a
origem de todas as coisas teria de ser o ar ou o vapor. Anaxímenes conhecia, claro,
a teoria da água de Tales. Mas de onde vem a água? Anaxímenes acreditava que a
água seria ar condensado. Acreditava também que o fogo seria ar rarefeito. De
acordo com Anaxímenes, por conseguinte, o ar("pneuma") constituiria a origem da
terra, da água e do fogo.
Conclusão - Os três filósofos milésios acreditavam na existência de uma substância
básica única, que seria a origem de todas as coisas. No entanto, isso deixava sem
solução o problema da mudança. Como poderia uma substância se transformar
repentinamente em outra coisa? Os eleatas A partir de cerca de 500 a.C., quem se
interessou por essa questão foi um grupo de filósofos da colônia grega de Eléla, no
sul da Itália, por isso conhecidos como eleatas
Parmênides de Eléia
O mais importante dos filósofos eleatas foi Parmênides (c. 2000-5000 a.C.). “Nada
nasce do nada, e nada do que existe se transforma em nada”. Com isso quis dizer
que “tudo o que existe sempre existiu”. Sobre as transformações que se pode
observar na natureza... ”Achava que não seriam mudanças reais”. De acordo com
ele, nenhum objeto poderia se transformar em algo diferente do que era. Início do
racionalismo Percebia, com os sentidos, que as coisas mudam. Mas sua razão lhe
dizia que logicamente impossível que uma coisa se tornasse diferente e, apesar
disso, permanecesse de algum modo a mesma. Quando se viu forçado a escolher
entre confiar nos sentidos ou na razão, escolheu a razão. Essa inabalável crença na
razão humana recebeu o nome de racionalismo. Um racionalista é alguém que
acredita que a razão humana é a fonte primária de nosso conhecimento do mundo.
Heráclito
Um contemporâneo de Parmênides foi Heráclito (c. 540-480 a.C.), que era de Éfeso,
na Ásia Menor. Heráclito propunha que a matéria básica do Universo seria o fogo.
Pensava também que a mudança constante, ou o fluxo, seria a característica mais
elementar da Natureza. Podemos talvez dizer que Heráclito acreditava mais do que
Parmênides naquilo que percebia. Tudo flui, disse Heráclito. Tudo está em fluxo e
movimento constante, nada permanece. Por conseguinte, “não entramos duas
vezes no mesmo rio”. Quando entro no rio pela segunda vez, nem eu nem o rio
somos os mesmos.
Problema: Parmênides e Heráclito defendiam dois pontos principais diametralmente
opostos. Parmênides dizia:
a) nada muda,
b) não se deve confiar em nossas percepções sensoriais.
Heráclito, por outro lado, dizia:
a) tudo muda (“todas as coisas fluem”), e
b) podemos confiar em nossas percepções sensoriais.
Quem estava certo? Coube ao siciliano Empédocles (c. 490-430 a.C.) indicar a saída
do labirinto.
Como estudioso da physis, Heráclito acreditava que o fogo era a origem das coisas
naturais.
Empédocles
Ele achava que os dois estavam certos:
1. A água não poderia, evidentemente, transformar um peixe em uma
borboleta. Com efeito, a água não pode mudar. Água pura irá continuar
sendo água pura. Por isso, Parmênides estava certo ao sustentar que “nada
muda”.
2. Mas, ao mesmo tempo, Heráclito também estava certo em achar que
devemos confiar em nossos sentidos. Devemos acreditar naquilo que vemos,
e o que vemos é precisamente que a Natureza muda.
3. Solução - Empédocles concluiu que o que precisava ser rejeitado era a
idéia de uma substância básica única. Nem a água nem o ar sozinhos podem
se transformar em uma roseira ou uma borboleta. Não é possível que a fonte
da Natureza seja um único “elemento”. Empédocles acreditava que a
Natureza consistiria em quatro elementos, ou “raízes”, como os denominou.
Essas quatro raízes seriam a terra, o ar, o fogo e a água.
A - Como ou por que acontecem as transformações que observamos na natureza?
1. todas as coisas seriam misturas de terra, ar, fogo e água, mas em
proporções variadas. Assim as diferentes coisas que existem seriam os
processos naturais gerados pela aproximação e à separação desses quatro
elementos.
2. Quando uma flor ou um animal morrem, disse Empédocles, os quatro
elementos voltam a se separar. Podemos registrar essas mudanças a olho
nu. Mas a terra e o ar, o fogo e a água permaneceriam eternos, “intocados”
por todos os componentes dos quais fazem parte. Dessa maneira, não é
correto dizer que “tudo” muda.
3. Basicamente, nada mudaria. O que ocorre é que os quatro elementos se
combinariam e se separariam - para se combinarem de novo, em um ciclo. B
- O que faria esses elementos se combinarem de tal modo que fizessem
surgir uma nova vida? E o que faria a “mistura”, digamos, de uma flor se
dissolver de novo? Empédocles pensava que haveria duas forças diferentes
atuando na Natureza. Ele as chamou de amor e discórdia. Amor uniria as
coisas, a discórdia as separaria.
Demócritoe aTeoria Atômica
Para Demócrito, as transformações que se pode observar na natureza não
significavam que algo realmente se transformava. Ele acreditava que todas as
coisas eram formadas por uma infinidade de “pedrinhas minúsculas, invisíveis, cada
uma delas sendo eterna, imutável e indivisível“. A estas unidades mínimas deu o
nome de ÁTOMOS. Átomo significa indivisível, cada coisa que existe é formada por
uma infinidade dessas unidades indivisíveis. “Isto porque se os átomos também
fossem passíveis de desintegração e pudessem ser divididas em unidades ainda
menores, a natureza acabaria por diluir-se totalmente”. Exemplo: se um corpo – de
uma árvore ou animal, morre e se decompõe, seus átomos se espalham e podem
ser reaproveitados para dar origem a outros corpos.
Talvez pudéssemos comparar o átomos as peças de um jogo chamado LEGO, que
possuem ganchos e engates, permitindo que sejam combinadas para construção de
diferentes figuras. Tais ligações podem ser desfeitas e reaproveitadas para
construção de novos objetos (carros, castelos, casas, etc). A teoria atômica atual é
muito semelhante a de Demócrito, pois diz que a natureza é composta de
diferentes átomos que se juntam para criar, se separam e voltam a se reunir para
criar novas coisas.
Alem disso, a ciência descobriu que os átomos podem ser divididos em partículas
menores chamadas de PRÓTONS, NÊUTRONS E ELÉTRONS. Demócrito não teve
acesso aos aparelhos eletrônicos de nossa época. Sua única ferramenta foi a razão,
esta lhe dizia que “nada surge do nada e nada desaparece, então a natureza tem
de ser composta por pecinhas minúsculas que se combinam e depois se separam”.
Demócrito concordava com Heráclito em que tudo na natureza ”flui”, pois as formas
vão e vêm. Por detrás de tudo o que flui, porém, há algo de eterno e de imutável,
que não flui,o átomo. Até este momento os filósofos haviam encontrado a solução
para os problemas do “elemento básico e das transformações”, usando para isto
apenas a razão.
Principais fragmentos:
“... do ar dizia que nascem todas as coisas existentes, as que foram e as que
serão, os deuses e as coisas divinas...”
Xenófanes de Colofon
Originário da Jônia, viveu no sul da Itália. Precursor do pensamento dos Eleatas.
Para ele a Physis era a terra. Escreveu em estilo poético. Defendeu a idéia de um
Deus único. Tinha influênciaPitagórica.
Heráclito de Éfeso
Representante do mobilismo.As datas do nascimento e da morte de Heráclito são
desconhecidas. Afirmava que a natureza está em constante movimento. "...tudo
flui...". Para ele tudo esta submetido ao destino. Tudo foi feito pelo fogo e tudo se
dissipa no fogo. Disse ainda que o Sol tem exatamente o tamanho que se vê.
E S C O L A S I T A L I A N A S
Pitágorasde Samos
Representada por Pitágoras e seus seguidores ... O que se conhece de Pitágoras
pertence mais ao mundo da lenda que à realidade. Defendia uma doutrina mais
religiosa do que filosófica. O ponto central de sua doutrina religiosa é a crença na
transmigração das almas.
Pitágoras, o fundador da escola pitagórica, nasceu em Samos pelos anos 571-70
a.C. Em 532-31 foi para a Itália, na Magna Grécia, e fundou em Crotona, colônia
grega, uma associação científico-ético-política, que foi o centro de irradiação da
escola e encontrou partidários entre os gregos da Itália meridional e da Sicília.
Pitágoras aspirava - e também conseguiu - a fazer com que a educação ética da
escola se ampliasse e se tornasse reforma política; isto, porém, levantou oposições
contra ele e foi constrangido a deixar Crotona, mudando-se para Metaponto, aí
morrendo provavelmente em 497-96 a.C.
Escola Eleática
Representada principalmente por:
Acmeão de Croton Filho de Peirithoos, é um dos principais discípulos de
Pitágoras. Foi jovem quando seu mestre já era avançado em anos. Seu
interesse principal dirigia-se á Medicina, de que resultou a sua doutrina
sobre o problema dos sentidos e da percepção. Alcmeão disse que só os
deuses tem um conhecimento certo, aos homens só presumir é permitido.
Parmênides de Eléia O acme de sua existência foi por volta de 500 a.C. Foi
ele o primeiro a demonstrar a esfericidade da Terra e sua posição no centro
do mundo. Segundo ele, existem dois elementos: o fogo e a terra. O primeiro
elemento é criador, o segundo é matéria. Os homens nasceram da terra.
Trazem em si o calor e o frio, que entram na composição de todas as coisas.
O espírito e a alma sao para ele uma única e a mesma coisa. Ha dois tipos
de filosofia, uma se refere a verdade e a outra a opinião.
Zenão
Melisso
PUBL ICADA POR PROFESSOR BARA I EM 04 :08 0 COMENTÁR IOS
OS SOFISTAS
A Democracia ateniense, devido ao espírito de competição política e judiciária
exigia uma preparação intelectual muito completa dos cidadãos. Este facto
influenciou decisivamente o desenvolvimento da educação.
Vindos de toda a parte do mundo grego, os sofistas (mestres de sabedoria),
dedicam-se a fazer conferências e a dar aulas nas várias cidades-estado, sem
se fixarem em nenhuma. Atenas é todavia a cidade onde mais afluem, onde no
século V a. C. adquirem um enorme prestígio. Aproveitam as ocasiões em que
existe grandes aglomerações de cidadãos, para exibirem os seus dotes
retóricos e saber, ensinando nomeadamente a arte da retórica. O seu ensino é,
portanto, itinerante, mas também remunerado.
Afirmam saber de tudo. "Hipias Menor" de Platão, é o melhor exemplo deste
saber enciclopédico. Tudo o que leva consigo é obra das suas mãos, desde o
anel que cinzelara ao manto que tecera, aos poemas que escreveu e que
transporta. É esta educação completa que pretendem transmitir aos jovens,
preparando-os para ocuparem altos cargos na cidade (Polís).
EDUCAÇÃO. Apesar da diversidade dos métodos de educação dos sofistas,
estes podem ser agrupados em dois tipos fundamentais:
Cultura Geral. Este ensino compreendia o estudo da Aritmética, Geometria,
Astronomia e Música. Estas matérias remontavam a um modelo de educação
pitagórico, vindo a constituir mais tarde, na Idade Média, o célebre Quadrivium
das sete Artes Liberais.
Formação Política. Este ensino orientava-se para uma visão mais prática,
procurando corresponder às exigências estritas da actividade política.
Constava das seguintes disciplinas: Gramática, Dialéctica e Retórica. A arte da
dialectica, transforma-se numa arte de manipulação de ideias, através da qual
o orador procura defender uma dada posição, mesmo que a mesma seja a pior
de todas. A retórica era a arte de persuadir, independentemente das razões
adoptadas. Levado até ao exagero, este tipo de ensino, desacreditará os
sofistas na Antiguidade Clássica.
Cultura. Os sofistas defendem abertamente o valor formativo da cultura
(Padeia), que não se resume à soma de noções, nem tão pouco ao processo
da sua aquisição. A sua educação visa a formação do homem como um ser
concreto, membro de um povo e parte de um dado ambiente social. A
educação torna-se a segunda natureza do homem. Deste modo, os sofistas
afastam-se da tradição aristocrática, ligada à afirmação de factores inatos. Os
sofistas manifestam frequentemente uma visão optimista do homem, segundo
a qual este possui uma inclinação natural para o bem. Protágoras foi um
defensor desta posição.
Retórica. Alheios às tradições, os sofistas mostram-se dispostos a discutirem
todos os assuntos. Atribuem à linguagem uma importância fundamental, mas
esta não passa de uma convenção. As palavras são com frequência destituídas
do seu sentido corrente, e são usadas como instrumentos de sugestão e
persuasão para convencerem os seus interlocutores. Recorrem à ambiguidade
das palavras, exageram na aplicação dos três princípios lógicos, para numa
cadeia de deduções e sentidos ambíguos, levarem os seu interlocutores a
desdizerem-se.
Raciocínio Justo - Salta para aqui! Se tens tanta coragem, mostra-te aos espectadores.Raciocínio Injusto - Onde quiseres. Com muito gente a assistir, ainda me é mais fácil dar cabo de ti.Raciocínio Justo- Dar cabo de mim, tu? Quem julgas que és?Raciocínio Injusto - Um Raciocínio.Raciocínio Justo - Sim, mas mais fraco.Raciocínio Injusto - Pois venço-te na mesma, lá por te gabares de ser mais forte.Raciocínio Justo - E com que artimanhas ?Raciocínio Injusto - Inventando ideias cá muito minhas, ideias novas (...).Raciocínio Justo - Vou dar cabo de ti, miserável.Raciocínio Injusto - E, como não me dizes?Raciocínio Justo - Expondo o que é justo?Raciocínio Injusto - E eu contradigo-te e mando-te abaixo. Para já afirmo a pés juntos que não existe justiça.Raciocínio Justo - Afirmas que não existe...?!Raciocínio Injusto - Senão vejamos: Onde existe ela?Raciocínio Justo - No seio dos deuses.Raciocínio Injusto - Então como diacho é que, existindo aí justiça, Zeus ainda não pereceu, ele que pôs a ferros o próprio pai ? "Aristófanes, As Núvens, 900-905.Platão legou-nos uma imagem muito negativa dos sofistas, o que tem contribuído para desvalorizar a sua enorme importância no pensamento ocidental:
Antropologia. Foi graças aos sofistas que as questões
antropológicas passaram a estar no centro dos debates filosóficos, secundarizando desta formas as anteriores questões cosmológicas.
