Qualidade de
creches
Eliana BheringFundação Carlos Chagas
Seminário:Cidadão do Futuro: Políticas para o
Desenvolvimento na Primeira InfânciaBrasília, out. 2011
Influências na política para EI
• Os estudos sobre a história da infância e trajetória da
EI Psicologia do desenvolvimento, da aprendizagem e
da educação (Piaget, Vygotsky, Wallon entre outros)
• Estudos na área da Educação e afins
• Movimentos sociais (feministas e mulheres de
periferia envolvidas em movimentos sociais);
atendimento institucional e filantropia para os mais
pobres;
• Mais recentemente, Sociologia da infância
Documentos oficiais - EI• Constituição Federal de 1998• ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente - 1990• Lei de Diretrizes e Base – 1996• Referenciais Curriculares para Educação Infantil – 1998• Parâmetros de Qualidade para EI – 2005• Indicadores de Qualidade na EI – 2009 (instrumento de
auto avaliação)
• Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil – 2009 (Art. 10º - acompanhamento do trabalho pedagógico)
• Critérios para um atendimento que respeite os direitos fundamentais da criança - 2009
Tendências atuais na EI
Nestes documentos observa-se que a ênfase passa a ser:• nas relações entre as pessoas• Reciprocidade e sinergismo entre elas• Desenvolvimento ocorre dentro de um contexto
As crianças interagem com aquilo que lhes é disposto e valorizado na cultura em que estão inseridas e é por meio destas interações que elas constroem seu conhecimento e suas relações e transformando, por
outro lado, estes mesmos contextos com suas contribuições, perguntas, ideias e formas de
agir/brincar.
Etapas/Modalidades de Educação
Básica
Matrículas / Ano
2003 2004 2005 2006 2007 2008
Educação Básica55.855.23
156.851.09
056.471.622 55.942.047
53.028.92
8
53.232.
868
Educação Infantil
6.393.234
6.903.762 7.205.013 7.016.095
6.509.868
6.719.261
Creche 1.237.55
81.348.23
7 1.414.343 1.427.9421.579.58
11.751.736
Pré-escola 5.155.67
65.555.52
5 5.790.670 5.588.1534.930.28
74.967.525
Comparativo de Matrículas de Educação Básica – Brasil - 2003-2008, segundo a Etapa/Modalidade
Há, atualmente no Brasil, atendimento em creche para 18,1% de crianças entre zero e três
anos. Ainda que esteja longe das metas estabelecidas pelo PNE, este é um número
expressivo de atendimento.
Qualidade • Qualidade é definida como “um conceito
socialmente construído, sujeito a constantes
negociações; depende do contexto; baseia-se em
direitos, necessidades, demandas, conhecimentos
e possibilidades e a definição de critérios de
qualidade está constantemente tensionada por
essas diferentes perspectivas.”(Consulta sobre
qualidade da Educação Infantil, 2006, pág. 15)
Avaliação da qualidade
• Inclui a análise das políticas de: o Conveniamentoo Construção e manutenção de infraestruturao Seleção, aquisição e manutenção de
equipamentos e mobiliárioso Seleção de profissionais o Formação continuadao Aquisição de materiais pedagógicos e brinquedoso Expansão e sua efetividadeo Mas pela avaliação do cotidiano nas unidades
PaE
Políticas
País
Município
Escola
Qualidadedos processos
educativos
Sala
Cultura
Conjunto de
Leis
Conjunto de Leis locais
Condições s
ociais
Recursos
Tipo
ValoresGestãoFuncionam
entoTaman
ho
Adulto/crianças
Professor
Sub-cultura
Depe
ndên
cia
Condições Sociais
E Políticas
Econômicas
Econ
ômica
s
E políticas Recursos
História
Como avaliar am
bientes de creche?
Modelo misto de avaliação da EI
• Monitoramento dos ambientes – análise das condições do ambiente – infraestrutura, processos e recursos humanos – para influenciar políticas públicas e modificar/melhorar práticas das redes e institucionais
• Avaliação de projetos pedagógicos – análise crítica desses com vista no melhoramento do planejamento pedagógico e das situações de desenvolvimento, aprendizagem e socialização dos envolvidos.
• Acompanhamento das crianças – com vistas na criação de oportunidades pertinentes para fomentar o desenvolvimento, aprendizagem e socialização da criança para esclarecer para os pais e responsáveis sobre o trabalho da unidade (por meio por exemplo, de relatórios, documentação pedagógica ou portfolio).
Neste modelo misto de avaliação intercala-se processos de auto avaliação e avaliação externa, contribuindo para a discussão tanto a
nível macro como micro.