Pensamento.A forma como raciocinamos torna-se num tema da filosofia.
Linguagem. A linguagem, o seu poder e modos de utilização, nomeadamente no discursos retórico, converteu-se também num tema filosófico.
Moral. Ao criticarem os modelos que sustentavam os valores tradicionais, abriram o caminho para a afirmação de uma ética autónoma baseada na razão.
PUBL ICADA POR PROFESSOR BARA I EM 03 :51 0 COMENTÁR IOS
Platão (428-347 a.C.)
Platão é com Aristóteles uma das referências fundamentais do pensamento
ocidental. Platão, como diz François Châtelet inventou a Filosofia: "definiu o que a
cultura daí em diante vai entender por Razão". Nasceu em Atenas, ou na ilha de
Egina, em Maio -Junho do primeiro ano da 88ª. Olimpíada, ou seja, cerca de 428-27
a.C. Era originário de uma antiga família aristocrática ateniense, contando entre os
seus antepassados, por parte da mãe o célebre legislador Sólon (c.639-559 a.C.), e
do pai, o rei Codro. O pai, Aríston deve ter morrido cedo, pois a mãe Perictíone,
voltou a casar com o seu tio Pirilampo, de quem teve um filho, Antífion. O seu
verdadeiro nome era Arístocles, mas devido à sua compleição física recebeu a
alcunha de Platão (significa literalmente "ombros largos"). Frequentou com
assiduídade os ginásios, obtendo prémios por duas vezes nos Jogos Istímicos.
Começou por seguir as lições de Crátilo, discípulo de Heraclito, e as de
Hermógenes, discípulo de Parménides. Em princípio, por tradição familiar deveria
seguir a vida política. Contudo, a experiência do governo dos trinta tiranos que
governaram Atenas por imposição de Esparta (404-403 a.C.), e da qual fazia parte
dois dos seus tios Crístias e Cármides, distanciaram-o desta opção de vida, pelo
menos do modo como a política era exercida. O facto que mais o marcou foi a
influência que sobre ele exerceu Sócrates, tendo-se feito seu discípulo por volta de
408, quando contava vinte anos. Nele encontrou o mestre, que veio a homenagear
na sua obra, fazendo-o interlocutor principal da quase totalidade dos seus diálogos.
A condenação de Sócrates (399), e a sua acção para o salvar, obrigaram-no a
exilar-se nesse ano. Desiludido com o regime aristocrático, mas também com a
democracia ateniense, passou a defender que as leis e os costumes dos povos
deviam ser baseadas em concepções filosóficas.
Depois de 399 iniciou uma série de viagens durante cerca de doze anos, o que lhe
abriu novos horizontes. Em Megara conviveu com o célebre Euclides e Terpsíon,
discípulos de Sócrates. Regressou a Atenas para servir na cavalaria, como os seus
irmãos. Voltou a viajar, desta vez foi ao Egipto onde teria sido iniciado nos mistérios
de Isis Depois foi a Cirene onde estudou matemáticas com Teodoro, fazendo-o
depois seu interlocutor no diálogo Teeteto. No sul da Grande Grécia (Itália), em
Taranto, aprendeu a filosofia pitagóricaatravés de Filolau, Arquitas e Timeu.. Em
Creta estudou legislação de Minos. Há quem afirme que terá estado na Judeia, onde
contactou com a tradição dos profetas, e até nas margens do Ganges terá
conhecido místicos hindus.
Em 388 visitou a Sicília, então governada por Dionísio, o Antigo, com o propósito de
converter este tirano às suas ideias filosóficas. Não tendo êxito nesta primeira
investida, regressou a Atenas, em 387, onde nos jardins de Academo, junto dum
templo consagrado às Musas fundou uma escola, denominada, por este
facto, Academia.Esta rapidamente se tornou no maior centro intelectual da Antiga
Grécia, tendo por ela passado filósofos e políticos, como Aristóteles, Eudoxo de
Cnido, Xenócrates, Fócion, Esquines, Demóstenes e outros. À entrada uma
legenda proibia o acesso a todos aqueles que não soubessem geometria. A
academia era um verdadeiro centro de investigação, tendo como centro aquilo que
podíamos designar por uma "ciência da alma humana".
Ficou em Atenas, cerca de vinte anos, até que em 367, voltou à Sicília, com a ideia
de converter o novo monarca- Dionísio, o Moço-, num filósofo-rei. Os resultados não
foram brilhantes, o que não o impediu de voltar à ilha em 361, com idênticos
propósitos. O resultado desta última viagem foi terrível: suspeito pelas suas ideias
políticas, foi perseguido e feito escravo, sendo como tal vendido no mercado de
Egina, acabando por ser comprado por um dos seus amigos. Voltou a Atenas onde
morreu em 347, numa altura que a cidade lutava contra Filipe da Macedónia, e cujo
desfecho lhe foi fatal. A direcção da Academia foi inicialmente assumida pelo seu
sobrinho Espeusito, por morte deste sucedeu-lhe Xenócrates. A Academia subsistiu
até 529 da nossa era, quando foi mandada encerrar por Justiniano. A corrente
filosófica conhecida por platonismo -originada do pensamento de Platão-, aparece
constantemente na história do pensamento, influenciando não apenas filósofos,
mas também artistas e cientistas até aos nossos dias.
Obras de Platão
Ao contrário das obras de Aristóteles que chegaram até nós, as de Platão foram
escritas para o grande público. O conjunto das obras que lhe são atribuídas é
constituido por 35 diálogos, algumas cartas, definições e 6 pequenos diálogos
apócrifos: Axíoco, Da Justiça, Da Virtude, Demódoco, Sísifo, Eríxias. Os diálogos
hoje considerados autênticos, reduzem-se todavia apenas a 24, sendo em geral
dividos em quatro grupos, de acordo com a sua maior ou menor proximidade às
ideias socráticas.
Diálogos de juventude, onde é nítida a influência
socrática:Laques, Cármide, Eutrifrom, de Hipias Menor, Apologia Sócrates,
Críton, Ion, Protágoras, Lísis;
Diálogos dirigidos contra os sofistas: Górgias, Ménon, Eutidemo,
Crítias, Teeteto;
Diálogos de maturidade, onde é desenvolvida de forma admirável a sua teoria das
ideias: Fedro, Banquete, Fédon e República;
Diálogos onde realiza uma revisão crítica da sua filosofia:Parménides,
Sofista, Político, Filebo, Timeu, e as Leis, esta obra não foi concluída.
Principais Domínios de Investigação
Platão parte sempre do todo para as partes. Apreender a sua Filosofia é descobrir
um sedutor modo de pensar em que tudo remete para tudo, e nada pode ser
separado.
Teoria do Conhecimento
Recusou que se pudesse falar num conhecimento baseado no mundo sensível, pois
este apenas nos pode dar opiniões mutáveis e ilusórias. Defendeu por isso que o
verdadeiro conhecimento estava em ideias eternas que existiam num mundo
separado das coisas sensíveis. Estas foram eram imitações, mais ou menos
prefeitas das ideias. Sustentou ainda que todos os seres humanos, em graus
variáveis, quando nascem já possuem muitas destas ideias. Neste sentido,
conhecer ou aprender é recordar aquilo que está obscurecido na alma.
Moral
Combatendo o relativismo dos valores, defendido pelos sofistas, sustentou que o
único dever do homem é procurar o Bem, que identifica com o Belo e o Uno. Para o
atingir, a única via possível passa pelo desprendimento dos valores materiais e das
necessidades corporais.
Política
A política é entendida como o estudo normativo dos príncípios teóricos do governo
dos homens, encontrando o seu fundamento no estudo da alma humana.
Estética
A sua estética é indissociável da teoria das ideias. Como as ideias são imutáveis e
eternas, se pretendemos apreciar as obras de arte devemos seguir estes príncípios,
exigindo que elas se aproximem das ideias, o mesmo é dizer da perfeição. Neste
sentido, Platão não pode admitir qualquer mudança ou inovação no campo artistíco.
Um vez atingida a obra de arte ideal, isto é, perfeita, só resta aos artistas continuar
a replicá-la eternamente.
Cosmologia
As suas ideias cosmológicas foram profundamente influenciadas pelo pitagorismo.
Recusando as causas físicas para o que ocorre na natureza, sustentou que a única
ciência possível estava na descoberta dos modelos eternos e perfeitos de todas as
coisas. Concebeu por isso um universo hierarquizado segundo graus de perfeição:
No alto estavam os astros, considerados divinos, sendo por isso eternos, imutáveis,
tendo uma forma esférica que era a que mais se adequava a estes atributos. Em
baixo, estava a terra, imperfeita.
PUBL ICADA POR PROFESSOR BARA I EM 03 :29 0 COMENTÁR IOS
Aristóteles
(384-322 a.C.)
É difícil classificar Aristóteles, tão rica e multifacetada foi a sua obra. Nela
encontramos uma exaustiva compilação dos conhecimentos do seu tempo,
mas também, uma filosofia que ainda hoje influência a nossa maneira de
pensar. Nasceu em Estagira (e por isso é também conhecido por "Estagirita"),
colónia fundada pelos calcidenses da Eubeia. Era filho de Nicómaco, médico
que se dizia descendente do próprio Asclépio, e fora outraora médico de
Amintas II, rei da Macedónia. Por morte do pai (366) viajou para Atenas afim de
aí prosseguir os seus estudos. Entre a Escola retórica de Isócrates e a
Academia de Platão, escolheu a última, onde acaba por ascender a professor.
Após a morte de Platão, em 347, abandonou a Academia provavelmente por
divergências quanto à escolha de Espeusito, sobrinho de Platão, para a
direcção da escola.
Iniciou então uma atribulada viagem que o levou a Assos, na Ásia Menor, onde
se estabelecera uma comunidade de alunos da Academia, protegida pelo tirano
Hermias, rei de Atárnea. Este possibilita-lhe o contacto com a organização
interna e externa de um Estado (347-345). Casa entretanto com Pítias,
sobrinha de Hermias. A sua permanência foi subitamente interrompida, quando
os persas suspeitando que Hermias estava a colaborar com os macedónios,
decidem crucificá-lo em Persópolis (345). Aristóteles foge, refugiando-se em
Mitilene, na ilha de Lesbos, onde se dedica ao estudo da biologia.
Filipe da Macedónia - conquistador da Grécia -, devido à notoriedade que
entretanto adquirira, chama-o para preceptor do seu filho Alexandre, futuro
herdeiro do trono (343). A sua influência sobre o jovem princípe foi enorme.
Alexandre revelou-se um aluno apaixonado pelos autores clássicos (diz-se que
adormecia com a Ilíada de Homero, debaixo da almofada, e até sonhava ser
como um dos seus heróis, Áquiles). Manifestou igualmente interesse pelas
discussões filosóficas, a investigação da natureza, a medicina, a zoologia, a
botânica, fazendo-se acompanhar nas suas expedições militares por um grupo
de investigadores.
Quando Alexandre subiu ao trono (335), Aristóteles regressou a Atenas, onde
criou a sua própria escola, o Liceu. Foi-lhe dado este nome porque estava
situada junto ao templo dedicado a Apolo Liceano. Os estudos concentravam-
se sobre o que hoje poderíamos denominar "ciências naturais", ao contrário da
Academia, onde era dada garnde importância à geometria. Tinha dois tipos de
cursos, os "exotéricos" para o público, e os "esotéricos" destinados apenas a
alunos iniciados nas várias matérias. O liceu era um verdadeiro centro de
investigação, apoiado por Alexandre. Nele Aristóteles e os seus discípulos
recolhiam informações àcerca de tudo, organizando depois estes dados num
sistema global.
A morte de Alexandre, em 321, desencadeia um guerra de libertação entre os
gregos e os macedónios que dominavam a Grécia desde Filipe. Aristóteles,
como era de esperar foi então acusado de colaborador dos macedónios, é
perseguido, refugiando-se em Cálcis, na Eubeia, onde morre no ano seguinte
com 63 anos. A direcção do Liceu, após a sua saída foi confiada ao seu
discípulo Teofrasto. Entre os seguidores do Liceu, destacam-se Eudemo de
Rodes, e, no século I, Andrónico de Rodes.
Aristóteles escreveu um grande número de obras para o público não iniciado
na filosofia, sob a forma de diálogos, à semelhança do seu mestre Platão.
Contudo nenhum chegou até nós. As únicas "obras" que sobreviveram são
constituidas pelos seus apontamentos que escreveu para as suas aulas no
Liceu. No século I a.C. foram os mesmos organizados por Andrónico de Rodes.
Obras de Aristóteles
Livros de lógica ("organon" ou instrumento): Categorias; Sobre a
Interpretação; Primeiros Analíticos ( 2 livros),; Segundo Analíticos (2 Livros);
Tópicos (8 livros); Refutações Sofísticas.
Livros de física e a concepção do universo: Física (8 livros); Sobre o Céu
(2 livros); Sobre a Geração e a Corrupção (2 livrso); Meteorológicos (4 livros).
Livros de psicologia: Acerca da Alma (3 livros); "Parva Naturalia" (4
tratados), incluindo os seguintes livros: Acerca da da percepção dos sentidos;
Acerca da memória e reminiscência; acerca do sono; acerca dos sonhos;
Livros de biologia: História dos Animais (10 livros, com partes de autoria
duvidosa); Acerca das partes dos animais (4 livros); acerca do movimento dos
animais; acerca da marcha dos animais; acerca da geração dos animais (5
livros).
Livros de metafísica: Foi Andronico que atribuiu a estes livros (14) a
denominação de Metafísica (literalmente "depois da física), por os mesmo se
seguirem aos seus apontamentos que tratavam da física.
Livros de ética: Ética a Nicómaco (organizada por Nicómaco, filho de
Aristóteles); Ética a Eudemo (7 livros, organizados por Eudemo, discípulo de
Aristóteles); aGrande Moral ( 2 livros, com fragmentos das éticas anteriores e
de autoria duvidosa):
Livros de Política: Política (8 livros); Constituição de Atenas.
Livros sobre a linguagem e a estética: Retórica ePoética.
Principais Domínios de Investigação
Toda a sua filosofia assenta numa observação minuciosa da natureza, da
sociedade e dos indivíduos, organizando de uma forma verdadeiramente
enciclopédica. A sua ideia fundamental era a de tudo classificar, dividindo as
coisas segundo a sua semelhança ou diferença, obedecendo a um conjunto de
perguntas muito simples: Como é esta coisa ? (o género). O que é que a difere
doutras que lhe são semelhantes? ( a diferença). A partir daqui começava a
hierarquizar todas as coisas, de uma forma tão ordenada que até então nunca
ninguém conseguira fazer.
Lógica: o primeiro sistema lógico, que permitiu estabelecer um conjunto de
princípios e regras formais por meio das quais se tornou possível distinguir as
conclusões falsas das exactas. Na Idade Média os seus escritos sobre lógica
foram os manuais mais importantes usados nas universidades, sobretudo na
forma que lhes deu o filósofo português Pedro Hispano ( Papa João XXI).
Física: a física era a chave da natureza das coisas, não apenas da forma
como se comportavam no presente, mas também no que pontencialmente
viriam a transformar-se. Quanto à constituição das coisas defendia a teoria dos
quatro elementos: agua, terra, fogo e ar. Os corpos celestes, com excepção da
terra, eram constituídos por um quinto elemento puro e incorruptível. O
universo é concebido de forma hierarquizada, tendo no centro a terra, girando à
sua volta todos os corpos celestes.
Biologia: recusando a separação das ideias da natureza, como fazia Platão,
Aristóteles, apontou como tarefa para o investigador a de descobrir e classificar
as formas do mundo material. Os últimos 12 anos da sua vida foram
preenchidos com esta tarefa. Partindo de uma observação sistemática dos
seres vivos, e não desdenhando estudar vermes ou insectos, registou perto de
500 classes diferentes de animais, dos quais dissecou aproximadamente 50
tipos. Foi o primeiro que dividiu o mundo animal entre vertebrados e
invertebrados; sabia que a baleia não era um peixe e que o morcego não era
um pássaro, mas que ambos eram mamíferos.
Política: a sua primeira preocupação foi a elaborar uma listagem tão
completa quanto possível sobre os diferentes modelos políticos que existiam no
seu tempo. Enumerou um total de 158 constituições de cidades ou países
diferentes. Partindo da sua diversidade procurou depois as suas semelhanças
e diferenças, pondo em evidência o que constituía a natureza de cada regime.
Evitou, quanto pode, mostrar as suas preferências por um ou outro regime
político.
PUBL ICADA POR PROFESSOR BARA I EM 03 :12 0 COMENTÁR IOS
T E R Ç A - F E I R A , 8 D E A B R I L D E 2 0 0 8
O MITO DA CAVERNA
Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um muro alto. Entre o
muro e o chão da caverna há uma fresta por onde passa um fino feixe de luz
exterior, deixando a caverna na obscuridade quase completa. Desde o nascimento,
geração após geração, seres humanos encontram-se ali, de costas para a entrada,
acorrentados sem poder mover a cabeça nem se locomover, forçados a olhar
apenas a parede do fundo, vivendo sem nunca ter visto o mundo exterior nem a luz
do sol, sem jamais ter efetivamente visto uns aos outros nem a si mesmos, mas
apenas as sombras dos outros e de si mesmos por que estão no escuro e
imobilizados. Abaixo do muro, do lado de dentro da caverna, há um fogo que
ilumina vagamente o interior sombrio e faz com que as coisas que se passam do
lado de fora sejam projetadas como sombras nas paredes do fundo da caverna. Do
lado de fora, pessoas passam conversando e carregando nos ombros figuras ou
imagens de homens, mulheres e animais cujas sombras também são projetadas na
parede da caverna, como num teatro de fantoches. Os prisioneiros julgam que as
sombras de coisas e pessoas, os sons de suas falas e as imagens que transportam
nos ombros são as próprias coisas externas, e que os artefatos projetados são seres
vivos que se movem e falam.
Um dos prisioneiros, inconformado com a condição em que se encontra, decide
abandoná-la. Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões. De inicio,
move a cabeça, depois o corpo todo; a seguir, avança na direção do muro e o
escala. Enfrentando os obstáculos de um caminho íngreme e difícil, sai da caverna.
No primeiro instante, fica totalmente cego pela luminosidade do sol, com a qual
seus olhos não estão acostumados. Enche-se de dor por causa dos movimentos que
seu corpo realiza pela primeira vez e pelo ofuscamento de seus olhos sob a luz
externa, muito mais forte do que o fraco brilho do fogo que havia no interior da
caverna. Sente-se dividido entre a incredulidade e o deslumbramento.
Ao permanecer no exterior o prisioneiro, aos poucos se habitua a luz e começa a
ver o mundo. Encanta-se, tem a felicidade de ver as próprias coisas, descobrindo
que estivera prisioneiro a vida toda e que em sua prisão vira apenas sombras.
Doravante, desejará ficar longe da caverna para sempre e lutará com todas as
forças para jamais regressar a ela. No entanto não pode deixar de lastimar a sorte
dos outros prisioneiros e, por fim, toma a difícil decisão de regressar ao subterrâneo
sombrio para contar aos demais o que viu e convencê-los a se libertarem também.
Só que os demais prisioneiros zombam dele, não acreditando em suas palavras e,
se não conseguem silenciá-lo com suas caçoadas, tentam fazê-lo espancando-o. Se
mesmo assim ele teima em afirmar o que viu e os convida a sair da caverna,
certamente acabam por matá-lo. Mas quem sabe alguns podem ouvi-lo e, contra a
vontade dos demais, também decidir sair da caverna rumo a realidade?
O MITO DA CAVERNA
Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um muro alto. Entre o
muro e o chão da caverna há uma fresta por onde passa um fino feixe de luz
exterior, deixando a caverna na obscuridade quase completa. Desde o nascimento,
geração após geração, seres humanos encontram-se ali, de costas para a entrada,
acorrentados sem poder mover a cabeça nem se locomover, forçados a olhar
apenas a parede do fundo, vivendo sem nunca ter visto o mundo exterior nem a luz
do sol, sem jamais ter efetivamente visto uns aos outros nem a si mesmos, mas
apenas as sombras dos outros e de si mesmos por que estão no escuro e
imobilizados. Abaixo do muro, do lado de dentro da caverna, há um fogo que
ilumina vagamente o interior sombrio e faz com que as coisas que se passam do
lado de fora sejam projetadas como sombras nas paredes do fundo da caverna. Do
lado de fora, pessoas passam conversando e carregando nos ombros figuras ou
imagens de homens, mulheres e animais cujas sombras também são projetadas na
parede da caverna, como num teatro de fantoches. Os prisioneiros julgam que as
sombras de coisas e pessoas, os sons de suas falas e as imagens que transportam
nos ombros são as próprias coisas externas, e que os artefatos projetados são seres
vivos que se movem e falam.
Um dos prisioneiros, inconformado com a condição em que se encontra, decide
abandoná-la. Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões. De inicio,
move a cabeça, depois o corpo todo; a seguir, avança na direção do muro e o
escala. Enfrentando os obstáculos de um caminho íngreme e difícil, sai da caverna.
No primeiro instante, fica totalmente cego pela luminosidade do sol, com a qual
seus olhos não estão acostumados. Enche-se de dor por causa dos movimentos que
seu corpo realiza pela primeira vez e pelo ofuscamento de seus olhos sob a luz
externa, muito mais forte do que o fraco brilho do fogo que havia no interior da
caverna. Sente-se dividido entre a incredulidade e o deslumbramento.
Ao permanecer no exterior o prisioneiro, aos poucos se habitua a luz e começa a
ver o mundo. Encanta-se, tem a felicidade de ver as próprias coisas, descobrindo
que estivera prisioneiro a vida toda e que em sua prisão vira apenas sombras.
Doravante, desejará ficar longe da caverna para sempre e lutará com todas as
forças para jamais regressar a ela. No entanto não pode deixar de lastimar a sorte
dos outros prisioneiros e, por fim, toma a difícil decisão de regressar ao subterrâneo
sombrio para contar aos demais o que viu e convencê-los a se libertarem também.
Só que os demais prisioneiros zombam dele, não acreditando em suas palavras e,
se não conseguem silenciá-lo com suas caçoadas, tentam fazê-lo espancando-o. Se
mesmo assim ele teima em afirmar o que viu e os convida a sair da caverna,
certamente acabam por matá-lo. Mas quem sabe alguns podem ouvi-lo e, contra a
vontade dos demais, também decidir sair da caverna rumo a realidade?
PUBL ICADA POR PROFESSOR BARA I EM 04 :11 0 COMENTÁR IOS
O MITO
RESUMO DAS AULAS DE FILOSOFIA PARA OS 1ºS ANOS – 2005.O que é?Podemos fazer uma série de conceitos (infindos) com a atividade de filosofar a saber :
. como um sinônimo de pensar, e que relativamente leva ao senso comum não obstante às situações de nosso ciclo natural (ato de nascer, ato de crescer, ato de morrer) e nossa existência que nos fazem superar o senso comum (muito embora ainda fiquemos no pietismo[1] exagerado), mas não totalmente. Também nos leva a uma reflexão sobre o sentido da vida e das coisas.Embora ainda carente de fundamentos e sua vaguidão, é passível de uma abrangência maior.. como um sinônimo de saber viver virtuosamente. Neste sentido abrange o ato de filosofar como uma sabedoria. É muito comum nas culturas ditas orientais uma vez que, o sábio adquire respeitável posição na sociedade devido, não somente como guardião das tradições locais ou culturais de um povo, mas como uma instância maior de conhecimento dado numa cultura. É por ele que se zelam as tradições dadas,. como um filosofar propriamente dito e que tem seu início na Grécia por volta dos séculos VI e V antes de Cristo e que passou à reflexão dada pela indagação da natureza e um olhar crítica às tradições, mitos e divindades deste povo antigo (e como a maioria dos povos da bacia mediterrânica).É necessário saber que se ressalta a validade de um saber e de seus próprios conhecimentos, desmistificando a cultura como uma crença hereditária ou de fantasias criadas que impediam tirar o “véu de Maya” [2] ou seja, propiciar ao homem o conhecimento.O homem, desde o início, busca a verdade sobre as coisas e esta busca levava-o a superar os obstáculos “instransponíveis” da mitologia.Muito embora os mitos dêem uma visão “simplista” das coisas e sobre uma determinada origem, não podemos desprezá-lo de todo para incorrermos no puro racionalismo. Tanto é fato que, Freud os utilizará para explicar a sua Psicanálise.Assim, filosofar é questionar os fundamentos de uma cultura em busca de uma verdade, e nela o saber.Entre o mito e a Filosofia.Quando estudamos a História antiga (com os brilhantes professores Rita e Amarildo) vemos claramente o dito processo evolutivo do homem numa constante indeterminada que o levará sempre, a saber, mais do que já se conhecia em eras anteriores. No entanto, toda a forma de explicação da História , assim como de todas as demais ciências, são propriamente uma reflexão filosófica.Na Antiguidade, principalmente à quem teve a oportunidade de assistir aos filmes “Tróia” e” Alexandre”, pode reconhecer elementos maiores que não são tratados na História, o que alguns dirão não serem importantes muito embora não sejam enriquecedores.É neste mundo antigo que temos claramente a epopéia grandiosa dos homens que se lançam ao desconhecido, a desvendar os segredos da natureza e superar os obstáculos de uma sabedoria menor: a mitológica.Toda cultura, ao dar início a sua origem, determina-a não de forma racional, precisa – recorre à alegoria dos mitos e para atestá-la como uma cultura heróica, determinada, conquistadora. Os deuses caminham com seu povo, numa superação clara dos obstáculos [3] com o fim de levá-los aos píndaros da cultura. Na antiga Hélade, não poderia ser diferente.
Como berço da cultura ocidental, a Grécia gozava no seu apogeu (tanto econômico, social, artístico, cultural e político) de ser um povo de expressão elevada na bacia do Mediterrâneo (visto que, Roma ainda era um assentamento no Lácio, o Egito já encontrava no seu auge, a antiga Fenícia não se desenvolvia como um todo, Israel ainda nem pensava em sair do Egito, o império babilônico e os medas ficavam isolados no extremo leste do Oriente Médio) sendo um posto de passagem (devido aos portos em seu recortado litoral) comercial, via de regra, também cultural. Com isso, pode-se ter em conta que o desenvolvimento econômico caminhava equitativamente com o desenvolvimento da pólis grega.No entanto, como a cultura politeísta dos tempos antigos, a Grécia também não ficava para trás. A sua extensa variedade de deuses e de seus heróis lendários, de certa forma, auriam-na de um passado glorioso e, ao mesmo passo que demonstravam que “aos homens só era possível conhecer algo que fosse determinado pelos deuses.” Prestem bastante atenção: não a um deus, mas a alguns deuses.Portanto, é neste panorama que se desenvolve a narrativa mitológica, de certa forma fantástica e fantasiosa de que nada era possível além do Olimpo senão pelos deuses.Assim, o conhecimento se resumia ao desconhecido e pela vontade dos deuses.MitoO mito é uma forma simbólica, simplória e fantasia de se narrar uma origem ou arché. Servem, a grosso modo, como forma de determina uma gênese sem uma racionalidade expressa, mais próxima do que hoje pode-se dizer gênero literário.Como, efetivamente, ilustra uma narrativa peculiar e particular a uma determinada cultura, ele reflete em forma de metáfora um princípio desconhecido, intangível e que, neste sentido, pode-se nominar o inominável[4] . Um exemplo: Zeus é criado a partir de Cronos. Cronos, na ânsia de manter-se eterno, devora seus filhos após criá-los. Zeus não quer se submeter ao ímpeto de Cronos e luta para ser posto novamente a vida. Este ciclo se renova a todo o instante não havendo um vencedor ou vencido.Como contar isso de forma racional dentro da estrutura mitológica?Cronos é o tempo, Zeus é um simples homem ao qual pressupõe-se uma finitude. O tempo constantemente devora ao homem e, este, constantemente quer manter-se além dele, ou seja, estar fora do tempo, de seu domínio. Esta esfera é a eternidade.Logo,“O homem procura ser eterno, mesmo que seja constantemente devorado pelo próprio tempo”[5]É o homem projetando-se na eternidade embora seja-ofinito.O mito também garantia as normas de vida comunitária numa determinada pólis[6].Mito e Filosofia estão em busca de um mesmo ontós(origem do ser) e télos (fim) mesmo que por vias diferentes: uma no aspecto cultural metafórico e a outra pela via racional reflexiva.Após um longo ciclo na história da Hélade, o mito constitui-se como uma fonte exclusiva de explicação para a existência do homem e da ordem cosmogônica
do mundo. Este ganhou a aura maior quando fora transmitido como uma tradição oral (logo escrita) [7] e narravam os feitos do povo grego (coisa similar pode ser vista em “Os lusíadas”, de Camões), mas apontavam duas coisas que são importantíssimas:
a) O destino dos homens era pré determinado: e só poderiam ser conhecidos pela força dos oráculos e seus sacerdotes. De forma alguma, o destino de um determinado indivíduo poderia ser modificado[8];
b) Os homens eram simples jogos nas mãos das divindades: ou seja, faziam aquilo que era determinado por eles. Sabia-se que as divindades gregas eram extremamente vaidosas e competiam entre si para terem mais atenção e devoção (culto) de um determinado povo. Se virem ao filme indicado no rodapé desta página verão claramente o que estamos falando.