Dimensões de Qualidade de
ambientes
Dimensões que parecem ser consenso:
1. Infra-estrutura2. Proposta pedagógica
3. Gestão4. Qualificação e condições
de trabalho dos profissionais
5. Materiais didáticos e equipamentos
6. Relações com as famílias7. Saúde e segurança
Indicadores de qualidade (2009)
1. Planejamento institucional
2. Multiplicidade de experiências e linguagem
3. Interação
4. Promoção de saúde
5. Espaços, materiais e mobiliários
6. Formação e condições de trabalho das professoras e demais profissionais
7. Cooperação e troca com as famílias e participação na rede de proteção social
Um estudo de avaliação da qualidade da EI no Brasil• Solicitação do MEC com financiamento do BID e
execução da FCC• Realizado em 6 capitais brasileiras durante 2009/2010• Um dos objetivos era avaliar instituições de EI – creche e
pré• Decisões na trajetória da pesquisa foram tomadas em
parceria com o MEC• Metodologia: depois de analisados instrumentos, duas
escalas de avaliação de ambientes foram selecionados: ITERS-R – Infant and Toddler Environment Rating
Scales – Revised edition – 0 a 2,6 anos (2006) ECERS-R – Early Childhood Environment Rating Scale –
Revised edition – 2,7 a 5 anos (2005)
Comentários importantes O conteúdo é coerente com documentos oficiais brasileiros;
Os instrumentos são os mais abrangentes de todos analisados
Utilizadas em pesquisas e trabalhos de formação no contexto
brasileiro;
Amplamente utilizadas em diversos países, permitindo que dados
sobre as instituições brasileiras fossem comparados;
Há material de treinamento para ambas as escalas;
Análise indicou que o uso deste instrumento possibilitou uma visão
detalhada e adequada da realidade estudada;
Fotos dos ambientes e diários de campo, preenchidos pelos
pesquisadores com descrições qualitativas dos ambientes e relações
confirmavam os dados provenientes das escalas
Infant and Todlers Environment Rating Scale ITERS-R• Criada em 1990
• Autores: Thelma Harms, Debby Cryer
e Richard M. Clifford
Child Ddevelopment Institute - University
of North Caroline at Chapel Hill
• Apresenta 39 indicadores reunindo
455 itens que avaliam ambientes para
crianças levando em consideração a
saúde, segurança, interações seguras
e atenciosas e atividades disponiveis.
Dimensões avaliadas pela ITERS-
R
Sub-escalas
• Espaço e mobiliário• Rotinas de cuidados pessoais• Falar e compreender• Atividades• Interação • Estrutura do programa• Pais e profissionais
ITERS-R
• Trata-se de um roteiro de observação • Seus 455 itens são qualitativamente ordenados em intervalos que variam entre 1 e 7 pontos. • As pontuações:
o 1 - Inadequado; o 3 - Mínimo; o 5 - Bom, o e a 7 - Excelente
• Registros feitos pelo observador indicam a presença/ausência do conjunto de indicadores em cada indicador que recebe uma pontuação
• A média das pontuações atribuídas ao conjunto de itens que compõem cada uma das 7 sub-escalas indicará o nível de qualidade do atendimento da instituição.
• As escalas avaliam:o Processos educativos: Aquilo com que as
crianças estão diretamente em contato;o Infra-estrutura: Qual são as condições
oferecidas para as crianças viverem os processos educativos.
• A infra-estrutura e os processos educativos estão diretamente relacionados ao contexto e ao conjunto de possibilidades oferecidas pelas diversas instâncias identificadas na figura anterior.
Aspectos avaliados pelas escalas
Avaliar práticas• O que acontece nos ambientes de creche?• Ao que as crianças, de fato, tem acesso?Materiais, equipamentos e interações
a. A maior parte do dia (75%)?b. Suficiente ou insuficiente?c. Muitos, alguns ou poucos?
d. Acessíveis?e. Apropriados?
As escalas se referem à proteção e segurança das crianças, possibilidades de relações positivas e de oportunidades para aprendizagem (significativa).
• Apesar de não haver um dia típico na EI, as pontuações revelam um padrão destas oportunidades e experiências.
• As pontuações revelam:- as oportunidades oferecidas às crianças em sala;- as especificidades da creche / pré-escola;- as escolhas da equipe sobre as rotinas diárias;- as limitações institucionais, sejam elas estruturais e/ou processuais.
• Por isso, elas demonstram que alguns indicadores e/ou sub-escalas estão mais
fortalecidos enquanto outros podem se encontrar mais fragilizados.
Como interpretar as
pontuações
Sub-escala: Falar e CompreenderIndicador: Auxilio às crianças para uso da
linguagemItens: • Ausência de resposta positiva aos chamados
verbais e/ou não verbais das crianças • Respostas negativas as tentativas de
comunicação feitas pelas crianças• Equipe interpreta e responde as tentativas das
crianças de se comunicarem• Desenvolve diálogos• Acrescenta palavras e ideias novas àquilo que
as crianças falam• Equipe mantem equilíbrio entre fala e escuta
O uso das escalas no Brasil
Desvantagens Vantagens
• Tempo longo para execução da observação nas turmas
• Treinamento constante• Alguns indicadores são
questionáveis para a realidade brasileira
• Apesar de haver alguns estudos, é necessário mais debate sobre o uso de instrumentos como este no Brasil
• Avalia o cotidiano da creche• Reúne indicadores
pertinentes de qualidade de ambientes
• Há material para treinamento
• Amplamente estudado e utilizado em diferentes países e contextos
• Dialoga com outros instrumentos
• Pode ser utilizado em ações de formação, de pesquisa e de monitoramento.
Já se encontram traduzidas para o Português em negociação para publicação
Obrigada!
Artigos de pesquisa mencionada:
Campos, M M; Bhering, E; Esposito, Y, Gimenes, N; Abuchaim, B;
Valle; R; e Unbehaum, S. A. A contribuição da Educação Infantil de
qualidade e seus impactos no início do Ensino Fundamental.
Educação e Pesquisa. FEUSP, vol 37, número 1. Pág. 15-33;
Jan/abril 2011.
Campos, M M; Esposito, Y, Bhering, E.; Gimenes, N; Abuchaim, B; e
Unbehaum, S. A. A qualidade da Educação infantil: um estudo em
seis capitais brasileiras. Cadernos de Pesquisa, vol. 41, número
142, pág. 20-54, Jan/Abr, 2011.
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