Nobres colegas, como lembramos este ciclo fora quebrado no momento em que Tales de Mileto passou a indagar sobre a natureza das coisas, o princípio motor da vida e auferiu à Filosofia o caráter de investigação das coisas. Nota: além de matemático e físico, Tales assume o papel de primeiro filósofo na clareza da palavra.Para se divertir aprendendoNem tudo é caneta e papel (ou apostila), é preciso também um momento de lucidez para dar clareza à massa cinzenta dentro de uma forma óssea conhecida como cabeça.Portanto, nada mais simples do que ler, ver e ouvir.Leiam o livro “o livro de ouro da Mitologia”, de Thomas Bulfinch (Ediouro). É um livro muito rico em histórias de mitos, todos com um detalhamento muito claro.Nele teremos os mitos criacionistas gregos, hindus, chineses, normandos, celtas. Há muitos signos que usamos no nosso dia-a-dia que evocam aos mitos [9] e tradições mitológicas.Se desejar um livro “mais cabeça” leiam “mito e realidade”, de Mircea Eliade, constante no rodapé das primeiras páginas que servem para dar uma panorâmica do aspecto dos mitos na vida humana.Para ouvir, além de “Stairway to Heaven”, há o disco “as aventuras de Raul Seixas na cidade de Thor”, particularmente à música “as minas do rei Salomão”.Como filmes, já os citamos e se o desejarem no gênero comédia, vejam “um fofoqueiro no céu”, de Mazaroppi (nacional). No gênero terrir (terror com riso) “o mestre dos desejos”, onde um djin (figura mitológica caldéia) fica aprisionada em um rubi por milhares de anos e promete saciar os desejos daquele que o libertar.No mais, se o desejarem, troquem experiências de outros livros (menos Harry Porter e os de Paulo Coelho) e filmes (e músicas) para podermos construir um bom conhecimento).Resumo das aulas três e quatro – Filosofia.(compreendidas entre 01.03 até 08.03.05)A autoridade do mitoVimos que Mito e Filosofia são formas às quais o homem utiliza para explicar o mundo e visam responder aos questionamentos sobre o sentido da vida, o
surgimento do universo e do homem, bem como as normas que garantem a vida em uma comunidade. Enumeramo-as:
a) Ao buscar explicações, seja pela linguagem do mito, seja pela linguagem filosófica, o homem está tentando estabelecer a estrutura de sua cultura,
b) Entre os gregos, a mitologia constitui a fonte de explicação exclusiva da existência do homem e a organização do mundo. As interpretações imaginárias criadas assumiram o caráter de autoridade por serem antigas.
Descrevemos os mitos como:a) uma história religiosa, revelada com autoridade dogmática[10],b) o passado é descrito como as tradições que não admitem crítica
alguma,c) narram uma história ab initio (no começo, desde o início),d) narrar uma história sagrada equivale a revelar um mistério passado in
illo tempore (naquele tempo),e) suas personagens não são seres humanos, são heróis civilizadores
ou deuses, seus feitos são heróicos e sobrehumanos dados ab origine(desde a origem)[11],
f) uma vez revelado, o mito torna-se apodítico: funda a verdade absoluta.g) o mito revelava uma expressão regional, cultural, particular,
cristalização de interesses locais.No entanto, o mito não dava respostas mais concretas às reflexões
filosóficas e aos anseios do mesmo, portanto, era visto com certo desprezo pelos mesmos[12]. O mito não propiciava as respostas sobre uma determinada ciência ou seu particular.
Com o surgimento da Filosofia e a reflexão a partir da razão tendeu os mitos caíram em um desuso, recuperado alguns séculos mais tarde pelo círculo positivista da escola de Viena.Um novo conceito de verdadeIndira e Roberta, colegas inseparáveis do primeiro ano do colégio Salesiano, certa vez ao comentarem sobre música clássica e sobre as últimas boas músicas surgidas na praça, comentavam sobre W.A Mozart:- Indira, aprendi a tocar a “Ronda alla turca” por completo. É fabuloso saber que, além de um clássico que exige uma destreza e apuro técnico sobrenatural, expressa uma clareza de tons e semitons, nuances totalmente diferentes ao tempo em que fora escrita, diz Roberta.- Isso é verdade! Meu professor de Música me explicou que em Mozart, quando a escreveu, buscava a verdade do sentimento musical. Sabia que, já nesta época havia ingressado na maçonaria? Sabe o que ele buscava? A verdade das coisas replica Indira.- Legal isso, né? Mas, veja só: qual é a verdade definitiva da música? Você pode me dizer? Todas as vezes que toco um “Noturno” de Chopin, uma “Serenata ao luar” de Beethoven, mesmo uma música mais bela como “Jesus alegria dos Homens” de Bach, sinto algo totalmente espontâneo, belo, sei lá, indizível. Mas quanto toco uma música popular, muito na mídia, pareço estar fazendo um esforço em que ela acabe logo, replica Roberta.- É, será que existe uma verdade ou várias verdades? Diz Indira.- Sei lá! O que interessa é que eu tenho a minha verdade, replica Roberta.
Isso é uma alegoria, uma conversa que poderia ter acontecido entre ambas colegas. No entanto, se isso realmente ocorreu, remontaram a um diálogo que ocorre há séculos e continua sem resposta.O que é a verdade?Será que existe uma verdade fundamental e universal?Será que existem pseudo verdades, verdades absolutas, verdades dogmáticas, verdades relativas... então, todas são verdades.Se você optou por seguir esta linha, como na propaganda da Fiat, “tá na hora de você rever seus conceitos”.Existem verdades fundamentais que são inquestionáveis em determinados pontos, mas ao serem expressadas como respostas, claramente levarão ao engano e àaporia[13].Aquele que diz possuir uma verdade universal pode estar se passando por um ”Edir Macedo” lhe prometendo uma vaga no céu.Voltando aos antigos gregos, tinha-se por verdade (e o que era próprio da tradição) aquilo que era dito pela boca do oráculo, expresso pela vontade de um tirano, de um oligarca, um magistrado e de um sacerdote. Incorria num grave “pecado” ou ofensa àquele que fosse contra a douta verdade. Um caso clássico (e se lerem o livro “a apologia de Sócrates[14]) é o do processo de Sócrates e de ir contra esta “aurida verdade” [15].Contestar algo estabelecido e com autoridade constituída (como a “verdade”) significava, àquele tempo, ouvir a música do além.Mas, detalhes a parte vamos ao que interessa.Podemos, a partir de nossa visão, definir que o homem está em busca da verdade filosófica, ou seja, a que é incontestável, fundada numa razão elevada e que não encontra ponto de fuga algum. Esta procura libertar o homem da autoridade arbitrária da verdade imposta[16]fazendo com que assuma a verdade conhecida e a transforme em uma meta de vida.Usando de um aforismo bíblico, vemos que Jesus Cristo mostra que “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” reiteradas vezes apontando para o sentido de uma busca sincera não presa numa vontade/tradição imposta e que “amarrava” o homem.Da mesma forma é a verdade filosófica: é uma busca natural do ser humano sobre o que, por que, para que o sentido de vida, mundo, relações, sociedades, finitude, eternidade, natureza e por aí vai.A verdade procurada deveria constituir um conhecimento universal, válido (para todos) e necessário à humanidade. Deveria:
ter validação universal, aceitação por todas as formas de manifestação humana nas mais várias culturas,
manter-se independente das doutrinas e crenças “aprisionantes”,dissipar a autoridade mitológica e fantástica,romper com a insegurança e a minoridade do pensamento arcaico
do ser humano ou seja, abrir os olhos dos homens para um novo conhecimento, rico, enriquecido e válido.
A Filosofia propunha libertar o homem do arcaísmo, do poder do mito, do acaso das divindades[17] e da hierarquia imobilizante que impedia conhecer e acessar a verdade ou pretensamente buscá-la.
Mesmo nas narrativas bíblicas, a interpretação (hermenêutica) de verdade encontra-se na Filosofia. Aquele que a interpreta de forma alheia, com certeza incorrerá num erro crasso: o de cair no vazio.
Assim, é pela primeira vez que o homem formula interpretações da realidade cujos fundamentos não se encontram na tradição mítica e nos dizeres oraculares antes aceitos; funda-se na razão e na indagação em que o homem se lança fazer.
Incorreriam em erro as tradições religiosas que negassem tal preceito.AssimNobre colega resumimos:
a Filosofia nasce da convicção que não existem verdades humanas e universais que se põem acima de qualquer coisa, mesmo a dos mitos,
os mitos, simploriamente, explicam um aspecto do mundo, uma ontogênese, uma história primordial,
a busca da verdade filosófica significa, antes de mais nada, libertar-se dos conceitos pré determinados em uma cultura ou legados de forma que não propiciavam uma reflexão.
Portanto, procurem “sacar” as coisas do mundo, mesmo de seus estudos sempre de modo reflexivo, questionador, de buscar quebrar com determinados conceitos e idéias postas, aceitas sem questão. Quem sabe, num futuro próximo você não venha a ser um gênio da humanidade? E, até mesmo, descobrir coisas da Matemática que “antes desciam suavemente por seu cérebro, tranqüilas como um fim de tarde na praia de Itapoá, numa rede e só curtindo a natureza.”.
Então, “desperta tu que dormes”.Sugestões culturais.Findo mais um momento é hora de relaxar a massa cinzenta.Pois bem, aludindo ao que está nesse pequeno resumo, indicamos a V.Sª. assistir:“Uma mente brilhante”, com Russel Crowe (aquele mesmo de “o Gladiador”) e observar a dita verdade que o sujeito buscava. Nota da redação: é uma estória verídica.A trilha sonora que embalou esta digitação foi a do disco compacto “A night at Opera”, do Queen·[18].
[1] Pietismo ou a síndrome do coitado (coitado de mim, coitado de fulano, pobre cicrano, adeus
beltrano...).
[2] Ver ELIADE, Mircea. “Mito e Realidade”. São Paulo. Ed. Perspectiva, 1995.
[3] Também muito clara na tradição bíblica, diga-se de passagem, no antigo testamento.
[4] Dar nome há quem, numa cultura, pode ter um outro nome que, na verdade não o é de forma
universal.
[5] Conclusão feita pelo colega Allan Lachine Barros.
[6] Como sugestão, assistam aos filmes “Jasão e o velo de ouro”, “Fúria de titãs”.
[7] Leiam “A Ilíada” e “A Odisséia”, ambos de Homero, poeta grego.
[8] Recordem ao mito de Édipo e Jocasta aos quais, narrei em sala. Senão, peçam aos pais para contarem
a novela “Mandala”, da Rede Bobo em que Édipo e Jocasta (no caso Felipe Camargo e Vera Fischer)
foram vivenciados na televisão. Esta novela é de 1987/88.
[9] Um exemplo é o símbolo da Mitsubishi que é uma runa viking. Para quem gosta de Led Zeppelin,
especialmente ao disco quatro (com o velho na capa), os símbolos dispostos são mitológicos, e até mesmo
“Starway to Heaven” fala das vestais celtas. Nóis também tem curtura!
[10] Dogma é uma verdade de fé, inquestionável.
[11] Como o mito de Hércules e o da Via Láctea.
[12] Vale aqui uma ressalva: Sócrates por várias vezes aplicava o uso do mito para ilustrar suas reflexões.
Exemplos podem ser bem vistos em “a República” e “o Banquete”, ambos de Platão, em que Sócrates
recorre aos mitos de criação de Eros (no “Banquete”) e do estado (“República”).
[13] Aporia é o mesmo que dúvida, porém está em grego.
[14] Apologia é o mesmo que defesa
[15] O mesmo podemos referir ao julgamento e morte de Jesus Cristo, ao processo de independência da
Índia por Gandhi, ao assassinato de Martin Luther King e por aí vai.
[16] Para quem saca de uma boa música nacional, também reflexiva, ouçam “Medo da Chuva”, de Raul
Seixas e comparem com o que acima detalhamos.
[17] Lembre-se: o homem era um aríete dos deuses que, para provarem poder ter poder sobre “míseros”
seres, impunha-os fardos pesados e árduas tarefas. Em contrapartida, gozariam do culto e devoção do
povo. Poucos foram aqueles que puderam ser agraciados pelos deuses do Olimpo.
[18] Lançado em 1975 pela Emi. É disco essencial para os ouvidos mais refinados (como os de Roberta e
Indira), pois mescla rock, opera vaudeville, música havaiana, temas existenciais e por aí vai. Encontrado
nas melhores lojas do ramo. Da nossa parte, não emprestamos nem para cópia e nem para audição.
PUBL ICADA POR PROFESSOR BARA I EM 04 :03 0 COMENTÁR IOS
O CONCEITO DA FILOSOFIA
FILOSOFIA – o que é Filosofia?
Poderíamos dizer que filosofia é qualquer coisa de racional, e
mais, é geradora de razão. Mas então o que é a razão? Esta seria
mais uma problemática e tornaríamos a nossa (in)definição num
ciclo vicioso. Então vamos anular a definição dada e vamos às
origens mais profundas do termo. Todos nós sabemos, e já aqui foi
referido que, Filosofia é um neologismo. Vamos então por a Filosofia
a falar grego recuando alguns séculos:
Φιλο Σοφία (em grego)
Filo Sofia
Para explicarmos o conceito de filosofia temos de recuar cerca de 2500
anos. É que o conceito de filosofia é um neologismo devido à necessidade
da formação da sua palavra. Ao contrário de hoje em dia, os primeiros
pensadores eram livres. Num sentido metafórico, a filosofia de hoje é como
uma “picada” cheia de minas: isto significa que a história da filosofia está
repleta de pensamentos desde há 26 séculos atrás. Hoje, a nossa
originalidade está condenada. Os primeiros filósofos não! Eram livres e
portanto tinham ideias originais. Podiam construir palavras novas e dar-
lhes o significado devido. O conceito filosofia é um desses casos.
No entanto note-se que, o conceito filosofia não aparece com o
aparecimento do primeiro filósofo. Os primeiros filósofos nem sequer
sabiam que eram filósofos, contudo depois pela sua actividade e
pelo seu quotidiano (porque a filosofia vive-se) foram incluídos nesse
núcleo e nesse estatuto que irradia o conceito de filosofia.
A filosofia nasce na Europa, que tem uma cultura da qual nos
somos herdeiros. E isso, tem reflexos a vários níveis. Vejamos ao
nível político: hoje encontrámo-nos na União Europeia, que exige
para a sua adesão um determinado regime político – a democracia.
Esta já era exercida pelos gregos em Atenas 5 séculos antes de
Cristo.
Num sentido lato, o ocidente europeu é num certo sentido
filosófico.
O que está na origem da filosofia?
Em sentido lato poderíamos dizer que a filosofia aparece com o
objectivo de encontrar o sentido último das próprias coisas – a
procura do ser das coisas através dos entes. Será que as coisas têm
um sentido único ou têm um sentido fundo ou indeterminado? É na
tentativa de resposta a estas questões que surge o conceito de
filosofia.
Filosofia é o lançar o olhar sobre o objecto e manter esse objecto
sobre mira, ou seja, praticar o assédio de alguma coisa através do
olhar.
A FILOSOFIA, segundo este ponto de vista, pode ser entendida
como:
THEORIA – o ver / olhar / contemplar / observar.
Simboliza assim o olhar com os olhos do espírito para os
objectos intelectuais.
EPISTEME – a apropriação e a pertença
Lançamos o olhar sobre algo e passamos a pretender ou
a querer apropriarmo-nos de algo. Episteme significa o
conhecimento de uma determinada ordem – de ordem
teorética e não prática.
Filosofia significa assim uma certa forma de olhar com “olhos de
ver”, significa o ficar para trás e passarmos a pretender algo no
sentido da sua admiração, por isso vermos mais à frente que a
filosofia significa um certo espanto.
Por isso é que entendemos a Filosofia como o amor, a querer
pretender, o ter o desejo pela verdadeira Sabedoria, a verdadeira
Sofia. No entanto, não é ter essa verdade, mas sim pretender,
porque ainda não temos, apenas pretendemos. Pretendemos o quê?
A sabedoria, que no seu sentido etimológico significa “não oculto”.
Por outro lado temos também de referir que a filosofia nasce de
um certo bem-estar. Como refere Aristóteles, a filosofia é o culminar
de um certo crescendo da qualidade de vida. Se fizermos uma
cronologia percorrendo o caminho até chagar à filosofia temos de
passar inicialmente pelas necessidades de subsistência – ninguém
fará filosofia se não tiver as garantias mínimas de subsistência;
depois encontramos segundo o autor as necessidades de
embelezamento, e por fim um estado que nos permite uma certa paz
de espírito, ou seja, fazer filosofia pressupõe uma série de garantias
mínimas.
Para nos continuarmos a referir às questões e ao conceito de
filosofia podemos ver também, a filosofia segundo alguns marcos
importantes na constituição da sua história, como são Platão e
Aristóteles: segundo eles, a Origem (ARCHÊ) da filosofia é devida
ao Espanto ou Admiração (PATHOS).
O Archê pode significar também o domínio / exercício de poder;
Pathos de um certo ponto de vista pode traduzir-se por paixão ou
arrebatamento afectivo – pode também ser traduzido por
sofrimento, suportação, resistência, etc.
Assim a filosofia nasce do espanto. De uma certa forma,
espantámo-nos perante determinados factos. Mas a sua origem
permite-nos não o seu abandono, mas sim a permanência, com
vista à pertença.
Por outro lado teremos de analisar as condições que permitem a
Filosofia nascer.
A filosofia nasce num certo espaço físico (concreto e palpável) –
com determinados limites. Onde é? – Na Polis – cidade-estado.
Podemos referir até que se não fosse este espaço fisco tão limitado a
filosofia não teria nascido. Deste modo a Filosofia é filha legítima da
cidade-estado, da Polis.
Mas o que é que há na Polis, que permitiu o nascimento da
filosofia neste local e não, noutro, como por exemplo os vastos
impérios existentes e espalhados naquela altura pelo mundo?
A polis da Grécia Antiga é caracterizada pela sua abertura do
pensamento. O seu núcleo é a àgora, um espaço público onde se
podem trocar ideias e opiniões livremente. Este facto contrasta
como a forma de fazer sabedoria nas outras partes do mundo.
Vejamos o exemplo das grandes civilizações e dos grandes
impérios, como o Chinês, o Indiano, o Romano, etc. Aqui o saber,
que apesar de milenar pertencia a um determinado tipo de agentes
do saber. Eram os sábios (sophos). Na Polis não há sábios fixos de
sabedoria. Os gregos não se consideram sábios de maneira a
intitularem-se de sábios. Eles são antes pretendentes, amigos,
candidatos e amantes da sabedoria – ainda não têm na mão a
verdadeira Sofia. Eles têm assim uma enorme curiosidade e tentam
descobrir partes diferentes, novas perspectivas através da própria
observação, então, lançam-se como pretendentes. Contudo eles
pretendem o quê? O que é a prática da Sofia?
Os filósofos criam assim um determinado número de conceitos,
theorias, perspectivas, etc. com vista a uma melhor definição e
compreensão do mundo. Este saber é público e só é possível devido
à abertura cultural da Polis. É assim que nasce um combate
saudável de ideias. Este combate de ideias nasce juntamente com os
valores de igualdade entre todos os cidadão. Este sentimento de
igualdade, de confrontação e de partilha de ideias é a origem das
sociedade gregas e do nascimento da polis, que consequentemente
viu nascer a filosofia. Esta exposição e confrontação de ideias
perante toda a população é uma oposição às culturas das
sociedades e imperiais onde o saber e o poder pertence ao
Imperador. A cultura destas sociedades baseia-se nas relações entre
o Imperador e os subjugados.
Vemos a este nível uma espectacular evolução da
sociedade grega: a substituição da força bruta pela força da
persuasão e dos argumentos.
Por outro lado, era aqui que se estabeleciam importantes relações
entre mestre-discípulo. Estas relações permitem-nos observar uma
outra característica desta sociedade: a necessidade de pretensa da
verdade. Aristóteles refere: “Amigo de Platão, mas amigo da
Verdade”. A relação mestre-discípulo era muito característica na
antiguidade: aqui o conhecimento de uma doutrina passava do
mestre para o discípulo. Contudo esta relação tomava uma
importância acrescida quando os discípulos entravam em ruptura
com os pontos de vista dos seus mestres, renunciando as suas
opiniões em nome da sua própria verdade.
A filosofia reflecte a forma e o condicionalismo onde se insere. A
filosofia é uma das manifestações de espírito (não a única) e
manifesta-se devido aos seus condicionalismo e contextos onde se
insere. Ex. estóicos e epicuristas reflectem uma certa forma de estar
na sociedade e a filosofia é o espelho, de certa forma, da sociedade
daquela época.
Na problemática da questão da filosofia, vemos que a filosofia não
pode surgir apenas no sentido da interpretação mas sim da
actuação, no sentido de influenciar e modificar o mundo. Exemplo
nítido de Marx.
MÉTODO SOCRÁTICO
O método socrático consiste numa prática muito famosa de Sócrates, o filósofo, em
que, utilizando um discurso caracterizado pelamaiêutica e pela ironia, levava o seu
interlocutor a entrar em contradição, tentando depois levá-lo a chegar à conclusão
de que o seu conhecimento é limitado.
É atribuído a Sócrates, o grande filósofo grego do século IVAEC/A.C., devido ao seu
uso constante, registrado nos livros dePlatão.
O Método Socrático é uma abordagem para geração e validação de idéias e
conceitos baseada em perguntas, respostas e mais perguntas.
Também conhecido como Maiêutica: "É o método que consiste em parir idéias
complexas a partir de perguntas simples e articuladas dentro dum contexto."
Sócrates nada de escrito deixou para que a posteridade pudesse conhecer seu
pensamento. O que se sabe a respeito dele vem de discípulos e admiradores, que o
exaltam (principalmente Platão e Xenofonte) ou de adversários, que o satirizam
(principalmente Aristófanes). Quem mais nos fala sobre ele é mesmo Platão, seu
discípulo, que narra os diálogos de seu mestre pelas ruas e praças de Atenas. É até
difícil distinguir o que é pensamento de Sócrates do que é teoria de Platão na boca
de Sócrates. Para ter mais segurança, é sempre bom comparar as diversas fontes
para se chegar pelo menos mais próximo do Sócrates histórico.
Sócrates era um homem público e simples. É assim que acontecem as narrativas de
Platão, nos diálogos cotidianos de seu mestre com interlocutores diversos. Como
Sócrates não cobrava por seu ofício, conversava com pessoas de qualquer classe
sócio-econômica. No entanto, não conversava sobre qualquer coisa, mas só sobre
um assunto sobre o qual quisesse demonstrar a ignorância do interlocutor a
respeito. Sua “filosofia de vida” é o que estava escrito no Oráculo de Delfos:
“Conhece-te a ti mesmo”. A partir daí, ele sempre confessava a própria ignorância:
“Só sei que nada sei”. Assim, confessando-se ignorante a respeito dos assuntos que
os outros se julgavam sábios, era ele mesmo, Sócrates o mais sábio, pois os outros,
julgando saber, na verdade não sabiam; ele, ao contrário, reconhecia isso.
Em seus diálogos, o reconhecimento da própria ignorância era parte essencial para
se chegar à apreensão da Idéia e à construção dos conceitos. Era necessário
mostrar a seus interlocutores o quanto estavam errados em seus “pré-conceitos” e
“pré-juízos”. Num primeiro momento, Sócrates fazia a sondagem daquilo que se
pretendia saber em relação ao assunto em questão. Através de perguntas Sócrates
conduzia o diálogo até o ponto em que o outro ficava embaraçado por ver seus
conceitos serem derrubados um a um. Essa é a ironia socrática, que Kierkergaard
reconhece ser mesmo Sócrates o iniciador na história do pensamento. Ao contrário
do conceito atual de ironia, na etimologia ela significa pergunta. Era justamente
isso que Sócrates fazia com o homem de Atenas.
A segunda etapa do método de Sócrates consiste na construção de conceitos novos
a partir das cinzas dos antigos que foram destruídos. É a maiêutica. Esse nome é
derivado e em homenagem à profissão de sua mãe, que era parteira. Sócrates
queria exatamente isto: que a alma de seus discípulos parisse as idéias, posto que
elas já estavam todas lá. Esse inatismo socrático se justifica na teoria da
reminiscência. Para Sócrates, a alma antes de encarnar estava em contemplação do
belo, do bem e da verdade suprema. Lá, no hiperurâneo, o mundo das idéias (ou
mundo inteligível) a alma já tinha o conhecimento perfeito. Para atingir esse
conhecimento aqui na terra era preciso superar os sentidos que nos sugerem
apenas o mundo sensível e fazer a alma recordar as idéias das quais já tinha
conhecimento no mundo das Idéias e nas encarnações anteriores. Assim, através de
seus diálogos mostrava a ignorância de seus interlocutores para em seguida
mostrar-lhes a verdade que pretendiam possuir. Isso era a filosofia para Sócrates.
A filosofia é, pois, mais que uma doutrina. É um guia e caminha certo para se sair
da ignorância e do erro. É a luz para mostrar as coisas como o são, para abrir os
olhos do “sábio” ao Bem, ao Belo, à Verdade. Considerando, assim, a ignorância
como vício e o conhecimento como virtude, pode-se acusar de intelectualista a
ética socrática. Entretanto, deve-se ter em mente que Sócrates amava sua cidade e
queria era preparar seus discípulos para a vida da Pólis na política. Não queria
formar homens sábios segundo o conceito sofista, mas filósofos que realmente
fosse capazes de bem conduzir a própria vida e a vida da pólis.
CONCLUSÃO
Ao se analisar mais de perto e com um olhar mais acurado a obra de Sócrates – se e
que se pode chamá-la obra – pode-se perceber que o que Sócrates queria para si e
para seus discípulos e interlocutores diversos era a descoberta da Verdade. Não
possuí-la e agir como se a possuísse, pretendendo saber o que não se sabe era
ignorância. A filosofia vinha, então, para reparar o vício da ignorância e, assim,
restabelecer à alma da pessoa a virtude que contemplava antes, recordando-lhe a
ciência, que é justamente o conhecimento da Verdade, saindo das trevas da
caverna do erro e da presunção.
Isso não deixou se incomodar muita gente. Pois, ensinando isso aos jovens,
Sócrates foi acusado de corromper a juventude, pois contrariava a orDem vigente.
Ele era, aliás, uma contradição para a sociedade de sua época, a começar por sua
aparência física que ia bem de encontro ao ideal de beleza apolínica. Entretanto,
mesmo condenado injustamente, ele manteve-se coerente e fiel: a si, as suas
idéias, a seus discípulos e mesmo à sua cidade, que tanto amava.
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SÓCRATES
Sócrates, em grego antigo Σωκράτης [Sōkrátēs], (470 a.C. — 399 a.C.) foi
um filósofo ateniense e um dos mais importantes ícones da
tradição filosófica ocidental e um dos fundadores da atual FilosofiaOcidental. As
fontes mais importantes de informações sobre Sócrates
são Platão, Xenofonte e Aristóteles (Alguns historiadores afirmam só se poder falar
de Sócrates como um personagem de Platão, por ele nunca ter deixado nada
escrito de sua própria autoria.). Os diálogos de Platão retratam Sócrates como
mestre que se recusa a ter discípulos, e um homem piedoso que foi executado por
impiedade. Sócrates não valorizava os prazeres dos sentidos, todavia se escalava o
belo entre as maiores virtudes, junto ao bom e ao justo. Dedicava-se ao parto das
idéias (Fedro) dos cidadãos de Atenas, mas era indiferente em relação a seus
próprios filhos.
O julgamento e a execução de Sócrates são eventos centrais da obra de Platão
(Apologia e Críton). Sócrates admitiu que poderia ter evitado sua condenação
(beber o veneno chamado cicuta) se tivesse desistido da vida justa. Mesmo depois
de sua condenação, ele poderia ter evitado sua morte se tivesse escapado com a
ajuda de amigos. A razão para sua cooperação com a justiça da Polis e com seus
próprios valores mostra uma valiosa faceta de sua filosofia, em especial aquela que
é descrita nos diálogos com Críton.
Detalhes sobre a vida de Sócrates derivam de três fontes contemporâneas: os
diálogos de Platão, as peças de Aristófanes e os diálogos de Xenofonte. Não há
evidência de que Sócrates tenha ele mesmo publicado alguma obra. As obras
de Aristófanes retratam Sócrates como um personagem cômico e sua
representação não deve ser levada ao pé da letra.
Sócrates casou-se com Xântipe, que era bem mais jovem que ele, e teve três filhos:
Lamprocles, Sophroniscus e Menexenus. Seu amigo Críton criticou-o por ter
abandonado seus filhos quando ele se recusou a tentar escapar antes de sua
execução, mostrando que ele (assim como seus outros discípulos), parece não ter
entendido a mensagem que Sócrates tenta passar sobre a morte (diálogo Fédon),
antes de ser executado.
Não se sabe ao certo qual o trabalho de Sócrates, se é que houve outro além da
Filosofia. De acordo com algumas fontes, Sócrates aprendeu a profissão de oleiro
com seu pai. Na obra de Xenofonte, Sócrates aparece declarando que se dedicava
àquilo que ele considerava a arte ou ocupação mais importante: maiêutica, o parto
das idéias. Platão afirma que Sócrates não recebia pagamento por suas aulas. Sua
pobreza era prova de que não era um sofista.
Várias fontes, inclusive os diálogos de Platão, mencionam que Sócrates tinha
servido ao exército em várias batalhas. Na Apologia, Sócrates compara seu período
no serviço militar a seus problemas no tribunal, e diz que qualquer pessoa no júri
que imagine que ele deveria se retirar da filosofia deveria também imaginar que os
soldados devessem bater em retirada quando era provável que pudessem morrer
em uma batalha.
Algumas curiosidades: Sócrates costumava caminhar descalço e não tinha o hábito
de tomar banho. Em certas ocasiões, parava o que quer que estivesse fazendo,
ficando imóvel por horas, meditando sobre algum problema. Certa vez o fez
descalço sobre a neve, segundo os escritos de Platão, o que demonstra o caráter
legendário da figura Socrática.
Idéias filosóficas
As crenças de Sócrates, em comparação às de Platão, são difíceis de discernir. Há
poucas diferenças entre as duas idéias filosóficas. Conseqüentemente, diferenciar
as crenças filosóficas de Sócrates, Platão e Xenofonte é uma tarefa difícil e deve-se
sempre lembrar que o que é atribuído a Sócrates pode refletir o pensamento dos
outros autores.
Se algo pode ser dito sobre as idéias de Sócrates, é que ele foi moralmente,
intelectualmente e filosoficamente diferente de seus contemporâneos atenienses.
Quando estava sendo julgado por heresia e por corromper a juventude, usou seu
método de elenchospara demonstrar as crenças errôneas de seus julgadores.
Sócrates acredita na imortalidade da alma e que teria recebido, em um certo
momento de sua vida, uma missão especial do deus Apolo Apologia, a defesa
do logos apolíneo "conhece-te a ti mesmo". Sócrates também duvidava da idéia
sofista de que a arete (virtude) podia ser ensinada. Acreditava que a excelência
moral é uma questão de inspiração e não de parentesco, pois pais moralmente
perfeitos não tinham filhos semelhantes a eles. Isso talvez tenha sido a causa de
não ter se importado muito com o futuro de seus próprios filhos. Sócrates
freqüentemente diz que suas idéias não são próprias, mas de seus mestres, entre
eles Pródico e Anaxágoras de Clazômenas.
Conhecimento
Sócrates sempre dizia que sua sabedoria era limitada a sua própria ignorância (Só
sei que nada sei.). Ele acreditava que os atos errados eram conseqüência da própria
ignorância. Nunca proclamou ser sábio.
Virtude
Sócrates acreditava que o melhor modo para as pessoas viverem era se
concentrando no próprio desenvolvimento ao invés de buscar a riqueza material.
Convidava outros a se concentrarem na amizade e em um sentido de comunidade,
pois acreditava que esse era o melhor modo de se crescer como uma população.
Suas ações são provas disso: ao fim de sua vida, aceitou sua sentença de morte
quando todos acreditavam que fugiria de Atenas, pois acreditava que não podia
fugir de sua comunidade. Acreditava que os seres humanos possuíam certas
virtudes, tanto filosóficas quanto intelectuais. Dizia que a virtude era a mais
importante de todas as coisas. Política
Diz-se que Sócrates acreditava que as idéias pertenciam a um mundo que somente
os sábios conseguiam entender, fazendo com que o filósofo se tornasse o perfeito
governante para um Estado. Se opunha à democracia aristocrática que era
praticada em Atenasdurante sua época. Acreditava que a perfeita república deveria
ser governada por filósofos. Acreditava também que os tiranos eram até mesmo
mais legítimos que a democracia.
Diálogos
Os diálogos socráticos são uma série de diálogos escritos por Platão eXenofonte na
forma de debates entre Sócrates e outras pessoas de sua época; ou mesmo
debates entre Sócrates e seus seguidores (como Fédon). A Apologia de Sócrates é
um monólogo, agrupado junto com os diálogos. A Apologia (no direito grego, uma
defesa) é um registro do discurso que Sócrates proferiu em seu julgamento. A
maioria dos diálogos aplica o método socrático.
A República
Apologia de Sócrates
Críton
Fédon
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OS FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS
Os filósofos pré-socráticos são, como sugere o nome, os filósofos anteriores
a Sócrates ( ou anteriores a Platão, já que alguns filósofos afirmam só poder falar de
Sócrates, por ele nunca ter deixando nada escrito de sua autoria, como um
personagem de Platão).
Essa divisão acontece devido ao objeto da filosofia destes filósofos e da novidade
introduzida por Sócrates. Temporalmente, os Sofistassão anteriores a Sócrates, pois
já havia sofistas antes de Sócrates, contemporâneos a ele e posteriores. Mas o
pensamento deles situa-se em uma categoria própria em certas vezes, e
relacionados a Sócrates noutras vezes. Isso porque o pensamento de ambos
(sofistas e Sócrates) chega a tocar-se muitas vezes; suas diferenças consistem em
questões de conduta (os sofistas cobravam por seu ensinamento, por exemplo) e
algumas posições (os sofistas eram, no mais das vezes, relativistas, por exemplo).
Mas ambos representam uma certa ruptura com os pré-socráticos, que são também
chamados de filósofos da physis.
Tais filósofos, considerados pioneiros da filosofia ocidental, buscavam um princípio,
a arché, que deveria ser um princípio presente em todos os momentos da
existência de tudo. Essa arché deveria estar no início, no desenvolvimento e no fim
de tudo.
São chamados "da physis" porque suas investigações giravam sempre em torno do
mundo material, físico; embora não poucas vezes o arché fosse algo não-físico,
como os números, para os pitagóricos, ou o a-peiron (uma "coisa" incriada e sem
um começo), paraAnaximandro.
Os principais filósofos pré-socráticos (e suas escolas) foram:
Escola Jônica : Tales de Mileto, Anaximenes de Mileto ,Anaximandro de
Mileto e Heráclito de Êfeso;
Escola Itálica : Pitágoras de Samos, Filolau de Crotona eÁrquitas de Tarento;
Escola Eleata : Parmênides de Eléia e Zenão de Eléia.
Escola da Pluraridade : Empédocles de Agrigento, Anaxágorasde
Clazômena, Leucipo de Abdera e Demócrito de Abdera.
E S C O L A J Ô N I C A
Tales de Mileto(624-548 a.C.)
Primeiro filósofo Milesiano. Tales foi comerciante de sal, azeite e oliva e enriqueceu
como proprietário de prensas de azeitona durante uma safra promissora. Sabe-se
que Tales previu um eclipse ocorrido em 585 a.C. De suas idéias quase nada é
conhecido. Aristóteles o chama de fundador da filosofia, e lembra que a sua
doutrina baseia-se na água como o elemento primordial de todas as coisas (physis,
fonte originária, gênese), e que para suportar as transformações e permanecer
inalterada, a água deveria ser um elemento eterno.
Atribui-se a Tales a afirmação de que "todas as coisas estão cheias de deuses", o
que talvez pode ser associado à idéia de que o imã tem vida, porque move o ferro.
Essa afirmação representa não um retorno a concepções míticas, mas
simplesmente a idéia de que o universo é dotado de animação, de que a matéria é
viva (hilozoísmo). Além disso, elaborou uma teoria para explicar as inundações do
Nilo, e atribui-se a Tales a solução de diversos problemas geométricos
(exemplo: teorema de Pitágoras). Tales viajou por várias regiões, inclusive o Egito,
onde, segundo consta, calculou a altura de uma pirâmide a partir da proporção
entre sua própria altura e o comprimento de sua sombra: essa proporção é a
mesma que existe entre a altura da pirâmide e o comprimento da sombra desta.
Esse cálculo exprime o que, na geometria, até hoje se conhece como teorema de
Tales.
Tales foi um dos filósofos que acreditava que as coisas têm por trás de si um
princípio físico, material, chamado arqué. Para Tales, o arqué seria a água. Tales
observou que o calor necessita de água, que o morto resseca, que a natureza é
úmida, que os germens são úmidos, que os alimentos contêm seiva, e concluiu que
o princípio de tudo era a água. Com essa afirmação deduz-se que a existência
singular não possui autonomia alguma, apenas algo acidental, uma modificação. A
existência singular é passageira, modifica-se. A água é um momento no todo em
geral, um elemento. Tales com essa afirmação queria descobrir um elemento físico
que fosse constante em todas as coisas. Algo que fosse o princípio unificador de
todos os seres.
Principais fragmentos:
“... a água é o princípio de todas as coisas...”.
“... todas as coisas estão cheias de deuses...”.
“... a pedra magnética possui um poder porque move o ferro..."
Anaximandro de Mileto(611-547 a.C.)
Milesiano. Para ele a Physis era o apeiron (o ilimitado ou o indeterminado).
Anaximandro viveu em Mileto no século VI a.C.. Foi discípulo e sucessor de Tales.
Anaximandro achava que nosso mundo seria apenas um entre uma infinidade de
mundos que evoluiriam e se dissolveriam em algo que ele chamou de ilimitado ou
infinito. Não é fácil explicar o que ele queria dizer com isso, mas parece claro que
Anaximandro não estava pensando em uma substância conhecida, tal como Tales
concebeu. Talvez tenha querido dizer que a substância que gera todas as coisas
deveria ser algo diferente das coisas criadas. Uma vez que todas as coisas criadas
são limitadas, aquilo que vem antes ou depois delas teria de ser ilimitado.
E evidente que esse elemento básico não poderia ser algo tão comum como a água.
Anaximandro recusa-se a ver a origem do real em um elemento particular; todas as
coisas são limitadas, e o limitado não pode ser, sem injustiça, a origem das coisas.
Do ilimitado surgem inúmeros mundos, e estabelece-se a multiplicidade; a gênese
das coisas a partir do ilimitado é explicada através da separação dos contrários em
conseqüência do movimento eterno. Para Anaximandro o princípio das coisas - o
arqué - não era algo visível; era uma substância etérea, infinita. Chamou a essa
substância de apeíron (indeterminado, infinito). O apeíron seria uma “massa
geradora” dos seres, contendo em si todos os elementos contrários. Anaximandro
tinha um argumento contra Tales: o ar é frio, a água é úmida, e o fogo é quente, e
essas coisas são antagônicas entre si, portanto um o elemento primordial não
poderia ser um dos elementos visíveis, teria que ser um elemento neutro, que está
presente em tudo, mas está invisível.
Esse filósofo foi o iniciador da astronomia grega. Foi o primeiro a formular o
conceito de uma lei universal presidindo o processo cósmico totalmente. De acordo
com ele para que o vir-a-ser não cesse, o ser originário tem de ser indeterminado.
Estando, assim, acima do vir-a-ser e garantindo, por isso, a eternidade e o curso do
vir-a-ser. O seu fragmento refere-se a uma unidade primordial, da qual nascem
todas as coisas e à qual retornam todas as coisas. Anaximandro recusa-se a ver a
origem do real em um elemento particular. Do ilimitado surgem inúmeros mundos,
e estabelece-se a multiplicidade; a gênese das coisas a partir do ilimitado é
explicada através da separação dos contrários em conseqüência do movimento
eterno.
Principais fragmentos:
“... o ilimitado é eterno...”
“... o ilimitado é imortal e indissolúvel...”
Anaxímenes de Mileto(588-524 a.C.)
O terceiro filósofo de Mileto foi Anaxímenes (c. 570—526 a.C.). Ele pensava que a
origem de todas as coisas teria de ser o ar ou o vapor. Anaxímenes conhecia, claro,
a teoria da água de Tales. Mas de onde vem a água? Anaxímenes acreditava que a
água seria ar condensado. Acreditava também que o fogo seria ar rarefeito. De
acordo com Anaxímenes, por conseguinte, o ar("pneuma") constituiria a origem da
terra, da água e do fogo.
Conclusão - Os três filósofos milésios acreditavam na existência de uma substância
básica única, que seria a origem de todas as coisas. No entanto, isso deixava sem
solução o problema da mudança. Como poderia uma substância se transformar
repentinamente em outra coisa? Os eleatas A partir de cerca de 500 a.C., quem se
interessou por essa questão foi um grupo de filósofos da colônia grega de Eléla, no
sul da Itália, por isso conhecidos como eleatas
Parmênides de Eléia
O mais importante dos filósofos eleatas foi Parmênides (c. 2000-5000 a.C.). “Nada
nasce do nada, e nada do que existe se transforma em nada”. Com isso quis dizer
que “tudo o que existe sempre existiu”. Sobre as transformações que se pode
observar na natureza... ”Achava que não seriam mudanças reais”. De acordo com
ele, nenhum objeto poderia se transformar em algo diferente do que era. Início do
racionalismo Percebia, com os sentidos, que as coisas mudam. Mas sua razão lhe
dizia que logicamente impossível que uma coisa se tornasse diferente e, apesar
disso, permanecesse de algum modo a mesma. Quando se viu forçado a escolher
entre confiar nos sentidos ou na razão, escolheu a razão. Essa inabalável crença na
razão humana recebeu o nome de racionalismo. Um racionalista é alguém que
acredita que a razão humana é a fonte primária de nosso conhecimento do mundo.
Heráclito
Um contemporâneo de Parmênides foi Heráclito (c. 540-480 a.C.), que era de Éfeso,
na Ásia Menor. Heráclito propunha que a matéria básica do Universo seria o fogo.
Pensava também que a mudança constante, ou o fluxo, seria a característica mais
elementar da Natureza. Podemos talvez dizer que Heráclito acreditava mais do que
Parmênides naquilo que percebia. Tudo flui, disse Heráclito. Tudo está em fluxo e
movimento constante, nada permanece. Por conseguinte, “não entramos duas
vezes no mesmo rio”. Quando entro no rio pela segunda vez, nem eu nem o rio
somos os mesmos.
Problema: Parmênides e Heráclito defendiam dois pontos principais diametralmente
opostos. Parmênides dizia:
a) nada muda,
b) não se deve confiar em nossas percepções sensoriais.
Heráclito, por outro lado, dizia:
a) tudo muda (“todas as coisas fluem”), e
b) podemos confiar em nossas percepções sensoriais.
Quem estava certo? Coube ao siciliano Empédocles (c. 490-430 a.C.) indicar a saída
do labirinto.
Como estudioso da physis, Heráclito acreditava que o fogo era a origem das coisas
naturais.
Empédocles
Ele achava que os dois estavam certos:
1. A água não poderia, evidentemente, transformar um peixe em uma
borboleta. Com efeito, a água não pode mudar. Água pura irá continuar
sendo água pura. Por isso, Parmênides estava certo ao sustentar que “nada
muda”.
2. Mas, ao mesmo tempo, Heráclito também estava certo em achar que
devemos confiar em nossos sentidos. Devemos acreditar naquilo que vemos,
e o que vemos é precisamente que a Natureza muda.
3. Solução - Empédocles concluiu que o que precisava ser rejeitado era a
idéia de uma substância básica única. Nem a água nem o ar sozinhos podem
se transformar em uma roseira ou uma borboleta. Não é possível que a fonte
da Natureza seja um único “elemento”. Empédocles acreditava que a
Natureza consistiria em quatro elementos, ou “raízes”, como os denominou.
Essas quatro raízes seriam a terra, o ar, o fogo e a água.
A - Como ou por que acontecem as transformações que observamos na natureza?
1. todas as coisas seriam misturas de terra, ar, fogo e água, mas em
proporções variadas. Assim as diferentes coisas que existem seriam os
processos naturais gerados pela aproximação e à separação desses quatro
elementos.
2. Quando uma flor ou um animal morrem, disse Empédocles, os quatro
elementos voltam a se separar. Podemos registrar essas mudanças a olho
nu. Mas a terra e o ar, o fogo e a água permaneceriam eternos, “intocados”
por todos os componentes dos quais fazem parte. Dessa maneira, não é
correto dizer que “tudo” muda.
3. Basicamente, nada mudaria. O que ocorre é que os quatro elementos se
combinariam e se separariam - para se combinarem de novo, em um ciclo. B
- O que faria esses elementos se combinarem de tal modo que fizessem
surgir uma nova vida? E o que faria a “mistura”, digamos, de uma flor se
dissolver de novo? Empédocles pensava que haveria duas forças diferentes
atuando na Natureza. Ele as chamou de amor e discórdia. Amor uniria as
coisas, a discórdia as separaria.
Demócritoe aTeoria Atômica
Para Demócrito, as transformações que se pode observar na natureza não
significavam que algo realmente se transformava. Ele acreditava que todas as
coisas eram formadas por uma infinidade de “pedrinhas minúsculas, invisíveis, cada
uma delas sendo eterna, imutável e indivisível“. A estas unidades mínimas deu o
nome de ÁTOMOS. Átomo significa indivisível, cada coisa que existe é formada por
uma infinidade dessas unidades indivisíveis. “Isto porque se os átomos também
fossem passíveis de desintegração e pudessem ser divididas em unidades ainda
menores, a natureza acabaria por diluir-se totalmente”. Exemplo: se um corpo – de
uma árvore ou animal, morre e se decompõe, seus átomos se espalham e podem
ser reaproveitados para dar origem a outros corpos.
Talvez pudéssemos comparar o átomos as peças de um jogo chamado LEGO, que
possuem ganchos e engates, permitindo que sejam combinadas para construção de
diferentes figuras. Tais ligações podem ser desfeitas e reaproveitadas para
construção de novos objetos (carros, castelos, casas, etc). A teoria atômica atual é
muito semelhante a de Demócrito, pois diz que a natureza é composta de
diferentes átomos que se juntam para criar, se separam e voltam a se reunir para
criar novas coisas.
Alem disso, a ciência descobriu que os átomos podem ser divididos em partículas
menores chamadas de PRÓTONS, NÊUTRONS E ELÉTRONS. Demócrito não teve
acesso aos aparelhos eletrônicos de nossa época. Sua única ferramenta foi a razão,
esta lhe dizia que “nada surge do nada e nada desaparece, então a natureza tem
de ser composta por pecinhas minúsculas que se combinam e depois se separam”.
Demócrito concordava com Heráclito em que tudo na natureza ”flui”, pois as formas
vão e vêm. Por detrás de tudo o que flui, porém, há algo de eterno e de imutável,
que não flui,o átomo. Até este momento os filósofos haviam encontrado a solução
para os problemas do “elemento básico e das transformações”, usando para isto
apenas a razão.
Principais fragmentos:
“... do ar dizia que nascem todas as coisas existentes, as que foram e as que
serão, os deuses e as coisas divinas...”
Xenófanes de Colofon
Originário da Jônia, viveu no sul da Itália. Precursor do pensamento dos Eleatas.
Para ele a Physis era a terra. Escreveu em estilo poético. Defendeu a idéia de um
Deus único. Tinha influênciaPitagórica.
Heráclito de Éfeso
Representante do mobilismo.As datas do nascimento e da morte de Heráclito são
desconhecidas. Afirmava que a natureza está em constante movimento. "...tudo
flui...". Para ele tudo esta submetido ao destino. Tudo foi feito pelo fogo e tudo se
dissipa no fogo. Disse ainda que o Sol tem exatamente o tamanho que se vê.
E S C O L A S I T A L I A N A S
Pitágorasde Samos
Representada por Pitágoras e seus seguidores ... O que se conhece de Pitágoras
pertence mais ao mundo da lenda que à realidade. Defendia uma doutrina mais
religiosa do que filosófica. O ponto central de sua doutrina religiosa é a crença na
transmigração das almas.
Pitágoras, o fundador da escola pitagórica, nasceu em Samos pelos anos 571-70
a.C. Em 532-31 foi para a Itália, na Magna Grécia, e fundou em Crotona, colônia
grega, uma associação científico-ético-política, que foi o centro de irradiação da
escola e encontrou partidários entre os gregos da Itália meridional e da Sicília.
Pitágoras aspirava - e também conseguiu - a fazer com que a educação ética da
escola se ampliasse e se tornasse reforma política; isto, porém, levantou oposições
contra ele e foi constrangido a deixar Crotona, mudando-se para Metaponto, aí
morrendo provavelmente em 497-96 a.C.
Escola Eleática
Representada principalmente por:
Acmeão de Croton Filho de Peirithoos, é um dos principais discípulos de
Pitágoras. Foi jovem quando seu mestre já era avançado em anos. Seu
interesse principal dirigia-se á Medicina, de que resultou a sua doutrina
sobre o problema dos sentidos e da percepção. Alcmeão disse que só os
deuses tem um conhecimento certo, aos homens só presumir é permitido.
Parmênides de Eléia O acme de sua existência foi por volta de 500 a.C. Foi
ele o primeiro a demonstrar a esfericidade da Terra e sua posição no centro
do mundo. Segundo ele, existem dois elementos: o fogo e a terra. O primeiro
elemento é criador, o segundo é matéria. Os homens nasceram da terra.
Trazem em si o calor e o frio, que entram na composição de todas as coisas.
O espírito e a alma sao para ele uma única e a mesma coisa. Ha dois tipos
de filosofia, uma se refere a verdade e a outra a opinião.
Zenão
Melisso
PUBL ICADA POR PROFESSOR BARA I EM 04 :08 0 COMENTÁR IOS
OS SOFISTAS
A Democracia ateniense, devido ao espírito de competição política e judiciária
exigia uma preparação intelectual muito completa dos cidadãos. Este facto
influenciou decisivamente o desenvolvimento da educação.
Vindos de toda a parte do mundo grego, os sofistas (mestres de sabedoria),
dedicam-se a fazer conferências e a dar aulas nas várias cidades-estado, sem
se fixarem em nenhuma. Atenas é todavia a cidade onde mais afluem, onde no
século V a. C. adquirem um enorme prestígio. Aproveitam as ocasiões em que
existe grandes aglomerações de cidadãos, para exibirem os seus dotes
retóricos e saber, ensinando nomeadamente a arte da retórica. O seu ensino é,
portanto, itinerante, mas também remunerado.
Afirmam saber de tudo. "Hipias Menor" de Platão, é o melhor exemplo deste
saber enciclopédico. Tudo o que leva consigo é obra das suas mãos, desde o
anel que cinzelara ao manto que tecera, aos poemas que escreveu e que
transporta. É esta educação completa que pretendem transmitir aos jovens,
preparando-os para ocuparem altos cargos na cidade (Polís).
EDUCAÇÃO. Apesar da diversidade dos métodos de educação dos sofistas,
estes podem ser agrupados em dois tipos fundamentais:
Cultura Geral. Este ensino compreendia o estudo da Aritmética, Geometria,
Astronomia e Música. Estas matérias remontavam a um modelo de educação
pitagórico, vindo a constituir mais tarde, na Idade Média, o célebre Quadrivium
das sete Artes Liberais.
Formação Política. Este ensino orientava-se para uma visão mais prática,
procurando corresponder às exigências estritas da actividade política.
Constava das seguintes disciplinas: Gramática, Dialéctica e Retórica. A arte da
dialectica, transforma-se numa arte de manipulação de ideias, através da qual
o orador procura defender uma dada posição, mesmo que a mesma seja a pior
de todas. A retórica era a arte de persuadir, independentemente das razões
adoptadas. Levado até ao exagero, este tipo de ensino, desacreditará os
sofistas na Antiguidade Clássica.
Cultura. Os sofistas defendem abertamente o valor formativo da cultura
(Padeia), que não se resume à soma de noções, nem tão pouco ao processo
da sua aquisição. A sua educação visa a formação do homem como um ser
concreto, membro de um povo e parte de um dado ambiente social. A
educação torna-se a segunda natureza do homem. Deste modo, os sofistas
afastam-se da tradição aristocrática, ligada à afirmação de factores inatos. Os
sofistas manifestam frequentemente uma visão optimista do homem, segundo
a qual este possui uma inclinação natural para o bem. Protágoras foi um
defensor desta posição.
Retórica. Alheios às tradições, os sofistas mostram-se dispostos a discutirem
todos os assuntos. Atribuem à linguagem uma importância fundamental, mas
esta não passa de uma convenção. As palavras são com frequência destituídas
do seu sentido corrente, e são usadas como instrumentos de sugestão e
persuasão para convencerem os seus interlocutores. Recorrem à ambiguidade
das palavras, exageram na aplicação dos três princípios lógicos, para numa
cadeia de deduções e sentidos ambíguos, levarem os seu interlocutores a
desdizerem-se.
Raciocínio Justo - Salta para aqui! Se tens tanta coragem, mostra-te aos espectadores.Raciocínio Injusto - Onde quiseres. Com muito gente a assistir, ainda me é mais fácil dar cabo de ti.Raciocínio Justo- Dar cabo de mim, tu? Quem julgas que és?Raciocínio Injusto - Um Raciocínio.Raciocínio Justo - Sim, mas mais fraco.Raciocínio Injusto - Pois venço-te na mesma, lá por te gabares de ser mais forte.Raciocínio Justo - E com que artimanhas ?Raciocínio Injusto - Inventando ideias cá muito minhas, ideias novas (...).Raciocínio Justo - Vou dar cabo de ti, miserável.Raciocínio Injusto - E, como não me dizes?Raciocínio Justo - Expondo o que é justo?Raciocínio Injusto - E eu contradigo-te e mando-te abaixo. Para já afirmo a pés juntos que não existe justiça.Raciocínio Justo - Afirmas que não existe...?!Raciocínio Injusto - Senão vejamos: Onde existe ela?Raciocínio Justo - No seio dos deuses.Raciocínio Injusto - Então como diacho é que, existindo aí justiça, Zeus ainda não pereceu, ele que pôs a ferros o próprio pai ? "Aristófanes, As Núvens, 900-905.Platão legou-nos uma imagem muito negativa dos sofistas, o que tem contribuído para desvalorizar a sua enorme importância no pensamento ocidental:
Antropologia. Foi graças aos sofistas que as questões
antropológicas passaram a estar no centro dos debates filosóficos, secundarizando desta formas as anteriores questões cosmológicas.
Pensamento.A forma como raciocinamos torna-se num tema da filosofia.
Linguagem. A linguagem, o seu poder e modos de utilização, nomeadamente no discursos retórico, converteu-se também num tema filosófico.
Moral. Ao criticarem os modelos que sustentavam os valores tradicionais, abriram o caminho para a afirmação de uma ética autónoma baseada na razão.
PUBL ICADA POR PROFESSOR BARA I EM 03 :51 0 COMENTÁR IOS
Platão (428-347 a.C.)
Platão é com Aristóteles uma das referências fundamentais do pensamento
ocidental. Platão, como diz François Châtelet inventou a Filosofia: "definiu o que a
cultura daí em diante vai entender por Razão". Nasceu em Atenas, ou na ilha de
Egina, em Maio -Junho do primeiro ano da 88ª. Olimpíada, ou seja, cerca de 428-27
a.C. Era originário de uma antiga família aristocrática ateniense, contando entre os
seus antepassados, por parte da mãe o célebre legislador Sólon (c.639-559 a.C.), e
do pai, o rei Codro. O pai, Aríston deve ter morrido cedo, pois a mãe Perictíone,
voltou a casar com o seu tio Pirilampo, de quem teve um filho, Antífion. O seu
verdadeiro nome era Arístocles, mas devido à sua compleição física recebeu a
alcunha de Platão (significa literalmente "ombros largos"). Frequentou com
assiduídade os ginásios, obtendo prémios por duas vezes nos Jogos Istímicos.
Começou por seguir as lições de Crátilo, discípulo de Heraclito, e as de
Hermógenes, discípulo de Parménides. Em princípio, por tradição familiar deveria
seguir a vida política. Contudo, a experiência do governo dos trinta tiranos que
governaram Atenas por imposição de Esparta (404-403 a.C.), e da qual fazia parte
dois dos seus tios Crístias e Cármides, distanciaram-o desta opção de vida, pelo
menos do modo como a política era exercida. O facto que mais o marcou foi a
influência que sobre ele exerceu Sócrates, tendo-se feito seu discípulo por volta de
408, quando contava vinte anos. Nele encontrou o mestre, que veio a homenagear
na sua obra, fazendo-o interlocutor principal da quase totalidade dos seus diálogos.
A condenação de Sócrates (399), e a sua acção para o salvar, obrigaram-no a
exilar-se nesse ano. Desiludido com o regime aristocrático, mas também com a
democracia ateniense, passou a defender que as leis e os costumes dos povos
deviam ser baseadas em concepções filosóficas.
Depois de 399 iniciou uma série de viagens durante cerca de doze anos, o que lhe
abriu novos horizontes. Em Megara conviveu com o célebre Euclides e Terpsíon,
discípulos de Sócrates. Regressou a Atenas para servir na cavalaria, como os seus
irmãos. Voltou a viajar, desta vez foi ao Egipto onde teria sido iniciado nos mistérios
de Isis Depois foi a Cirene onde estudou matemáticas com Teodoro, fazendo-o
depois seu interlocutor no diálogo Teeteto. No sul da Grande Grécia (Itália), em
Taranto, aprendeu a filosofia pitagóricaatravés de Filolau, Arquitas e Timeu.. Em
Creta estudou legislação de Minos. Há quem afirme que terá estado na Judeia, onde
contactou com a tradição dos profetas, e até nas margens do Ganges terá
conhecido místicos hindus.
Em 388 visitou a Sicília, então governada por Dionísio, o Antigo, com o propósito de
converter este tirano às suas ideias filosóficas. Não tendo êxito nesta primeira
investida, regressou a Atenas, em 387, onde nos jardins de Academo, junto dum
templo consagrado às Musas fundou uma escola, denominada, por este
facto, Academia.Esta rapidamente se tornou no maior centro intelectual da Antiga
Grécia, tendo por ela passado filósofos e políticos, como Aristóteles, Eudoxo de
Cnido, Xenócrates, Fócion, Esquines, Demóstenes e outros. À entrada uma
legenda proibia o acesso a todos aqueles que não soubessem geometria. A
academia era um verdadeiro centro de investigação, tendo como centro aquilo que
podíamos designar por uma "ciência da alma humana".
Ficou em Atenas, cerca de vinte anos, até que em 367, voltou à Sicília, com a ideia
de converter o novo monarca- Dionísio, o Moço-, num filósofo-rei. Os resultados não
foram brilhantes, o que não o impediu de voltar à ilha em 361, com idênticos
propósitos. O resultado desta última viagem foi terrível: suspeito pelas suas ideias
políticas, foi perseguido e feito escravo, sendo como tal vendido no mercado de
Egina, acabando por ser comprado por um dos seus amigos. Voltou a Atenas onde
morreu em 347, numa altura que a cidade lutava contra Filipe da Macedónia, e cujo
desfecho lhe foi fatal. A direcção da Academia foi inicialmente assumida pelo seu
sobrinho Espeusito, por morte deste sucedeu-lhe Xenócrates. A Academia subsistiu
até 529 da nossa era, quando foi mandada encerrar por Justiniano. A corrente
filosófica conhecida por platonismo -originada do pensamento de Platão-, aparece
constantemente na história do pensamento, influenciando não apenas filósofos,
mas também artistas e cientistas até aos nossos dias.
Obras de Platão
Ao contrário das obras de Aristóteles que chegaram até nós, as de Platão foram
escritas para o grande público. O conjunto das obras que lhe são atribuídas é
constituido por 35 diálogos, algumas cartas, definições e 6 pequenos diálogos
apócrifos: Axíoco, Da Justiça, Da Virtude, Demódoco, Sísifo, Eríxias. Os diálogos
hoje considerados autênticos, reduzem-se todavia apenas a 24, sendo em geral
dividos em quatro grupos, de acordo com a sua maior ou menor proximidade às
ideias socráticas.
Diálogos de juventude, onde é nítida a influência
socrática:Laques, Cármide, Eutrifrom, de Hipias Menor, Apologia Sócrates,
Críton, Ion, Protágoras, Lísis;
Diálogos dirigidos contra os sofistas: Górgias, Ménon, Eutidemo,
Crítias, Teeteto;
Diálogos de maturidade, onde é desenvolvida de forma admirável a sua teoria das
ideias: Fedro, Banquete, Fédon e República;
Diálogos onde realiza uma revisão crítica da sua filosofia:Parménides,
Sofista, Político, Filebo, Timeu, e as Leis, esta obra não foi concluída.
Principais Domínios de Investigação
Platão parte sempre do todo para as partes. Apreender a sua Filosofia é descobrir
um sedutor modo de pensar em que tudo remete para tudo, e nada pode ser
separado.
Teoria do Conhecimento
Recusou que se pudesse falar num conhecimento baseado no mundo sensível, pois
este apenas nos pode dar opiniões mutáveis e ilusórias. Defendeu por isso que o
verdadeiro conhecimento estava em ideias eternas que existiam num mundo
separado das coisas sensíveis. Estas foram eram imitações, mais ou menos
prefeitas das ideias. Sustentou ainda que todos os seres humanos, em graus
variáveis, quando nascem já possuem muitas destas ideias. Neste sentido,
conhecer ou aprender é recordar aquilo que está obscurecido na alma.
Moral
Combatendo o relativismo dos valores, defendido pelos sofistas, sustentou que o
único dever do homem é procurar o Bem, que identifica com o Belo e o Uno. Para o
atingir, a única via possível passa pelo desprendimento dos valores materiais e das
necessidades corporais.
Política
A política é entendida como o estudo normativo dos príncípios teóricos do governo
dos homens, encontrando o seu fundamento no estudo da alma humana.
Estética
A sua estética é indissociável da teoria das ideias. Como as ideias são imutáveis e
eternas, se pretendemos apreciar as obras de arte devemos seguir estes príncípios,
exigindo que elas se aproximem das ideias, o mesmo é dizer da perfeição. Neste
sentido, Platão não pode admitir qualquer mudança ou inovação no campo artistíco.
Um vez atingida a obra de arte ideal, isto é, perfeita, só resta aos artistas continuar
a replicá-la eternamente.
Cosmologia
As suas ideias cosmológicas foram profundamente influenciadas pelo pitagorismo.
Recusando as causas físicas para o que ocorre na natureza, sustentou que a única
ciência possível estava na descoberta dos modelos eternos e perfeitos de todas as
coisas. Concebeu por isso um universo hierarquizado segundo graus de perfeição:
No alto estavam os astros, considerados divinos, sendo por isso eternos, imutáveis,
tendo uma forma esférica que era a que mais se adequava a estes atributos. Em
baixo, estava a terra, imperfeita.
PUBL ICADA POR PROFESSOR BARA I EM 03 :29 0 COMENTÁR IOS
Aristóteles
(384-322 a.C.)
É difícil classificar Aristóteles, tão rica e multifacetada foi a sua obra. Nela
encontramos uma exaustiva compilação dos conhecimentos do seu tempo,
mas também, uma filosofia que ainda hoje influência a nossa maneira de
pensar. Nasceu em Estagira (e por isso é também conhecido por "Estagirita"),
colónia fundada pelos calcidenses da Eubeia. Era filho de Nicómaco, médico
que se dizia descendente do próprio Asclépio, e fora outraora médico de
Amintas II, rei da Macedónia. Por morte do pai (366) viajou para Atenas afim de
aí prosseguir os seus estudos. Entre a Escola retórica de Isócrates e a
Academia de Platão, escolheu a última, onde acaba por ascender a professor.
Após a morte de Platão, em 347, abandonou a Academia provavelmente por
divergências quanto à escolha de Espeusito, sobrinho de Platão, para a
direcção da escola.
Iniciou então uma atribulada viagem que o levou a Assos, na Ásia Menor, onde
se estabelecera uma comunidade de alunos da Academia, protegida pelo tirano
Hermias, rei de Atárnea. Este possibilita-lhe o contacto com a organização
interna e externa de um Estado (347-345). Casa entretanto com Pítias,
sobrinha de Hermias. A sua permanência foi subitamente interrompida, quando
os persas suspeitando que Hermias estava a colaborar com os macedónios,
decidem crucificá-lo em Persópolis (345). Aristóteles foge, refugiando-se em
Mitilene, na ilha de Lesbos, onde se dedica ao estudo da biologia.
Filipe da Macedónia - conquistador da Grécia -, devido à notoriedade que
entretanto adquirira, chama-o para preceptor do seu filho Alexandre, futuro
herdeiro do trono (343). A sua influência sobre o jovem princípe foi enorme.
Alexandre revelou-se um aluno apaixonado pelos autores clássicos (diz-se que
adormecia com a Ilíada de Homero, debaixo da almofada, e até sonhava ser
como um dos seus heróis, Áquiles). Manifestou igualmente interesse pelas
discussões filosóficas, a investigação da natureza, a medicina, a zoologia, a
botânica, fazendo-se acompanhar nas suas expedições militares por um grupo
de investigadores.
Quando Alexandre subiu ao trono (335), Aristóteles regressou a Atenas, onde
criou a sua própria escola, o Liceu. Foi-lhe dado este nome porque estava
situada junto ao templo dedicado a Apolo Liceano. Os estudos concentravam-
se sobre o que hoje poderíamos denominar "ciências naturais", ao contrário da
Academia, onde era dada garnde importância à geometria. Tinha dois tipos de
cursos, os "exotéricos" para o público, e os "esotéricos" destinados apenas a
alunos iniciados nas várias matérias. O liceu era um verdadeiro centro de
investigação, apoiado por Alexandre. Nele Aristóteles e os seus discípulos
recolhiam informações àcerca de tudo, organizando depois estes dados num
sistema global.
A morte de Alexandre, em 321, desencadeia um guerra de libertação entre os
gregos e os macedónios que dominavam a Grécia desde Filipe. Aristóteles,
como era de esperar foi então acusado de colaborador dos macedónios, é
perseguido, refugiando-se em Cálcis, na Eubeia, onde morre no ano seguinte
com 63 anos. A direcção do Liceu, após a sua saída foi confiada ao seu
discípulo Teofrasto. Entre os seguidores do Liceu, destacam-se Eudemo de
Rodes, e, no século I, Andrónico de Rodes.
Aristóteles escreveu um grande número de obras para o público não iniciado
na filosofia, sob a forma de diálogos, à semelhança do seu mestre Platão.
Contudo nenhum chegou até nós. As únicas "obras" que sobreviveram são
constituidas pelos seus apontamentos que escreveu para as suas aulas no
Liceu. No século I a.C. foram os mesmos organizados por Andrónico de Rodes.
Obras de Aristóteles
Livros de lógica ("organon" ou instrumento): Categorias; Sobre a
Interpretação; Primeiros Analíticos ( 2 livros),; Segundo Analíticos (2 Livros);
Tópicos (8 livros); Refutações Sofísticas.
Livros de física e a concepção do universo: Física (8 livros); Sobre o Céu
(2 livros); Sobre a Geração e a Corrupção (2 livrso); Meteorológicos (4 livros).
Livros de psicologia: Acerca da Alma (3 livros); "Parva Naturalia" (4
tratados), incluindo os seguintes livros: Acerca da da percepção dos sentidos;
Acerca da memória e reminiscência; acerca do sono; acerca dos sonhos;
Livros de biologia: História dos Animais (10 livros, com partes de autoria
duvidosa); Acerca das partes dos animais (4 livros); acerca do movimento dos
animais; acerca da marcha dos animais; acerca da geração dos animais (5
livros).
Livros de metafísica: Foi Andronico que atribuiu a estes livros (14) a
denominação de Metafísica (literalmente "depois da física), por os mesmo se
seguirem aos seus apontamentos que tratavam da física.
Livros de ética: Ética a Nicómaco (organizada por Nicómaco, filho de
Aristóteles); Ética a Eudemo (7 livros, organizados por Eudemo, discípulo de
Aristóteles); aGrande Moral ( 2 livros, com fragmentos das éticas anteriores e
de autoria duvidosa):
Livros de Política: Política (8 livros); Constituição de Atenas.
Livros sobre a linguagem e a estética: Retórica ePoética.
Principais Domínios de Investigação
Toda a sua filosofia assenta numa observação minuciosa da natureza, da
sociedade e dos indivíduos, organizando de uma forma verdadeiramente
enciclopédica. A sua ideia fundamental era a de tudo classificar, dividindo as
coisas segundo a sua semelhança ou diferença, obedecendo a um conjunto de
perguntas muito simples: Como é esta coisa ? (o género). O que é que a difere
doutras que lhe são semelhantes? ( a diferença). A partir daqui começava a
hierarquizar todas as coisas, de uma forma tão ordenada que até então nunca
ninguém conseguira fazer.
Lógica: o primeiro sistema lógico, que permitiu estabelecer um conjunto de
princípios e regras formais por meio das quais se tornou possível distinguir as
conclusões falsas das exactas. Na Idade Média os seus escritos sobre lógica
foram os manuais mais importantes usados nas universidades, sobretudo na
forma que lhes deu o filósofo português Pedro Hispano ( Papa João XXI).
Física: a física era a chave da natureza das coisas, não apenas da forma
como se comportavam no presente, mas também no que pontencialmente
viriam a transformar-se. Quanto à constituição das coisas defendia a teoria dos
quatro elementos: agua, terra, fogo e ar. Os corpos celestes, com excepção da
terra, eram constituídos por um quinto elemento puro e incorruptível. O
universo é concebido de forma hierarquizada, tendo no centro a terra, girando à
sua volta todos os corpos celestes.
Biologia: recusando a separação das ideias da natureza, como fazia Platão,
Aristóteles, apontou como tarefa para o investigador a de descobrir e classificar
as formas do mundo material. Os últimos 12 anos da sua vida foram
preenchidos com esta tarefa. Partindo de uma observação sistemática dos
seres vivos, e não desdenhando estudar vermes ou insectos, registou perto de
500 classes diferentes de animais, dos quais dissecou aproximadamente 50
tipos. Foi o primeiro que dividiu o mundo animal entre vertebrados e
invertebrados; sabia que a baleia não era um peixe e que o morcego não era
um pássaro, mas que ambos eram mamíferos.
Política: a sua primeira preocupação foi a elaborar uma listagem tão
completa quanto possível sobre os diferentes modelos políticos que existiam no
seu tempo. Enumerou um total de 158 constituições de cidades ou países
diferentes. Partindo da sua diversidade procurou depois as suas semelhanças
e diferenças, pondo em evidência o que constituía a natureza de cada regime.
Evitou, quanto pode, mostrar as suas preferências por um ou outro regime
político.
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